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TRATORES PARA

AGRICULTURA FAMILIAR:
GUIA DE REFERÊNCIA
ANTÔNIO LILLES TAVARES MACHADO
PROFESSOR ASSOCIADO - DER/FAEM/UFPEL

ÂNGELO VIEIRA DOS REIS


PROFESSOR ADJUNTO - DER/FAEM/UFPEL

ROBERTO LILLES TAVARES MACHADO


PROFESSOR ADJUNTO - DER/FAEM/UFPEL

TRATORES PARA
AGRICULTURA FAMILIAR:
GUIA DE REFERÊNCIA

Editora e Gráfica Universitária Pelotas


Pelotas/Março de 2010
Obra publicada pela Universidade Federal de Pelotas

Reitor: Prof. Dr. Antonio Cesar G. Borges


Vice-Reitor: Prof. Dr. Manoel Luiz Brenner de Moraes
Pró-Reitor de Extensão e Cultura: Prof. Dr. Luiz Ernani Gonçalves Ávila
Pró-Reitor de Graduação: Prof. Dra.Eliana Póvoas Brito
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Prof Dr. Manoel de Souza Maia
Pró-Reitor Administrativo: Eng. Francisco Carlos Gomes Luzzardi
Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Prof. Élio Paulo Zonta
Pró-Reitor de Recursos Humanos: Admin. Roberta Trierweiler
Pró-Reitor de Infra-Estrutura: Mario Renato Cardoso Amaral
Pró-Reitoria de Assistência Estudantil: Assistente Social Carmen de Fátima de Mattos do Nascimento

CONSELHO EDITORIAL
Profa. Dra. Carla Rodrigues Prof. Dr. Carlos Eduardo Wayne Nogueira
Profa. Dra. Cristina Maria Rosa Prof. Dr. José Estevan Gaya
Profa. Dra. Flavia Fontana Fernandes Prof. Dr. Luiz Alberto Brettas
Profa. Dra. Francisca Ferreira Michelon Prof. Dr. Vitor Hugo Borba Manzke
Profa. Dra. Luciane Prado Kantorski Prof. Dr. Volmar Geraldo da Silva Nunes
Profa. Dra. Vera Lucia Bobrowsky Prof. Dr. William Silva Barros

Editora e Gráfica Universitária


R Lobo da Costa, 447 – Pelotas, RS – CEP 96010-150
Fone/fax: (53) 3227 8411
e-mail: editora@ufpel.edu.br

Diretor da Editora e Gráfica Universitária: Prof. Dr.Volmar Geraldo da Silva Nunes


Gerência Operacional: Carlos Gilberto Costa da Silva

Impresso no Brasil
Edição: 2010
ISBN : 978-85-7192-654-7
Tiragem: 300 exemplares

M149t Machado, Antônio Lilles Tavares


Tratores para gricultura familiar : guia de referência /
Antônio Lilles Tavares Machado; Ângelo Vieira dos Reis e
Roberto Lilles Tavares Machado - Pelotas: Ed. Universitária
UFPEL, 2010.
126p. : il.

ISBN : 978-85-7192-654-7

1. Máquinas agrícolas 2.Agricultura familiar 3. Uso


do trator 4.Prevenção de acidentes 5. Segurança do
trabalho 6.Tratores I. Título II. Reis, Ângelo Vieira dos
III.Machado, Roberto Lilles Tavares
CDD 631.35

Dados de catalogação na fonte: (Marlene Cravo Castillo – CRB-10/744)

Projeto financiado pelo Edital MCT/CNPq - Nº 15/2007 - Universal


AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos aqueles que, de uma


forma ou de outra, colaboraram para que esta obra
passasse do projeto à realidade.
Em especial:
- Ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e
ao Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento
Científico (CNPq), que através do Edital MCT/CNPq
15/2007 – Universal, disponibilizaram recursos que
possibilitaram a publicação desta obra.
- Ao acadêmico Cesar Silva de Morais pela
confecção das inúmeras figuras constantes deste livro.
DEDICATÓRIA

As nossas esposas Mirian; Iolanda;


Rosane

Aos nossos filhos Andressa e Lucca


Lilles; Clara; Rafaela.
SUMÁRIO

1. SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA FAMILIAR .................... 17


2. TRATORES PARA SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA
FAMILIAR ........................................................................................... 23
2.1 Tipos de tratores agrícolas e suas aplicações.......................... 25
2.2 Constituição básica dos tratores agrícolas ............................... 28
2.2.1 Chassi ............................................................................. 29
2.2.2 Sistema de transmissão ................................................. 30
2.2.3 Embreagem .................................................................... 31
2.2.4 Caixa de câmbio ............................................................. 34
2.2.5 Transmissão final............................................................ 39
2.2.6 Sistema de direção ......................................................... 42
2.2.7 Orgãos de acoplamento e transferência de energia ...... 45
2.2.8 Rodados.......................................................................... 51
2.2.9 Bitola ............................................................................... 62
2.2.9 Dimensões...................................................................... 63
3. ESCOLHENDO UM TRATOR AGRÍCOLA .................................... 65
3.1 Desempenho Técnico .............................................................. 66
3.2 Ergonomia e segurança ........................................................... 71
3.3 Custo de operação ................................................................... 73
3.4 Custo de aquisição................................................................... 76
3.5 Depreciação ............................................................................. 77
4 SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DE TRATORES AGRÍCOLAS.... 79
4.1 Definição de acidente............................................................... 80
4.2 Estatística ................................................................................. 80
4.3 Importância de se previnir acidentes ....................................... 83
4.4 Principais causas de acidentes com tratores........................... 85
4.5 Prevenção dos principais tipois de aicdentes com tratores..... 87
5. TRATORES DISPONÍVEIS PARA AGRICULTURA FAMILIAR .. 109
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................. 123
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Categoria de engate de três pontos de tratores


agrícolas de rodas ........................................................................... 47
TABELA 2 Tipos de pneus agrícolas mais difundidos no Brasil
segundo sua aplicação.................................................................... 54
TABELA 3 Pictogramas de aviso de perigo de acidentes mais
comuns com tratores ..................................................................... 105
TABELA 4 Alguns símbolos utilizados como instruções de ope-
ração em tratores .......................................................................... 107
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Trator de duas rodas .................................................. 25


FIGURA 2 Trator de quatro rodas com duas rodas motrizes ...... 26
FIGURA 3 Trator de quatro rodas com tração dianteira auxiliar.. 26
FIGURA 4 Chassi monobloco ...................................................... 29
FIGURA 5 Chassi convencional ................................................... 30
FIGURA 6 Vista em corte de uma embreagem simples .............. 32
FIGURA 7 Vista em corte de uma embreagem dupla.................. 33
FIGURA 8 Caixa de câmbio convencional ................................... 36
FIGURA 9 Transmissão de engrenagens planetárias ................. 38
FIGURA 10 Mecanismo pinhão e coroa......................................... 39
FIGURA 11 Mecanismo diferencial ................................................ 40
FIGURA 12 Representação do ângulo de inclinação
longitudinal do pivô em relação a vertical ....................................... 43
FIGURA 13 Ângulo de cambagem e ângulo de inclinação lateral do
pivô em relação a vertical................................................................ 44
FIGURA 14 Representação da convergência das rodas ............... 45
FIGURA 15 Órgãos de acoplamento e transferência de energia de
um trator de rodas ........................................................................... 46
FIGURA 16 Eixo da TDP para 540 e 1000rpm .............................. 49
FIGURA 17 Tacômetro com indicação de 540 e 1000rpm ............ 49
FIGURA 18 Terminais de engate rápido do sistema hidráulico de
controle remoto................................................................................ 51
FIGURA 19 Rodado pneumático de tração de trator agrícola ....... 52
FIGURA 20 Partes constitutivas de um pneu de tração ............... 53
FIGURA 21 Forma de disposição das lonas em pneus de constru-
ção radial ......................................................................................... 56
FIGURA 22 Forma de disposição das lonas em pneus de constru-
ção diagonal .................................................................................... 56
FIGURA 23 Aspectos de um mesmo pneu sob diferentes pressões
de insuflagem .................................................................................. 58
15

FIGURA 24 Observação visual do lastreamento do trator............. 60


FIGURA 25 Eixo dianteiro extensível de tratores 2RM.................. 63
FIGURA 26 Principais dimensões funcionais do trator agrícola .... 64
FIGURA 27 Obtenção da potência na TDP e barra de tração do
trator ............................................................................................... 69
FIGURA 28 Proteção principal da TDP.......................................... 73
FIGURA 29 Principais tipos de acidentes fatais envolvendo
tratores agrícolas .......................................................................... 81
FIGURA 30 Principais tipos de acidentes graves envolvendo
tratores agrícolas ............................................................................ 81
FIGURA 31 Local do corpo atingido nos acidentes 81
FIGURA 32 Principais tipos de acidentes na agricultura
familiar ............................................................................................ 82
FIGURA 33 Sequência e tempo de capotamento longitudinal
de um trator .................................................................................. 88
FIGURA 34 Estrutura de proteção contra capotamento ............... 89
FIGURA 35 Risco de capotamento pela operação muito
próxima a valetas.......................................................................... 91
FIGURA 36 Risco de capotamento pela tração de cargas
pelo acoplamento do terce iro ponto .............................................. 91
FIGURA 37 Risco de capotamento lateral pela operação em
encostas muito ingremes................................................................ 92
FIGURA 38 Risco de capotamento ao tentar subir uma
rampa muito íngreme ................................................................... 92
FIGURA 39 Pictogramas mostrando o atropelamento do
operador durante tentativas de ligar o trator fora do banco ........... 95
FIGURA 40 Placa indicadora de veículo lento instalada na
parte traseira do trator .................................................................... 96
FIGURA 41 Eixo carda da TDP e sua proteção externa............... 97
FIGURA 42 Alinhamento da barra de tração ao cabeçalho do
implemento ..................................................................................... 99
FIGURA 43 Realização de curva com tratores de rabiças .........102
FIGURA 44 Símbolos de alerta e segurança ..............................103
FIGURA 45 Símbolo com a palavra “advertência” ......................103
FIGURA 46 Símbolo com a palavra “perigo”...............................104
FIGURA 47 Símbolo com a palavra “cautela” .............................104
FIGURA 48 Painel de instrumentos típico de um trator de 4
rodas ............................................................................................106
16

1.SISTEMAS DE PRODUÇÃO
AGRÍCOLA FAMILIAR

Os Sistemas de Produção Agrícola Familiar são, sem


dúvida, os segmentos de maior importância econômica e
social do meio rural. Sabe-se que cerca de 80% da mão de
obra rural está ligada a agricultura familiar, sendo esta
responsável pela maior parte da produção de alimentos no
Brasil.
Conforme FAO/INCRA (1994), Agricultura Familiar vem
a ser aquela cuja característica básica é a íntima relação entre
trabalho e gestão, onde a direção do processo produtivo é
conduzida pelos proprietários, com ênfase na diversificação
produtiva, na durabilidade dos recursos e na qualidade de
vida. A utilização do trabalho assalariado, quando existente,
se dá em caráter complementar.
De acordo com MDA (2010), considera-se como
Agricultura Familiar a unidade produtiva em que todo e
qualquer trabalho é desenvolvido pelos membros da família,
que detêm a posse da terra e dos instrumentos de trabalho
tendo, pelo menos, 80% da renda familiar proveniente da
atividade agropecuária
17

