Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Ref. Processo-Crime nº
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
In casu, revertido de nulidade está a peça inicial acusatória visto que, o autor imputa
o crime de calunia a acusada, quando esta supostamente teria imputado ao autor a contravenção
penal de vias de fato.
Ocorre que em analise ao art. 138 do código penal, extraímos que o tipo penal
menciona unicamente crime. Trata-se de tipo penal incriminador, de interpretação restritiva.
Nesse sentido é jurisprudência, senão vejamos:
[...]. REJEIÇÃO DA QUEIXA CRIME. INSURGÊNCIA DA
QUERELANTE. DECISÃO A QUO ESCORREITA. AUSÊNCIA DE
JUSTA CAUSA NÃO APENAS POR FALTA DE SUPORTE
INDICIÁRIO MÍNIMO, COMO AINDA PORQUE O TIPO LEGAL
DA CALÚNIA EXIGE A FALSA IMPUTAÇÃO DE PRÁTICA
CRIMINOSA, NÃO SE ENQUADRANDO A PRÁTICA DE
CONTRAVENÇÃO NESSE CONCEITO. Descreve a inicial que
teria a acusada imputado à autora a prática de perturbação da
tranquilidade alheia, contravenção penal tipificada, conforme a
situação, ou no artigo 42 ou 65, da Lei das Contravencoes Penais. E
como é cediço, contravenção não é crime. Dessa forma, como é
pacífica a orientação jurisprudencial, não se constitui a calúnia nessa
hipótese, podendo haver a difamação. Ademais, a peça acusatória deve
vir lastreada em prova indiciária mínima, produzida na fase policial ou
administrativa, para que se analise a viabilidade da persecução penal.
Mero boletim de ocorrência, feito unilateralmente pela própria
queixosa, sem a oitiva ou declaração de alguma testemunha, ainda que
sintética num termo circunstanciado, não tem o condão de justificar o
recebimento de ação penal. [...] A inexistência da falta da fumaça do
bom direito para a instauração da persecutio criminis in judicio
obriga à rejeição da denúncia", citando numeroso amparo
jurisprudencial como, entre tantos, os julgados insertos na RTJ
170/510-5, JTJ 229/351 e RJTACrimSP 45/333. DECISÃO
MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. (grifo nosso)
(TJ-SC - APL: 03007651920148240015 Canoinhas 0300765-
19.2014.8.24.0015, Relator: Decio Menna Barreto de Araújo Filho,
Data de Julgamento: 07/06/2017, Quinta Turma de Recursos - Joinville)
Assim sendo, requer-se a rejeição da exordial acusatória, vez que a mesma carece
de justa causa, nos termos do art. 395, inciso III do CPP.
FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
Diante de tudo até aqui exposto, em face da não rejeição da queixa preliminarmente,
imperioso é que Vossa Excelência absolva a acusada sumariamente, em face da atipicidade
da conduta que reverte o fato imputado a ela.
Da desclassificação do delito
A ré GLÓRIA PEREZ foi denunciada e está sendo processada como incurso nas
penas do art. 138 do CP, porque imputou a Silvio de Abreu uma contravenção penal, sem que
a ele fosse indicado um crime seja ele de qualquer espécie.
1) O delito imputado a ré é de extrema gravidade, visto que, nada obstante imputou autoria
de fato definido como crime ao autor, à luz das elementares indispensáveis do tipo, quais
sejam, imputa fato definido como crime, ainda a leva a experimentar momentos de
tensão e temor, às vezes, temer pela própria vida;
2) Razão pela qual, o legislador anotou, para os realizadores deste tipo penal, uma pena
significativa;
3) Cumpre realçar, ainda, que o legislador, implicitamente, quando discorreu acerca da pena,
dedicou atenção ao bem jurídico tutelado(a honra), capaz de colocá-lo num patamar de
maior preocupação que o bem vida;
4) De sorte que, desejou o legislador, atendendo aos apelos de seus representados, impor
significativa punição aos autores do crime de calúnia;
5) Registre-se, contudo, que não nos colocamos contrariamente a esta severa punição, uma
vez que já não suporta mais tanto desrespeito, de modo que se deve punir, e com rigor,
aqueles que o praticam;
6) Para se falar em imputar um crime a quem quer que seja, mister se faz a ocorrência de
conduta ativa capaz de conferir a autoria de um crime a alguém;
7) Assim, inegável que, no caso em tela, está não ocorreu, pois a suposta imputação de fato
definido como crime, não se sustenta;
8) Pois bem, afastando-se a imputação, para que se possa condenar a ré, e só para
argumentar, pois não cometeu delito algum, poderia se falar em difamação e nunca em
calúnia, pois este criminaliza alguém ao passo que aquele no muito feri a honra;
CONCLUSÕES
Nestes Termos,
Pede deferimento.
Local, data.
__________________
Advogado/ OAB/UF nº_______