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DO POETA
Livros publicados
de MURILLO ARAUJO
EM VERSOS:
A Galera
Carrilhões
Árias de Muito Longe
A Cidade de Ouro
A Iluminação da Vida
As Sete Cores do Céu
A Estrela Azul
A Escadaria Acesa
O Palhacinho Quebrado
A Luz Perdida
O Candelabro Eterno
Poemas Completos (em três volumes)
Ronda de Natal
Meus Poemas Diletos (Antologia)
EM PROSA:
A ARTE
DO POETA
4• EDIÇÃO
I9 7 3
íNDICE
PRóLOGO 9
I. POESIA COMO CONCEITO 11
2. POESIA COMO FORMA 13
3. OS TR!S ESTADOS DO POETA 14
4. FORMAÇÃO DO VERSO 16
Número e harmonia 16
Sons fortes e fracos 18
Unidade 19
5. ELEMENTOS DO RITMO 20
Tempos e sua divisão 20
Versos elementares e versos compostos 21
Valor da pausa e do meio-tempo 23
6. PRINCIPAIS VERSOS COMPOSTOS 26
7. TERMINAÇÃO DOS VERSOS 37
Agudos, graves, esdrúxulos "
NECESSIDADE DA POESIA
9
perfeita, que permite exprimir integralmente a
alma, por um balbucio improvisado e ineficaz;
alguém que perdeu a força e o arrojo nos cantos
para tornar-se frouxo e céptico e cínico a tal ponto
que sua Musa o abandonou.
Eis por que enlanguece a Poesia - essa Poesia
que é não só a alma essencial de toda a arte como
o próprio espírito da Vida.
Sem ela, sem sua luz de sentimento e criação,
não passaríamos de uns macacos barbarescos.
E é maior seu destino nos momentos como
estes, conturbados e trágicos. Porque sua voz é o
clarim do heroísmo, a sanfonina da pureza alegre,
o harmônio do sonho alto que nos eleva para o
eterno e para Deus. Ela não aconselharia jamais a
trapaça, a falsidade, a exploração, a usura, os pre
conceitos raciais, a tirania, a tortura, o imperia
lismo ou a guerra . . Seu verbo exaltou sempre o
que há de puro e iluminado no mundo - a in
fância, o amor, o sacrifício, a coragem, a união,
a paz, o bem.
A terra atormentada precisa de poesia. Temos
o dever de não deixar morrer essa força de reden
ção. Não corn criptogramas sonâmbulos, mais es
téreis do que os solilóquios simbolistas. Não com
pilheriazinhas secas, 1·imadas ou não, mas sutis e
intelectuais tanto quanto canalhas . Mas com a
palavra que nasce do coração fraterno e ressoa ca
lorosa de humanidade e de compreensão pela vida,
sua beleza e sua angústia.
10
I.
11
vidro colorido e vê nele um tesouro das índias.
Sua emotividade puríssima facilmente se alvoroça.
Pois bem. " Quem não for como esses pequeninos
não entrará no Reino dos Céus" da poesia.
A criança, todavia , se tem o conceito poético
genuíno, não possui elementos para a sua expres
são integral. Sua alma balbucia mas não fala ainda
o idioma das artes. É bem difícil para ela esse idio
ma que murmura em música.
12
2.
13
3.
14
de murta. Essa concordância de elementos não
significará monotonia. "A variedade na unidade"
é a norma de todas as cousas que vivem. E é a do
poema também.
Por essa formação instintiva, a atividade do
poeta tem de ser espontânea. Ou é fácil ou é im
possível. Sem a legítima emoção não se alcança a
perfeita expressão. Quem estiver em estado de
Graça, e só esse, fará o miagre; e o perpetuará na
forma absoluta.
Como a arte, entretanto, é linguagem, o do
mínio do idioma artístico, dos recursos que lhe
são próprios , deve ser completo e integral como o
de qualquer outro idioma.
Devemos compor como falamos, sem esforço,
dormindo até. E, para isso, é necessário que o ar
tista possua perfeitamente uma técn·ica, que lhe
permita exteriorizar plenamente o que imagina.
É necessário que conheça tudo que seja a teo
ria de sua arte.
15
4.
FO RMAÇÃO D O VERSO
NúMERO E HARMONIA
16
em que se encontrem formando sons) desde que se
p ronunciem simultaneamente:
Assim enquanto o gramático marca oito síla
bas na expressão
Na Jve J os Jci Jlan Jte J aJlém
1 2 3 4 5 6 7 8
1 2 3 4 5 6
seguinte princípio:
A s vogais próximas fundem-se num som quan
do emitidas ao mesmo tempo ou ainda quase ao
mesmo tempo:
An Jsie Jda Jde
1 2 3
Na expressão oJde_jJâmJbi(ca fazem elisão o
e e o i; mas o ã pronuncia-se destacadamente, per
tencendo a outro som .
