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Resumo
Este trabalho tem como objetivo analisar as tensões nas placas de base de colunas tubulares
através de modelagem pelo método dos elementos finitos. A modelagem é baseada em um
sistema constitutivo que permite analisar a interação entre o comportamento da placa, do
perfil tubular e do bloco de fundação. O método dos elementos finitos tem se tornado uma
importante ferramenta no estudo teórico na engenharia de estruturas. Esta técnica permite
investigar o comportamento dos materiais, para diferentes concepções estruturais,
viabilizando projetos cada vez mais arrojados, seguros e econômicos. Para a análise proposta
neste artigo, foi utilizado o programa computacional ANSYS. O estudo foi desenvolvido de
forma comparativa entre a modelagem computacional e as expressões analíticas encontradas
em normas internacionais, destacando: AISC-Hollow Structural Sections (Connections
Manual), AISC-LRFD (Load and Resistance Factor Design) e o Eurocode3. As normas
citadas abordam as resistências de cálculo com base no mesmo processo dos Estados Limites.
No entanto, utilizam critérios diferentes na abordagem do módulo de resistência da placa de
aço. Exemplos numéricos são apresentados e comparados para evidenciar as diferenças entre
as normas e procedimentos utilizados neste estudo.
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(1)
- Contribuição Técnica a ser apresentada no “II Congresso Internacional da Construção
Metálica- II CICOM” – novembro, 2002 – São Paulo, SP, Brasil.
(2)
- Mestranda do Departamento de Estruturas - UNICAMP - Campinas, SP, Brasil.
(3)
- Prof. Dr. do Departamento de Estruturas –FEC- UNICAMP - Campinas, SP, Brasil.
(4)
- Prof. do Departamento de Engenharia Civil - UFOP – Ouro Preto, MG, Brasil.
“II Congresso Internacional da Construção Metálica – II CICOM”
Abstract
This work has as objective to analyze the tensions in base plates of tubular columns modeled
through a finite element analysis. The modeling is based on a constituent system that allows
analyzing the interaction among the behavior of the plate, the tube and the foundation block.
The finite element method had become an important tool in the theoretical study of structural
engineering. This technique allows investigating the behavior of the materials, for different
structural conceptions, making possible projects more and more innovative, safe and
economical. For the analysis proposed in this article, was used the computer program
ANSYS. The study was developed in a comparative way between the computer modeling and
the analytic expressions found in international norms, highlighting: AISC-Hollow Structural
Sections (Connections Manual), AISC-LRFD (Load and Resistance Factor Design) and
EUROCODE 3. The mentioned norms approach the calculation resistances with base in Limit
State same process. However, they use different criteria in the approach on the steel plate
resistance module. Numeric examples are presented and compared to evidence the differences
between the norms and procedures used in this study.
Key-words: Steel structure, tubular connections, base plate, finite element analysis
1- INTRODUÇÃO
As ligações de placas de base são os elementos mais comuns para apoio de pilares nas
fundações, e seu desempenho é muito significativo no comportamento global da estrutura
(distribuição dos esforços, deslocamentos, estabilidade etc). Vários estudos analíticos e
experimentais têm sido realizados, a fim de se determinar o comportamento real e a interação
entre o carregamento axial e o momento fletor atuante nestas ligações.
Entre as investigações analíticas destacam-se os trabalhos de FLING (1970), que propôs a
utilização da teoria da linha de escoamento para as colunas levemente carregadas,
STOCKWELL (1975) propôs que somente a área da placa diretamente sob a coluna, deveria
ser considerada como área efetiva no dimensionamento da placa de base, e de MURRAY
(1983) que desenvolveu um estudo sobre placas de bases levemente carregadas utilizando o
método dos elementos finitos para propor critérios de dimensionamento dessas placas.
Entretanto, essas pesquisas se limitaram à análise de placas de bases carregadas axialmente.
Do ponto de vista experimental, DEWOLFE & SARISLEY (1980) e THAMBIRATNAM &
PARAMASIVAM (1986), realizaram algumas séries de testes bastante interessantes, que
posteriormente serviram de base para várias outras pesquisas como THAMBIRATNAM, D.P.
