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CARTOGRAFIA GEOTÉCNICA PARA A CIDADE DE PALMAS/TO:


DETERMINAÇÃO DAS COTAS DE IMPENETRÁVEL E NÍVEL FREÁTICO POR
MEIO DE SONDAGEM SPT

Research · December 2017


DOI: 10.13140/RG.2.2.34429.87522

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2 authors:

Bruno Carrilho de Castro Andressa Faquineli Garcia


Universidade Federal de Tocantins Universidade Federal de Tocantins
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Andressa Faquineli Garcia

CARTOGRAFIA GEOTÉCNICA PARA A CIDADE DE PALMAS/TO:


DETERMINAÇÃO DAS COTAS DE IMPENETRÁVEL E NÍVEL FREÁTICO
POR MEIO DE SONDAGEM SPT

Palmas
2017
Andressa Faquineli Garcia

CARTOGRAFIA GEOTÉCNICA PARA A CIDADE DE PALMAS/TO:


DETERMINAÇÃO DAS COTAS DE IMPENETRÁVEL E NÍVEL FREÁTICO
POR MEIO DE SONDAGEM SPT

Monografia apresentada ao Curso de


Engenharia Civil da Universidade
Federal do Tocantins como requisito
parcial à obtenção do título de Bacharel
em Engenharia Civil.
Orientador: MSc. Bruno C. de Castro.

Palmas
2017
Andressa Faquineli Garcia

CARTOGRAFIA GEOTÉCNICA PARA A CIDADE DE PALMAS/TO:


DETERMINAÇÃO DAS COTAS DE IMPENETRÁVEL E NÍVEL FREÁTICO
POR MEIO DE SONDAGEM SPT

Monografia submetida à disciplina de


Projeto de Graduação II, do curso de
Engenharia Civil da Universidade
Federal do Tocantins, para fins de
desenvolvimento do Trabalho de
Conclusão de Curso, aprovado pela
seguinte banca examinadora.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________
Profº. MSc. Bruno Carrilho de Castro
Universidade Federal do Tocantins

____________________________________________________
Profª. Roberta Oliveira
Universidade Federal do Tocantins

____________________________________________________
Profª. Marcos Coêlho Milhomem
Instituto Federal do Tocantins

Palmas
2017
Aos meus pais, Alan e Fabiana, e ao
meu irmão Paulo Henrique.
“A vida é um ato de rebeldia e
determinação.”
Arnaldo R. Barbalho Jr.
GARCIA, Andressa Faquineli. Cartografia Geotécnica para a Cidade de
Palmas/TO: Determinação das Cotas de Impenetrável e Nível Freático por meio de
Sondagem SPT. p. 81. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia
Civil) – Universidade Federal do Tocantins, Palmas, 2017.

RESUMO

O completo conhecimento geotécnico de uma área de estudo é inviabilizado, em muitos


casos, pelos custos financeiros. A possibilidade de processamento e análise estatística
de dados georreferenciados em um Sistema de Informação Geográfica (SIG) supre a
carência de informações em pontos desconhecidos de uma região, proporcionando o
planejamento em diversos âmbitos. Os parâmetros obtidos pontualmente pelo ensaio de
sondagem à percussão (SPT) permitem respaldar o projeto e execução de fundações,
escavações e sistemas de drenagem, além de antever custos e implicações nos métodos
construtivos empregados. Assim, o presente trabalho levantou e classificou laudos de
sondagens realizadas no Plano Diretor da cidade de Palmas/TO visando interpolar os
pontos ensaiados e gerar uma superfície contínua que represente os atributos
geotécnicos analisados. Dentre os resultados produzidos, obtidos devido ao software de
geoprocessamento ArcGIS®, estão o Modelo Digital de Terreno do Plano Diretor, Carta
de Profundidade do Impenetrável e do Nível da Água, bem como as Cartas de suas
cotas altimétricas. Para o desenvolvimento do estudo, foram utilizados 1470 pontos de
sondagem, estruturados com o auxílio do programa Excel® e interpolados em ambiente
SIG por meio do método de krigagem ordinária. Os produtos revelaram-se úteis não
apenas por enfatizarem a possibilidade de manipulação e processamento de informações
em software de SIG, como também colaborar e auxiliar no processo de planejamento de
obras civis na cidade de Palmas.

Palavras chave: Cartografia Geotécnica. Palmas/TO. Plano Diretor. Sondagem à


Percussão (SPT). Impenetrável. Nível da Água. Krigagem Ordinária.
GARCIA, Andressa Faquineli. Geotechnical Cartography for the city of Palmas/TO:
Determination of Impenetrable Layer and Groundwater Level Altimetrics Heights by
Standard Penetration Test (SPT). p. 81. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado
em Engenharia Civil) – Universidade Federal do Tocantins, Palmas, 2017.

ABSTRACT

The complete geotechnical knowledge of a study area is in many cases unfeasible by the
financial costs. The possibility of processing and statistical analysis of georeferenced
data in a Geographic Information System (GIS) supplies the lack of information in
unknown points of a region, providing the planning in diverse scopes. The parameters
obtained by Standard Penetration Test (SPT) allow to support the foundations,
excavations and drainage systems projects and their executions, besides the anticipated
costs and implications in the construction methods used. Thus, the present work
gathered and classified survey reports carried out in the Palmas/TO city Municipal
Director Plan aiming to interpolate the points tested and generate a continuous surface
that represents the geotechnical attributes analyzed. Among the results produced,
obtained due to geoprocessing software ArcGIS®, are the Digital Terrain Model of the
Municipal Director Plan, Depth Chart of the Impenetrable layer and the Groundwater
level, as well as the Charts of its altimetric heights. For the development of the study,
1470 points of SPT were used, structured with the aid of Excel® program and
interpolated in a GIS platform through ordinary kriging method. The products have
proven to be useful not only for emphasizing the possibility of manipulating and
processing information in GIS software, but also to collaborate and assist in the civil
works planning process in the city of Palmas.

Keywords: Geotechnical Cartography. Palmas/TO. Municipal Director Plan. Standard


Penetration Test (SPT). Impenetrable Layer. Groundwater Level. Ordinary Kriging.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Modelo Digital de Terreno do Município de Palmas .................................... 16


Figura 2 – Mapa do ordenamento do solo urbano do Plano Diretor de Palmas ............. 17
Figura 3 – Determinação da escala de trabalho pelos principais pesquisadores ............ 22
Figuras 4a, 4b, 4c, 4d, 4e, 4f, 4g e 4h – Equipamentos para o ensaio SPT .................... 28
Figuras 5a, 5b, 5c, 5d e 5e – Equipamentos de sondagem à percussão .......................... 28
Figura 6 – Perspectiva do ensaio à percussão SPT ......................................................... 29
Figura 7 – Dimensões do amostrador tipo Raymond ..................................................... 30
Figura 8 – Esquema de obtenção de valores para semivariograma ................................ 41
Figura 9 – Semivariograma experimental ideal .............................................................. 41
Figura 10 – Interpolação pelos modelos circular, esférico e exponencial ...................... 42
Figura 11 – Laudo de sondagem .................................................................................... 46
Figura 12 – Obtenção de coordenadas UTM por meio do Google Earth® ..................... 48
Figura 13 – Fluxograma de elaboração de uma carta geotécnica. .................................. 51
Figura 14 – Métodos de interpolação do Geostatistical Analyst .................................... 52
Figura 15 – Entrada de dados na ferramenta Empirical Bayesian Kriging .................... 54
Figura 16 – Parâmetros escolhidos ................................................................................. 56
Figura 17 – Produção de semivariogramas..................................................................... 56
Figura 18 – Análise estatística do Geostatistical Wizard ............................................... 57
Figura 19 – Histograma da Profundidade do Impenetrável com amplitude igual a uma
unidade ........................................................................................................................... 58
Figura 20 – Histograma da Profundidade do Impenetrável com amplitude igual a três
unidades .......................................................................................................................... 58
Figura 21 – Distribuição dos pontos do Impenetrável .................................................... 62
Figura 22 – Distribuição dos pontos de Nível da Água .................................................. 63
Figura 23 – Modelo Digital de Terreno do Plano Diretor de Palmas/TO ...................... 65
Figura 24 – Carta de Profundidade do Impenetrável em Palmas/TO ............................. 69
Figura 25 – Gráfico de Predição (Prediction Plot) da profundidade impenetrável ........ 71
Figura 26 – Gráfico Quantil-Quantil (Normal QQ Plot) da profundidade impenetrável 71
Figura 27 – Carta de Cota Altimétrica do Impenetrável em Palmas/TO........................ 73
Figura 28 – Gráfico de Predição (Prediction Plot) da cota do impenetrável .................. 74
Figura 29 – Gráfico Quantil-Quantil (Normal QQ Plot)) da cota do impenetrável ....... 74
Figura 30 – Carta da Profundidade do Nível da Água em Palmas/TO........................... 77
Figura 31 – Gráfico de Predição (Prediction Plot) da profundidade do nível da água ... 78
Figura 32 – Gráfico Quantil-Quantil (Normal QQ Plot) da profundidade do nível da
água................................................................................................................................. 79
Figura 33 – Carta de Cota Altimétrica do Nível da Água em Palmas/TO ..................... 80
Figura 34 – Gráfico de Predição (Prediction Plot) da cota do nível da água ................. 81
Figura 35 – Gráfico Quantil-Quantil (Normal QQ Plot) da cota do nível da água ........ 81
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Densidade de amostragem no mapeamento geotécnico .............................. 20


Quadro 2 – Comparação entre resolução espacial e sondagens SPT/km² de estudos
brasileiros ....................................................................................................................... 26
Quadro 3 – Estrutura da tabela relacional para caso de sondagens ................................ 35
Quadro 4 – Comparação entre metodologias ................................................................. 38
Quadro 5 – Modelos com patamar de semivariograma .................................................. 42
Quadro 6 – Estrutura do banco de dados ........................................................................ 49
Quadro 7 – Estrutura do banco de dados com cotas altimétricas ................................... 53
Quadro 8 – Análise de pontos no Plano Diretor ............................................................. 61
Quadro 9 – Classificações de relevo de acordo com sua declividade ............................ 64
Quadro 10 – Escalas apontadas segundo parâmetros espaciais. ..................................... 66
Quadro 11 – Parâmetros estatísticos da profundidade impenetrável .............................. 70
Quadro 12 – Parâmetros estatísticos da profundidade do nível da água ........................ 78
LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS

EESC/USP Departamento de Geotecnia da Escola de Engenharia de São Carlos


GEOPALMAS Sistema de Informações Geográficas de Palmas
GPS Global Positioning System
IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo
IAEG International Association of Engineering Geology
MDE Modelo Digital de Elevação
MDT Modelo Digital de Terreno
NA Nível da água
NSPT Índice de resistência à penetração
R² Coeficiente de Determinação
SIG Sistemas de Informações Geográficas
SPT Standard Penetration Test
SPT-T Standard Penetration Test with Torque Measurement
SRTM Missão Topográfica Radar Shuttle
Unicamp Universidade de Campinas
USGS Serviço Geológico dos Estados Unidos
UC Unidade de Conservação
UTM Universal Transverse Mercator
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 13
1.1 OBJETIVOS ......................................................................................................... 15
2 REFERENCIAL TÉORICO .................................................................................... 15
2.1 ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................ 16
2.2 CARTOGRAFIA GEOTÉCNICA ....................................................................... 18
2.2.1 Métodos de Mapeamento Geotécnico ......................................................... 19
2.2.2 Definição da Escala de Cartas Geotécnicas ............................................... 21
2.3 ESTUDOS GEOTÉCNICOS PRÉ-EXISTENTES NA ÁREA DE ESTUDO .... 23
2.4 ESTUDOS SEMELHANTES............................................................................... 24
2.5 SONDAGEM À PERCUSSÃO SPT .................................................................... 27
2.5.1 Energia no Ensaio SPT ................................................................................ 31
2.5.2 Qualidade do Serviço de Sondagem ........................................................... 32
2.6 ESPACIALIZAÇÃO DE DADOS GEOTÉCNICOS .......................................... 33
2.6.1 Estatística Descritiva .................................................................................... 35
2.6.2 Métodos de Interpolação e a Geoestatística ............................................... 37
2.6.3 Krigagem ....................................................................................................... 38
2.6.4 Semivariograma ........................................................................................... 39
2.7 VALIDAÇÃO CRUZADA .................................................................................. 44
3 METODOLOGIA...................................................................................................... 45
3.1 SISTEMATIZAÇÃO DOS LAUDOS DE SONDAGEM.................................... 45
3.1.1 Aquisição e Transcrição dos Dados ............................................................ 46
3.1.2 Georreferenciamento dos Ensaios de Sondagem ...................................... 47
3.1.3 Estrutura do Banco de Dados ..................................................................... 48
3.2 ELABORAÇÃO DAS CARTAS GEOTÉCNICAS............................................. 50
3.2.1 Base de Dados ............................................................................................... 51
3.2.2 Análise e Operações com o Banco de Dados .............................................. 53
3.2.3 Espacialização dos Dados ............................................................................ 54
3.2.4 Tratamento Estatístico................................................................................. 55
3.2.5 Intervalo de Classes e Escala das Cartas ................................................... 57
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................ 59
4.1 LOCALIZAÇÃO E ANÁLISE DOS ENSAIOS DE SONDAGEM .................... 59
4.2 MODELO DIGITAL DE TERRENO DO PLANO DIRETOR ........................... 64
4.3 ESCALA DAS CARTAS ..................................................................................... 66
4.4 CARTA DE PROFUNDIDADE DO IMPENETRÁVEL .................................... 67
4.4.1 Análise Estatística da Profundidade Impenetrável ................................... 70
4.5 CARTA DA COTA ALTIMÉTRICA DO IMPENETRÁVEL ............................ 72
4.5.1 Análise Estatística da Cota da Profundidade Impenetrável .................... 74
4.6 CARTA DA PROFUNDIDADE DO NÍVEL DA ÁGUA ................................... 75
4.6.1 Análise Estatística da Profundidade do Nível da Água ............................ 78
4.7 CARTA DA COTA ALTIMÉTRICA DO NÍVEL DA ÁGUA ........................... 79
4.7.1 Análise Estatística da Cota do Nível da Água ........................................... 81
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS ......................... 82
6 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 85
13

1 INTRODUÇÃO

Para auxiliar a construção de obras de engenharia no século XVIII, informações


técnicas sobre o solo e sua ocupação eram reunidas em cartas geotécnicas.
Posteriormente, foram agregados conteúdos, como consolidação e descrição dos solos,
que possibilitassem o planejamento territorial, gestão de riscos e prevenção a desastres
ampliando assim a utilidade das cartas (BITAR, FREITAS E MACEDO, 2015).
De acordo com Freitas (2000) apud Franco et al. (2010) há sete ramos da
Geologia de Engenharia que fazem uso das cartas, os quais são: construção de obras
civis, atividades minerais, análise das condições de risco, estudos de impacto ambiental,
gestão dos recursos hídricos, gestão de resíduos sólidos e planejamento territorial.
Contudo, devido à vasta aplicação que as cartas possuem ao sintetizar
determinados atributos do solo, ampliaram-se gradativamente as áreas de conhecimento
que fazem uso da cartografia geotécnica.
No Brasil foi publicada em 1980 pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
Estado de São Paulo (IPT), a primeira carta geotécnica de área urbana, a qual
compreendeu parte do estado de São Paulo. No decorrer dos anos, algumas regiões do
país, como a Sudeste, Sul e Nordeste, por possuírem mais recursos e incentivos a
pesquisa, realizaram estudos a fim de cartografar variados atributos de seus solos.
Todavia o mesmo não ocorreu igualmente com as regiões Centro-Oeste e Norte.
A região Norte do país, apesar de possuir a maior área do território nacional é a
que menos apresenta estudos geotécnicos. Excetuando-se algumas cidades de maior
destaque como Manaus e Belém, nas demais os estudos são escassos, quando não
inexistentes, e essa realidade evidencia que importantes informações sobre as
potencialidades do solo de grande parte do país são desconhecidas (SANTOS, 2000).
O estado do Tocantins não retrata uma situação diferente do restante de sua
região. Fundado em 1989, o estado dispõe de poucas informações sobre seus solos,
sendo os mais importantes estudos geotécnicos realizados a partir de 2000 com Santos,
e no âmbito da engenharia com Martins (2014) e Castro et al. (2016).
14

