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In: O desejo é o diabo: as formações do inconsciente em Freud e Lacan

Org. STELLA JIMENEZ / MANOEL B. DA MOTA, Contra Capa 1999 p. 163-185

gozo?'
0 que fazer com o
facebook.com/lacanempdf

Jacques-Alain Miller

última parte das confc�ênl'.ias que reali,.l'i n,1 H;�hia.-'


Começo com a
agrupo um certo numero d� l lados, de opos1,r1cs,
Em primeiro lugar, _
concernentes ao ponto em que paramos da ultima vez, a sahn: 0
ozo. O que está gravado em nossos espíritos, e sobre o que tenho
!1guma responsabilidade por tê-lo enfatizado, por ter feito disso um
artigo que tornou-se de ortodoxia lacaniana é que, primcirí.lmcntc, o
gozo não é o prazer.

Gozo 'F Prazer

De fato, Lacan enfatizou muitas vezes uma definição do prazer como


harmonia, temperância, funcionamento homeostático do corpo e, por
que não, da alma. Nessa perspectiva, conforme as indicações de Freud,
o prazer é percebido como o nível mais baixo da tensão. É o nível
mínimo das tensões em que o vivente vegeta (Lacan 1963:784).
Vegetar é uma palavra atenuativa de viver. Isso indica que nos
mantemos evitando o que pode perturbar o equilíbrio obtido. Aliás, é a
partir daí que Lacan define, em um primeiro momento, o princípio do
prazer de Freud: o Lustprinzip. Nesta mesma linha, há a definição clás­
sica de felicidade, a definição kantiana, lembrada por ele: "a felicidade
é a satisfação ininterrupta do sujeito com sua vida" (ibid.:797).

1 Décima oitava lição do seminário "Le partenaire-symptôme", proferida em


27 de maio de 1999. Na transcrição integral, consta uma parte inicial não
traduzida cm que Jacques-Alain Miller apresenta O Seminário, livro 5: as
formações do inconsciente (1957-8), de Lacan, recém-chegado da editora, e
narra a escolha da imagem da capa, assim como a estória a respeito de um
exame de baccalauréat que Raymond Queneau contara a Lacan e cuja descrição
foi incluída na contracapa deste Seminário. Tradução de Vera Avellar Ribeiro
não revista pelo autor.
2 do E
N. . O autor se refere aqui ao Seminário que proferiu em abril de 1998
em Salvador por ocasião do VIII Encontro Brasileiro do Campo Freudiano,
cujo texto foi estabelecido e publicado como: Miller, J.·A. O osso de uma
análise. Salvador:EBP-Bahia, 1999.
Esse desc10 é o diabo ....
Quando definimos o prazer como homeostasc co >
0v
como satisfação, ele se opõe ao gozo, que é, ao con,trár:: u egetat
o de tensão , supõe a excitação, e tamb ém é compat rn extre
m ível �
trário do prazer, ou seja, a dor. Por ° con
• isso, escrevi no quadr0ornessa f'
mula abreviada . F�i n�ss� perspectiva que Lacan pôde _escrev er :r
, ain
no mesmo texto: o d1re1to ao gozo, se fosse reconhecido, reieg . a
arra
Uma era' desde então caduca, a dominação do princípro �o_pra a
o ao gozo enaltecido por Sade, tal com zer"
(: 798), direit o Lacan O reform
ul
a partir de Blanchot. Acrescentemos que, n_essa perspectiva, �Í.Qa
se opõe ao prazer, uma vez qu� ele par�1c1�a igualmente de um exce
sso,
de uma perturbação no que diz respeito a homeostase qu
�0
prazer. Cito Lacan: "a felicidade se recusa a quem não renunc�a
do desejo" (:797). -
De um lado, há a posição homeostática do princípio do prazer.
Silêncio! Nenhuma perturbação, nenhum ruído, ataraxia, tranqüili­
dade; evitar os choques, o demasiado, manter-se em boa saúde, co­
mer o necessário, dormir o preciso, cuidar bem de si-mesmo, da higiene,
enfim, a redução da ética à higiene. E, em relação a isso, tudo o que
leva ao excesso, o desejo, o gozo. Por fim, tudo o que pertence ao
além do princípio do prazer, para retomar a fórmula de Freud.

posição homeostática excesso

Aliás, nesse esquema' a ques -


. tªº e,, saber como podemos man
· do dese10
via .
sem estarmos tme ter-nos na
chamava de p�rturbaçoes. d.tatamente no horror e no
- l Corno u que eu
prazer e seu além,· e ma relaçao
- pode estab elecer-se entre
orno podemos sobr
do prazer? Lacan nos ev,v
· er no a1-em do prin cípio
prazer e o deseo dá a resposta
_
ode-se dizer : uue faz a m ediação. entre o
se ndo a fórmula entre o razer e
: a fantasia dá o o ozo é a fantasia,
razer ró rio
ao dese ·o.

Prazer
Além
Fantasia

164
O que fazer com o gozo?

omo ������!�o _qu� ca ptu�a o p razer, e q u e per-


fanta siaf é c
�-- rãze �esen_!_ «:_! .l?.rosseguu na vi a do deseio, a fim_ de
��iõfc.mgaineflro-sC faç a �?b a _forma d a do r e a do r ass�d1e a
q�É_,_�e_ c�_rro modo, prod.uz p r a ze r. E uma
fa��d_ e _go�_ar,_ponro em q_ue se mscreve a função
d� ent�e o prazer e seu a l��
.?! : , . l _
Jll� -- ---,�,mOs
Acrescen que se há f a lta, essa . . . e uma art1cu
opos1çao . a ç ao
entre o Outro do s1gmf1cante e a cois a :

+
que ocorre
sernelh ante à

Prazer Além


Fantasia

Outro Coisa

Tal como enfatizei, ao extrair do Seminário, livro 7: a ética da. psica­


nálise (1959-60) a grande estrutura que a suporta, Lacan liga o prin­
cípio do prazer ao simbólico, acentuando que o sujeito busca o retor­
no de um certo número de símbolos, de signos, e é tanto o simbólico
quanto o imaginário simbolizado que aí são apresentados como estan-

excesso

Coisa

Jsimbólico

�maginário

165
Esse desejo é o diaho

do a serviço do princ�pio _d? prazer. Q�anto à coisa. chq;.1mus


dimensão na qual o s1mbohco falha, e e somente ,10 se retorcer�uma.
s!-�e smo ou ao delegar certos ped.aços de simból i co, e�brc
. c t os
significantes, que ele chega a tocar a coisa.
Lacan forneceu muitos exemplos enum.crados por mim•
visando o Outro, é um significante qu.e se dcsli�a do simbólic�,ºp=�
tentar visar no Outro o seu ponto mais real. Nao voltarei a iss
Há uma segunda posi�ão qu_e m_arca un� �esenvolvime:�o da
reflexão de Lacan por uma mflexao: e a oposiçao entre O gozo e 0
mais-de-gozar.