& KRISHNAMURTY (1989), que procederam a uma análise tridimensional de placas de
bases carregadas axialmente e com momento fletor pelo método dos elementos finitos, e
STAMAPOULOS & ERMOPOULOS (1997) que estudaram o estado limite último das
ligações de placas de base. PENSERINI & COLSON (1989) analisaram a resistência última
das ligações de placa de base, considerando vários modos de ruptura para o bloco de concreto,
os parafusos de ancoragem, a placa e até mesmo para o pilar. ERMOPOULOS &
STAMATOPOULOS (1996) desenvolveram, baseado na teoria clássica, um procedimento de
cálculo para a derivação das curvas M-ϕ da ligação de placa de base, propondo uma nova
formulação capaz de descrever com boa precisão a não-linearidade da relação Momento-
Rotação.WHEELER et al. (1998) apresentam um modelo para a determinação da capacidade
de resistência ao momento último e de utilização das ligações parafusadas de flange de seções
“II Congresso Internacional da Construção Metálica – II CICOM”
A razão pela qual o dimensionamento das placas de bases não foi além da utilização de
métodos simplificados baseados na resistência dos materiais e na teoria da linha de
escoamento, é que embora se possa prever que a pressão de contato sob a placa de base seria
altamente localizada na região da coluna, nenhum método clássico poderia prever a
distribuição dessa variação. O advento da computação digital e o conseqüente
desenvolvimento do método dos elementos finitos apresentaram aos pesquisadores uma
poderosa ferramenta capaz de tratar de um problema de tamanha complexidade, com relativa
facilidade e precisão.
Recentemente, KONTOLEON et al (1999) desenvolveram uma análise paramétrica das
ligações de aço semi-rígidas de placa de base através de um modelo bidimensional de
elementos finitos. Esta análise mostrou que a rigidez da placa de base é um parâmetro
significativo, afetando o desenvolvimento do efeito prying nas áreas de contato ativas da
placa. O aparecimento do efeito prying cria zonas de plastificação nas interfaces das ligações,
em áreas que não poderiam ser consideradas usando métodos clássicos de dimensionamento.
KONTOLEON & BANIOTOPOULOS (2000) utilizaram um modelo bidimensional de
elementos finitos para avaliar o problema do atrito por contato unilateral que aparece em uma
ligação de placa de base, considerando também os fenômenos de escoamento.
“II Congresso Internacional da Construção Metálica – II CICOM”
O método dos elementos finitos tem se tornado uma importante ferramenta no estudo teórico
na engenharia de estruturas. Esta técnica permite investigar o comportamento dos materiais,
para diferentes concepções estruturais, viabilizando projetos cada vez mais arrojados, seguros
e econômicos. Para a análise proposta neste artigo, foi utilizado o programa computacional
ANSYS. Este programa possui diversos recursos de geração de malhas, onde através de uma
biblioteca com vários tipos de elementos é possível modelar problemas bidimensionais ou
problemas tridimensionais. O estudo foi desenvolvido de forma comparativa entre a
modelagem computacional e as expressões analíticas encontradas em normas internacionais,
destacando: AISC-Hollow Structural Sections (Connections Manual), AISC-LRFD (Load and
Resistance Factor Design) e o EUROCODE 3 (1993).
2.1 Dimensionamento
Para a elaboração dos modelos de elementos finitos utilizamos os métodos de
dimensionamento de placas de bases propostos por PACKER (1997), AISC (1997) e
RAUTARUUKKI (1998), sendo que este último se baseia principalmente no EUROCODE 3
(1993).
A maioria dos autores segue o mesmo critério de dimensionamento descrito a seguir.
Omitiremos a parte que trata da verificação de tração e dimensionamento dos chumbadores, e
do cordão de solda, pois estes fogem ao escopo do nosso trabalho.
D
P2 P1
m 0,8D m
l
Figura 2 – Projeção m
6.M sd
tp = (8)
φ. fy
y3 + k1 y 2 + k 2 y + k 3 = 0 (9)
k1 = 3 e −
L
(10)
2
k2 =
6nAs
( f + e) (11)
L
“II Congresso Internacional da Construção Metálica – II CICOM”
k 3 = −k 2 + f
L
(12)
2
3- EXEMPLO
As características físicas e geométricas da ligação, que podem ser observadas na figura 4, são:
44 tp
300
212 450
450
44
44 212 44
300
450
450
Excentricidade Momento P1 P2
(mm) (kN.mm) (N/mm ) (N/mm2 )
2
e0 0 2,22 2,22
e1 5080 3,35 2,73
e2 15240 5,61 3,74
e3 25400 7,87 4,76
e4 35560 10,12 5,77
4- RESULTADOS
A tabela III apresenta as tensões na região crítica da placa de base obtidas através do
dimensionamento teórico, e o resultado pela análise de elementos finitos.
e0 e1
e2 e3
e4
Foi analisado também, apenas a título de investigação, já que este não constitui um estado
limite, o comportamento da placa de base quando solicitada à flexão oblíqua. Para tal,
utilizamos a mesma modelagem e carregamentos da análise à flexão, aplicando as
componentes da decomposição da força horizontal no topo do perfil tubular. As tensões
obtidas são apresentadas na tabela IV, e a figura 7 ilustra a distribuição de tensões neste caso.
