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ENGENHARIA MECÂNICA
'
SUMÁRIO
MATÃO – SP
2009
ii
Orientador:
Profº. Ms. MARCELO REAL
MATÃO, SP
2009
iii
R744s Soldagem de pinos por arco elétrico. / Luiz Carlos Rossini – Matão (SP):
Faculdade Anhanguera de Matão, 2009.
59 p.; il.
CDD 620
iv
MATÃO, SP
2009
v
Dedicatória
Agradecimentos
Em primeiro lugar agradeço a Deus, pela luz e pelas possibilidades que foram colocadas no
meu caminho;
Agradeço profundamente ao meu orientador, professor Marcelo Real, pela sua paciência e
compreensão das minhas próprias limitações, mas principalmente pelo exemplo de cultura e
sabedoria que me inspirou a buscar novas descobertas;
Agradeço também a professora Eliana Cristina de Alvarenga Saraiva que literalmente mudou
o meu rumo ao partilhar seu conhecimento, esclarecimentos e críticas, contribuindo muito
para o desenvolvimento desta pesquisa;
A todos os professores pelos ensinamentos, desafiando-me com suas propostas de curso, pois
estiveram sempre presentes nas dúvidas e nos momentos de dificuldades.
Aos meus amigos de curso, que sempre me dedicaram carinho e incentivo ao longo dessa
jornada, principalmente quando eu estava preste a desanimar.
vii
Epígrafe
ROSSINI, Luiz Carlos. Soldagem de pinos por arco elétrico. 2009. 59 p. TCC, Curso de
Engenharia Mecânica – Faculdade Anhanguera de Matão, FPM, São Paulo, 2009.
RESUMO
O presente trabalho traz o tema “soldagem de pinos por arco elétrico”, foi elaborado com base
em pesquisa bibliográfica e artigos específicos que abordam de uma forma geral os processos
de soldagem por fusão e arco elétrico, dentre eles se destaca o processo pesquisado, cujo
principal objetivo é a concepção do conhecimento e suas perspectivas, evidenciar as
vantagens construtivas, econômicas e o desenvolvimento de novas tecnologias aplicadas aos
processos automatizados, visando a qualidade e a produtividade da soldagem de pinos nas
diferentes áreas industriais. Apresenta-se em três capítulos, sendo que o primeiro descreve a
evolução dos processos de soldagem com suas definições, um breve histórico e os processos
por fusão e arco elétrico, focalizando intensamente a soldagem de pinos com os equipamentos
e materiais empregados no processo convencional e por descarga capacitiva, seus campos de
aplicação e os equipamentos de proteção individual. O segundo capítulo abrange as técnicas
de soldagem de pinos incluindo, sua classificação, variantes do processo com ignição por pino
suspenso com fontes de corrente elétrica e dispositivo para movimentação, variantes do
processo por descarga de condensador com ignição de arco pela ponta com fontes de corrente
elétrica e dispositivo de movimentação, controle de qualidade para pinos soldadores e
controle de produção para soldagem de pinos. E finalmente o terceiro capítulo destaca a
evolução do processo e assim discriminando, soldagem de chapas com ignição do arco sem
contato, soldagem com ignição sem contato com arco movido magneticamente, soldagem de
percevejos com ignição pela ponta, soldagem simultânea de dois pinos com ignição do arco
através das pontas e os campos adicionais de aplicação da soldagem de pinos, finalizando com
a aplicação em processos automatizados.
ROSSINI, Luiz Carlos. Stud welding for electric arch. 2009. 59 p. TCC, Course of
Mechanical Engineering - Faculdade Anhanguera of Matão, FPM, São Paulo, 2009.
ABSTRACT
The present work brings the theme "stud welding for electric arch", it was elaborated with
base in bibliographical research and specific goods that they approach in a general way the
welding processes for coalition and electric arch, among them he/she stands out the
researched process, whose objective principal is the conception of the knowledge and your
perspectives, to evidence the advantages constructive, economical and the development of
new applied technologies to the automated processes, seeking the quality and the productivity
of the stud welding in the different industrial areas. He/she/you comes in three chapters, and
the first describes the evolution of the welding processes with your definitions, a historical
abbreviation and the processes for coalition and electric arch, focalizing the soldagem of pins
intensely with the equipments and employed materials in the conventional process and for
discharge capacitiva, your application fields and the equipments of individual protection. The
second chapter embraces the techniques of stud welding including, your classification,
variants of the process with ignition for suspended pin with sources of electric current and
device for movement, variants of the process for condensador discharge with arch ignition for
the tip with sources of electric current and movement device, quality control for pins welders
and production control for stud welding. It is finally the third chapter it detaches the evolution
of the process and like this discriminating, welding of foils with ignition of the arch without
contact, welding with ignition without contact with arch moved magneticamente, welding of
thumb-tacks with ignition for the tip, simultaneous welding of two stud with ignition of the
arch through the tips and the additional fields of application of the stud welding, concluding
with the application in automated processes.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................xii
LISTA DE TABELAS............................................................................................................xv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS...........................................................................xvi
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................17
CAPÍTULO 1 – EVOLUÇÃO DOS PROCESSOS DE SOLDAGEM...............................19
1.1 – Definição de Soldagem....................................................................................................19
1.2 – Um breve Histórico da Soldagem....................................................................................20
1.3 – Processos de Soldagem....................................................................................................21
1.4 – Processos de Soldagem por Fusão...................................................................................24
1.4.1 – Soldagem por Arco Elétrico..........................................................................................25
1.4.1.1 – Soldagem de Pinos por Arco Elétrico........................................................................28
1.4.1.2 – Equipamentos e materiais usados no processo de Soldagem de Pinos, (convencional
e por descarga capacitiva).........................................................................................................31
1.4.1.3 – Campos de Aplicação da Soldagem de Pinos por Arco Elétrico...............................34
1.4.1.4 – Equipamentos de Proteção Individual (EPI)..............................................................37
CAPÍTULO 2 – TÉCNICAS DA SOLDAGEM DE PINOS POR ARCO ELÉTRICO...38
2.1 – Classificação da Soldagem de Pinos................................................................................38
2.2 – Variantes dos Processos de Soldagem de Pinos com Ignição por Pino Suspenso...........40
2.3 – Fontes de Corrente Elétrica para Soldagem de Pinos com Ignição por Pino Suspenso...42
2.4 – Dispositivo para Movimentação da soldagem com Ignição por Pino suspenso..............43
2.5 – Variantes da Soldagem de Pino por Descarga de Condensador com Ignição do Arco pela
Ponta..........................................................................................................................................44
2.6 – Fontes de Corrente Elétrica para Soldagem de Pinos com Ignição do Arco pela
Ponta..........................................................................................................................................46
2.7 – Dispositivos de Movimentação para Soldagem de Pinos com Ignição do Arco pela
Ponta..........................................................................................................................................47
2.8 – Controle de qualidade para Pinos Soldadores, conforme a norma (AWS D1.1).............47
2.9 – Controle de produção para Soldagem de Pinos...............................................................48
CAPÍTULO 3 – EVOLUÇÃO DO PROCESSO DE SOLDAGEM DE PINOS POR
ARCO ELÉTRICO.................................................................................................................50
3.1 – Soldagem de Chapas com Ignição do Arco sem Contato................................................50
3.2 – Soldagem com Ignição sem Contato com Arco movido Magneticamente (MARC).......51
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Operação manual de Soldagem por arco Elétrico (à esquerda) e Soldagem de Pinos
(à direita)...................................................................................................................................20
Figura 2 – Sistema para Soldagem a Arco com eletrodo de carvão de acordo com a patente de
Bernardos..................................................................................................................................21
Figura 3 – Evolução dos Processos de Soldagem ao longo do tempo......................................22
