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O S-40 Riachuelo vai ganhando forma na UFEM. Em breve, vai ser transportado para o EBN para ser concluido
Brasil tem o mar como forte tivesse “força naval de envergadura”, privada, que reúne grandes empresas
referência no seu desenvolvi- incluindo submarinos com propulsão dos mercados nacional e internacional,
mento socioeconômico, pois nuclear. Um acordo de transferência sob a coordenação da Marinha do Brasil,
é uma fonte de riquezas minerais, de tecnologia entre Brasil e França foi tornaram Itaguaí possível.
energia e alimentos nos seus 8,5 mil ¿UPDGR H[FHWR FRP UHODomR j WHFQR- A construção dos cinco submarinos
quilômetros de costa. É nessa área logia nuclear, que é toda brasileira) foi orçada em 6,690 bilhões de euros
marítima que acontecem as ativida- para a produção de quatro submarinos (cerca de R$ 25 bilhões, pelo câmbio
des pesqueiras, o comércio exterior e convencionais destinados a substituir a de junho/2016), pagos em até 20
a exploração de recursos biológicos e frota já existente, mais a fabricação do anos. Um dos principais aspectos do
minerais. O mar é o caminho de 95% primeiro navio com propulsão nuclear. programa é outorgar ao Brasil a ca-
das exportações e importações e guar- O ProSub vai dotar a indústria local pacidade de projetar, construir, operar
da cerca de 90% do petróleo nacional. com tecnologia nuclear no “estado-da e manter seus próprios submarinos
A imensa riqueza das águas, do leito e -arte”, um objetivo apregoado na END. convencionais e com propulsão nuclear.
do subsolo marinho nessa área denomi- A concretização do programa fortalece, A Coordenadoria-Geral do Programa
nada de “Amazônia Azul”, compreende ainda, setores de importância estratégi- de Desenvolvimento de Submarino
3,5 milhões de quilômetros quadrados. ca para o desenvolvimento econômico com Propulsão Nuclear (COGESN) é
A ampliação dessas fronteiras para os do País, priorizando a aquisição de com- o setor da Marinha, subordinado à
limites da Plataforma Continental, ele- ponentes gerando um forte incentivo ao Diretoria-Geral do Material da Marinha
vando a área marítima para cerca de parque industrial doméstico. (DGDNTM), responsável pelo gerencia-
4,5 milhões de quilômetros quadrados Para materializar os cinco submari- mento de todas as atividades de proje-
(o equivalente à metade do território nos, o ProSub contempla a construção to, desenvolvimento, nacionalização e
terrestre), é uma antiga reivindicação de um complexo de infraestrutura construção, sendo, portanto, a gestora
do Estado Brasileiro. industrial e de apoio à operação, que de todos os contratos comerciais com
Para proteger esse patrimônio e engloba os Estaleiros, a Base Naval e empresas parceiras.
garantir a soberania no mar, a Marinha a Unidade de Fabricação de Estruturas A França oferece, através de um
do Brasil investe na sua expansão e no Metálicas (UFEM), no município de Ita- extenso e complexo programa de trans-
desenvolvimento da indústria da defesa. guaí (RJ). As inaugurações da UFEM e ferência, toda a tecnologia não nuclear
Parte essencial desse processo é o Pro- do prédio principal do estaleiro repre- para os projetos e construções, isso a
grama de Desenvolvimento de Subma- sentam a conclusão das duas primei- cargo da Direction des Constructions
rinos (ProSub). A Estratégia Nacional de ras etapas do programa. Importantes Navales et Services (DCNS). O grupo
Defesa (END) estabeleceu que o Brasil parcerias entre as iniciativas pública e francês, com mais de 350 anos de expe-
obras, que foi reajustado. Um atraso nais de Gestão de Ciência, Tecnologia Federal para o orçamento do próximo
programado de dois anos foi efetuado e Inovação da Marinha e de Gestão do ano encaminhado ao Congresso Nacional
com relação ao SN-BR, que vai preci- ProSub e do PNM. A COGESN e o Centro prevê um aumento de R$ 11 bilhões para
sar, quando da ativação do complexo Tecnológico da Marinha em São Paulo a Defesa, e parte desse valor deverá ser
radiológico, perenidade de recursos (CTMSP) passarão a ser subordinados à repassado ao programa. A grande prio-
para manter a qualidade de processos nova Diretoria Geral, que também terá ridade decidida, são as instalações ur-
e segurança no manuseio e posse de como organização militar subordinada gentes e a construção dos submarinos.
