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Entrevista completa de Olavo de Carvalho ao Estadão - uma lição!

Entrevistar uma pessoa sem conhecimento prévio é como ir a uma entrevista


de emprego sem conhecer a empresa. Ou é muita inocência, ou burrice mesmo.
(Paulo Coutinho, de cuja página copiei a matéria)
"WASHINGTON - Responsável por indicar dois ministros do novo governo, o
filósofo Olavo de Carvalho rejeita o rótulo de ideólogo do presidente eleito, Jair
Bolsonaro. “É lenda urbana”, disse. Em entrevista ao Estado, ele afirmou que há
uma “dominação comunista” na educação brasileira e defendeu que seja feita
uma “reunião de provas” sobre isso. Por isso, disse que é ingenuidade levar o
projeto Escola sem Partido para debate no Congresso e que “uma guerra cultural
se vence no campo cultural”. Olavo de Carvalho, que há 13 anos mora em
Virgínia, nos Estados Unidos, criticou ainda a imprensa brasileira e falou que a
eleição de Bolsonaro “tem de ser respeitada”.
Seu pensamento tem influenciado as decisões do novo governo, mas o senhor
tem dito que teve pouco contato com o presidente eleito.
Conversei com ele exatamente três vezes, por telefone. O Eduardo (Bolsonaro)
esteve aqui uma vez e o Flávio (Bolsonaro) esteve uma vez.
Eduardo Bolsonaro virá aos EUA na semana que vem. Pretende se encontrar com
ele?
Eu espero que sim, se ele tiver tempo e puder dar uma esticada na viagem até
aqui será um prazer recebê-lo.
Ele fez algum contato?
Que eu saiba, não.
Tivemos dois ministros definidos a partir de indicação do senhor. Há mais
indicações suas?
Já gastei o meu estoque de ministros, eu não tenho mais nenhum no bolso
(risos). Infelizmente não tenho mais ninguém.
Para falar das áreas com ministros que passaram pela sua indicação, como o
ministro das Relações Exteriores. O assessor de Segurança Nacional da Casa
Branca, John Bolton, viaja nesta semana ao Brasil e Eduardo Bolsonaro viaja
para os Estados Unidos. Como o senhor imagina a aproximação entre EUA e
Brasil e como o País vai se colocar no cenário internacional, tendo a China como
importante parceiro comercial?
O presidente (Donald) Trump disse que tem US$ 267 bilhões esperando para
investir no Brasil, eu acho que isso é muito bom. Não adianta nada dizer “ah, isso
vai desagradar a China”, como disse aquele idiota do Mino Carta, “ano passado o
comércio com a China nos deu 20 milhões de superávit”, muito bem. A China só
fez isso porque o governo Lula e Dilma e o Temer também estavam distribuindo
dinheiro para os amigos deles, os amigos da China: Cuba, Angola, Venezuela,
etc: 1 trilhão. Levamos 20 milhões e distribuímos 1 trilhão. Que beleza, né? Claro
que se o governo parar de representar vantagem política para a China, acaba o
comércio na mesma hora. Comércio com a China é escravidão. Isso é óbvio e
todo mundo deveria saber disso. Vai perguntar para o Tibet se é bom conversar
com a China. Agora, para os EUA, é bom, porque a riqueza da China é quase feita
toda de dinheiro americano. Outra coisa, tem gente que chega a ser tão idiota
que ultrapassa a medida do acreditável. Por exemplo, Mino Carta acha ruim
comerciar com Estados Unidos e acha que deve comerciar com a China. Mas a
China só quer saber de comerciar com os Estados Unidos, meu Deus do céu. Por
que os EUA é bom para a China e é ruim para nós? Essa coisa anti-americana
pueril é coisa de estudantezinho comunista de 1950, naquele tempo havia um
livrinho que os comunistas distribuíam, a Editora Brasiliense, que é comunista
para caramba, chamado “um dia na vida do Brasilino” e tudo o que ele consumia
era americano. Só que se você retirasse todos aqueles produtos, o Brasilino
retornaria à Idade da Pedra. Tem essa mentalidade ainda. É encrenquismo. Agora
encrenquismo com a China não tem, embora estejamos de fato entregando
tudo para a China. Essa burrice já passou do limite no Brasil. Hoje o Cristovam
Buarque diz uma coisa que prova que ele não tem capacidade para ser professor
de ginásio. Ele diz: soviéticos e nazistas tentaram o Escola sem Partido e não
deu certo. Como você diz uma coisa dessas? Isso quer dizer que a educação
na União Soviética era sem partido? E o Partido Nazista também não ditava as
regras de educação? Não tinha uma doutrina pronta? Como esse idiota faz uma
coisa dessas e o pessoal ainda chama de educador? Não, ele não é um educador,
é um destruidor de educação nacional. Esse homem foi ministro e todos os
ministros de Educação dos últimos 50 anos são culpados da destruição da
educação nacional. Esse sujeito deveria calar a boca e nunca mais abrir a boca.
