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III SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE LÍNGUA,

LITERATURA E PROCESSOS CULTURAIS


Novas vozes. Novas linguagens. Novas leituras.
ANAIS – VOL. 3 TRABALHOS COMPLETOS ISSN: 2237.4361

A IMPORTÂNCIA DO MÉTODO SOCIOLÓGICO COMO ANÁLISE DE OBRAS DE


ARTE

Jacks Ricardo Selistre (UFSM - CAPES)

A arte será o caminho pelo qual uma realidade


histórica e social se exprimiu através de uma realidade
individual.
Lucien Goldman

Considera-se a Sociologia da Arte como uma disciplina autônoma em relação à


Sociologia, atuando de forma independente ou auxiliar (SALTURI, 2015). Enquanto o objeto
de estudo da Sociologia são os fatos sociais, o da Sociologia da Arte é a vivência artística.
As preocupações da Sociologia da Arte envolvem os artistas, as obras de arte, o
público e as suas inter-relações. Busca analisar o contexto sócio-histórico de onde
determinada obra foi concebida a fim de compreender, através de análise sociológica, as
influências ou imposições que lhe couberam. Leva em consideração as inter-relações
estabelecidas entre artista e sociedade, analisando as influências que cada um gera no outro.
Através das análises elaboradas em determinada sociedade e em determinado espaço e
período chega-se a considerar quais foram as relações que a arte e a sociedade estabeleceram.
A Sociologia da Arte, de acordo com Salturi (2015), “dedica-se ao conhecimento sociológico
da obra de arte e ao fazê-lo, não intenta analisar a obra em si mesma, mas concentra sua
atenção na ação sócioartística”, assim, observa-se que o método de análise sociológico de
obras de arte privilegia a vivência artística em prol da obra de arte, deixando as
particularidades da obra para outros métodos. Assim, a Sociologia da Arte mostra-se mais
atenta às interferências sociais nas ideias artísticas do que no objeto artístico em si.
A Sociologia da Arte questiona a ideia da arte como criação autônoma, visto que o
artista encontra-se imerso em uma sociedade e consecutivamente sofre as mudanças que nela
acontecem. Assim considera-se a ideia da participação e das interdependências entre artista e
sociedade na criação da obra de arte, pois o artista pode ser influenciado pela sociedade e a
sociedade pode ser influenciada pela obra de arte. Tanto a obra de arte quanto a sociedade são
interdependentes, podendo uma influenciar na outra.
As influências político-ideológicas presentes na Sociologia da Arte são importantes,
destacando-se pela sua inclinação à esquerda. Sendo considerado importante até 1950,
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passando por um período de desuso e com retomada em 1960 com a ascensão da União
Soviética e de seus ideais socialistas. O estudioso das lutas de classes, Karl Marx, considera o
artista como um trabalhador social como os outros; que pode ser influenciado pela sociedade,
mas que não segue mecanicamente as mutações dela, sendo esse um processo que pode vir a
surgir (ARGAN; FAGIOLO, 1994, p. 100). Assim, a obra de arte pode ser influenciada pelo
meio em que foi concebida, mas não necessariamente isso ocorrerá. Essa relação entre arte e
sociedade confere uma interdependência de ambas, visto que ambas podem estabelecer um
diálogo para determinar os rumos da obra, bem como a obra de arte pode ser concebida
independente dos acontecimentos sócio-históricos de seu momento. Cabe ao artista analisar a
pertinência do entorno à sua produção, ou também, de se influenciar espontaneamente.
As inter-relações entre arte e sociedade não encontram apenas no diálogo entre obra de
arte e sociedade, mas em todo o sistema artístico, como com a influência na produção
artística, na distribuição e no consumo da obra de arte (SALTURI, 2015). Os diálogos
estabelecidos entre arte e sociedade são bastante significativos, visto que apresentam-se não
apenas na relação artista, sociedade ou obra, sociedade, mas atuam de maneira ampla. Em
diálogo da sociedade com todo o sistema da arte que sofre as devidas influências.
Nestór García Canclini mostra a amplitude dos estudos que concluem que o
descobrimento de artistas é uma evidência empírica das investigações sociológicas, como
mostram as pesquisas de Pierre Bourdieu que tratam do público nos museus e sobre o gosto
de acordo com as classes sociais e bairros de Paris. Esses trabalhos não deixam dúvidas de
que o objeto de estudo da estética e da história da arte não pode ser a obra, mas o processo de
circulação social em que seus significados se constituem e variam (CANCLINI, 1979, p. 17).
Destacam-se pesquisadores do método sociológico de diversas nacionalidades e com
diferentes abordagens. Alguns com postura político-ideológica bastante marcada, e outros
mais imparciais que revisam as pesquisas de seus antecessores.
As pesquisas sobre Sociologia da Arte destacam-se inicialmente com os estudos de
Frederick Antal, que acreditava não ser possível compreender a arte e os estilos artísticos sem
a compreensão da sociedade. Discorreu suas ideias na sua obra mais conhecida: La pintura
fiorentina e il suo ambiente nel Trecento e nel primo Quattrocento (1947), que aborda as
diferenças das classes sociais presentes em uma sociedade onde o catolicismo dita as regras e
influencia na produção artística de diferentes maneiras.
Destaca-se também Arnold Hauser , pesquisador húngaro, que dedicou-se durante dez
anos para compor a História Social del Arte y de la Literatura (1951). O livro fora lançado