Figura 4 – Representação esquemática da Soldagem por fusão (à esquerda), e macrografia de
uma junta soldada (à direita).....................................................................................................23
Figura 5 – Representação esquemática da Soldagem por pressão ou deformação...................23
Figura 6 – Esquema de Soldagem a Arco com Eletrodo Revestido (SMAW), detalhe da região
do arco (à esquerda), equipamentos usados (à direita).............................................................26
Figura 7 – Esquema de Soldagem a Arco Gás-Tungstênio TIG (GTAW), detalhe da região do
arco (à esquerda), equipamentos usados (à direita)..................................................................27
Figura 8 – Esquema de Soldagem a Arco Gás-Metal MIG-MAG (GMAW), detalhe da região
do arco (à esquerda), equipamentos usados (à direita).............................................................27
Figura 9 – Esquema de Soldagem a Arco com Arame Tubular (FCAW), detalhe da região do
arco............................................................................................................................................27
Figura 10 – Esquema de Soldagem a Arco Submerso (SAW), detalhe da região do arco (à
esquerda), equipamentos usados (à direita)..............................................................................28
Figura 11 – Esquema de Soldagem a Arco Plasma (PAW), detalhe da região do arco............28
Figura 12 – Dispositivo de elevação e posicionador (pistola de soldagem).............................29
Figura 13 – Anéis de cerâmica usados no processo (convencional) de soldagem de pinos.....29
Figura 14 – Sequência de Soldagem de Pinos (Stud Welding).................................................30
Figura 15 – Sequência de Soldagem de Pinos por descarga capacitiva (CD Stud
Welding)....................................................................................................................................30
Figura 16 – Exemplo de vários formatos e tamanhos de pinos soldados.................................31
Figura 17 – Esquema (convencional) de Soldagem de Pinos (Stud Welding).........................32
Figura 18 – Esquema (por descarga capacitiva) de Soldagem de Pinos (CD Stud
Welding)....................................................................................................................................32
Figura 19 – Equipamentos de solda por arco elétrico (à esquerda), e equipamento de solda por
descarga capacitiva (à direita)...................................................................................................32
Figura 20 – Soldagem por arco elétrico de pino roscado com ignição pela ponta (à esquerda) e
com ignição com o pino levantado e anel cerâmico (à direita).................................................34
xiii
Figura 21 – Peças soldadas: braçadeira de aterramento (à esquerda), chapa com aleta (meio) e
luva com rosca interna sobre o furo (à direita).........................................................................35
Figura 22 – Viga estrutural com pinos soldados (à esquerda) e laje com estrutura compósita de
aço e concreto (à direita), com pinos espessos com cabeça......................................................35
Figura 23 – Seção macroscópica de uma união por soldagem de pino.....................................36
Figura 24 – Soldador com os devidos EPI’s, realizando uma operação de soldagem de
pinos..........................................................................................................................................37
Figura 25 – Fatores envolvidos na qualidade das uniões por soldagem de pinos.....................39
Figura 26 – Variantes do processo de soldagem de pinos e suas faixas de aplicação..............40
Figura 27 – Sequência da soldagem de pino aplicando ignição suspensa e anel cerâmico. Da
esquerda para a direita: posicionamento; elevação; ignição do arco voltaico; fusão;
“mergulho” e união; pino soldado............................................................................................41
Figura 28 – Unidade inversora de potência para a soldagem de pinos por ignição com pino
suspenso....................................................................................................................................42
Figura 29 – Pistola manual para a soldagem de pinos por ignição com pino suspenso sob
cobertura de gás de proteção.....................................................................................................43
Figura 30 – Parâmetros ajustáveis: ressalto (P) e altura (L) na soldagem de pinos por ignição
com pino suspenso (conforme o memorando de instrução DVS 0902)....................................44
Figura 31 – Sequência da soldagem de pinos por ignição pela ponta, variante com contato. Da
esquerda para a direita: contato; ignição do arco voltaico pela ativação térmica da ponta de
ignição; fusão; “mergulho” e união; e pino soldado.................................................................45
Figura 32 – Soldagem de um rótulo com 0,7 mm de espessura (à esquerda) e pinos de CuZn37
sobre aço (à direita)...................................................................................................................45
Figura 33 – Unidade de potência para soldagem com ignição na ponta, com 1.500 W de
potência.....................................................................................................................................46
Figura 34 – Relação entre a energia e a tensão da carga, conforme o memorando de instrução
DVS 0904..................................................................................................................................46
Figura 35 – Pistola manual para a soldagem de pinos e ignição do arco nas pontas…............47
Figura 36 – Dispositivo de teste de tração do pino...................................................................48
Figura 37 – Teste de dobramento do pino.................................................................................49
Figura 38 – Critério de aceitação de ensaio visual....................................................................49
Figura 39 – Soldagem de chapas...............................................................................................50
Figura 40 – Sequência da soldagem com arco voltaico movido magneticamente MARC.......51
xiv
Figura 41 – Conexões de proteção para uma sonda lambda soldada com arco voltaico movido
magneticamente........................................................................................................................52
Figura 42 – Unidade de potência portátil e pistola manual para a soldagem com arco voltaico
movido magneticamente...........................................................................................................52
Figura 43 – Sequência e esquema para a fixação do isolamento em um conduto para
ventilação com percevejos soldados.........................................................................................53
Figura 44 – Unidade de potência e pistola para a soldagem simultânea de dois pinos para
montagem de um medidor de quantidade de calor....................................................................53
Figura 45 – Pinos curtos soldados sobre chapa para proteção contra desgaste........................54
Figura 46 – Pinos com 16 mm (à esquerda) e 12 mm (à direita) unidos pelo processo de
soldagem com pino suspenso no momento da ignição do arco sob gás de proteção................54
Figura 47 – Aplicação de pinos soldados com rosca grosseira para fixação de tubos e
condutos....................................................................................................................................55
Figura 48 – Pinos em desempenadeira, em tampa para potes, em painel frontal de computador
e em cantoneira de fixação sobre uma bobina para aquecimento (à esquerda), e em buchas
com rosca interna para a fixação de tubo de aquecimento em uma chaleira (à
direita).......................................................................................................................................55
Figura 49 – Equipamento para automação de linhas de soldagem com mesa coordenada X, Y
e CNC (à direita), e uma unidade de comando de energia para soldagem de pinos pelo
processo de ignição por afastamento (à esquerda)....................................................................56
xv
LISTA DE TABELAS
INTRODUÇÃO
• Processo de junção de metais por fusão. (Deve-se ressaltar que não só metais são
soldáveis e que é possível soldar metais sem fusão);
• Operação que visa obter a união de duas ou mais peças, assegurando, na junta soldada,
a continuidade de propriedades físicas, químicas e metalúrgicas;
• Processo de união de materiais baseado no estabelecimento, na região de contato
entre os materiais sendo unidos, de forças de ligação química de natureza similar às
atuantes no interior dos próprios materiais;
• Soldagem é o processo de união de materiais usado para obter a coalescência (união)
localizada de metais e não metais, produzida por aquecimento até uma temperatura
adequada, com ou sem a utilização de pressão e/ou material de adição, (American
Welding Society (AWS)).
