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Os dez pecados capitais do PT

José Eustáquio Diniz Alves


Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População,
Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas - ENCE/IBGE;
Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

Depois de 4 eleições presidenciais sucessivas vencidas pelo Partido dos Trabalhadores (PT) -
2002, 2006, 2010 e 2014 - o Brasil está vivendo não só uma crise econômica e social de grandes
proporções, como enfrenta um enfraquecimento da democracia, a falta de legitimidade das
instituições democráticas e acaba de eleger um presidente (para o mandato que começa em
2019 e termina no ano das comemorações dos 200 anos da Independência do pais) que costuma
fazer apologia da ditadura militar e tem um discurso de cunho racista, sexista, misógino,
xenófobo, homofóbico, autoritário e antiambiental. Ou seja, o capitão Jair Messias Bolsonaro é
a antítese do PT.

Evidentemente, não dá para culpar a população e os quase 60 milhões de eleitores que deram
a vitória ao candidato do Partido Social Liberal (PSL). Depois de 4 eleições votando em
candidatos à esquerda, o eleitorado deu um “cavalo de pau” e foi no rumo da extrema-direita.
O que possibilitou a eleição de Jair Bolsonaro, em 2018, foi o descontentamento com o sistema
político e a generalização do sentimento antilulista e antipetista que se espraiou pelo território
nacional, especialmente na áreas mais dinâmicas e desenvolvidas do país. Parece que não ser
exagero dizer que a vitória do ex-capitão foi impulsionada pelos erros de Luiz Ignácio Lula da
Silva e do PT.

Em artigo para o Correio da Cidadania, o jornalista Celso Lungaretti (08/11/2018) relaciona os


10 principais erros do PT, conforme apresentado abaixo:

“1. A desastrosa política econômica neodesenvolvimentista que Dilma aplicou no 1º mandato


(exumada diretamente da década de 1950), incubando a pior recessão brasileira de todos os
tempos;

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2. O erro fatal de ter lavado as mãos ou até se colocado contra os manifestantes de 2013 no
momento em que se abatia uma repressão fascistoide sobre eles, principalmente por parte da
polícia e do judiciário de São Paulo e do Rio de Janeiro (o componente esquerdista daqueles
protestos foi esmagado e a direita, a partir de então, foi aumentando cada vez mais sua
influência);

3. A pusilanimidade do Lula ao não exigir a posição de candidato em 2014, mesmo sabendo que
a Dilma não tinha a mais remota competência para segurar a onda que se prenunciava (talvez
fosse melhor dizer tsunami!) na economia;

4. O estelionato eleitoral na reeleição da Dilma, tornando a derrota inaceitável para os tucanos


(disto acabou resultando o impeachment);

5. A decisão patética da Dilma de render-se incondicionalmente ao inimigo em 2015,


convocando um neoliberal para corrigir suas lambanças econômicas, sem levar em conta que
João Goulart fizera a mesmíssima tentativa e seus ministros de direita foram sabotados pelo
fogo amigo do Brizola e do PCB até se exonerarem (o roteiro se repetiu igualzinho com
movimentos sociais e base parlamentar versus Joaquim Levy, outra bola que, aliás, eu cantei
desde o primeiro momento);

6. A insistência de Dilma em lutar até o mais amargo fim contra o impeachment, permanecendo
na defensiva enquanto o inimigo acumulava forças sem parar (no domingo em que a Câmara
Federal autorizou a abertura do processo, já alertei que a guerra estava antecipadamente
perdida e melhor seria a renúncia imediata, seguida do lançamento de uma campanha na linha
das Diretas-Já para, aproveitando a antipatia pela figura do Temer, retomarmos a ofensiva);

7. A teimosia do PT em negar-se a fazer a autocrítica que se impunha após a incrível sucessão


de derrotas que acumulou (nas ruas, no Judiciário e no Legislativo) nas diversas batalhas do
impeachment;

8. Ter lançado o Fora Temer para tirar o foco de suas responsabilidades no impeachment,
fazendo passar por golpe de Estado o que não passou de um peteleco parlamentar num governo
que estava caindo de podre (resultado: o vácuo resultante da desestabilização do Temer foi
preenchido pela extrema-direita bolsonarista e pelos golpistas que clamavam por intervenção
militar);

9. A rasteira desastrosa que Lula aplicou em Ciro Gomes, inviabilizando a união da esquerda
numa frente para apoiar uma candidatura única, que poderia ser do Ciro, da Marina ou do
Boulos (bastava não pertencer aos quadros do PT e não carregar a enorme rejeição que tal
partido acumulou em 13 anos no poder);

10. A palhaçada da candidatura fantasma, mediante a qual o Lula sacrificou a eleição


presidencial para tentar validar a narrativa do golpe e a narrativa do preso político. Queria um
desagravo moral e o que obteve foi uma perda total”.