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em Nova Iorque e causara polêmica devido à sua guinada política esquerdista. Hauser faz
uma análise dos processos artísticos e literários de determinada época associando esses
movimentos à sociedade em questão.
Como principal sociólogo da arte na França, Pierre Francastel foi o responsável por
revisar e aperfeiçoar as pesquisas de Émile Mâle (CHALUMEAU, 1997, p. 129). Escreveu
três importantes livros: Peinture et Societé, La Figure et le Lieu e La Réalité Figurative.
Francastel discorda de Mâle na ideia de que o Concílio de Trento teria influenciado as artes.
Enquanto Mâle acreditava na ideia de que a arte encontrava-se subordinada ao Concílio,
sendo recomendada a multiplicação das imagens religiosas; Francastel apontava que os padres
realmente quiseram limitar o número e vigiar a fantasia dos artistas, pontuando que Mâle não
soube distinguir a arte divulgadora da criadora (CHALUMEAU, 1997, p. 134).
Dentre os variados métodos de análise de obra de arte, destaca-se neste artigo o
método sociológico a fim de compreender a fundo as relações da arte com as influências
socioculturais. “Chamaríamos então de sociologia das artes o estudo das formas objetais que a
realidade, concebida sob o ângulo do valor ou ideal, assume, em determinadas circunstâncias
históricas” (LEENHARDT, 1998, p. 104). Assim, observa-se como as obras de arte são
influenciadas pelos acontecimentos histórico-sociais. A arte, estando imbuída em determinada
sociedade, carrega as características daquela, influenciando-se pelos seus acontecimentos
sociais, políticos e culturais. Visto que a arte se encontra intimamente relacionada à
sociedade, de maneira que a arte constitua-se como um produto da sociedade em que se
origina.
De acordo com Chalumeau, que traz os pensamentos de Francastel, pode-se analisar
que suas principais ideias consistem em abordar a relação da sociologia com outras
disciplinas; discutir o real e o imaginário, via objeto figurativo; e, principalmente, o artista
face à sociedade (CHALUMEAU, 1997, p. 129).
Abordar a Sociologia e suas relações com outras disciplinas salienta o caráter
transdisciplinar da Sociologia, bem como auxilia na compreensão daquilo que está sendo
produzido em outras áreas. A interação com outras disciplinas faz com que a Sociologia
analise-as de acordo com seus próprios pretextos, reconhecendo assim o que a própria
disciplina não reconheceria ou por vezes omitiria.
Francastel tem a concepção de que a obra de arte deve ser encarada como um fato
técnico, um produto da psicologia coletiva, como um testemunho sociológico
(CHALUMEAU, 1997, p. 131). Assim, encara-se a possibilidade de que a arte não é

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completamente autônoma, mas sim interdependente de fatores sócio-históricos/culturais.


