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Supremo Tribunal Federal

INQUÉRITO 3.601 SÃO PAULO

RELATOR : MIN. LUIZ FUX


AUTOR(A/S)(ES) : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
INVEST.(A/S) : PAULO SALIM MALUF
ADV.(A/S) : EDUARDO MAFFIA QUEIROZ NOBRE
ADV.(A/S) : PAULO GUILHERME DE MENDONÇA LOPES

INQUÉRITO. APURAÇÃO DE FATOS


SUPOSTAMENTE ENQUADRÁVEIS NO ART. 350
DO CÓDIGO ELEITORAL. QUESTÃO
PREJUDICIAL SUSCITADA PELO INVESTIGADO
– ART. 93 DO CPP. FACULDADE DO JUIZ.
PRESTAÇÃO DE CONTAS PENDENTES NO
TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL.
INDEPENDÊNCIA DAS INSTÂNCIAS
ADMINISTRATIVA, CÍVEL E PENAL.
IRRELEVÂNCIA DO JULGAMENTO DA
PRESTAÇÃO DE CONTAS NO TSE. PEDIDO
INDEFERIDO. OITIVA DE TESTEMUNHAS.
DEFERIMENTO.

DECISÃO: O presente inquérito foi instaurado com o escopo de


apurar suposta prática de fatos tipificados no art. 350 do Código Eleitoral,
em razão de “... indícios de que o então candidato a Deputado Federal Paulo
Salim Maluf teve despesas pagas pela empresa Eucatex S/A, pertencente a
familiares, no montante de R$ 168.650,00 (cento e sessenta e oito mil, seiscentos
e cinquenta reais), não as declarando em sua prestação de contas”.
A Defesa peticionou às fls. 278/283 sustentando que a prestação de
contas do investigado, referente às eleições de 2010 para a Câmara
Federal, encontra-se pendente de julgamento no Tribunal Superior
Eleitoral, impondo-se o reconhecimento de questão prejudicial a justificar
o sobrestamento do presente inquérito, na forma do que prevê o art. 93
do Código de Processo Penal, in verbis: “Art. 93. Se o reconhecimento da
existência da infração penal depender de decisão sobre questão diversa da prevista

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no artigo anterior, da competência do juízo cível, e se neste caso houver sido


proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal poderá, desde que essa questão seja
de difícil solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil limite, suspender o
curso do processo, após a inquirição das testemunhas e a realização”.
Alega que, aprovadas as contas do ora investigado pela Corte
Eleitoral, não haverá substrato fático para justificar a continuidade das
investigações.
Requer a suspensão do inquérito até que o Tribunal Superior
Eleitoral julgue a prestação de contas do investigado.
O Procurador-Geral da República manifestou-se a respeito de
diligências e a propósito do pedido formulado pela Defesa:

“1. Em cumprimento às diligências deferidas por Sua


Excelência (fls. 231/234), foram ouvidos Isac de Jesus Gomes
(fls. 255/256) e o investigado, Paulo Salim Maluf (fl. 270).
2. Por sua vez, a empresa Artzac – Isac de Jesus Gomes
Salto – ME informou que não dispõe da documentação
requerida (fls. 271/272) e o Tribunal Superior Eleitoral
encaminhou cópia das notas fiscais nº 2276, 2258 e 2302 (fls.
275/277).
3. O parlamentar afirmou em seu depoimento que não
participou da gestão financeira de sua campanha, que era de
responsabilidade de seu comitê eleitoral, e que desconhecia os
detalhes acerca de doações eleitorais e de aquisição de material
de propaganda.
4. Nesse sentido, para melhor esclarecimento dos fatos,
deve-se proceder à oitiva de Jordi Shiota e de Sérgio
Stefanelli Gomes, administradores financeiros da campanha de
Paulo Maluf a Deputado Federal em 2010 (fls. 8/9).
5. Por outro lado, o investigado, em petição nas fls.
278/283, requereu a suspensão do presente feito até o
julgamento da Prestação de Contas nº 10791-50.2010.6.26.0000
pelo Tribunal Superior Eleitoral, invocando para tanto a
norma prevista no art. 93 do Código de Processo Penal.
6. Todavia, por mais que a Corte Eleitoral aprove as

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contas do investigado, subsiste a suposta prática delitiva de


falsidade ideológica que, por força da autonomia entre as
esferas cível e penal, deve ser apurada.
7. Por óbvio, essa independência não é absoluta, tendo o
legislador pátrio optado pela sua mitigação em situações
específicas, conforme se depreende dos arts. 66 e 67 do Código
de Processo Penal e 935 do Código Civil.
8. A simples leitura dos referidos dispositivos legais
evidencia que as decisões proferidas no âmbito criminal é que
podem interferir nas esferas cível e administrativa, e não o
contrário, como quer fazer crer o investigado. Acerca da
matéria, bastante esclarecedora é a lição de Eugênio Pacelli de
Oliveira:

‘Como convém a um ordenamento jurídico que pretende una a


jurisdição, isto é, preocupado com a uniformidade das soluções
judiciais para casos idênticos, sobretudo quando a hipótese for de um
único e mesmo caso, submetido a competências distintas (juízo
criminal e juízo cível), prevê o parágrafo único do art. 64 do CPP que
'(…) intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o
curso desta, até o julgamento definitiva daquela'.
A ratio essendi do apontado dispositivo legal pode ser facilmente
identificada. Tratando-se de julgamento de um mesmo fato e da mesma
causa de pedir, a busca de uma única solução para ambas as instâncias
deve passar necessariamente pelo modelo processual para o qual sejam
previstas menores restrições à prova e em que o grau de certeza a ser
obtido na reconstrução dos fatos seja elaborado a partir de provas
materialmente comprovadas. Por isso, o caminho a ser escolhido deve
ser o do processo penal.

9. Com efeito, uma vez admitida a hipótese de


subordinação de uma instância a outra, ainda que apenas em
relação a determinadas questões, a relação de dependência há
de ser do juízo cível para o juízo criminal. É que neste a
verdade processual é obtida a partir de critérios mais rigorosos,
não se admitindo como suficiente à comprovação de uma

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alegação, por exemplo, a simples ausência de impugnação


tempestiva a ela, tal como ocorre no processo civil (art. 302,
CPC).’.
10. Ademais, o presente feito ainda se encontra em sua
fase de investigação, não havendo opinio delicti formada, não
sendo cabível decidir acerca de sua suspensão.
11. Isso se deve ao fato da norma invocada pelo
investigado para suspender o presente Inquérito aplicar-se
apenas às ações penais, conforme depreende-se da leitura do
art. 94 do Código de Processo Penal, com amparo na doutrina:

‘A dúvida poderá surgir tanto na fase de investigação quanto na


de processo. Quando ocorrer na fase de investigação, não
haverá, naturalmente, a necessidade de qualquer paralisação,
devendo ter curso regular o inquérito policial.’

12. Assim, o pleito de suspensão do feito não merece ser


acolhido.
13. Ante o exposto, o Procurador-Geral da República
requer o indeferimento do pedido de suspensão do feito
formulado pela defesa, bem como a oitiva de Jordi Shiota e de
Sérgio Stefanelli Gomes.”

É o relatório.
DECIDO.
As questões prejudiciais estão reguladas nos artigos 92 a 94 do
Código de Processo Penal, litteris:

Art. 92. Se a decisão sobre a existência da infração depender de


solução de controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o
estado civil das pessoas, o curso da ação penal ficará suspenso até no
juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em
julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de
outras provas de natureza urgente.
Parágrafo único. Se for o crime de ação penal pública, quando
necessário, promoverá a ação civil ou prosseguirá na que tiver sido

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iniciada, com a citação dos interessados.

Art. 93. Se o reconhecimento da existência da infração penal


depender de decisão sobre questão diversa da prevista no artigo
anterior, da competência do juízo cível, e se neste houver sido proposta
fação para resolvê-la, o juiz criminal poderá, desde que essa questão
seja de difícil solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil
limite, suspender o curso do processo, após a inquirição das
testemunhas e realização das outras provas de natureza urgente.
§ 1º O juiz marcará o prazo da suspensão, que poderá ser
razoavelmente prorrogado, se a demora não for imputável à parte.
Expirado o prazo, sem que o juízo cível tenha proferido decisão, o juiz
criminal fará prosseguir o processo, retomando sua competência para
resolver, de fato e de direito, toda a matéria da acusação ou da defesa.
§ 2º Do despacho que denegar a suspensão não caberá recurso.
§ 3º Suspenso o processo, e tratando-se de crime de ação pública,
incumbirá o Ministério Público intervir imediatamente na causa
cível, para o fim de promover-lhe o rápido andamento.

As questões prejudiciais são classificadas, segundo a natureza da


relação jurídica a ser previamente examinada, em heterogêneas, atinentes
a temas alheios ao direito penal, e em homogêneas, quando versar
matéria penal.
A questão prejudicial invocada nestes autos é heterogênea.
A irrecorribilidade do despacho, prevista no § 2º do art. 93 do CPP, é
expressiva de que a suspensão da ação penal é faculdade do juiz.
Os citados dispositivos legais referem-se à suspensão de ação penal,
após a inquirição de testemunhas e a produção de provas urgentes, e não
ao sobrestamento de inquéritos.
In casu, e tendo em conta a independência das instâncias eleitoral e
penal, entendo irrelevante, para a investigação ora empreendida, a
resolução da prestação de contas pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Ex positis, INDEFIRO o pedido.
Determino a remessa dos autos à autoridade policial para as oitivas
de Jordi Shiota e de Sérgio Stefanelli Gomes, administradores financeiros

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da campanha de Paulo Maluf a Deputado Federal em 2010, conforme


requerido no item 4 da cota ministerial.
Publique-se.
Brasília, 29 de outubro de 2013.
Ministro LUIZ FUX
Relator
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