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Hérnias da parede abdômino-pélvica: aspectos tomográficos / D’Ippolito G et al.

Artigo de Revisão

Hérnias da parede abdômino-pélvica:


aspectos tomográficos
Giuseppe D’Ippolito1, George de Queiroz Rosas2, Marcos Alexandre Mota3,
Sandra R. Tsukada Akisue3, Mário de Melo Galvão Filho2

Resumo
Hérnias abdominais constituem problema comum e em alguns casos são de difícil diagnóstico
com base apenas nos dados clínicos, principalmente em pacientes obesos ou submetidos a inter-
venção cirúrgica prévia. A tomografia computadorizada de abdome pode demonstrar a localização
da hérnia abdominal, seu conteúdo e diferenciá-la de outras massas de parede abdominal, como
Descritores: abscessos, tumores e hematomas. A tomografia computadorizada também permite diagnosticar
Parede abdominal; Hérnias; Tomografia
computadorizada; Ressonância magné- complicações como obstrução intestinal, volvo e estrangulamento e sofrimento de alça intestinal.
tica. Este estudo ilustra as apresentações tomográficas dos principais tipos de hérnia abdominal.

) s hérnias abdominais constituem problema comum e em alguns casos de difícil


diagnóstico com base apenas nos dados clínicos. A familiarização com os diversos
tipos de hérnia e os aspectos de imagem que permitem sua diferenciação possibili-
tam ao radiologista uma interpretação precisa e um diagnóstico específico (Fig. 1).
As hérnias abdominais podem ser divididas em hérnias de parede, que consis-
tem em protrusão do conteúdo intracavitário através de um defeito da parede abdo-
minal, e hérnias internas, quando ocorre protrusão de uma víscera através do peri-
tônio ou mesentério para um compartimento na cavidade abdominal[1]. As hérnias
de parede abdominal são as mais freqüentes e ocorrem em aproximadamente 1,5%
da população e ocorrem por fraqueza congênita em determinados pontos da parede
ou no local de incisão cirúrgica prévia[2,3].
A tomografia computadorizada (TC) tem sido o método mais freqüentemente
utilizado para diagnosticar hérnias abdominais, principalmente em pacientes obe-
sos e naqueles com cicatriz cirúrgica, quando o diagnóstico clínico pode ser particu-
larmente difícil[4,5]. A TC tem demonstrado elevada sensibilidade e especificidade
(83% e 67–87%) no diagnóstico das hérnias de parede abdominal, com alta reprodu-
tibilidade[6], principalmente quando se utiliza a técnica helicoidal[7], e mais recente-
mente a técnica “multislice” e a sua soberba capacidade de reconstruções multipla-
Recebido para publicação em 27/4/2005. Aceito,
após revisão, em 25/7/2005.
nares[8]. A eficácia da TC pode ser aprimorada através do uso de cortes finos (meno-
Trabalho realizado na Scopo Diagnóstico, Serviço de res que 5 mm de espessura) e manobras de Valsalva[6]. A TC é particularmente útil
US/TC/RM do Hospital São Luiz, São Paulo, SP.
1
Médico Radiologista Responsável pelo Setor de US/
não somente para diagnosticar e caracterizar a hérnia abdominal mas também as suas
TC/RM do Hospital e Maternidade São Luiz. complicações, como a obstrução intestinal, volvo, estrangulamento e sofrimento de
2
Médicos Radiologistas do Setor de US/TC/RM do
Hospital e Maternidade São Luiz. alças intestinais, e também lesões neoplásicas e inflamatórias concomitantes[4]. Mais
3
Médicos Estagiários do Setor de US/TC/RM do recentemente, a ressonância magnética (RM) também tem demonstrado a sua utilidade
Hospital e Maternidade São Luiz.
Correspondência: Dr. Giuseppe D’Ippolito. Rua Profes-
na avaliação das hérnias de parede abdominal[9].
sor Filadelfo Azevedo, 617, ap. 61, Vila Nova Concei- Apresentamos, neste trabalho, alguns dos principais aspectos tomográficos dos
ção. São Paulo, SP, 04508-011. E-mail: giuseppe_dr
@uol.com.br diversos tipos de hérnia da parede abdominal, pélvica e da região inguinal, com o

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D’Ippolito G et al. / Hérnias da parede abdômino-pélvica: aspectos tomográficos

Fig. 1 – Desenho esquemático das hérnias de parede abdominal. A,


hérnia umbilical; B, hérnia de Spiegel; C, hérnia femoral; D, hérnia
indireta; E, hérnia direta. (Modificado de referência nº 1).

intuito de orientar o seu diagnóstico e das potenciais


complicações associadas.