As três fontes diretas de calor mais comuns em processos de corte ou soldagem são:
Figura 1 – Operação manual de Soldagem por arco Elétrico (à esquerda) e Soldagem de Pinos (à direita).
Fonte: www.arcweld.com.br (2009).
Segundo Modenesi (2005), embora a soldagem, na sua forma atual, seja um processo
recente, com cerca de 100 anos, a brasagem e a soldagem por forjamento têm sido utilizadas
desde épocas remotas. Existe, por exemplo, no Museu do Louvre, um pingente de ouro com
indicações de ter sido soldado e que foi fabricado na Pérsia, por volta de 4000 a.C.
Para Modenesi (2005), a soldagem foi usada, na antiguidade e na idade média, para a
fabricação de armas e outros instrumentos cortantes, assim foi, durante este período, um
processo importante na tecnologia metalúrgica, principalmente, devido a dois fatores: (1) a
escassez e o alto custo do aço e (2) o tamanho reduzido dos blocos de ferro obtidos por
redução direta. Esta importância começou a diminuir, nos séculos XII e XIII, com o
desenvolvimento de tecnologia para a obtenção, no estado líquido, de grandes quantidades de
ferro fundido com a utilização da energia gerada em rodas d'água e, nos séculos XIV e XV,
com o desenvolvimento do alto forno. Com isto, a fundição tornou-se um processo importante
de fabricação, enquanto a soldagem por forjamento foi substituída por outros processos de
união, particularmente a rebitagem e parafusagem, mais adequados para união das peças
produzidas.
Modenesi (2005), descreve ainda que a soldagem permaneceu como um processo
secundário de fabricação até o século XIX, quando a sua tecnologia começou a mudar
radicalmente, principalmente, a partir das experiências de Sir Humphrey Davy (1801-1806)
com o arco elétrico, da descoberta do acetileno por Edmund Davy e do desenvolvimento de
fontes produtoras de energia elétrica que possibilitaram o aparecimento dos processos de
soldagem por fusão. Ao mesmo tempo, o início da fabricação e utilização de aço na forma de
chapas tornou necessário o desenvolvimento de novos processos de união para a fabricação de
equipamentos e estruturas.
21
Figura 2 – Sistema para Soldagem a Arco com eletrodo de carvão de acordo com a patente de Bernardos.
Fonte: www.demet.ufmg.br (2009).
Na visão de Modenesi (2005), uma vez que a soldagem é o mais importante método
para a união permanente de metais, esta importância é ainda mais evidenciada pelo
desenvolvimento de novos processos de soldagem nas mais diferentes atividades industriais e
pela influência que a necessidade de um bom processo tem no desenvolvimento de novos
tipos de aços e outras ligas metálicas. A solda deve propiciar forte aderência mecânica, e no
caso de soldas em equipamentos elétricos ou eletrônicos devem permitir a mínima resistência
elétrica.
Segundo Brandi (1992), o processo de soldagem teve seu grande impulso durante a II
Guerra Mundial, devido à fabricação de navios e aviões soldados, apesar de o arco elétrico ter
sido desenvolvido no século XIX. Descreve ainda que o desenvolvimento e o
aperfeiçoamento dos processos são alcançados com a interação de três áreas: projeto de
equipamentos soldados, desenvolvimento e aperfeiçoamento dos equipamentos de soldagem,
bem como dos materiais, visando obter boa soldabilidade. A figura 3 mostra a evolução dos
processos de soldagem ao longo do tempo.
22
50
NÚMERO DE PROCESSOS DE
SOLDAGEM CONHECIDOS
40
LASER
PLASMA
30 FEIXE DE ELÉTRONS
ELETROGÁS
UTRA-SÔNICO
20 ATRITO
ARCO ELÉTRICO COM
PROTEÇÃO GASOSA ARCO SUBMERSO
ALUMINOTÉRMICA
10 HIDROGÊNIO ATÔMICO
RESISTÊNCIA OXIACETILÊNICA
ELÉTRICA ARCO METÁLICO
ARCO ELÉTRICO
ARCO A CARVÃO
0
1800 1850 1900 1950 2000
CRONOLOGIA
Atualmente são usados mais de 50 processos diferentes de soldagem nos mais diversos
tipos de indústrias, desde a microeletrônica e ourivesaria até a construção de navios e grandes
estruturas, passando pela fabricação de máquinas e equipamentos, veículos, aviões e muitas
outras, cerca de 70% do PIB de um país está relacionado de alguma forma à soldagem
(MODENESI, 2005).
A soldagem envolve muitos fenômenos metalúrgicos como, por exemplo, fusão,
solidificação, transformações no estado sólido, deformações causadas pelo calor e tensões de
contração, que podem causar muitos problemas práticos. Estes podem ser evitados ou
resolvidos aplicando-se princípios metalúrgicos apropriados ao processo de soldagem
(FORTES, 2004).
23
Figura 4 – Representação esquemática da Soldagem por fusão (à esquerda), e macrografia de uma junta soldada
(à direita).
Fonte: www.demet.ufmg.br (2009).
Modenesi (2005), afirma que existe um grande número de processos por fusão que
podem ser separados em subgrupos, por exemplo, de acordo com o tipo de fonte de energia
usada para fundir as peças. Dentre estes, os processos de soldagem a arco elétrico (fonte de
energia), são os de maior importância industrial na atualidade. Devido à tendência de reação
do material fundido com os gases da atmosfera, a maioria dos processos de soldagem por
fusão utiliza algum meio gasoso parcialmente ionizado para minimizar estas reações. A
(tabela 1) mostra os principais processos de soldagem por fusão e suas principais
características.
Soldagem a Chama oxi- Gás (CO, H , CO2 , Manual. Arame adicionado Solda manual de aço carbono, Cu, Al, Zn,
2
Gás acetilênica H O) separadamente Pb e bronze. Soldagem de chapas finas
2
e tubos de pequeno diâmetro.
25
Segundo Silva (2006), este tipo de solda teve seu grande impulso com o
desenvolvimento e aproveitamento comercial da eletricidade. Nos finais do século XIX,
rapidamente se notou que um arco elétrico era uma fonte de calor concentrada, podendo
atingir facilmente 3900ºC. Foram feitas várias tentativas de fundir e soldar metal com um arco
elétrico em (1881). Inicialmente, foram usados eletrodos de carbono numa extremidade do
arco elétrico, sendo a própria peça a fundir o outro eletrodo. O metal de adição, quando
necessário, era adicionado através de uma vareta “empurrada” progressivamente para o metal
em fusão, tal como no processo de soldagem por chama. O desenvolvimento do processo
levou a substituição do eletrodo de carbono por um eletrodo consumível de metal, atuando ao
mesmo tempo com metal de adição e eletrodo.