Tocantins, de acordo com o IBGE (2010), possui uma taxa média de


crescimento anual de população de 17,5%, e sua capital, Palmas, acompanha esse
aumento demográfico ocupando progressivamente mais áreas de seu plano diretor.
Um dos fatores que favorecem a expansão é que Palmas possui um plano diretor
ordenado para receber este desenvolvimento. No entanto, pouco conhecimento se tem
sobre seu solo, sendo necessário que haja estudos que evidenciem características
geotécnicas auxiliadoras na tomada de decisão para novas edificações, visto que no
último triênio, as construções verticais aumentaram cerca de 200% na capital
(REZENDE, 2011).
Na esfera da Engenharia Civil, os aspectos geotécnicos mais significativos para
o ramo da construção, que ao serem mapeados, contribuem para o planejamento da
urbanização, são obtidos por meio da execução de sondagens de simples
reconhecimento de solos, com SPT (Standard Penetration Test). Através deste ensaio é
permitido conhecer três parâmetros de suma importância, sendo eles: a determinação
dos tipos de solo em suas respectivas profundidades de ocorrência, posição do nível
d’água (NA) e os índices de resistência à penetração (NSPT) a cada metro (NBR 6484,
2001).
Uma vez que o ensaio de sondagem aponta informações pontuais do solo, faz-se
necessário realizar estimativas dessas características nos pontos desconhecidos da área.
No âmbito de investigações geotécnicas é recorrente o uso da geoestatística aliada a
uma metodologia de interpolação para a aproximação de valores. A metodologia
habitualmente utilizada em trabalhos de mapeamento de sondagens que modela com
precisão e analisa espacialmente a variabilidade dos atributos é a de interpolação por
krigagem.
Dessa forma, o presente trabalho, dispondo de boletins de sondagem realizados
na cidade de Palmas/TO, faz uso da krigagem e do software de geoprocessamento livre
de licença ArcGIS®, no estudo da interpolação de dados encontrados em boletins de
sondagem SPT no plano diretor da capital do estado do Tocantins, possibilitando ao
profissional considerar aspectos técnicos do terreno na avaliação preliminar da compra,
projeto ou construção
15

1.1 OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho é desenvolver cartas de cotas da superfície


impenetrável e da superfície freática para a cidade de Palmas, utilizando boletins de
sondagem como fonte de dados e, contribuindo, assim, para o planejamento inicial de
obras civis na capital. Os objetivos específicos são:
 Levantar, avaliar e classificar laudos de sondagem para a cidade de Palmas/TO;
 Verificar a viabilidade de produção de cartas geotécnicas a partir dos dados
produzidos na região;
 Elaborar e disponibilizar carta das profundidades impenetráveis alcançadas com
o ensaio de sondagem à percussão (SPT);
 Elaborar e disponibilizar carta do nível da água na região analisada;
 Verificar a aplicabilidade das cartas produzidas na tomada de decisões,
 Colaborar e auxiliar no processo de planejamento de obras civis na cidade de
Palmas/TO.

2 REFERENCIAL TÉORICO

Neste tópico serão apresentadas as bibliografias que norteiam a elaboração desse


trabalho. São apresentadas as características da cidade de Palmas-TO, conceitos
relevantes de cartografia geotécnica, como essa área de pesquisa se desenvolveu e como
ela está presente no Brasil, os trabalhos geotécnicos existentes sobre a cidade e estudos
correlatos. Trata-se ainda dos aspectos técnicos que envolvem o ensaio SPT e as
ferramentas de espacialização de dados geotécnicos por meio de softwares como o
ArcGIS®.
16

2.1 ÁREA DE ESTUDO

Palmas, capital do estado do Tocantins, possui de acordo com o Censo de 2010


do IBGE a taxa de crescimento populacional de 5,2% em dez anos, com a estimativa de
população para o ano de 2016 de 279.856 habitantes. Esse avanço na demografia da
cidade em tão pouco tempo de existência se deve pela geração de expectativas em torno
das possibilidades de empregos e empreendimentos no seu florescimento.
O município de Palmas é composto pelos distritos de Buritirana, Taquaruçu, e
pela sede, Palmas. O conjunto é permeado por 11 bacias hidrográficas (MORAIS;
ALMEIDA, 2010), das quais as bacias do Ribeirão Água Fria, Ribeirão Taquaruçu
Grande e Córrego do Prata atravessam o Plano Diretor da Cidade de Palmas.
O relevo dentro dos limites municipais é caracterizado por grandes áreas de baixa
altitude, entre 200 e 375 m acima do nível no mar, e pela cadeia da Serra do Lajeado,
aonde as altitudes chegam a 675 m. O modelo digital do terreno do município é
mostrado abaixo.

Figura 1 – Modelo Digital de Terreno do Município de Palmas

Fonte: GeoPalmas, 2010.


17

Como é possível notar, o Plano Diretor da cidade de Palmas está localizado na


parte mais baixa do município, possuindo um relevo suave ondulado com pouca
variação de altitude.
O Plano Diretor mencionado foi regimentado pela lei complementar n° 14, de 07
de novembro de 2006, que segundo ele, buscou realizar “o aproveitamento socialmente
justo e racional do solo”, distribuindo de forma sistemática onde se instalará seus
diferentes tipos de ocupações. A figura a seguir apresenta o ordenamento urbano do
Plano Diretor, delimitado pelo Lago de Palmas e pela TO-010.

Figura 2 – Mapa do ordenamento do solo urbano do Plano Diretor de Palmas

Fonte: GeoPalmas, 2016.


18

Contrariamente aos esforços para realizar o planejamento urbano da cidade, não


foram encontrados estudos geotécnicos que englobassem toda a área do Plano Diretor.

2.2 CARTOGRAFIA GEOTÉCNICA

No decorrer da história a expressão “cartografia geotécnica” foi utilizada por


diversos autores sem que a definição exata de como produzir esse documento fosse
realizada (SANTOS, 2000). Todavia, apenas durante o século XX houve mobilizações
por parte dos pesquisadores da área na busca da delimitação de como desenvolver esse
processo que objetiva a carta geotécnica.
Com o surgimento da informática, há a origem da cartografia digital geotécnica,
que por meio de sistemas consegue converter mapas analógicos a mapas digitais
(OLIVEIRA, 1983). Mais adiante na história, de acordo com Franco et al. (2010),
conforme os sistemas de gerenciamento de banco de dados foram avançando
estabeleceu-se o contexto ideal para a “ligação da base cartográfica digital ao banco de
dados descritivo, surgindo assim os Sistemas de Informações Geográficas (SIGs)”.
Contudo, faz-se necessário diferenciar primeiramente os termos mapa e carta,
utilizados frequentemente como sinônimos. Como elucida Zuquette e Gandolfi (2004),
mapa é o registro de certo aspecto ambiental sem qualquer interpretação, já carta é um
“documento cartográfico com representação de informações, ou seja, das interpretações
e associações dos dados contidos nos mapas”.
Para realização de uma carta geotécnica, há certos critérios que se deve atender a
fim de enquadrar o documento nas recomendações da International Association of
Engineering Geology, IAEG, (1976) e Geological Society (1972). Tais orientações
preconizam que as informações geotécnicas sejam admissíveis de aplicação direta ou
para previsão de desempenhos, que suas unidades de utilização não sejam muito
heterogêneas, esteja de acordo com outras associações relacionadas à área de estudo,
amostragem de um atributo ou material geológico apropriado à Geotecnia, respeito às
definições empregadas pelo meio científico e associação dos documentos a uma
classificação funcional (ZUQUETTE; GANDOLFI, 2004), entre outras orientações.
19

O termo atributo, que permeia as recomendações, diz respeito ao aspecto


essencial escolhido para a execução de um mapeamento. Como exemplo, podemos citar
que os atributos eleitos para o desenvolvimento das cartografias almejadas neste projeto
são: cota do solo impenetrável ao ensaio SPT, descrição do solo, em argila, areia, silte
ou pedregulho, também encontrado na cota impenetrável e cota do lençol freático obtido
na realização do mesmo ensaio. É importante frisar que o atributo é a informação
principal que necessita de um detalhamento completo, ressalta-se também, que os
resultados da cartografia geotécnica não suprem a necessidade de investigações
aprofundadas locais.

2.2.1 Métodos de Mapeamento Geotécnico

Do mesmo modo que há diferentes definições para a cartografia geotécnica,


distintas também são as metodologias para a produção de cartas. As metodologias
internacionais mais usuais em trabalhos brasileiros, segundo Carvalho (2014), são da
IAEG, a metodologia Francesa, metodologia Zermos (Zonas Expostas ao Movimento dos
Solos), metodologia PUCE (Pattern, Unity, Component, Evaluation) e a metodologia
Mathewson & Font. Esses sistemas internacionais de produção variam principalmente
devido a sua finalidade.
Nacionalmente, são influentes seis metodologias de mapeamento geotécnico, as
quais norteiam inúmeros estudos brasileiros. Segundo os autores Zuquette e Gandolfi
(2004), esses procedimentos foram criados pelo:
 Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ);
 Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT);
 Departamento de Geotecnia da Escola de Engenharia de São Carlos, EESC/USP;
 Grupo de Geotecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS);
 Instituto Geológico de São Paulo (IG/SP) e
 Universidade Estadual de São Paulo (Unesp).
Para a realização das cartas geotécnicas previstas neste projeto, a metodologia
do EESC/USP foi empregada por apresentar objetivos relacionados à pesquisa em
desenvolvimento. De acordo com Abreu (2007), os estudos da EESC/USP:
20

“(...) não estão voltados para a solução de problemas já instalados,


mas para a identificação de condições do meio físico que possam
desencadear processos de desequilíbrio na sua utilização. Visam
primordialmente preencher lacunas do conhecimento em áreas onde as
informações sobre o meio físico não estão disponíveis. Ou seja,
atendem a situação de prevenção e gerenciamento, citada por Zuquette
(1993), e podem estar direcionados a um vetor específico (estradas,
erosão, etc) ou estar direcionados a se obter uma visão geral da região
investigada”.

Esta metodologia, originada devido às proposições de Zuquette (1987, apud


ABREU, 2007), apresenta como elemento básico o atributo, e foi concebida
inicialmente para cartas em escala entre 1:100.000 e 1:250.000, objetivando o
planejamento regional em áreas superiores a 1.500 km². Além disso, o método
geotécnico da EESC/USP é uma ferramenta gerencial que pode ser usada em três
diferentes níveis: geral (menores que 1:100.000), regional (1:100.000 a 1:50.000) e
local (1:50.000 a 1:10.000) (ABREU, 2007).
O método da EESC/USP recomenda uma densidade de amostragem para a
apuração dos atributos escolhidos de acordo com a escala de trabalho adotada, conforme
apresentado no Quadro 2 a seguir.

Quadro 1 – Densidade de amostragem no mapeamento geotécnico


Atributos
Qualitativos Quantitativos
Finalidade Metamórficas e Ígneas Sedimentares Geral
do Distância Distância Distância
Escala
mapeamento entre os entre os entre os
geotécnico Observações/km² pontos Observações/km² pontos Observações/km² pontos
observados observados observados
(m) (m) (m)
Básico 1:250.000 1/10 3162 1/10 3162 1/10 3162
1:100.000 4/10 1581 3/10 1826 2/10 2236
Regional 1:50.000 6/5 913 1/1 1000 3/10 1826
1:25.000 3/1 577 2/1 707 1/1* 1000
1:25.000 5/1 447 4/1 500 4/1* 500
1:10.000 15/1 258 15/1 258 10/1 316
Detalhe
1:5.000 25/1 200 20/1 224 15/1 258
1:2.000 40/1 158 35/1 169 25/1 200
* Valores alterados conforme contado de Thiesen realizado com Prof. Zuquette em 29/4/2016
Fonte: Thiesen, 2016 (apud Zuquette e Gandolfi, 2004).

Através desta metodologia podem ser obtidas quatro classes de documentos


cartográficos, são eles: mapas básicos fundamentais, mapas básicos opcionais, mapas
auxiliares e cartas derivadas ou interpretativas. Os produtos finais deste projeto serão
cartas derivadas que contenham a profundidade do substrato a certa resistência
mecânica e a profundidade de águas subterrâneas encontradas por meio do ensaio de
sondagem SPT.
21

2.2.2 Definição da Escala de Cartas Geotécnicas

Conforme o grau de detalhamento que se deseja obter no trabalho de cartografia


geotécnica a escala escolhida pode variar entre 1:200.000 a 1:500 (ZUQUETTE;
GANDOLFI, 2004). Entretanto, essa escolha não é feita de maneira aleatória e sim
considerando a disposição de dados, a seleção dos atributos, sua heterogeneidade e sua
classificação (BORGES; SOUZA; SILVA JUNIOR, 2015).
A escala deve representar satisfatoriamente a distribuição com a qual os dados
adquiridos estão dispersos. Para a fase de avaliação da melhor escala de trabalho a
estatística atua como ferramenta fundamental, analisando diversos aspectos dos
atributos selecionados.
Borges, Souza e Silva Junior (2015) ao estudar a relação entre a escala de
trabalho das cartas geotécnicas, área de influência da investigação geotécnica e a
variabilidade do atributo concluíram que a “amostragem está sempre relacionada com a
escala de mapeamento”. Os autores por meio de levantamentos bibliográficos que
contemplassem estudos geotécnicos e investigações de sondagem entre os anos de 1970
e 2013 conseguiram relacionar a escala com os atributos em estudo. Para isso as
informações abaixo de cada autor analisado foram compiladas:
 Número de sondagens;
 Valores da média, desvio padrão e coeficiente de variação do atributo (NSPT);
 Área investigada em m² e
 Escala de trabalho.

A partir dos dados reunidos, os pesquisadores, que obtiveram cartas de várias


regiões do país escaladas majoritariamente de forma qualitativa, montaram gráficos de
dispersão e analisaram as tendências em função da escala de trabalho versus área de
influência da investigação geotécnica. Como resultado gerou-se o gráfico apresentado a
seguir.
22

Figura 3 – Determinação da escala de trabalho pelos principais pesquisadores

Fonte: Borges, Souza e Silva Junior, 2015.

Como é possível notar o trabalho de nove autores foram relacionados, sendo


eles: ABNT NBR 8036 (1983), Karacsonyi e Remenyi (1970), Matula e Pasek (1984),
Zuquette e Gandolfi (2013), Dias. R. D. (1987), Borges, M. V. (2007), Mascarenha, M.
M. A. (2003), Roque, W. V. (2006) e Soares, W. C. (2011). Os pontos das diferentes
propostas de relação entre a escala de trabalho e a área de influencia da investigação
estão compreendidos entre duas retas denominadas “maior variabilidade” e “menor
variabilidade”.
O termo “variabilidade”, segundo Douglas e George (2013 apud BORGES;
SOUZA; SILVA JUNIOR, 2015) entende-se pela discrepância verificada nos resultados
gerados de um sistema ou fenômeno devido a constante observação. Essa disparidade de
valores deve ser inserida no processo estatístico a fim de melhor representar o trabalho
em desenvolvimento.
Como resultado, Borges, Souza e Silva Junior (2015) verificaram que solos que
possuem maior variabilidade em seu atributo, necessitam ser mais pesquisados, ou seja,
o número de sondagens deve ser maior do que em materiais que apresentem menor
23

variabilidade em suas características geotécnicas. Para auxiliar na tomada de decisão os


pesquisadores correlacionaram à escala com a área de investigação da sondagem a ser
analisada na carta.
 Escalas entre 1:500 a 1:2.000, 100cm² na carta;
 Em escalas intermediárias entre 1:2.000 a 1:25.000, 100 a 10cm² na carta e
 Em escalas regionais, menor que 1:25.000, 10 a 1cm² na carta.