Outro conceito é dado por Bittencourt e Bianchini


(1996), os quais caracterizam como agricultor familiar todo
aquele(a) agricultor(a) que tem na agricultura sua principal
fonte de renda (+ de 80%) e onde a base da força de trabalho
utilizada no estabelecimento é desenvolvida por membros da
família. Permite-se o emprego de terceiros, temporariamente,
quando a atividade agrícola assim necessitar. Em caso de
contratação de força de trabalho permanente, externa à
família, a mão-de-obra familiar deve ser igual ou superior a
75% do total utilizado no estabelecimento.
Os mesmos autores dividem o agricultor familiar em
consolidado, de transição e periférico.
O agricultor familiar consolidado seria aquele que
apresenta as melhores condições de vida entre os agricultores
familiares. As diferenciações são explícitas quando são
considerados a renda monetária bruta, o capital fixo e a
quantidade de terra disponível, os níveis de produtividade
física das culturas e as relações com o mercado.
Já o agricultor familiar de transição seria o que
apresenta características intermediárias entre as categorias
dos agricultores familiares consolidados e a dos periféricos.
As características que definem este grupo são a capacidade
de produção, a vocação para a agricultura, a busca de
reestruturação e/ou reconversão do sistema de produção,
aliados a uma pequena capacidade de investimento,
resultante de um baixo nível de capitalização e da ausência
de políticas públicas adequadas à sua realidade.
Enquanto que o agricultor familiar periférico vem a ser
aquele em que o estabelecimento e a renda oriunda da
própria produção agrícola são muito pequenos e/ou
insuficientes para manter a família exclusivamente com ela.
Independentemente da maneira como se queira
conceituá-lo o Sistema de Produção Agrícola Familiar ou
simplesmente Agricultura Familiar encontra-se, atualmente,
frente a uma nova realidade: o uso de meios intensivos de
produção na forma de mecanização agrícola. A mecanização
18

das unidades de produção familiares, embora desejável, traz


riscos econômicos, ambientais e de segurança pessoal (risco
de acidentes), pois os agricultores não vêm sendo
adequadamente preparados para a racional utilização desta
tecnologia.
Iniciativas no sentido de preparar os agricultores
familiares à adoção e melhoria da utilização dos sistemas
mecanizados têm sido executadas pelos autores desta obra,
por meio da implementação de diversos cursos de
treinamento, patrocinados pelo Governo Federal através do
Edital MCT/CNPq/MDA/SAF/MDS/SESAN no. 36/2007, por
meio do projeto Apoio a Implantação da Mecanização Agrícola
nas Unidades Familiares de Produção.
A região sul do Brasil, em especial os estados do Rio
Grande do Sul e de Santa Catarina, apresenta elevada
concentração de unidades familiares de produção, as quais
são responsáveis por quase metade do valor da produção
agropecuária, ocupando aproximadamente 90% da mão de
obra rural. Entretanto, em sua maioria, carecem de um
adequado desenvolvimento tecnológico.
De acordo com Guilhoto et al. (2007) entre 1995 e 2005
a cadeia produtiva da agricultura de base familiar representou
10% do PIB brasileiro, sendo que 44% desse valor é devido a
participação do PIB do agronegócio familiar da região sul do
Brasil.
Segundo Porto (2002), 39,2% do valor da produção
agropecuária da zona sul do Rio Grande do Sul é proveniente
da agricultura de base familiar, a qual ocupa
aproximadamente 85% da mão-de-obra rural da região. Não
obstante a sua importância para a economia do setor
agropecuário do Rio Grande do Sul, praticamente não há
estudos sobre quais características de tratores e máquinas
seriam adequadas às operações agrícolas comuns à
agricultura familiar.
O Governo Federal, através do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e do
Programa Mais Alimentos, vem disponibilizando um
19

considerável volume de crédito a esse setor, que tem sido


utilizado, em grande parte para a compra de máquinas e
implementos agrícolas.
Uma análise prévia permite identificar que há uma
crescente necessidade dos agricultores familiares em adotar
sistemas mecanizados de produção.
Em sua pesquisa com agricultores familiares de base
ecológica da região sul do Estado do Rio Grande do Sul,
Teixeira et al. (2009) identificaram que estes produtores
apresentam dificuldades para expandir sua produção em
função da falta de mão de obra, a qual pode ser minimizada
com o uso da mecanização agrícola.
Machado et al. (2010), em trabalho realizado com
agricultores de base familiar que praticam agricultura
convencional e foram beneficiados com recursos do PRONAF,
observaram que esta linha de financiamento tem sido um fator
determinante para que estes agricultores adquiram tratores.
Aparentemente, este procedimento leva a crer que
haverá em médio prazo vantagens concretas às famílias
beneficiadas, pois, conforme salienta Santos et al. (1998), a
adoção de sistemas mecanizados pode concorrer para a
fixação das pessoas no campo, pois contribuem para uma
podem reduzir as tarefas penosas comuns às atividades do
campo, além de aumentar a possibilidade de produção.
Entretanto, a crescente mecanização das atividades dentro
das unidades familiares de produção ocasionadas pela
possibilidade de aquisição de tratores, arados, semeadoras,
pulverizadores entre outras máquinas, traz consigo duas
graves e importantes questões:

• As máquinas que estão sendo adquiridas são


adequadas às especificidades da agricultura familiar?
• Os agricultores envolvidos estão preparados para a
apropriação dessa tecnologia?
Sabe-se que existe uma carência, no mercado nacional,
de máquinas e implementos de baixa potência, que são
20

justamente aqueles mais apropriados para o uso nas


pequenas áreas, mais comumente empregadas nas unidades
familiares de produção.
As máquinas de baixa potência, disponíveis, provêm de
fabricantes de pequeno porte ou são importadas, o que gera
alguma insegurança com respeito aos aspectos técnicos de
sua utilização, durabilidade, manutenção, eficiência, impacto
ambiental, custo de operação e de manutenção.
O uso dessa tecnologia pode ter aspectos negativos. Um
deles foi levantado por Schlosser et al. (2002), os quais
relataram que com o aumento da produção de tratores na
década de 60 do século XX, aumentou o número de acidentes
no meio rural, na maioria dos casos, de risco superior aos que
ocorriam anteriormente. Segundo os autores isto se deveu à
substituição dos trabalhos manuais e com animais de tração
pela mecanização das tarefas agrícolas.
A análise desse processo histórico leva a crer que o
fenômeno pode se repetir com a introdução de máquinas nos
sistemas de produção da agricultura familiar. Soma-se a isto,
que o mau uso das máquinas pode acarretar prejuízos de
ordem econômica com o aumento dos custos de operação, de
manutenção e baixa eficiência operacional, além de prejuízos
ambientais causados pela compactação do solo, erosão e
contaminação química do solo e da água.
Percebe-se, portanto, que as respostas às duas
questões formuladas são negativas. Isto é, as máquinas estão
sendo adquiridas com pouco ou nenhum critério técnico por
ausência de uma sistemática que leve em consideração
aspectos relevantes, tanto da máquina quanto do sistema
produtivo do agricultor. O agricultor não vem sendo preparado
para dominar os aspectos técnicos, econômicos, ergonômicos
e de segurança que envolvem o uso de máquinas agrícolas.
Neste sentido, o Setor de Máquinas e Equipamentos
Agrícolas (SMEA) do Departamento de Engenharia Rural
(DER) da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM) da
Universidade Federal de Pelotas (UFPel) vêm atuando para
apoiar, em especial, associações de produtores familiares nas
21

questões pertinentes à mecanização das propriedades


principalmente através do projeto, treinamento na utilização e
seleção de máquinas mais adequadas à sua situação de
produção. Para isto tem sido de suma importância os recursos
destinados pelo Conselho Nacional de Pesquisa e
desenvolvimento Científico (CNPq), com verbas do Ministério
do Desenvolvimento Agrário. Tais recursos já possibilitaram a
identificação das principais necessidades dos agricultores
familiares da região sul do Estado do Rio Grande do Sul, em
termos de máquinas agrícolas. Permitiram também o início do
desenvolvimento de dois protótipos de semeadoras de milho e
feijão adaptados às necessidades destes agricultores e a
realização de diversos cursos sobre o tema, no sentido de
qualificá-los a enfrentar esta nova realidade.
O certo é que os Sistemas de Produção Agrícola
Familiar necessitam de um apoio que não se restrinja apenas
aos recursos financeiros, mas principalmente de apropriação
de tecnologia e informações a respeito da adequada utilização
e manejo das máquinas agrícolas e é neste sentido que a
equipe de trabalho do SMEA vem agindo e que esta obra
pretende intervir.
2.TRATORES PARA A
AGRICULTURA DE BASE
FAMILAIR

Pode-se definir trator agrícola como uma máquina


dotada de fonte de potência própria e meios de locomoção
(rodas/esteiras) utilizada, principalmente, como sistema de
tração e transporte de outros equipamentos, no sentido de
realizar as diversas operações dentro da propriedade rural.
Uma definição mais detalhada é apresentada por
Mialhe (1980) para o qual o trator vem a ser uma máquina
autopropelida provida de meios que, além de lhe conferirem
apoio estável sobre uma superfície horizontal e impenetrável,
capacitam-no a tracionar, transportar e fornecer potência
mecânica para movimentar os órgãos ativos de máquinas e
implementos agrícolas o que lhe confere as seguintes
funções, que podem ser executadas isoladamente ou em
conjunto:
• controlar e transferir potência às máquinas e
implementos via barra de tração ou engate de três
pontos;
• controlar e transferir potência às máquinas através da
tomada de potência (TDP) ou de pressão hidráulica;
• transportar material a ser distribuído ou recolhido do
campo;
23

• transportar material em estradas vicinais;


• atuar como carregador ou descarregador em
pequenas tarefas.
Conforme Reis et al. (2005) a razão pela qual o trator
deva ser uma máquina versátil, capaz de movimentar e
acionar um grande número de máquinas e implementos, é a
tentativa de tornar mais racional o uso do motor e dos
mecanismos de transmissão, que são bastante caros. De
outra forma, cada uma das máquinas ou implementos
considerados deveriam ser autopropelidos, elevando em
muito seu custo de aquisição, já que a sua utilização se dá em
períodos curtos no calendário agrícola.
Com relação aos tratores destinados a agricultura
familiar, observa-se uma tendência de crescimento de vendas,
nos últimos anos, principalmente na faixa entre 37 e 55kW (50
a 75cv) a qual mais do que duplicou desde 2006. Segundo
dados da ANFAVEA (2009), até outubro, tinham sido
comercializados mais de 26.000 tratores, nesta faixa de
potência, enquanto que no ano de 2006 foram
comercializados, por volta, de 11.000. Tal fato vem a ser um
indicativo da importância dos programas de crédito à
Agricultura Familiar do Governo Federal, pois nos últimos
anos a maior disponibilidade de recursos pode ser
interpretada como possibilidade de aquisição de tratores.
Portanto, faz-se necessário que estes agricultores
sejam supridos de informações, visto que a apropriação desta
tecnologia pode trazer conseqüências tanto benéficas quanto
maléficas.
Neste capítulo serão tratados os assuntos referentes
às características técnicas dos tratores, visando que com
estas informações os leitores possam capacitar-se à sua
utilização.
24

2.1 TIPOS DE TRATORES E SUAS APLICAÇÕES

Basicamente os tratores utilizados na agricultura


familiar são os de rodas, os quais podem ser divididos em
tratores de duas ou quatro rodas.
Os tratores de duas rodas são chamados de
motocultivadores ou tratores de rabiças, por sua
semelhança com os implementos de tração animal, onde o
agricultor caminha atrás do implemento, comandando-o por
meio de rabiças. Normalmente este trator vem com uma
enxada rotativa posterior às duas rodas motrizes, podendo ser
substituída por arados, carretas, pulverizadores, perfurador de
solo e outros implementos. Executam, respeitados os limites
de potência e de estabilidade, as mesmas tarefas realizadas
por tratores maiores, sendo indicados para áreas de até 30ha
(FIG. 1).

Vista lateral Vista superior


FIGURA 1 - Trator de duas rodas.