Para Silva (2006), a contaminação do metal em fusão por exposição à oxidação era um
problema, devido ao fraco conhecimento de metalurgia da época. O processo só teve de fato
um grande desenvolvimento a partir da 1ª. Guerra Mundial. O aparecimento do eletrodo
revestido (por volta de 1920) trouxe alguma proteção ao metal em fusão, evitando a oxidação
pelo contato com a atmosfera e proporcionando maior estabilidade do próprio arco elétrico.
Silva (2006), descreve ainda que o progresso desenvolveu-se rapidamente, existindo
hoje uma grande variedade de processos de soldagem por arco elétrico, cada um com suas
características e seu campo de aplicação. Os processos podem ser divididos em dois grandes
grupos: o grupo de processos de eletrodo consumível, onde o eletrodo serve de metal de
adição sendo consumido durante o processo, e o grupo de processos de eletrodo permanente,
nos quais o eletrodo é, em geral, de tungstênio. Os processos de eletrodo permanete são, em
geral, usados em pequenas espessuras, onde não é necessário metal de adição.
Já para Modenesi (2005), a soldagem a arco engloba um grande número de processos
que incluem os de maior utilização industrial. Todos estes processos utilizam, como fonte de
calor para a fusão localizada, o arco que é uma descarga elétrica em um meio gasoso
parcialmente ionizado. Na maioria dos casos, o arco elétrico é mantido entre um eletrodo
cilíndrico e o metal base, existindo, contudo, processos em que o metal base não faz parte do
circuito elétrico ou que utilizam eletrodos de diferentes formas ou diversos eletrodos
simultaneamente. Nos processos de soldagem a arco, a quantidade de calor fornecida à junta
e, portanto, as dimensões e o formato do cordão de solda dependem da corrente e tensão
elétricas fornecidas ao arco e, na grande maioria dos processos da velocidade de soldagem
isto é, a velocidade com que o arco é deslocado ao longo da junta.
26
• Soldagem a Arco com Eletrodo Revestido (Shielded Metal Arc Welding – SMAW),
(figura 6);
• Soldagem a Arco Gás-Tungstênio (Gás Tungsten Arc Welding – GTAW) ou (Tungsten
Inert Gás – TIG), (figura 7);
• Soldagem a Arco Gás-Metal (Gás Metal Arc Welding – GMAW) ou (Metal Inert Gás –
MIG, Metal Active Gás – MAG), (figura 8);
• Soldagem a Arco c/ Arame Tubular (Flux Cored Arc Welding – FCAW), (figura 9);
• Soldagem a Arco Submerso (Submerged Arc Welding – SAW), (figura 10);
• Soldagem a Arco Plasma (Plasma Arc Welding – PAW), (figura 11);
• Soldagem de Pinos por Arco Elétrico (Stud Welding – SW).
Figura 6 – Esquema de Soldagem a Arco com Eletrodo Revestido (SMAW), detalhe da região do arco (à
esquerda), equipamentos usados (à direita).
Fonte: www.demet.ufmg.br (2009).
27
Figura 7 – Esquema de Soldagem a Arco Gás-Tungstênio TIG (GTAW), detalhe da região do arco (à esquerda),
equipamentos usados (à direita).
Fonte: www.demet.ufmg.br (2009).
Figura 8 – Esquema de Soldagem a Arco Gás-Metal MIG-MAG (GMAW), detalhe da região do arco (à
esquerda), equipamentos usados (à direita).
Fonte: www.demet.ufmg.br (2009).
Figura 9 – Esquema de Soldagem a Arco com Arame Tubular (FCAW), detalhe da região do arco.
Fonte: www.infosolda.com.br (2009).
28
Figura 10 – Esquema de Soldagem a Arco Submerso (SAW), detalhe da região do arco (à esquerda),
equipamentos usados (à direita).
Fonte: www.demet.ufmg.br (2009).
Pertence aos subgrupos dos processos de soldagem por fusão e arco elétrico, também
conhecido como soldagem por eletrofusão. Segundo Gimenes (1995), a soldagem de pinos em
inglês é designada por “Stud Welding”. Trata-se de um processo de soldagem a arco elétrico
que une pinos ou peças semelhantes por aquecimento e fusão do metal base e parte da ponta
do pino seguido de imediata pressão para melhor união e solidificação. A energia elétrica e a
força são transmitidas através de um porta-pino montado em um dispositivo de elevação,
protegidos por um anel de cerâmica (processo convencional), que tem como função a
proteção contra os respingos, contaminação atmosférica e conter o metal líquido (figura 12).
29
POSICIONADOR
PINO
CERÂMICA PONTO DE
CONTATO
METAL BASE
Para Gimenes (1995), o arco elétrico é obtido através da operação de toque e retração
do pino. Depois de um determinado tempo, o pino é submerso no banho de fusão, onde o anel
de cerâmica concentra o arco voltaico, protege contra a atmosfera e limita o banho de fusão.
Durante a soldagem, o anel de cerâmica (figura 13) e o pino são colocados manualmente no
equipamento apropriado conhecido como pistola para (Stud), e o processo de solda é
executado pelos comandos existentes. O tempo de operação é da ordem dos milessegundos, é
relativamente curto se comparado com os processos a arco convencionais, devido o ciclo de
trabalho ser muito curto, tem-se uma ZTA (Zona Termicamente Afetada) muito estreita.
1) O gatilho da pistola de soldagem faz com que o pino encoste-se à peça a soldar,
promovendo o curto circuito;
2) Imediatamente ocorre o arco elétrico, fundindo parte da ponta do pino e a face do
metal base;
3) Aplica-se uma pressão ao pino para promover a solidificação;
4) Retira-se o porta-pino (pistola), e o anel de cerâmica.
POSICIONADOR
PINO
SOLDADO
PINO
ARCO
CERÂMICA VOLTAICO FUSÃO
Já para Arc Weld (2004), a soldagem de pino a arco envolve os mesmos princípios
metalúrgicos como qualquer outra soldagem a arco, um arco elétrico controlado é usado para
derreter a ponta do pino e uma porção do metal base. O pino é empurrado automaticamente no
metal base onde uma fusão de alta qualidade dos metais é realizada. A figura 15 mostra a
sequência de soldagem de pinos por descarga capacitiva “CD Stud Welding”, processo que
segue nos mesmos parâmetros do convencional, porém, não utiliza o anel de cerâmica para a
proteção da poça de fusão. A soldagem de pinos é aplicável em aço baixo carbono e aço inox,
os pinos podem ser de vários formatos e tamanhos (figura 16), porém desde que fabricados
em materiais soldáveis.
Figura 15 – Sequência de Soldagem de Pinos por descarga capacitiva (CD Stud Welding).
Fonte: www.arcweld.com.br (2009).