2.3 ESTUDOS GEOTÉCNICOS PRÉ-EXISTENTES NA ÁREA DE ESTUDO

Como apontado por Castro et al. (2016a), ensaios de provas de cargas realizados
em fundações de edifícios de Palmas estão ocasionalmente identificando problemas,
assim como em atividades de escavações, onde há ocorrências de acidentes. Esses
transtornos são devidos principalmente à falta de conhecimento e investigação do solo
em que se edifica.
Mapeamentos geotécnicos importantes já foram realizados na cidade de Palmas,
como o de Santos (2000) que coletou, elaborou e disponibilizou mapa da cobertura e
uso da terra do ano de 1998, carta de declividade, carta da espessura, escavabilidade,
erodibilidade potencial e qualidade de materiais inconsolidados, carta das condições
geotécnicas e carta de áreas potenciais para a disposição de resíduos.
Já Castro et al. (2016a, 2016b) através de suas pesquisas, traçou perfis
geotécnicos de pontos da cidade por intermédio da combinação de ensaios geofísicos de
eletrorresistividade e sondagem SPT, e com as amostras do ensaio SPT conseguiu
relacionar a resistividade elétrica e as características geotécnicas dos solos de Palmas.
Martins (2014) fazendo uso de boletins de sondagem e carta das condições
geotécnicas de Santos (2000) caracterizou as principais zonas geotécnicas do Plano
Diretor da capital e apresentou soluções de fundações para edificações típicas da cidade.
O Sistema de Informações Geográficas de Palmas (GEOPALMAS), apesar de
não ser um estudo geotécnico, traz em site1 a possibilidade de acesso a informações
especializadas sobre o município como mapas temáticos diversos, tais como áreas de
preservação, índices pluviométricos, equipamentos urbanos, macro e microzoneamento,

1
www. http://geo.palmas.to.gov.br/
24

entre outros mapas importantes para o suporte a qualquer trabalho geotécnico


desenvolvido.

2.4 ESTUDOS SEMELHANTES

Diferentemente da realidade palmense, outras regiões do país possuem


mapeamentos geotécnicos significativos quanto aos parâmetros obtidos a partir da
sondagem com SPT. Esses estudos quando processados em ambiente SIG possibilitam o
planejamento em diversas instâncias.
Sturaro (1994 apud TALAMINI NETO, 2001) mapeou o subsolo da cidade de
Bauru-SP em três parâmetros obtidos através da sistematização de dados da sondagem
SPT, foram eles: valores de NSPT em diferentes profundidades, nível da água e
profundidade do impenetrável a sondagem à percussão. Esse estudo só foi possível
devido a técnicas de interpolação da geoestatística.
Posteriormente a Sturaro outros autores também se utilizaram de métodos
geoestatísticos para mapear diversas características de suas regiões. Talamini Neto
(2001) foi um deles que, através da reunião de informações oriundas de investigações
geotécnicas diversas, como SPT, poços, mapas topográficos, gerou mapas cartas de
isovalores, caracterizando espacialmente as principais unidades geotécnicas encontradas
em Curitiba.
Folle (2002) aponta a grande quantidade de dados de sondagens SPT produzidas
nas obras de engenharia e propõe, também, a utilização de geoestatística para a
produção de cartas de caracterização com base na resistência à penetração NSPT em
áreas urbanas. Desse modo, procura contribuir para a maior utilização de técnicas de
espacialização de variáveis regionalizadas, visando sua aplicação nas obras de
engenharia, especialmente em engenharia de fundações.
Fonteles et al. (2006 apud THIESEN, 2016) estudando uma área de 44 km² na
cidade de Fortaleza/CE modelaram o lençol freático do local dispondo de 126 furos
SPT. Anos mais tarde, em 2014, Fonteles mapeou a profundidade impenetrável ao SPT
da mesma área, empregando a krigagem para alcançar esta variabilidade espacial.
25

Silva (2008) realizou o mapeamento dos parâmetros de NSPT e de torque máximo


do SPT-T (Standard Penetration Test with Torque Measurement) e os correlacionou
com a topografia e pedologia da bacia hidrográfica do ribeirão Cambezinho, zona
urbana de Londrina-PR.
Alves (2009) atualizou e compilou 1785 sondagens do tipo SPT e, por meio de
geoestatística, criou modelos bidimensionais e tridimensionais com ênfase na
construção de garagens subterrâneas no plano piloto de Brasília. Em seu trabalho de
cartografia geotécnica a autora criou diversos produtos onde se pode verificar a maior
ou menor adequabilidade do solo para escavação segundo critérios pré-estabelecidos.
Dal’Asta, Pires e Pinheiro (2013) geraram superfícies contínuas para a porção
central da cidade de Santa Maria-RS quanto a distribuição e comportamento da altitude
da sondagem (boca do furo) e a profundidade impenetrável a sondagem de simples
reconhecimento.
Já Soares (2011) aborda uma questão mais ampla em sua tese e afirma que
intervenções antrópicas descontroladas têm causado problemas ambientais de diversas
naturezas nos meios urbanos. Tais impactos negativos tem parte de sua origem ligada ao
desconhecimento de características físicas do meio e, portanto, o conhecimento dessas
características físicas é fundamental na solução desses problemas. O autor concretiza
seus estudos ao produzir um banco de dados geológicos geotécnicos com base em
sondagens para a análise espacial da profundidade do lençol freático e do NSPT visando
o auxílio a obras de fundação na cidade de João Pessoa-PB.
E por fim, Thiesen (2016) descreveu em sua dissertação os procedimentos e
tratamentos de dados geotécnicos georrefenciados para a obtenção de Modelo Digital de
Terreno (MDT), mapas de hidrografia, declividade, geologia, litologia, pedologia, perfis
estratigráficos, profundidade do lençol freático e do impenetrável a sondagem à
percussão e superfície de isolinhas do NSPT orientados para fundação profunda na cidade
de Blumenau-SC.
Além dos autores supracitados, há aqueles que trabalharam ou com métodos
diferentes ou objetivos distintos dos demais, contudo, dentro da mesma área de estudo.
Um desses autores, Ochi, Françoso e Albuquerque (2006), gerou o MDT do campus da
Universidade de Campinas (Unicamp), em Campinas-SP, com foco nos valores de NSPT
e nas camadas de solos encontradas por intermédio de ensaio SPT. E Patias (2010)
fazendo uso de sondagens rotativas, sondagem à percussão, ensaio de cone (CPT) e
26

poços manuais concebeu o zoneamento geotécnico com base em krigagem ordinária e


equações multiquadráticas da Barragem de Itaipu, localizada na cidade de Foz do
Iguaçu-PR.
Como foi possível constatar há expressivos trabalhos que caracterizam os solos
de várias partes do país, no entanto apenas um deles gerou uma carta geotécnica da área
de estudo. Contudo, todos os estudos convergem para o fato de que o planejamento e a
gestão das intervenções humanas no meio só são possíveis por intermédio do
conhecimento de diversos fatores, incluindo aqueles relacionados às características
geotécnicas do mesmo.
Desse modo, a construção e a operação de bancos de dados geológico
geotécnicos são fundamentais nesse processo e as sondagens SPT, por sua natureza
investigativa e por apresentarem grande potencial na composição desses bancos de
dados. O quadro a seguir resume os principais estudos mencionados.

Quadro 2 – Comparação entre resolução espacial e sondagens SPT/km² de estudos brasileiros


Resolução
Autores Estudo furos/km² Objetivos
Espacial (m)
NSPT, impenetrável ao
0,85 furos/km² Planejamento de
Talamini Neto SPT e caracterização
1.086 (440 km² e 373 ocupação do
(2001) geotécnica a 3, 10 e 15 m
furos SPT) subterrâneo
em Curitiba/PR
Fonteles et al. Modelagem do lençol
(2006) freático em Fortaleza/CE 2,9 furos/km² Auxilio na
Modelagem da superfície 591 (44 km² e 126 escolha de
Fonteles (2014) impenetrável em furos SPT) fundações
Fortaleza/CE
Mapeamento da cota da
0,65 furos/km²
Dal’Asta, Pires e boca do SPT e seu Planejamento de
1.241 (118, 62 km² e 77
Pinheiro (2013) impenetrável em Santa edificações
furos SPT)
Maria/RS
Correlacionar
Mapeamento do NSPT e de 6,43 furos/km²
variáveis a
Silva (2008) Torque Máximo do 394 (37 km² e 238
pedologia e
SPT-T em Londrina/PR furos SPT)
topografia
Mapeamento dos solos
com diferentes 11,59 furos/km² Construção de
Alves (2009) adequabilidades à 294 (154 km² e 1785 garagens
escavação no plano piloto furos SPT) subterrâneas
de Brasília
Análise espacial do lençol 14,8 furos/km²
Soares (2011) freático em João 260 (10,7 km² e 158 Banco de dados
Pessoa/PB furos SPT) visando o auxílio
13,1 furos/km² a obras de
Análise espacial do NSPT
Soares (2011) 276 (13,8 km² e 181 fundação
em João Pessoa/PB
furos SPT)
27

Profundidade do lençol Uso e ocupação


freático, impenetrável ao 2,0 furos/km² do solo,
Thiesen (2016) SPT e NSPT para zona 1.410 (207,2 km² e 104 informações área
urbanizada de grupos SPT) de fundações e
Blumenau/SC geologia
Fonte: Thiesen (2016) Adaptado.

A resolução espacial contida na terceira coluna do quadro acima é a abrangência


da área de estudo dividida pelo número de observações dispostas, conforme definido na
equação 1 (TOBLER, 1979 apud THIESEN 2016). Essa resolução implica em um
maior ou menor nível de detalhes, traduzindo na eficiência da comunicação visual entre
quantidade de dados e as cartas produzidas.

√ (1)

2.5 SONDAGEM À PERCUSSÃO SPT

O ensaio de sondagem à percussão SPT consiste na cravação dinâmica de um


amostrador padrão no solo a ser estudado, a uma profundidade específica com o intuito
de verificar a resistência do mesmo à penetração do amostrador em um curso de 30 cm
após a cravação de 15 cm iniciais, obtendo-se assim o valor de N, índice de resistência
característica do solo (NBR 6484, 2001).
Após a locação do ponto, a escavação inicial deve ser feita com trado concha
(Figura 4a) ou cavadeira manual até a profundidade de um metro, quando se inicia a
amostragem. Nas camadas subsequentes, antes de se atingir o lençol freático, os
avanços devem ser feitos com trado hélice (Figura 4c), na eventual impossibilidade de
avanço a trado deve-se utilizar o trépano (Figura 4b). Quando atingir o nível freático ou
quando da impossibilidade de avanço ao trado, pode-se utilizar o sistema de circulação
de água, conforme NBR 6484 (2001). Este sistema é composto por um conjunto moto-
bomba (Figura 4d,) conexão para as hastes (Figura 4e), e ainda de mangueira de alta
pressão (Figura 4f).
As hastes utilizadas no ensaio (Figura 4g) devem apresentar comprimento de 1
m ou 2 m e se conectarem por meio de luvas em suas extremidades. Caso seja
28

necessário, as paredes do furo dever ser contidas por meio de tubos de revestimento
(Figura 4h), os mesmos não devem se apoiar na base do furo para não interferir nos
resultados do ensaio. Estes equipamentos são representados na figura 4.

Figuras 4a, 4b, 4c, 4d, 4e, 4f, 4g e 4h – Equipamentos para o ensaio SPT

Fonte: Notas de aula.

A cada metro é realizada a cravação do amostrador padrão e a coleta da amostra


de solo, além de sua análise tátil visual. A cravação se dá por meio da energia
dispensada por uma massa de 65 kg (Figura 5b) em queda livre de 75 cm sobre o
conjunto que compõe a transmissão da energia até a extremidade do amostrador padrão
em contato com o solo. Este conjunto consiste em: cabeça de bater (Figura 5a) e para
direcionar o peso sobre o eixo da cabeça existe a chamada haste guia (Figura 5b), o
resultado acurado do ensaio depende do estado de conservação dessas peças.

Figuras 5a, 5b, 5c, 5d e 5e – Equipamentos de sondagem à percussão

Fonte: Notas de aula.


29

A amostragem do solo é feita por meio do amostrador tipo raymond (Figura 5c).
O direcionamento da energia se dá pela roldana instalada no topo do tripé (Figura 5d) e
a aplicação dos golpes se dá por meio da corda, no caso, de aço (Figura 5e). A eficiência
energética aplicada ao amostrador depende em grande parte desse sistema. De acordo
com o material empregado devem ser feitas as considerações pertinentes na análise dos
resultados obtidos.
Fazem-se necessários ainda, uma fonte de água para o sistema moto-bomba,
pranchetas de anotação e marcadores para os intervalos de medição a serem escritos na
haste guia. Assim, de posse de todas as ferramentas citadas, esquematizadas conforme a
figura 6 inicia-se o ensaio.

Figura 6 – Perspectiva do ensaio à percussão SPT

Fonte: Higashi (2016 apud THIESEN, 2016).

A NBR 6484 (2001) apresenta as prescrições normativas em relação aos


equipamentos necessários para a realização do ensaio de simples reconhecimento SPT,
bem como dos procedimentos que devem ser seguidos pelos técnicos durante a
execução do mesmo.
O princípio do ensaio consiste na transmissão de uma energia padronizada ao
solo, desse modo, os equipamentos utilizados devem obedecer a limites em suas
30

dimensões e, em alguns casos, também em sua massa. A figura 7 contida apresenta


algumas das especificações sobre as dimensões do equipamento.

Figura 7 – Dimensões do amostrador tipo Raymond

Fonte: NBR 6484, 2001

A cravação é dividida em 3 trechos de 15 cm, sendo que a quantidade de golpes


necessárias para se vencer os 30 cm finais determina o valor de N para aquela camada.
31

Contudo, a cravação do amostrador padrão deve ser interrompida antes de se atingir o


curso final sempre que:
 Não se observar avanço na cravação após a aplicação de cinco golpes
sucessivos;
 Um total de 50 golpes tiver sido aplicado durante toda a cravação;
 For ultrapassado mais de 30 golpes em qualquer seguimento de 15 cm.
O ensaio é finalizado ao se alcançar a profundidade especificada em projeto ou
quando se atingir um dos seguintes critérios:
 Quando, em 3 metros sucessivos, se obtiver 30 golpes para a penetração dos 15
cm iniciais do amostrador padrão;
 Quando, em 4 metros sucessivos, se obtiver 50 golpes para a penetração dos 30
cm iniciais do amostrador padrão;
 Quando, em 5 metros sucessivos, se obtiver 50 golpes para a penetração dos 45
cm do amostrador padrão;

O acompanhamento do nível freático deve ser realizado durante todo o ensaio.


Quando, durante a perfuração, se atravessar o lençol freático deve-se observá-lo por no
mínimo 15 min, com leituras a cada 5 min e decorridas 12 h do fim do ensaio deve-se
medir a posição do nível de água, bem como a profundidade até onde o furo permanece
aberto.

2.5.1 Energia no Ensaio SPT

Na dinâmica do ensaio, a energia cinética do martelo, no instante do impacto, é


transferida para o conjunto de hastes por meio da propagação de uma onda de
compressão. A magnitude e a duração dos impulsos de tensão provocados pelo impacto
dependem da configuração dos componentes: martelo, das hastes, da cabeça de bater e
dos materiais que constituem os equipamentos.
De acordo com Soares (2011), quando o martelo é elevado a 75 cm de altura, a
energia disponibilizada ao sistema encontra-se na forma de energia potencial. Desse
32

modo, considerando os padrões estabelecidos pela norma, pode-se determinar a energia


potencial teórica do sistema ou como sendo da ordem de 478 Joules.
Contudo, o sistema apresenta perdas ao longo da transmissão dessa energia,
desse modo tem-se o conceito de eficiência do ensaio. A eficiência do ensaio SPT (ƞ) é
usualmente definida como a relação entre a quantidade de energia transferida ao topo da
composição de hastes (Eh), no momento do primeiro impacto do martelo, e a energia
potencial nominal do ensaio SPT (equação 2).