Gozo / Mais-de-gozar
a

Essa oposição é muito freudiana. Nesse mais-de-gozar, que


indexa como a, podemos reconhecer tanto as zonas erógenas como
objetos pulsionais, a saber: as zonas erógenas se destacam do c
de um corpo limpo de libido; como se expressa Freud, nas migr
da libido. A libido está concentrada em certas zonas, diz Freud, e
resto do corpo é menos investido ou desinvestido. Portanto, há no
corpo zonas que apresentam um suplemento de investimento em que
o interesse libidinal se concentra, da mesma maneira que ele se con­
centra nos objetos destacados por Freud: o objeto oral, o objeto anal,
o objeto fálico. Como sabemos, Lacan ampliou essa lista. Afinal, essa
oposição dá conta do quê? Ela dá conta da relação que há entre um
�?nju��o neg�tivado, o corpo desinvestido, e a concentraçã o do que
l� esta mvest1do nesse conjunto em um certo números de pontos.
E ess� concentração o que justifica o termo lacanian mais-de-
o gozar
ou se1a, ela é a relação entre a negativação e algo
mais, um suplemento�

Um conjunto negativado
H -----1►
negativização
� (+)
mais

C omo vocês sab


em o termo ma1s
tir da categoria � -de-g�zar foi forjado
rr . por Lacan a
cte que, em um arxista d •s�valta. O que ela
cena níve�' ��a reflete? Ela re­
um a tro ca de
ig ual para igu al:

166
i, alança é igual e, no
u com ro o teu. Aqu 3 b
h• ntt'U trJbJ_lsho, � u 1 :up!emento, que ponho no bo lso quan-
f\1 \c.'11' hJ unt.101J1 -v.1ha. ;. i s termo s da troca
f!lt-'_n�:�ro o reu rr.1halh o. i_:;pro d que aqu os d oi,
teu trabalho o preço pelo qu:11
,ll• l._\�r.une se
n re a
�11r 1.\)01pro - hi. conr
ndule m
1,.
eu
ais-valia Esse suplei:1ento é, de _algum
_ � o, ;óprio mo. tor deste regime da propm:dadt:
en
a es:5 � 1a. o
<ºl�,,o... o seiredo.
Jll s o
· · 3 0 cap1tali m .
..:iuese '- ham

o , há um _rer_cei: o
dar rápido, pois isso é só um assentament .
Para ºandesra evolução da qual marco aqui as escansões pnnc1pa1s

rre. É a esta pesrpecriva que o Semtnario,


m o_do o gozo �or �oda
;:� vez , 0 gozo sem oposição, de a l�u�
r1 a972 .J) introduz, e de um m odo que se manté� b a stante sur?reen­
livro 20: mais, ainda

denre. Ass im, o que Lacan no tempo um desv a !on� a como . o remo do
princípio do pr azer (Lustprinzip), nessa perspectiva e r�valonz ado como
3 outra satisfação. O que comentamos com Pierre�G1ll�s Gueg�n, e!11
um dado momento deste ano, sobre essa outra sat1sf�çao, a satisfaç ao
do que se satisf az com o bl abl ablá, não é outra coisa senão o que,
anteriormente, era desv aloriz ado como a aliança entre o prazer e o
simból ico em relação aos extremos do gozo.
Trat a-se da satisfação que se sustenta da linguagem. A partir do
Seminário, livro 20, Lacan chamará essa satisfação de gozo. Antes, ela
era classific ada como prazer, na categoria de uma satisfação desvalo­
rizada em comparação com o gozo, como satisfação homeostática e
ligada ao simbólico. É a mesma zona, a mesma dimensão, o mesmo
funcionamento que Lacan nos ensina a considerar sob outra perspec­
tiva a partir deste Seminário: uma satisfação que é alguma coisa, que
se sustenta da linguagem, como outra satisfação· por isso diz ele ela
é també m um gozo. Desde então, a perspectiva d� Seminário, livr� 20,
em relação às duas que enumerei, apaga, retira do primeiro plano
essa oposi ão. Mais precisamente, essa perspectiva valoriza, como

f;º20, ª satisfaçã ligada ao significante, mostrando que o gozo está

gado ao corpo. E exatamente o que Lacan formula quando diz, ainda

167
Esse desejo é o<liat>o
º
ra zão do ser da sig11:lic u1l·i,l 110 gozo
reco n h ecer a
nesse Semi nário,
m primeiro pi,Hlo é a
do c oJe:�
a terc eira
perspectiv a o que _ está e co.
amente � q11_ e_ � .,1c.1n laborara
ignif icân� i a e_ goz_o, p recis _ �
n exão en tr e s _ , l,vro _S, como o _s1�n . f1c.u1tc fahco
Semman o . que
com o falo em o E ne sse �emmano q_uc .º. seguimos,
rea liz ava, como
tal, esta conexão.
a c one xao entre a s1g��ficãn:ia e 0

a da castraçã�, que é,
sema na, el a bora1_1 do
sem ana apó ur r � e ndenrc, 1 a que isso se
s
do falo. E b ast ante s �
ozo sob as espécie s
p arte intitul a � a A logzc _
! assa muito rápido, na u _e s _cr1t� sobr e a ps1c_ose. Ali, 0 falo
rio de
de fato, um comentá
se

signif ic a do d_1st1 ��u1d_o.


Em seg u1 ? a , na terceira
ap arece como um . no� º. vemos, ao
v lor de s1gm(tcaç�o d� falo,
parte, que intitulei O a
s do falo em d1reçao a_o s1gmficante.
contrário, deslocar o statu
, livro 20 �o�s�ste em �s�end�r para
o ponto de vista doSemind�io
iedade do s1gmf1cante fahco . E uma
todos os significantes essa propr
significantes da conexão significância
espécie de generaliz.açáo para os
e gozo.
ão do princípio do
O que justifica que se revalorize a satisfaç
o ao status de um
prazer? O que justifica que se eleve essa satisfaçã
do ser falante
gozo? Em termos precisos, isso ocorre porque o corpo
não obedece em nenhum nível ao princípio do prazer do organismo
animal. No ser falante, o funcionamento do princípio do prazer, mes•
mo o homeostático, supõe a inscrição significante, o símbolo. Desde

e
nív l homeostático, alguma coisa que não vai bem. or isso, podemos
então, não há nenhum nível de puro prazer. Há sempre, inclusive no
P
falar de gozo , mesm� �esse nível de gozo do corpo. O que o just ifica?
_
O q�e de qualquer Jeito não vai bem mesmo no nível homeostático
má,c1�0 do pri.ncípi� do prazer? O que não vai bem é que não há
relaçao sexual mclus1ve no nível do princípio do prazer. Em outras
palavras, a falta da relação sexual está inscrita de um mo do ra
d1ca 1 .
Voltaremos a isso.
A importância dada por Lacan à fórm . �l� ..nao_ ha relação sexual"
implica uma outra perspectiva para o p
nnc�p10 do prazer. Ela implica
que esse princípio seja visto como
- um regime de g azo. -r
esta razao, o gozo do corpo est' gado r
do significante. O corpo do ser�ai'ante e até se confunde com o gozo
1amb'em por
está funda men talmente pernu-
bado pelo significante. Não h,
a puro prazer. Só .
de gozo. há diferentes reg1rncs
uma vez dito isto, nada im
sob sua face de gozo do ede que se ossa cons
corpo. P:dem � iderar o gozo
os considerá-lo sob
s ua face de

168
o que faicr com " gozo '