De fato, não dá para discordar da análise de Celso Lungaretti. Contudo, a estes erros históricos
do PT e de Lula se somam os erros mais recentes e aqueles surgidos durante a campanha
eleitoral de 2018. Sem querer contrapor com a lista acima (muito bem elaborada), a lista abaixo
apresenta outros erros que podem contribuir para novos pontos para uma lista definitiva (ainda
a ser consolidada no futuro próximo) dos dez pecados capitais do PT:

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1) Banalização do vocábulo fascista. Desde o começo das jornadas de junho de 2013, quando
a juventude foi espontaneamente às ruas a partir de uma pauta inicial sobre transporte
público, que o PT passou a usar a palavra fascista para designar todos os movimentos de
massa que discordavam da plataforma petista. No raciocínio primário do PT, somente a
esquerda e os fascistas colocam as massas na rua. Portanto, todos os movimentos de massa
contra o PT são, por definição, caracterizados como fascistas. Desta forma, eles usaram e
abusaram tanto do assombração, que o fantasma acabou aparecendo na forma de defesa
do regime militar, como na greve dos caminhoneiros de maio de 2018. O vocábulo fascista
foi tão vilipendiado que acabou vilipendiando o vocábulo petista.

2) O PT nunca reconheceu que as eleições presidenciais de 2014 foram um verdadeiro


estelionato eleitoral, embora a vitória tenha sido construída a partir de uma campanha
mentirosa (cheia de “fake news”) e muito cara (financiada pelas empreiteiras do petrolão).
A chapa Dilma-Temer prometia maravilhas, mas entregou sofrimentos e lágrimas. Ainda em
dezembro de 2014, antes do fim do mandato de Guido Mantega, a presidenta Dilma indicou
o economista Joaquim Levy para promover um choque fiscal totalmente contrário a tudo
que foi prometido na campanha eleitoral;
3) O PT nunca reconheceu suas responsabilidades na promoção da mais longa e prolongada
recessão da história brasileira. O gráfico acima mostra que os governos Dilma-Temer
(vencedores nas urnas em 2010 e 2014) geraram o menor crescimento do PIB (0,6% ao ano),
num período de 8 anos, desde 1900, e foi um baixo crescimento quando o mundo estava
apresentando altas taxas de crescimento e os países emergentes cresciam em torno de 5%
ao ano. Houve redução da renda per capita durante os governos Dilma-Temer e
agravamento das condições sociais, inclusive aumento das taxas de homicídios (entre as
mais elevadas do mundo). Mas o PT faz uma leitura que apenas culpa os adversários, pois
considera que a mágoa da população com as promessas não realizadas “é ódio das elites
que não querem os pobres frequentando aeroportos”. Sem dúvida, San Tiago Dantas já
dizia que: “No Brasil: o povo, enquanto povo, é melhor do que as elites, enquanto elites”.
Todavia, muitas vezes, o PT se aferra à narrativa dos pobres versus as elites para obnubilar
os fracassos das gestões petistas;
4) O lema “O Brasil feliz de novo” foi uma forma de hipostasiar o desempenho do governo
Lula, quando na verdade o Brasil tem 37 anos de uma trajetória submergente. O país
melhorou em vários aspectos sociais, mas comparativamente com a média mundial, com
os países do leste asiático e até com vizinhos latino-americanos, tem diminuído de
tamanho, em termos relativos. Estamos vivendo a segunda década perdida e passamos pela
mais longa e mais profunda recessão da história republicana e o PT subestimou a mágoa e
o ódio que a população sente pelas promessas não cumpridas e os sonhos que se
transformaram em pesadelo. Dizer que o Brasil era feliz na era Lula-Dilma é rebaixar muito
o conceito de felicidade;
5) A negação da legalidade do Impeachment e o discurso do golpe, foi uma tentativa de vender
a ideia de que Dilma Rousseff e o PT não cometeram erros sérios e que tudo foi armação
dos derrotados, especialmente Aécio Neves que não respeitou o resultado das eleições. Ao
colocar o juiz Sérgio Moro como principal adversário do PT e de Lula, sem fazer qualquer
autocritica dos erros petistas, o partido abandonou a luta contra a corrupção e a bandeira
da ética na política (dizendo que todos são iguais). Assim, as autocríticas do PT foram
tímidas e vieram tarde. Também, ao não rever o apoio à ditadura sanguinária e
incompetente de Nicolas Maduro, na Venezuela, o PT perdeu legitimidade na defesa da
democracia;
6) Nas duas primeiras décadas de sua história, o PT defendia a centralidade da luta de classes
e considerava as políticas de gênero, raça, orientação sexual e outras como políticas que
dividiam a centralidade da causa operária. Mas, no governo, o PT se afastou do projeto