Logo, a obra é fruto do diálogo entre artista e sociedade. Ainda, observa-se que “é necessário
colaborar ativamente com outras disciplinas para reconstruir uma história credível” (ARGAN;
FAGIOLO, 1994, p. 100). Assim afirma a necessidade da sociologia, pois sem ela podem
incidir inúmeros e potentes erros de interpretação (CHALUMEAU, 1997, p. 131). Tais erros
somente são percebidos através dos estudos sociológicos, que compreendem a sociedade e o
período em que a obra foi concebida, estabelecendo as devidas relações entre os
acontecimentos. Por exemplo, imagina-se a leitura do dadaísmo sem relacioná-lo à Primeira
Guerra Mundial? Visto que esse movimento artístico de ruptura inicia-se em 1916 em plena
Guerra Mundial questionando a produção artística anterior e a capacidade racional humana
que não foi capaz de evitar a eclosão da guerra. Assim os dadaístas questionam as obras
anteriores e estabelecem novos critérios para conceber suas obras devido à incapacidade
humana de conter a eclosão da guerra.
Dessa maneira, vê-se a necessidade do método sociológico para compreender as
minucias do surgimento de movimentos artísticos e obras de arte. Pois a arte encontra-se
intimamente ligada ao mundo sócio-histórico, de maneira que ela pode vir a ser influenciada
por ele. A compreensão do dadaísmo é amplamente afetada se não houver relação ao
momento que se vivia na época, retomo a ideia já exposta de Chalumeau enfatizando que sem
a Sociologia da Arte pode-se cometer graves erros interpretativos.
A inter-relação entre arte e sociedade pode ser mais bem analisada em obras de arte
figurativas. Em que se percebem as diferenciações que ocorrem de período para período,
como as obras modificam-se e como os períodos artísticos mudam muitas vezes em
decorrência de mudanças sociais.
Ao tratar de obras figurativas, analisa-se as mudanças realizadas nas pinturas no
decorrer dos tempos. Novos movimentos artísticos surgiram inovando e questionando os
cânones e convenções artísticas tradicionais. Com as mudanças dos paradigmas tanto do
campo social como artístico, os artistas que buscavam inovar suas obras esteticamente
utilizavam-se de elementos chamados de objetos civilizatórios. Que consistiam em objetos
comuns, familiares ao espectador e de fácil interpretação. Assim a obra produzida parte de
algo que o espectador já conhece, o que o deixa mais à vontade ao observá-la. Ocorre uma
interação entre o espectador e a obra, um trabalho colaborativo.

Como observou Michael Baxandall, em Painting and experience in fifteenth italy


(1972), o público não necessita aquilo que já possui. Necessita, sim, um objeto
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precioso, no qual lhe seja possível ver aquilo que sabe; precioso o bastante, para
que, ao ver nele o que sabe, possa aprofundar seu conhecimento. (GEERTZ, 1997,
p. 366)

Pode-se considerar o objeto civilizatório como um chamariz para que o público


prestigiasse as obras inovadoras pois atraíam-se pelos objetos civilizatórios que já conheciam,
facilitando o diálogo do espectador com a obra. De maneira que o objeto civilizatório tem a
função de “mostrar que as obras mais inovadoras dos grandes artistas, as que cortavam
radicalmente com o gosto dominante da época, conseguiram ser aceites porque utilizavam em
parte objetos de civilização compreensíveis por todos” (CHALUMEAU, 1997, p. 133). Logo,
percebe-se o objeto civilizatório como a ligação do público com a nova obra, ele conforta o
espectador que já o conhece e de certa forma o seduz para aquilo que ele desconhece. Ao
dialogar o que ele conhece com o que ele não conhece, o espectador acaba sendo seduzido
pela obra e interpretando-a partindo do que ele já conhece, aumentando assim seu nível de
compreensão estética. O objeto de civilização é uma artimanha para atrair o espectador para a
compreensão da obra, a partir do objeto de civilização abre-se espaço para a leitura do
desconhecido. Por isso, o artista não deve fornecer ao espectador tudo que ele reconheça de
imediato, mas deve fornecer um entremeio entre o conhecido e desconhecido, aquilo que o
espectador conhece irá incentivá-lo a interpretar e compreender aquilo que ele desconhece,
fazendo com que ele se familiarize cada vez mais às obras de arte.
Visto que a pertinência da obra de arte encontra-se determinada em determinado
campo artístico. De maneira que o espectador tenha que conhecer este campo para poder
compreendê-lo, e o objeto de civilização é o que incentiva o espectador a conhecer esse
campo distinto e independente.
A ideia de Campo desenvolvida por Pierre Bourdieu abarca as noções de
independência, visto que cada campo gerencia suas regras e suas hierarquias, sendo definidas
através da relação de seus próprios membros; ou seja os princípios de organização são
próprios de cada campo (CHARTIER, 2002, p. 140). Assim, “para compreender uma obra
cultural é preciso compreender também o campo de produção e a posição do produtor nesse
espaço” (SALTURI, 2015). De maneira que a obra não encontra-se ilhada, mas presente em
um campo social que pode influenciar o artista na concepção da obra. Bem como a ideia de
pensamento relacional faz repensar o sujeito criador como isolado e individual, dando força à
ideia do sujeito relacionado à sociedade e por ela possivelmente influenciado, não sendo
isolado nem individual, mas parte atuante da sociedade.