Já os tratores de quatro rodas são o tipo mais comum


de tratores agrícolas, seu apoio no solo é obtido por meio de
quatro rodas. Podem apresentar apenas as duas rodas
traseiras motrizes (2RM) como na FIG. 2, ou todas as quatro
rodas motrizes (4RM), FIG. 3. Os tratores que apresentam as
quatro rodas motrizes são chamados de tratores TDA (Tração
Dianteira Auxiliar) e são aqueles nos quais os fabricantes
introduziram um eixo motriz dianteiro, aonde vai montado um
par de pneus de diâmetro inferior ao dos pneus traseiros a fim
de manter a concepção inicial do projeto. A tração dianteira é
25

ligada ou desligada pelo operador de acordo com a


necessidade de tração.

Vista lateral Vista superior


FIGURA 2 - Trator de quatro rodas com duas rodas motrizes.

Vista lateral Vista superior


FIGURA 3 - Trator de quatro rodas com tração dianteira auxiliar.
Uma informação importante ao agricultor é a de saber-
se qual o tipo de trator mais adequado à determinada tarefa a
ser executada dentro da sua propriedade e quais são as
conveniências e inconveniências da utilização de cada um
deles.
Portanto torna-se fundamental a comparação entre
os tratores com e sem TDA. Os principais parâmetros
utilizados nesta comparação vêm a ser: capacidade
operacional, custo operacional, força de tração na barra,
potência na barra e patinamento.

3 Capacidade operacional (CO)


26

Indica a quantidade de trabalho que o conjunto trator-


implemento é capaz de realizar na unidade de tempo. O uso
da TDA em solo firme pode aumentar a CO em quase 6%, em
média, em solo mobilizado esse valor pode chegar a ser
maior do que 15%. O aumento da CO pode ser explicado pela
maior velocidade de deslocamento do conjunto trator-
implemento com TDA.
Portanto quanto mais difíceis forem as condições
de tráfego sobre o solo, maior será a vantagem do trator
com TDA sobre um trator 2RM semelhante no que se
refere à CO.

3 Custo operacional
Nesse item estão incluídos; o preço de aquisição dos
tratores, custo por hectare trabalhado e consumo de
combustível.
O preço de aquisição de tratores de até 55kW (75CV)
com TDA de modelo igual ao de tratores sem TDA é, em
média, 22,2% maior1 (dependendo do modelo e do fabricante
esse valor pode variar de 7,2 a 16,5%)
O consumo horário de combustível é em média, 13,9%
maior para tratores com TDA. Em condições de solo firme
estas diferenças podem ser menores, na ordem de 6%
superior para os tratores com TDA. Entretanto o consumo de
combustível por hectare trabalhado, pode não ser diferente
entre os modelos, fato explicado pela maior capacidade
operacional dos tratores com TDA.
No que se refere aos custos globais de operação por
hectare, alguns pesquisadores afirmam que para solos firmes
o trator com TDA tem custos mais elevados (7,37%), já para
solos mobilizados a situação se inverte, pois os maiores
custos de operação são dos tratores sem TDA (5,46%
maiores).

1
Baseado em preços de venda de março de 2010, na região de Pelotas -
RS.
27

3 Força de tração e potência na barra


A força de tração na barra expressa a capacidade do
trator tracionar implementos acoplados por um, dois ou três
pontos. Quando a esse conceito agrega-se a velocidade em
que ele é capaz de exercer o esforço de tração tem-se a sua
potência na barra de tração2.
Tanto a força de tração quanto a potência na barra são
maiores nos tratores com TDA. Em pista de concreto a força
de tração na barra é em média 33,3% maior e a potência na
barra é maior do que 33,3% e 36,6%, tratores sem lastro e
com lastro respectivamente.

3 Patinamento
O patinamento representa, em termos percentuais, o
deslizamento da banda de rodagem dos pneus motrizes do
trator sobre a superfície de apoio. O seu valor influi no
desgaste do pneu, consumo de combustível e na força de
tração na barra.
Em condições de campo, pesquisadores observaram
uma redução no patinamento de 16,88% para 10,34% quando
se utilizou trator com TDA.

2.2 CONSTITUIÇÃO BÁSICA DOS TRATORES AGRÍCOLAS

Os tratores agrícolas de quatro rodas, ainda que


fabricados por diversas empresas e mesmo tendo
peculiaridades próprias em cada modelo, caracterizam-se por
apresentar praticamente a mesma constituição, ou seja, os
mesmos tipos de sistemas, órgãos e mesmas soluções para
alguns tipos de problemas.
Um trator típico disponível no mercado nacional tem a
seguinte constituição: chassi, motor, sistema de transmissão
(embreagem, caixa de câmbio e transmissão final), sistema de

2
Potência = força x velocidade.
28

direção, órgãos de acoplamento e transferência de energia


(barra de tração, engate de três pontos, tomada de potência),
rodados, sistema elétrico, comandos.

2.2.1 CHASSI

Quando se observa um trator típico, nota-se que não


há uma estrutura visível ligando o eixo dianteiro ao eixo
traseiro e as demais partes. A ligação física que dá a
necessária rigidez ao trator é feita pelas próprias partes
constituintes, num arranjo a que se chama de chassi
monobloco (FIG. 4). Neste, o bloco do motor, a carcaça da
caixa de câmbio, a carcaça da transmissão final e as carcaças
das semi-árvores são reforçadas a fim de suportar os esforços
aos quais o trator está sujeito durante a operação, fazendo a
função do chassi convencional.

FIGURA 4 - Chassi monobloco.

Outra forma de união entre as partes do trator é


através de um chassi convencional. Nesse tipo de arranjo,
29

os esforços são suportados por uma estrutura composta de


perfis de aço longitudinais, reforçados por perfis transversais,
que unem os dois eixos e servem de suporte ao motor e à
caixa de câmbio, como se pode observar na FIG. 5.

FIGURA 5 - Chassi convencional.

2.2.2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO

Trata-se este sistema de um conjunto de mecanismos


responsável por conduzir a potência gerada no motor do trator
às suas rodas motrizes, que geralmente são as traseiras.
Caso o trator apresente TDA há a necessidade de que o
movimento oriundo no motor também seja transmitido às
rodas dianteiras, a fim de que estas desenvolvam esforço
tratório.
Num trator agrícola de rodas com transmissão
mecânica, a potência gerada pelo motor passa primeiramente
pela embreagem, tem a sua velocidade angular e torque
alterados pelo operador através da caixa de câmbio, seguindo
para a transmissão final (conjunto coroa e pinhão, diferencial
e redução final), chegando por fim às rodas motrizes.
30

2.2.3 EMBREAGEM

A embreagem encontra-se entre o motor do trator e a


caixa de câmbio, de forma que o movimento gerado passe
através dela para chegar à caixa, ou seja, interrompido sem a
necessidade de parada do motor.

São funções da embreagem dos tratores:


• Permitir que se dê a partida no motor do trator, sem
a necessidade de acionar qualquer mecanismo de
transmissão;
• Permitir que se coloque o trator em movimento
através transmissão progressiva e suave da potência
do motor à caixa de câmbio;
• Permitir a troca de marchas pela interrupção da
transmissão do movimento do motor à caixa de câmbio
• Permitir o engrenamento da árvore da TDP em
alguns modelos de tratores (embreagem dupla).
A embreagem dos tratores agrícolas pode ser de dois
tipos: monodisco a seco ou multidisco em banho de óleo. A
primeira é empregada com freqüência em tratores com
potência de até 80kW (108CV), os quais são em sua maioria,
normalmente, empregados na agricultura familiar. Esta
embreagem utiliza apenas um disco feito de material com
elevado coeficiente de atrito e resistente ao desgaste,
acionado mecanicamente.
Na embreagem monodisco (FIG. 6) quando o pedal
de embreagem é pressionado, a prensa comprime as molas
de pressão do platô, liberando o disco que, sem força
normal contra a sua superfície, não consegue mais girar em
conjunto com a prensa e o volante, interrompendo, assim, a
transmissão de movimento. Ao liberar-se o pedal de
embreagem, as molas comprimem novamente a prensa de
encontro ao disco e este de encontro ao volante. Como o
disco, na sua parte central, encontra-se unido através de
31

dentes frezados à árvore primária da caixa de câmbio, o


movimento passa do motor a essa. Quando a embreagem
está desacoplada, ou seja, quando o pedal está pressionado,
o disco adquire o movimento da caixa de câmbio (que pode
ser nulo) e as demais partes (molas, platô, prensa) giram
solidárias ao volante do motor.

Prensa

Árvore
primária
Disco

Volante Platô

Molas de
pressão

FIGURA 6 - Vista em corte de uma embreagem simples.

Alguns tratores possuem embreagem dupla (FIG. 7) a


qual possui dois discos de fricção: o disco principal, que
transmite o movimento à caixa de câmbio, e o disco
secundário, de menor diâmetro, que transmite o movimento à
TDP. Os discos são concêntricos, mas ligados a árvores
distintas, o que se torna possível devido ao fato da árvore da
TDP ser oca e de maior diâmetro, permitindo, assim, a
passagem pelo seu interior da árvore primária da caixa de
câmbio.
32

Disco
secundário
Disco
Alavanca de
principal
acionamento

Mola
prato

Alavanca de
acionamento
secundário

FIGURA 7 - Vista em corte de uma embreagem dupla.

O funcionamento da embreagem dupla (FIG. 7) é


semelhante ao de uma embreagem monodisco. Quando o
pedal de embreagem é acionado até a metade de seu curso a
alavanca de acionamento puxa a prensa contra as molas
helicoidais de pressão, liberando o disco principal e
interrompendo, assim, a passagem do movimento à caixa de
câmbio do trator. Se o pedal de embreagem for pressionado
até o final de seu curso, além da liberação do disco principal,
há a liberação do disco secundário, pois a alavanca de
acionamento secundária empurra a prensa secundária
contra a mola prato, anulando a força normal à superfície de
fricção do disco secundário.

O uso da embreagem dupla gera a necessidade de


parar o trator para ligar ou desligar a TDP, dificultando,
em algumas operações, a realização de manobras e
regulagens, além de diminuir a capacidade operacional do
conjunto.
33

A fim de resolver esses problemas, alguns tratores


contam com uma embreagem exclusiva para a TDP,
permitindo que o acionamento seja feito independentemente
do trator encontrar-se em movimento ou não. Esse tipo de
embreagem é geralmente de múltiplos discos banhados a
óleo e com acionamento hidráulico. Para utilizar a TDP, basta
deslocar a alavanca para posição ligada, que o óleo sob
pressão é direcionado para a câmara de pressão, garantindo
o contato entre os discos motores e os discos movidos.
Quando a alavanca é levada para a posição desligada, a
pressão do óleo é aliviada, cessando a transmissão do
movimento (em alguns tratores o óleo é direcionado para o
freio da TDP, auxiliando a parada da máquina que está sendo
acionada).

2.2.4 CAIXA DE CÂMBIO

Este mecanismo situa-se após a embreagem tendo a


função de permitir a adequada seleção da velocidade e torque
a ser transmitido às rodas de tração do trator, bem como de
alterar o seu sentido de movimento.
Seu funcionamento baseia-se no recebimento do
movimento do motor através da embreagem e transferência
do mesmo a um conjunto de engrenagens, as quais,
dependendo do acoplamento a ser feito, permitirão o
movimento da árvore final, com uma rotação maior ou menor,
levando este movimento até a transmissão final.

É importante salientar que a caixa de câmbio não


aumenta a potência do motor, faz isto sim, a alteração do
torque e velocidade transmitidos.
34

Nos tratores agrícolas a velocidade e o torque são


controlados através da mudança de marchas e não por meio
da aceleração do motor, pois devido às grandes reduções
empregadas, as variações de rotação no motor resultam em
diferenças pequenas na velocidade de deslocamento,
especialmente nas primeiras marchas.
O tipo de caixas de câmbio mais utilizadas nos tratores
empregados na agricultura familiar são as mecânicas (de
engrenagens cilíndricas e de engrenagens planetárias).