Também há fusões no meio das palavras:
In Jquie Jtu J de
...__,
17
"Se a segunda casasse eu mesmo iriJa à iJgreja"
"Jesus expiJra o huJmilde e grande obreiro"
"EsJta é aJ ditosa pátria minha amada"
A fusão pode ser feita com a omissão de uma
das vogais na pronúncia, exemplo moJte inJgênuo
(motigenu) ou com a pronúncia de todos:
BeJbo àJ Vida!
,____.
19
5.
ELEMENTOS DO RITMO
- - lágrima, trêmula
- .._., .,_.. - .._., .._.,
20
Marcados { :: _
amor, voraz
.__,..- .._,-
infeliz, ascensão
VERSOS ELEMENTARES E
VERSOS COMPOSTOS
21
grave,
I
forte
I
ave
I
sempre,
I
suave
I
Morte ! "
I
23
Não têm sido, porém, contadas até hoje as
pausas nos metros clássicos que serão estudados
adiante.
Os versos de um único som contêm quase
sempre, implicitamente, uma pausa anterior. Ei-la
representada pelo sinal de reticência ( . ) neste
.
exemplo:
"Que fazer para ser como os felizes?
(. - Ama!"
ou
cas!ca!te!ar Ido llular
No primeiro caso teríamos um verso cheio.
No segundo teríamos um verso frouxo pela
presença de dois hiatos: teiar e luiar.
Tendo-se em mente a analogia existente entr(3
o processo musical e o poético é aconselhável, sem
pre que houver um hiato num verso, contrabalan-
24
çá-lo com um som bem cheio, ou vice-versa. Ê o
que fazem os bons poetas guiados pelo ouvido e o
instinto:
" Oh / por / que / vos / não ou/vi / quan / do a / in / da e]
ra crian / ça?"
25
6.
Compõem-se:
De dois versos de dois sons em tempo mar·
cada:
E quan l do a aurora
2 2
aflo l ra mansa,
vão lo l go embora,
vão lo I go em dança,
na som Ibra mansa.
Ou, em tempo atenuado) de um verso de um
som eum de três:
Lu l a de cêra,
1 3
pá I lida morta.
26
Ambas as formas desse metro poderão mistu
rar-se na mesma estrofe, o que, longe de prejudi
car o ritmo, lhe dará graça e variedade:
Compõem-se:
De um verso de dois e outro de três sons:
As onjdas noturnas
2 3
ao ven Ito do norte
babujjam nas furnas
uivanjdo de morte
Formam-se:
a) de três versos de dois sons:
Sei que JperiJgo é o meu,
2 2 2
ComiJgo há a dor Jque eu urdo,
Meu iJnimiJgo surdo
Fui eu, lsou eu, Jsou eu, Jpois eu.
b) de dois versos de três sons, de andamento
mais rápido:
Porque estruJgem dobrados
3 3
Com clarins Je tambores?
Porque paJssam soldados
e nas arJmas têm flores?!
28
VERSOS DE SETE (7) SONS OU REDONDILHA MAIOR
Compõem-se:
De um verso de três sons e dois versos de dois
sons, em ordem que pode variar na estrofe:
Can J ta o ria J cho dormindo,
canta o ma J to, can J ta o mar.
3 2 2
E os as I tros com o can J to lindo
2 3 2
chega J ram pa l ra dançar.
2 2 3
Formam-se:
De dois versos de quatro sons, com uma tô
nica obrigatória no quarto:
E indagarei: J minha alegria
4 4
para onde foi J na noite fria?
que sege de as J tros a levou?
29
Pois só verei, Jna sala acesa,
a Morte, a úlJtima princesa,
que inda bailanJdo me esperou!
Existem:
a) de tempo marcado e rápido, formados de
três versos de três sons:
Ao compaJsso dos paJssos que damos
3 3 3
desbravan Jdo este virJgem torrão,
tombarão Jfrutos de ouJro dos ramos
e tesouJros do pó Jsurgirãoo
30
h) de tempo atenuado} mais lento} resolven
do-se em dois versos de quatro sons, o primeiro
dos quais com a terminação grave que não se elide
com o primeiro som do segundo:
"Pobres de poj bres jsão pobrezinhos.
4 4
almas sem lajres javes sem ninhos.
4 4
Formam-se:
a) de um de seis e um de quatro sons que
se resolvem:
1) em três de dois + dois de dois sons:
jA flôr jda paz jcomo ujjma estrêjla rara.
2 2 2 2 2
2) em dois de três + dois de dois sons:
. como a lâmjpada de oujjro da jlegenda!
3 3 2 2
31
3) em um de um som + um de três + três
de dois:
Somjbra, e na somjbra eu penjjso em desjcalabros ...
I 3 2 2 2
33
"Intensamenllte, imensamenllte, eternamente"
4 4 4
34
VERSOS DE TREZE (13) SONS
36
7.