do signi ficante, sem � u � ca esquecer, porém ,


. n ua em, go zo
�01,0 �fa Ji c� asgduas faces do g_o z� �orno tal. So h a go�o �º- c? rp_o pel �
qoc _s�; :�c , e só há goz o do significante se o ser da s1gni f 1canc 1 a t>st1-
s1g11if• a . o.
. ad o no goz o do corp
vcr c n r�:tá O q ue causa a dificuldade e, ao mesmo tempo, da um ar
_
Ai con h ecido : quan do muito se leu Lacan, e por todos os J a?os ,
de a i�� está em um lugar c �nhecido. Porém o q�e torna especial a
se
s��p de deste Semindrio, livro 20, <:JUe nos obn�a, de fato, a �m
d ifi cu J da· mento do qu e pareci am ser axiomas do ensmo de Lacan, e ?
a
rem an el com que tenhamos a impressão de entrar em uma nova di­
que faz
mens
��zo do corpo e gozo do signific�nte estão cone_ctados; eles _são
gozo. Pode-se, todavia, P.ºr �o "? od1dade, �? fa� tzar
dois aspectos do
certamente Jã nao e br� t ? - Alias, e um
um ou outro. O gozo do corpo
s o, La�an nos conduz1na a um goz
erro pensar que, nessa dimen.. � _ �
bruto , quando é justo o contrario: a rigor, para o ser falante, nao ha
gozo antes do significa� te. . _ .. . . .. .
No que diz respe ito ao ammal, nao te �os a mm1ma 1de1a de
como ne1 e fu nciona o princípio do prazer. Seia como for, tudo o que
podem os saber é que ele c� r �am � nt�. não funciona come em nós e
também que não temos a mmtma 1de1a . de qual é, eventualmente, sua
conexão ou não com o significante.
Permanece um mistério o que seria o seu gozo, assim como o da
planta, exceto o do animal que vive conosco e que, por isso mesmo, é
mergulhado em um banho de linguagem, o que faz com que nele se
produza um certo número de fenômenos. Por exemplo, no cachorro,
a demanda de amor está evidentemente constituída no nível animal.
Não em todas as raças de cachorro, mas em algumas. Não há dúvidas
de que a demanda de amor é buscada nos animais segundo a necessi­
dade que se tem, segundo a satisfação que se tem. Buscamos os ani­
mais ternos para poder acariciá-los ou os animais raivosos para atirá­
los no vizinho .
A respeito de cães malvados, devo dizer que, durante o último
feriado, eu estava no campo, passeando, olhando as casas cujos pro­
prietários põem grades, altas grades. Atrás delas, estão os molossos
...
Você p asseia tranqüilamen te, s e m m á s intenções. Quando
chegamos
a um a certa distância, os molossos, às
vezes guardando casotas
pe que ninas, se põem a ladrar, estourando
nossos tímpanos, seguindo­
nos a cada pass o. Eles fazem
um enorme esforço para pular em cima
de nós e são detidos
pelas grades. Um verdadeiro circo, é incrível.

169
Esse dcsqo <' o di,1ho

N ão se pode deixar de pensar que eles en cenam u in;i c


. . oméd
molossos , por mais que seiam ad.estrados, devem s abe r que e� �·
grades, porém fazem todo esse circo quer e �1 do cre r e
qu i m pre:::
'; passante. Eles mostram sua força para nao terem quc: se s ervi
E possível supor que, ao acabarmos de passar, <'.lcs exp erim
quem sabe, uma grande satisfação.
Em contrapartida, os cac � orri �h � s são mui to mais <lep ra
Ao chegar no vilarejo, um cãozinho 1rntante, que tL\o foi deti do
grades, se jogou em cima de mim e não fez ma1. s do que mor
meu tendão de Aquiles . Quem sabe ele tenha ouv,do o outro, foi
depois . Talvez renha sido um efeito � e e � u!ação.
Não há dúvidas de que esses animais sao completamente p
das. Eles não dão o exemplo de vegetar no nível mais baixo de ten
Ou antes, são as pessoas passeando pelo campo que e stão perf
mente serenas . De todo modo, desde que se entre na esfera
significante, certamente há todas essas perturbaçõe s. E isso é mu
mais surpreendente porque, neste caso, o passante acaba de se subtr
à máquina urbana, na qual ele se esfalfa como um infeliz; ele e
bastante tranqüilo e na mais baixa tensão, ao passo que esses anim
carnívoros estão no máximo de tensão.
Toda a demonstração de Lacan é que não há gozo bruto no se
falante. Neste, o gozo é conseqüência do significante. Sem dúvida, n
fantasia "Bate-se numa criança" assistimos a uma anulação, a uma
humilhação do sujeito, mas também a uma produção de gozo pelo
significante em seu exercício sádico, que golpeia e pode chegar a des­
truir o corpo.
Por outro lado, há o gozo da linguagem, o gozo do significante,
preso ao exercício do significante como tal, mas é sempre desde que o
sujeito tenha um corpo. Devemos dizer gozo da linguagem? Talvez
seja melhor dizer gozo da língua. Aqui se inscreve a seguinte fórmula
de Lacan: "dizer qualquer coisa é o que conduz mais diretamen te ao
Lutsprinzip, ao princípio do prazer" (Lacan 1 972-3:7
7) .
;orra �to,_ �epetindo, a outra satisfação é aquela que se alcança
atraves �o_s�gn1 �1cante em trânsito livre. A revirav
olta deve ser observ ada
no 5Jmtnano, ltvro 20 no qual há uma
nova perspectiva sobre o princí­
10 0 prazer : este aparece, tal como
jA .
enc1a o gozo que se obtém a partir
.
. . ·r·
em Freud , encarnando por exce-
d O sigm 1cante. Desde então Lacan
pode d.12er: "O mcon scie �te é que o ser, ao falar
_
Com cer teza, isso nao mvali , goze " (ibid . : 95) .
da as formu
, 1 as axiomá ticas de Lacan,
seg undo as quais ª Sim . bO
r tzação anula O gozo, porém nesta outra
,

170
<l )
,_........--- ( ) ,l l " f,J/ l"r S:<lll l <l ):<l/.
uz ; parocu -

l o 1.o • ·ttt! o p rodE, e 1dc 1�tc-


l · . ai,:·áo e nrre téll g rpo. v
;1 si1nb o iz •feitos de oz? �so l� ne.:•\•o co
pcrs!'l•i:t 1 \\1 1 :1 ;1 c;t rrc t :l (: l -1 c �1 prec.: g 1so r u •:.1r 'l cuid ad osa d 1 fc­
c 1r 1 s ri '-Ll �, Í·1\ a e o g.ozo da
1.1 n 11 1 di s .
� :1uc c u s e . _ 'tazer e ntre o . g o �t a .
1
111l' �:��.�:l q u
de
e �:�:� {r�tos d ozar o , a1� t c Foi e sta a r azá o
_ i eg � : �:�:��• n as. quais pôde c v o-
��� :1t:1: doi s 11�: � u
1
a d
:.1 d m e sr�d o, à� car r � d � r ira lit e rá r ia.
lk de rc r de d ri amen te h cerano, o g z o a es ..
civa u ma v e z que, � la s e
�,, r o g �;: nos co nd uz e!sa n�;�: erspec
oz o
noss� p r a c ,
ra ra ma nda mentai s de _ n � e
orie n raçao
:s ;r mos de o m o assin a lei, isso
sem
re fe re a ua is nos apo iamos_ pa_ra ensá- l a? C
sobre o� � m ques tão o p rop r ; fermo de suje it o , o suje ito b a r r ado,
.
Jú v 1 da poe e ta a mortificaç ão o su1e1· w pel o significa nte, que no s
q ue rcp r:s� ª n vez que essa nova perspec ­
ar tir d a fal ta-a
se r, u
1ta a p sar . p mpletá- i o c o m o:� r po como corpo d e gozo .
i_nc nos fo rçaria a co '
a q o c o mpletam o s com o corpo d e gozo,
�;rém , do mo men to �a�ta-a-ser, r azão pela qual Laca� começa
trata e ::a
não mais se 1 . r ao falasser do ser falante, que se opoe, termo
n esta época a se re e n '
, à fal ta-a-se r:
a t e rmo

6 + corpo

Pode-se dize r que o falasser é uma categoria introdu:ida por Lacan


para substituir a categoria de sujeito. Isso, porém , nao faz com que
esra desapareça. Ela nos mostra � �arcialidade com que e sustenta o
� _
próp rio conceito de sujeito. Parcialidade fec nda operatona, q� e nos
� _�
permite inscrever este sujeito nos cálculos s1gmf1cant es, todavia par­
cialidade da qual se deve recupera r o caráter unilatera l.
A primeira formalização de Lacan - a do sujeito,
do signific ante,
do objeto a - é tão vigorosa que lhe foi
muito difícil dar a mesm a
potência intelectual e opera tória
ao conce ito de falass er, que, seja
como for, presta-se meno s
à forma lizaçã o. O conce ito d e
barrado é o próprio sujeit sujei to
o da form alizaç ão. Ele é um sujei
lizado, até mesmo um to form a­
sujeito formalizado, se assim
Eis o �ozo do sign posso dizê- lo (risos ) .
ificante!
E preciso to mar o
bastante' olh conc eito de falas ser corp o-a- corp o, sacu
·
ar por cima di-lo
desse co ncei , por b a1xo
· , de to d os os lado s para
to é possível extr air ver o que
cos, e eu já de form alizá vel. Em term
o su blin hei, o Out os simét ri-
ro, oh!, o Out ro é igualm
ent e posto em

171
Esse desejo é o dia l-o

ui não p � de �. os s atis faze r -n os d o Ou.