3 Caixa de câmbio convencional


É o tipo mais utilizado, tata-se basicamente de um
conjunto de engrenagens colocadas no interior de uma
carcaça de ferro fundido (FIG. 8), as quais se encontram
parcialmente imersas em óleo lubrificante. O movimento
transmitido pelo virabrequim do motor através da embreagem
é transferido à árvore primária da caixa de câmbio, o qual
apresenta na sua extremidade uma engrenagem motora.
Acoplado a esta se encontra uma engrenagem movida que é
fixa à árvore secundária. Nesta árvore encontram-se várias
engrenagens cilindrícas, fixas em suas posições, cujos
tamanhos são diferenciados. Na mesma linha de centro da
árvore primária, à sua frente, está localizada uma árvore
ranhurada, que é denominada de árvore terciária, que possui
várias engrenagens deslizantes. Essas engrenagens são
responsáveis por colocar o trator em movimento para frente.
35

B E F
A

C D G

A) árvore primária; B) engrenagem da árvore primária; C) árvore


secundária; D) engrenagens da árvore secundária; E) árvore terciária;
F) engrenagens da árvore terciária; G) pinhão de ré.
FIGURA 8 - Caixa de câmbio convencional.

Através da alavanca de mudança de marchas, as


engrenagens podem ser movidas sobre a árvore terciária,
permitindo diferentes acoplamentos às engrenagens da árvore
secundária. Assim obtém-se a variação na rotação da árvore
terciária, que é responsável por transmitir o movimento
oriundo do motor e alterado na caixa de câmbio, até a
transmissão final.
Como é difícil encontrar uma rotação no motor que
possibilite atender a primeira condição, é recomendável
acionar a embreagem (parar a engrenagem da árvore
secundária) e imobilizar o trator (parar a engrenagem da
árvore terciária) para somente então efetuar a troca de
marchas.
A marcha à ré é obtida através de uma engrenagem
(pinhão) que se encontra acoplada à última engrenagem da
árvore secundária. Ao fazer-se com que a engrenagem da
primeira marcha entre em contato com este pinhão, ocorre a
inversão do sentido de movimento da árvore terciária e por via
36

de conseqüência das rodas de tração do trator, possibilitando


que o mesmo desloque-se para trás.
Outra possibilidade existente em caixas de câmbio
mecânicas é a troca de marchas com o trator em movimento.
É a chamada caixa de câmbio sincronizada. A finalidade do
mecanismo sincronizador é equalizar a rotação da
engrenagem que vai ser acoplada com a rotação da árvore
terciária, que é proporcional à velocidade de deslocamento do
trator, fazendo com que a troca de marcha se processe de
forma suave, sem o risco de danificar os mecanismos.

3 Caixa de câmbio de engrenagens planetárias


Este tipo de caixa de câmbio (FIG. 9) apresenta uma
árvore central que recebe o movimento oriundo do motor ao
qual se encontra acoplada uma engrenagem central (também
chamada de engrenagem solar). Sobre esta vão acopladas
engrenagens menores (satélites) que normalmente são em
número de três. Envolvendo estas engrenagens tem-se uma
engrenagem de dentes internos (coroa). Os eixos das
engrenagens satélite são fixos a um flange, o que permite que
fiquem interligados, formando o que se chama de porta-
satélites.
Nos tratores que apresentam esse tipo de
transmissão, as diferentes marchas são obtidas por vários
sistemas de engrenagens planetárias funcionando em
conjunto. As engrenagens estão permanentemente acopladas
aos eixos motor e movido, não havendo a necessidade de
engate de marchas para a mudança de velocidade e torque,
bastando apenas a frenagem de um dos componentes do
sistema para que o funcionamento do conjunto seja alterado.
37

Engrenagem
Árvore solar Árvore
central movida

Porta satélites

Engrenagem
Coroa
satélite

FIGURA 9 - Transmissão de engrenagens planetárias.

Uma aplicação do sistema de engrenagens planetárias


em caixas de transmissão convencionais ocorre nos tratores
equipados com power shift3. Nesses tratores, além das
marchas selecionadas e da possibilidade da escolha do grupo
reduzido ou direto, é possível alterar a relação de transmissão
em torno de 25% (na maioria dos casos) pelo simples
acionamento de um botão, sem a necessidade da
embreagem. O mecanismo que permite a redução da
velocidade é um sistema planetário acionado hidraulicamente
através de uma válvula solenóide ligada pelo botão.
As transmissões com power shift, permitem a troca
de marchas sem o acionamento da embreagem, o que
significa dizer que o trator não pára sob o efeito da carga
quando o sistema é acionado, pois não há a interrupção
na transmissão de movimento.

3
Não há termo técnico específico na língua portuguesa para essa
expressão inglesa. O sentido é esclarecido no texto.
38

2.2.5 TRANSMISSÃO FINAL

A transmissão final do trator é um conjunto de peças e


mecanismos responsáveis por transferir o movimento oriundo
da caixa de câmbio às rodas de tração do trator, alterando o
plano de rotação do movimento de transversal ao trator (na
caixa de câmbio) em plano longitudinal (plano das rodas).
Além dessa função, a transmissão final possibilita a
diferenciação da rotação nas semi-árvores das rodas
motrizes, onde ainda há mais uma redução no movimento. A
transmissão final do trator compõe-se de um mecanismo
denominado pinhão e coroa, de um diferencial e de uma
redução final.
O pinhão é uma engrenagem de pequeno tamanho
que recebe o movimento da árvore terciária da caixa de
câmbio e o transfere até a coroa (engrenagem maior), que
por sua vez muda em 90o a direção do movimento originário
do pinhão (FIG. 10). Devido à diferença de tamanho entre as
engrenagens que fazem parte deste sistema, também ocorre
uma redução na velocidade de giro e um aumento no torque
que está sendo transmitido.
Coroa

Pinhão

FIGURA 10 - Mecanismo pinhão e coroa.


39

Acoplado à coroa está o mecanismo diferencial (FIG.


11), que se constitui de um sistema de engrenagens
localizado dentro de uma caixa, responsável por sua fixação.
As duas engrenagens maiores são denominadas de
planetárias, pois são capazes de girar apenas sobre seu
próprio eixo. Já as engrenagens menores, em número de
duas a quatro, são chamadas de satélites, pois além de
poder girar sobre seu próprio eixo (movimento de rotação)
também giram ao redor das planetárias (movimento de
translação), arrastando, nesse movimento, o porta-satélites,
que se encontra fixado à coroa através da caixa.

coroa

Pinhão Satélite Planetária


FIGURA 11 – Mecanismo diferencial.

A função do diferencial é distribuir o movimento que


chega à coroa entre as duas semi-árvores motoras,
permitindo que o trator tanto ande em linha reta quanto tenha
a capacidade de fazer curvas. Para que o trator desloque-se
em linha reta as rodas motrizes devem apresentar a mesma
rotação. Quando isso ocorrer, as engrenagens planetárias irão
girar em conjunto com a caixa do diferencial, isto é, com a
mesma velocidade desta. Já as engrenagens satélites vão
40

apresentar apenas o movimento de translação, ao redor das


planetárias. O operador do trator, ao acionar o volante de
direção com a finalidade de fazer uma curva, faz com que as
rodas, externas à circunferência que está sendo descrita, para
compensar o maior caminho percorrido, girem numa
velocidade maior do que as internas à curva. Para que isto
aconteça, a planetária ligada à semi-árvore da roda externa à
curva vai girar com uma velocidade superior à velocidade da
caixa do diferencial, enquanto que a outra planetária, ligada à
semi-árvore da roda interna a curva, gira com uma velocidade
menor. Isto só é possível devido ao movimento de rotação das
engrenagens satélite em torno de seu próprio eixo. Logo,
quando o trator estiver fazendo uma curva, as engrenagens
satélite apresentarão dois movimentos: o de translação, ao
redor das engrenagens planetárias, e o de rotação, em torno
do seu próprio eixo.
Esta forma de compensar o menor movimento de uma
das rodas motrizes do trator é na maioria das vezes benéfica,
permitindo que o trator faça curvas. Entretanto, em algumas
situações, existe a necessidade de que o mecanismo
diferencial não atue, como é o caso em que uma das rodas
motrizes passa por um terreno mais solto enquanto a outra
desloca-se por um terreno firme. Nesse caso o diferencial
começará a atuar, pois o movimento será direcionado em
parcela maior para a roda que necessitar menor torque,
fazendo com que a roda sobre o terreno solto gire numa
velocidade maior do que a outra. Tal fato, dependendo da
intensidade de ocorrência, pode prejudicar o deslocamento do
trator. Assim, para manter-se o adequado deslocamento do
trator, deve ser acionado o bloqueio do diferencial, o qual
impede que este mecanismo continue atuando, isto é, que as
engrenagens planetárias girem com velocidades diferentes e
que as engrenagens satélite tenham movimento de rotação.
Ao acionar-se o bloqueio do diferencial, ambas as rodas
motrizes vão girar com a mesma velocidade, pois o
41

mecanismo do bloqueio une as duas engrenagens


planetárias.
O movimento oriundo das engrenagens planetárias do
diferencial é transmitido às semi-árvores motoras, que nada
mais são do que os elementos que conduzem o movimento do
diferencial até a chamada redução final. Há dois tipos usuais
de redução final: por um par de engrenagens cilíndricas ou
por sistema planetário.
Na redução final por engrenagens cilíndricas, a
engrenagem ligada à semi-árvore motora é menor e por isso
denomina-se pinhão. Acoplada a esta existe uma
engrenagem maior, coroa, que se encontra acoplada à semi-
árvore movida (cubo de roda). Desta forma tem-se nova
redução de velocidade e aumento de torque.

2.2.6 SISTEMA DE DIREÇÃO

O sistema de direção dos tratores agrícolas possui a


função de permitir a mudança na direção de movimentação do
trator, isto é, permitir que ele ande em linha reta, faça curvas
e/ou manobras. Os mecanismos utilizados como sistemas de
direcionamento dependem basicamente do tipo de trator.
Nos tratores agrícolas de pneus de 2RM, com ou sem
TDA, a mudança de direção se dá através da movimentação
lateral dos rodados dianteiros. Neste caso, a mudança de
direção do trator é orientada pela mobilização lateral do
rodado dianteiro.
Já nos tratores de rabiças, obtém-se a movimentação
lateral através de um sistema de embreagem nas rodas, que
funciona de forma independente para cada uma delas. A
mudança de direção é feita através do acionamento da
embreagem da roda interna à curva que será realizada. Ao
acionar-se a embreagem desta roda faz-se com que o
movimento oriundo do motor não seja transferido à mesma.
Assim ela vai girar livremente. Como a roda externa à curva
42

que se está fazendo continua recebendo movimento do motor,


ela apresentará a tendência de seguir tracionando o trator,
tendo-se desta forma a mudança de direção. Cabe ressaltar
que em descidas o comportamento se inverte, pois ao se
acionar a embreagem direcional o peso do trator faz aquela
roda acelerar, movendo o trator para o lado oposto. O mesmo
ocorre em marcha à ré.
Um fator importante com relação ao sistema de
direção dos tratores de rodas diz respeito a geometria do
rodado dianteiro a qual contribui para melhorar as condições
de condução, reduzir o desgaste dos pneus e tornar o
acionamento do sistema de direção mais fácil.
Considera-se geometria a disposição relativa
entre as partes do sistema de direção.
As principais são: ângulo de inclinação longitudinal
do pivô (também conhecido como caster), ângulo de
inclinação lateral do pivô, ângulo de cambagem (ou camber) e
convergência das rodas.
O ângulo de inclinação longitudinal do pivô (FIG. 12)
ajuda a manter o plano vertical da roda alinhado com a
direção do deslocamento.