37
Aí o sexto verso é esdrúxulo; 5 .0 e o décimo
primeiro são agudos; e os demais são graves.
Os versos agudos prestam-se mais para a ter
minação das cadências; e não é muito recomendá
vel que precedam aos graves em extrofes termina
das com esses. Quanto aos esdrúxulos, a sua vibra
ção prolongada cabe admiravelmente na expres
são de sentimentos de êxtase, majestosos, solenes:
"Sumiu-se o sol esplêndido
nas vagas rumorosas.
Em trevas o crepúsculo
foi desfolhando as rosas .
38
Esses versos, empregados outrora frequente
mente em longas composições, sujeitas à mesma
medida, tornavam-se enfadonhos pela monotonia,
quando não fossem manejados com estro excep
cional.
São precisos vocábulos de força e sonoridade
invulgares para que supram, nessas longas cadên
sias, a ausência das rimas. Raramente essa mestria
é obtida, como ocorre em alguns poemas de Fa
gundes Varela, um mestre no gênero:
"Por toda parte onde arrastei meu manto
deixei um sulco fundo de agonias.
39
A citação que se segue apresenta um exemplo
de rima aguda :
"E vendo o rosto sem par
que fazer, amor? amar"
-
40
8.
41
A poesia simbolista empregou com admirável
efeito as rimas em ão, que faziam horror aos ve
lhos parnasianos pela sua facilidade. E quantas
vezes essa rima desprezada não se impõe, necessa
riamente, como recurso imitativo ou sonoro, som
de bordão na sinfonia verbal!
Abandne-se o velho conceito da boa rima,
comum nos tratados de métrica, que tomam gran
demente em consideração a categoria gramatical
das palavras rimadas ou sua frequência na língua!
Para a estética dos nossos dias, ótimas serão as ri
mas que apresentem estas três características:
invulgaridade
naturalidade
sonoridade (•)
42
9.
43
Tercetos :
Quadras :
44
Quinti lhas:
a c
b d
a ou c
a d
b c
Sextilhas:
45
a d g
a e h
b d g
c e g
c d g
b e h
b
b
c
d
d
d
c
Oitavas :
A oitava clássica :
46
cale-se de Alexandre e de Trajano
a fama das vitórias que tiveram;
que eu canto o peito ilustre Lusitano
a quem Netuno e Marte obedeceram:
cesse tudo o que a Musa antigua canta;
que outro valor mais alto se alevanta."
A oitava romântica:
ou ainda:
47
Estrofes de nove versos:
Décimas:
GÊNEROS POÉTICOS
49
Assim, se na poesia ep1ca domina o caráter
objetivo, a lírica é marcada pelo caráter subje
tivo.
A primeira se debruça sobre o mundo e os
outros homens, para narrar um passado heróico;
a segunda volve os olhos para o mundo interior
do próprio poeta e procura expressar suas mágoas
íntimas e seus sonhos.
O gênero lírico, como o denota o próprio no
me, é o das formas de poesia cantáveis. E nele estão
compreendidos os cânticos) que podem ser: emoti
vos (canções); heróicos (hinos) ou místicos (salmos).
Incluem-se ainda no seu âmbito: a ode) o ma
drigalJ a elegia) e nêniaJ o epicédioJ o epitáfio) o
idílioJ o rondá) o vilanceteJ a balada) o epitalâmioJ
o canto natalício) o trioléJ o soneto) o acrósticoJ a
glosa) e a xácara.
Essas formas poéticas estão hoje quase que in
teiramente abandonadas, exceção feita do soneto,
que continua a ter grandes e numerosos cultores.
50
11.
G:f:.NEROS CLÁSSICOS
51
Dentre as composições mencionadas estão, po
rém, sujeitas a certas regras, pelo menos na arte
clássica ,estas outras:
Rondó : Não tem propriamnete na poética
do Brasil e Portugal uma forma rigorosamente
fixa; mas é obrigado à repetição de certos versos
de tempos a tempos:
"Sôbre as ondas oscila o batel docemente .
Sopra o vento a gemer ... Treme enfunada a vela...
Na água clara do mar passam tremulamente
Áureos traços de luz, brilhando esparsos nela.
52
e1 adas etra
e1 ei to 1nco
adas ei to InCO
adas etra
adas etra
ei e1
ei ei
53
Os destinos inumanos
desde então me fazem guerra.
os destinos inumanos
me maltratam desde então.
Fazem hoje vinte anos
que deixei o Maranhão . "
O poeta, Artur Azevedo, evitou na estrofe
acima a elisão, que seria de regra, do e mudo e
do a seguinte na expressão vinte anos) obrigando
nos à pronúncia vintí anos) que, além de mais na
tural e brasileira, se alonga expressivamente, com
o próprio sentimento da duração do tempo.