Esses são ídolos da mídia, a mídia adora. É uma espécie de máfia, eu falo bem
de você e você fala bem de mim. Então tem os intelectuais queridinhos da mídia.
Você leu O Imbecil Coletivo?
Não.
Então leia, você vai ver que todos os camaradas que nos anos 1990 falavam
de mim, o que esse pessoal da mídia fala hoje, todos eles estão esquecidos,
jogados na lata do lixo. E os que estão falando hoje também serão jogados na
lata do lixo. Só que eles acham que vão ser imortais. Acham que vão sobreviver
à minha obra. São loucos? Não sabem com quem estão lidando, porra. Eu sou um
escritor de envergadura universal, esses caras são uns jornalistinhas de merda,
saíram da faculdade ontem, porra. E quer discutir comigo? Ah, que coisa ridícula.
O meu prestígio vai crescer e o deles vai sumir. Por que estão entrando num
confronto em que só podem ser ridicularizados? A mídia não tem credibilidade
alguma. Você vai averiguar a tiragem do Estadão é menor do que a que tinha nos
anos 1950. O que ficam botando banca se esses órgãos estão todos perdendo
crediblidade rapidamente? Todos apostaram na derrota do Bolsonaro e todos
passaram vergonha. Ainda querem continuar passando vergonha? Por quê?
Por que vem pedir para mim, para eu os envergonhar? Eu não quero humilhar
ninguém, mas os caras dão a cara a tapa, fazer o quê?
O que quer dizer com a aposta na derrota do Bolsonaro?
Todos os comentaristas diziam que era impossível se eleger. Não teve um que
dissesse “o Bolsonaro tem chance”. Nenhum disse. Mas diziam isso baseado
no desejo, não numa análise objetiva. Que eu saiba, que previu a vitória do
Bolsonaro só eu e o Filipe Martins, que aliás é meu aluno. A mesma coisa
no Trump. Todos esses sábios da mídia brasileira dizendo “vai dar Hillary na
cabeça”. Vai dar na cabeça deles, isso sim. Bando de idiota. Gente analfabeta.
É analfabeto funcional grave. Hoje, na mídia, você não pode fazer uma piada
que as pessoas entendem em sentido literal. Ou é sinal de doença mental ou
de analfabetismo funcional, coisa boa não é. Estão todos assim, meu Deus do
céu. O que aconteceu? Aconteceu 50 anos de propaganda comunista na orelha,
sem o devido contraste para poder pensar. Outra coisa: só admite discussão
padronizada, então você tem os progressistas de um lado e os conservadores
do outro, essas duas linhas de pensamento, não admite as diferenças. Então
para quê você precisa dos filósofos se você já tem as ideologias prontas? Vocês
vêm me entrevistar e pensam “esse aqui é o representante do pensamento
conservador”. Pensamento conservador é a mãe deles. Eu tenho o meu
pensamento, minha ideia, minha filosofia está registrada em livro. Por que não
leem o livro para depois conversar comigo? E não querer que eu seja enquadrado
nessa porcaria que eles pensam de pensamento conservador. Você é a 20.ª
pessoa que vem me entrevistar e sempre com a mesma expectativa: de que eu
represente o pensamento conservador, o pensamento da extrema direita. Que
estupidez é essa?
Não tenho a expectativa que o senhor represente o pensamento da extrema
direita. Quis entrevistá-lo porque o seu pensamento influencia o novo governo. O
sinal são os dois ministros nomeados a partir das suas indicações.