(2)

Lukiantchuki (2012) demonstrou que a eficiência para comprimentos de


composição de hastes entre 2.95 e 12.95 apresenta valores de 75 % para o topo do
conjunto e de 57 % para a base. Além disso, determinou a influência da compacidade do
solo no mecanismo de transferência de energia, observando que a energia final
transmitida independe das características do solo, e que apenas o modo como essa
energia é transferida está correlacionado com a compacidade.

2.5.2 Qualidade do Serviço de Sondagem

As construções no Brasil são comumente realizadas sem o conhecimento do solo


onde se edifica. No entanto, mesmos os empreendimentos que empregam recursos em
ensaios de sondagem não estão totalmente seguros dos serviços realizados.
Essas incertezas advêm principalmente da qualificação da equipe técnica
(engenheiros, geólogos, sondadores, etc) e da aparelhagem utilizada. Para ambos os
casos, as NBR 6484 (2001) e 8036 (1983) procuram auxiliar, os responsáveis quanto à
programação de sondagens, e estabelecer os procedimentos a serem executados pelo
sondador.
Rocha (2011) aponta que os contratantes não dão a devida importância à
qualidade do serviço, e adverte que essa displicência pode encaminhar a uma sequência
de prejuízos. Rocha enumera vários problemas que ocorrem frequentemente nas
sondagens:
33

 Displicência quanto à marcação exata da locação das perfurações;


 Falsificação dos dados relativos às amostras (descrição tátil-visual,
profundidade, nível d’água);
 Desleixo na classificação da descrição do solo, o mesmo deve seguir a norma
brasileira;
 Contratação de sondador autônomo, ou empresa com equipe técnica que não
tenha o devido conhecimento;
 Equipamento fora da norma (NBR 6484:2001), com espessura e outras
dimensões inadequadas, o que acarreta em resultados incorretos;
 Variância na altura de queda;
 Lavagem do furo desde o início, mesmo antes de ter encontrado o nível d’água,
impossibilitando a leitura do nível d'água;
 Acondicionamento incorreto das amostras e identificação malfeita, e
 Laudo com redação incorreta, croqui de locação inadequado e confuso.

Alguns desses fatores podem ocorrer devido à má fé do contratado/sondador por


desconhecer ou não dar a adequada importância ao ensaio de sondagem. Já outros itens
seriam suprimidos com atenção aos equipamentos e procedimentos, mas para isso a
equipe de sondagem deve ser qualificada e passar por constantes reciclagens quanto aos
métodos executivos.
Apesar da variação do solo e nível d’água com a distância entre pontos, Rocha
ressalta que os contratantes devem fiscalizar e acompanhar o serviço a fim de obter
laudos condizentes com meio ensaiado e assim evitar futuros transtornos e majoração
excedentes aos resultados.

2.6 ESPACIALIZAÇÃO DE DADOS GEOTÉCNICOS

Geoprocessamento, de acordo com Câmara et al. (1998 apud ALVES, 2009), se


refere ao ramo de estudo que emprega técnicas matemáticas e computacionais para o
tratamento da informação geográfica. Esse procedimento, que influi de maneira incisiva
em áreas como a cartografia e planejamento, utiliza-se de mecanismos computacionais
34

nomeadas SIG que proporcionam, ao espacializar dados, análises complexas devido à


incorporação de dados de diferentes origens e geração de bancos de dados
georreferenciados (ALVES, 2009).
De acordo com Silva (2008), as ferramentas do SIG proporcionam o
“armazenamento, análise, recuperação, manipulação e manejo de grandes quantidades
de dados espaciais”. Essas ferramentas trabalham com dados que podem ser separados
em dois conjuntos: dados gráficos, espaciais ou geográficos e dados não gráficos,
alfanuméricos ou descritivos. A operação dessas informações atualmente se dá por meio
de softwares, e dentro os vários disponíveis no mercado este trabalho fará uso do
ArcGIS®.
Os dados espaciais em um Sistema de informações geográficas são
representados por um único par de coordenadas e esses dados podem reproduzir pontos,
linhas ou polígonos (SILVA, 2008). As informações espaciais podem retratar dois tipos
de feições: Vetorial (Vector) ou Matricial (Raster), e estas possuem duas formas
distintas de armazenamento que consistem sucintamente em formas de representação
gráfica que tratam, integram e manipulam dados espaciais de maneiras distintas visando
à modelagem do mundo real. Segundo Silva (2008), em alguns “softwares de SIG é
possível transformar dados vetoriais em raster e dados raster em vetoriais”.
Contudo, ineficaz se tornam esses tipos de armazenamento se os dados estão
desorganizados e sem uma estrutura metodológica definida. Essa falta de estrutura é
comum na geotecnia uma vez que as informações geotécnicas são escassas e raramente
sistematizadas em bancos de dados (GANDOLFI & ZUQUETTE, 2004).
A existência de um banco de dados potencializa a manipulação, edição e seleção
das informações viabilizando ao profissional que o dispõe direcioná-las ao seu foco de
estudo. Como instrumentos para a criação de bancos de dados o mercado possui
diversos programas computacionais que proporcionam a gestão dessas informações,
este trabalho fará uso do software EXCEL® para gerenciar os dados obtidos.
Alves (2009) ressalta que para propiciar a utilização das informações é
necessário que haja uma estrutura básica, a qual foi formalizada nos trabalhos
geotécnicos realizados na década de 80. O quadro abaixo é a materialização dessa
estrutura para a organização de informações sobre sondagens.
35

Quadro 3 – Estrutura da tabela relacional para caso de sondagens


ID_Sondagem ID_Perfil ID_Relatório Sond_Relatório Tipo_Furação Data_fim Prof_fim
275 1190 49 Sond.2 Percussão 1967-12 15,40
70 1083 17 S3 Percussão 1994-05 11,00
177 1179 31 A Percussão 1995-10 23,90
339 1242 69 S-1 Rotativa 1971-10 14,50
Fonte: DATE, 2003.

Para compor a estrutura acima há algumas informações que balizam sua criação.
Primeiramente cada tabela corresponde a um objeto principal de estudo, no caso acima,
sondagens, suas colunas representam atributos (como identificação da sondagem,
identificação do perfil, tipo de furação, etc.), e por fim, suas linhas referem-se aos
valores daquele objeto principal (DATE, 2003).
Além desses requisitos há aqueles que definem a estrutura como um todo, como
por exemplo: cada estrutura deve possuir um identificador único; cada objeto de estudo
deve ter sua tabela, e as informações dentro dela devem se relacionar àquela finalidade;
os dados contidos nas tabelas devem ser organizados de forma independente e acessível,
e por último, as estruturas não devem ser redundantes.
Por meio de um banco de dados estruturado e fazendo uso das ferramentas de
um SIG é possível correlacionar às informações da melhor forma que convém ao
usuário, mas para isso é necessário tratar inicialmente as informações utilizando
ferramentas da estatística descritiva e espacial, e a partir delas aplicar a metodologia
correta para interpolação dos dados.

2.6.1 Estatística Descritiva

Mesmo em condições ótimas de realização, processos naturais como os


pesquisados em serviços de sondagem apresentam características únicas em cada ponto
amostrado, em virtude disso faz-se necessário o tratamento estatístico das informações
obtidas nos ensaios a fim de conhecer o modo como os parâmetros variam e como
podem influenciar no processo de modelagem do solo em questão.
Neste contexto, preliminarmente, aplica-se ferramentas da estatística descritiva
que auxiliarão na análise dos dados. Essa estatística pode ser dividida em ferramentas de
36

medidas de forma, de localização e de dispersão da amostra estudada (STURARO, 1993


apud SILVA, 2008), como apresentado logo abaixo.

 Medidas de localização: média aritmética e mediana


A média aritmética ( é uma ferramenta que indica apenas a tendência
apresentada dentro da população, não a representando adequadamente devido a grande
variação que seus dados podem conter. A média é obtida dividindo a soma total da
amostra pela quantidade de observações, conforme equação 3.

: média aritmética;
∑ (3) n: número de eventos;
x: valores da variável em estudo

Já a mediana é o valor central da amostra que pode ser obtido, por exemplo,
ordenando os dados em ordem crescente, sendo a mediana o valor que apresentar um
número igual de dados antes e depois.

 Medidas de dispersão: variância e desvio-padrão


A variância (S²) é calculada com o intuito de se determinar o quanto a média ( )
representa a amostra analisada, visto que a população em análise pode conter grande
dispersão de valores. Essa medida é obtida pela média quadrática das diferenças entre os
valores do conjunto e a média da população conforme equação abaixo. E o desvio-
padrão ( ) é a raiz quadrada da variância.

: Variância
∑ (4) : Valores assumidos pela variável
: Número de componentes da amostra
37

2.6.2 Métodos de Interpolação e a Geoestatística

A interpolação é um método utilizado para estimar valores em locais não


amostrados a partir de pontos dispostos devidamente referenciados (SILVA, 2008). A
estimativa de parâmetros em pontos desconhecidos é algo recorrente e necessário em
estudos geotécnicos, uma vez que o completo conhecimento de uma área de estudo é
impossibilitado em muitos casos pelos custos financeiros. Dessa forma, a estimação é
de extrema relevância, posto que a malha de pontos gerada por essa estimativa
impactará de forma decisiva na qualidade e confiabilidade dos mapas produzidos
(STURARO et al., 2000 apud ALVES, 2008).
Folle (2002) aponta que há diversos métodos de interpolação para calcular a
malha de pontos, entre eles: método dos polígonos, da triangulação de Delaunay, do
vizinho mais próximo, das curvas de isovalores, do inverso da potência da distância
(sendo o IQD, inverso do quadrado da distância o mais utilizado) e a krigagem. Cada
um apresenta vantagens e desvantagens, e sua escolha depende de elementos como:
quantidade e a densidade de pontos a serem interpolados, a capacidade de
processamento do computador utilizado, o nível de precisão almejado, bem como a
disponibilidade de tempo (TALAMINI NETO, 2001)
De acordo com Landim (2000), há duas categorias nomeadas, funções globais e
funções locais, que reúnem os vários métodos de interpolação. Na primeira função todos
os pontos são levados em consideração, sendo possível a interpolação de valores em
qualquer local desde que estejam dentro do domínio das informações originais. Os
interpoladores globais são os polinômios e as equações multiquadráticas.
Já as funções locais são utilizadas para pequenos fragmentos do mapa e a
modificação de um dado influenciará localmente apenas os pontos próximos a ele. Os
interpoladores que condizem com essa definição são: triangulação, inverso da potência
das distâncias e a krigagem.
A estatística espacial ou geoestatística, de acordo com Dal’Asta (2013),
“compreende um conjunto de técnicas estatísticas utilizadas para analisar a variabilidade
espacial e estimar valores de uma variável distribuídos e correlacionados no espaço ou
no tempo”. A união da geoestatística a uma técnica de interpolação procura gerar uma
38

continuidade no espaço por meio dos pontos georreferenciados disponíveis. Essa


continuidade, de acordo com Alves (2009) é produzida devido a:
“(...) tendência que a variável tem de apresentar valores próximos em
dois pontos vizinhos e diferentes à medida que os pontos vão ficando
mais distantes um do outro. (...) A variável regionalizada é uma
função numérica com distribuição espacial, que varia de um ponto a
outro com continuidade, mas cujas variações não podem ser
representadas por uma função matemática simples”.

As metodologias de interpolação mais usuais em trabalhos que tratam de dados


geotécnicos são: inverso ponderado da distância e krigagem. Neste referencial, devido
ao volume de estudos que abordam a krigagem serem superior e pela comparação de
metodologias do quadro 5, será apresentado apenas o método de interpolação por
krigagem.

Quadro 4 – Comparação entre metodologias


Fidelidade aos Suavidade das Velocidade de
Algoritmo Precisão geral
dados originais curvas computação
Triangulação 1 5 1 5
Inverso da Distância 3 4 2 4
Superfície/Tendência 5 1 3 2
Mínima Curvatura 4 2 4 3
Krigagem 2 3 5 1
1 = melhor; 5 = pior
Fonte: Krajewski & Gibbs (1996 apud LANDIM, 2000).

2.6.3 Krigagem

Camargo (1998 apud SILVA, 2008) aponta que ao trabalhar com fenômenos
naturais que dependam substancialmente da posição geográfica, a estatística clássica
não retrata ou modela de forma fiel as transições espaciais existentes. Anteriormente a
Camargo, Daniel Krige, por volta de 1950, havia notado a carência por uma
metodologia que associasse a variabilidade espacial com o tamanho das amostras, no
entanto apenas na década de 60, Georges Matheron generalizou e desenvolveu a teoria
de Krige que ficou conhecida como krigagem.
Essa teoria fundamenta-se na verificação e na modelagem da variabilidade
espacial do atributo com base em amostras pontuais desse atributo. A krigagem prevê,
ainda “a hipótese de estacionariedade de segunda ordem para a propriedade que está
39

sendo modelada, ou seja, a média é constante em todas as posições do campo e a


covariância só depende da distância entre as amostras” (CAMARGO, 1997 apud
ALVES, 2009).
A krigagem é um método de interpolação linear que possui mecanismo parecido
ao de interpolação por média móvel ponderada (mais conhecido como inverso da
distância ao ponto), com exceção de que os pesos nela são determinados a partir de uma
análise espacial fundamentada no semivariograma experimental, ou seja, a krigagem
atribui pesos diferentes às suas amostras (THIESEN, 2016).
Landim (2000) e Abel (2002 apud SILVA, 2008) defendem que a krigagem é
um método não tendencioso, fornecendo uma das melhores estimativas lineares e com
variância mínima, sendo constantemente eleita a melhor metodologia para mapeamento
de solos. Os tipos de krigagem mais empregadas são: a krigagem simples, krigagem
ordinária e cokrigagem.

2.6.4 Semivariograma

Ao se iniciar a análise de dados por meio da krigagem, primeiramente é


construído o gráfico do semivariograma experimental, que é uma ferramenta que
“possibilita identificar, qualificar e compreender a variação espacial de determinado
fenômeno ou variável, a partir de dados amostrais aparentemente aleatórios e
independentes” (SILVA, 2008).
O semivariograma apresenta em sua abcissa os valores de distância e na sua
ordenada os correspondentes semivariograma (h). Expressa-se através deste gráfico o
comportamento das variáveis regionalizas e abrangência da zona de influência, bem
como possíveis erros de amostragem, parâmetros anisotrópicos e elementos aleatórios.
Variáveis regionalizadas são aquelas que estão distribuídas espacialmente,
apresentando grau de correlação e também dispondo de um aspecto contraditório: o
estrutural e o aleatório. Aleatório, porque existe “uma determinada irregularidade e
variação imprevisíveis de um ponto para outro no espaço, e estrutural por existirem
relações entre os pontos no espaço por conta da gênese do fenômeno que
gerou/influenciou a variável em estudo” (SILVA, 2008).
40

Por meio da análise do semivariograma é possível estudar aspectos estruturais


como o nível de dependência entre duas variáveis que representam o mesmo atributo
analisado em duas posições diferentes, x e y, sendo x = Z(xi) e y = Z(xi+h).
Matematicamente, o semivariograma é definido como “a esperança matemática do
quadrado da diferença entre os pontos no espaço, separados pelo vetor distância (h)”
(ALVES, 2009). A função semivariograma é definida pela equação (5) abaixo:

∑ (5)

Onde:
γ (h): Valor calculado da função variograma;
h : Distância entre pares amostrais;
e : Valores da variável em estudo em dois pontos distintos, separados por
uma distância preestabelecida e constante em uma direção.
n : número de pares de pontos distanciados de h .

