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São Mateus situa a sentença num contexto que explica melhor as palavras
do Senhor3. Relata o Evangelista que a multidão, assombrada com tantas
maravilhas, perguntava-se: Porventura não será este o Filho de David? 4 Mas
os fariseus, mesmo diante de tantos prodígios que não podiam negar, não
querem dar o braço a torcer e encontram como saída atribuir ao demónio a
acção divina de Jesus. É tal a dureza de seus corações que, para não ceder,
estão dispostos a tergiversar radicalmente o que é evidente para todos. Por
isso murmuravam: Este não expulsa os demónios senão por virtude de
Belzebu, príncipe dos demónios.
Que grande graça é, pelo contrário, sentirmos o peso das nossas faltas,
fazermos repetidos actos de contrição e desejarmos ardentemente a Confissão
frequente, em que a alma se purifica e se prepara para estar perto de Deus!
“Se não andais abatidos e tristes pelos pecados, ainda não os conheceis –
ensina São João de Ávila –. O pecado pesa: Sicut onus grave gravatae sunt
super me (Sl 37, 5). Oprimem-me como uma carga pesada... O que é o
pecado? Uma dívida insolúvel, uma carga tão insuportável que nem quatro
arrobas pesam tanto”12. E mais adiante acrescenta o mesmo Santo: “Não há
carga tão pesada. Por que não a sentimos? Porque não sentimos a bondade
de Deus”13.
Peçamos com frequência à nossa Mãe Santa Maria, que foi tão dócil à
acção do Espírito Santo, que nos ensine a ter uma consciência muito delicada,
que não nos acostumemos ao peso do pecado e que saibamos reagir com
prontidão ao menor pecado venial deliberado.
(1) Lc 12, 10; (2) cfr. Mc 3, 29; (3) cfr. Mt 12, 32; (4) Mt 12, 13; (5) cfr. São Tomás de
Aquino, Suma teológica, II-II, q. 14, a. 3; (6) João Paulo II, Carta Encíclica Dominum et
vivificantem, 18.05.86, 46; (7) São Josemaría Escrivá, Forja, n. 158; (8) cfr. Concílio Vaticano II,
Constituição Gaudium et spes, 24; (9) João Paulo II, Carta Encíclica Dominum et vivificantem,
47; (10) Santo Agostinho, Comentários aos Salmos, 37, 9; (11) cfr. Santo Agostinho, Sermão
278, 7; (12) São João de Ávila, Sermão 25, para o Domingo XXI depois de Pentecostes,
em Obras completas, vol. II, pág. 354; (13) ibid., pág. 355; (14) cfr. Lc 5, 8-9; (15) Jo 21, 17.