Eu escrevi livros que foram aplaudidos pelas maiores inteligências do mundo.
Gente de primeiríssima ordem. Ninguém na mídia liga. De repente eu indico
dois ministros e pronto. Isso já é uma palhaçada. Pessoal só se interessa pela
coisa superficial do dia. E a contribuição que o homem está fazendo para o
pensamento profundo não interessa.
Em uma entrevista em 2016 o senhor fala que foi o “parteiro” de uma direita.
O senhor coloca o governo Bolsonaro dentro dessa direita da qual se define o
parteiro?
É um governo de direita sem dúvida, mas a mídia inteira está escandalizada
por haver um governo de direita. Isso quer dizer que não pode ter um governo
de direita? Só pode ter de esquerda? E eles chamam isso de democracia?
Há 20 anos disse: o PT não está disposto a suportar o rodízio de partidos no
poder. Ele quer ficar para sempre. E toda a mídia é cúmplice nisso, porque eles
não aceitam que haja um governo de direita. Nos EUA, você tem um governo
de direita e pode ter um governo de esquerda. Todos os países decentes do
mundo são assim. No Brasil não pode? Só pode ter esquerda? Em duas eleições
todos os candidatos eram de esquerda e o Lula celebrou isso como se fosse a
perfeição da democracia. Toda a mídia – Estadão, Folha, O Globo –, todos eles
pensam assim: o governo de esquerda é a perfeição da democracia. Agora você
sabe por quê? Todas as pesquisas demonstram que 70% a 80% dos brasileiros
são cristãos conservadores. Em um País de maioria cristã conservadora você
não tem um partido cristão conservador? Um jornal cristão conservador? Uma
universidade cristã conservadora? Uma estação de TV? Uma estação de rádio?
Nada. A maioria dos País está excluída de representação política e os caras
consideram que isso é a perfeição da democracia. Estão brincando comigo? O
Bolsonaro é a representação da vontade popular e tem que ser respeitada, o
pessoal da mídia tem que calar a boca e aceitar a realidade das coisas, aceitar
que o rodízio do poder é a essência da democracia. Eles não entendem isso,
acham que democracia é o governo deles.
Começamos a falar sobre a China e mudamos de assunto: defende que o Brasil
se distancie da China como parceira?
Para conversar com a China tem que falar grosso, porra. Tem que ser toma lá, dá
cá. E não é isso que está acontecendo, eles estão dando tudo para a China. Estão
entregando. É o entreguismo mais descarado que eu já vi na minha vida. Se os
americanos fizessem o que a China está fazendo conosco, haveria uma revolu‐
ção no Brasil. Os caras entregam tudo para a China a preço de banana e ainda
dão dinheiro para os parceiros da China. Você acha que esse dinheiro que deram
para Cuba, Venezuela, Angola, vai voltar algum dia? Nunca vai voltar. Essas gran‐
des nações comunistas que foram a União Soviética e a China vivem do roubo e
do saque. Vocês não perceberam ainda, não? Vou contar alguns episódios que
as pessoas não sabem. Durante a Guerra Civil Espanhola, os russos chegaram
na Espanha, pegaram todas as reservas estatais de ouro dizendo que era para
protegê-las e levaram para Moscou. Nunca devolveram um tostão. Nunca.
O embaixador Ernesto Fraga Araújo vai falar grosso com a China como o senhor
defende?
É claro. Tem que ser uma paridade como qualquer negociação. Tem que ver o
que é do nosso interesse, o que é do interesse deles e tem que ter uma troca
equitativa. Também não tem que esperar que a China nos apadrinhe, seja nossa
mãe.
Quando começou sua relação com o embaixador Ernesto Fraga Araújo?
Não faz muito tempo, um ano, um ano e pouco. Ele esteve aqui em casa com
um amigo meu e comecei a ler os artigos dele. Fiquei impressionadíssimo.
Ele é capaz de fazer análises que a nossa mídia inteira não é capaz de fazer.
Estão achando ruim com ele, por que não vão discutir com ele? Porque não
têm capacidade. Você acha que esse pessoal de mídia... pega os colunistas do
Estadão. Tem algum capacitado para discutir com Ernesto Araújo ou comigo?