Soneto : é um pequeno poema de quatro es
trofes: duas quadras e dois tercetos. Presta-se per
feitamente para as breves impressões, os conceitos
sintéticos, os pequenos quadros, correspondendo
em nossa lírica à tanka dos poetas orientais.
Eis algumas disposições de rimas usadas nos
sonetos:
Ia Ia edos ISCOS
ava ava ISCOS edos
ava ava eos lSCOS
Ia Ia
Ou então:
inha inha ando orta
entes entes ala ala
inha inha ando orta
entes entes
54
Ou ainda:
ala ega oso ei to
55
É a minha· estrela? Ah! morra solitária,
se é luminosa, vespertina e vária
como o meu sonho e a minha vaga sina!
56
petição as vezes de um ou mais versos. O gênero
é ingênuo e agradável, desde que o poeta consiga
evitar, por uma grande plasticidade de inflexões,
a monotonia, que é o seu maior perigo. Ao velho
rimanceJ de origem moçárabe, não falta gracioso
pinturesco e um evocativo eco de vozes antigas .
57
12.
A CESURA
De quatro sons:
"O ven l to brando
passou 1 brincando"
De cinco sons :
"Nos ma l res de prata
despon I ta o 1uar"
58
De seis sons:
"Rompe o sol [na colina
alegran[do a campina''
Redondilha maior:
Una[mos as mãos [em ronda
cantan[do à luz [do luar.
De o ito sons:
"Meu Deus, meu Deus! [Como é que pode
Caber tanto ó[dio em tanto amor?!
De nove sons:
"Esta noi[te era a lu[a já morta.
Anhangá [me veda[va sonhar."
De dez sons:
"Repousa lá no céu [eternamente
e viva eu cá na ter[ra sempre triste."
Ou ainda:
"Para servir-[te braço às ar[mas feito,
para cantar-[te mente às mu[sas dada"
De onze sons:
"Estorcem-se os leJques dos gran[des palmares
volteiam, rebraJmam, doudeJjam no chão"
59
Ou
A canção e o bei[jo como irmãos florindo
na luxúria bran[ca das estrelas mortas . . .
De doze sons:
"E a lágrima celesJte, ingênua e luminosa
Olhou, sorriu, tremeu Je quedou silenciosa"
Ou ainda:
"Vamos marchar, [vamos lutar, [vamos viver
À luz do amor, [à luz do amor, [à luz do amor!"
60
1 3.
rOEMA POLIMÉTRICO
61
Mário Pederneiras usou o verso polimétrico
em busca de maior naturalidade, apenas, como o
fizera La Fontaine.
Facilita ainda excelentemente todos os efeitos
musicais. Para esse fim, é claro, desde que aplica
do com os recursos de uma técnica exata.
Com as vozes nasais conseguem-se ressonân-
cias de cordas :
São vãos soluços lúgubres no esconso
do Outro Mundo?
São de-profund is fúnebres que plangem?
(Oh o responso
em tom fundo .
e os defuntos
que rangem,
num longo violoncelo, os ossos desconjuntas ! )
62
com o malafo da moamba,
dando bumba no ribombo
do urucungo e do ganzá!
N egro -
ca no congo, cai no congo
dos mirongas ao muganga,
todo o bando nesse jongo .
roda, negro roda a tanga,
chora banzo no gongá.
63
1 4.
64
fônico, da pena dos poetas verdadeiros, que co
nhecem de instinto os valores de sua arte ; que
lançam mão deles sem esforço; que os aj usta plas
ticamente ao corpo de suas idéias. Um poeta gi
gantesco, Whitman, nos dá a medida da beleza
dessa arte.
Eis um fragmento de um desses cantos ma··
gistrais, "A Locomotiva", numa tradução apro
ximada :
Oh Beleza feroz!
Roda através de um canto, ao pleno ardor da tua música selvagem!
Com teu claro fanal que treme pela sombra;
Com a gargalhada de teus silvos loucos, que retumbam nos vales e
65
Aqui está para exemplo um fragmento com
a sua indicação musical :
Etttí f P si C
v1e - ne o - ro-'y
EU I r f !=! �
hie - rro el cor - te - jo de los pa-la- dl- nes
66
15.
67
ser necessária, e até insubstituível, para a expres
são de sentimentos brutais.
Observemos como a dureza dos tt finais se
aj usta bem à expressão das costas selvagens, no pe
ríodo de Herculano :
68
"Vozes veladas, veludosas vozes,
volúpias dos violões, vozes veladas
vagam nos velhos vórtices velozes
dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas .
69
A letra u� surda e fechada, é melancólica : se
pulcro.
Quanto às consoantes :
As dentais, marteladas prestam-se a idéias in
cisivas : bater, bradar, desbragadamente ;
As labiais, letras macias, prestam-se às expres
sões de ternura : mãe, meigo, amor, bem;
As líquidas sugerem idéias de enovelamento :
charola, enrolar.