FIGURA 12 - Representação do ângulo de inclinação


longitudinal do pivô em relação à vertical
43

O ângulo de inclinação lateral do pivô e o camber


(FIG. 13) contribuem para reduzir as sobrecargas laterais a
que está sujeito o pivô.

b a

FIGURA 13 - Ângulo de cambagem (α) e ângulo de inclinação


lateral do pivô (β) em relação à vertical

A convergência das rodas procura compensar o


efeito da cambagem que faz com que as rodas tenham a
tendência de abrirem-se durante o movimento. A
convergência das rodas, geralmente, é o único item da
geometria do rodado passível de regulagem. O seu valor pode
ser alterado através da variação do comprimento da barra de
direção telescópica do trator. Para tratores 2RM a medida A
da FIG. 14 deve ser até 8mm maior que a medida B, de forma
que as rodas dianteiras do trator fiquem direcionadas para
dentro.
44

FIGURA 14 - Representação da convergência das rodas.

2.2.7 ÓRGÃOS DE ACOPLAMENTO E TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA

Conforme já salientado anteriormente a unidade de


trabalho no meio agrícola, tanto para tarefas de campo quanto
para as de transporte, é constituída por um trator (fonte de
potência) e um equipamento (executor da tarefa). Estas partes
são interconectadas por componentes chamados
acoplamentos.
Como as duas partes do conjunto interagem entre si,
o sistema de acoplamento, assim como o seu
funcionamento, afeta a eficiência do conjunto.
As funções básicas dos sistemas de acoplamento
são:
• Transferir forças entre o implemento e o trator;
45

• Comandar o movimento e a posição do


equipamento em relação ao trator;
• Permitir a troca de um equipamento por outro.
Os órgãos de acoplamento e transferência de energia
de um trator de rodas convencional (FIG. 15) encontram-se,
normalmente, em sua parte traseira. São eles: barra de
tração, engate de três pontos, tomada de potência (TDP) e
sistema hidráulico de controle remoto.
Sistema hidráulico
TDP
de controle remoto

Barra de
tração

Braços inferiores do sistema de


engate de três pontos

FIGURA 15 – Órgãos de acoplamento e transferência de


energia de um trator de rodas.

A barra de tração encontra-se na parte traseira do


trator, centrada transversalmente e apresenta a possibilidade
de ser deslocada tanto lateralmente como longitudinalmente.
Sua função é permitir o acoplamento do equipamento ao trator
através de um único ponto.
46

Normalmente a barra de tração apresenta a


possibilidade de ser utilizada mais ou menos alta,
dependendo da forma com que é montada. Essas regulagens
visam ajustar as alturas da barra de tração e dos cabeçalhos
dos diversos equipamentos que podem ser utilizados.
O sistema de engate de três pontos apresenta as
funções de controlar a posição relativa do implemento ao trator,
o que é feito por um sistema mecânico de ligação e controlar a
força de tração exigida pelo implemento abaixando-o ou
levantando-o, o que é comandado pela deflexão de uma mola.
As dimensões do engate de três pontos encontram-se
padronizadas pela Norma Brasileira NBR 8566 da ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas).
A Norma estabelece três categorias de engate de três
pontos, tendo como base a potência na barra de tração dos
tratores, conforme se pode observar na Tabela 1. Para cada
categoria são fornecidas as dimensões mínimas e máximas de
cada parâmetro padronizado, inclusive as forças mínimas de
levantamento que devem ser observadas no sistema hidráulico.

TABELA 1 - CATEGORIAS DE ENGATE DE TRÊS PONTOS DE


TRATORES AGRÍCOLAS DE RODAS

Categoria Potência máxima na barra de tração


[kw]
1 até 35
2 30 a 75
3 acima de 70

A fim de facilitar o acoplamento de implementos ao


sistema de engate de três pontos deve-se utilizar a ordem
proposta a seguir:
1o) ponto de engate inferior esquerdo;4

4
Tendo como referência o operador sentado no banco do trator.
47

2o) ponto de engate superior;


3o) ponto de engate inferior direito.

O ponto inferior direito é deixado por último por possuir


uma regulagem independente de altura, feita através de uma
manivela no braço de levantamento.
A Tomada de Potência (TDP) encontra-se na parte
traseira dos tratores. Existem, basicamente, dois tipos; a
proporcional e a de velocidade constante. Na primeira, o
acionamento é feito a partir do eixo de saída da caixa de
câmbio do trator, de forma que a sua velocidade angular seja
proporcional à velocidade de deslocamento do trator. Uma
das aplicações da TDP proporcional é o acionamento dos
rodados de carretas graneleiras tracionadas. O tipo mais
comum e que equipa a maioria dos tratores comercializados
no Brasil é a TDP de velocidade constante, na qual o
acionamento é feito a partir do eixo de entrada da caixa de
câmbio, de forma que a sua velocidade angular dependa
apenas da rotação de trabalho do motor, independentemente
da marcha de trabalho.
A TDP de velocidade constante apresenta duas
rotações padronizadas: 540 e 1.000rpm. Existem modelos de
tratores que permitem o uso das duas rotações, a construção
destes eixos é diferenciada, a fim de evitar os acidentes que
poderiam ser ocasionados pelo acoplamento de implementos
destinados a trabalhar com 540rpm na rotação de 1.000rpm
ou vice-versa.
O eixo da TDP de 540rpm tem 35mm de diâmetro e
apresenta 6 estrias enquanto que da TDP de 1.000rpm pode
ter 35 ou 45mm de diâmetro e apresenta 21 estrias, conforme
pode ser visto na FIG. 16.
48

1000rpm

540rpm

FIGURA 16 – Eixo da TDP.


No caso do trator contar cm estes dois eixos, há no
tacômetro indicação da rotação do motor que fornece 540rpm
e/ou 1.000rpm na TDP (Fig 17).

FIGURA 17 – Tacômetro com indicação de 540 e 1000rpm.


49

O acionamento da TDP pode ser feito de duas formas:


por intermédio de uma alavanca, sendo necessário o uso do
pedal de embreagem do trator, ou através de um botão (ou
também alavanca) no painel do trator, daí o nome de TDP de
acionamento independente.
Em alguns tratores, em especial nos mais antigos, o
acionamento da TDP (tanto para ligar quanto para desligar),
só pode ser feito com o trator parado. Nesse caso, a
embreagem do trator apresenta dois estágios de
funcionamento. No primeiro estágio, até aproximadamente a
metade do curso do pedal, há o desacoplamento do disco
principal, cessando a transmissão de movimento do motor à
caixa de câmbio - necessário à troca de marchas do trator. No
segundo estágio, é também desacoplado o disco de fricção
responsável pela transmissão de movimento à árvore da TDP,
a fim de possibilitar que esta seja ligada ou desligada por
ação do deslizamento de uma luva acopladora.
O sistema hidráulico de controle remoto fornece
potência hidráulica para o acionamento de diversos
mecanismos e equipamentos agrícolas. O sistema é
composto geralmente por uma bomba hidráulica de
engrenagens, com linhas de fluxo de óleo e uma ou duas
válvulas controladoras. As linhas hidráulicas são dotadas de
terminais de engate rápido (fêmea), localizadas na parte
traseira do trator (FIG. 18), onde são acopladas as
mangueiras do sistema hidráulico do equipamento por ocasião
de seu engate ao trator.
Esse sistema é utilizado, principalmente, no
acionamento de cilindros hidráulicos responsáveis pelo
levantamento e abaixamento de ferramentas e movimentação
de mecanismos de implementos. O sistema também pode ser
utilizado no acionamento de motores hidráulicos, desde que
esses sejam projetados para essa finalidade.
50

FIGURA 18 - Terminais de engate rápido do sistema hidráulico


de controle remoto.

2.2.8 RODADOS

O rodado de um trator agrícola constitui-se num dos


elementos da interface máquina-solo. É através dos rodados
que se exercem as principais funções que se espera de um
trator: apoiar e sustentar o seu peso próprio em movimento
sobre a superfície de trabalho; possibilitar o direcionamento
durante o trabalho; ser capaz de se autolocomover e de gerar
esforço de tração, através da transmissão, à superfície de
apoio da força produzida em decorrência do acionamento do
rodado.
Por serem amplamente utilizados nos tratores
direcionados a agricultura familiar, nesta obra serão descrito
apenas os rodados pneumáticos.
Um rodado pneumático de um trator (FIG. 19) é
composto por:
3 Cubo de roda: encontra-se, ligado ao semi-eixo
motriz ou eixo dianteiro do trator. Ao retirar-se a roda,
51

soltando-se as porcas que prendem o cubo ao centro da roda,


este mantém-se ligado ao trator;
3 Aro: liga o cubo de roda ao pneu, apresentando
duas partes distintas, separáveis ou não: disco do aro, que
na sua parte central apresenta as perfurações para a ligação
com o cubo e na sua extremidade externa une-se à base do
aro, que é especialmente projetada para acomodar o pneu e a
câmara (caso exista);
3 Pneu: coroa circular de seção transversal
aproximadamente cilíndrica constituída de materiais flexíveis,
que envolve o aro e cujo interior é preenchido com ar sob
pressão, podendo ou não conter uma câmara de ar de
formato semelhante.

Cubo de Pneu
roda

Aro

FIGURA 19 - Rodado pneumático de tração de trator agrícola.


52

As partes constitutivas de um pneu agrícola de tração


típico são: carcaça, talões, flancos e banda de rodagem (FIG.
20).
Banda de
rodagem

Carcaça

Flanco

Talão

FIGURA 20 - Partes constitutivas de um pneu agrícola de


tração.

Os pneus utilizados nas máquinas agrícolas são


classificados segundo as suas funções principais. Assim, tem-
se: pneus de tração, pneus direcionais, pneus para transporte
(implementos) e pneus para motocultivadores. Essa
classificação segundo a aplicação do pneu é designada por
letras e números, conforme o apresentado na Tabela 2.
53

TABELA 2 - TIPOS DE PNEUS AGRÍCOLAS MAIS DIFUNDIDOS NO


BRASIL SEGUNDO A SUA APLICAÇÃO
Classificação Símbolo Características
Tração R-1 Pneus para rodas motrizes de tratores e
colhedoras. Indicados para trabalho em
solos com boas características de tração.
São os mais utilizados.
R-2 Pneus para rodas motrizes de tratores e
colhedoras. Indicados para solos
inconsistentes, moles e excessivamente
úmidos. São largamente utilizados em
operações na lavoura de arroz irrigado.
R-4 Pneus para rodas motrizes de tratores
industriais e outras máquinas para
movimentação de terra e florestais.
Direcional F-1 Pneus para eixos direcionais não
tracionados de tratores e colhedoras.
Apresenta um ressalto (raia) ao longo de
seu plano médio.
F-2 Pneus para eixos direcionais não
tracionados de tratores e colhedoras.
Apresenta duas ou três raias ao longo de
seu plano médio
F-3 Pneus para eixos direcionais não
tracionados de tratores e colhedoras.
Multirraiado.
Transporte I-1 Pneus para uso em implementos e
carretas.
Tração/ G-1 Pneus desenvolvidos para rodas motrizes
motocultivadores de motocultivadores e microtratores. A sua
banda de rodagem se assemelha aos
pneus R-1.

As dimensões dos pneus, independentemente de sua


função, são apresentadas de duas formas. Uma delas em
polegadas, que é bastante comum e outra dita métrica, muito
difundida na Europa e que começa a ser empregada no Brasil.
A seguir serão apresentados dois exemplos de medidas, um
54

em polegadas e outro métrico, para que se possa explicar a


numeração de cada sistema.

Exemplo 1: polegadas
Pneu 18.4R30 R-1
18.4: largura da seção do pneu em polegadas
R: quando existir, indica construção radial da carcaça,
para construção diagonal é omitido.
30: diâmetro interno do pneu em polegadas
R-1: classificação de uso do pneu (Tabela 2).

