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Rio de Janeiro
2017
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Rio de Janeiro
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Rio de Janeiro
2017
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Orientador, Prof. Jorge Natal, D. Sc. Poli/UFRJ
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Coordenadora, Profª. Rosane Martins Alves, D. Sc. Poli/UFRJ
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RESUMO
Lista de Figuras
Lista de Gráficos
Sumário
Lista de Figuras.............................................................................................................6
Lista de Gráficos............................................................................................................6
Lista de Abreviaturas e Siglas.......................................................................................6
1. Introdução..................................................................................................................9
1.1 Considerações iniciais sobre o problema .........................................................9
1.1.1 Questão da Moradia e Direito à Cidade ......................................................9
1.2 Objetivo do Trabalho........................................................................................14
1.3 Justificativa ......................................................................................................16
1.4 Metodologia......................................................................................................17
2. Histórico das Ocupações........................................................................................17
2.1 Surgimento dos assentamentos informais no Brasil.......................................18
2.2 Aglomerados Subnormais................................................................................24
3. Regularização Fundiária.........................................................................................26
4. Principais políticas públicas de habitação social no Brasil.....................................27
4.1 Período BNH....................................................................................................27
4.2. Ministério das Cidades e o Programa de Aceleração do Crescimento-PAC..30
4.3 Experiências recentes na cidade do Rio de Janeiro.......................................34
5. Projetos alternativos para a habitação social no Brasil..........................................38
6. Conclusão................................................................................................................41
Bibliografia...................................................................................................................43
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1. Introdução
São mais de oito milhões e meio de quilômetros quadrados de área (DOU, 2016)
para abrigar uma população estimada de cerca de duzentos milhões de pessoas (IBGE,
2017) – Gráfico 01. Além da área disponível para construção, existem cerca de 7,241
milhões de unidades habitacionais não ocupadas e 79% delas em zona urbana (FJP,
2016), fato que, desde o século XIX, já era conhecido por Frederic Engels como realidade
também nas cidades européias. “Uma coisa é certa, porém: já existem conjuntos
habitacionais suficientes nas metrópoles para remediar de imediato, por meio de sua
utilização racional, toda a real “escassez de moradia”” (ENGELS, 1874, p. 56).
excludente e por falta de políticas públicas abrangentes, sendo reflexo das desigualdades
sociais, políticas e econômicas que enfrentamos.
Saber que tipo de cidade queremos é uma questão que não pode ser
dissociada de saber que tipo de vínculos sociais, relacionamentos com a
natureza, estilos de vida, tecnologias e valores estéticos nós desejamos. O
direito à cidade é muito mais que a liberdade individual de ter acesso aos
recursos urbanos: é um direito de mudar a nós mesmos, mudando a
cidade. Além disso, é um direito coletivo, e não individual, já que essa
transformação depende do exercício de um poder coletivo para remodelar
os processos de urbanização. A liberdade de fazer e refazer as nossas
cidades, e a nós mesmos, é, a meu ver, um dos nossos direitos humanos
mais preciosos e ao mesmo tempo mais negligenciados (Harvey, 2013).
1.3 Justificativa
1.4 Metodologia
O Brasil, desde sua colonização, passou por processos de desenvolvimento social muito
agressivos e que monopolizaram a terra nas mãos dos mais ricos, com consequências
até os dias de hoje. No período colonial, os elementos principais que formavam a
dinâmica econômica eram a propriedade rural, monocultura e trabalho escravo. Cultivar
um único gênero de alto valor comercial era lucrativo para os produtores, e a mão-de-obra
escrava intensificava esse lucro (COLACINO, 2015). Deste modo, as grandes
propriedades de terra eram monopolizadas por fazendeiros e empresários do ramo.
A situação geográfica de cidades como Rio de Janeiro e São Paulo – Figura 04,
favoreceu a ligação com as regiões onde se desenvolviam as principais atividades
econômicas no Brasil no século XIX. Todo esse crescimento era um incentivo para a
ocupação do espaço dessas cidades.
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O Rio de Janeiro, como capital do Brasil, tinha um alto poder de atração devido às
perspectivas de melhoria na qualidade de vida, já que sendo a sede administrativa e
política do país, o investimento na cidade seria intenso. Foram desenvolvidas atividades
econômicas comerciais e também fomentada a indústria da construção civil, bem como
obras de urbanismo (PRADO JR, 1970).
Houve a substituição do trabalho escravo pelo assalariado e o desenvolvimento
dos setores secundários e terciários da economia brasileira (VAZ, 1994). Avançaram com
obras de serviços públicos como rede de água e esgoto, transporte, iluminação, etc –
Figuras 05 e 06. A cidade do Rio de Janeiro estava absorvendo as novas mudanças
políticas e econômicas, assim como as consequências de todo esse “progresso”.
[…] Os escravos libertos que não permaneceram nas áreas rurais foram
em busca de sobrevivência nas cidades. Todo este quadro faz com que as
cidades cresçam com um flagrante despreparo em termos de políticas
públicas que atendessem essa população, formando cidades
desordenadas. Portanto, percebe-se que desde o início do processo de
construção das cidades e da sociedade brasileira, houve um descompasso
entre o acesso à moradia e o crescimento populacional (HOLZ, 2008).
