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Coloração de Mapas e Bases de Gröbner

Marcelo Escudeiro Hernandes

1 Coloração de Mapas
O festejado Teorema das Quatro Cores [I] assegura que todo mapa, no
plano ou na esfera, pode ser colorido com quatro cores sem que regiões
com fronteira em comum recebam uma mesma cor. É muito fácil produzir
exemplos de mapas que não podem ser coloridos com três cores e outros que
podem.
Um modo de decidir se três cores são sucientes para colorir um deter-
minado mapa, consiste em analisar o sistema polinomial associado ao mapa
como descrito na modelagem a seguir.
Cada cor é representada por uma raiz cúbica complexa da unidade e cada
região por uma incógnita xi que pode assumir apenas um desses três valores,
ou seja, uma das três cores. Assim, temos x3i − 1 = 0 para cada região.
Para regiões xj e xk , temos 0 = x3j − x3k = (xj − xk )(x2j + xj xk + x2k ). Se
xj e xk são regiões vizinhas, e como regiões vizinhas não podem ter a mesma
cor, então xj 6= xk ;x2j + xj xk + x2k = 0.
ou seja,
Deste modo, um mapa com n regiões pode ser colorido com três cores se,
e somente se, o sistema de equações polinomiais

x3i − 1 = 0; x2j + xj xk + x2k = 0 (1)

onde i = 1, . . . , n e xj , xk representam regiões adjacentes, admite solução.

Exemplo 1. O mapa

x1
x9 x2
x3
x6
x8 x7 x5 x4

pode ser colorido com três cores?


Para responder esta pergunta devemos vericar se o sistema polinomial
(1) com i = 1, . . . , 9 e (j, k) ∈ {(1, 2), (2, 3), (2, 6), (2, 9), (3, 4), (3, 5), (3, 6),
(4, 5), (5, 6), (6, 7), (6, 9), (7, 8), (7, 9), (8, 9)} admite alguma solução.

1
2 Sistemas de equações polinomiais
A resolução de muitos problemas em Matemática recai na resolução de
sistemas de equações polinomiais, o que não é uma tarefa das mais fáceis.
Se o sistema é dado por equações lineares, pode-se, através da eliminação
gaussiana, substituir o sistema por outro equivalente cuja solução é bem mais
fácil. No caso de sistemas polinomiais, há um método análogo que passamos
a descrever.
Denotaremos por P(n) o conjunto dos polinômios com coecientes com-
plexos nas indeterminadas x1 , . . . , xn . Dado um conjunto de polinômios
f1 , . . . , fr em P(n), denimos o ideal gerado por eles como sendo

I = hf1 , . . . , fr i = {h1 f1 + . . . + hr fr ; h1 , . . . , hr ∈ P(n)}.

Um teorema devido ao matemático David Hilbert [II], chamado de Ver-


são Fraca do Teorema dos Zeros diz que o sistema f1 = . . . = fr = 0 admite
solução (complexa) se, e somente se, 1 6∈ hf1 , . . . , fr i. Mas, como vericar se
tal condição é satisfeita?
É muito simples vericar que dois sistemas de equações f1 = . . . = fr = 0
e g1 = . . . = gs = 0, onde fi , gj ∈ P(n) que satisfazem a condição

hf1 , . . . , fr i = hg1 , . . . , gs i, (2)

admitem o mesmo conjunto solução.


Portanto, a estratégia para resolvermos um sistema f1 = . . . = fr = 0
consiste em encontrarmos polinômios g1 , . . . , g s que satisfazem a condição
(2) e com os quais seja possível testar se um determinado f ∈ P(n) pertence
ou não ao ideal hf1 , . . . , fr i e cujo conjunto solução seja mais fácil de calcular
que o do sistema original.
A existência de tal conjunto G = {g1 , . . . , gs } foi descoberta teoricamente
na primeira metade do século passado pelo matemático Wolfgang Gröbner
e, só alguns anos mais tarde, seu aluno Bruno Buchberger criou um algo-
ritmo para calculá-lo. Esses conjuntos são chamados de Bases de Gröbner
e o Algoritmo de Buchberger para calculá-las é uma das ferramentas mais
importantes da computação algébrica.
Se o ideal é da forma I = hf1 i, temos f ∈ I se, e somente se, f = h1 f1 ,
ou seja, f f1 . Analogamente, f ∈ hf1 , . . . , fr i se, e somente se,
é divisível por
f = h1 f1 + . . . + hr fr , o que sugere algo similar à divisão de f por f1 , . . . , fr .
De fato, podemos efetuar a divisão de um polinômio em várias inde-
terminadas por um conjunto nito de polinômios, desde que ordenemos os
monômios de algum modo.

