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O diagnóstico de PTI não significa necessariamente que o tratamento deva ser iniciado. Os pacientes com contagens de
plaquetas > 30.000/μL não parecem ter uma taxa de mortalidade aumentada relacionada com a trombocitopenia. O
tratamento inicial dos pacientes sem manifestações hemorrágicas graves, sem trombocitopenia grave (< 5.000/μL), ou
sem sinais de sangramento iminente pode ser instituído de modo ambulatorial com utilização de prednisona 1 mg/kg,
imunoglobulina Rho(D) 50 a 75 μg/kg, também é usada nesse contexto (só deve ser administrada a pacientes Rhpositivos
– monitoração por 8h após a infusão - hemólise intravascular grave rara).
A gamaglobulina intravenosa é mais eficaz do que a anti-Rho(D) em pacientes após esplenectomia, administrada em
uma dose total de 1 a 2 g/kg no decorrer de 1 a 5 dias. Os efeitos colaterais em geral estão relacionados com o volume
da infusão e, em casos raros, incluem meningite asséptica e insuficiência renal.
Para os pacientes com PTI grave e/ou sinais e sintomas hemorrágicos, recomenda-se a internação hospitalar, e institui-
se um tratamento de modalidade combinada com doses altas de glicocorticoides e terapia com IgGIV ou anti-Rho(D) e,
se for necessário, outros agentes imunossupressores.
O rituximabe - anticorpo anti-CD20 (células B) - demonstrou ser eficaz no tratamento da PTI refratária, embora ocorra
remissão de longa duração em apenas cerca de 30% dos pacientes.
A esplenectomia é realizada como tratamento para pacientes com recidivas depois da redução progressiva das doses dos
glicocorticoides.
Dois fármacos, um administrado por via subcutânea (romiplostim) e o outro por via oral (eltrombopague), mostram-se
efetivos para aumentar as contagens de plaquetas em pacientes com PTI e são recomendados para adultos com risco de
sangramento, que sofrem recidiva após esplenectomia ou que não responderam a pelo menos outro tratamento, em
particular indivíduos que têm alguma contraindicação para a esplenectomia. Todavia, tendo em mente que a PTI irá
sofrer resolução espontânea em alguns pacientes adultos, pode-se considerar o tratamento a curto prazo com um agonista
da TPO antes da esplenectomia em pacientes que necessitam de tratamento.
Trombocitopenia hereditária
Raramente é hereditária, seja como achado isolado ou como parte de uma síndrome, e pode ser herdada de acordo com
um padrão autossômico dominante, autossômico recessivo ou ligado ao X.
PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA TROMBÓTICA (PTT) E SÍNDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA
(SHU)
As microangiopatias trombocitopênicas trombóticas compreendem um grupo de distúrbios que se caracterizam por
trombocitopenia, anemia hemolítica microangiopática manifestada por eritrócitos fragmentados e evidências
laboratoriais de hemólise e trombose microvascular. O TP e o TTPa estão caracteristicamente normais na PTT e na
SHU.
Púrpura trombocitopênica trombótica (PTT)
Pêntade que consiste em anemia hemolítica microangiopática,
trombocitopenia, insuficiência renal, sinais neurológicos e febre. A síndrome
completa é diagnosticada menos comumente hoje, provavelmente porque o
diagnóstico é firmado mais precocemente. A introdução do tratamento com
plasmaférese melhorou de modo expressivo o prognóstico dos pacientes, e a
mortalidade diminuiu de 85 a 100% para 10 a 30%. A patogênese das PTTs
hereditária (síndrome de Upshaw-Schulman) e idiopática está relacionada com
a deficiência ou com anticorpos contra a metaloprotease que cliva o FVW. Em
condições normais, o FVW é secretado na forma de multímeros ultragrandes,
que são então clivados pela ADAMTS13, para ficarem menores. Na PTT
ocorre deficiência na ADAMTS13. Acredita-se que a persistência de
moléculas ultragrandes de FVW possa contribuir para a adesão e a agregação
plaquetárias patogênicas. Ou seja, na PTT, a atividade dessa protease está
inibida, e os multímeros de FVW com peso molecular ultragrande
desencadeiam a agregação das plaquetas e a trombose.
Entre as anormalidades sugestivas do diagnóstico da PTT estão os níveis altos
de lactato-desidrogenase e bilirrubina indireta, concentrações baixas de
haptoglobina e contagem alta de reticulócitos com teste de antiglobulina direto negativo. A plasmaférese continua sendo
o componente principal do tratamento da PTT. Os glicocorticoides parecem constituir uma abordagem razoável, porém
devem ser utilizados apenas como adjuvantes da plasmaférese. Além disso, estudos demonstraram que outros
tratamentos imunomoduladores foram eficazes nos casos refratários ou recidivantes de PTT, inclusive rituximabe,
vincristina, ciclofosfamida e esplenectomia.
Síndrome hemolítico-urêmica (SHU)
Distúrbio que se caracteriza por insuficiência renal aguda, anemia hemolítica microangiopática e trombocitopenia. Essa
síndrome é diagnosticada principalmente nas crianças e, na maioria dos casos, é precedida por um episódio de diarreia,
em geral do tipo hemorrágico. A E. coli é o sorotipo etiológico associado mais comumente.
SHU atípica (SHUa): devido a defeitos genéticos que resultam em ativação crônica do complemento, e dispõe-se de
métodos de triagem para mutações dos genes reguladores do complemento.
O tratamento consiste basicamente em medidas de suporte. Na SHU associada a diarreia, muitas crianças (cerca de 40%)
necessitam pelo menos de algum período de suporte com diálise (mortalidade global é de < 5%). Na SHU não associada
a diarreia, a mortalidade é mais alta (26%). Plasmaférese não altera a evolução global da doença. Os níveis da
ADAMTS13 estão normais na SHU. Em pacientes com SHUa, a terapia com eculizumabe aumenta a contagem de
plaquetas e preserva a função renal.
TROMBOCITOSE
Quase sempre é causada por (1) deficiência de ferro; (2) inflamação, câncer ou infecção (trombocitose reativa), ou (3)
processo mieloproliferativo subjacente (trombocitemia essencial ou policitemia vera) ou, raramente, processo
mielodisplásico.
Os pacientes com contagens altas de plaquetas devem ser avaliados quanto à coexistência de inflamação ou neoplasia
maligna, e a deficiência de ferro deve ser excluída. A trombocitose que se desenvolve em resposta à inflamação aguda
ou crônica não foi associada ao aumento do risco de trombose. Na verdade, pacientes com elevações extremas das
contagens de plaquetas (> 1,5 milhão) em geral têm um distúrbio mieloproliferativo que aumenta o risco de
sangramento. Isso parece ser devido, pelo menos em parte, à doença de von Willebrand (DVW) adquirida em
decorrência da ligação de plaquetas-FVW e sua remoção da circulação.