Estão brincando, porra. Um bando de moleque. Coitadinhos. Eu tenho a fama
de bater nos caras que vêm debater comigo. Quando eu me defrontei com
Cristovam Buarque eu fiquei com dó dele. Falei “esse cara é muito burrinho e
não vou nem humilhá-lo. Vou passar a mão na cabeça dele para ele não se sentir
mal”. E fiz isso. Era incapaz demais, gente. Olha a entrevista que ele deu hoje.
Ele não passa num exame de ginásio se ele disser uma coisa dessa, dizer que o
sistema do Escola sem Partido, que o aluno pode objetar o que o professor diz foi
adotado na União Soviética e na Alemanha Nazista. Eu digo ora, vai lamber sabão
velho burro.
Sobre o Escola Sem Partido. O senhor critica que isso seja encampado como
mudança legislativa, o que defende então?
O Escola Sem Partido se tornou objeto de discussão e o problema do qual ele
trata sumiu da discussão. O problema é a dominação que os comunistas exer‐
cem na educação brasileira, dominação tirânica, onipresente, que proíbe qualquer
objeção e esconde as ideias do opositor. Esconde mesmo. Qual o primeiro ponto?
Reunir as provas e escrever um trabalho científico a respeito. Não começar
propondo um projeto de lei absolutamente ridículo. Os fundadores do Escola Sem
Partido são meus amigos, pessoas pelas quais tenho muito respeito e carinho,
mas é preciso ser um amador para tentar vencer uma guerra cultural com um
projeto de lei. Uma guerra cultural se vence no campo cultural: chamando os
caras para a briga, demonstrando que são uns bananas, uns coitados, calando
a boca deles com argumento. Você conhece um tal de Dicionário Crítico do
Pensamento de Direita? Eu escrevi um artigo a respeito. Os caras se propõem a
apresentar um pensamento da direita. Quando você vai ler o dicinário, todos os
pensadores importantes da direita estão ausentes e no lugar deles colocaram
meia dúzia de nazistas absolutamente alucinados. Eles escondem as ideias
do adversário e ainda colocam falsificação no lugar delas. É uma obra coletiva
feita por 104 professores universitários subsidiados com dinheiro público. Para
mim, todos esses são estelionatários. Para quê você precisa de um projeto de
lei para aplicar a lei existente? Claro que isso é um estelionato. Está enganando
a pessoa. Está prometendo uma coisa e dando outra. Mas isso foi em 2000.
Imagina o quanto essa dominação comunista se ampliou nesses anos. E na
mídia inclusive, na mídia aumentou muito, muito, muito. A mídia se tornou
absolutamente intolerante com qualquer coisa que não venha da esquerda. E
você mesma é testemunha disso. Você vê o que estão falando do Ernesto Araújo,
do Bolsonaro. A hipótese de um governo de direita é inaceitável.
A mídia foi e é criticada por setores da esquerda...
Não, você está enganada. Foi criticada quando começou a noticiar os casos de
corrupção. Objeção política e ideológica à esquerda a mídia jamais teve. Nada,
nada, nada. Porém quando um dos caras começa a roubar e denuncia, que é uma
coisa que até na União Soviética acontecia não é luta ideológica, meu Deus do
céu, isso é disputa interna da própria esquerda. Aí é evidente que o esquerdista
vai, se tem que xingar o outro esquerdista, vai xingar de quê? De direitista. Trótski
não era xingado de agente do imperialismo por Stálin? E assim por diante. O
Fidel Castro quando mandava fuzilar um dos seus companheiros de revolução
dizia que era um agente do imperialismo. Quando eu fui contratado pelo O Globo,
o Luiz Garcia, já falecido, deu uma entrevista confessando. "Naquela época,
no Globo, tínhamos só colunistas de esquerda e estava dando na vista, então
decidimos contratar um da direita, um”. Tinha 100 de esquerda. Contrataram
um da direita para tirar a má impressão. O que é isso aí? É manipulação. Ele
disse isso quase 20 anos atrás. A esquerda tem o monopólio da mídia brasileira,
o monopólio. Sempre tem um ou outro de direita moderada para tirar a má
impressão. O que é isso? É manipulação. As organizações de mídia são todas
organizações criminosas e sabem perfeitamente que o pessoal do PT está ligado
com as Farc, com contrabando, e estão apoiando.