2
3 Bases de Gröbner
Um monômio m de P(n) é um elemento da forma xa11 · · · xann , onde
a1 , . . . , an são números naturais (consideramos 0 como um número natural).
O monômio x01 · · · x0n será denotado por 1. Dentre as inúmeras ordens 
sobre os monômios de P(n), as que satisfazem 1  m e m1 .m  m2 .m
sempre que m1  m2 são as que possibilitam pôr em prática o algoritmo da
divisão.
Um exemplo é a ordem lexicográca ≺Lex , onde xa11 · · · xann ≺Lex xb11 · · · xbnn ,
se existe 1≤i≤n tal que ai < bi e aj = bj para todo j < i.
Fixada uma ordem monomial, o termo correspondente ao maior monômio
de um polinômio f é chamado de termo líder e denotado por tl(f ).
Uma Base de Gröbner do ideal I = hf1 , . . . , fr i com respeito à uma
ordem monomial xada é, por denição, qualquer conjunto G = {g1 , . . . , gs }
de elementos de I tal que o termo líder de qualquer elemento de I é divisível
pelo termo líder de algum elemento de G. Podemos mostrar que qualquer
Base de Gröbner G de I é um conjunto que satisfaz a condição (2).
Portanto, 1 ∈ I se, e somente se, qualquer base de Gröbner de I contém
uma constante não nula, já que 1 ≺ m, para todo monômio m de P(n).
Por exemplo, G = {f1 } é Base de Gröbner para hf1 i, com respeito a
qualquer ordem monomial, enquanto que G = {x+y+z−6, x−y+1, x+y−z}
não é Base de Gröbner para I = hx+y+z−6, x−y+1, x+y−zi com respeito à
ordem lexicográca, uma vez que tl(x+y+z−6−(x−y+1)) = tl(2y+z−7) =
2y não é divisível por x = tl(x + y + z − 6) = tl(x − y + 1) = tl(x + y − z).
Para obter uma Base de Gröbner de um ideal, com respeito a uma ordem
monomial xada, aplica-se o Algoritmo de Buchberger [III]. Encontramos
algoritmos para calcular Bases de Gröbner na maioria dos softwares de com-
putação algébrica.
Uma Base de Gröbner para o ideal I = hx + y + z − 6, x − y + 1, x + y − zi,
com respeito à ordem lexicográca é G = {x + y + z − 6, 2y + z − 7, 2z − 6}.

4 Solução do problema e outras aplicações


O sistema dado no Exemplo 1, por sua natureza, admite no máximo
um número nito de soluções (são nove indeterminadas cada uma podendo
assumir no máximo um de três valores). A questão que se coloca é saber se
o sistema admite alguma solução e, caso armativo, determiná-las.
Após a aplicação do Algoritmo de Buchberger ao sistema do Exemplo 1,
obtemos a seguinte Base de Gröbner G, com respeito à ordem lexicográca:

3
x31 − 1, x22 + x2 x1 + x22 , x23 + x3 x2 − x2 x1 − x21 , x4 + x3 + x2 , x5 − x2 ,
x6 + x3 + x2 , x7 − x2 , x8 + x3 + x2 e x9 − x3 .
Portanto, 1 6∈ I e, consequentemente, o sistema admite solução.
3 2 2
As equações x1 − 1 = 0, x2 + x2 x1 + x2 = 0, x5 − x2 = 0, x7 − x2 = 0 e
x9 − x3 = 0 traduzem os seguintes fatos: podemos utilizar qualquer cor para
x1 ; x2 6= x1 , x2 = x5 = x7 e x3 = x9 .
Como as cores são representadas pelas raízes cúbicas complexas da uni-
dade, a única solução para x4 +x3 +x2 = 0, x6 +x3 +x2 = 0 e x8 +x3 +x2 = 0 é
atribuirmos valores (cores) distintos para x2 , x3 e x4 , e assim, x4 = x6 = x8 .
2 2
Finalmente, 0 = x3 + x3 x2 − x2 x1 − x1 = (x3 + x2 + x1 )(x3 − x1 ) nos dá duas
situações: x3 + x2 + x1 = 0 ou x3 − x1 = 0, ou seja, x1 , x2 e x3 recebem cores
distintas ou x1 = x3 . E assim, nalmente obtemos, a menos de permutação
das cores, todas as possíveis soluções:
x3 + x2 + x1 = 0 x3 − x1 = 0
x1 x1
x9 x2 x9 x2
x3 x3
x6 x6
x8 x7 x5 x4 x8 x7 x5 x4
Bases de Gröbner também podem ser usadas para operar com ideais, im-
plicitar parametrizações de curvas e superfícies, calcular o polinômio mínimo
de números algébricos, vericar teoremas da Geometria Euclidiana, validar
construções com Origamis, resolver Sudoku, etc ([IV], [V] e [VI]).

Referências
[I] http://www.ipv.pt/millenium/Millenium24/12.pdf
[II] http://www.mat.uniroma1.it/people/manetti/dispense/
nullstellen.pdf
[III] https://www.risc.jku.at/people/buchberg/papers/
1970-00-00-A.english.pdf
[IV] Adams, W. and Loustaunau, P., An Introduction to Gröbner Basis,
AMS, Providence RI (1994).

[V] Cox, D; Little, J. and O'Shea, D., Ideals, Varieties and Algo-
rithms, 2nd edition, Springer-Verlag, New York, (1996).
[VI] Hernandes, M. E., Um Primeiro Contato com Bases de Gröbner, 28o .
Colóquio Brasileiro de Matemática, IMPA, Rio de Janeiro, (2011).

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