Exemplo 2: métrico
Pneu 650/65 R38 8PR
650: largura da seção do pneu em mm.
65: relação de forma (relação entre a altura da seção e
a sua largura). O número significa que a altura da seção
corresponde a 65% de sua largura5.
R: indica construção radial da carcaça.
38: diâmetro interno do pneu em polegadas.
8PR: capacidade de carga (Ply Rating) do pneu, 8
lonas nesse caso.
Nos dois sistemas de numeração, se ao final da
medida aparecer a expressão tubeless, significa que o pneu
não necessita de câmara de ar.
A maioria dos pneus agrícolas comercializados no
Brasil, atualmente, são de carcaça diagonal. Nesse tipo de
construção, as camadas de material têxtil (lonas) são
dispostas diagonalmente em relação ao plano médio da
banda de rodagem, de forma que as diferentes camadas de
material se cruzem em ângulos inferiores a 90° (FIG. 21).
Esse tipo de construção favorece a rigidez dos flancos e da
banda de rodagem.

5
As relações de forma mais comumente encontradas nos pneus de tração
são superiores a 85%.
55

Num outro tipo de construção da carcaça, a radial, as


lonas vão de talão a talão, formando um ângulo de 90° (FIG.
22) com o plano médio da banda de rodagem. Nos pneus
radiais os flancos e a banda de rodagem são mais flexíveis.

FIGURA 21 - Forma de disposição das lonas em pneus de


construção diagonall. Fonte: Michelim

FIGURA 22 - Forma de disposição das lonas em pneus de


construção radial. Fonte: Michelim
56

As vantagens dos pneus radiais sobre os pneus


diagonais são:
• Aumento do coeficiente de tração;
• Superfície de contato com o solo de 15 a 20%
superior à de um pneu diagonal de mesma medida;
• Diminuição da resistência ao rolamento, pois pelo
fato dos flancos serem mais flexíveis, a banda de
rodagem se molda às irregularidades da superfície do
solo;
• Possibilidade de emprego de pressões internas
menores para uma mesma carga.
Não obstante as vantagens citadas, o uso de pneus
radiais na agricultura brasileira é muito reduzido, pois o seu
preço ainda é muito elevado. Some-se a isso o fato de que as
vantagens relacionadas anteriormente podem não ser muito
acentuadas em alguns tipos de solo.
Com relação a vida útil do pneu esta pode ser
prolongada se os seguintes cuidados forem observados:
• Utilizar e manter a pressão de insuflagem
recomendada;
• Fazer os consertos com as ferramentas adequadas;
• Não exceder a capacidade de carga do pneu (com a
adição demasiada de lastro, por exemplo);
• Não trafegar a mais de 30km.h-1;
• Não exceder o volume máximo de lastro líquido no
interior dos pneus;
• Evitar o tráfego sobre estradas asfaltadas ou de
terra;
• Desligar, sempre que possível, a tração dianteira em
operações de transporte em estradas.
Um fator importante com relação aos pneus diz
respeito a sua pressão de inflação ou insuflagem, também
chamada de pressão interna, a qual deve ser ajustada em
função das variações da carga aplicada sobre o pneu.
Considera-se carga aplicada sobre o rodado o peso próprio do
57

trator, levando-se em conta a distribuição de pesos entre os


eixos, a adição de lastros sólidos e/ou líquidos, o suporte de
máquinas e acessórios. De maneira geral, pode-se dizer que
quanto maior for a carga que um determinado rodado
deva suportar, maior deverá ser a pressão de inflação.
Os fabricantes de pneus fornecem a pressão
recomendada para cada modelo de pneu em função da carga
que devem suportar, portanto frente a situação de uso o
manual do trator deve ser consultado
A pressão de inflação incorreta é o fator que mais
contribui para o desenvolvimento de avarias e desgaste
prematuro dos pneus agrícolas.
Pressões insuficientes causam excessiva flexão da
carcaça, ocasionando o rompimento dos cordonéis, redução
da resistência dos flancos do pneu, desgaste irregular da
banda de rodagem, além de favorecer o deslizamento do
pneu sobre o aro quando esforços de tração maiores forem
exigidos, causando a ruptura da câmara de ar junto à válvula.
Por outro lado, o excesso de pressão, além de prejudicar o
desempenho do trator, ocasiona uma maior compactação do
solo, podendo também causar o rompimento da carcaça. Na
FIG. 23, podem-se observar os aspectos dos pneus com
pressão excessiva, correta e deficiente.

Excessiva Correta Deficiente

FIGURA 23 - Aspectos de um mesmo pneu sob diferentes


pressões de insuflagem. (fonte: Reis et al. 2005)
58

Com relação a pressão de inflação dos pneus


agrícolas, deve-se tomar alguns cuidados, tais como:
• Utilizar calibradores de pressão precisos, pois um
erro de 14kPa (2 lbf.pol-2) numa recomendação de
pressão de 83kPa (12 lbf.pol-2) é muito significativo,
representando uma diferença de 20%;
• A pressão dos pneus deve ser aferida ao menos uma
vez por semana, antes do início da jornada de
trabalho;
• A pressão dos pneus traseiros do trator que
trabalhem dentro do sulco da aração deve ser
acrescida de 28kPa (4 lbf.pol-2);
• Em pneus com lastro líquido, a pressão é diferente
com a válvula na posição superior e inferior. No caso
de não se dispor de um calibrador específico para
pneus lastrados com água, pode-se fazer a leitura com
a válvula na posição superior (ausência d’água) e
subtrair-se do valor obtido 3,4kPa (0,5 lbf.pol-2) para
cada 0,30m de altura de lastro do pneu;
• Nunca aplicar pressões superiores a 241kPa (35
lbf.pol-2), pois há risco de explosão do pneu.

Com relação ao lastro dos tratores este pode ser


considerado como um peso móvel que se adiciona ou se retira
do veículo com a finalidade de otimizar o seu desempenho de
acordo com as variações das condições de operação. O uso
de lastros tem três finalidades básicas:
• Manter o patinamento das rodas motrizes em níveis
aceitáveis;
• Aumentar a potência disponível na barra de tração;
• Manter suficiente peso sobre o rodado dianteiro de
forma a permitir o direcionamento do trator.
De um modo geral, o lastro deve ser adicionado para
que se realize mais eficientemente as operações que
demandam maior esforço de tração, como por exemplo o
59

preparo do solo. Isso é válido especialmente para solos de


textura mais arenosa ou quando as condições do solo forem
boas.
Para solos mais argilosos em condições de alta
umidade, o acréscimo de lastro não aumenta
significativamente a tração. Nesse caso deve-se optar por
pneus que apresentem uma maior área de contato com o
solo.
Uma forma de verificar se o lastreamento está correto,
já com o trator trabalhando, é a observação das marcas
deixadas no solo pelos pneus de tração. Para isso leva-se em
consideração a deformação do solo e indícios de patinamento
(FIG. 24). Marcas pouco definidas e superficiais indicam
patinamento excessivo, havendo a necessidade de se
aumentar o lastro ou diminuir a força de tração exigida.
Marcas claramente definidas e presença de recalque
significam excesso de lastro. O peso trator está correto
quando as marcas dos pneus estiverem bem definidas nas
bordas, com sinais de deslizamento no centro e apresentando
pouco recalque.

Pouco lastro Muito lastro Lastro correto

FIGURA 24 – Observação visual do lastreamento do trator.


(fonte: Reis et al. 2005)

O lastreamento incorreto do trator, tanto o excesso


quanto a falta de peso, traz uma série de inconvenientes e
devem ser evitados. O excesso de lastro pode causar:
consumo excessivo de combustível; desgaste prematuro de
60

elementos mecânicos da transmissão; danos à estrutura do


solo (deformação e compactação); aumento da resistência ao
rolamento. Por outro lado, a falta de lastro pode ocasionar:
danos à estrutura do solo por excesso de patinamento;
desgaste prematuro dos pneus; consumo excessivo de
combustível.
Há basicamente dois tipos de lastro que se pode
adicionar aos tratores: lastro metálico e lastro líquido.
Os lastros metálicos podem ser tanto fixados
diretamente às rodas dianteiras ou traseiras quanto ao pára-
choque dianteiro do trator.
O lastro líquido nada mais é do que a introdução de
água no interior do pneu. O seu uso é recomendado
naquelas situações onde não houver desvantagens do
uso permanente do lastro, já que a adição e a remoção da
água dos pneus é uma tarefa que demanda várias horas.
A adição de água deve ser sempre inferior a 75%
do volume interno do pneu, caso contrário, o pneu torna-se
muito rígido, o que aumenta os riscos de rompimento da
carcaça. O enchimento com água deve ser feito com o pneu
suspenso e com a válvula de enchimento na posição mais
alta. Após retirar-se a parte móvel da válvula introduz-se a
água no pneu através de uma mangueira até que se atinja um
nível d’água correspondente a altura da válvula (75% de
enchimento). Caso não se esteja utilizando um adaptador
(tubo de purga) para permitir a saída do ar de dentro do pneu
à medida que a água entra, é necessário desacoplar a
mangueira várias vezes com esta finalidade. Não se deve
esquecer de calibrar o ar do pneu levando-se em conta o
peso da água adicionada no cálculo da pressão a ser
utilizada. A retirada total da água do pneu somente pode ser
feita utilizando-se o tubo de purga mencionado anteriormente
e com a válvula de ar na posição mais baixa.
61

2.2.9 BITOLA

A bitola de um trator agrícola (FIG. 26) representa a


distância horizontal entre os centros dos pneus traseiros
(bitola traseira - Bt) ou os centros dos pneus dianteiros
(bitola dianteira - Bd).
Essa medida é muito importante quando se considera
a versatilidade que deve ter um trator dentro da propriedade
agrícola. A variação das bitolas permite que o trator se adapte
às diferentes tarefas que se apresentam, do preparo do solo
ao cultivo. Na aração, por exemplo, a bitola deve ser regulada
em função da largura de corte do arado, de forma que as
rodas de um lado do trator (rodas direitas no caso de arados
fixos) trafeguem no interior do sulco e permitam uma boa
regulagem do arado. Nas operações de cultivo,
principalmente, há a necessidade de se regular a bitola do
trator de forma a adequá-la ao espaçamento entre linhas da
cultura em questão. Cabe lembrar que a bitola traseira e a
bitola dianteira, em todas as circunstâncias, devem ser a
mesma para o correto funcionamento do trator.
A variação da bitola dianteira de tratores 2RM (FIG.
25) é feita através da modificação da largura do eixo dianteiro.
Isso é possível porque o eixo é extensível, ou seja, a parte
interna na qual se encontram fixadas as pontas de eixo e as
rodas desloca-se no interior da parte externa, que é pivotada
no chassi do trator. A fixação entre ambas é feita através de
porcas e parafusos.
62

FIGURA 25 - Eixo dianteiro extensível de tratores 2RM.

Na maioria dos tratores é possível variar a bitola


traseira. A variação é feita, basicamente, de três formas: cubo
móvel, aro deslizante e posição do aro.
A maneira mais comum de ajustar-se a bitola traseira
dos tratores é por meio da modificação da posição do aro.
Nesse esquema de variação de bitola, há necessidade da
desmontagem das rodas a fim de conseguir-se a nova
posição do disco do aro em relação à base ou, até mesmo,
desmontar o pneu do aro, já que algumas bitolas somente são
conseguidas mediante a troca de lado das rodas, evitando-se
que a banda de rodagem fique com o sentido de rotação
invertido. Naturalmente, o ajuste de bitola pela troca de
posição do aro é o método mais demorado de todos os
citados, sendo, mesmo assim, o mais comum.

2.2.10 DIMENSÕES

As principais dimensões do trator, ou seja, aquelas


mais importantes sob o ponto de vista do uso do trator numa
63

determinada tarefa, para armazenagem e para transporte,


são:
• Bitola traseira (Bt);
• Bitola dianteira (Bd);
• Vão livre horizontal (Vlh);
• Vão livre vertical (Vlv);
• Largura máxima (L);
• Altura máxima (H).

Na FIG. 26, cada uma dessas medidas é graficamente


definida.
L

Vlv
Vlh

Bd Bt

FIGURA 26 - Principais dimensões funcionais do trator agrícola.