70
Não é, pois, muito aconselhável o emprego
do chamado "enjambement", efeito que, absorven
do a rima, faz com que o repouso desta venha a
recair em palavra no meio do verso seguinte. Esse
recurso é útil apenas no verso dramático onde im
prime mais naturalidade às réplicas.
71
lavras como aloendro e o leandro cujos sons pare
cem inversos :
72
16.
O ID IOMA DO RITMO
73
Examine-se um bom poema :
74
pouco e pouco, força; no quinto e sexto segue em
andamento normal; no sétimo apressa ainda a mar
cha e apita com a rima final aguda : corrida; e se
esvai enfim num rumor marcado, com o troc-troc
dos truques : "ao ruidoso rumor de seus carros
de morte."
O ritmo sincopado traduz com justeza o es-
trépito de uma dança ainda bárbara :
As pretas rodando os tundás se arredondam
em cateretês .
Os pretos -
são doidos Sacis Pererês.
75
1 7.
ANDAMENTO POÉTICO
76
Não faltam ainda os que se seguem em tempo
de marcha :
Monsieur Duclerc avançando à frente, d e ares chibantes,
já move, airoso, o bastão bonito de marechal.
Gorjeios. Flores.
Nos céus o arco-íris
brilha triunfal.
77
18.
78
Hoje como ontem a arte busca a impressão
sugestiva e não a estrita verdade ; e hoj e como
ontem a plástica não repete a natureza servilmen
te, mas a estiliza.
Há, porém um elemento de distinção entre o
simbolismo e as tendências mais novas - um ele
mento de extensão - é a síntese. As expressões
novas são muito mais sumárias - no poema ou
na música como na estatuária ou arquitetura.
Para a compreensão do modernismo artístico,
deveremos notar antes de tudo que o realismo nas
artes não passou de uma palavra. Em todos os
tempos, e mais e mais sempre, o artista é um cria
dor de realidades novas, ainda quando pareçam
nascidas das realidades do mundo.
Foi assim ontem e é hoj e. Quem dirá que
não é uma estilização, e bem audaz , o desenho
antropomórfico de uma urna selvagem? E porque
os leões dos relevos assírios têm as jubas em cara
coizinhos frisados como as barbas dos ferozes guer
reiros do tempo? N inguém há de crer que eles,
como os leões da moda) freqüentassem os salões
dos cabeleireiros. Deu-lhes tal aspeto a visão pes
soal de um artista.
Ora os poetas também estilizam ou deformam
a natureza com o seu poder de expressão. Visio
nam as causas do mundo e dão-lhes outro sentido,
um sentido mais vivo e um interesse maior, atra
vês de vivas imagens . E não só os de hoje; os de
ontem como os de todos os tempos.
79
Não é grandioso comparar, por exemplo, a
formosura que passa a um desfile marcial com os
pavilhões ao vento?
Ora essa forte imagem não é doidice de ne
nhum futurista .
É apenas do grande Rei Salomão ; e está no
" Cântico dos Cânticos : " Teu corpo tem a impo
nência de um exército com bandeiras"
Imagens de mil anos como essa, mas moder
nas pela síntese e a audácia, se encontram nos au
tores de todas as épocas . Citadas por Mário de
Andrade em pessoa e referidas por Manuel Ban
deira, eis aqui duas de dois grandes clássicos :
De Shakespeare:
"O vento senta no ombro de tuas velas"
E de Homero :
" Muge a terra ao tropel dos corcéis e dos
homens "
80
Sou a escadaria Trevas ;
e em minhas espiras fúnebres
há os vagos olhos da sombra."
81
Ou esta do famoso Fernando Pessoa :
"O cais é uma saudade de pedra"
De Raul Bopp :
" Música com gosto de lua
e do corpo da filha da Rainha Luzia .
82
1 9.
DESVIRTUAÇõES D O MODERNISMO
83
A síntese d e expressão, tomada, não no verda
deiro sentido de condensação de idéias, mas no
falso sentido de pequena extensão, determina a
moda dos poemas microscópicos ou das tankas
orientais . que podem nada ter de sintéticos ;
porque três linhas contendo a idéia de três pala
vras são mais prolixas do que trinta linhas conten
do a matéria de trinta páginas.
O d inamismo, a exaltação do movimento e o
conseguinte entusiasmo pelas máquinas, acordes
com os velozes tempos atuais, chega em alguns
casos a um automatismo frio, vazio de subjetivi
dade, sem emoção e sem alma. A máquina sobre
põe-se ao homem; o criador subordina-se à cousa
criada.
A surpresa est é t ica, recurso admirável e eter
no em todo engenho artístico, e tão freqüente no
velho Rabelais como no novo Alfred Jarry, perde,
todavia, o efeito quando resulta do absurdo arti
ficioso e procurado. É o que sucede às imagens da
quele modernista que julgava tanto melhor uma
comparação, quanto mais distantes de sentido fos
sem seus termos, de sorte qu� quem comparasse
uma estrela a uma flor de ouro teria feito uma
imagem mil vezes pior do que quem a comparasse
a um pepino . . .