Organizações de mídia são organizações criminosas?
Você não entendeu ainda, é? O PT dirige, dirigiu durante anos, o Foro de São
Paulo, em parceria com as Farc, que são organizações criminosas, que inoculam
200 toneladas de cocaína por ano no Brasil. E estavam os dois lá de mãozinhas
dadas dirigindo o Foro de São Paulo, que é a coordenação estratégica da
esquerda no continente, e a mídia apoiando e acobertando e escondendo a
existência do Foro de São Paulo. Durante 16 anos todos – Estadão, Folha, Globo,
Veja – esconderam a existência do Foro de São Paulo. Esconderam, quando
não negaram. E me chamavam de louco. Só pararam com isso quando, no
terceiro congresso do PT, o próprio PT reconheceu que o Foro de São Paulo era
coordenação estratégica do comunismo na América Latina. São todos cúmplices
e todos organização criminosa, sim, estão acobertando a maior trama criminosa
da história da América Latina, que é o PT e Farc.
Queria voltar a falar da Escola Sem Partido.
Avisa o Estadão: se quiser me processar, eu vou no tribunal e provo isso aí. E se
brigar comigo vai perder, porque eu tenho mais leitores do que o Estadão.
Sobre a Escola Sem Partido. Nas suas palavras “uma guerra cultural se vence no
campo cultural”. É viável tratar a educação como guerra?
Quem inventou a utilização da educação como guerra foram os comunistas, foi
Antonio Gramsci, e já estão aplicando isso há décadas. E aí, se você reage, é
você que está fazendo a guerra? Não. A guerra começou há muito tempo. Ele via
toda a educação a serviço do partido, que ele chamada o 'intelectual coletivo'.
Isso foi aplicado no Brasil mais do que em qualquer outro lugar do mundo. O
Gramsci chegou a ser o autor mais citado em trabalhos universitários no Brasil.
Eles estão fazendo isso há 50 anos. Durante o governo militar, os esquerdistas
já dominavam a mídia inteira. Você não tinha um jornal chefiado por um cara de
direita, nenhum. E os colunistas de direita foram sendo removidos um por um.
Isso no tempo dos militares. A anormalidade, quando dura bastante, o pessoal
não percebe mais que é anormal, começa a achar que é normal.
O que significa “reunir as provas” no âmbito do Escola sem Partido?
Nós temos indícios de que o fenômeno da dominação comunista está presente,
mas nós não temos a prova científica. Presta atenção. Nós temos indícios sufi‐
cientes. Mas a prova científica seria o seguinte. Em primeiro lugar, seria preciso
levantar todas as teses levantadas na área de filosofia e ciências humanas, em
todas as universidades, nos últimos 40 anos, e você vai ver a onipresença de
autores marxistas ou influenciados pelo Marx. E só. Não tem mais nada. É só
isso que tem. Então você tem o discurso monopolístico sendo repassado tese
em cima de tese. Isso dá para provar quantitativamente, só que é o seguinte:
alguém tem que pegar as teses e verificar uma por uma. Pior ainda, é possível
provar que o número de analfabetos funcionais produzindo teses universitárias
e sendo aprovados têm aumentado ao longo dos anos. Eu mesmo tenho alguns
exemplos, pego de vez em quando uma tese para examinar e mostro “o autor
é analfabeto funcional por isso, por isso e por isso, não poderia ter recebido
jamais o seu certificado universitário”. E está lá o rapaz fazendo propagandinha
comunista e sendo aprovado. Isso é um escândalo, como vocês não percebem.
Mas a partir desse entendimento qual a proposta? Limitar quais autores
poderiam ser citados numa tese universitária?
Eles que estão limitando. Eu estou querendo abrir. (Exalta o tom da voz) Não
brinque com isso. Quer me fazer de palhaço? Peça desculpa pelo o que você
falou. Quer insinuar que eu quero limitar o número de autores?
Eu fiz uma pergunta.
Peça desculpas já ou eu lhe meto um processo. Estou com o saco cheio da mídia
brasileira. Não brinque.
Eu queria fazer uma pergunta e refaço como pergunta, não como insinuação.