MATERIAL E MÉTODO

Estudo retrospectivo de 1.600 exames de TC de ab-


dome e pelve, realizados entre janeiro e agosto de 2004
e com indicações variadas, procurando pelos diversos ti-
pos de hérnia abdominal e achados associados ao local
da herniação, trajeto e conteúdo que acompanhava o saco
herniário. Os exames foram realizados com equipamento
helicoidal e protocolo direcionado para doença de base,
usando-se cortes contíguos variando de 5 a 10 mm de
espessura. As imagens foram interpretadas por dois ra-
diologistas do setor do abdome em consenso. Alguns casos
foram complementados com exames de RM.

TIPOS DE HÉRNIAS Fig. 2 – Hérnia inguinal indireta. RM nos planos axial (A), sagital
(B) e coronal (C). O saco herniário contém epíplons (setas).
1 – Região inguinal
A) Hérnias inguinais – São o tipo mais comum e são medial ao cordão espermático (Fig. 2). O saco herniário
subdivididas em indiretas e diretas. pode conter alças intestinais, ovários, bexiga ou ureteres
As hérnias inguinais indiretas são as mais comuns e (Fig. 3). Este tipo de hérnia é responsável por até 15%
ocorrem principalmente em homens e em crianças, são das obstruções intestinais[1]. É importante lembrar que
geralmente congênitas e decorrentes de processo vaginal o saco herniário pode conter doenças concomitantes como
patente; nestes casos, o conteúdo do saco herniário passa apendicite, diverticulite ou tumores intestinais[1].
oblíqua e ínfero-medialmente, no interior do canal ingui- As hérnias inguinais diretas são menos comuns e
nal, em direção à bolsa testicular, posicionado anterior e também ocorrem mais freqüentemente em homens. Nes-

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Fig. 3 – Hérnia inguinal indireta. A TC de pelve mostra saco her- Fig. 4 – Hérnia femoral esquerda em mulher idosa. O saco herniá-
niário dirigindo-se para a bolsa testicular esquerda, contendo alças rio (seta maior) localiza-se anterior aos vasos femorais (seta menor).
intestinais (seta).

tes casos, o saco herniário passa diretamente pela fáscia


transversal, situando-se desta forma atrás do cordão es-
permático, medialmente aos vasos epigástricos inferiores.
Este tipo de hérnia pode ser diferenciada da indireta pelo
fato destas últimas serem mais alongadas, terem curso
oblíquo no canal inguinal e raramente encarcerarem ou
alcançarem a bolsa testicular[10].
B) Hérnia femoral – É bem menos freqüente que as
anteriores e costuma estar localizada abaixo e lateralmente
às hérnias inguinais. É mais comum em mulheres e ge-
ralmente localizada à direita (2:1); nela o ponto de fra-
queza é o canal femoral, localizado entre o ligamento
lacunar e a veia femoral (Fig. 4). Está bastante relaciona-
da a alterações físicas e bioquímicas da gestação[4]. Pela
sua proximidade, pode ser difícil distinguir radiologi- Fig. 5 – Hérnia de Spiegel. A TC mostra saco herniário através da
camente os diversos tipos de hérnia da região inguinal[3]. linha semilunar esquerda contendo alça de cólon descendente (seta).

C) Hérnia obturatória – É um tipo incomum de hér-


nia, mais freqüente em mulheres idosas e que consiste herniário geralmente contém omento e curtos segmen-
na protrusão de conteúdo intra ou extraperitoneal en- tos intestinais (Figs. 5 e 6)[13].
tre os músculos pectíneo e obturador externo, entre os B) Hérnia umbilical – É freqüente em crianças e dez
obturadores externo e interno ou ainda entre os feixes vezes mais freqüente em mulheres. Na hérnia umbilical o
do músculo obturador externo. Freqüentemente cursa local de protrusão é a cicatriz umbilical e no adulto são
com obstruções intestinais recorrentes[11]. sempre hérnias adquiridas, secundárias a fatores como
obesidade, ascite e grandes massas abdominais. Pode en-
2 – Parede abdominal anterior carcerar e causar obstrução intestinal (Figs. 7 e 8 )[4].
A) Hérnia de Spiegel – É um tipo incomum de hér- C) Hérnia incisional – É complicação tardia de la-
nia que ocorre através da linha semilunar, região onde parotomias e responde por cerca de 10% de todas as her-
as aponeuroses dos músculos reto abdominais, transverso nioplastias, podendo levar a obstrução intestinal (Figs. 9
e oblíquos se fundem, em decorrência de uma fraqueza e 10). É mais freqüente em incisões verticais, embora possa
congênita da fáscia transversal. Possui elevada incidên- ocorrer até em orifícios de videolaparoscopia[14]. As hér-
cia de encarceramento, ocorre na mesma proporção em nias parastomais são consideradas um tipo de hérnia
homens e mulheres, pode ser bilateral e associada a ou- incisional (Fig. 11). Cerca de 10% das hérnias incisio-
tras hérnias de parede abdominal e processos inflamató- nais não são detectadas ao exame clínico, sendo útil o uso
rios concomitantes, como apendicite aguda[12]. O saco da TC ou RM para o seu diagnóstico[9].