Para obter o semivariograma experimental de uma população amostral que se


apresenta irregularmente distribuída no espaço, faz-se necessário determinar uma
distância de tolerância (h) e um ângulo de tolerância para a direção. O ângulo de
tolerância é utilizado quando, o pesquisador conhecendo ou prevendo tendências da
amostra, deseja analisar apenas dados em certa direção para a determinação da
correlação espacial (DEUSTCH & JOURNEL, 1992 apud FONTELES, 2014). Os
ângulos mais utilizados com o intuito de detectar anisotropias são: 0º (leste-oeste), 45º
(nordeste-sudoeste), 90º (norte-sul) e 135º (noroeste-sudeste).
A partir desse par limitante amostral, os softwares que tratam os valores
semivariográficos, pesquisam os dados dentro das áreas de abrangência da distância e
ângulo de tolerância definidos, e assim estabelece uma regularização da malha. A
Figura 9 retrata o procedimento de obtenção de valores para semivariograma com uma
rede irregular.
41

Figura 8 – Esquema de obtenção de valores para semivariograma

Fonte: Landim (1998, apud ALVES, 2009).

A partir da regularização da malha espera-se que o resultado obtido apresente


parâmetros próximos ao semivariograma experimental ideal da figura 10. Nessa figura é
possível notar alguns componentes importantes como o alcance (a), patamar (C), efeito
pepita (Co), que simboliza a descontinuidade do semivariograma quando y=0, e
contribuição (C1).

Figura 9 – Semivariograma experimental ideal

Fonte: Camargo (1997 apud ALVES, 2009).

Baseado nos elementos do gráfico é possível obter o grau de aleatoriedade dos


dados da mostra a partir da razão entre Co/C. O valor da divisão irá classificá-lo em
componente aleatória: pequena (Co/C< 0,15), significativa (0,15 < Co/C < 0,30) e muito
significativa (Co/C > 0,30) (LANDIM, 2000).
42

Logo após a definição de um modelo experimental do semivariograma, deve-se


ajustá-lo a um dos modelos teóricos. Este ajuste consiste na adaptação de uma equação
com parâmetros empíricos. Os modelos teóricos mais usuais são divididos em modelos
com patamar, sendo eles, modelo esférico, gaussiano e exponencial, e o sem patamar,
como o modelo de potência.
Em virtude da larga utilização de modelos com patamar em trabalhos
semelhantes, neste estudo serão abordados apenas os três modelos citados, os quais
estão equacionados no quadro 5.

Quadro 5 – Modelos com patamar de semivariograma


Modelo Fórmula Variáveis
| | | |
⌈ ( ) ( ) ⌉ γ (h): Valor calculado da função
Esférico
variograma;
| | a: Alcance ou amplitude variográfica;
Exponencial ⌈ ( )⌉
C: Patamar;
Gaussiano ⌈ ( ) ⌉ h : Distância entre pares amostrais.

Fonte: Camargo (1997 apud ALVES, 2009).

As diferenças dos gráficos gerados a partir dos modelos teóricos acima é o


esférico, diferentemente do modelo exponencial, apresenta um comportamento linear na
origem do gráfico, e o modelo gaussiano possui curva parabólica. Para a definição de
qual modelo representa melhor a amostra em estudo é recorrente a interpolação pelos
três métodos e então, escolha-se qual se ajusta melhor a variável de trabalho. A figura
10 representa os três modelos executados por Thiesen (2016), onde o modelo
exponencial foi escolhido.

Figura 10 – Interpolação pelos modelos circular, esférico e exponencial

Fonte: Thiesen (2016).


43

De acordo com Silva (2008) a krigagem ordinária, dentre os vários métodos


geoestatísticos existentes, se sobressai por possuir o melhor estimador linear devido a
três fatores: suas estimativas são realizadas através de uma combinação linear dos dados
essa metodologia busca calcular que o erro residual seja igual a zero e ela visa
minimizar a variância dos erros.
Em virtude do desconhecimento dos valores reais dos pontos estimados torna-se
difícil a análise do erro e variância verdadeiros. Contudo, fundamentado em um modelo
probabilístico, a krigagem ordinária possibilita a determinação desses parâmetros e a
partir disso a atribuição de pesos aos dados empregados nas estimativas de maneira que
o erro médio e a variância apresentem valores mínimos.
Pode-se estimar o erro cometido na estimativa, r, de um ponto estimado no
espaço subtraindo o valor estimado, ̂i, pelo valor real, Vi, e posteriormente a N
estimativas obtém-se o erro médio cometido na estimativa, ̅ , conforme equação abaixo.

̂
̅ ∑( ) (6)

A partir da estimativa faz-se necessário dispor apenas da distância que separa as


amostras para a interpolação e não necessariamente suas coordenadas. Com esses dados
também é possível determinar a relação espacial entre o valor estimado e o real, por
meio do cálculo da variância do erro, { }, onde Cov{ } representa a covariância
de valores reais e estimados, de acordo com a equação a seguir.

{ } {̂ ̂ } {̂ } { } (7)

Como mencionado, uma das características da krigagem ordinária é a atribuição


de pesos as amostras a fim de reduzir erro residual e variância. Esses pesos atuam de
forma a conceder proporções maiores as amostras situadas mais próximas dos pontos e,
ao passo que a distância aumenta, o peso diminui. A distribuição dos pesos a diferentes
amostras é comumente obtida através de uma matriz de covariância espacial
exemplificada a seguir.
44

̃ ̃ ̃ Cuja solução é:
{ } { }
(12)
̃ ̃ ̃
[ ][ ] [ ]

Onde:
C: matriz valores de covariância dos pontos amostrais com eles mesmos;
D: vetor de valores de covariância entre os pontos amostrais e os estimados;
pesos de krigagem, e
multiplicador de Lagrange.

2.7 VALIDAÇÃO CRUZADA

Depois da confecção dos semivariogramas e ajuste do modelo experimental ao


teórico faz-se necessário averiguar a confiabilidade do modelo em representar os dados
pretendidos. A validação cruzada é um método investigativo que busca comparar o quão
os dados estimados estão ajustados com os dados originais.
Para realizar essa checagem essa metodologia, resumidamente, retira uma
amostra “do conjunto de dados e então é feita uma krigagem para avaliar seu valor; o
valor médio das diferenças será tão mais próximo de zero quanto melhor for a
estimativa” (ANDRIOTTI, 2002).
Abaixo são apresentados os passos para a realização da validação cruzada,
segundo Andriotti (2002).
1. Extrai-se do conjunto original um ponto aleatório, ;
2. A partir dos dados remanescentes utiliza-se o estimador e modelo de variograma
escolhidos para obter o valor , que representa o dado estimado;
3. Calcula-se a diferença de valores, denominado resíduo da validação cruzada,
para o mesmo ponto por meio da subtração e compara-se o erro
cometido com o a divisão ⁄ ;
4. Repete-se os procedimentos anteriores para todas as amostras disponíveis no
conjunto;
5. Verifica-se se o valor médio de é próximo de zero;
45

6. Verifica-se se o valor de ⁄ ² é aproximadamente igual à unidade, e


7. Verifica-se se a correlação entre valores originais e valores estimados apresenta
coeficiente igual a um.

A validação cruzada não busca determinar se o modelo escolhido é correto e sim o


desempenho do método e sua capacidade de estimar valores próximos dos reais.

3 METODOLOGIA

Os procedimentos metodológicos utilizados para estruturação e concepção das


cartas geotécnicas propostas no presente trabalho fundamentaram-se em duas etapas. A
primeira, de sistematização, constituísse na aquisição, verificação e estruturação das
informações dos laudos de sondagem. Já a segunda etapa consistiu na espacialização
dos dados, sua análise e mapeamento geoestatístico para produção das cartas
pretendidas a partir de software de SIG, ArcGIS®.

3.1 SISTEMATIZAÇÃO DOS LAUDOS DE SONDAGEM

Com a aquisição de 2.031 boletins de sondagens, cedidos pela empresa Técnica


Engenharia, a sistematização iniciou-se com o estabelecimento de critérios a serem
adotados na classificação dos laudos e transcrição de seus parâmetros a partir dos
objetivos anteriormente definidos.
A criação de um padrão para a análise foi necessária pois, apesar dos laudos
serem provenientes de uma mesma empresa, a metodologia utilizada em seu relatório
modificou-se no decorrer do tempo. Dessa forma, elaborou-se uma planilha, com o
auxílio do software EXCEL®, apenas com as informações pertinentes a cartografia
almejada.
Nos próximos tópicos serão abordados os procedimentos empregados em todas
as etapas, desde a classificação dos laudos de sondagem, georreferenciamento dos furos
46

e estruturação das informações em um banco de dados para posterior entrada no


ArcGIS®.

3.1.1 Aquisição e Transcrição dos Dados

Os relatórios de sondagem à percussão adquiridos foram de serviços realizados


na cidade de Palmas/TO durante o período de 2002 a 2017. Como mencionado,
houveram alterações em sua formatação as quais implicaram em uma análise
diferenciada para os tipos de laudo encontrados, sendo a principal diferença: a
existência ou não, de coordenadas e/ou croqui que auxiliassem na localização dos furos.
Na figura abaixo está representado um laudo típico emitido pela empresa atualmente.

Figura 11 – Laudo de sondagem

Fonte: Técnica Engenharia (2017).

A estrutura predominante que compõe os relatórios cedidos pela empresa possui


três páginas iniciais padrão, seguidas pelos laudos dos ensaios de sondagens. Nessas
47

páginas iniciais são apresentadas ao cliente as normas e diretrizes que regem a execução
da sondagem, bem como equipamentos utilizados, tempo de armazenamento de
amostras, método de definição do referencial de nível, recomendações de projeto e
croqui de locação dos furos. Logo depois seguem os laudos de sondagem contendo as
informações aferidas em campo.
No laudo acima, as coordenadas e cota do ponto de ensaio foram extraídas por
um equipamento de GPS (Global Positioning System). No entanto, como frisado nas
páginas de apresentação do relatório de sondagem, pode-se usar como definição do
ponto de execução do ensaio, referenciais no terreno para se extrair a localização.
Devido a esse método de definição, a forma de georreferenciamento será distinta para os
laudos que se apresentem dessa forma e a metodologia empregada será discutida no
tópico a seguir.

3.1.2 Georreferenciamento dos Ensaios de Sondagem

A realização de um georreferenciamento advém da associação do dado


investigado a um endereço no mapa, possibilitando uma análise espacial do aspecto
investigado. Durante esse processo de associação, há a necessidade de tomada de
decisões que vão desde a escolha de uma unidade de referência, solução de
inconsistências a complementação de endereços imprecisos (BARCELLOS et al, 2008).
Para a elaboração das cartas geotécnicas, padronizou-se, como unidade de
referência, o sistema de coordenadas UTM (Universal Transverse Mercator), o qual é
baseado no plano cartesiano e adota o metro como unidade de medida. Esse sistema foi
escolhido por ter sido usado em todos os laudos que indicam as coordenadas do serviço
de sondagem.
Naqueles laudos que apresentaram localização apenas por croqui e/ou endereço,
quando possível, as coordenadas foram obtidas através do programa Google Earth®,
também no sistema UTM, conforme ilustra a figura a seguir.
48

Figura 12 – Obtenção de coordenadas UTM por meio do Google Earth ®

Fonte: Google Earth Pro® (2017).

Como é possível notar, o uso do Google Earth® permitiu a aquisição de todos os


dados faltantes pertinentes a localização desse projeto, como coordenadas e
complementação de endereço em casos de inexatidão. Contudo, apesar da utilização do
software, apenas 1.470 laudos puderam ser transcritos devido aos escassos dados de
localização. Deste modo, o Google Earth® supriu as informações faltantes de
georreferenciamento e permitiu o registro no banco de dados criado possibilitando a
espacialização dos parâmetros escolhidos.

3.1.3 Estrutura do Banco de Dados

Além dos dados de georreferenciamento, foram extraídos dos laudos as


características geotécnicas do ensaio de sondagem relevantes a esse projeto. Ao todo
foram registradas três informações para compor o banco de dados: coordenadas,
profundidade do impenetrável e profundidade do nível da água.
49

A estruturação dos dados foi realizada no software EXCEL® a partir da


elaboração de uma planilha que proporcionasse organização, tratamento e análise das
informações para posterior processamento no ArcGIS®. A disposição dos dados
extraídos dos laudos seguiu a ordem apresentada no quadro a seguir, o qual exemplifica
o banco de dados criado.

Quadro 6 – Estrutura do banco de dados


ID_Sond Long_UTM Lat_UTM Prof NA
1 793080 8873364 8,33 2,17
2 792664 8870453 NE 7,45
3 789167 8877675 2,30 NE

874 789198 8872524 15,45 5,23


875 797296 8878594 12,45 NE
Fonte: Autoria própria.

A planilha foi criada conforme as diretrizes de Date (2003), onde a mesma


possui um foco principal de estudo, sondagem, e suas colunas e linhas representam,
respectivamente, os atributos e dados obtidos nos ensaios. Abaixo são descritos os
atributos e os termos usados para referenciá-los.
 ID_Sond: sequência numérica que identifica cada furo do conjunto;
 Long_UTM e Lat_UTM: coordenadas das sondagens em sistema UTM;
 Prof: profundidade do impenetrável obtido através da sondagem;
 NA: nível da água obtido através da sondagem;

O primeiro atributo “ID_Sond”, possui como dados uma sequência numérica a


fim de identificar cada registro de sondagem. A criação desse atributo facilitou a
correção de erros de digitação, análise de dados incorretos notados posteriormente e
organização dos boletins de sondagem, visto que, cada boletim analisado foi renomeado
com sua respectiva identificação da planilha.
Os atributos “Long_UTM” e “Lat_UTM”, como explicitados no tópico anterior,
nortearem o trabalho quanto ao seu georreferenciamento em relação ao posicionamento
relativo ao globo terrestre conforme sistema UTM.
A profundidade do impenetrável, referida pelo atributo “Prof”, foi registrada na
unidade metro e indica o valor exato exibido no relatório de sondagem. Nos boletins de
50

ensaios que não alcançaram o impenetrável por motivos técnicos ou a pedido do cliente,
atribui-se em suas linhas a nomenclatura “NE”, iniciais das palavras “não encontrado” e
foram anotados apenas as informações de georreferenciamento e nível da água, caso o
ensaio houvesse atingido o lençol freático. Caso contrário, os laudos que não
apresentaram profundidade do impenetrável e nível da água foram descartados nessa
etapa do trabalho.
Por fim, o atributo “NA”, localizado na última coluna, traz em suas linhas os
registros, em metros, de profundidade do nível da água extraídos dos laudos. Do mesmo
modo que na profundidade do impenetrável, para os ensaios que não atingiram o lençol
freático, atribui-se as iniciais “NE”.
A designação “NE” nos dois atributos supracitados serviu para diferenciar, no
processamento estatístico do programa ArcGIS®, aquelas que não possuíssem dados
significativos para o projeto. Por meio da opção classificação de campos, seja em ordem
crescente ou decrescente, as linhas que não apresentaram valores numéricos ficaram
localizadas no extremo da tabela por não seguirem a mesma classe que as demais,
permitindo dessa maneira, selecionar apenas as informações corretas a serem
interpoladas para concepção das cartas.
Com essa estrutura, o arquivo do banco de dados de sondagem foi concluído e
salvo em extensão tipo CSV (separado por vírgulas) (*.csv), o qual é aceito pelo
ArcGIS®. O próximo passo, após a inserção da planilha no programa, é a espacialização
das informações para concepção das cartas geotécnicas, a qual foi realizada totalmente
em ambiente SIG e será descrita no próximo capítulo.