_ L aca n . També m aq 1cantc . O co r po d e g o
quesra o p or 'f
tl i ca d d o Outr o d o s1gnif
mo o
d o la do d o O utro . Foi n. este p:1.nt o,
u o d o c or p o
r
m ava , e st á' t a m bém
co m o e u 0 cha levad o p e la n e c e ssi d a d e , a � teimo _ pa�ce1 ro-sinto ma
que eu ch e gu. ei ' faI ass e r, t e nd o por vo c a çao subst1t u 1 r o par su jei to
ao
co m o simétn co .
bar ra do e o O utr o


{ _s--=--- A
_

fala sser ◊ parc eiroL

substituição não significa d izer qu não se fala


e
Deve ficar clar o qu e e há um segun d o p ar e qu_e s� tr at a d e s�ber
mais deste par, e sim qu i cula com o �r1me1r Sobr_e isso
_o
com o, em ro dos o s casos, e le se ar t .
oes do inconsc�e � te e

posso diz er que o Seminário, �ivro 5: a� formaç �10 e
o co�ent
esp eci alme nte e ducativo. Por isso, farei um pequen
a d

uma parte do capítulo VI, no qual encontr amos uma brmcad etr a de
Quene au. N esse capítulo, po demos seguir d etalhadamente o que le­

livro 2: o eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise. Em um


vou Lacan a seu conceito desenvolvido de Outro, surgido no Seminário,

dado momento, bruscamente, vê-se o Outro receber sua letra ma iús­


cula e desdobrar-se. É um momento emocionante deste Seminário.
D a mesma fo rma, no Seminário, livro 5, em um d ado momento, ve­
mos Lacan, ren do co nstruído seu gra fo, desdobrá-lo e construir seu
arra� ha-céu. Ainda que isso tenha sid o recitado durante anos, esse
co m� a s�ndo um mo mento tão emocionante quanto o
de estar lá'
peta p n":eira vez, ão on de Lac an o pensou, mas
� onde ele o expôs.
Entao, no capitulo VI ' ele ropoe a pergun
Outro? Se m dú vida é segund ta: como definir este
O utro. Parece- me q� e' ºsalvo eng °
gr ande momento na definição do
. o tan to noS
so bre iss . . ano' não há . nada de tao - .importante
em ináno, 1tvro 3 .· as ps,coses, quanto no Seminário
/"''º
.
4: a relação de objet C
mo
�icção: pod em os imagi na;·-um: , tr a�ava do chiste, ele introduz a
mte rloc utor? Um chis te maquina que fizess e o
s up oe trabalho do
fo,. uma bobagem não . que o O utro o reconheça,
' fique fno que nem ' não diga que
o eh·isre, quand o for . marmore, mas aceite, acolha
o caso: o essen c1aI ,
esta no acolhimento
.

172
() ,pir 1 , 1 1 r 1 , , , m " g o t o /

i Algut; fn. 1 1 111


. ll'I rc:un i:io, ld de'/. d as, tOi t.·11�r;u"·.Hlo . IH
l�.':\,1'�c
st: ·t.l:lf c ont ;\. Ele h;ivi,i posto 111�1 r i tulo t·m seu 1 r.1h .1 l l� o q m:
dii �tt' ,: · ;\ gargalh adas. Esta pcs so;\ f�i:ou u m t;m�o st_irprt·s 1, � te
oil ri 10 s s . '.
lfv
f um a pergu nta e ele descobr i u o que_ h;tv1a d , ro, ou sq.t,
qu e t'll Ih e iz I10 mo fonia , Ít!'/. rodo mundo rir. O n:rnw se cons-
• fl\O que , p or .
�111 _c c.:r
em razão do acolh1mento do �urro.
unn u . in chiste
� m: Lacan se pergunta é se urna máquina pode �azcr esse tra-
imaginar uma máquina que, tendo receb i do uma �rase
hal ho . p�de.mos
c,m sc�i , • trabalhe _ chroccrocchoc - e produza um ch i ste ?
etc . ". Ele nos diz que isso é um pouco
E_ en.r ao.��.���::�{ Recomece
é neste sentido que ele pens a : será
d1 ffc1 , ' poré m pode mos ver que . , . -
rud o isso ma quínico ? Bem, e�iden_temente isto e uma utop i a , m a s nao
po d em s satis f a zer-nos em d i zer s1mplesmente o Outro, o gr a nde Ou-
rro, o �utro é um homem. L ac a n diz que sem dúvid a. .é preciso que
seja um sujeito re a l. Mas o que e I e _enten d e p�r su1e1to re a 1 nesse
capítul o? Um sujeito que tem a �oç_a? do sent i do, u� a vez que o
.
entido surge da conexão entre o s1g111fic a nte e a necessid a de, ou se1a,
�a marca signific a nte aplicada sobre a necessidade; já é, a liás, entre
parênteses, a outra satisfação.
, . , .
Lei a mos a passagem sobre a maquma presente na pagin a 1 1 9.

fmaginemos, port anto, um a máquin a . A máquin a situ a -se em


algum lugar em A ou M. [Atualmente, p a ra nós, é em A e em
s(A), a mensagem] . [ . . . ] Ela está em condições de decompor as
vias de acesso por onde se realizam tanto a form ação do termo
familionárío qu anto a passagem do Bezerro de Ouro p a ra o vitelo
de açougue. Suponhamo s que seja suficientemente complexa p a ra
fazer a análise exaustiva dos elementos de signific ante. Será el
a
capaz de entender e de a utenticar como tal um a tirada espirituo
sa,
de calcular e responde r que "Isso é um a tirada espirituo
sa"? Ou
seja, de ratificar a mensagem em relação ao código
[. .. ]?
Essa imagem só é produzida a qui a título purame
nte humorí stico,
e nem se trata de discuti-la , é evident
e. Mas o que signific a isso?
Será que basta dizer que é preciso
termos diante de nós u m
ho �e �? Talvez, isso seja óbvio,
o q u e nos deixar ia muito
sausfe1t os. Dizê- lo corres ponde
aprox imada mente, em bloco à
experiê ncia. Mas, dado
que para nós existe o incon scient e c�m
seu enigma, homem é
uma resposta que precis amos decom
por.
Co meçarem • dizend
� o que é precis o termo s diante de
SUJetto real. E no nós um
sentido, com efeito, na direç ão de senti
do que

173
Esse JcscJO é o diabo

nh a seu _p a p e l . Ora, _es�c SL


irit uos a dese mpe r con cebido e m r e l açao a l n 1lt1 d(J ,
a or. a �: es os , só p od e se t t: r ;i� J.(J
in dic am
co mo 1 . · f · can te e u m a ne cessid ade [ . . . ] .
tre um s1gn 1 ,
en , q u e e ss e_ SUJ� ito r e al dc vl' ter
zer mos, no e nc a nto
Sera, possível dih ogê n e a s às_ � o s� a s ? N a o e f orço s_a m e n tl'
d es o m
ne cess id a l.?g º_ no � o m e ço <.te no sso
nstau rar ess a ex1_g e nc1a
r ::ndável i feit , a n e c e ssidad e na o e designada e m pzin e
::� o. Co m e � .
espmtu o sa .
{ ... ]
;lguma n a tir ada
. prim f
e ira de iniçã o
[d o _ Outro ] : e preci so que
Eis, po� t_ nto um a
a
' u m sui· eito r e al . D e u s, am m al o u hom e m ? Não
ess e s u 1e1to seJ. a

remos a me nor idéi a .