material nuclear. O sequenciamento a ser criada, o Centro Tecnológico da O efeito da crise econômica vivida
das construções também foi readequa- Marinha no Rio de Janeiro (CTMRJ), pelo País levou a Odebrecht a diminuir
do. Serão concluídas em primeiro lugar que englobará o Centro de Análises de de quatro mil engenheiros, técnicos e
as obras do estaleiro de construção e Sistemas Navais (CASNav), o Instituto RSHUiULRVHQYROYLGRVQRSURMHWRQR¿QDO
VHXVDQH[RVHGDVR¿FLQDVGHDWLYDomR de Pesquisas da Marinha (IPqM) e o de 2015 para mil e duzentos na atua-
de baterias do estaleiro de manuten- Instituto de Estudos do Mar Almirante OLGDGH 1R HQWDQWR D 0DULQKD D¿UPD
ção, mais o prédio dos simuladores do Paulo Moreira (IEAPM). que o cronograma dos submarinos não
Centro de Instrução e Adestramento de Com relação às mudanças na foi afetado pelo corte orçamentário,
6XEPDULQRV JDUDQWLQGR D ¿QDOL]DomR DGMM, estão extintos os cargos de apesar da previsão inicial de se ter o
dos S-BR convencionais e seu posterior coordenador do Programa de Reapare- lançamento do S-BR Riachuelo em ja-
lançamento. A seguir, o EBN será con- lhamento da Marinha e de coordenador neiro de 2016. De acordo com a Força,
solidado e concluído com a construção da Manutenção de Meios (CMM). Será o ajuste foi ocasionado por contratem-
do complexo radiológico e seus anexos ativada a Diretoria Industrial, à qual pos tecnológicos, tanto no Brasil quanto
altamente especializados, tornando as- se subordinarão o Arsenal de Marinha na DCNS. A previsão no momento é de
sim o mantenimento e posse do SN-BR do Rio de Janeiro (AMRJ), o Centro de que o primeiro submarino convencional
uma realidade. Manutenção de Sistemas da Marinha. ¿TXHSURQWRHVHMDODQoDGRDRPDUHP
Para atingir esses objetivos, a Ma- (CMS) e o Centro de Mísseis e Armas julho de 2018, quando então iniciará de
ULQKD GR %UDVLO GHFLGLX PRGL¿FDU VXD Submarinas da Marinha (CMASM). O IRUPDR¿FLDOVHXSHUtRGRGHWHVWHVGH
organização funcional e administrati- Centro de Projetos de Navios (CPN) porto e de mar (HAT/SAT) para poste-
va, conforme divulgado pelo boletim passará a ser subordinado à Diretoria rior entrega ao setor operativo.
Nº 892, de 25 de novembro de 2016, de Gestão de Projetos Estratégicos
onde foi determinada a reestruturação da Marinha (DGePEM), que será reor-
da Secretaria de Ciência, Tecnologia e ganizada em três superintendências N. da R. A revista manifesta seus
Inovação da Marinha (SecCTM) e da (Obtenção de Meios, Gestão do Ciclo agradecimentos ao 1º Distrito Naval,
DGMM. O Almirantado, em reunião no de Vida, e Manutenção). Essas reestru- COGESN e à ICN/EBN pelo apoio na
dia 30 de setembro, aprovou essas turações não implicarão em alterações realização deste artigo, nas pessoas
propostas onde a SecCTM deverá in- no efetivo autorizado de pessoal em do almirante-de-esquadra (RM1)
corporar as atividades do ProSub e do qualquer círculo nem em número de Gilberto Max Roffé Hirschfeld, seu
Programa Nuclear da Marinha (PNM), cargos de almirantes. chefe de gabinete, capitão-de-mar
passando a denominar-se Diretoria Mesmo com o corte de 41% no or- -e-guerra R1 Flávio Luis Condé Mar-
Geral de Desenvolvimento Nuclear e çamento do ProSub em 2015, a Marinha liére, e ao capitão-de-mar-e-guerra
Tecnológico da Marinha (DGDNTM), FRQ¿D QR UHSDVVH GRV UHFXUVRV QHFHV- RM1 Ricardo Lindgren de Carvalho.