3.2 ELABORAÇÃO DAS CARTAS GEOTÉCNICAS

A adequada espacialização e tratamento dos dados geotécnicos foi atingida nesse


trabalho em virtude da capacidade do ArcGIS® em compilar, gerir e analisar
informações geográficas. Dentre seus diversos recursos de investigação espacial, uma
extensão em particular do programa foi utilizada, a Geostatistical Analyst. Essa
extensão permitiu a modelagem dos eventos geoespaciais e previsão de dados na região
do Plano Diretor com significativa exatidão, além da avaliação de incertezas do modelo
51

escolhido e geração de áreas interpoladas por meio da ferramenta Empirical Bayesian


Kriging.
Contudo, tal precisão não adveio apenas do programa, como também da
estruturação do banco de dados e arquivos contendo polígonos que delimitassem o
Plano Diretor, quadras e avenidas, auxiliando dessa forma na incorporação de feições
geográficas atribuindo localização e forma ao espaço observado.

3.2.1 Base de Dados

A partir da determinação de extensão *.csv ao arquivo, a correta inserção do


banco de dados no software foi possibilitada pela definição do referencial geodésico
SIRGAS 2000, projeção Transversa de Mercator (UTM 22) e unidade de medida em
metros. Dessa forma, as informações georreferenciadas ao serem adicionadas se
adequaram as configurações do programa sem conflitos de referências.
O fluxograma exibido na figura abaixo, apresenta a sequência de etapas
utilizadas para a elaboração das cartas geotécnicas. As fases de Pontos de Amostragem
e Georreferenciamento e Validação das amostras, foram descritas no decorrer do item
3.1 desse trabalho, já os outros cinco procedimentos envolvidos no estudo serão
caracterizados a seguir.

Figura 13 – Fluxograma de elaboração de uma carta geotécnica.

Fonte: Autoria própria.


52

A etapa denominada SRTM se iniciou pelo acesso ao site2 do Serviço Geológico


dos Estados Unidos (USGS) para download de imagens divulgadas pela NASA o qual
disponibiliza, devido a sua Missão Topográfica Radar Shuttle (acrônimo em inglês
SRTM), o mapeamento altimétrico do solo. Dessa maneira, obteve-se imagens da área
que abrange o município de Palmas com resolução de 30 metros.
Posteriormente, na etapa intitulada Tratamento do MDE, por meio dos dados de
sondagem inseridos no programa e da nova feição de MDE produzida, extraiu-se os
valores de cota dos pontos presentes no banco de dados criando mais um campo na
tabela de atributos no ambiente do software com as informações de elevação do terreno.
A partir dos valores de elevação possibilitou-se realizar operações matemáticas
entre suas colunas para obtenção das cotas altimétricas de impenetrável e nível da água,
bem como a realização de interpolação entre seus valores altimétricos para elaboração
da carta de modelo digital de elevação do Plano Diretor da cidade. A sequência de
dados utilizados para formulação de cada uma das cartas está detalhada no tópico 3.2.3
de Espacialização de Dados.
As etapas, ArcGIS Geostatistical Analyst e Empirical Bayesian Kriging,
compreenderam a análise e seleção do método mais eficaz de interpolação que faz uso
da krigagem dentro do catálogo de ferramentas do software, como mostrado na figura
abaixo. Esse passo foi indispensável para definir a exatidão do procedimento, visto que
há métodos disponíveis que ajustam automaticamente os parâmetros do semivariograma
aos valores da amostra do banco de dados, e outros não. Outro critério de análise foi a
capacidade e agilidade do computador utilizado em processar o método escolhido.

Figura 14 – Métodos de interpolação do Geostatistical Analyst

Fonte: ArcGIS® (2017).

A penúltima etapa, denominada Modelo de Interpolado e Estatística Descritiva,


abrangeu o uso da ferramenta Empirical Bayesian Kriging no processamento dos pontos

2
https://www.usgs.gov/
53

de sondagem por meio do modelo de interpolação exponencial, bem como, após


realizada a interpolação, o acesso a análise efetuada pelo ArcGIS® da estatística
descritiva dos dados e do método utilizado.
Por fim, para conclusão da carta geotécnica, em sua última etapa realizou-se a
escolha da escala, definição do gradiente de cores, determinação do intervalo de classes
das amostras e criação de layout.

3.2.2 Análise e Operações com o Banco de Dados

O cruzamento das coordenadas horizontais com o MDE proporcionou a


obtenção de coordenadas verticais que amparassem estudos de cotas altimétricas na
região. A partir desses dados, e por meio da Calculadora de Campo do ArcGIS®,
iniciou-se a obtenção das cotas de profundidade do impenetrável e do nível da água,
mediante criação de novas colunas e operações matemáticas. O quadro 7 exibe a
estrutura da planilha após a realização de todas as operações e pronta para
processamento.

Quadro 7 – Estrutura do banco de dados com cotas altimétricas


ID_Sond Long_UTM Lat_UTM Cota_Boca Prof Cota_Prof NA Cota_NA
1 793080 8873364 257 8,33 248,67 2,17 254,83
2 792664 8870453 263 NE NE 7,45 255,55
3 789167 8877675 234 2,30 231,70 NE NE

874 789198 8872524 251 15,45 235,55 5,23 245,77


875 797296 8878594 268 12,45 255,55 NE NE
Fonte: Autoria própria.

Os novos atributos inseridos, “Cota_Boca”, “Cota_Prof” e “Cota_NA”,


representam, respectivamente, a cota altimétrica do terreno, a cota atingida pelo
impenetrável e pelo nível da água. E os dados presentes em suas linhas foram
alcançados mediante a subtração entre a cota do terreno, onde se iniciou o ensaio,
“Cota_Boca”, e as profundidades do impenetrável, “Prof”, e nível da água, “NA”.
54

3.2.3 Espacialização dos Dados

Com a estruturação de todos os atributos necessários, conforme descrito no


tópico anterior, viabilizou-se a elaboração das quatro cartas geotécnicas pretendidas e as
três auxiliares, a saber: Distribuição de Pontos de Nível da Água, Distribuição de Pontos
do Impenetrável e Modelo Digital de Terreno do Plano Diretor de Palmas/TO.
A figura 15 abaixo aponta os parâmetros a serem adicionados à ferramenta de
krigagem ordinária para execução da interpolação. Como é possível notar há dois itens
iniciais que definem o atributo que será estudado, Input features e Z value field. O
primeiro diz respeito ao banco de dados estruturado com todos as informações
pertinentes e o segundo, ao atributo que se pretende espacializar, podendo ser
“Cota_Boca”, “Prof”, “Cota_Prof”, “NA” ou “Cota_NA”, gerando respectivamente as
cartas de: Modelo Digital de Terreno, Profundidade do Impenetrável, Cota altimétrica
do Impenetrável, Profundidade do Nível da Água e Cota altimétrica do Nível da água. O
procedimento de espacialização de dados em cada carta será detalhado a seguir.

Figura 15 – Entrada de dados na ferramenta Empirical Bayesian Kriging

Fonte: ArcGIS® (2017).

Para as primeiras cartas auxiliares, Distribuição de Pontos de Sondagem quanto


ao NA e Impenetrável, após a inserção do banco de dados no programa e definição do
sistema de referência de coordenadas, pode-se visualizar a espacialização de todos os
pontos ensaiados. Contudo, objetivando a melhoria da perspectiva de localização dentro
55

do Plano Diretor, utilizou-se o arquivo proveniente do site GEOPALMAS que contém a


rede urbana viária da cidade para delimitar a área e finalizar a carta.
Na carta de Modelo Digital de Terreno, empregou-se o MDE produzido a partir
das imagens SRTM e foram sobrepostos os dados da carta de Distribuição de Pontos.
Dessa forma, extraiu-se os valores altimétricos dos pontos de sondagem e executou-se a
interpolação entre eles, gerando uma carta com informações de elevação de terreno ao
longo do Plano Diretor.
Como mencionado, os atributos “Cota_Prof” e “Cota_NA” foram obtidos
mediante a subtração entre a elevação de terreno dos pontos de sondagem (obtidos pelo
MDE) e os valores atingidos no ensaio de impenetrável e nível da água,
respectivamente. A partir dessas informações de altitude dos atributos estudados, as
cartas de Cota altimétrica do Impenetrável e do Nível da Água foram elaboradas através
da interpolação de seus relativos valores.
A espacialização de dados nas duas últimas cartas, Profundidade do
Impenetrável e do Nível da Água, procedeu-se de forma diferente das demais. Os
pontos advindos dos boletins e inseridos no software por meio do banco de dados,
foram interpolados sem nenhuma operação algébrica e delimitados pelo polígono do
Plano Diretor.

3.2.4 Tratamento Estatístico

A escolha do Empirical Bayesian Kriging como método de krigagem


fundamentou-se na existência de três parâmetros utilizados no decorrer do mecanismo
que não aparecem nos demais: possibilidade de determinação do tamanho do
subconjunto (subset size), fator de sobreposição dos dados (overlap fator) e número de
simulações do semivariograma (number of simulations). Os valores para cada parâmetro
são inseridos na seção Additional Model Parameters exibida na figura 15 e após a
execução do processo de interpolação, são apresentados no Geostatistical Wizard
conforme mostrado abaixo.
56

Figura 16 – Parâmetros escolhidos

Fonte: ArcGIS® (2017).

A manipulação desses três fatores diminuiu o erro padrão de predição do método


a partir da criação de subconjuntos, ou seja, foram criados grupos com quantidades
limitadas de dados a serem analisados, e para cada subconjunto, produziu-se diversos
semivariogramas que auxiliaram na definição da melhor tendência de valores (linha
sólida vermelha na imagem abaixo).

Figura 17 – Produção de semivariogramas

Fonte: ArcGIS® (2017).

Posteriormente a definição desses parâmetros e execução do método krigagem, o


ArcGIS®, por meio do Geostatistical Wizard, exibiu as análises estatísticas sobre os
dados inseridos e os valores preditos. Como mostrado na figura abaixo, foram
apresentados quatro gráficos com suas respectivas equações para averiguação do
desempenho do método escolhido em estimar os parâmetros geotécnicos do trabalho.
57

Figura 18 – Análise estatística do Geostatistical Wizard

Fonte: ArcGIS® (2017).

Além dos gráficos de predição, erro, erro padronizado e quantil-quantil,


informações sobre mínimo e máximo valor encontrado, soma, média, mediana, desvio
padrão e coeficiente de determinação também foram apresentados pela mesma
ferramenta do software, possibilitando a validação cruzada dos valores do banco de
dados.

3.2.5 Intervalo de Classes e Escala das Cartas

As decisões tomadas durante o processo de georreferenciamento, principalmente


na solução de inconsistências, e na escolha do interpolador e seu respectivo método
podem ter afetado na qualidade e disposição final da análise dos parâmetros observados
sobre cartas. Contudo, de acordo com a amplitude do intervalo de classes e escala
escolhidos têm-se um erro associado pequeno na representação gráfica versus real.
Após a interpolação, visando uma melhor visualização, classificou-se os valores
de profundidade e cota em amplitudes que melhor representassem os parâmetros de
estudo. A opção pela amplitude levou em consideração as frequências dos dados obtidos
nos laudos de sondagem e seu histograma. Abaixo, nas figuras 19 e 20, são
apresentados os histogramas da profundidade impenetrável com amplitude igual a um e
três metros, respectivamente.
58

Figura 19 – Histograma da Profundidade do Impenetrável com amplitude igual a uma


unidade

Fonte: Autoria própria.

Figura 20 – Histograma da Profundidade do Impenetrável com amplitude igual a três


unidades

Fonte: Autoria própria.

Ao aumentar a amplitude do histograma original notou-se uma considerável


redução de classes, e com isso, uma menor quantidade de cores para indicar as
profundidades presentes em todo Plano Diretor de Palmas. Essa redução proporcionou,
além da diminuição do erro associado ao método, uma uniformização e uma carta mais
intuitiva ao ser lida.
Outra definição importante é acerca da escala de trabalho, visto que a proporção
entre a área real e sua representação na carta irão determinar a qualidade do
detalhamento e consequentemente, a análise sobre parâmetros geotécnicos.
Para essa determinação utilizou-se os dados de área, quantidade de sondagens e
resolução espacial e comparou-os aos estudos de Borges, Souza e Silva Junior (2015) e
Zuquette e Gandolfi (2004 apud THIESEN, 2016), evidenciados no referencial deste
trabalho.
59

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O presente capítulo tem por objetivo apresentar as quatro cartas elaboradas


(Profundidade do Impenetrável, Cota Altimétrica do Impenetrável, Profundidade do
Nível da Água e Cota altimétrica do Nível da Água), bem como as cartas auxiliares de
distribuição dos pontos de sondagem SPT investigados no Plano Diretor de Palmas e
Modelo Digital de Elevação utilizado. Além disso, também estão detalhadas as análises
estatísticas de cada uma das cartas e comparação com outras literaturas.

4.1 LOCALIZAÇÃO E ANÁLISE DOS ENSAIOS DE SONDAGEM

O levantamento, avaliação e classificação dos laudos de sondagem viabilizou o


georreferenciamento de pontos e produção das cartas. Através dessa estruturação e
processamento no ArcGIS® possibilitou-se visualizar a localização dos ensaios,
configuração da dispersão de pontos, bem como a área abrangida pelos mesmos.
A partir da inserção do banco de dados, imagens SRTM e polígono delimitador
do Plano Diretor, o software propiciou visualizar a distribuição espacial dos pontos,
como exibidos nas cartas de Pontos dos Pontos do Impenetrável e do Nível da Água,
apresentadas nas figuras 21 e 22, como também permitiu obter dados de área, em metros
quadrados, da região.
A partir da observação do arranjo dos ensaios verificou-se distintas
concentrações de dados para cada atributo. No Impenetrável, houveram maiores
ocorrências na região norte do Plano Diretor de Palmas. Essa concentração advém da
implantação de empreendimentos mais novos e de maior porte na cidade, localizados
principalmente ao longo das duas principais avenidas que se interceptam, Av. Juscelino
Kubitschek e Av. Teotônio Segurado, situadas respectivamente nas direções leste-oeste
e norte-sul. Essa analogia é válida visto que durante a classificação dos laudos, os
mesmos correspondiam consideravelmente a construções como edifícios residenciais,
comerciais e hospitais.
60

Na carta do Impenetrável, a porção ao sul do Plano Diretor, localizada após a


latitude 8864000, separada geograficamente da porção norte pelo Ribeirão Taquaruçu
Grande, possui uma quantidade de dados consideravelmente menor. Essa situação é
resultado da construção predominante de residências térreas unifamiliares na região,
visto que para esse tipo de empreendimento o incentivo a pesquisa geológica é baixa e
frequentemente não exigido por órgão competente.
Em virtude dessa baixa densidade de ensaios, optou-se por não interpolar a
região ao sul do Plano Diretor, uma vez que a discrepância de furos/km² impactaria em
uma redução localizada na qualidade da carta produzida. Contudo, para realização da
interpolação no estudo do impenetrável, os pontos externos a porção do Plano Diretor
delimitado pelos Ribeirões Taquaruçu Grande (ao sul) e Córrego Água Fria (ao norte)
foram utilizados visando contribuir com o estudo.
Na carta de distribuição de pontos do Nível da água, contrariamente ao
apresentado na carta do Impenetrável, não houveram dados para a região ao sul da
cidade. Essa diferença advém do fato de que a sondagem realizada não alcançou o
lençol freático local, e também se constatou que a profundidade do impenetrável
predominante nessa região está situada entre 3 e 6 metros, valor considerado baixo visto
que a predominância na profundidade do lençol freático está entre 6 a 10 metros. Essas
circunstâncias, aliadas a baixa amostragem, resultou em uma área sem informações que
contribuam para o trabalho.
Já na porção norte do Plano Diretor, localizado ao norte do Ribeirão Taquaruçu
Grande, o número de dados apresentados foi substancialmente menor que no estudo do
impenetrável. Todavia, os ensaios estão concentrados de forma homogênea,
excetuando-se pela Orla 14 e pelas quadras 105 e 107 N, localizadas ao oeste da cidade
próximas a latitude 8872000. Nesses locais foram construídos nos últimos anos muitos
edifícios residenciais e o Shopping Capim Dourado, o qual está localizado próximo ao
Córrego Brejo Comprido, justificando a quantidade e densidade de informações.
Outra constatação permitida pelo ArcGIS® é acerca da área investigada no Plano
Diretor. Os valores de área apresentados no quadro abaixo dizem respeito as porções
que sofrerem interpolação, essa diferença para a área total, como será explicado adiante,
foi feita visando diminuir predições errôneas em zonas que não apresentaram dados.
Dessa maneira, obteve-se a quantidade de furos/km² e resolução espacial.
61

Quadro 8 – Análise de pontos no Plano Diretor


Quantidade de Resolução
Estudo Área (m²) furos/km²
Pontos Espacial (m)
Impenetrável 1470 17,42 239
80.913.389,41
Nível da Água 334 4,13 492
Fonte: Autoria própria.