a à n o çã o d � qu e é p r e ci s o s ob_r e tudo � u e esse
Po u c o a p ouco, ele cheg ai pa r a p o d e r re ag i r a� c � 1ste . �or
nh eça a m etoními a s u s u s
Outr o c o s
Ma r e ng o , e_ p recis o)
e xe mplo, pa ra ri r
co m a ques tã o d a bata lh a d e _
d éia s o b r e e l a � s o b r e
a c o n d 1 ç ao dos
a o menos , ter uma vaga i , _t u ma p quena
u tc. Enfm no­
granad e i ros, s o bre quan do oc orre
e r e
e

n o m1mmo , de que Trafalg ar
ção da baralha de Fontenoy, lembrar- se,
u e m um ambie nte
_ não há uma praça de Trafalga r e m Pa r i s ! - o c o r� e
nunca tão pr opíci o às forças a r m a d a s fr anc e s as . E p r e c i s o te r um ce r­
ro núm ero de n oçõ es c om o ess as e , sobretudo, u ma noção de c o mo é
o exame de baccalauréat, de c o m o é pa s sar por ele, d o examinad o r
que nos tortu ra. Enfim, é p reci so um c e rto número de dados desse
tip o, que Lacan chama de teso u ro m e tonímico.
O Outro tem esse tesouro. Ele é suposto c onhecer a mult iplicidade
das co bma � es significant s , ali�s_, inteiramen te abreviadas , d iga­
� � � .
mos, ate punficadas quanto a s1gmfi cação.
Desta maneir a, partindo do Ou tro que seria
u m ho me pou o
a pouco ele chega a um sujeito real de
que nã o sabe m os b e:: qua� a
sua natureza, e o eleva ao tesou � . .
ro das m tomm ia s. Isso lhe
concluir, após uma demonst - _e perm i t e
raçao que nao é a habi
sedução para o ouvi nte, e tual , que é uma
. . nos permite chegar a-
sente pag ma noç ao - d e Ou tro pre -
de o suie - - 122 : "Eis -nos po rtanto em cond iç .
- es d e d"izer que , lon
ito diante de no's ter o
ge
·
essencialmente um lug que ser " u m · ente r eal, esse
viv
portante que O utr o .
ar si mbólico" Eis
o nao sej a con
· O que ele obteve ,
Outro é
.
: e multo im -
essenc1a . e b '.' dº c om o
l mente co m o outro ho me m
um lugar si� 1 , m as
bo ic o. Ele
di z · " e ss e
te s o u ro
, N. do E. Cf
. nota 1 .

174
,........... O �uc i.)zcr ,0111 o gozo?
m os cha m ar de
um ea rater que pode
nas apresenta visa r o su1e 1 to n o plan o
,1nllnl Jt' .:Jtc!::10 a que nos d 1 n g1m�:� ao
m i ze r, u m caráte r si gu­
1 n
:�,rr;r,.-1 1 l Ado s1gn 1 f1cantes te � , pi c s d h,
J,'l!o N º •' �:rr:il .. Com efeito, e ,º u123
s ro que , a aco lhe o dito es ­
in
J.ir mt'n tt' e não qualquer um. Na P ª na , ele connnua "Esse Outro,
r1r1 nJl�o. f' q ue seJa um ser vivo , de carne :
ele seJa muito rea lado, ha
rri:._,S,JJO� ��;a sua carne que eu f rovoco. Mas por o utro
'
,rnNr� :t:J go de q uase an n
ô •?1� ito do O utro � L acan es ­
rJJllbt que se concl u i nessa� ªJe nas avrespe
O
sua d1m ens ,3
P
0 ser i vo , su a d im ensão de s e r de
o Qu ao

�;Je lha ap nta!


�wa d ar v l onza r se u carate r s mbóhco, seu caráter maqu in al . Isso
i
ernu e �onr1_n���- t:u
suas for mulaç ões. No fmal d e ssa
me dmJ o ao Out ro, não me d 1n1 0
e
lii3-º· de pode e o i : z r
ít
e eJ es pe c f co, a nada qu e nos una numa
comu -
no Ourro a nada qu sum acordo qualquer de des e 10 ou d e 1ulgamen-
nhio, que renda para
a-se un ca de uma forma" ( . 1 24).
ro. Trat 1 d�:��:mahzação do Outro. f:m se guida, e le humaniza
Eis remuna
esre Ourro a pamr da def;m1ça·o de Bergson. E preciso, ;em todo c aso,
.
que o Ourro se1a da p�roqu1a , o que leva ao comentano d o te rmo
p aróquia nesta pespecuv:, ·
Portanto neste cap1tulo VI , conclui-se a constituição do Outro,
cu·o1 aspecto ;ssencial, no nível do significante, é . que eI e se1a · um
lugar abstrato, 1orma
€ J. Não é ao seu caráte r de ser vivente e de ser de
carne que nos dirigimos.
Pois bem, digamos que hoje trata-se de voltar, de reb bmar e sa
demonstração de Lacan. Ce rtam e nte , ela é válida em s u 1vel, ? �
� � porem
rebobiná-la foi o que ele próprio começou a fazer na ultima p arte de
seu ensino. Em termos pre cisos, devemos ter com o Outro uma
rela­
ção de desejo, estar com ele em uma certa comunh ão.
E não temos
como parceiro somente o Outro como lugar simbó
lico: Não dormi ­
mos com o Outro como lugar simbólico. É
verda de, os grand es místi­
cos o fazem, mas, para fazê-lo, é preci
so ainda assim repre sentá -lo.
E se eles próprios não o representa
m, encarregamo-nos disso atrav
da ane . Há São João de la Cruz és
que cheg a a dorm ir com o nada
é excepcional! Só uma . Isso
ascese extrema pode levar
porém, sob reserva do que a isso . Dig o isso,
0 carna l em sua obr farei: reler São João de la
a. Não tenho certeza se, Cruz para bus car
temos de passar por um exa par a ser mo s san tific ado s,
no qual, aliás, me mu ito mais difí cil do
não se pode dizer nad que o baccalauréat
mono pouc o a por que ' em ger al já se
dcp0is de começa- - 1o.
M as, enf im, nesses cas ' est ã
os, gostar ia

1 75
Esse desejo é o diabo

de que o elemento
c�rn�l é _completam en te esva z1 ad
d e ter cert eza nalistas tenhamos m d1caç oes para recon h e c e r e e t·
Tal ve z nós psica que mesmo os tribun a i s m ais· � be rn­
I e . não dispõem nem
me nto carna d cano.
Van
e quipados do os satisfazer-nos do_ Outro ape nas co mo lu gar
En fim, não podem
. Aliá s, quan do lem�s com cu1_d ado est_e capítulo do Se ­
do sim bólico Lacan maneJa �sse carate� de viv ente , de car n al,
minário, vem os que
que não é isso o que �sra em funçao quando �e trata do
dize ndo um p�rce_1 ro ape nas
podemos sans �a�e r-no s de
significant e . Não mo�t1ficado. O Outro,nao e um c orpo
te, de um parc eiro
sign ifican
corpo vivo, ao m enos_ n� mve � do que pode­
mortificado, mas sim um d
cham ar de ativi dade humana. P?de -se ate dizer, e _ um mo o à s
mos
utiliz ado por Lacan , que é prec_1so que o �urr o_ se1a represen ta­
vezes
disso_ e •�so faz muita diferença . Eu já 0
do pelo corpo. Vocês sabem
vei, ha uns dez dias, em uma reuni ã o
havia notado e também o obser
me enviaram os textos . Havia textos
que convocara e para a qual
to. Ao lê-los , eles me foram total­
extremamente críticos a meu respei
ver se o núme ro de linhas era
mente indiferentes. Ocupe i-me mais em
dizer que eu os li como
0 necessá rio, se estavam bem digitad os. Devo
à , eles se
se fosse uma outra coisa. Porém os autores vieram reunião
deslocaram, trouxeram seu corpo. Eles estavam a alguns metros de
mim, havia suas vozes e suas escansões. Eles se empenhav am em co­
municar a coisa. Pois bem, isso me causou um efeito , q ue vocês não
imaginam. O que eu lera, sem qualquer alteração, no mais completo
princípio do prazer, ou pelo menos com um mínimo de tensão tudo
isso m� fustigou, pam-pam-pam!, no momento em que os garo�ões -
s� hav1_a garot�es - se d eslocaram, trouxeram seu corpo e suas vozes.
Tive a 1mpre�sao que me contorcia na cadeira. Aliás, eu me preocupei