“II Congresso Internacional da Construção Metálica – II CICOM”
e1 e2
e3 e4
Figura 7- Tensões SX na placa de base na flexão oblíqua
Para avaliação da variação das tensões dentro de uma mesma espessura, variou-se a
excentricidade do carregamento, mantendo fixa a espessura da placa em 25mm e, o resultado
obtido é mostrado na tabela V.
Tabela V-Variação das tensões em função da excentricidade para uma espessura fixa =25mm
5- CONCLUSÕES
Este trabalho apresenta os resultados de uma análise de placa de base solicitada à força
normal e momento fletor pelo método dos elementos finitos, utilizando o software ANSYS.
O estudo se desenvolveu de forma comparativa entre os resultados da análise teórica e os
obtidos pela análise numérica. Os parâmetros analisados foram a excentricidade do
carregamento e a espessura da placa.
Através dos resultados obtidos pôde-se observar:
- a maior tensão ocorre sempre abaixo ou muito próxima à seção do perfil tubular
conforme previsto;
- as tensões variam muito com o aumento da excentricidade para um dado carregamento
axial, e uma mesma espessura de placa (ver tabela V);
- a distribuição de tensões no carregamento axial mostra que a aproximação da teoria de
uma viga em balanço, com carregamento uniformemente distribuído, é conservadora e
fornece placas espessas;
- para grandes excentricidades a análise numérica e a análise teórica apresentaram
algumas discrepâncias , agora não mais a favor da segurança, o que poderá dar ênfase
a novas investigações no tema.
È importante ressaltar que nesta análise de elementos finitos considerou-se que a placa está
apoiada sobre um bloco de concreto de fck=20 MPa, parâmetro este utilizado para a
determinação do coeficiente de rigidez do bloco. Esta hipótese é fundamental para a obtenção
das tensões na placa de base, pois um bloco de concreto muito rígido limitaria a deformação
da placa, afetando diretamente na distribuição de tensões da mesma.
De um modo geral o método dos elementos finitos firma-se como uma boa ferramenta para
modelagem e simulação do comportamento das estruturas.
6- REFERÊNCIAS
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DEWOLF, J.T. Axially Loaded Column Base Plates, 1978, Journal of the Structural
Division ASCE, v.104, p. 781-794.
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Moments. Journal of the Structural Division ASCE, v.106, p. 2167-84.
DEWOLF, J.T.& RICKER, D. T., 1990, Column Base Plates, AISC Design Guide I.
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ENV 1993-1-1: EUROCODE 3: Design of steel structures. Part 1.1: General rules and rules
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FLING, R.S., 1970, Design of Steel Bearing Plates. Engineering Journal, AISC, v.7, n.2, p.
37-40.
MURRAY, T. M., 1983, Design of Lightly Loaded Steel Column Base Plates. Engineering
Journal, AISC, v.20, n. 4, p. 143-152.
PACKER, J.A.; HENDERSON, J.E., 1997, Hollow Structural Section: Connections and
Trusses - a Design Guide . Canadian Institute of Steel Construction, Universal Offset
Limited, Toronto, Canada, 2.ed.
PENSERINI, P. & COLSON, A., 1989, Ultimate Limit Strength of Column Base
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STOCKWELL, F. W., 1975, Preliminary Base Plate Selection. Engineering Journal, AISC,
v.12, n. 3, p. 92-99.
THAMBIRATNAM, D.P. & PARAMASIVAM, P., 1986, Base plates under axial loads and
moments. Journal of Structural Engineering, v.112, n.5, p.1166-1181.
WHEELER, A.T.; CLARKE, M. J.; HANCOCK, G. H.; MURRAY, T. M., 1998, Design
Model for bolted Moment End Plate connections Joining Rectangular Hollow Sections.
Journal of Structural Engineering, v.124, n. 2, p.164-173.