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As (inter)relações que o artista estabelece com a sociedade constituem a etapa mais


importante, pois é nela em que ocorre o diálogo entre o processo criativo que é
invadido/influenciado pela realidade social ao que o artista está inserido. Entretanto, o artista
não é mecanicamente influenciado pelas mudanças estruturais de sua sociedade, mas é notória
a sua influência em determinados momentos, como período de guerras e revoluções ou de
crise das religiões. Que por exemplo, marca a passagem do Classicismo para o Maneirismo,
resultante da revisão das normas e dos cânones clássicos impostos pela religião (ARGAN;
FAGIOLO, 1994, p. 101). Assim os artistas trabalharam com imagens elaboradas, originais e
sofisticadas.
Dessa maneira, vê-se o método sociológico destacando-se na análise da vivência
artística em detrimento das obras de arte. Preocupa-se mais com o contexto sócio-histórico da
obra de arte do que com a obra em si. Atua como ferramenta para compreender os motivos e
razões para que determinadas características sejam como são devido às influências da
sociedade na produção artística. O método sociológico permite analisar os fatos sociais que
influenciaram na produção artística, para que se compreendam e evidenciem as relações entre
os acontecimentos sociais e artísticos.
Destacam-se dois importantes pesquisadores sobre arte e cultura na América Latina,
embora de nacionalidades e abordagens distintas, ambos utilizam-se do mesmo método
sociológico para construir suas pesquisas. Aracy Amaral e Néstor García Canclini podem ser
considerados os mais importantes críticos culturais da América Latina. Ambos professores
universitários, da Universidade de São Paulo e da Universidad Autónoma de México,
respectivamente; reconhecidos internacionalmente, dedicam-se a estudar os fenômenos
culturais da América Latina.
Pesquisadora e escritora, Aracy Amaral desenvolveu suas ideias em inúmeras
pesquisas e livros publicados Brasil afora. Em Textos do Trópico de Capricórnio (2005) a
autora faz uma análise do panorama artístico da América Latina em comparação com as
influências do hemisfério norte-ocidental. A autora busca compreender social e
historicamente o que influência na desvalorização da arte latino-americana frente à arte
dominante, aquela do hemisfério norte-ocidental. Sua pesquisa cultural possui um aspecto
político que questiona a hegemonia cultural euro-americana e busca compreender através de
análise sócio-histórica quais são os motivos dessa segregação que a arte latino-americana
sofre.

