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All content following this page was uploaded by Mateus Nordi Esperança on 20 October 2016.
INTRODUÇÃO
A maioria dos bioprocessos industriais com microrganismos são realizados de forma aeróbia ou
aeróbia facultativa, sendo o oxigênio essencial no suprimento de energia para o metabolismo celular
nesse tipo de cultivo. Por atuar em processos de reoxidação das coenzimas nas reações de
desidrogenação da glicólise, no ciclo de Krebs e no processo de produção de energia “química”
transformando as moléculas de adenosina difosfato (ADP) em moléculas de adenosina trifosfato
(ATP), a sua presença é fundamental não apenas para o crescimento celular, mas também na síntese de
produtos, transporte, e outras atividades celulares (Schimidell, 2001; Berg et al., 2007).
Esse método de determinação de kLa proposto por (Taguchi e Humphrey, 1966)) parte de uma
análise física na qual tem-se inicialmente a remoção do oxigénio dissolvido da fase líquida, pelo
borbulhamento de algum outro gás no biorreator, como por exemplo o nitrogênio. Posteriormente,
quando a concentração de oxigênio na fase líquida for igual a zero ou praticamente nula, inicia-se a
aeração do meio com uma vazão conhecida de oxigênio gasoso, até a saturação do líquido e a alteração
(aumento) sofrida na concentração de oxigênio líquido é medida, descrevendo a variação da
concentração de oxigênio dissolvido ao longo do tempo, assumindo que kLa permanece constante
(Bandaiphet e Prasertsan, 2006; Cerri, 2009; Patel e Thibault, 2009). Nesta expressão, C é a
concentração de oxigénio dissolvido (OD) na fase líquida e Cs é a solubilidade do oxigénio nessa fase:
𝐶
𝑙𝑛 (𝐶 ) = 𝐾𝐿 𝑎 . 𝑡 (1)
𝑠
O valor de kLa, por conseguinte, pode ser determinada a partir do declive de ln (1-C/CS) por
tempo. Embora essa metodologia seja considerada adequada para o estudo de influências operacionais
sofridas na transferência de oxigênio, deve-se considerar que o atraso no tempo de eletrodo (e), pode
ocasionar em valores não verdadeiros na determinação de transferência de oxigênio, especialmente em
processos que remetem altos valores de e, que pode ser encontrado a partir da leitura do oxigênio
dissolvido no meio. O valor de τe é o tempo necessário para a leitura para atingir 63,2% de saturação.
Porém, nesse tipo de metodologia, a resistência do líquido não é levada em consideração, apenas a
resistência interna do eletrodo, ocasionando em medições menos precisas. No método dinâmico, por
exemplo, utilizar uma equação de primeira ordem por apresentar problemas, devido à dificuldade em
avaliar ke e kLa separadamente.
MATERIAIS E MÉTODOS
Biorreator
Os experimentos foram realizados em biorreator comercial tipo tanque agitado e aerado, TEC-
BIO-FLEX Tecnal, Brasil. O biorreator dispõe de volume total de 7,5 L, utilizando 5,0 L dos mesmos,
com altura do líquido 0,205 m. O sistema dispõe de quatro chicanas opostas diametralmente com
largura de 0,015 m, o diâmetro interno do biorreator é 0,190 m e diâmetro externo 0,217 m. O sistema
foi montado utilizando dois impelidores do tipo turbinas Rushton, com uma distância de 0,045 m entre
um e outro, com seis lâminas. A distância entre o aspersor e o fundo do recipiente é 0,030 m e a
distância do impelidor inferior ao final do eixo 0,010 m.
Fluido
Utilizou-se o eletrodo de oxigênio In Pro® 6800 da Mettler Toledo, com sensor de 12 mm,
provido de membrana de silicone.
Parâmetros operacionais
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como descrito na literatura, a concentração de oxigênio dissolvido no método de enriquecimento
com gases é obtida a partir das equações:
𝑑𝐶𝑒 𝑑𝐶
= 𝐾𝑒 (𝐶 − 𝐶𝑒 ) (2) e = 𝐾𝐿 𝑎 (𝐶𝑠 − 𝐶) (3)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
Ou seja, a inclinação do gráfico de -ln(Cs-C) versus tempo é constante e igual ao kLa. Aplicando
a função exponencial em ambos os lados da Equação 4, temos:
𝐶 −𝐶
− 𝐶 𝑆− 𝐶 = 𝑒 −𝐾𝐿𝑎 (𝑡−𝑡0 ) (5)
0 𝑆
No entanto a resposta do eletrodo de oxigênio refere-se à tensão gerada pelo oxigênio dissolvido,
em termos de pressão. Assim sendo, o oxigênio dissolvido é exposto em função da tensão (ODe) por:
𝐶𝑒
𝑂𝐷𝑒 = . 100% (8)
𝐶𝑆
𝑂𝐷
= 𝐾𝐿 𝑎 (100 − 𝑂𝐷) Com 𝑂𝐷 (0) = 𝑂𝐷0 (10)
𝑑𝑡
Multiplicando a equação acima pelo fator integrante exponencial (kt), tem-se a equação abaixo:
(𝐶 −𝐶 )
𝐶𝑒 = 𝐶𝑒0 e(−𝑘(𝑡−𝑡0 )) + 𝐶𝑠 [1 − 𝑒 (−𝑘(𝑡−𝑡0 )) ] + 𝑘 (𝑘−𝑘𝑙𝑎)
0 𝑠
[𝑒 −𝑘𝑙𝑎(𝑡−𝑡0 ) − 𝑒 −𝑘(𝑡−𝑡0 ) ] (15)
Uma forma de diminuir os erros gerados é a regressão linear da Equação 11, assim:
𝑂𝐷−100
− ln (𝑂𝐷 ) = 𝐾𝐿 𝑎 (𝑡 − 𝑡0 ) (17)
0 −100
Porém, observa-se que em um curto período de tempo, a leitura de oxigênio dissolvido levando
em conta o tempo de atraso do eletrodo de primeira ordem torna-se linear em relação a leitura do
oxigênio dissolvido. Dessa forma, a inclinação da reta obtida é o valor do kLa, que pode ser
equacionando a partir da derivada de primeira ordem abaixo.
