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Índice
[esconder]
1 Antecedentes
2 O movimento
3 Pernambuco
4 Recife
5 Dissidências
6 Thomas Cochrane
7 Frei Caneca
8 Referências
9 Bibliografia
10 Ligações externas
[editar] Antecedentes
O conflito possui raízes em movimentos anteriores na região: a Guerra dos Mascates
(1710-1711) e a Revolução Pernambucana (1817), esta última de caráter republicano.
Por trás das divergências políticas que culminaram com a proclamação da Confederação
do Equador, encontra-se uma divisão econômica e espacial de Pernambuco. Ao norte,
açucareiro e algodoeiro, com vilas populosas, opunha-se o monolitismo do sul
pernambucano, exclusivamente açucareiro, cujas povoações eram simples anexos dos
engenhos de cana. De acordo com Evaldo Cabral de Mello:
[editar] O movimento
Junta da Confederação do Equador em Pernambuco.
A dissolução da Assembléia Constituinte por Pedro I do Brasil em fins de 1823 foi bem
recebida em Pernambuco. Os dois maiores líderes liberais na província, Manuel de
Carvalho Paes de Andrade e Frei Caneca), apoiaram-na e consideravam como os
Bonifácios como culpados pelo ato.[1] Ambos, assim como diversos correligionários,
eram republicanos que participaram na revolta de 1817 e haviam sido perdoados.[2]
Aceitaram a monarquia por acreditarem que ao menos teriam autonomia provincial. A
promulgação da Constituição em 1824, com o seu regime altamente centralizado,
frustrou os seus desejos.[3][4] Pernambuco estava dividida entre duas facções políticas,
uma monarquista, liderada por Francisco Paes Barreto e outra liberal e republicana,
liderada por Pais de Andrade.[3] A província era governada por Paes Barreto, que havia
sido nomeado Presidente por D. Pedro I, de acordo com a lei promulgada pela
Assembleia Constituinte em 20 de outubro de 1823 (e que depois seria mantida pela
Constituição).[2][4][5] Em 13 de dezembro de 1823, Paes Barreto renunciou ante a pressão
dos Liberais, que ilegalmente elegeram Paes de Andrade. [2] Pedro I e nem o Gabinete
foram informados da eleição e requisitaram a recondução de Paes Barreto ao cargo, algo
que foi ignorado pelos Liberais.[3][6]
Dois navios de guerra (Niterói e Piranga) foram enviados para Recife para fazer a lei ser
obedecida. O comandante da pequena divisão naval, o britânico John Taylor. Não
alcançou sucesso.[5][7] Os Liberais se recusaram veementemente a reempossar Paes
Barreto e alardearam: "morramos todos, arrase-se Pernambuco, arda à guerra". [3][8] Frei
Caneca, José da Natividade Saldanha e João Soares Lisboa (que havia há pouco
retornado de Buenos Aires) eram os intelectuais da rebelião que buscava preservar os
interesses da aristocracia que representavam.[1][3] Apesar do evidente estado de rebelião
que a cidade de Recife se encontrava, Pedro I tentou evitar um conflito que considerava
desnecessário e nomeou um novo presidente para a província, José Carlos Mayrink da
Silva Ferrão. Mayrink era proveniente da província de Minas Gerais, mas era ligado aos
Liberais e poderia atuar como uma entidade neutra para conciliar as duas facções locais.
Entretanto, os Liberais não aceitaram Mayrink, que retornou ao Rio de Janeiro.[3][5][8] Os
rumores de um grande ataque naval português (o Brasil ainda estava em guerra por sua
independência) obrigaram John Taylor a se retirar de Recife.[3][9]
Em 2 de julho de 1824, apenas um dia após a partida de Taylor, Manuel Carvalho Paes
de Andrade aproveitou a oportunidade e proclamação a independência da província de
Pernambuco. Paes de Andrade enviou convites às demais províncias do norte e nordeste
do Brasil para que se unissem a Pernambuco e formassem a Confederação do Equador.