64

3. ESCOLHENDO UM TRATOR
AGRÍCOLA

Os tratores adequados à agricultura familiar devem ser


capazes de executar o maior número de tarefas possível
dentro da propriedade. Com relação a sua utilização alguns
pesquisadores consideram que um índice aceitável deve estar
acima de 500h/ano assim seus custos, principalmente de
aquisição e manutenção, serão minimizados.
Os autores têm trabalhado sobre este tema e estão
desenvolvendo uma planilha eletrônica com a finalidade de
auxiliar o agricultor familiar na escolha do trator mais
adequado a sua propriedade e atividade.
Entre os aspectos norteadores da correta seleção de
tratores pelos agricultores familiares tem-se:

• Desempenho técnico (capacidade do trator e


facilidade de manutenção) adequado à área e
atividades da propriedade;
• Ergonomia e segurança do operador;
• Custo de operação (custos de manutenção e
consumo de combustível);
• Custo de aquisição.
65

Para facilitar o entendimento com relação à tarefa de


escolha do trator mais adequado a propriedade estes
aspectos são discriminados a seguir.

3.1 DESEMPENHO TÉCNICO

Os fatores referentes ao desempenho técnico dos


tratores são aqueles relativos às informações que podem ser
obtidas basicamente em folhetos e catálogos, através dos
revendedores ou em exposições e feiras. Referem-se
normalmente a dois itens principais; capacidade do trator e
facilidade de manutenção.
A capacidade do trator pode ser subdividida em
capacidade de operação e capacidade de tração.
Subdivide-se a capacidade de operação em reserva
de torque, autonomia do tanque de combustível, acionamento
da TDP, sistema hidráulico de controle remoto, raio de giro,
capacidade de levante do sistema de engate de três pontos.
3 Reserva de torque, vem a ser o incremento
percentual de torque6 na rotação máxima com carga em
relação ao torque máximo. Na prática, permite um incremento
temporário no torque do motor para superar uma eventual
resistência. De outra forma pode-se dizer que a reserva de
torque é a capacidade que o trator apresenta de aumentar o
torque à medida que ocorre diminuição na rotação do motor.
Considera-se que um trator apresenta uma boa reserva de
torque quando esta for superior a 30%, assim o trator vai
apresentar um melhor desempenho reduzindo a necessidade
de trocas de marchas;
3 Autonomia do tanque de combustível, o volume
ideal do tanque de combustível deve ser aquele que permita,
pelo menos, uma jornada de trabalho diária de 10h sem
6
Torque do motor é o momento de torção que o virabrequim ou
árvore de manivelas consegue produzir no motor.
66

necessidade de paradas para reabastecimento, portanto este


fator está intimamente ligado ao consumo de combustível do
trator. A capacidade do tanque deve ser de 4,0 litros de
combustível por kW do motor, dando condições para um dia
de serviço a um regime de trabalho de 85% da capacidade do
motor;
3 Acionamento da TDP, conforme descrito
anteriormente a TDP pode ser acionada de diferentes
maneiras, o ideal é que o trator apresente acionamento
independente deste item;
3 Sistema hidráulico de controle remoto, é
importante que o trator apresente este sistema com, no
mínimo, 2 válvulas de controle, desta forma poderá ser
utilizado na grande maioria das máquinas que o necessite;
3 Raio de giro vem a ser o raio do menor círculo
descrito pela roda mais externa do trator com relação ao solo
quando o trator se desloca em círculo, com o volante de
direção totalmente acionado a direita ou à esquerda. Quanto
menor for o raio de giro maior será a facilidade de manobrar o
trator;
3 Capacidade de levante do sistema de engate de
três pontos, este sistema deve apresentar capacidade de
levante compatível com as máquinas e equipamentos a serem
utilizados pelo agricultor. Como exemplo pode-se citar que se
um trator apresentar capacidade de levante do sistema de
engate de três pontos de 500kgf o agricultor não poderá
trabalhar com um equipamento montado cujo peso, em
condições de trabalho, seja acima desta capacidade, sob
pena de danificar o trator.
Já a capacidade de tração do trator pode ser definida,
para fins de seleção do equipamento, como sendo a sua
potência. Um fator importante com relação à potência do
motor do trator é saber qual a Norma de ensaio de motor que
o fabricante utilizou. No Brasil não existe uma recomendação
padrão, cada fabricante ensaia o motor de seu trator seguindo
a Norma que lhe seja mais conveniente (ASAE; DIN; ABNT,
67

etc), muitas vezes esta informação não está no catálogo do


trator ou não é mencionada pelo revendedor.
Só é possível comparar tratores, quanto a sua
potência, quando os mesmos apresentarem esta
informação de acordo com a mesma Norma de ensaio.
Outro fato importante é que normalmente os
fabricantes indicam a potência do motor na sua rotação
máxima e não na de trabalho. Esta informação não possui
valor prático, podendo levar o agricultor a seleção incorreta do
equipamento a ser tracionado. O relevante para o agricultor é
conhecer a potência disponível na barra de tração e TDP do
trator, pois estes são os órgãos de acoplamento do trator ao
equipamento.
Uma regra prática para identificação da potência na
barra de tração e TDP é dada pela ASAE (2003), FIG. 27.
Esta Norma separa os tratores em; com e sem TDA,
tração integral nas 4 rodas (4x4) e esteiras.
Também é feita uma divisão com relação à condição
em que se encontra o solo no qual o trator vai transitar; em
piso de concreto, solo firme, cultivado e solto.
O piso de concreto é a referência para padronização
de ensaios de trator, enquanto que solo firme é considerado
aquele que não sofreu mobilização por equipamentos de
preparo (ex.: situação de plantio direto), já solo cultivado é
considerado o que sofreu apenas uma mobilização inicial,
preparo primário (aração) e solo solto àquele que sofreu
preparo primário e secundário (aração e gradagem).
68

Potência Máxima no Motor

0,83

Potência na TDP

Trator Solo
Concreto Firme Cultivado Solto
4x2 0,87 0,72 0,67 0,55
4 x 2 - TDA 0,87 0,77 0,73 0,65
4x4 0,88 0,78 0,75 0,70
Esteira 0,88 0,82 0,80 0,78

Potência utilizável na Barra de Tração

FIGURA 27 – Obtenção da potência na TDP e barra de tração


do Trator. Adaptado da Norma ASAE D497.4 (2003).

Dois exemplos de aplicação da Norma da ASAE são


dados a seguir:

Exemplo 1: Trator 4x2 com 75kW a 2200rpm


de potência máxima no motor (primeira linha da tabela, FIG.
27).

1 = Potência máxima disponível no motor Ö 75kW


2 = Potência máxima na TDP:
75kW X 0,83 Ö 62,25kW;
69

3 = Potência útil na barra de tração (em pista de concreto):


62,25kW X 0,87 Ö 54,16kW;
4 = Potência útil na barra de tração (em solo firme):
62,25kW X 0,72 Ö 44,82kW;
5 = Potência útil na barra de tração (solo cultivado):
62,25kW X 0,67 Ö 41,71kW;
6 = Potência útil na barra de tração (solo solto):
62,25kW X 0,55 Ö34,24kW;

Exemplo 2 : Trator 4x 2-TDA com 75kW a 2200rpm


de potência máxima no motor (segunda linha da tabela, FIG.
27).

1 = Potência máxima disponível no motor Ö 75kW


2 = Potência máxima na TDP:
75kW X 0,83 Ö 62,25kW;
3 = Potência útil na barra de tração (em pista de concreto):
62,25kW X 0,87 Ö 54,16kW;
4 = Potência útil na barra de tração (em solo firme):
62,25kW X 0,77 Ö 48,13kW;
5 = Potência útil na barra de tração (em solo cultivado):
62,25kW X 0,73 Ö 45,44kW;
6 = Potência útil na barra de tração (em solo solto):
62,25kW X 0,65 Ö40,46kW;

Conforme pode ser visto nos exemplos acima, da


potência informada pelo fabricante (potência máxima
disponível no motor) apenas parte realmente será utilizada
para a tração do equipamento (potência na barra de tração),
sendo esta dependente da condição de solo em que o trator
vai trabalhar e do seu sistema de tração.
70

3.2 ERGONOMIA E SEGURANÇA

Com relação à ergonomia devem-se levar em conta


as seguintes características; posição do escapamento,
isolamento térmico da transmissão, número de posições de
conforto do assento, nível de ruído, presença de defletor de
poeira, posição da alavanca de câmbio, regulagem da
inclinação do volante de direção.

3 Posição do escapamento, a posição do


escapamento do motor do trator deve ser de tal forma que não
haja direcionamento de fumaça ao posto de comando do
operador, pois se isto ocorrer haverá prejuízo a saúde do
agricultor;

3 Isolamento térmico da transmissão é importante o


trator contar com este tipo de isolamento, pois caso contrário
haverá aquecimento demasiado dos membros inferiores do
operador, causando-lhe desconforto e possibilidade de
prejuízos a saúde;

3 Número de posições de conforto do assento, o


assento do trator deve apresentar a possibilidade de pelo
menos 3 regulagens, que são vertical, horizontal e
amortecimento. Também a presença de braços de apoio
laterais deve ser considerada como um item de conforto ao
operador;

3 Nível de ruído, não deve ser superior a 90dB,


segundo a NR15, que é o índice que permitirá ao operador
trabalhar 8h por dia, sem sofrer prejuízo a sua audição;

3 Presença de defletor de poeira é importante o


trator contar com este item no sentido de que a poeira
levantada pelas rodas dianteiras do trator não atinja o posto
de operação;
71

3 Posição da alavanca de câmbio, o ideal é que


alavanca de câmbio e demais comandos sejam localizados
nas laterais do posto de operação, possibilitando melhor
mobilidade às pernas do operador e evitando que ele tenha
que se curvar para trocar marchas;

3 Regulagem da inclinação do volante de direção,


um bom trator deve permitir este tipo de regulagem, pois
desta forma facilitará o trabalho do operador.

No que diz respeito à segurança do operador deve-


se considerar; presença de estrutura de proteção contra
capotamento (EPCC), câmbio sincronizado, proteção principal
da TDP, presença de cantos vivos nos comandos e de alertas
de segurança.

3 Presença de estrutura de proteção contra


capotamento, um bom trator tem de possuir EPCC em
conjunto com cinto de segurança, desta forma em caso de
capotamento do trator o posto do operador será preservado;

3 Câmbio sincronizado, a utilização do câmbio


sincronizado facilita o trabalho do operador, principalmente
em situações onde se faz necessário a contínua troca de
marchas, além disso, torna mais seguras as operações de
transporte de cargas, pois reduz a possibilidade de erro
durante a troca de marchas;

3 Proteção principal da TDP, conforme visto


anteriormente a TDP pode girar a 540 ou 1000rpm e muitas
vezes mesmo estando desligada apresenta movimento
rotatório, logo, para prevenir acidentes é importante que a
mesma possua uma proteção principal, a qual é dada por uma
chapa metálica que a envolve (FIG. 28)
72

FIGURA 28 – Proteção principal da TDP

3 Presença de cantos vivos junto aos comandos,


se junto aos comandos do trator existirem cantos vivos haverá
grande possibilidade do operador se acidentar, sofrendo
cortes, portanto uma averiguação da existência dos mesmos
deve ser feita na hora de se escolher o trator;

3 Alertas de segurança é importante o trator contar


com indicações de situações de risco junto a partes que
podem ocasionar acidente.