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Figura 05: Iluminação à gás na Avenida Central (hoje Avenida Rio Branco) em 1903.
população que se estabelecia nas cidades não conseguia se inserir no novo molde
econômico, segundo Prado Jr. (1970). A área central das cidades se tornou um núcleo
denso e economicamente ativo, o sistema de transporte ainda não havia se desenvolvido
o suficiente para que ocorresse uma expansão das áreas ocupadas para além da região
do centro. A dificuldade de se estabelecer economicamente e de encontrar moradia
próxima à cidade formal e ao trabalho fez com que inúmeras pessoas se deslocassem
para áreas rejeitadas dentro da cidade, como morros, zonas de riscos de desabamento
ou alagamento, áreas de proteção ambiental (Figura 07) e também formassem as
habitações coletivas para aproveitar o mínimo espaço disponível de forma que pudessem
pagar pela moradia (Figura 08).
A favela, hoje, não é mais o lugar de moradia dos pobres. Muito além
disso, ela figura como ícone visual da cidade, quando sua imagem é
consumida não só como símbolo da cidade, mas quando se torna
referência estética nos mais diferentes segmentos, possui a sua
importância econômica reconhecida, é ponto de atração turística e polo de
produção e difusão de cultura e ela própria é produto de consumo cultural.
E, com a finalidade de tentar mapear esse processo é que iremos focar no
processo de transformação de usos dessas áreas que ocorre atualmente
em algumas favelas da cidade (MENDES, 2014).
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3. Regularização Fundiária
I – regularização fundiária;
[…]
Art. 35. Lei municipal, baseada no plano diretor, poderá autorizar o
proprietário de imóvel urbano, privado ou público, a exercer em outro local,
ou alienar, mediante escritura pública, o direito de construir previsto no
plano diretor ou em legislação urbanística dele decorrente, quando o
referido imóvel for considerado necessário para fins de:
[…]
III – servir a programas de regularização fundiária, urbanização de áreas
ocupadas por população de baixa renda e habitação de interesse social.
§ 1o A mesma faculdade poderá ser concedida ao proprietário que
doar ao Poder Público seu imóvel, ou parte dele, para os fins previstos nos
incisos I a III do caput.
§ 2o A lei municipal referida no caput estabelecerá as condições
relativas a aplicação da transferência do direito de construir. (BRASIL,
2002).
Dentre as críticas mais constantes à ação do BNH grande parte delas era
dirigida à produção de conjuntos habitacionais populares fora do tecido
urbano existente e que submetia seus moradores ao sacrifício de viverem
“fora da cidade”, segregados e isolados, contrariando o adequado
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Figura 10: Núcleo Habitacional e de serviços-PAC, Morro do Alemão, Rio de Janeiro, 2009.
O programa tem como proposta a verticalização das habitações (Figura 14), sem
restringir o número de famílias a serem reassentadas, o que poderia interferir
negativamente na vida da população já que significaria a perda da convivência e nas
relações de vizinhança naquela região (GOMES, MOTTA, 2013). A gradiosidade do
programa exigiu que se fizesse um planejamento detalhado das ações e a manutenção
das interferências ao longo do tempo.
dos projetos implantados. O financiamento pelo BNH, por vezes, não atendia a população
de baixa renda, que ficava excluída dos projetos; também existiam problemas com as
fontes de recurso para arcar com os custos dos programas, comprovando que o sistema
de auto-financiamento não era capaz de suprir toda a demanda existente no país; o baixo
retorno dos investimentos devido à inadimplência também dificultou a continuidade dos
programas.
No PAC, houve uma conceitualização mais adequada para as intervenções,
considerando diversos aspectos que antes não foram discutidos, porém, as dificuldades
econômicas e políticas, além de sérias acusações de corrupção interromperam vários
projetos, causando atraso nas obras e gerando insatisfação por parte da população que
seria afetada.
Tendo em vista as grandes dificuldades e a necessidade de promover mudanças,
algumas iniciativas surgiram com o objetivo de suprir parte da demanda habitacional do
país. “Ainda há 5,4 milhões de famílias vivendo em habitações precárias ou coabitadas ”
(Revista Exame, 2013).
6. Conclusão
Bibliografia
______. IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domicílios, 2010. Disponível em:
<https://www.ibge.gov.br>. Acesso em 16 jul. 2017.
HARVEY, D. O direito à cidade. Revista Piauí, São Paulo, ed. 82, jul. 2013.
LEITAO, G., DELECAVE J. O programa Morar Carioca: novos rumos na urbanização das
favelas cariocas? O Social em Questão - Ano XVI - nº 29 , p. 265- 284. 2013.
MARICATO, E. Habitação e cidade. Série Espaço & Debate. 3°ed., São Paulo: Atual
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MIGUEL, C. 5 empresas emergentes que dão uma ajuda na habitação popular. Revista
Exame. PME. 2013. Disponível em: <https://exame.abril.com.br>. Acesso em: 05 ago. 2017.
PRADO JR., Caio. (1970) História Econômica do Brasil. São Paulo, Editora. Brasiliense,
12ª edição.
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edição.
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ROLNIK, R. Direito à moradia. Desafios do Desenvolvimento, Brasília. Ano 06. Ed. 51.
2009.
SMOLKA, Martin O. Para uma reflexão sobre o processo de estruturação interna das
cidades brasileiras: o caso do Rio de Janeiro. Revista Espaço e Debates, n. 21. São
Paulo: Cortez, 1987.