Qual a saída a partir do momento que se faz esse levantamento proposto pelo
senhor?
Isso tem que ser discutido em público e esses autores têm que ser desmoraliza‐
dos no campo cultural um por um. Medidas judiciais não adiantam, interferência
de governo não adianta. Guerra cultural é cultural. Guerra cultural é vencida por
intelectuais, não por legisladores, não por advogados, não pela polícia. E esse é
o erro fundamental do Escola sem Partido, que eles cometem por ingenuidade.
Não são pessoas que conhecem marxismo suficiente, estratégia comunista, são
apenas cidadãos brasileiros que estão chocados com uma situação que é cho‐
cante mesmo e em desespero inventam uma medida qualquer “Ah vamos mudar
os cartazinhos para avisar os alunos”. Isso não adianta nada. Você com um
cartaz colado na parede pode concorrer com a influência diária do professor que
está lá falando com eles o tempo todo? Não pode. Isso aí é uma bobagem. Agora,
o erro que cometem por ingenuidade está sendo usado para acusar de uma coisa
que eles não fazem “Ah isso é controle fascista”. Que palhaçada é essa?
O senhor fala em guerra cultural: quais as que o novo governo encampará?
O governo não pode empreender guerra cultural. Guerra cultural se faz formando
intelectuais capacitados, que é o que eu estou fazendo. Tenho 5 mil alunos
no Brasil, alguns já estão em posição de destaque no meio cultural: o Felipe
Moura Brasil, o Filipe Martins, outros. É no campo da discussão que temos que
desmoralizar essas pessoas. Trata-se de mostrar que certas pessoas não estão
qualificadas para opinar, são analfabetos funcionais diplomados indevidamente
por professores interessados em promover o comunismo. O professor comunista
defende o aluninho comunista e dá um diplominha para ele, embora ele seja um
analfabeto funcional. Isso aí é estelionato.
A partir do momento que intelectuais com ideias ligadas a estas fazem parte do
governo, isso pode ser uma discussão dentro do governo. Por exemplo, com os
novos ministros da Educação ou de Relações Exteriores, indicados pelo senhor.
Quando alguém assume um ministério, sacrifica sua carreira intelectual. Não
vai poder exercer o trabalho intelectual durante o tempo que está no ministério
como exercia antes, não vai dar. Isso não é um assunto para funcionários
públicos, é um assunto para intelectuais independentes. Agora, se você juntar
toda a intelectualidade esquerdista brasileira e botar para discutir comigo, ela
perde, como vem perdendo há 30 anos. Sempre que o sujeito se mete comigo,
sai de quatro chorando e chamando mamãe. Ficam com raivinha e ficam falando
mal pelas costas. Não têm coragem de fazer um confronto direto.
Queria voltar no início da resposta. Se um ministro sacrifica sua carreira
intelectual, quer dizer que eles adotarão posturas mais pragmáticas e menos
ideológicas?
Me parece que sim. Não há outro jeito.
O que isso significa em política externa ou educacional, por exemplo?
Não tem jeito de conduzir política externa na base ideológica, isso é impossível.
Há interesses de ordem econômica, militar, tem que levar tudo isso em conta.
Mas isso você tinha que dizer para os ministros do Lula. Quando eles estavam
lá socorrendo Angola, Cuba, Venezuela, isso era puramente ideológico. Por
motivação ideológica, adotaram políticas econômicas, diplomáticas desastrosas,
suicidas. Vai cobrar deles e não de nós. Nós não fizemos isso e não vamos fazer.
Uma curiosidade: já se encontrou com (o ex-estrategista de campanha de Trump)
Steve Bannon nos EUA?
Não. Vou dizer uma coisa que deveria ser óbvia. As opiniões políticas que um
filósofo tenha em razão dos acontecimentos do dia devem ser interpretados
em função dos princípios mais permanentes de sua filosofia. Isso é uma regra
universal. Se você não conhece princípios do existencialismo, você não vai poder
entender o que o Jean Paul Sartre está falando sobre aquilo que aconteceu.