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Reflete sobre a ausência de artistas latino-americanos em exposições na Europa e


pergunta se a ausência desses artistas seria decorrente do desconhecimento, da indiferença
(AMARAL, 2005, p. 37), ou ainda como uma estratégia de mercado para distanciar os latino-
americanos de um mercado que é hegemonicamente europeu e estadunidense. Realizou
entrevistas com diversas figuras importantes do contexto artístico internacional. Seu
posicionamento político engajado aliado às pesquisas de campo constatou que a problemática
dos artistas não está na qualidade do artista, mas na origem dele.
Nos três volumes Amaral analisa o circuito artístico latino-americano e questiona
veementemente a hegemonia artística euro-americana. Busca compreender através de análise
sociológica quais são os diferenciais entre a arte dominante e a considerada como periférica
pelas imposições dominantes/hegemônicas.
A medida que Aracy Amaral possui um posicionamento bastante incisivo e político,
Néstor Canclini é mais imparcial. Realiza análise sociológica da cultura latino-americana
através de dados e mostra justificativas que explicam a condição cultural latino-americana.
Suas pesquisas abordam desde questões culturais em geral a questões artísticas, musicais
específicas.
Preocupa-se principalmente em compreender a cultura de forma mutável levando em
consideração migrações maciças e comunidades transnacionais, as culturas nacionais não
estão totalmente contidas em seus países, assim como a América Latina não está
completamente no território que leva esse nome (CANCLINI, 2008, p. 16). Canclini observa
o trânsito internacional como agente transformador da cultura. Percebe também as estratégias
governamentais e empresariais, muitas vezes corruptas, para manipular o sistema em
benefício próprio. O que compromete as estruturas culturais e financeiras.
Tanto Amaral quanto Canclini utilizam o método sociológico para produzir suas
pesquisas, vê-se como existem possibilidades diferentes de utilizar o mesmo método,
enquanto uma é mais política e possui uma postura bastante clara e determinada, o outro é
mais imparcial escrevendo sem tanto engajamento político.
O método sociológico destaca-se oferecendo a possibilidade de compreender a
vivência artística, enfocando nas questões sociais que o artista vivenciou e que, por ventura,
refletiram-se na sua produção artística. Atua como grande facilitador para a interpretação das
obras, o que sem o método sociológico, poderia acarretar em grandes equívocos
interpretativos, como foi dito.

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Sua credibilidade decorre da compreensão dos fatos sociais que interferem na


produção artística, mas percebe-se que o método sociológico enfoca nos fatos sociais em
detrimento do objeto artístico. O que pode prejudicar a leitura da imagem, visto que é dado
mais atenção aos fatos do que à obra em si, constituindo-se em erros iniciais da sociologia,
visto que ela aplicou as regras de uma interpretação sociológica a uma matéria artística
abordada sem preparação específica suficiente (FRANCASTEL, 1967, p. 13). Para suprir essa
defasagem pode-se fazer uso do método sociológico e de algum outro que prime pelo objeto
artístico, assim, com a união de dois métodos a obra será amplamente explorada em suas
características constitutivas, bem como nas relações sócio-históricas.

REFERÊNCIAS

ARGAN, Giulio; FAGIOLO, Maurizio. Guia de História da Arte. Lisboa: Estampa 1994, p.
100.

AMARAL, Aracy. Textos do trópico de capricórnio: volume II. São Paulo: Editora 34, 2005,
p. 37

CANCLINI, Nestór García. La producción simbólica: teoría y método en sociología del arte.
México D.F.: Siglo XXI Editores, 1979, p. 17. Tradução nossa.

CANCLINI, Néstor. Latino-americanos a procura de um lugar neste século. São Paulo:


Iluminuras, 2008, p. 16.

CHALUMEAU, Jean-Luc. As Teorias da Arte, filosofia, crítica e história da arte de Platão


aos nossos dias. Instituto Piaget, Lisboa, 1997. p. 134.

CHARTIER, Roger. Pierre Bourdieu e a história: debate com José Sérgio Leite Lopes.
Revista: Topoi, Rio de Janeiro, mar. 2002, p. 140.

FRANCASTEL, Pierre. Problemas da Sociologia da Arte. In: VELHO, Gilberto. Sociologia


da Arte, II. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1967.

GEERTZ, Clifford. O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa. Tradução


de Vera Mello Joscelyne. Petrópolis, Vozes, 1997, 366 p.

LEENHARDT, Jacques. Uma sociologia das obras de arte é necessária e possível? Tempo
Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 10(2): 101-111, outubro de 1998.

SALTURI, Luis Afonso. A Sociologia da Arte, principais abordagens teóricas e


metodológicas. Revista eletrônica de investigação filosófica, científica e tecnológica: Sophia,
2015.

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