31
Gimenes (1995), afirma que a pistola de soldagem tem por finalidade segurar e
movimentar o pino. Contém um gatilho que libera a corrente de Soldagem, a qual é
transmitida para a ponta do pino, que é uma espécie de encaixe, estes encaixes podem ter
diferentes geometrias e espessuras, compatíveis com o pino a fixar, a pistola também fornece
pressão e alívio ao sistema, através de uma mola controlada por uma válvula solenóide. As
unidades de controle são basicamente circuitos temporizadores para aplicação do tempo de
soldagem e tempo de pressão, que são ligadas as fontes e à pistola de soldagem, os
controladores podem ser integrados as fontes de energia ou separadas. Na figura 17 é
mostrado um esquema para soldagem convencional, e a figura 18 mostra um esquema de
ligação para soldagem por descarga capacitiva.
Na visão de Gimenes (1995), as fontes de energia à esquerda da figura 19, empregadas
no processo convencional são semelhantes às usadas para o processo com eletrodo revestido,
tanto geradores ou retificadores, com os pinos ligados ao pólo positivo, é recomendado
utilizar fontes com potência acima de 400 A e tensões em vazio de no mínimo 70 V, caso haja
a exigência de correntes mais elevadas, pode-se ligar as fontes em paralelo, ou utilizar-se de
fontes desenvolvidas para goivagem a grafite, que normalmente são projetadas para correntes
de até 1.600 A, outra variante do processo, utiliza-se uma fonte com descarga capacitiva,
mostrado à direita da figura 19, derivada de um banco de capacitores.
A tabela 2 mostra os parâmetros de soldagem de pinos por descarga capacitiva (CD
Stud Welding).
32
PRESSÃO
COMANDO
FONTE
PORTA
_ PINO
ANEL DE
PINO
+ CERÂMICA
A PEÇA
PRESSÃO
INTERRUPTOR
PORTA
CONDENSADOR PINO
_
PINO
+ V
A PEÇA
Figura 18 – Esquema (por descarga capacitiva) de Soldagem de Pinos (CD Stud Welding).
Fonte: www.infosolda.com.br (2009).
Figura 19 – Equipamentos de solda por arco elétrico (à esquerda), e equipamento de solda por descarga
capacitiva (à direita).
Fonte: www.arcweld.com.br (2009).
33
Tabela 2 – Parâmetros de Soldagem de Pinos por descarga capacitiva (CD Stud Welding).
Fonte: www.infosolda.com.br (2009).
Tempo de
Diâmetro do Corrente de Tempo de
Aplicação da
Pino (mm) Soldagem (A) Soldagem (ms)
Carga (ms)
3,0 300 13 50
4,0 400 16 50
5,0 500 20 50
6,0 600 24 50
8,0 800 32 50
Gimenes (1995), explica que os pinos usados podem ser de aço SAE 1030, aço baixa
liga com Cr Mo, aço inox com alta liga, pinos de alumínio 99,5 em ligas de alumínio é
necessário a proteção da poça de soldagem com gás argônio. É possível solda dissimilar,
geralmente com pinos de aço inoxidável para ancoragem de refratário para válvulas
siderúrgicas. Na soldagem convencional, as superfícies que estão em contato com o pino,
devem estar isentas de óleo, umidade, sujeira e carepa. O pino não poderá ser soldado sobre
superfícies pintadas e zincadas. As superfícies devem ser limpas pelos métodos de:
• Escovamento;
• Lixamento;
• Decapagem.
Pinos especiais podem ser feitos com um ressalto em sua extremidade para facilitar a
ignição do arco, neste processo, as dimensões da ponta do pino determinam o processo de
solda. Por meio de uma descarga de condensadores com corrente de até 8000 A, surge
imediatamente dentro de 0,5 até 4 ms. É apropriado para pequenos esforços mecânicos, em
chapas finas ou com revestimento de material sintético de um lado. Também são feitos pinos
com dimensões maiores com pontas em alumínio, para melhor qualidade da solda, pois o
alumínio tem a função de desoxidar o banho de fusão, indicado principalmente para chapas
com oxidações e sujeiras, onde o esmerilhamento ou escovamento das áreas é de difícil
acesso, como por exemplo, em soldas de campo (GIMENES, 1995).
34
Figura 20 – Soldagem por arco elétrico de pino roscado com ignição pela ponta (à esquerda) e com ignição com
o pino levantado e anel cerâmico (à direita).
Fonte: (Revista corte e conformação de metais Aranda Editora – Ano IV – Nº. 46 – Fevereiro, (2009)).
35
Figura 21 – Peças soldadas: braçadeira de aterramento (à esquerda), chapa com aleta (meio) e luva com rosca
interna sobre o furo (à direita).
Fonte: (Revista corte e conformação de metais Aranda Editora – Ano IV – Nº. 46 – Fevereiro, (2009)).
Figura 22 – Viga estrutural com pinos soldados (à esquerda) e laje com estrutura compósita de aço e concreto (à
direita), com pinos espessos com cabeça.
Fonte: www.ciser.com.br (2009).
Gorni (2009), afirma que a simplicidade de operação dos equipamentos usados neste
processo possui um papel nada desprezível na expansão do uso da soldagem de pinos por arco
elétrico. Contudo, algumas vantagens construtivas e econômicas desse processo são decisivas
em comparação com muitos outros processos de soldagem e montagem. Estas vantagens são:
36
• A soldagem pode ser feita mesmo com acesso a apenas um dos lados do material;
• É possível obter uniões firmes e amplas, sem corrosão sob contato com fendas,
conforme mostrado na figura 23;
• As uniões obtidas possuem alta resistência mecânica, que frequentemente é mais alta
do que a do próprio material-base ou do pino;
• É necessária apenas uma etapa de processo, sem a necessidade de furação,
rebaixamento, abertura de roscas, etc.;
• O tempo de soldagem é curto e o seu aporte térmico é pequeno, de modo que quase
não acontecem distorções. O componente sofre um amaciamento insignificante e o
revestimento no lado posterior permanece preservado, conforme previsto inicialmente;
• O período necessário para treinamento dos soldadores é curto;
• O processo oferece grande potencial de automação.
Gorni (2009), explica que a soldagem de pinos por arco elétrico é especialmente
adequada para a união de materiais similares. Por esse motivo, assim como a soldagem por
arco elétrico, seu campo de aplicação é restrito, uma vez que os componentes a serem unidos
serão afetados termicamente. Altas temperaturas, salpicos metálicos fluidos, ruído e emissão
de radiação restringem os possíveis locais de aplicação desse processo e requerem a doação
de medidas de segurança. Por esse motivo, a realização da soldagem de pinos é proibida nas
proximidades de materiais inflamáveis ou em ambientes explosivos.
Outras instruções podem ser encontradas nas recomendações para prevenção de
acidentes BGV A1 (“Fundamentos de Prevenção”), BFV A3 (“Equipamentos Elétricos e
Meios de Produção”) e no capítulo 2.26 (“Soldagem, Corte e Processo de Transformação”) da
Diretriz BGR 500 (“Operação de Equipamentos de Produção”), (GORNI, 2009).