Em tese, o novo Estado republicano seria formado pelas províncias do Grão-Pará (atuais
Amazonas, Roraima, Rondônia e Pará), Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte,
Alagoas, Sergipe, Paraíba, Pernambuco e Bahia. Contudo, nenhuma delas aderiu à
revolta separatista, com a exceção de algumas vilas do sul do Ceará e da Paraíba.[3][7][9][10]
No Ceará a situação tornou-se séria com a deposição do Presidente Pedro José da Costa
Barros que foi substituído pelo confederado Tristão Gonçalves de Alencar Araripe. As
demais cidades e vilas da província não aceitaram o ato e contra-atacaram. Alencar
Araripe partiu para o interior onde tentou derrotar as tropas legalistas e na sua ausência
a capital da província, Fortaleza, reafirmou a sua lealdade ao Império. [11] Em
Pernambuco, Paes de Andrade pode contar somente com a colaboração de Olinda,
enquanto o restante da província não aderiu à revolta. O líder confederado organizou
suas tropas, inclusive alistando a força crianças e velhos, [12] sabendo que o governo
central não tardaria a enviar soldados para atacar os confederados.[8] Pedro I, ao saber do
levante secessionista, falou: "O que estavam a exigir os insultos de Pernambuco?
Certamente um castigo, e um castigo tal que se sirva de exemplo para o futuro".[10]
Paes Barreto arregimentou tropas para debelar a revolta, mas acabou sendo derrotado e
permaneceu no interior da província a espera de reforço.[9] Em 2 de agosto o Imperador
enviou uma divisão naval comandada por Cochrane, composta por uma nau, um brigue,
uma corveta e dois transportes, além de 1.200 soldados liderados pelo Brigadeiro
Francisco de Lima e Silva.[12][13] As tropas desembarcaram em Maceió, capital da
província de Alagoas, de onde partiram em direção a Pernambuco. As forças legalistas
logo se encontraram com Paes Barreto e 400 homens que se uniram à marcha. Ao longo
do caminho, as tropas foram reforçados por milicianos que aumentaram o contingente
para 3.500 soldados.[14][15] A maior parte da população de Pernambuco, que vivia no
interior, incluindo os partidários de Paes Barreto e mesmo os neutros ou indiferentes a
disputas entre as facções, permaneceu fiel a monarquia.[16]
[editar] Pernambuco
Bandeira da Confederação do Equador, com ramo de algodão e cana de açúcar
Mas a corte ignorou o apelo de 8 de janeiro e enviou uma flotilha, comandada pelo
inglês Taylor, para garantir a posse de Pais Barreto. Taylor partiu do Rio em março de
1824, e a 1º de abril convidava Manuel de Carvalho a entregar o poder a Pais Barreto,
sob pena de bloqueio a Recife. A Junta decidiu conservá-lo à frente da província,
enviando delegação ao Rio. Taylor ordenou então o bloqueio do porto. Quando a
delegação chegou ao Rio em maio de 1824, o imperador havia recuado e derrogado por
decreto de 24 de abril de 1824 a nomeação de Pais Barreto.
Estava escolhido para a presidência José Carlos Mairink da Silva Ferrão, mineiro de
nascimento, vindo para Pernambuco em 1808, casado com filha de uma das famílias
abastadas do Recife. Era aceitável para as partes porque se mantivera equidistante nas
lutas. A delegação foi informada ainda que D. Pedro I jamais aceitaria Manuel de
Carvalho Pais de Andrade, detestado pelas medidas contra os portugueses e o comércio
lusitano do Recife.
[editar] Recife
Enquanto isso, em Portugal, a Vilafrancada abolira em 1823 o regime constitucional das
Cortes de Lisboa. Os absolutistas desfecharam sem êxito em abril de 1824 o levante
conhecido por Abrilada, para precipitar a abdicação de D. João VI no seu filho D.
Miguel.
Apoio intelectual lhe vinha de frei Caneca, do poeta Natividade Saldanha. Dirigiu
proclamações aos brasileiros do Norte e enviou emissários para as demais províncias do
Nordeste (então Norte). Conseguiu apoio do Ceará, do Rio Grande do Norte e da
Paraíba. Formou-se assim a Confederação do Equador propriamente dita, que
pretendia organizar um país independente do Brasil — embora essa não fosse a intenção
de muitos dos revoltosos. Desejavam que o Brasil se organizasse de maneira análoga
"às luzes do século", segundo o "sistema americano" e não segundo o exemplo da
"encanecida Europa", com ênfase na federação e não na república - maneira mais
indicada de manter a união dos autonomistas com os republicanos puros.
[editar] Dissidências
Surgiram algumas dissidências internas no movimento, pois ele agregava classes sociais
díspares. A proposta de Pais de Andrade no sentido de libertar os escravos e o exemplo
haitiano (país que recentemente se libertara do domínio francês através de uma revolta
popular) não tranquilizavam as elites, e alguns proprietários de terras passaram a
colaborar com o governo imperial.