Sunteți pe pagina 1din 6

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DO 1ª

JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DO RIO DE


JANEIRO

Ref. Processo-Crime nº

GLÓRIA PEREZ, qualificado na inicial acusatória nas folhas de ___, vem,


por meio de seus advogados (procuração em anexo), perante Vossa Excelência,
tempestivamente, com fulcro no artigo 396 e 396-A, § 2º do Código de Processo Penal,
apresentar a presente

RESPOSTA À ACUSAÇÃO

A fim de desconstruir as teses apresentadas na inicial acusatória oferecida pelo


Autor, SILVIO DE ABREU, com base nos fatos e fundamentos a seguir expostos:

EXPOSIÇÃO SUMÁRIA DA DEMANDA


Conforme narra a peça inicial acusatória, o autor, o Sr. Silvio de Abreu, oferece queixa
contra a acusada, a Srª. Gloria Perez, por suposto crime de calunia, pois, a acusada teria
supostamente imputado falsamente ao autor, a pratica de vias de fato contra uma camareira da
Empresa Rede Globo de Televisão. O autor, sendo orientado, comunicou o ocorrido a
autoridade policial, que realizou investigação criminal, e posteriormente disponibilizou a peça
informativa para que este oferecesse a presente queixa crime.
Recebida a queixa crime, a acusada foi intimada para, no prazo de 10 dias, apresentar
sua Resposta à Acusação, o que vem fazer, tempestivamente, pelos motivos de fato e direito a
seguir delineados.
PRELIMINAR

Da rejeição da queixa por falta de justa causa


O artigo 395 do Código de Processo Penal preceitua que:
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
I - for manifestamente inepta;
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação
penal;
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (grifo nosso)

In casu, revertido de nulidade está a peça inicial acusatória visto que, o autor imputa
o crime de calunia a acusada, quando esta supostamente teria imputado ao autor a contravenção
penal de vias de fato.
Ocorre que em analise ao art. 138 do código penal, extraímos que o tipo penal
menciona unicamente crime. Trata-se de tipo penal incriminador, de interpretação restritiva.
Nesse sentido é jurisprudência, senão vejamos:
[...]. REJEIÇÃO DA QUEIXA CRIME. INSURGÊNCIA DA
QUERELANTE. DECISÃO A QUO ESCORREITA. AUSÊNCIA DE
JUSTA CAUSA NÃO APENAS POR FALTA DE SUPORTE
INDICIÁRIO MÍNIMO, COMO AINDA PORQUE O TIPO LEGAL
DA CALÚNIA EXIGE A FALSA IMPUTAÇÃO DE PRÁTICA
CRIMINOSA, NÃO SE ENQUADRANDO A PRÁTICA DE
CONTRAVENÇÃO NESSE CONCEITO. Descreve a inicial que
teria a acusada imputado à autora a prática de perturbação da
tranquilidade alheia, contravenção penal tipificada, conforme a
situação, ou no artigo 42 ou 65, da Lei das Contravencoes Penais. E
como é cediço, contravenção não é crime. Dessa forma, como é
pacífica a orientação jurisprudencial, não se constitui a calúnia nessa
hipótese, podendo haver a difamação. Ademais, a peça acusatória deve
vir lastreada em prova indiciária mínima, produzida na fase policial ou
administrativa, para que se analise a viabilidade da persecução penal.
Mero boletim de ocorrência, feito unilateralmente pela própria
queixosa, sem a oitiva ou declaração de alguma testemunha, ainda que
sintética num termo circunstanciado, não tem o condão de justificar o
recebimento de ação penal. [...] A inexistência da falta da fumaça do
bom direito para a instauração da persecutio criminis in judicio
obriga à rejeição da denúncia", citando numeroso amparo
jurisprudencial como, entre tantos, os julgados insertos na RTJ
170/510-5, JTJ 229/351 e RJTACrimSP 45/333. DECISÃO
MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. (grifo nosso)
(TJ-SC - APL: 03007651920148240015 Canoinhas 0300765-
19.2014.8.24.0015, Relator: Decio Menna Barreto de Araújo Filho,
Data de Julgamento: 07/06/2017, Quinta Turma de Recursos - Joinville)
Assim sendo, requer-se a rejeição da exordial acusatória, vez que a mesma carece
de justa causa, nos termos do art. 395, inciso III do CPP.

FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

Da desclassificação do crime de CALÚNIA


A Calúnia consiste em imputar falsamente a alguém a responsabilidade pela prática de
algum fato tipificado como crime, como preceitua o art. 138 do Código Penal, que in verbis:
Art. 138. “Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido
como crime: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.”
A priori, é mister se destacar que a acusada jamais imputou à Silvio de Abreu a
prática de um crime. A imputação feita foi a prática de “vias de fato” contra a camareira da
Rede Globo, ao que pese não ser tipificado como crime pelo ordenamento brasileiro.
Está, pois, clara a conduta praticada pela ré. Objetivamente, a ré imputou a Silvio
de Abreu uma contravenção penal, não um crime seja ele de qualquer espécie.
Cumpre destacar que a contravenção penal tipificada como vias de fato, está
previsto no artigo 21 da lei de contravenções penais, DECRETO-LEI Nº 3.688/1941, que
disciplina:
Art. 21.” Praticar vias de fato contra alguém:
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de cem
mil réis a um conto de réis, se o fato não constitui crime.”
Destarte, houve a notícia de uma contravenção penal, tal como “Vias de fato”. Fica
evidente, portanto, que o fato de não ter havido falsa imputação de fato definido como crime
significa que o réu não praticou crime de calunia,
Nesse sentido, o ilustre doutrinador Guilherme Nucci, em Código Penal
Comentado, comenta: “Não pode haver calúnia ao se atribuir a terceiro, falsamente, a prática
de contravenção, pois o tipo penal menciona unicamente crime. Trata-se de tipo penal
incriminador, de interpretação restritiva.”
E neste diapasão é o entendimento jurisprudência, conforme:
APELAÇÃO CRIMINAL. DIFAMAÇÃO (ART. 139 DO CÓDIGO
PENAL). SENTENÇA DE EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO DO
MÉRITO DA INTERPELAÇÃO. RECURSO DA INTERPELANTE.
PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA QUE PEDE PELO NÃO
CONHECIMENTO DO RECURSO, DIANTE DA
INCOMPETÊNCIA DESTE TRIBUNAL. IMPOSSIBILIDADE.
CONTRAVENÇÃO QUE É DELITO DE MENOR POTENCIAL
OFENSIVO. FEITO JULGADO PELA JUSTIÇA COMUM.
COMPETÊNCIA ACERTADA. ORIENTAÇÃO DO ÓRGÃO
ESPECIAL DESTA CORTE. PREFACIAL AFASTADA. MÉRITO.
DECISÃO A QUO ACERTADA. INTERPELANTE QUE EMENDA
A INTERPELAÇÃO ASSEVERANDO TER SIDO COMETIDO
O CRIME DE CALÚNIA. TIPO LEGAL QUE EXIGE A FALSA
IMPUTAÇÃO DE PRÁTICA CRIMINOSA, NÃO ABARCANDO
A PRÁTICA DE CONTRAVENÇÃO NESSE CONCEITO.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (grifo nosso)
(TJ-SC - APR: 03008449020158240167 Garopaba 0300844-
90.2015.8.24.0167, Relator: Cinthia Beatriz da Silva Bittencourt
Schaefer, Data de Julgamento: 24/08/2017, Primeira Câmara de Direito
Criminal)

Diante de tudo até aqui exposto, em face da não rejeição da queixa preliminarmente,
imperioso é que Vossa Excelência absolva a acusada sumariamente, em face da atipicidade
da conduta que reverte o fato imputado a ela.