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socialista e passou a atuar na aliança de classes e na defesa das diversas identidades e das
minorias. Desta forma, ao invés de “expropriar os expropriadores” passou a defender
programas de transferência de renda, como propunha, por exemplo, o Banco Mundial. O
Programa Bolsa Família passou a ser o carro chefe da luta petista contra a pobreza,
transformando um programa emergencial em política permanente e sem conseguir
implementar políticas universais como a bandeira da OIT: “Pleno emprego e trabalho
decente”. Ao invés de garantir educação básica universal e de qualidade, além de acesso
integral à universidade, passou a defender políticas de cotas raciais. Ao invés de garantir
direitos sexuais e reprodutivos para todos os habitantes do país, ofereceu alguns ganhos
parciais e ainda fez inúmeras concessões aos líderes evangélicos e católicos. A defesa do
“politicamente correto” em um país com tantas desigualdades sociais não conseguiu evitar
o racismo, o sexismo, a homofobia, o xenofobismo e nem o especismo e ainda deixou o
ambiente tenso e conflituoso;
7) As alianças partidárias e sociais foram estreitas, pois ao contrário do primeiro turno das
eleições de 2002, quando Lula convidou um vice (José Alencar) que era empresário e
evangélico para ampliar a base social do partido, a aliança PT-PCdoB-PROS, em 2018, foi
limitada e a vice Manuela D’Ávila não agregou praticamente nada à uma aliança mais ampla
(pois o PCdoB é um aliado natural) e o PT deixou de conquistar outras bases, sendo que a
derrota no eleitorado evangélico foi decisiva;
8) A demora em lançar Haddad como candidato, em nome do mito Lula, possibilitou a
transferência de votos no primeiro turno, mas o lema “Lula é Haddad e Haddad é Lula”,
passou a ideia de um candidato teleguiado e controlado desde o cárcere. A ideia do “poste
dois” foi interpretada como uma ofensa ao eleitorado e a candidatura Haddad não teve
nem tempo e nem liberdade o suficiente para mostrar a que veio. A tentativa de
transformar Lula em um mito fracassou e a rejeição explodiu;
9) O PT não conseguiu construir uma frente democrática para unir as forças progressistas no
segundo turno e nem deixou de lado a sua inerente tendência ao hegemonismo de
esquerda. Na concepção petista, todas as pessoas progressistas e democráticas tinham de
aderir automaticamente e bovinamente ao partido que estava lutando contra o “fascismo”.
Disseram que o voto nulo seria o mesmo que apoiar os “golpistas”, mas se aliaram a Renan
Calheiros, a família Barbalho, ao Eunício Oliveira, etc. Pediram para que todos aderissem à
candidatura petista, mas sem mostrar capacidade de construir um projeto para a nação;
10) É um erro achar que os 47 milhões de votos obtidos no dia 28 de outubro pertencem ao PT.
Na verdade eles pertencem aos próprios eleitores. Marina Silva teve cerca de 20 milhões
de votos em duas eleições seguidas, mas caiu para cerca de 1 milhão em 2018. Geraldo
Alckmin teve 40 milhões de votos no primeiro turno das eleições presidenciais de 2006, caiu
para 37,5 milhões no segundo turno e ficou reduzido a 5 milhões de votos no primeiro turno
das eleições de 2018. Portanto, ninguém é dono dos votos e uma eleição não segue
necessariamente a lógica da eleição anterior. Votos se conquistam a cada eleição e não são
patrimônio de ninguém.

Embora o PT tenha conseguido eleger a maior bancada na Câmara e 4 governadores (BA, PI, CE
e RN), viu sua bancada ser reduzida na Câmara e no Senado, além de ficar restrito a UFs menores
em termos de população e de economia. O PT foi amplamente derrotado no Sul, Sudeste e
Centro-Oeste e viu sua influência diminuir muito na região Norte. Não foi para o segundo turno
em 4 grandes estados: SP, MG, RJ e RS. E o maior agravante é que viu a rejeição ao petismo e ao
lulismo subir à um nível inimaginável. Portanto, mesmo com um fracasso do governo Bolsonaro,
será muito difícil o PT recuperar a sua narrativa histórica e o protagonismo que teve nas eleições
passadas.

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Referências:
ALVES, JED. Agenda ambiental do próximo governo não é só prejudicial ao país, mas uma
ameaça ao planeta, entrevista a Patrícia Fachin, IHU, 08/11/2018
http://www.ihu.unisinos.br/159-noticias/entrevistas/584464-agenda-ambiental-de-bolsonaro-
nao-e-so-prejudicial-ao-pais-mas-uma-ameaca-ao-planeta-entrevista-especial-com-jose-
eustaquio-diniz-alves
Celso Lungaretti. Abandonar nossos mitos, Correio da Cidadania, 08/11/2018
http://www.correiocidadania.com.br/politica/13556-abandonar-nossos-mitos

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