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Ler Portugal no Século XIX: Almeida Garrett, Alexandre
Herculano, Camilo Castelo Branco e Eça de Queirós.
1. Introdução
2. Almeida Garret
É nesse panorama que Almeida Garret vai se destacar
como o autor que apresenta obras cujo tema é a discussão acerca
da identidade da nação portuguesa e da busca dessa identidade na
análise dum passado tido glorioso e do entendimento das causas
da perda dessa grandiosidade.
Assim é que costuma-se destacar duas obras, o drama em
três atos, Frei Luís de Sousa e o romance Viagens na Minha
Terra.
No primeiro, o passado de Portugal parece ser uma
espécie de fantasma que a todo momento ameaça ruir a frágil
estrutura do presente, principalmente na figura de Dom João de
Portugal. O mito sebastianista também vai sendo apresentado na
obra, na contextualização dos momentos posteriores à batalha
Alcácer Qibir e na eminência do domínio espanhol.
O casamento em segundas núpcias de Madalena e Manuel
Coutinho, e a filha do casal, Maria de Noronha, constroem assim
Revista Diálogos – N.° 12 – Set. / Out. - 2014 57
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uma família cuja base está no desaparecimento de D. João de
Portugal. Este, análogo ao mito sebastianista, retornará para
ocupar o seu lugar, fazendo com que os amantes resolvam adotar
o hábito religioso como forma de expiação e a filha que morre
diante da situação trágica de destruição de sua família. Espécie de
metáfora de um Portugal que ao tempo de Almeida Garrett parece
desacreditar na possibilidade de recuperação de seu passado.
Em Viagens na Minha Terra, romance cuja estrutura de
capítulos e a forma como se conecta a parte ficcional com a
narrativa romanceada da viagem executada por Garrett e amigos
de Lisboa ao interior de Portugal, passando por monumentos e
paisagens históricas de Portugal, dão à obra um aspecto de
romance de invenção, de experimentalismo.
O drama inserido – a parte ficcional, digamos assim – gira
em torno do romance de Joaninha e Carlos. Essa espécie de bom
vivant e conquistador, que se vê dividido entre o amor de
Joaninha, os amores ingleses e a luta na revolução portuguesa
(1828-1834), tendo como causa a disputa da coroa portuguesa
entre os dois filhos de Dom João VI, Dom Pedro (I do Brasil e IV
de Portugal) e Dom Miguel, que culminou com o regresso de
Dona Maria II ao trono – conforme era a intenção dos liberais de
Pedro IV, e o exílio de Miguel na Alemanha. O auxílio dos
ingleses foi fundamental para a vitória de Pedro.
2. 2. Do Volume II:
Referências