Do Mérito, da absolvição sumária


Ao que pese sobre a ré a suposta pratica do crime de Calúnia, fica evidente que a
mesma não se sustenta, em conformidade com os arts.386, III; 415, III do CPP. Desta forma,
há impossibilidade de condenação por ausência de uma das elementares da infração penal.
Analisemos o art. 386, art. 397 e art. 415 do Código de Processo Penal:
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte
dispositiva, desde que reconheça:
III - não constituir o fato infração penal;

Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado,


quando
III - o fato não constituir infração penal;

Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos,


deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando
verificar:
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime;

Como já debatido no tópico anterior, o fato imputado a acusada é atípico, visto a


pratica de contravenção penal não constitui crime de calunia.
Desta maneira, reconhecida a atipicidade da conduta, ou seja, sendo fato não
constitui infração pena reconhecida como crime, deverá o magistrado absolver sumariamente a
acusada, não havendo mais elementos que sustentem a persecução penal.
Obsta entender então, pela absolvição sumaria do réu, diante da insustentabilidade
da acusação, que deve concordar com o art. 397, III do CPP e conceder a imediata absolvição.

Da desclassificação do delito

A ré GLÓRIA PEREZ foi denunciada e está sendo processada como incurso nas
penas do art. 138 do CP, porque imputou a Silvio de Abreu uma contravenção penal, sem que
a ele fosse indicado um crime seja ele de qualquer espécie.
1) O delito imputado a ré é de extrema gravidade, visto que, nada obstante imputou autoria
de fato definido como crime ao autor, à luz das elementares indispensáveis do tipo, quais
sejam, imputa fato definido como crime, ainda a leva a experimentar momentos de
tensão e temor, às vezes, temer pela própria vida;
2) Razão pela qual, o legislador anotou, para os realizadores deste tipo penal, uma pena
significativa;
3) Cumpre realçar, ainda, que o legislador, implicitamente, quando discorreu acerca da pena,
dedicou atenção ao bem jurídico tutelado(a honra), capaz de colocá-lo num patamar de
maior preocupação que o bem vida;
4) De sorte que, desejou o legislador, atendendo aos apelos de seus representados, impor
significativa punição aos autores do crime de calúnia;
5) Registre-se, contudo, que não nos colocamos contrariamente a esta severa punição, uma
vez que já não suporta mais tanto desrespeito, de modo que se deve punir, e com rigor,
aqueles que o praticam;
6) Para se falar em imputar um crime a quem quer que seja, mister se faz a ocorrência de
conduta ativa capaz de conferir a autoria de um crime a alguém;
7) Assim, inegável que, no caso em tela, está não ocorreu, pois a suposta imputação de fato
definido como crime, não se sustenta;
8) Pois bem, afastando-se a imputação, para que se possa condenar a ré, e só para
argumentar, pois não cometeu delito algum, poderia se falar em difamação e nunca em
calúnia, pois este criminaliza alguém ao passo que aquele no muito feri a honra;
CONCLUSÕES

Ante o exposto, postula-se:


(Pormenorização de pleitos)
a) Diante do exposto, requer a absolvição de GLÓRIA PEREZ por não constituir a
imputação infração penal;
b) Requer, que seja rejeitada a queixa crime nos termos do art. 398 do CPP;
c) Requer, também, caso não seja este o entendimento de V. Exa., requer a absolvição
sumária da acusada nos termos dos arts. 386, III; 397, III;415, III do CPP;
d) Requer, ainda, caso não seja acolhida as pretensões apresentadas nos itens anteriores,
que seja, e só por amor aos debates, desclassificado o crime imputado para o do art.
138 do Código Penal, afastando o crime de calúnia;
e) Requer, finalmente, só para argumentar, como última alternativa, que seja a infração
penal subsidiariamente desclassificada para a forma de difamação, nos termos do art.
139 do Código Penal.

Nestes Termos,

Pede deferimento.

Local, data.

__________________
Advogado/ OAB/UF nº_______

ROL DE TESTEMUNHAS (a depender do procedimento e nos moldes do artigo 396-A,


CPP):

ROL DE DOCUMENTOS (Especificar, nos moldes do artigo 396-A, CPP)

S-ar putea să vă placă și