1:�
em saber se isso fora percebido, pois eu tive a impre ssão de ter feito
uma careta medonha Pare ce - fiz. A careta er a inteir amente
moral, não se via nada pelo 1;,i,: ora . N este exemplo, podemos
ver o que a voz e o corpo a cr�scenram,
c omo a cresce ntam inclus
sentido ao significante da escnta. ive
Portanto, o Outro é representado
portante acresc entar esse asp por um corpo sexu ado . E im­
ecto po rqu_e não há corp
�áo seja sexuado. Às veze o humano ue
s as o s 1s tórico s
E po�ível trafic ar e ssa s e;u:;� ; , ele é a té b issex� al.
- os e scondê-la, cam uflá-la,
;:;�: ; ;:c,, mas não se vai além dis��- ;:o de
m um corpo' um c o utro mod . o , o fa 1 asser
uma mudança de orp o sexuado e' p
perspectiva na ortan to, iss o introd
relação do su1e to uz
1 com o Ou tro .

1 76
gozo ?
0 que fazer com o

, ue i nti tule i As estru turas freudianas do espmto,


. , .o livro 5, esp ecialmente n as sete_ primei r as li_(Jics
an
E rn O Semt�
d o Wtt e q
ue rr a tarn �� o suj e ito da fala ar ticula do ao ?u tro como lug a r
s p
tac.in � o a O :;0 tem O códig o e O suj e i to enuncia a mens a gem d�
res
O
si mb ó !JCO- e matizá-lo como Lacan o fez _ ne:
te
Outr o . É p oss ível esqu
lugar d o ema de dois andar e s, qu e surge
pela pnme1ra
Seminário co m_ o_ seu b tro há uma r ela ão . Comparemos isso com
es

ve z. Entre o s � re
a fó rm u l "
f -�
uJ e t? e
a não � _;ç� sexual" eN
ngu í ica o n
ç
digamos que en tre o sujei t o e o
ível da linguagem, há uma
Outro h� u7a r e st

nteª�: tr e O suj e i t� e O Ou tro. Em ou t


ras palavras, é
re la ção sig m Jc� Lacan p or le trinhas nesses lugares, falar da rela­
isto O q ue p er� � te com o
ªe a mensagem ou do tesour metonímico
enrr e o cod ig o
o
ça- _o ' é isto o que permite . f orma 1 1za-
· , lo , desen ha' -
suJelt. o d o c h.i ste , ou ainda
.
l o e dar-lh e nomes divers os. . . ,, . .
Ora, em que se baseia a perspectiva doSemtn�no, livro 20: _ mais, .
ainda? Ela se baseia no fato de que enqu�nto �o mve� da _fal� �a u rn a
la ã o s ignificante , n o nível sexual nao ha relaçao s1gmf1cante .
ris;o O que significa o aforismo: "não há relação sexual" . Foi por
consid erar todas as fórmulas da relação linguística que Laca� pôde
introduzir onde o sujeito e o Outro fazem par, tal como o código e a
m ensagem. O código e a mensagem são inseparáveis, eles precisam
um do outro . Um código sozinho, sem mensagem, nada tem a fazer, e
vice-versa. Na melhor das hipóteses, tudo a que isso pode levar é a
uma psicose. Simplificando, é mais ou menos isso o que Lacan explica.
Código e mensagem são inseparáveis no nível das funções. Então,
quando aplicamos código e mensagem sobre o sujeito e
o Outro, ob­
temos um casamento indissolúvel.
No nível sexual, não há relação significante,
a relação passa pelo
gozo do corpo e pelo gozo da língua,
o que significa dizer que ela
passa pelo smtoma. Não vejo por
que deixa r de escrev ê-la partin
dos símbolos que conhecemos: do

i•
entre o home m e a m ulher há
ma. Não �á s?me�te um muro O sinto ­
, como evoc a Laca n em se
Roma : ha � smtoma. Aliás u "Dis c urso
, isto não é um priv ilégi
eterosexual; ha smto ma o d a relaç ão
tant o entr e dois senh ores
sen horas. ' com o entr e duas
a rela ão de casal su
sinto:aºd��:::::�•� _ ç p õ e que o Outro se
torn e o
s ' u seJ a, um me1 0
sarne nte um me de se u gozo · O smt .
. om a e, pre c,-
io de g E se .
estou hgad o ao out
0utro é sinto
ma para ;�: , ou _ ro, é por que o
corpo. seia, me io de goz
o de meu pró pri
o

1n
Es.sc desejo é o J1.1bo

º
ó o

-� -

ó
9 9
p demos retomar a questão que eu formulei tanto para o semi­
é o osso de uma
nário d� Bahia quanto para cá sob o título: o que
tratamento? Em primeiro lugar, o imaginário; em seg undo, a identifi­
cação fálica; em terceiro, a fantasia; em quarto, � si_n t�ma, aquele
que Lacan chamava de sinthoma. São estas as pnnc1pa1s respostas
trazidas por Lacan.
Retomando, o sintoma é o investimento libidinal da articulação
significante no corpo. Por essa razão, é um modo de gozar, e du pla­
mente . É um modo de gozar do inconsciente, do saber inconsciente
da articulação significante. Neste sentido, chamamos de sintoma o
investimento libidinal do significante e do significado. Em segu ndo
lugar, ele é um modo de gozar do corpo do Outro. Por
corpo do
Outro, deve-se_ entender ao mesmo tempo o corpo
próprio - que sem­
re tem u ma d1mens�o de alteridade - e
� o corpo do outro como meio
e gozo do corpo propno.
Uma vez distinguidos esses
segundo Lacan ' para term· qu atro ossos, 0 que se deve fazer
mar uma análise ) O . ,
utrnpassá -lo. As ident
ificações, há que faze-la . . � . , d eve - se
,_magmano
tasia, deve- se a-tra-ves • s cair : catapum
-sá-1 E ! A fan­
? rtodoxia lacaniana, des as:; �t:iu faze �do p ara voc ês a mímic a da
textuad o' em cim e º qu a _ sou resp on
a disso a t or t o sáv el por haver
anos. e a d1re1to, e
iss o há quase
vinte

178
gozo '
er ,o m o
O '-lu ' t;ii -
á-lo , �a �
- o pod emos ulrr apass o luç ao e

,,,,.. os so , na a s
. ofll�• o qu arto rr�vessá - io Par a La can,
ro ao s1nr ode mos a . uer diz er que d eve mo s
Q ti:':z ê-lo caír, nao isso quer d1z �r? Isso q ue se de ve vive r. Em
e te il
f,..Je '.;:��r�se com � �i �:ma designa aq� : 't::�:os ne sse se ntido , e l e
e
iJen.��•er ,o� eJ e.e_ aree iro -sintoma . d_eve, de fat o , bem vive r.
, e se
.:vn\o precisos º/ ui lo com qu _ , um cert o sa b er
rer/TI s recisarnenr aq f na I da a na li se e sempre o� 1 ego e
d(Sigfl3 psa perspe ctiva, o i na- é fazer cair, nem tom� r f
Ne s ã o é atr avessa�, �
m - N n o a ba gagem para trá s. E c laro � ue
o
jJie r c ra outro lado, de 1xa , da uma perspecn va
dúvi
pJssa r pa_ °rd ª a as pre
ce de ntes , mas_ e se ; o 1s . Deve- se
n ã o d v ere mos v. 1 ver ep da a nálise.
iSS º
'�: :om o qu
sobre aq ui! com ue deve mos nos virar.
e e
- e, .1gu al.
e�te_ nao
{3 zer com, to, oº·Âenrificar-se com o sintoma cert�m de um .
Por.tan
-s I
co m m .
s1g m·f·ica nte . Ele está m. ais prox . 1mo
ao i den n ficar u gozo" . Por isso, é basta nte parc_1al c o nsid er a r o p asse
e u