37
Recomenda-se que o soldador e se for o caso seu ajudante, ao realizar uma operação
de soldagem de pinos, utilizem os seguintes EPI’s, como mostra a (figura 24):
Observações:
Cada EPI deve ter o respectivo CA (Certificado de Aprovação) fornecido pelo MTE,
(Ministério do Trabalho e Emprego).
Figura 24 – Soldador com os devidos EPI’s, realizando uma operação de soldagem de pinos.
Fonte: www.ciser.com.br (2009).
38
Gorni (2009), descreve que na soldagem de pinos por arco elétrico que pode ser
chamado neste trabalho apenas de “soldagem de pinos” ocorre a ignição do arco elétrico entre
a face exterior do pino e o componente que está sendo unido, fundindo-os superficialmente e
permitindo sua união mediante a aplicação de uma leve pressão. A soldagem de pinos é
classificada, de acordo com a norma DIN EN ISO 14555 (“Soldagem de Materiais Metálicos
com Pino por Arco Elétrico”, de dezembro de 2006), conforme o tipo de ignição do arco em
contato com o pino:
Dentro dos grupos principais em que se subdivide a soldagem de pinos, com ignição
por pino suspenso ou pelo contato da sua ponta, há ainda diferenças adicionais. Elas decorrem
das tecnologias empregadas, dos materiais usados e dos campos de aplicação, conforme
mostra a figura 26. O memorando de instrução DVS 0901 (“Processos de Soldagem com
Pinos para Metais: Visão Geral”, de dezembro de 1998) proporciona uma revisão sobre a
soldagem de pinos (GORNI, 2009).
40
2.2 – Variantes dos Processos de Soldagem de Pinos com Ignição por Pino Suspenso
A soldagem com ignição por pino suspenso é subdividida, de acordo com a norma
DIN EN ISO 14555 (“soldagem: Soldagem de Materiais Metálicos com Pino por Arco
Elétrico”, edição de dezembro de 2006), em:
• Soldagem usando ignição de arco elétrico por pino suspenso, com anel cerâmico ou
gás de proteção;
• Soldagem de curta duração usando ignição de arco elétrico por pino suspenso;
• Soldagem com descarga de condensador usando ignição de arco elétrico por pino
suspenso.
Tabela 3 – Campos das variantes do processo de soldagem de pinos aplicando ignição de arco com pino
suspenso.
Fonte: (Revista corte e conformação de metais Aranda Editora – Ano IV – Nº. 46 – Fevereiro, (2009)).
Figura 27 – Sequência da soldagem de pino aplicando ignição suspensa e anel cerâmico. Da esquerda para a
direita: posicionamento; elevação; ignição do arco voltaico; fusão; “mergulho” e união; pino soldado.
Fonte: (Revista corte e conformação de metais Aranda Editora – Ano IV – Nº. 46 – Fevereiro, (2009)).
Gorni (2009), defende que a soldagem usando ignição por pino suspenso
frequentemente produz grandes poças de fusão. Por isso, no caso de pinos com diâmetro
superior a 12 mm, é recomendável o uso de um anel cerâmico para controlar o arco voltaico e
a formação do cordão de solda. Os vapores metálicos que se formam no interior da câmara de
queima impedem parcialmente a entrada do ar atmosférico e reduzem sua reação com a poça
de fusão. O uso de gás de proteção para a poça de fusão é associado com a condução
automática do pino, cujo diâmetro atinge valor de, no máximo, 12 mm. Isso melhora a
qualidade da junta soldada e diminui o risco de formação de porosidades, uma vez que a poça
de metal fundido não reage com o ar circundante.
42
2.3 – Fontes de Corrente Elétrica para Soldagem de Pinos com Ignição por Pino
Suspenso
A soldagem com pinos usando ignição a partir de pino suspenso requer corrente
contínua com intensidade de até 3.000 A. Isto demanda fontes de corrente para soldagem com
características diversas das usadas para a soldagem manual por arco voltaico ou por metal-gás
de proteção. Geralmente é usado um transformador com corrente trifásica controlado no lado
secundário ou um retificador sem controle. Equipamentos modernos baseados na tecnologia
de inversores, como o mostrado na figura 28, fornecem corrente para soldagem regulável, a
qual permanece constante mesmo sob oscilações de tensão da rede, diferentes tensões de arco
voltaico e grandes distâncias desde a rede e os condutores de corrente para soldagem.
Contudo, é extremamente importante que sejam observadas as restrições informadas pelos
fabricantes (GORNI, 2009).
Figura 28 – Unidade inversora de potência para a soldagem de pinos por ignição com pino suspenso.
Fonte: (Revista corte e conformação de metais Aranda Editora – Ano IV – Nº. 46 – Fevereiro, (2009)).
43
2.4 – Dispositivo para Movimentação da soldagem com Ignição por Pino suspenso
A soldagem com ignição a partir de pino suspenso pode ser feita com pistolas de
soldagem, figura 29, ou com cabeçotes de soldagem. Eles possibilitam a execução da
sequência necessária de movimentos, levantamento, parada e abaixamento, após o início do
processo de soldagem. Muitas pistolas consistem em um compensador de comprimento, que
mantém o mesmo valor de distância para ignição independentemente das variações no
comprimento do pino e da espessura da peça onde ele será unido. Geralmente esta função é
realizada por sistemas mecânicos, entretanto, eles estão sujeitos a desgaste no ponto de
compressão, o que inevitavelmente requer que passem por manutenção regular. Por esse
motivo, estão sendo cada vez mais disponibilizados no mercado compensadores eletrônicos
de tolerâncias no comprimento, que requerem menos manutenção (GORNI, 2009).
Figura 29 – Pistola manual para a soldagem de pinos por ignição com pino suspenso sob cobertura de gás de
proteção.
Fonte: (Revista corte e conformação de metais Aranda Editora – Ano IV – Nº. 46 – Fevereiro, (2009)).
A elevação designa a distância com que o pino será levantado em relação ao outro
componente durante a soldagem. O valor da distância do “mergulho” inclui aproximadamente
a porção do pino que sofrerá fusão. A vaporização prevista durante a soldagem com pistola
impõe baixas velocidades de “mergulho” do pino, sobretudo para evitar a projeção de salpicos
de solda a partir da poça de fusão, relativamente grande (GORNI, 2009).
Figura 30 – Parâmetros ajustáveis: ressalto (P) e altura (L) na soldagem de pinos por ignição com pino suspenso
(conforme o memorando de instrução DVS 0902).
Fonte: (Revista corte e conformação de metais Aranda Editora – Ano IV – Nº. 46 – Fevereiro, (2009)).
Figura 31 – Sequência da soldagem de pinos por ignição pela ponta, variante com contato. Da esquerda para a
direita: contato; ignição do arco voltaico pela ativação térmica da ponta de ignição; fusão; “mergulho” e união; e
pino soldado.
Fonte: (Revista corte e conformação de metais Aranda Editora – Ano IV – Nº. 46 – Fevereiro, (2009)).