O apelo ao su bconsciente é o recurso à fonte
mesma da poesia, é a extração no âmago da mina.
Quem negará o valor do subconsciente nos gran
des artistas de todos os tempos? Num São João
84
Evangelista, num Novalis, num Gerard Nerval ou
num Poe? Mas o exagero do processo resulta em
mudar o estado poético em mero estado de so
nambulism ou alucinação. Abolir completamente
a intervenção da consciência na criação artística
seria proceder como um arquiteto paisagista que
formasse j ardins deixando crescer, ao Deus dará,
num terreno, as plantas que ali espontaneamente
nascessem .
O conceito da p oesia pura, levado ao extremo,
resultaria em poesia absolutamente sem forma;
e sem forma só poderá haver o incriado, pois a vida
se afirma em uma forma qualquer, tanto melhor
quanto mais viva. Toda a expressão que decorre
necessariamente da idéia a exprimir-se é boa e a
idéia harmoniosa suscita a forma harmoniosa. E
como admitir-se que antes da poesia pura só se
houvesse criado poesia impura?
Finalmente a a bo lição da retórica é por vezes
tomada como a abolição da técnica. Já houve quem
defendesse o absurdo de que, quanto mais primi
tivo e ignorante o criador tanto mais espontânea e
legítima a sua obra ! Como se toda a arte não fosse
uma linguagem, ou como se quem menos conhe
cesse uma língua fosse quem melhor a falasse ! Ao
contrário, o artista, moderno ou antigo, deve estar
tão seguro de seus meios de expressão, que eles se
tornem um prolongamento de seus nervos e não
traiam na criação o esforço que era tão visível na
velha retórica. Quem nunca tocou violino poderá
85
ser mais espontâneo arranhando as cordas do que
Paganini foi ou é M isha Elman? Não se confundi
rá, é certo, uma técnica com uma forma precon
ceitual ou acadêmica. O artista precisa ter um ins
trumento e dominá-lo, ainda que tenha ele mesmo
inventado esse instrumento; e será até melhor que
o invente . se tiver gênio para tanto.
Depois de todos esses reparos, ressalvemos,
contudo, que houve e há um modernismo legítimo
- que usa da liberdade para achar uma nova har
monia; da síntese para intensificar a emoção ; do
movimento para pintar os dias de nosso tempo
agitado; da surpresa estética para a criação com
pleta e nova; do subconsciente para a descoberta
de deslumbramentos virgens; e cuja poesia pura,
assuma, pela técnica segura, a expressão simples e
nova de um mundo recém-surgido das águas.
86
20.
TEORIA DA IMAGEM
87
A metáfora de Castro Alves é legítima tanto
quanto engenhosa. Traça a situação física da Bri
tânia isolada nos mares ; e mais ainda; resume a
vocação de seu povo, o seu destino no mar . " Um
navio, que Deus na Mancha ancorou . " - uma
prancha de marujos, nascidos para as ondas por
uma fatalidade divina.
Castro Alves, como pintor, estiliza a Inglater
ra em linhas breves, expressivas e harmoniosas.
88
que comparava o galo a "um pequeno campaná�
rio vermelho bimbalhando pela aurora" são afinal
de um mau gosto irritante. A imagem moderna
tira da síntese seu vivo dinamismo. São desse gê
nero as dos verdadeiros poetas novos :
" Manhãzinha .
Os leiteiros dão de mamar aos portões .
A BOA IMAGEM
TEM O MOVIMENTO DA VIDA
89
" Corpo que se encontrou abandonado de alma,
corpo que se não pôde à ação do ar decompor
uma pedra é uma vaga imóvel; é uma calma
recordação do mar de que foi leito e estrada,
e uma vaga do mar dos tempos retardada,
que por aí ficou, sem sentidos . parada,
adormecida por um íntimo torpor .
A BOA IMAGEM
SE AMBIENTA COM O ASSUNTO
90
a estrela dalva a uma espora . E não é plebéia
a imagem ,porque, seguindo em cavalgata nas nu
vens, era natural que o ginete tomasse,
"como roseta d'oiro, a estrela da manhã .
91
gusto dos Anjos é ' ' como a cana azeda, e a toda a
boca que o não prova engana" , para um sensual,
como Bilac, é
o momento de grandeza
que é de inconsciência e de êxtase bemdito:
os dois corpos são toda a natureza,
as duas almas são todo o infinito .
92
- "Qual a palmeira que domina ufana
os altos topos da floresta espessa
tal bem presto há de ser no Mundo Novo
o Brasil bem fadado . "
93
O sol - clown estridente -
atiru aos milhões pedacinhos de espelho
no capote do mar .
