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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 944.872 - RS (2007/0093080-4)

RELATOR : MINISTRO FRANCISCO FALCÃO


RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : BERENICE FERREIRA LAMB E OUTRO(S)
RECORRIDO : MPA RECREAÇÕES E ESPORTES LTDA
ADVOGADO : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS
EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. SOCIEDADE POR QUOTAS


DE RESPONSABILIDADE LIMITADA. CERTIDÃO DO OFICIAL DE JUSTIÇA.
INDÍCIO DE DISSOLUÇÃO IRREGULAR. REDIRECIONAMENTO DA
EXECUÇÃO PARA O SÓCIO-GERENTE. POSSIBILIDADE.
I - Discute-se se a certidão expedida pelo oficial de justiça atestando que a
empresa executada não mais funciona no endereço constante dos assentamentos da junta
comercial presta-se como indício de dissolução irregular da sociedade capaz de ensejar o
redirecionamento do executivo fiscal a seus sócios-gerentes. Trata-se, assim, de discussão
acerca de valoração de prova, ficando afastado o óbice sumular nº 7 deste STJ na
hipótese.
II - Este Superior Tribunal de Justiça já exarou entendimento no sentido de que
"presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixa de funcionar no seu
domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, comercial e tributário,
cabendo a responsabilização do sócio-gerente, o qual pode provar não ter agido
com dolo, culpa, fraude ou excesso de poder, ou ainda, que efetivamente não tenha
ocorrido a dissolução irregular" (REsp nº 841.855/PR, Rel. Min. ELIANA CALMON,
DJ de 30.08.2006).
III - Esta Primeira Turma adotou igual entendimento quando apreciou o REsp nº
738.502/SC, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de 14.11.2005, ressaltando-se para o fato de que
"consta dos autos certidão lavrada por Oficial de Justiça (fl. 47 verso), informando
que, ao comparecer ao local de funcionamento da empresa executada, foi
comunicado de que a mesma encerrara as atividades no local há mais de ano, o que
indica a dissolução irregular da sociedade, a autorizar o redirecionamento da
execução" (sublinhou-se).
IV - De se destacar, ainda, que "...no momento processual em que se busca
apenas o redirecionamento da execução contra os sócios, não há que se exigir
prova inequívoca ou cabal da dissolução irregular da sociedade. Nessa fase, a
presença de indícios de que a empresa encerrou irregularmente suas atividades é
suficiente para determinar o redirecionamento, embora não o seja para a
responsabilização final dos sócios, questão esta que será objeto de discussão
aprofundada nos embargos do devedor. (...) Como bem salientou o Ministro Teori
Albino Zavascki no AgRg no REsp 643.918/PR, DJU de 16.05.06, saber se o
executado é efetivamente devedor ou responsável pela dívida é tema pertencente ao
domínio do direito material, disciplinado, fundamentalmente, no Código Tributário
Nacional (art. 135), devendo ser enfrentado e decidido, se for o caso, pelas vias
cognitivas próprias, especialmente a dos embargos à execução" (REsp nº 868.472/RS,
Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 12.12.2006).
V - Recurso especial provido.

ACÓRDÃO
Documento: 717831 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/10/2007 Página 1 de 4
Superior Tribunal de Justiça

Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas, decide a


Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, dar provimento ao recurso
especial, na forma do relatório e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo
parte integrante do presente julgado. Os Srs. Ministros LUIZ FUX, TEORI ALBINO
ZAVASCKI (Presidente) e DENISE ARRUDA votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente,
ocasionalmente, o Sr. Ministro JOSÉ DELGADO. Custas, como de lei.
Brasília (DF), 04 de setembro de 2007 (data do julgamento).

MINISTRO FRANCISCO FALCÃO


Relator

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RECURSO ESPECIAL Nº 944.872 - RS (2007/0093080-4)

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO FRANCISCO FALCÃO: Trata-se de recurso


especial interposto pela FAZENDA NACIONAL, com esteio no art. 105, III, "a", da CF/88,
contra v. acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região assim ementado:
"AGRAVO LEGAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO.
REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO CONTRA O SÓCIO-GERENTE.
NECESSIDADE DE PROVA DE ATUAÇÃO DOLOSA OU CULPOSA. CTN,
ART. 135, III.
1. A legislação comercial afasta a responsabilidade objetiva
do sócio ou administrador, merecendo interpretação sistemática o art. 135,
III, do CTN, que trata da responsabilidade tributária subsidiária.
2. Para que a execução seja redirecionada contra o
sócio-gerente ou diretor, com fulcro no art. 135, III, do CTN, deve o
exeqüente comprovar que o não-recolhimento do tributo resultou da
atuação dolosa ou culposa destas pessoas, que, com o seu procedimento,
causaram violação à lei, ao contrato ou ao estatuto.
3. Prequestionados os arts. 10, 14 e 16 do Decreto 3.708/19,
artigos 153, 154 e 158 da Lei nº 6404/76, artigos 134, III, 135, III e 191 do
Código Tributário Nacional" (fl. 55).