Figura 32 – Soldagem de um rótulo com 0,7 mm de espessura (à esquerda) e pinos de CuZn37 sobre aço (à
direita).
Fonte: (Revista corte e conformação de metais Aranda Editora – Ano IV – Nº. 46 – Fevereiro, (2009)).
O diâmetro do pino a ser soldado encontra-se na faixa de 2 até 8 mm. Por meio do uso
de condensadores modernos, também é possível soldar pinos com até 10 mm de diâmetro.
Pode-se usar apenas pinos com uma ponta especial para ignição do arco, suas dimensões são
informadas na norma DIN EN ISO 13918 para o caso de pinos padronizados. As espessuras
de chapa que podem ser submetidas a esse processo devem ser de, no mínimo, um décimo do
diâmetro ou 0,5 mm. Pode-se dispensar a proteção da poça de fusão contra o ataque da
atmosfera devido à curta duração do processo e aos altos valores de corrente elétrica. É
possível trabalhar em qualquer posição de soldagem, sendo a quantidade de material fundido
muito pequena. Contudo, no caso de posições restritas, é necessário observar que as
características do mecanismo do deslocamento podem ser modificadas apenas de forma não
significativa (GORNI, 2009).
46
2.6 – Fontes de Corrente Elétrica para Soldagem de Pinos com Ignição do Arco pela
Ponta
Neste processo, é usada uma bateria de condensadores como fonte de corrente. Eles
armazenam a energia necessária, até um limite de 4.500 W. Apesar da elevada liberação de
potência por parte da unidade de alimentação, este equipamento opera com uma rede de
energia monofásica. Isso é possível pois o carregamento do banco de capacitores dura
aproximadamente de 1 a 5 segundos, com a soldagem ocorrendo de forma subsequente.
Também neste caso a fonte de potência e o sistema para o controle da sequência de operações
encontram-se acomodados no mesmo gabinete, ou seja, na unidade de potência, mostrada na
figura 33. A energia da descarga que passa através do diâmetro do pino pode ser definida a
partir da magnitude da tensão da descarga e, em alguns casos, também a partir da capacidade
da bateria de condensadores, conforme mostra a figura 34, (GORNI, 2009).
Figura 33 – Unidade de potência para soldagem com ignição na ponta, com 1.500 W de potência.
Fonte: (Revista corte e conformação de metais Aranda Editora – Ano IV – Nº. 46 – Fevereiro, (2009)).
Figura 34 – Relação entre a energia e a tensão da carga, conforme o memorando de instrução DVS 0904.
Fonte: (Revista corte e conformação de metais Aranda Editora – Ano IV – Nº. 46 – Fevereiro, (2009)).
47
2.7 – Dispositivos de Movimentação para Soldagem de Pinos com Ignição do Arco pela
Ponta
A soldagem com pinos nos casos em que a ignição do arco ocorre nas pontas, é feita
usando pistola de soldagem como a mostrada na figura 35, ou com cabeçote de soldagem.
Para a variante de processo “com abertura”, os dispositivos de movimentação são quase
idênticos aos usados no processo com ignição do arco com o pino suspenso. Antes da
soldagem propriamente dita, o pino é levantado até uma distância definida (elevação) em
relação ao componente que vai ser soldado, sendo, em seguida, acelerado sobre ele. O
processo de soldagem se inicia com o contato entre a ponta de ignição do pino e o
componente (GORNI, 2009).
Figura 35 – Pistola manual para a soldagem de pinos e ignição do arco nas pontas.
Fonte: (Revista corte e conformação de metais Aranda Editora – Ano IV – Nº. 46 – Fevereiro, (2009)).
Para Gorni (2009), a variante com contato requer apenas uma mola para o
deslocamento (carga de até 150 N). O início do processo de soldagem ocorre no pino já
posicionado. Os curtos tempos de soldagem, de 1 a 3 ms, permitem sincronização perfeita
entre o deslocamento da pistola e o processo de descarregamento. Neste caso, é
particularmente necessário dispor de um pistão com deslocamento suave para a pistola ou o
cabeçote de soldagem. Os parâmetros de ajuste do dispositivo de movimentação são o ressalto
e elevação ou carga da mola, conforme a variante de processo. O grau de mergulho assegura
que o pino entre em contato com a peça a ser soldada ao final do processo.
2.8 – Controle de qualidade para Pinos Soldadores, conforme a norma (AWS D1.1)
Foram enumerados os principais itens para os testes de aceitação para pinos soldados,
o acabamento final do pino soldado deve ser uniforme e isento de:
48
• Sobreposição excessiva;
• Trincas;
• Desalinhamento;
• Torção.
Antes de uma série de peças a serem soldadas na produção, deve-se realizar teste pelo
método de martelamento, tubo, visual e não pode ocorrer falhas, seguindo os critérios
descritos baixo. A figura 37 mostra o teste de dobramento do pino:
1) Soldar 2pinos;
2) Inspeção visual de 360º;
3) Utilizar sempre chapa de teste;
4) Pinos frios;
5) Dobrá-los aproximadamente 30º com relação ao eixo principal.
49
A) Satisfatório;
B) Pouca retração do pino;
C) Retirada rápida da pistola;
D) Falta de alinhamento;
E) Baixa corrente;
F) Alta corrente.
3.2 – Soldagem com Ignição sem Contato com Arco movido Magneticamente (MARC)
Gorni (2009), descreve que a soldagem com arco voltaico movido magneticamente ou
em simetria radial com campo magnético, igualmente ampliou o campo de aplicação da
soldagem de pinos. Este processo possui execução similar à soldagem com pino suspenso no
momento da ignição do arco, exceto pelo fato de que aqui se trabalha com arco voltaico
rotativo, conforme mostrado na figura 40. O chamado (Processo MARC) constitui uma
tecnologia de união extremamente econômica. As vantagens da soldagem com arco voltaico
deslocado magneticamente – como o controle do aporte térmico para componentes em forma
de luva e pino – se combinam com as associadas à soldagem com pino suspenso no momento
da ignição do arco, ou seja, equipamentos simples e baratos e tempos de soldagem da ordem
de milissegundos.
Gorni (2009), descreve ainda que o processo MARC se caracteriza por tempos de
soldagem curtos, pequenas solicitações térmicas sobre os componentes, baixo consumo de
energia, dimensões finais precisas e custos reduzidos. A rotação do arco voltaico e o aporte de
energia concentrado e homogêneo ao longo da superfície de soldagem, associado a esta
rotação, são providos por um campo magnético separado na abertura da solda. Esse processo
permite a soldagem de luvas e porcas com baixo grau de distorção e isenta de salpicos, no
caso de componentes com diâmetro externo até 30 mm feitos com aços inoxidáveis de alta
liga, além de superfícies de soldagem planas para poças com espessura de até 5 mm,
conforme mostra a figura 41.
52
Figura 41 – Conexões de proteção para uma sonda lambda soldada com arco voltaico movido magneticamente.
Fonte: (Revista corte e conformação de metais Aranda Editora – Ano IV – Nº. 46 – Fevereiro, (2009)).
Figura 42 – Unidade de potência portátil e pistola manual para a soldagem com arco voltaico movido
magneticamente.