agregando as estruturas organizacio- sários em 2017. O projeto do Governo
Tecnologia & Defesa - Almiran- “Scorpène” e o “SN-BR” dominaremos o vais é outra medida que vem sendo
WH FRPR R VHQKRU GH¿QLULD VXDV projeto desses tipos de navios através adotada para suprir esta necessidade.
UHVSRQVDELOLGDGHVQR3UR6XE" de um amplo e complexo programa de Entre outras marcas, esse contrato está
$OPLUDQWHGH(VTXDGUD 50 transferência de tecnologia. Anterior- capacitando as empresas Nuclebrás
*LOEHUWR 0D[ 5RIIp +LUVFKIHOG A mente, com os submersíveis da “Classe Equipamentos Pesados S/A (NUCLEP)
Coordenadoria Geral do Programa de IKL”, de procedência alemã, aprendemos e Itaguaí Construções Navais (ICN) no
Desenvolvimento de Submarino com a construir submarinos modernos no processo construtivo de submarinos
Propulsão Nuclear foi criada em 2008 Arsenal de Marinha no Rio de Janeiro. adotado pela empresa francesa DCNS,
para atender às necessidades decor- Em junho de 2013, chegaram em WUD]HQGRDR%UDVLODDPSOLDomRGHFR-
rentes dos contratos comerciais e para Itaguaí, as seções de vante (S3 e S4) nhecimentos em áreas que somente
capacitar a Marinha do Brasil (MB) em do submarino convencional “Riachue- cinco países dominam.
projeto e construção de quatro sub- lo”, obra iniciada em maio de 2010, Construir um estaleiro e uma base
marinos convencionais (S-BR) e um em Cherbourg, França, com a partici- DSDUWLUGR]HURpRXWUDRSRUWXQLGDGH
com propulsão nuclear (SN-BR). Eu pação de operários brasileiros, como ímpar para o Brasil. A maioria dessas
sou o coordenador-geral do programa parte da “Transferência de Tecnologia instalações militares pelo mundo ti-
e estou há três anos e meio nesse GH &RQVWUXomR´ ¿UPDGD HP FRQWUDWR veram de ser adaptadas ao longo do
cargo, após ir para a reserva. Meu HVSHFt¿FRHFRQGX]LGDSRUPHLRGH³RQ tempo, especialmente com o advento
último posto na ativa foi como Chefe job training”. Está previsto, até 2018, da energia nuclear. Já o estaleiro e
de Operações Navais. a incorporação de aproximadamente base em Itaguaí estão sendo erguidos
400 engenheiros e técnicos ao Corpo GR]HURHGHVGHRVHXSULPHLURPHWUR
7 ' 4XDLV RV SULQFLSDLV JD- Técnico de Projetos. Tais engenheiros quadrado de concreto, a questão nucle-
QKRV WHFQROyJLFRV TXH R 3UR6XE deverão ser captados no mercado na- ar foi pensada. A construção da UFEM já
SURSRUFLRQDj0DULQKD" cional e contratados, por intermédio foi feita de forma a facilitar a disposição
$OWH0D[A posse do submarino de de concurso de domínio público, pela da base e estaleiro, composto por um
propulsão nuclear é o grande salto tec- HPSUHVD$PD]XOFULDGDSHOD0DULQKD ³PDLQKDOO´ H DV GLYHUVDV R¿FLQDV DOL-
nológico do ProSub, pois com os quatro 2 UHIRUoR GH R¿FLDLV HQJHQKHLURV QD- nhadas perpendicularmente. De fato,
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