𝑑𝑙𝑛 (𝑂𝐷𝑒 −100) 𝑑𝑙𝑛 (𝑂𝐷−100)
− = = 𝐾𝐿 𝑎 (18)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
Resolvendo a equação acima tem-se que a partir de uma certa região, ln (100 − 𝑂𝐷𝑒 ) passa a ser
linear em relação ao tempo. Dessa forma:
𝑑 𝑂𝐷 −100
𝑘𝑒 𝑑𝑡 [1 − (𝑂𝐷𝑜−100) 𝑒 −𝑘𝑙 𝑎 (𝑡−𝑡0 ) ] = 0 (21)
𝑒
Por conseguinte, uma vez que a Equação 20 é igual a Equação 22 (na região linear), pode-se
correlacionar ke e kLa por:
𝐾𝐿 𝑎
𝑘𝑒 = 𝑂𝐷0 −100 −𝑘 𝑎 (𝑡−𝑡 ) (23)
[1− ( )𝑒 𝐿 0 ]
𝑂𝐷𝑒−100
Obtendo assim ke usando a Equação 23 acima.
A fim de identificar uma região adequada do gráfico de -ln (100 − 𝑂𝐷𝑒 ) em função do tempo,
para avaliar o kLa instantâneo. Assim, a Figura 1 abaixo representa a curva de kLa obtido a partir da
Equação 19.
0,10 100
0,08 80
kLa instantâneo (s-1)
(a) (b)
Figura 1 – kLa instantâneo em função do tempo (a) e −ln(100 − 𝑂𝐷𝑒 ) em função do tempo (b)
Como mostrado anteriormente na Figura 1, a região onde a variação de kLa foi a menor, não
variando sistematicamente, sendo o mais constante e com baixo grau de ruído foi selecionada para o
ajuste linear. Depois de usar Equação 18 para estimar kLa, os valores de ke foram determinadas para
cada ponto de dados na região linear, como mostrado na Figura 2. O valor ke foi calculado em cima da
média dos valores de ke instantâneo dentro do intervalo selecionado, obtidos em um processo utilizando
água á 28°C.
0,20
0,18
0,15
ke instantâneo (s-1)
0,13
Faixa
0,10 Escolhida
0,08
0,05
0,03
0,00
0 25 50 75 100 125 150 175 200
Tempo (s)
0,05 0,07
0,045 0,065
0,04 0,06
ke instantâneo (s-1)
kLa instântaneo (s-1)
0,035 0,055
0,03 0,05
0,025 0,045
0,02 0,04
0,015 0,035
0,01 0,03
300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100
Figura 3 – kLa (a) e ke (b) instantâneos em água 28 ºC com aeração 2,5 L.min-1 (■) e 5,0 L.min-1 (●)
Pela Figura 3 observa-se que em menores rotações, como 400 e 500 rpm, os valores de ke são
mais destoantes quando comparados ao de 900 e 1000 rpm. Assim sendo, em processos que é imposta
uma maior rotação aos impelidores, diminui-se a chance de erro causada pelo tempo de atraso de
leitura, reafirmando que o tempo de atraso do eletrodo varia de acordo com a rotação imposta ao
sistema e o aumento na taxa de fluxo de ar leva a uma diminuição na resistência meio líquido,
minimizando o erro de leitura do eletrodo.
Ao contrário do valor superestimado de ke, o resultado que a metodologia antiga retorna de kLa
é um valor abaixo do verdadeiro. Na condição do sistema com água a 28°C, com rotação imposta de
400 rpm e vazão de 2,5 L.min-1, no modelo de cálculo com atraso do eletrodo fixo o valor de kLa
encontrado é 0,0103 s-1 enquanto na nova metodologia, independente da sensibilidade do eletrodo, o
valor para o mesmo processo é 0,0147 s-1. Pois no novo cálculo, atribui-se a incorporação da resistência
do líquido ao valor de ke e não no de kLa.
REFERÊNCIAS
BANDAIPHET, C.; PRASERTSAN, P. Effect of aeration and agitation rates and scale-up on oxygen
transfer coefficient, k(L)a in exopolysaccharide production from Enterobacter cloacae WD7.
Carbohydrate Polymers, v. 66, n. 2, p. 216-228, Oct 27 2006.
CHARLES, M. Fermenter Design and Scale-up. In: (Ed.). Comprehensive Biotechnology 1st Edition
The Principles, Applications and Regulations of Biotechnology in Industry, Agriculture and Medicine.
USA, 1985. p.57-75.
PATEL, N.; THIBAULT, J. Enhanced in situ dynamic method for measuring K(L)a in fermentation
media. Bioch. Eng. J., v. 47, n. 1-3, p. 48-54, Dec 1 2009. ISSN 1369-703X.
TAGUCHI, H.; HUMPHREY, A. Dynamic method of the volumetric oxygen transfer coefficient in
the fermentation systems. Journal of Fermatation Techonology, v. 44, p. 881-889, 1966.