Agora, todo mundo vem me entrevistar e não quer saber, não leu meus livros,
não sabe o que eu penso, inventam um Olavo de Carvalho que é a imagem do
que eles chamam da direita e raciocinam a partir daí. Estão conversando com
o estereótipo que eles mesmos inventaram. Não se manda uma pessoa sem
preparo filosófico para entrevistar um filósofo, um repórter sem cultura literária
entrevistar um escritor.
Para não partirmos de estereótipos, como o senhor define o seu pensamento
para essa entrevista e no que isso se alinha com o governo do Bolsonaro, pelas
conversas que já tiveram?
Eu não sei onde se alinha com o pensamento do governo. Eu realmente não sei.
Eu sei o seguinte: parece que o Bolsonaro e os filhos dele leram algo do que eu
escrevi e concordaram. Não sei até onde e o quanto eles leram, mas são pessoas
de boa vontade para comigo e me tratam muito bem. Isso é tudo o que eu sei.
São pessoas pelas quais tenho simpatia pessoal. Não há um acordo ideológico,
não houve um diálogo ideológico nenhum. Aliás, se pensar, qual é a minha
ideologia? Eu não tenho nenhuma. Eu tenho ciência política. Agora o pessoal fala
“ideólogo deles”, isso é tudo lenda urbana inventada por menino, coisa pueril,
boboca.
Conversaram três vezes por telefone. Uma na época da facada...
Outra quando ele foi eleito. Ele me telefoneu, no entusiasmo do momento. Isso é
tudo.
E a terceira?
Não lembro, mas foi há mais tempo. Agora tivemos um hang out – Eu, Bolsonaro,
não lembro quem mais, tinham umas quatro pessoas online. Discutimos algumas
ideias, eu acho que falei da guerra cultural. Eles leram meus livros, viu? Pelo
menos O Imbecil Coletivo eles leram.
O que havia de interesse seu em passar para ele e dele em saber do senhor?
Não me lembro mesmo. Mas as minhas opiniões a respeito do Brasil estão
expressas, impressas. Eu tenho uma coleção chamada Cartas de um
Terráqueo, de oito volumes. As minhas ideias sobre o Brasil estão todas lá.
Não vou resumi-las em dez minutos. O repórter tem obrigação de ler isso. Fui
entrevistado por dezenas de repórteres. Algum deles tinha lido isso? Nenhum.
Chega aqui igual uma criança recém-nascida.
Posso ter lido outras ideias suas que não o Imbecil Coletivo.
Sabe sobre as minhas ideias escrito por quem?
Pelo senhor, nas suas manifestações, seus vídeos, suas entrevistas.
Leu post no Facebook, não meus livros. Se você fosse entrevistar o Jean Paul
Sartre, entrevistaria pelo que ele escreveu ou do que ouviu falar?
Não se trata de ouvir falar, mas de pesquisa.
Pesquisa no departamento de pesquisa do Estadão? Faz-me rir, esses caras não
leem livro nenhum.
Quero voltar às perguntas sobre os ministros. Qual sua relação com o Ricardo
Vélez?
Conheço há 30 anos. Eu o encontrei várias vezes no Instituto Liberal, no Fórum da
Liberdade no Rio Grande do Sul, tive várias conversas com ele, conheço o traba‐
lho dele. E ele eu fui vendo que era o sujeito que mais entendia de pensamento
brasileiro no mundo. É uma coisa absolutamente incomparável. O cara nasceu na
Colômbia e chega lá e conhece todos os autores do pensamento político.
Pretende se encontrar com Bolsonaro no Brasil ou gostaria de recebê-lo?
Minha filha, não pretendo influenciar o curso das coisas de absolutamente nada,
eu só respondo o que me perguntam. Eu não estou aqui para fazer política
mesmo, mesmo. Eu não tenho nenhuma ambição nem gosto por essa porcaria.
Quando me ofereceram ministério eu falei “Eles querem ferrar com a minha
vida, porra”. Eu como escritor sou um homem muito feliz, sou o que eu queria
ser quando era criança. Eu queria ser um escritor, escrever coisas boas, coisas
úteis e ter um montão de leitores. Pronto. Taí. O que mais eu posso querer? Um
ministério? Um carguinho público? Uma coluna no Estadão? (risada) Vocês estão
brincando comigo, porra. Eu não quero mais nada, estou feliz".

Última modificação: 13:28

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