• • •
94
unidas bem como os prantos
que em parelhas descem tantos
das profundezas do olhar . . .
como o suspiro e o desgosto
como as covinhas do rosto
como as estrelas do mar . . .
"
95
21 .
O TIMBRE VERBAL
O INSTRUMENTO POÉTICO
96
Só cnhece uma língua quem, falando alto no
sono, a manej a com facilidade e justeza. Assim, o
artista deve dominar sua língua harmoniosa a
ponto de falá-la facilmente . sonhando.
Essa expressão automática, espontânea, que
é dócil como um reflexo dos nervos - só a conse
gue quem tem a perfeita posse da técnica.
97
luz, a supressão de toda cor. Preto, pois, só o si
lêncio.
E por que o e seria branco? Não há cor bran
ca. O branco é a fusão de todos os tons ; N ewton
o provou perfeitamente com o famosíssimo disco.
As cores que o menino poeta empresta a i e
ao o vieram ao acaso também e sem a menor som
bra de lógica .
O i vermelho? O o azul?
E onde fica o amarelo, que é um dos tons fun
damentais?
- " O u francês é o amarelo" - afirmou René
Ghil, no seu outrora discutidíssimo e hoj e esque
cidíssimo "Traité du Verbe"
E, com essa afirmação, anulou afinal a única
cor em que Rimbaud acertara : o u francês
que parece mesmo ser verde.
Não se pode negar que o fenômeno estético
é um e único e análogos entre si são os meios de
expressão nas várias artes.
E, raciocinando, observo que, como há três
cores primárias (amarelo, azul e vermelho) de cuja
fusão, duas a duas, nascem o verde, o laranja e o
violeta - há também três vogais fundamentais.
Os filólogos ensinam que são elas : o a, o
z e o u.
98
a mais i : mais) mauvais. E é patente ainda no
inglês : m ai d . E se observa até mesmo entre nós,
onde os rústicos dizem reiva em vez de raiva .
A vogal o) por sua vez, provém de a mais u .
E assim é escrita em francês - sauf) mauve - e em
ingles- daugh ter. E entre os nossos simples tam
bém, que mudam saudade em sodade .
Acrescento, por minha conta, que o u e o i se
fundem no som do u francês, que as gramáticas
chamam som intermédio. É o mesmo som do ü
alemão e do y que os lusos acharam em certos ter
mos de nossos índios e grafaram à moda grega para
distingui-lo do i comum.
Comparando agora os tons puros - azul> ver
melh o e amarelo - com as vogais básicas - a> i e u>
não posso deixar de reconhecer que a cor azul, a
mais doce, a mais grave das três , deve corresponder
à vogal mais fechada e mais suave - o u. O u é,
pois, azul.
A mais forte das cores, a mais rica de sol - o
amarelo - terá como correlata a mais viva e estri
dente das vozes - o i) vogal gritante que está até
no termo grito.
E o i> assim, é amarelo .
Para a cor para vermelho resta então o som
básico do a. O a por isso é vermeho.
E as demais vogais, formadas das vogais bási
cas, correspondrão às cores nascidas dos respectivos
99
tons fundamentais. Assim, o e) o u francês e o o
serão, correspondentemente, o laranja) o verde e o
vio leta (roxo.
1 00
bal p oude se escreve atualmente pôde, conservan
do, sem a menor alteração, a antiga pronúncia. As
palavras findando em ô rimam exatamente com as
terminadas em ou. Temos pois uma outra vogal
derivada - ô - (entre o e u) - correlata à cor de
rivada anil, situada entre o violeta e o azul.
Nem se diga, como obj eção, que o ê (fechado)
é também vogal nova, em relação ao e (aberto) . É
que esse ê não resulta de nenhuma fusão; e nem os
sons eu ou ei se confundem com ele. Seu timbre
acusa apenas uma variação de instrumento : é
(aberto) é metálico , como ê (fechado ) é som em
madeira e como as vozes nasais são vibradas em
fagote ou violino.
Conhecidas agora as correspondentes cromá
ticas - vermelho, laranja, amarelo, verde, azul,
anil e violeta - para as vozes a, e, i, u francês, u,
ô e ó - será possível deduzirem-se as correlações
musicais, uma vez que há também sete notas .
A mais grave dessas - o dó - será por analo
gia a cor mais séria - o viole ta. As notas mais vivas
- o sol e o si - serão correlatas dos tons ricos - o
amarelo e o vermelh o .
E, preenchidas as demais tonalidades do nosso
quadro com as notas restantes, na ordem da es
cala - concluo que, para a, e, i, u francês, u, ô e ó,
cabem em correspondência respectivamente as no
tas s i, la, sol, fa, mi, re, dó.
Quanto aos ditongos - são acordes ; e os hiatos
serão quiálteras .