".e u sou co mo e
o que s e faz
u m pro cesso de desin vestime nto,
simP1 esme n te como .. .
e po de ver O caráte r m apropn a d o d e
.
m bas � re fre qu_e n c·a Aq u i s
A

co a nális e, deve-s e ir
r n
minhas , por exemp lo: na
{0 rm u laçoes que nao s�� , .
con rra o gozo, o u sei·a concebe
' r o tr . ab alho. de a n a-lise, como um
o libidina l. Isso é muito p a reia l.' e n a o e n e n h �� a
dese n v estiment a r de uma a n a li s e
boniteza , porqu e isso significari a dizer que o caminh
é medido pela mortificação. .
Falamos de travessi a da f ant asia no sentido de que a f a nt asi a é o
lugar do investimento nocivo. Porém a libido freudi a n a é uma qua n­
tidade constante . Est a é a sua definição. A questão, port a nto, é a de
saber onde essa quantid ade consta nte será investida. Não podemos
nos contentar em dizer: deve-se ir contra o gozo. Não se vai contra o
gozo , não se pode ir contra ele, pois ele é um a qua ntidade constante.
Então , onde faremos nosso investimento? De f ato, sem isso, a morte
é o triunfo da psicanálise. Isso pode ser defendido, mas ainda é preci­
so fazê-lo, ir até o fim dess a lógica .
O desinvestimento do lugar nocivo não impede que ele perma­
neça como modo de goz ar, que ele perma neç a o sintom a ; o p ass e é
esse sintoma pô sto a nu.
Por isso é que, ao f ala r de pa rceiro-s intoma , eu indico, não con­
cluo. Não digo que o trabalho esteja feito, indico a necessidade de
uma nova definição do Outro - do Outro de Lacan - como meio de
gozo. Isso concerne ao Outro sob duas modalidades: o Outro repre­
sentado pelo corpo e o Outro lugar do significante. Aqui a fórmula

179
Esse JeseJo é o diabo

Ela q u e r �iz c r O se g
se xu a l" ga nh a se u se ntido. ui
"n áo h a, re laçãoc omo s e r e s sexu a do s , f�ze °? p_a r nao º ? n í v e lnt e
os f_a ! ass e r es , Es sa h g a ç a o e s em p: e s1n to 1n
<l (�
as no n ível do gozo. ;it 1i.: a
sign ifi ca nte � _ men to em que o p�r _fund a mental e c �11<.: cb d
i o 11 0.
A p artir�o mo n ível do sign ificante puro, a di fe ren ç a d
� nao
nív el do gozo, men te "ºt e vada em consideração. O ign ificante p u o s
s
sexos e, n� cessan s se xos. E q uando es�revemos, quan d o ra ci. oc inr o
a
en do a-
a paga a d1f� ;
a
mos dize r ue a d1ferenç_a d�s ��-x�s, ne sse ní-
mos sobre P ◊ ' Pode . de r ç áo E9 a pura relaçao hngmst1ca .
con
ve l, não entra em SI \os ·foi e stab e lecida por L acan i n ii.:ialmc n-
_1 ere nça entre os s e
A d'f
nte fálico, ao formu lar que ca d,ª _ sex o, ou diga-
te arr aves _ d.o s . nifica
sexo, tinha uma relação e spec1f1ca co11_1 o fa lo.
mos, o sui eito 1e cada
a relação do homem com o falo di feria d a
Dito de outro modo, q ue
ele .
relação da mulhe r com

$ ◊
Esta é uma ve rsão de: "não há rela5ão s exu al". É u ma_ m�neir a de
dizer _ elaborada por Lacan em I..:Etourdit - de qu e so relação ?ª
significante com o falo. Não h_á r el_ação sex u a(, ma� n? nivel sexu_al
há, ainda assim, uma relação s1gmf1cante ; por e m nao e uma relaçao
significante com o Outro, mas sim com o falo. Ele e ntão e labora sua
fórmula da sexuação feminina, que é a forma da relação significante
feminina com o falo, com o significante fálico, e su a fórmula da
sexuação viril, a da relação do suj e ito com o signific
ante fálico. Po­
rém isso só o levou a formular, j usto antes de O
Seminário, livro 20,
que a relação com o significante fálico
é tão difer ente para um e para
outro sexo que, na verdade, não pod
e mos nos falar de u
ourro_. Nesse_ s entido, de fato m sexo para 0
, cada um fica na sua :
significante nao pode have no nív e l do
r com pr ensão entre os sexos.
co, poi· s nao
- tenho com• e
igo a referência, m Eu s1mp
. 1·1 f'1-
diálogo entre um sexo as a ver da de e, que
e o outro. nao
- ha,
Mesmo assim, contudo
sam até muito tem os homens e as
po faz end� iss o ' . mul here s se fa
isso
. mesmo, muno . . J ustam ente p lam. Pas-
importante . É orque e, d1. fICI
' · 1 e,
no 20, uma vez que ist o o qu e Lacan po r
aí ele fo rmulo ab ord a no Se
exrremo. Dado
esse impasse fu
u l ev ou es mi ná­
sa de mons
ndam :ntal , tr açã o ao
c om o faz
em os p ar a
nos

1 80
... O que: fazer com o gozo )

o haver rela�ão sexual não i1:1pede que haja uma relação


faJ arrn°s ? Nã parceiro -smtoma e que haJa pares que se formem Isso
o co m .
de goz se 0�o pelo diálogo , pela mobilização da fala e da escrita .
se passa , utr0 mo do a questão a ser tratada é a de como, sob que
o
Di to _ d� Outro 5 � rorna o instrumento do meu gozo .
condi çoes , mo do O falasser se serve do Outro na condição de se r
D q�:
e
o por seu corpo para gozar? Como ele o faz entrar em seu
repre.sen�: obe decendo ao Lustprinzip? Bem, o gozo se produz
cir cua o gozo
de um, mas mediante o corpo do Outro . Nesse sen-
sempre 00 corp� , .
o gozo e, sempre autista.
.d ele é se mpre auto-ero t1co: . Ao mesmo
:::�o, poré m, ele é aloer� tico porque sempr � in� lui o Outr �, inclusi-
masrurbação masculina, uma vez que o orgao e m questao, como
;;:i;nha Lacan , está fora do corpo. Ele é marcado de alteridade, tal
com o sem pre o soubemos, porque só faz o que lhe dá na cabeça.
Mesmo assi m, é uma presença e nem sempre se pode contar com ele.
É be m iss o o que dá a extraordinária notoriedade mundial de um
produto químico esperado pelas massas.
Enfim, há no corpo uma presença um pouco estranha. As mu­
lheres conhe cem isso porqu e os bebês, os fetos lhes chutam a barriga,
ou seja, elas têm uma certa familiaridade com um ser outro que lhes
cresce por dentro. Todavia, minhas senhoras, esta é uma experiência
que os senhores têm, a seu modo. Eles também têm a experiência de
que nem todos os seus membros respondem ao comando cerebral, e
que há aí uma zona inspiradora de um dito espirituoso contado por
Freud e retomado por Lacan. Trata-se da senhora que dizia: "o que é
especialmente importante em um homem é que ele tenha seus cinco
membros bem eretos".
Há um lado fora do corpo. A argumentação de Lacan mostra
bem em que sentido o corpo próprio do ser falante é 'outrificado', em
que sentido ele se torna Outro por meio do significante. Isso é o que
me conduz a retomar os esquemas postos no quadro, representando a
fórmula da sexuação viril ( Vx <l>x ) .
Pode-se representar assim o que seria o b o m e velho princípio do
prazer (Lustprinzíp), e também o a mais, o excedente do orgasmo
masculino, em sua emergência do gozo fálico, que se distingue por
seu lugar fora do corpo. Represento por esta zona do Vx o corpo em
sua harmonia fazendo conjunto; e aqui, a pequena zona delicada, porém
bastante interessante , que é suplementar e que tem um lugar à parte
na economia física.
Esse desejo t' o diabo