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Fig. 6 – Hérnia de Spiegel em fossa ilíaca esquerda. A RM do plano Fig. 9 – Hérnia incisional em mesogástrio, paramediana direita,
axial demonstra a solução de continuidade ao nível da aponeurose com interposição parcial de cólon direito/transverso (setas).
dos músculos reto-abdominais transverso e oblíquos (setas), com
saco herniário contendo apenas gordura omental.

Fig. 7 – Hérnia umbilical. A TC demonstra saco herniário contendo Fig. 10 – Hérnia incisional hipogástrica com saco herniário con-
omento (seta). tendo alça de delgado, encarcerada (setas), levando a obstrução
intestinal caracterizada por dilatação de alças de delgado (D) a
montante, com níveis hidroaéreos.

Fig. 8 – Hérnia umbilical. Na TC é possível observar saco herniário Fig. 11 – Hérnia paraestomal, em colostomia em fossa ilíaca esquerda
contendo alças de delgado sem evidência de obstrução ou dilatação com interposição de alças intestinais e epíplon (setas).
a montante (seta maior). Notar hérnia incisional em parede lateral
esquerda (seta menor).

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D) Hérnia ventral – A maioria ocorre através da li- função da sua posição, em: hérnias do triângulo lombar
nha alba, em situação mediana, e pode ser classificada superior e inferior (Fig. 13)[15].
em epigástrica (acima do umbigo) e hipogástrica. O saco A) Hérnia do espaço lombar superior ou triângulo
herniário contém geralmente omento, epíplon ou alças de Grynfeltt-Lesgaft, formado pelo bordo da 12ª costela,
intestinais que podem estar encarceradas ou estrangula- músculo oblíquo interno e eretor da coluna (Fig. 14)[16].
das (Fig. 12)[3]. B) Hérnia do espaço lombar inferior ou triângulo
de Petit, formado pela crista ilíaca, oblíquo externo e
3 – Região lombar grande dorsal (Fig. 15)[17].
São hérnias raras, mais freqüentes no espaço lom- Dentre os achados relacionados às complicações dos
bar superior, e podem conter alças intestinais, gordura diversos tipos de hérnia encontramos espessamento da
retroperitoneal, rins ou outras vísceras. Podem ser es- parede das alças herniadas, bem como densificação dos
pontâneas ou decorrentes de trauma, são mais freqüen- planos adiposos adjacentes, indicando comprometimento
tes do lado esquerdo e em homens. Podem levar a encar- do aporte sanguíneo. Ar livre adjacente pode indicar
ceramento e estrangulamento de alça intestinal em 25% perfuração da alça. Sinais de dilatação de alças intesti-
e 10% dos casos, respectivamente. São classificadas, em nais, com nível de líquido a montante do local da hérnia

Fig. 12 – Hérnia ventral


hipogástrica volumosa,
com saco herniário con-
tendo alças intestinais (se-
tas) e promovendo obs-
trução a montante com
dilatação de alças de del-
gado (D).

Fig. 13 – Imagem de RM do abdome, ponderada em T1, no plano Fig. 14 – Hérnia lombar superior (hérnia de Grynfeltt-Lesgaft) com
coronal, demonstrando a distribuição dos triângulos lombares su- interposição de alças de intestino delgado (seta).
perior (**) e inferior (*) delimitados lateralmente e anteriormente
pelo músculo oblíquo interno (cabeça de seta) e músculo oblíquo
externo (seta), respectivamente.

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tualmente a RM, para diagnosticá-las com precisão, bem


como as suas principais complicações.
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