O valor de área acima é porção compreendida entre o Ribeirão Água Fria


(Norte), Ribeirão Taquaruçu Grande (ao sul), Rodovia TO-010 (ao leste) e pelo Rio
Tocantins (ao oeste). De acordo com o quadro 2 de Thiesen (2016), o estudo que mais
se aproxima dos valores encontrados para o estudo do impenetrável é o de Soares
(2011) e para o nível da água o de Fonteles (2014).
Apesar do valor 17,42 furos/km² estar entre a média das investigações mais
extensivas, é notório a discrepância de quantidade de ensaios entre os dois estudos.
Dessa forma, aconselha-se a estudos futuros catalogar o nível da água em mais áreas do
Plano Diretor, visando atingir ou até mesmo superar o grau de detalhamento da carta de
profundidade do impenetrável. Os mapas a seguir exibem a distribuição de pontos tanto
para o nível da água quanto para o impenetrável.
62

Figura 21 – Distribuição dos pontos do Impenetrável


63

Figura 22 – Distribuição dos pontos de Nível da Água


64

4.2 MODELO DIGITAL DE TERRENO DO PLANO DIRETOR

As informações de elevação de terreno nos pontos ensaios ao longo do Plano


Diretor da cidade de Palmas foram obtidas a partir das imagens SRTM e das
coordenadas dos ensaios de sondagem. A interpolação realizada entre esses valores
pontuais abrangeu resultados para toda área de estudo conforme apresentado na carta a
seguir.
As cotas altimétricas obtidas variaram entre 213 a 311 metros, e foram
classificadas em sete classes com amplitude de 14 metros cada. O aumento da altitude
acompanhou, predominantemente, a direção oeste-leste, ou seja, Rio Tocantins-Serra do
Carmo e apresentou gradiente acentuado na região do Parque Cesamar, área onde passa
o Córrego Brejo Comprido.
A área analisada da cidade de Palmas possui variação máxima de 98 metros de
altitude, e com o intuito de averiguar sua declividade foram obtidos dados de
comprimento e elevação ao longo da avenida que apresenta mais variação altimétrica, a
Av. Juscelino Kubitschek, localizada próximo a latitude 8872000. A extensão da
avenida foi estudada em duas partes: início da ponte Fernando Henrique Cardoso até o
Palácio do Araguaia, e do Palácio ao fim da Av. JK no encontro com a TO-010.
Os trechos apresentaram comprimentos praticamente equivalentes, contudo, as
amplitudes de elevação foram de 50 metros para o primeiro e 83 metros para o segundo
trecho, implicando dessa forma, em uma declividade de 1,46% e 2,25%. Esses valores
de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (1979), estão na classe
de relevo plano, conforme exposto no quadro abaixo.

Quadro 9 – Classificações de relevo de acordo com sua declividade


Classes de Relevo Declividade (%) Classes de Relevo Declividade (%)
Plano 0–3 Forte Ondulado 20 – 45
Suave Ondulado 3–8 Montanhoso 45 – 75
Ondulado 8 – 20 Escarpado > 75
Fote: EMPBRAPA (1979).

Esse cenário de planície contribui para o planejamento de construções,


diminuindo custos com aterros. Contudo, devido as baixas variações altimétricas, obras
como as de drenagem e esgotamento sanitário demandam mais investimentos em
virtude do baixo escoamento de água e resíduos, bem como ao acúmulo de sedimentos.
65

Figura 23 – Modelo Digital de Terreno do Plano Diretor de Palmas/TO


66

4.3 ESCALA DAS CARTAS

O mapa de pontos de sondagem SPT exibido anteriormente localiza todos os


1470 registros do banco de dados. Contudo, para os dois parâmetros em análise,
profundidade do impenetrável e nível da água, houve variação quanto a quantidade de
pontos que cada parâmetro apresentou. Ao todo registraram-se 334 ensaios com nível da
água e 1470 com profundidade do impenetrável, dessa forma os índices de furos/km² e
resolução espacial diferem-se no estudo de cada carta, como analisado no tópico 4.1.
Para fundamentar a escolha da escala utilizou-se os índices supracitados aliados
aos estudos de Zuquette e Gandolfi (2004 apud THIESEN, 2016) apresentado no quadro
1 e o de Borges, Souza e Silva Junior (2015) exibido na figura 3. Devido a distribuição
de pontos de sondagem se apresentar de forma bastante heterogênea entre os dois
atributos analisados, o quadro abaixo foi construído visando auxiliar na tomada de
decisão.

Quadro 10 – Escalas apontadas segundo parâmetros espaciais.


De acordo com o Quadro 1 De acordo com a Figura 3
Carta Resolução Área de influência da
Furos/km²
Espacial (m) investigação
Profundidade do Impenetrável 1:5.000 1:5.000 1:3.000 a 1:40.000
Nível da Água 1:25.000 1:25.000 1:9.000 a 1:100.000
Fonte: Autoria própria.

Como constatado, a seleção da escala segundo o quadro 1 dentro dos parâmetros


furos/km² e resolução espacial apresentou valores idênticos para cada carta estudada,
indicando grandezas entre 1:25.000 a 1:5.000. Todavia, as escalas determinadas por
meio das áreas de influência da investigação, segundo a relação da figura 3, variaram de
1:100.000 a 1:3.000, escalas essas que possuem finalidades desde exibir detalhes até a
apresentação básica de um elemento com pouca precisão.
Devido a essa divergência de resultados, bem como a distribuição pouco
homogênea de pontos, quando não inexistentes, como no caso do nível da água entre as
quadras 900 a 1400 sul de finais 04, 06 e 08; decidiu-se por uma escala com resolução
um pouco menor do que a máxima apontada pelo quadro 1, 1:50.000, para as duas
cartas visando uma homogeneização de visualização no estudo.
67

Vale ressaltar que os estudos utilizados como apoio a escolha da escala preveem
uniformidade de distribuição dos pontos em toda a área, bem como sua equidistância,
fato que não ocorre nos laudos adquiridos conforme exibido anteriormente nos mapas
21 e 22.
Portanto, apesar da densidade furos/km² se apresentar alta, como no caso do
impenetrável, este valor não condiz para todas as quadras a realidade de concentração,
não podendo dessa maneira, eleger a escala de trabalho baseada unicamente em uma
referência isolada. Essa averiguação adicional da representatividade espacial demonstra-
se válida, uma vez que essa variação de quantidade de dados de região para região não
aparece de maneira análoga em outros trabalhos analisados nesse estudo.

4.4 CARTA DE PROFUNDIDADE DO IMPENETRÁVEL

A carta de profundidade do impenetrável a sondagem a percussão foi produzida


a partir de 1.470 laudos de sondagem e gerou uma superfície que apresenta uma
amplitude de valores entre 0 a 18 metros, como evidencia a carta da figura 24.
Os valores da superfície do impenetrável obtida por meio da subtração entre as
superfícies de MDE e cota altimétrica do impenetrável foram categorizados em 6
classes de valores com amplitudes de 3 metros cada. Predominantemente, como exibido
na carta, o Plano Diretor apresenta áreas com profundidades entre 6 e 12 metros,
localizadas ao longo de cidade, excetuando-se por pontos isolados que evidenciam
valores menores e também pela zona compreendida entre as latitudes 8864000 e
8872000 e longitudes 788000 e 792000 que indica extensas porções com profundidades
entre 12 a 15 metros.
Devido a essa constatação, conclui-se que para a construção de obras de grande
porte, ou seja, com alta carga estrutural, as fundações utilizadas serão do tipo profundas
em virtude das resistências do solo se apresentarem maiores em cotas mais baixas.
Para a região da Orla, Alphaville e quadras 200, 300, 400, 500 e 600 sul de
finais 5, 7 e 9, bem como as quadras 900, 1000 e 1100 sul e norte de finais 1 ao 7, por
indicarem impenetrável mais profundo necessitam de fundações indiretas mais robustas
68

que as demais. O mesmo fato se repete nas quadras 306 e 308 sul, próximas ao Parque
Cesamar, 107 e 108 norte.
As quadras próximas a Praça dos Girassóis, 102 e 104 norte e 104 sul, a da
região do Terminal Rodoviário de Palmas 1212 sul e a quadra 606 sul são caracterizadas
por indicarem, segundo os pontos de sondagem adquiridos, profundidades de
impenetrável mais rasas, entre 3 e 6 metros. Nesses locais, além de receberem
fundações indiretas com comprimento menor que as demais, também apresentam um
solo difícil de se executar escavação. Essa resistência a perfuração no solo a poucos
metros abaixo da cota do terreno, implica em utilização de maior tempo e recurso para
efetivar essa etapa da obra.
As maiores profundidades do impenetrável, entre 15 e 18 metros, apresentaram
poucos dados e concentrados em apenas na quadra 803 sul. Já as menores
profundidades, entre 0 e 3 metros, apesar de designadas na legenda com a cor vermelha,
não apresentaram quantidade de informações significativas para formarem regiões
notáveis na carta.
Há três regiões na carta de profundidade do impenetrável, e nas demais cartas
subsequentes, que não apresentaram dados, a saber: 602 e 604 norte, na parte
setentrional do Plano Diretor, porção sudeste ao sul da latitude 8864000 e porção
sudoeste entre a coordenadas longitudinais 788000 e 792000 e ao sul da latitude
8868000. Por essa razão, esses trechos não foram interpolados devido a informação
errônea que apresentariam caso o processo fosse executado com o valor vizinho as áreas
citadas.
69

Figura 24 – Carta de Profundidade do Impenetrável em Palmas/TO


70

4.4.1 Análise Estatística da Profundidade Impenetrável

O software ArcGIS® após a realização da krigagem, por meio do Geostatistical


Wizard, apresentou parâmetros e gráficos sobre os dados e o procedimento estatístico
efetuado na área em análise. Abaixo estão expostos os valores de profundidade mínima
e máxima, média, mediana, desvio padrão e coeficiente de determinação (R²), bem
como os gráficos e suas equações de predição e quantil-quantil gerados pelo programa
de SIG.

Quadro 11 – Parâmetros estatísticos da profundidade impenetrável


Parâmetros Valores
Profundidade mínima 0,10 m
Profundidade máxima 20,45 m
Média 9,092336 m
Mediana 9,045000 m
Desvio Padrão 3,611841 m
R² 0,9811
Fonte: ArcGIS® (2017).

O parâmetro R², de acordo Robertson (1998) apud Miranda, Filho e Lastoria


(2015), “indica quantos dos pontos do semivariograma experimental encontram-se na
curva do modelo teórico” apontando, dessa forma, o grau de ajustamento do modelo e o
seu desempenho em explicar os dados observados. Para o estudo da profundidade do
impenetrável o modelo exponencial escolhido se ajustou em 98,11% aos valores da
amostra do banco de dados.
O gráfico de predição, citado anteriormente como produto da análise do
software, é apresentado na figura a seguir e indica uma relação entre os valores
inseridos do banco de dados (reta cinza) e os valores preditos a partir da interpolação
escolhida (reta azul). A expectativa é que a reta da previsão coincida com a dos dados
verdadeiros, todavia, a krigagem possui a propriedade de minimizar os elementos que se
apresentem com valores muito grandes ou muito pequenos, adequando-os aos demais e
ajustando os pontos dispersos em uma reta com a equação que é exibida logo após o
gráfico.
71

Figura 25 – Gráfico de Predição (Prediction Plot) da profundidade impenetrável

Função de regressão: 0,708105590350348 * x + 2,81308837333944


Fonte: ArcGIS® (2017).

No trecho da reta azul onde há maior quantidade de pontos pode-se depreender


que o ajuste foi satisfatório, contudo, antes e depois desse trecho, há o afastamento das
retas e redução do número dos dados, esse fato implica em pouca correlação para esses
valores. Entretanto, como a maior parte dos dados estão localizados no primeiro trecho
(boa correlação), conclui-se que a estimativa por krigagem ordinária é satisfatória e
apropriada para o estudo em questão.
A última análise estatística apresentada pelo Geostatistical Wizard, ferramenta
do software, é o gráfico quantil-quantil. Este gráfico é a dispersão entre a diferença dos
quantis inseridos e preditos contra o quantil de uma distribuição normal. Se os dados se
disporem ao longo da reta cinza, como no gráfico abaixo, isso significa que os valores
previstos pela krigagem são normalmente distribuídos, e desse modo, é confiável o uso
de métodos que decorram da normalidade, como por exemplo a krigagem simples.

Figura 26 – Gráfico Quantil-Quantil (Normal QQ Plot) da profundidade impenetrável

Fonte: ArcGIS® (2017).

Portanto, os parâmetros estimados pelo método de krigagem exponencial


geraram uma carta com dados estatisticamente válidos para serem utilizados na
orientação inicial de planejamento de obras civis na capital.
72

4.5 CARTA DA COTA ALTIMÉTRICA DO IMPENETRÁVEL

A partir dos dados de profundidade do impenetrável e elevação do terreno, a


carta de cota altimétrica do impenetrável a sondagem a percussão, apresentada na figura
27, foi elaborada visando situar este parâmetro em relação a topografia da cidade.
Mediante o gradiente de cores da carta, os valores de cota variaram de 190 a 290
metros em intervalos de classes com amplitude de 10 metros. O avanço das cotas
impenetráveis ao longo do Plano Diretor acompanhou a mesma configuração de
elevação do terreno apresentada na carta 23, ou seja, na direção Rio Tocantins (oeste) a
Serra do Carmo (leste).
Diferentemente das zonas de valores criadas pela interpolação na carta 24, a
superfície da cota altimétrica de profundidade do impenetrável exibe faixas contínuas
longitudinalmente e progressivas de valores na direção oeste-leste, indicando uma
camada de solo de mesma resistência que acompanha a elevação do terreno.
Nessa carta é possível notar contornos mais acentuados em comparação a carta
de profundidade do mesmo atributo, esse fato advém da maior quantidade de classes
escolhidas e bem como suas variações mais abruptas que as de profundidade.
73

Figura 27 – Carta de Cota Altimétrica do Impenetrável em Palmas/TO


74

4.5.1 Análise Estatística da Cota da Profundidade Impenetrável

Visto que os dados de cota altimétrica foram extraídos de um MDE, ou seja, são
valores de qualidade satisfatória e com pouca discrepância entre si, a divergência entre
os valores inseridos e os preditos foram ínfimas a ponto de gerar uma reta de predição
que se sobrepôs à reta dos valores inseridos, como é possível notar no gráfico abaixo e
na sua função de regressão.

Figura 28 – Gráfico de Predição (Prediction Plot) da cota do impenetrável

Função de regressão: 0,988348790856004 * x + 2,82029514300137


Fonte: ArcGIS® (2017).