O
Vx <l> x :I x <l> x

corp o
orgasmo

do outro lado o gozo fe minino


Do mesmo modo , p od_e -se representar
nte também a au sência
através do não-todo. E preciso que eu represe
desse ponto suplementar. Enc ontraríamo s aqui representada a estr u­
tura diferente, bem conhecida, do orgasmo feminino, sua característi­
ca de ser em patamares e, potencialmente, se não infinito, ao menos a
sua sobreposição, Aqui, de fat o , não há ponto fora do corpo, tal como
�o homem, porque é o próprio c o rp o que se torna fora do corpo .
E porque aí o gozo está contid o no co rpo próprio, a não ser pelo fato
de que este corpo própri o é o utro para o sujeito, E esse corpo está
_
su1e1to a um certo número de fenômenos estranhos, fenômenos de
abertura, de não limitação.

/-,
.
vx <l> x
corp o (
)
'\. _ /
princípio
do p razer

1 82
o qur fazrr com o gozo�

. · so des se esq uema, para por em imagem a duas


s
D e sv ia rei O u
d o g ozo s
xual . No h o mem, o f o ra do corpo está localizado e,
fo r � as � lado,,
esm o , c o ntáb il, a o que Sade, se dedicava. Do .
, outro
po r 1 55,0 m d o c o rp o l ocalizad o, ma s e p o rque o propno corpo e
o a f o
r
nã h �e! e mesmo . Eu cheguei até a desviar as fórmulas de Lacan
póstº fo r a
las estrutura s s ignificante s d o corpo. E o que eu já indi­
pa ra fa ze� de r
ra a qui, a n e s de partir para a Bahi a , é que es s as estruturas
a . .
rminam para cad a sex� � status d � par_ce1ro - s1 �toma
'. nifi ca ntes dete o parceiro � determinado
��rno meio de gozo, ou s eja, d� lad o �mi,
o , ele e e ss enc1alment� determ,_nado co�o i,...
co m o a; do lado feminin
dera para isso : o a e uma u�1d�de
Eu lh es relembr o os valores _que eu
d� s��arado. Certamente_ nao e o
de g o zo di s creta , no sentido
significante, mas tem a for�a� do_ s1gmf1canre, u_ma �ez que e um e um
rodo ; ao passo q
i ue é a ex1genc1a para o parce1r_o-smtoma do lado_ d�
m ulher, que esse parceiro tenha a forma do nao-tod?. Eu enfat1ze1
que O parce iro-sintoma do homem tem a forma de fet�che, enquan�o
0 parceiro -sintoma da mulher tem a forma erotomamaca. Em razao
di sso, no passe, o homem tem que resolver primeiro a questão da
fantas ia, ou seja, da forma fetiche que ele impõe ao parceiro. Já a
mulher, tem de primeiro resolver a questão do amor, ou seja, a de sua
eroromania. Do mesmo modo que Vigny diz: o homem terd Sodoma,
e a mulher terd Gomorra, assim também o homem terá o fetiche e a
mulher a erotomania; isso não faz um alexandrino. Como eu já havia
indicado, o modo de gozo da mulher exige que seu parceiro fale e que
ame: o amor é tecido no gozo. Pode-se sempre falar das mudanças dos
costumes de cada época. Sem dúvida hoje há mais liberdade sexual,
porém, quanto ao modo de gozo, isso permanece. Não terei tempo de
lhes trazer os dados sociológicos que encontrei sobre isso. Para o ho­
mem, por sua vez, seu modo de gozar exige que o parceiro responda
a um modelo; isso pode levar à exigência de um detalhe.
Uma vez, um paciente me contou algo de que não m e esqueci:
o
que ele buscava em uma mulher, imaginem , era uma
certa covinha
entre a base do nariz e a boca. Quando encontr
ava, ele tinha que se
apossar. Ele lançava mão d e tudo. Aqui, ele
me diz como é este a. Esse
a pode, ser... Vocês nem imaginam. Enfim , vocês
imagin am muito
bem ! ! E para um e para o outro
.
. ,. Atualm ente, tenho dois pacien tes cuja condi ção de gozo é uma
ideia, uma forma muito precis a de nádeg
as nas mulhe res. Eles a têm
os olhos . A forma das nádeg
� as das mulh eres é muito limita
orma que eles têm da e a
é tão preci sa que, de fato, é nece
ssário s; dar

183
fasi: JcscJo é o diabo

l a ara vê- l a . �ssa é a cund i -.;ão dt..:


. b a o p a r a enc o ntrá- , p
mui to :ra lh , que é um a esp écie de redu plicaç ão d e seu cor po seu
f m d�
gozo , o r a iz a o . É iss o : há o o lh o d o h o mem, de algum n10 1'
a a
1 c l d e
seu co rp o � "a m ã o de minh a irm ã de ntro das cal .( o,
ã �a
º,m em n o é s de
0 olh o d0 ,, h mem s o bre um detal he da mul hc r�
E o o lho d
um z u av o .
o o

O
V x <t> x 3 x <t> x

corpo
orga smo

amente sustentar-se
Como já indiquei, esse gozo masculino pode perfeit
masculina, na rela­
do silêncio, tal como vemos na homossexualidade
conta­
ção com os michês ou então, eventualmente, ao contrário, nas
gens da masturbação masculina. Esse caráter contábil do gozo mascu­
lino encontra-se sob a forma imposta pela parceira-sinto ma; já para a
mulher, eu o assinalei, o caráter de algum modo ilimitado e aparente­
mente infinito encontra-se no nível do significante sob a forma da
demanda de amor.
O que �hes apresentei aqui como caráter ilimitado do gozo ou,
a o menos, nao restnto e, ao mesmo tempo, 0 caráter não unificado
do corpo, enco ntra-se na demanda de amor. Demanda absoluta infi-
_ . '
nita, alem de tudo o que se pode dar d e matena l, de tudo o que se
pode dar de provas, já que ela incide sobre o ser.
Podemos dizer que a
demanda de amor desnuda a forma erot
omaníaca : que o outro me
a me.
Ce�tamente, isso tem um pare
ntesco com a psico se.
Lacan diz erotomania, é o aluno Qu ando
de G at1. an De Clér am
ou seja, aquele que deu à bau lt que f ala,
erotomani. a sua forma .
e 1assic
, a. De fato ,

1 84
O que fazer com o gozo?

�ma, é s_eu real; � preci� amente isso 0


ostra que o outro �
s,hre ber m xa à posição femmma. Foi o que 1mpuls10nou Lacan a
O _ u
go e e�:odas as mulhe res são loucas. O que pensar sobre isso ? Ab­
c0nd0 1 '·n te já que é muito mais razoável desse lado, o das mu lheres
a
solot rn;ste Í ado , o dos homens.
do g u: diria de outro modo : todas as mulheres são loucas e todos
uO
são e�bruteci� os. Uma vez dito isso, isso salta aos olhos.
os hom ens .
pela vida. Certamente nos inscrevemos ou de um
É assi m que se vai
lado ou do ou tro.

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