Fonte: (Revista corte e conformação de metais Aranda Editora – Ano IV – Nº. 46 – Fevereiro, (2009)).
Mantas de materiais isolantes são fixadas sobre poços, canais e fachadas para proteção
contra o calor, frio e incêndio. A fixação, desse caso, é feita parcialmente com (percevejos),
ou seja, elementos para fixação compostos por um bastão soldado no centro de um prato, os
quais são soldados na placa de base através da manta, conforme mostrado na figura 43. O
processo se assemelha à soldagem de pinos, na qual a ignição do arco ocorre através da ponta.
Também são usados condensadores para armazenar energia. A pistola de soldagem trabalha
conforme o processo de contato, projetada conforme a carga da mola e o comprimento dos
condutores elétricos usados na soldagem de percevejos em canteiros de obras (GORNI, 2009).
53
Figura 43 – Sequência e esquema para a fixação do isolamento em um conduto para ventilação com percevejos
soldados.
Fonte: (Revista corte e conformação de metais Aranda Editora – Ano IV – Nº. 46 – Fevereiro, (2009)).
3.4 – Soldagem simultânea de dois Pinos com Ignição do Arco através das Pontas
Figura 44 – Unidade de potência e pistola para a soldagem simultânea de dois pinos para montagem de um
medidor de quantidade de calor.
Fonte: (Revista corte e conformação de metais Aranda Editora – Ano IV – Nº. 46 – Fevereiro, (2009)).
Figura 45 – Pinos curtos soldados sobre chapa para proteção contra desgaste.
Fonte: (Revista corte e conformação de metais Aranda Editora – Ano IV – Nº. 46 – Fevereiro, (2009)).
No caso de dois pinos com até 16 mm de diâmetro, vem-se usando de forma crescente
a soldagem com gás de proteção, conforme mostrado na figura 46. Por um lado, com esta
aplicação é possível alcançar melhores níveis de qualidade na união soldada, mas, por outro,
deve-se ressaltar que na soldagem totalmente mecanizada a introdução do anel cerâmico não
foi resolvida de forma satisfatória (GORNI, 2009).
Figura 46 – Pinos com 16 mm (à esquerda) e 12 mm (à direita) unidos pelo processo de soldagem com pino
suspenso no momento da ignição do arco sob gás de proteção.
Fonte: (Revista corte e conformação de metais Aranda Editora – Ano IV – Nº. 46 – Fevereiro, (2009)).
55
Figura 47 – Aplicação de pinos soldados com rosca grosseira para fixação de tubos e condutos.
Fonte: (Revista corte e conformação de metais Aranda Editora – Ano IV – Nº. 46 – Fevereiro, (2009)).
A soldagem com pino por descarregamento de capacitor com ignição do arco através
das pontas é usada preponderantemente em chapas finas com espessuras de até 5 mm, na
fabricação de painéis de controle, estruturas de máquinas e aparatos, bem como de
equipamentos para ventilação e climatização, conforme mostra a figura 48. O efeito térmico
sobre o componente é muito baixo devido ao pequeno aporte térmico. Em consequência disso,
na maioria das chapas a soldagem deixa poucos vestígios no lado posterior. Até mesmo
chapas finas podem ser soldadas sem marcas, colorações ou deformações, mesmo quando o
lado posterior deve ser pintado, revestido ou galvanizado (GORNI, 2009).
Figura 48 – Pinos em desempenadeira, em tampa para potes, em painel frontal de computador e em cantoneira de
fixação sobre uma bobina para aquecimento (à esquerda), e em buchas com rosca interna para a fixação de tubo
de aquecimento em uma chaleira (à direita).
Fonte: (Revista corte e conformação de metais Aranda Editora – Ano IV – Nº. 46 – Fevereiro, (2009)).
56
Figura 49 – Equipamento para automação de linhas de soldagem com mesa coordenada X, Y e CNC (à direita), e
uma unidade de comando de energia para soldagem de pinos pelo processo de ignição por afastamento (à
esquerda).
Fonte: (Revista corte e conformação de metais Aranda Editora – Ano IV – Nº. 46 – Fevereiro, (2009)).
57
CONCLUSÃO
Neste trabalho foi possível levar à reflexão vários pontos, dentre eles a concepção do
conhecimento e as perspectivas do processo de soldagem de pinos sob essa ótica.
Sobre o conhecimento, a afirmação feita no início desta pesquisa, de que “todos
podem usar a soldagem de pinos”, está associada às suas baixas exigências em termos de
habilidade manual por parte dos operadores que executam este tipo de soldagem. Contudo,
para obter bons resultados com esse processo, é indispensável dispor de conhecimento
específico sobre as correlações existentes e domínio da situação.
Quanto às perspectivas, um trabalho de soldagem, com as possibilidades de múltiplos
processos, em que cada operador pode optar por diferentes técnicas e aplicações, se conclui
que houve uma grande evolução da soldagem de pinos, onde o “processo convencional”
descrito por (Gimenes, 1995), caminhou para processos modernos, como por exemplo, o
chamado “processo MARC”, que na visão de (Gorni, 2009), constituiu uma tecnologia de
união extremamente econômica, garantindo também a qualidade da união por soldagem de
pinos.
Quanto à concepção de conhecimento das técnicas aplicáveis aos processos
automatizados, ocorreram novas tecnologias para melhoria da produtividade e gerenciamento
de processos com segurança. Técnicos e engenheiros procuram inovar e solucionar problemas
ligados ao aumento da produtividade, desenvolvendo materiais consumíveis (pinos) e
equipamentos específicos de acordo com cada aplicação, buscando configurações de
equipamentos, semi-automáticos e automáticos, além de equipamentos para automação de
linhas de soldagem. Sendo assim, é possível afirmar que a soldagem de pinos por arco
elétrico, é um processo com grande potencial de automação incorporado na indústria
moderna.
58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRANDI, S. D. Classificação dos processos de soldagem. In: WAINER, E., BRANDI, S. D.,
MELLO, F. D. H. Soldagem: processos e metalurgia. 2. ed. São Paulo: Edgard Blucher,
1992. p. 1-2.
GORNI, A. A., Processos e aplicações da Soldagem de Pinos por Arco Elétrico. Revista
Corte e Conformação de Metais. Aranda Editora, Ano IV- Nº. 46, p. 72-87, Fevereiro 2009.
SILVA, A. Desenho técnico de juntas soldadas. In: SILVA, A., RIBEIRO, C. T., DIAS, J.,
SOUSA, L. Desenho Técnico Moderno. 4. ed. Atualizada e aumentada. Rio de Janeiro: LTC,
2006. p. 294-296.
59
REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS
ARC WELD. Soldagem de Pino: Arc Stud Welding, CD Stud Welding e Equipamentos,
São Paulo: 2004. Disponível em:
<http://www.arcweld.com.br/arc.htm>. Acesso em: 24 abr. 2009.
MERKLE DO BRASIL. Solda Pinos Indutivo, São Bernardo do Campo: 2004. Disponível
em: <http://www.merkle.com.br>. Acesso em: 8 mai. 2009.