1 01
APLICAÇÃO
1 02
CORRELAÇõES CROMÁTICAS E SONORAS
DAS VOGAIS
res das coisas, mas do som delas; porque a lingua.
gem foi a princípio imitativa.
O esquema das correlações das vogais servirá
simplesmente para que, num verso ou numa es·
tância, a predominância de uma ou algumas delas
acentuem o sentimento triste ou alegre do poeta.
Há cor também no reino misterioso da idéia.
103
22.
A LIBERDADE E O POEMA
104
O artista tem a opção nos elementos que em-
prega . contanto que saiba criar a harmonia.
Essa é a lei das coisas que vivem e das que não
querem morrer. Só dentro da ordem há a existên
cia - só o que se organiza é que existe.
A Libertação que o poeta quer no lirismo
não seria certamente maior do que a usada por
Heitor Villa-Lobos em sua música genial.
Pois bem. Foi justamente esse grande jongleur
de sons, esse rei dos rebeldes, quem afirmou certa
vez com energia convicta: "Para mim arte é dis
-
105
Não nasceria nunca a sinfonia, porém, aos
pulos de um gato num piano aberto. Nem nasceu
obra-prima quando André Salmon fez um quadro
moderno, com um pincel molhado de tinta e atado
à cauda de um burro que espantava as moscas .
Nem um poema nasceria de certo com a receita
dadaísta de Tzara, tirando-se ao acaso, e reunindo
as, palavras cortadas de um jornal e postas na copa
de um chapéu.
Seria isso rematada sandice se não fosse uma
pilhéria artística.
A beleza não é arbitrária e a arte nunca foi
loteria.
O ritmo livre resultará, como vimos, da har
monização dos versos simples que vão constituir
seus metros complementares.
Não é preciso para compô-lo recorrer ao pro
cesso que Oswaldino Marques foi buscar em dois
ensaístas americanos - o da persistência de dadas
consoantes nos períodos. Não concordo nesse pon
to com o genial dramaturgo de "Ciméria . "
As consoantes são elementos secundários na
sinfonia verbal. São no máximo a bateria da or
questra que acentua o fraseado melódico. Servem
apenas para as aliterações ou outros pequenos re
cursos expressivos . Mas fazer delas a trama do
ritmo é recair no velho instrumentismo do sim
bolista René Ghill, abandonado por falta de êxito.
O que marca o ritmo é a sucessão dos tempos,
sejam quais forem os sons que os compõem.
106
Com ela surgirá a variedade na unidade que
é o sistema essencial da beleza.
É assim que a natureza cria suas grandes má
gicas.
A diversidade dos triângulos é infinita. Assu
mem os mais diferentes aspetos simétricos ou assi
métricos, equiláteros ou escalenos; mas em qual
quer deles a soma dos ângulos internos é igual à
soma de dois ângulos retos!
Maravilhoso exemplo da liberdade dentro da
ordem .
Em vão quer o homem de hoje, além de de
sumanizar-se, desnaturar-se até - fugindo das leis
que formaram o Código de Deus.
Cedo se arrependerá de seu erro.
A arte não nasce do acaso.
Nada nasce do acaso.
E o mundo tem razões lógicas na Suprema
Consciência que o rege .
A vida é música.
107
23.
O REAL E O POÉTICO
108
cntódicas) que oscilavam entre os raios inferiores
e médios do espectro.
Os objetos circunjacentes assumiram virides
cência amarelada.
E as radiações moviam-se com uma aceleração
J}n78 por segundo.
Bem pouco oiro poético extrairíamos nós de
ganga tão pedregosa.
No entanto, um pobre esquimó, um filho da
raça mais inculta do mundo, e de uma raça tão
infensa à emoção que julga inconveniência um
simples adeus do marido à mulher em público,
um ingênuo esquimó nos pinta o mesmo fato lu
minoso em tons muito mais ricos.
Eis sua palavra autêntica, transcrita do livro
"Comock, o Esquimó", pelo explorador do ártico
Robert Flaherty:
109
Minha mulher dizia que aquelas Grandes Lu
zes eram sem dúvida espíritos de crianças não nas
cidas� brincando no céu."
110
quina passa um caminho salpica-lhe a calça de uma
nódoa de lama.
É a vida.
O poema tem de ser como a nódoa no brim:
Fazer o transeunte satisfeito dar o desespero."
111
mais do dinâmico que do ·estático;
mais do ignoto que do comum;
mais do profundo silêncio que do vazio rumor;
mais do passado que do presente;
mais da morte talvez que da vida.
112
Reviu a meu pedido� e com prazer� o texto
para esta edição� sem nada acrescentar ou modifi
car� a não ser uma ou outra melhor apresentação
formal� o Prof. Jesus Belo Galvão.
Rio de Janeiro� 18 j9 j72.
CARLOS RIBEIRO
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COMPOSTO E IMPRESSO
NAS OFICINAS DA
EM JANEIRO DE 1973