O mínimo afastamento entre as retas de valores reais e preditos no Gráfico de


Predição, bem como a pouca dispersão dos dados no Gráfico Quantil-Quantil (figura
29) posicionadas semelhantemente a reta de distribuição normal, inferem em uma ótima
correlação entre as amostras inseridas e preditas e no bom desempenho do modelo de
interpolação escolhido em prever valores.

Figura 29 – Gráfico Quantil-Quantil (Normal QQ Plot)) da cota do impenetrável

Fonte: ArcGIS® (2017).

Outro parâmetro que contribui para essa avaliação do método é o valor de


0,9630 para o R² no estudo da cota da profundidade do impenetrável.
75

4.6 CARTA DA PROFUNDIDADE DO NÍVEL DA ÁGUA

A elaboração da carta de profundidade do nível da água levou em consideração


os valores do banco de dados extraídos dos laudos de sondagem e as informações da
hidrografia que permeia a cidade. Esse acréscimo de dados foi realizado devido a
estudos, como o de Thiesen (2016), compararem regiões modeladas com e sem os
valores hidrográficos, e apontarem melhoria qualitativa na superfície do lençol freático
gerado com essa adição.
Na carta exibida na Figura 30 é possível notar que nas proximidades dos
ribeirões e córregos que permeiam a capital, a profundidade do NA reduziu
consideravelmente. Esse fato era esperado, visto que novos pontos foram adicionados
no decorrer da hidrografia com valores de entrada iguais a zero, em virtude do nível da
água estar na superfície, concentrando assim, informações nesses trechos.
Após a interpolação, detectaram-se profundidades entre 0 a 10 metros, as quais
foram divididas em cinco intervalos de classes com amplitude de 2 metros cada. A
profundidade predominante do NA para o Plano Diretor está concentrada nos dois
últimos intervalos, 6 e 10 metros. Esses valores estão presentes em três consideráveis
porções da cidade, sendo que para o último intervalo de valores as áreas estão situadas,
substancialmente, entre as quadras 100, 200 e 300 sul de finais 4, 6, 8, 10 e 12 (na
porção leste da cidade em torno da latitude 8872000), 500, 600 e 700 sul, de finais 5, 7
e 9 (entre as latitudes 8868000 e 8872000 próximas do lago de Palmas) e em torno da
Avenida Teotônio Segurado entre as quadras 1300 e 1500 sul de finais 2 e 4, 1400 sul
de finais 2, 4 e 6, 1100 e 1200 sul de finais 1 e 2.
Para execução de fundação nessas áreas que apresentam valores superiores a 6
metros, caso a resistência permita, para construções de pequeno porte, como residências
unifamiliares, pode-se executar fundações diretas sem a preocupação com o nível do
lençol freático. Contudo, para obras de maior porte, deve-se atentar a presença da água,
quanto ao tipo de fundação indireta escolhida e seus desprendimentos de recursos.
Para as zonas que apresentam profundidades entre 0 e 4 metros, situadas
principalmente em torno de rios, córregos e ribeirões, nas quadras 900, 1000 e 1100 sul,
de finais 3, 5 e 7 e no norte da cidade, na porção oeste acima do Córrego Sussuapara,
deve-se atentar a execução de fundações diretas e a escavações para construção de
76

garagens subterrâneas, posto que dependendo da profundidade e variação do NA com a


sazonalidade das chuvas, necessita-se realizar o rebaixamento do lençol freático no
local.
Quanto a distribuição de ensaios que apresentaram NA ao longo do Plano
Diretor, como assinalado no item 4.1, há uma densidade maior de pontos na região da
Orla 14 e nas quadras 105 e 107 N, as quais se situam próximo ao Córrego Brejo
Comprido. E por meio da carta, é perceptível que nessas regiões próximas ao Córrego
há um gradiente de profundidade mais acentuado, porém com contornos suaves, o qual
é consequência do número de pontos ali presentes. O mesmo não ocorre entre a quadra
306 sul e o Parque Cesamar, que varia em 10 metros a profundidade do lençol freático
em uma distância relativamente curta. Nesse último caso, a presença de apenas dois
ensaios impactaram consideravelmente a mudança de valores para o local.
Contudo, deve-se salientar que os resultados apontados na carta da figura 30 não
levaram em consideração a sazonalidade pluviométrica, circunstância que pode implicar
em divergência de valores para pontos próximas e consequentemente bruscas mudanças
de valores de profundidade.
77

Figura 30 – Carta da Profundidade do Nível da Água em Palmas/TO


78

4.6.1 Análise Estatística da Profundidade do Nível da Água

Com a inserção dos dados de nível da água no software de SIG, os parâmetros


estatísticos evidenciados no quadro 12 foram obtidos. O alto desvio padrão encontrado,
assim como na carta de impenetrável, é justificado por se tratar de uma amostra que não
segue necessariamente um padrão, visto se tratar de uma variável que decorre de
inúmeros fatores naturais ainda não definidos por estudos.

Quadro 12 – Parâmetros estatísticos da profundidade do nível da água


Parâmetros Valores Parâmetros Valores
Profundidade mínima 0,15 m Mediana 6,100000 m
Profundidade máxima 13,20 m Desvio Padrão 3,025421 m
Média 6,145031 m R² 0,8747
Fonte: ArcGIS® (2017).

O valor do R², apesar de apresentar valor inferior ao obtido na análise dos dados
do impenetrável, ainda é considerado satisfatório visto que o grau de ajustamento do
modelo escolhido é de 87,47%. Verifica-se aqui que a não consideração da sazonalidade
pluviométrica tornou as informações do NA mais complexas de serem ajustadas ao
modelo exponencial de krigagem ordinária escolhido, porém, de todo modo, constata-se
sua adequabilidade a esse estudo.
O gráfico de Predição abaixo evidencia que os dados preditos gerados a partir da
interpolação estão muito mais próximos dos valores reais, em comparação com o
mesmo gráfico da carta de profundidade do impenetrável. Essa convergência de
resultados ressalta que a correlação entre dados inseridos e preditos, para a carta de NA,
foi maior devido ao baixo afastamento entre retas.

Figura 31 – Gráfico de Predição (Prediction Plot) da profundidade do nível da água

Função de regressão: 0,853786942532981 * x + 0,765379445575189


Fonte: ArcGIS® (2017).
79

A dispersão entre os quantis de distribuição normal e de diferença entre os


valores preditos e valores inseridos, apresentados no gráfico abaixo, ao se alinharem em
torno da reta cinza, reforçam a confiabilidade no uso do método de krigagem para
elaboração da carta de profundidade do nível da água.

Figura 32 – Gráfico Quantil-Quantil (Normal QQ Plot) da profundidade do nível da água

Fonte: ArcGIS® (2017).

4.7 CARTA DA COTA ALTIMÉTRICA DO NÍVEL DA ÁGUA

Finalmente, baseado na carta de profundidade do nível da água e nos dados de


elevação da região obtidos pelo tratamento do MDE, a carta da figura 33 foi elaborada,
apresentando as cotas altimétricas do lençol freático do Plano Diretor de Palmas/TO.
Após a interpolação foram constatados valores que variaram de 210 a 300
metros de altitude, seguindo a direção oeste a leste, como ocorreu na carta de cota
altimétrica do impenetrável. Ao todo, os dados foram divididos em intervalos de nove
classes com amplitude de 10 metros cada, criando um gradiente de cores que
proporcionou a análise do fluxo do lençol freático que tende a fluir de regiões mais
altas, localizadas entre as latitudes 792000 e 796000, para os cursos de rios,
simbolizados pela coloração azul escuro.
Na área do Parque Cesamar, situado entre as quadras 306 e 504 sul, há uma
transição abrupta de cores em uma curta extensão, o que infere em um maior gradiente
hidráulico. Essa variação não é verificada do mesmo modo no oeste da cidade, na área
próxima ao Rio Tocantins, devido principalmente a regularidade do nível da água
provocado pela UHE Luís Eduardo Magalhães que opera ao norte da capital.
80

Figura 33 – Carta de Cota Altimétrica do Nível da Água em Palmas/TO


81

4.7.1 Análise Estatística da Cota do Nível da Água

As análises estatísticas geradas pelo programa ArcGIS® acerca da interpolação


da cota altimétrica do nível da água, produziram gráficos semelhantes aos exibidos no
item 4.4.1 sobre análise da cota do impenetrável. Essa similitude advém do uso de
dados extraídos do MDE, as quais possuem valores pouco divergentes e produzem uma
reta com função de regressão muito próxima da reta de valores medidos, como é
observado no Gráfico de Predição. Esse mínimo afastamento traduz-se em uma ótima
correlação entre os dois tipos de dados, inseridos e previstos.

Figura 34 – Gráfico de Predição (Prediction Plot) da cota do nível da água

Função de regressão: 0,98323753707755 * x + 4,12815332590156


Fonte: ArcGIS® (2017).

A configuração dos pontos no Gráfico Quantil-Quantil, exibido abaixo, se


apresentou distribuída próxima a reta cinza, assim como esperado, tendo por base o
mesmo gráfico do estudo da cota do impenetrável. Essas últimas duas análises
contribuíram para verificar o bom desempenho do método em estimar valores e
corroborar para a aplicabilidade das cartas.

Figura 35 – Gráfico Quantil-Quantil (Normal QQ Plot) da cota do nível da água

Fonte: ArcGIS® (2017).


82

O parâmetro de coeficiente de determinação, R², assim como o obtido no estudo


da profundidade do lençol freático, foi menor que os apresentados no análise do
impenetrável, indicando um grau de ajustamento de 88,41% ao modelo escolhido.
Contudo, assim como mencionado no tópico anterior de análise, esse valor é
considerado aceitável visto as desconsiderações feitas acerca do período seco e chuvoso
na cidade.

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS

Visto que o conhecimento do meio físico é o suporte para a instalação de todo


tipo de ocupação, constatou-se a necessidade de prover engenheiros e gestores com
dados que contribuam na redução de imprevistos no planejamento e construção de obras
na capital do Tocantins. Deste modo, foram reunidos, analisados e classificados laudos
de sondagem cedidos pela empresa Técnica Engenharia e identificados os dados
geotécnicos com qualidade suficiente para legitimar a aplicabilidade das quatro cartas
elaboradas.
Outro elemento viabilizador à produção das cartas foi a capacidade do software
ArcGIS® em processar informações e gerar superfícies refinadas a partir da ferramenta
de interpolação Empirical Bayesian Kriging. Contudo, apesar da boa capacidade de
processamento e grande quantidade de dados adequados, por se tratar de uma cidade
com apenas 28 anos de existência, o mapeamento foi inviabilizado em três regiões de
Palmas devido à pouca ou inexistente quantidade de pontos ensaiados nesses locais.
A região mais afetada foi o Plano Diretor Sul da capital, situada ao sul do
Ribeirão Taquaruçu Grande e não exibida nas cartas apresentadas. Essa porção da
cidade apesar de representar cerca de 30% em área do Plano Diretor, continha apenas
4% do total de sondagens adquiridas e tais pontos estavam concentrados em apenas um
trecho da região. Esse fato advém da ocupação local ocorrer em obras de pequeno porte
(predominante residências térreas unifamiliares) e, consequentemente, haver poucas
pesquisas geológicas para esse tipo de construção. Outro fator relevante, que justifica a
não interpolação da área, é a presença de extensivas áreas de Unidade de Conservação
(UC), a saber: UC Taquari, Santa Bárbara, Machado e Santa Fé 2ª Etapa; o que implica
83

em áreas sem construções e logo, sem dados. À vista disso, optou-se pela não análise
dessa porção, em virtude da sua densidade, 1,62 furos/km², não representar uma
distribuição homogênea de dados e tal fato impactaria pontualmente na redução da
qualidade das cartas em comparação a região ao norte que exibiu 17,42 furos/km².
As outras duas regiões que não apresentaram viabilidade de análise nesse estudo
são as localizadas a sudoeste e sudeste do Plano Diretor, próximas do Ribeirão
Taquaruçu Grande. A porção sudoeste localizada entre as coordenadas longitudinais
788000 e 792000 e abaixo da latitude 8868000 até seu encontro com o Ribeirão, não
apresentou dados, e consequentemente, não se realizou a interpolação. Essa
circunstância advém da pouca ou nenhuma ocupação demográfica e também devido a
área não ser um loteamento aprovado para Plano Diretor da cidade (SEMDUS –
DIVISÃO DE GEORREFERENCIAMENTO, 2015).
A porção sudeste, assim como a sudoeste, não possui resultados nas cartas
elaboradas por não apresentar informações de sondagem. Contudo, a região localizada
entre as longitudes 788000 e 796000 e abaixo da latitude 886800, está classificada no
planejamento ocupacional da cidade como uma UC (SEMDUS – DIVISÃO DE
GEORREFERENCIAMENTO, 2015), justificando, portanto, a inexistência de dados e
sua exclusão nesse estudo.
A concentração de dados nessas regiões advém do modo de ocupação
demográfica ao longo da existência da cidade, a qual abrangeu primeiramente as regiões
centrais próximas a Av. Juscelino Kubitschek, e posteriormente as demais em torno da
Avenida. À vista disso, orienta-se a estudos futuros investigar as características
geotécnicas de ambas regiões proporcionando deste modo um completo conhecimento
sobre os parâmetros de impenetrável a sondagem à percussão e nível da água.
Nas demais áreas investigadas obteve-se um bom desempenho do interpolador
tanto nas cartas de profundidade e cota do impenetrável quanto nas de NA, devido a
quantidade de dados disponibilizados. Por meio desse procedimento algumas
informações puderam ser extraídas:
 A carta de profundidade do impenetrável utilizou 1470 pontos de sondagem e
predominantemente notou-se a variação entre 6 e 12 metros;
 Para a carta de profundidade do nível da água manipulou-se dados de 334
ensaios, sem distinção de sazonalidade da precipitação pluviométrica, e obteve-
se como profundidade majoritária valores entre 6 a 10 metros;
84

 A carta de cota altimétrica da profundidade do impenetrável acompanhou o


relevo da região, elevando gradativamente seus valores no sentido Rio Tocantins
a Serra do Carmo localizada a leste da cidade;
 As informações contidas na carta de cota altimétrica do nível da água condizem
com a hidrografia e relevo da região, conduzindo as águas para o Rio Tocantins
situado no lado oeste de Palmas;
Em razão das informações detectadas corresponderem aos parâmetros naturais
investigados, como relevo e hidrografia, e apresentarem estatísticas que respaldam o uso
do método e do banco de dados, verifica-se a aplicabilidade das cartas no auxílio a
tomada de decisões quanto ao planejamento de obras civis, não substituindo, porém, a
necessidade de investigação local.
Apesar da aplicação dos produtos cartográficos, em vista as limitações do
estudo, aconselha-se também que mais ensaios de sondagem e demais estudos
geotécnicos sejam realizados ao longo de todo Plano Diretor de forma a aprimorar ou
suprir as seguintes questões:
 Melhoramento da escala de trabalho utilizada por meio da realização de
sondagens nas áreas afetadas qualitativamente (regiões sul e sudoeste);
 Consideração da sazonalidade de precipitação pluviométrica para os estudos do
lençol freático a partir da adição de novos ensaios;
 Modelagem do terreno em três dimensões para os parâmetros de impenetrável e
nível da água visando uma melhor visualização e detecção de possíveis falhas;
 Realização de sondagens em regiões que apresentaram baixas densidades com o
intuito de aprimorar a resolução espacial e em consequência a qualidade do
trabalho.
 Criação de banco de dados geotécnico colaborativo objetivando o incentivo à
produção de cartas e estudos sobre a área;
 Elaboração de cartas contendo as descrições dos solos encontrados no ensaio de
sondagem;
 Carência de dados geotécnicos para o município de Palmas/TO;
Compreendendo que a quantidade de dados geotécnicos e existência de trabalhos
semelhantes estão associados diretamente com a precisão dos diagnósticos produzidos e
fomento de pesquisas, recomenda-se o incremento deste estudo com novos dados e
produção de trabalhos que auxiliem no desenvolvimento da cidade de Palmas.
85

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