Opostos embargos de declaração, foram esses acolhidos parcialmente apenas


para fins de prequestionamento (fl. 68).
Sustenta a recorrente, em síntese, afronta ao art. 135, III, do CTN, aduzindo que
houvera no caso dissolução irregular da sociedade, o que fora comprovado pelo oficial de justiça
que não encontrara a empresa funcionando no endereço constante dos registros da junta
comercial, de sorte que plenamente possível o redirecionamento da execução para os
sócios-gerentes da referida companhia.
É o relatório.

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RECURSO ESPECIAL Nº 944.872 - RS (2007/0093080-4)

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO FRANCISCO FALCÃO (RELATOR): Tenho


por satisfeitos os requisitos de admissibilidade recursal, aí se incluindo o do prequestionamento da
matéria controvertida, pelo que conheço do recurso especial, passando, adiante, a apreciar o seu
mérito.
Com relação à suposta ocorrência de dissolução irregular da sociedade, o Tribunal
de origem assim se manifestou:
"Insta salientar que a certidão do Oficial de Justiça de fl. 19
declarando não ter localizado a executada, não é suficiente para que haja
presunção de infração à legislação comercial, haja vista que não há
indícios de atuação dolosa ou culposa, fator este que afasta a
responsabilização por parte do sócio-gerente" (fl. 53).

Verifica-se, assim, que o Colegiado a quo entendeu que a certidão do oficial de


justiça não seria suficiente para comprovar a sugerida dissolução irregular da sociedade, ficando
claro, pois, que a discussão posta ao exame deste STJ refere-se puramente à valoração da prova
apresentada, ficando afastado assim o empeço do verbete sumular nº 7 deste STJ.
Apreciando caso análogo ao presente, este Superior Tribunal de Justiça exarou
entendimento no sentido de que "presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixa
de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, comercial
e tributário, cabendo a responsabilização do sócio-gerente, o qual pode provar não ter
agido com dolo, culpa, fraude ou excesso de poder, ou ainda, que efetivamente não tenha
ocorrido a dissolução irregular" (REsp nº 841.855/PR, Rel. Min. ELIANA CALMON, DJ de
30.08.2006, p. 179.
Esta Primeira Turma esposou o mesmo entendimento quando apreciou o REsp nº
738.502/SC, de relatoria do Em. Ministro LUIZ FUX, DJ de 14.11.2005, ressaltando-se para o
fato de que "consta dos autos certidão lavrada por Oficial de Justiça (fl. 47 verso),
informando que, ao comparecer ao local de funcionamento da empresa executada, foi
comunicado de que a mesma encerrara as atividades no local a mais de ano, o que indica
a dissolução irregular da sociedade, a autorizar o redirecionamento da execução"
(sublinhou-se).
Nesse panorama, tem-se que a certidão emitida pelo oficial de justiça atestando
que a empresa não mais funciona no endereço constante dos assentamentos da junta comercial,
ao contrário do que estampado no acórdão recorrido, presta-se como prova iuris tantum de
dissolução irregular da sociedade, possibilitando, assim, o redirecionamento da execução aos
sócios gerentes.
Transcrevo, por oportuno, as ementas dos julgados antes citados:
Documento: 717831 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/10/2007 Página 4 de 4
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PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO – EXECUÇÃO FISCAL –
DISSOLUÇÃO IRREGULAR – SÓCIO-GERENTE – REDIRECIONAMENTO
– INTERPRETAÇÃO DO ART. 135, INCISO III, DO CTN.
1. É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de que o
simples inadimplemento da obrigação tributária não caracteriza infração à
lei, de modo a ensejar a redirecionamento da execução para a pessoa dos
sócios.
2. Em matéria de responsabilidade dos sócios de sociedade
limitada, é necessário fazer a distinção entre empresa que se dissolve
irregularmente daquela que continua a funcionar.
3. Em se tratando de sociedade que se extingue
irregularmente, impõe-se a responsabilidade tributária do sócio-gerente,
autorizando-se o redirecionamento, cabendo ao sócio-gerente provar não
ter agido com dolo, culpa, fraude ou excesso de poder.
4. A empresa que deixa de funcionar no endereço indicado no
contrato social arquivado na junta comercial, desaparecendo sem deixar
nova direção, é presumivelmente considerada como desativada ou
irregularmente extinta.
5. Imposição da responsabilidade solidária.
6. Recurso especial provido" (REsp nº 841.855/PR, Rel. Min.
ELIANA CALMON, DJ de 30.08.2006, p. 179).

"PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. SOCIEDADE


POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA. DISSOLUÇÃO
IRREGULAR. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO PARA O
SÓCIO-GERENTE. POSSIBILIDADE.
1. É assente na Corte que o redirecionamento da execução
fiscal, e seus consectários legais, para o sócio-gerente da empresa, somente
é cabível quando reste demonstrado que este agiu com excesso de poderes,
infração à lei ou contra o estatuto, ou na hipótese de dissolução irregular
da empresa. Precedentes: REsp n.º 513.912/MG, Rel. Min. Peçanha Martins,
DJ de 01/08/2005; REsp n.º 704.502/RS, Rel. Min. José Delgado, DJ de
02/05/2005; EREsp n.º 422.732/RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ
de 09/05/2005; e AgRg nos EREsp n.º 471.107/MG, deste relator, DJ de
25/10/2004.
2. In casu, consta dos autos certidão lavrada por Oficial de
Justiça (fl. 47 verso), informando que, ao comparecer ao local de
funcionamento da empresa executada, o mesmo foi comunicado de que esta
encerrara as atividades no local a mais de ano, o que indica a dissolução
irregular da sociedade, a autorizar o redirecionamento da execução.
3. Ressalva do ponto de vista no sentido de que a ciência por
parte do sócio-gerente do inadimplemento dos tributos e contribuições,
mercê do recolhimento de lucros e pro labore, caracteriza, inequivocamente,
ato ilícito, porquanto há conhecimento da lesão ao erário público.
4. Recurso especial provido, para determinar o
prosseguimento da ação executória com a inclusão do sócio-gerente em seu
pólo passivo" (REsp nº 738.502/SC, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de 14.11.2005, p.
217).

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Na mesma linha de entendimento, reporto-me a outro julgado da Eg. Segunda
Turma:
"TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. ART. 535, II, DO CPC.
AUSÊNCIA DE OMISSÃO. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL
CONTRA O SÓCIO-GERENTE. INADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO
TRIBUTÁRIA E DISSOLUÇÃO IRREGULAR DA SOCIEDADE.
1. O Tribunal de origem analisou o encerramento irregular da
sociedade e a necessidade de formalização de baixa da pessoa jurídica na
Junta Comercial, entendendo, todavia, que o redirecionamento de execução
contra o sócio demandava que o exeqüente demonstrasse a prática de atos
com excesso de poderes ou com infração de lei. Não há, pois, que se falar
em omissão no aresto.
2. O mero inadimplemento tributário não configura violação
de lei apta a ensejar o redirecionamento da execução fiscal contra os
sócios.
3. A existência de indícios que atestem o provável
encerramento irregular das atividades da empresa autoriza o
redirecionamento do executivo fiscal contra os sócios-gerentes.
4. Constitui obrigação elementar do comerciante a
atualização de seu registro cadastral junto aos órgãos competentes e, se
uma empresa simplesmente fecha o estabelecimento que se encontra
registrado perante a junta comercial, dá azo ao indício de que encerrou
suas atividades de maneira irregular.
5. Recurso especial provido em parte" (REsp nº 868472/RS,
Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 12.12.2006, p. 270).

Do voto proferido por S. Exa. o Sr. Ministro CASTRO MEIRA destaco as bem
ponderadas explicações:
"De fato, constitui obrigação elementar do comerciante a
atualização de seu registro cadastral junto aos órgãos competentes e, se
uma empresa simplesmente fecha o estabelecimento que se encontra
registrado perante a junta comercial, ela dá azo ao indício de que encerrou
suas atividades de maneira irregular.
Não é demais lembrar que, no momento processual em que se
busca apenas o redirecionamento da execução contra os sócios, não há que
se exigir prova inequívoca ou cabal da dissolução irregular da sociedade.
Nessa fase, a presença de indícios de que a empresa encerrou
irregularmente suas atividades é suficiente para determinar o
redirecionamento, embora não o seja para a responsabilização final dos
sócios, questão esta que será objeto de discussão aprofundada nos
embargos do devedor.
Dito de outra forma, havendo indícios da dissolução
irregular, configurados estão os requisitos da legitimação passiva dos
sócios-gerentes para a execução fiscal, não significando a sua inclusão no
pólo passivo da demanda afirmação de certeza a respeito da existência da
responsabilidade tributária, o que será debatido nos competentes embargos
do devedor.

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Como bem salientou o Ministro Teori Albino Zavascki no
AgRg no REsp 643.918/PR, DJU de 16.05.06, saber se o executado é
efetivamente devedor ou responsável pela dívida é tema pertencente ao
domínio do direito material, disciplinado, fundamentalmente, no Código
Tributário Nacional (art. 135), devendo ser enfrentado e decidido, se for o
caso, pelas vias cognitivas próprias, especialmente a dos embargos à
execução".

Ante todo o exposto, DOU PROVIMENTO ao presente recurso especial.


É como voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA TURMA

Número Registro: 2007/0093080-4 REsp 944872 / RS

Números Origem: 200571100023360 200602703105 200604000107672 200604000362453

PAUTA: 28/08/2007 JULGADO: 04/09/2007

Relator
Exmo. Sr. Ministro FRANCISCO FALCÃO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOÃO FRANCISCO SOBRINHO
Secretária
Bela. MARIA DO SOCORRO MELO

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : BERENICE FERREIRA LAMB E OUTRO(S)
RECORRIDO : MPA RECREAÇÕES E ESPORTES LTDA
ADVOGADO : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS

ASSUNTO: Execução Fiscal - Redirecionamento para Sócio Gerente

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Turma, por unanimidade, deu provimento ao recurso especial, nos termos do voto do
Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Luiz Fux, Teori Albino Zavascki e Denise Arruda votaram com o Sr.
Ministro Relator.
Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro José Delgado.
Brasília, 04 de setembro de 2007

MARIA DO SOCORRO MELO


Secretária

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