3.3 CUSTO DE OPERAÇÃO

Com relação a este fator, atenção especial deve ser


dada a potência do trator a ser escolhido, pois quanto maior
ela for mais elevado será o custo de operação. É de
fundamental importância a adequação da potência do trator às
reais necessidades da propriedade, a fim de evitar-se a
aquisição de um trator cuja potência do motor seja muito
superior ao necessário, pois tal fato ocasionará um maior
dispêndio de capital, o que pode inviabilizar a propriedade.
73

O custo de operação pode ser dividido em custo de


manutenção e consumo de combustível.
No custo de manutenção, encontram-se envolvidos
todos os gastos com ações necessárias a que o trator seja
conservado ou restaurado de modo a poder permanecer de
acordo com uma condição específica. Estes custos podem ser
divididos em custos com manutenção preventiva e corretiva.
A manutenção preventiva visa manter o trator, sempre
em condições ideais de utilização e conservação, a fim de que
o mesmo execute adequadamente suas tarefas. Porém,
podem ocorrer imprevistos ocasionados por uso inadequado,
danificação acidental, desgaste de um componente e/ou
defeito de fabricação. A ocorrência destes fatos leva a
execução da manutenção corretiva.
Na manutenção preventiva estão envolvidos os gastos
com componentes que devem ser trocados a intervalos
regulares como filtros de combustível, filtros de óleo
lubrificante, rolamentos, etc.
A manutenção corretiva é mais difícil de ser estimada
uma vez que vai depender das condições de utilização do
trator e da adequada execução da manutenção preventiva
De maneira geral considera-se como custo de
manutenção aquele envolvido com lubrificantes e reparos.
Estimativas dão conta de que para tratores voltados a
agricultura familiar os custos de manutenção situam-se em
torno de R$0,45 por hora trabalhada.
Verificou-se também que valores acima de R$3,00 por
hora trabalhada são impeditivos a utilização do trator nas
condições atuais da produção agrícola familiar.
Uma maneira de estimar se o custo de manutenção do
trator está elevado é utilizar uma regra simples, a qual indica
que para uma vida útil do trator prevista para 10 anos o custo
de manutenção anual não deve ultrapassar 10% do valor
pago na aquisição do trator.
Também os gastos com óleo lubrificante e graxa, não
devem ultrapassar a 20% do gasto com combustível.
74

Conforme a ASAE (2003) o consumo de óleo


lubrificante pode ser calculado pela equação abaixo:

CL = 0,00043 x (P + 0,02169)

Onde:

CL = Consumo, em L/h;
P = Potência nominal do motor, em CV.

Estima-se que o consumo de graxa deve situar-se em


torno de 50g por hora de trabalho.

A periodicidade de troca do óleo lubrificante do motor,


caixa de câmbio, redução final, diferencial, e do sistema
hidráulico vai depender do fabricante. Dados os custos
envolvidos, tal informação é relevante no momento de optar-
se por um determinado trator.
Devido ao elevado valor do óleo diesel, o consumo de
combustível, é um dos principais fatores que devem ser
levados em conta ao calcular-se o custo de operação do
trator.
Este fator é difícil de calcular em função da variação de
regime de utilização do motor do trator nas diferentes tarefas
desempenhadas pelo mesmo ao longo de um dia de trabalho,
o ideal é obter-se esta informação com o fabricante.
Alguns autores estimam que o consumo de
combustível (diesel) encontra-se me torno de 0,25 a 0,30L por
CV de potência exigida na barra de tração do trator.
O custo horário de combustível pode ser calculado
pela equação a seguir:

CC = 0,25 x PB x VL

Onde:
75

CC = Custo horário de combustível, em R$/h;


PB = Potência na barra de tração do trator, em CV;
VL = valor do litro de combustível, em R$

Para agricultura de base familiar o ideal é que o


consumo de combustível situe-se na ordem de 2L por hora
trabalhada.

3.4 CUSTO DE AQUISIÇÃO

Embora o valor do bem a ser adquirido seja


importante, este não deve ser considerado o principal fator no
momento da escolha. Conforme visto deve se levar em
consideração o conjunto de todos os fatores anteriormente
citados e que possibilitem um custo de aquisição adequado a
disponibilidade financeira e de endividamento do produtor.
Entretanto também deve ser considerado o fato de que
um trator com maior valor de aquisição (normalmente trator de
maior potência e acima da necessidade do produtor)
apresentará maior custo horário, seja de manutenção ou
operação.
O importante é que seja feita uma criteriosa análise
técnica do produto a ser adquirido, levando-se em
consideração não só o custo de aquisição, mas também o que
este equipamento trará de benefícios ao produtor.
O peso que cada um dos fatores citados acima terá na
escolha do trator deverá ser atribuído pelo produtor em função
de suas necessidades e disponibilidades financeiras,
entretanto se duas marcas apresentarem as mesmas
características técnicas, evidentemente o ideal e mais lógico
será optar por aquela de menor valor de aquisição.
76

3.5 DEPRECIAÇÃO

A depreciação vem a ser o valor que o trator perde


durante o transcorrer de sua vida útil, sendo dependente da
maneira como o mesmo é utilizado, operado e mantido ao
longo de sua vida. Este talvez seja o maior custo do trator.
A maneira mais simples e prática de calcular-se a
depreciação do trator é pelo método da “linha reta”, o qual
consiste em amortizar o capital empregado na aquisição do
bem em parcelas iguais durante a sua vida útil estimada. No
caso de tratores a estimativa de vida útil, também chamada de
valor final ou valor de sucata é de 10 (dez) anos, após este
período estima-se que os custos envolvidos para manutenção
do trator e a tecnologia nele empregada não são mais
adequados para mantê-lo trabalhando.

O cálculo é executado pela equação abaixo:

D = VA - VS / Vu

Onde:

D = Depreciação anual, em R$/ano


VA = Valor de aquisição, em R$
VS = Valor de sucata, em R$
VU = Vida útil, em anos

Calcula-se VS, para uma vida útil estimada de 10 (dez)


anos, pela equação:

VS = 0,1 x VA

Também é possível calcular-se a depreciação horária,


dividindo-se a depreciação anual pelo número de horas
trabalhadas anualmente. Esse valor pode ser empregado para
compor o custo total horário de uso efetivo do trator.
77
4. SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO
DE TRATORES AGRÍCOLAS

4.1 DEFINIÇÃO DE ACIDENTE


Embora o acidente de trabalho seja definido pela
legislação brasileira (Regulamento dos Benefícios da
Previdência Social, artigo 131 do Decreto nº 2.172, de 05 de
março de 1997), uma definição mais abrangente, proposta por
Alonço (2005), será utilizada nesse texto. Segundo o autor,
acidente de trabalho é todo o acontecimento que não esteja
programado e que interrompa, por pouco ou muito tempo, a
realização de um serviço, provocando perda de tempo, danos
materiais ou lesão corporal. Assim, não é necessário que uma
determinada ocorrência produza lesões ao trabalhador para
ser considerada acidente. Tampouco é necessário que haja
vínculo empregatício para que o acidente seja configurado, o
que é muito importante para a agricultura familiar onde quase
todo o trabalho é feito pelo agricultor e seus familiares.
O fato de não haver danos físicos ao trabalhador é, na
maioria das vezes, uma questão de sorte, pois os eventos
com danos materiais ensejam todas as condições para que
ocorram lesões corporais: acontecem muito rapidamente e de
forma inesperada, dificultando, ou mesmo impossibilitando, a
pronta resposta das pessoas envolvidas; forças muito
elevadas estão geralmente presentes, especialmente com
79
máquinas agrícolas; podem liberar agentes tóxicos; produzem
comportamentos inesperados dos equipamentos, os quais,
invariavelmente, aumentam as chances de danos físicos ao
trabalhador.
Os acidentes que resultam em lesões ao trabalhador
podem ser classificados como fatais (morte do trabalhador e
ou de pessoas não envolvidas diretamente no trabalho),
graves e leves. Embora não haja uma definição legal do que
sejam acidentes graves e acidentes leves, Schlosser et al.
(2002) consideram acidentes graves aqueles que afastem o
trabalhador por mais de 15 dias de suas atividades. Segundo
salienta Debiase (2002), “o risco de ocorrência de um
determinado evento é uma variável bidimensional, resultado
do produto entre a freqüência e a gravidade das suas
conseqüências”. Nesse sentido, é necessário que se conheça,
por um lado, detalhadamente as operações agrícolas
executadas, as máquinas empregadas (tipo, funcionamento,
estado de manutenção, idade, presença de dispositivos de
segurança, ergonomia), o local de trabalho, bem como a
freqüência do uso, e por outro, os tipos de acidentes possíveis
de ocorrerem e o seu nível de gravidade.

4.2 ESTATÍSTICAS
A falta do comunicado relatando o acidente
envolvendo máquinas agrícolas às autoridades torna difícil a
obtenção de dados seguros a respeito da freqüência dos
acidentes assim como a sua gravidade. Esse fato, embora
seja grave no Brasil, também é observado em países mais
desenvolvidos. Para que se tenha uma idéia, Field (2008)
estima que para a cada pessoa morta em acidentes com
tratores nos EUA outras 40 são feridas.
A seguir são apresentados alguns dados que resumem
as estatísticas de acidentes com máquinas agrícolas no
mundo (FIG. 29) e na região central do estado do Rio Grande
do Sul (FIG. 30), juntamente com os locais do corpo mais
atingidos (FIG. 31). Outros; 12%
Contato com a
TDP; 7%
Colisões c/ outros
veículos ou
obstáculos; 10%
Capotamento; 54%

Quedas e
atropelametos; 17%
80

FIGURA 29 – Principais tipos de acidentes fatais envolvendo


tratores agrícolas em nível mundial (adaptado de Debiase,
2002).
Outros; 4,2%
Batidas; 4,2%
Contato com a
TDP; 14,4%

Capotamento;
Atropelamento;
51,7%
9,3%
Quedas c/ o trator
em movimento;
16,1%

FIGURA 30 – Principais tipos de acidentes graves envolvendo


tratores agrícolas na região central do RS (fonte: Debiase &
Schlosser, 2001)
Face, pescoço, Órgãos internos;
couro cabeludo; 4% 3%
Não definidos; 6%
Ombros e braços;
5% Mãos; 28%
Olhos; 6%

Tronco; 11%

Coxa, perna e Pés; 23%


tornozelo; 14%

31 – Local do corpo atingido nos acidentes (fonte:


FIGURA
FUNDACENTRO, 1990)
81
Percebe-se o quão preocupante é o tema quando se
verifica que 39% dos trabalhadores rurais entrevistados por
Debiase & Schlosser (2001), na região central do Rio Grande
do Sul, já sofreram algum tipo de acidente com tratores. A
estatística torna-se mais grave se a esse dado for associada à
estimativa de que a cada quatro acidentes envolvendo
tratores agrícolas, um produz a invalidez permanente da
vítima.
Mais recentemente Reis et al. (2010) estudaram a
ocorrência de acidentes com máquinas agrícolas entre
agricultores de base familiar (70,9% dos estabelecimentos
tinham menos de 30ha) em municípios da região de Pelotas,
RS. Diferentemente do trabalho de Debiase & Schlosser
(2001) que considerou apenas acidentes graves, a pesquisa
de Reis et al. (2010) levou em conta qualquer tipo de acidente
que tenha causado algum ferimento ao agricultor ou a
terceiros envolvidos na operação agrícola mecanizada. Outra
particularidade do trabalho dos autores é que nem todos os
entrevistados possuíam tratores ou mesmo sabiam operá-los.
Dentre os respondentes, 27,2% afirmaram já terem sofrido
algum tipo de acidente com máquinas agrícolas. Essa
percentagem se eleva quando os respondentes operadores
de máquinas foram considerados isoladamente, chegando a
42,9%. Os principais tipos de acidentes observados são
mostrados na FIG. 32.
Perda controle
Intoxicação, 5,9% Outros, 4,4%
subida/estrada, 19,1%
Atropelamento, 5,9%
Capotamentos, 8,8%

Choque contra obstáculos,


Enroscamento TDP, 8,8% 14,7%

Quedas, 8,9% Acoplamento do


Queimadura, 10,3%
implemento, 13,2%

FIGURA 32 – Principais tipos de acidentes na agricultura


familiar (fonte: Reis et al., 2010)
82
Chama a atenção nos resultados apresentados na
FIG. 33 a baixa ocorrência de capotamentos, que
correspondem por mais de 50% dos acidentes graves
mostrados nas FIGs. 29 e 31. Uma explicação possível é alta
fatalidade deste tipo de evento, assim, a possibilidade de um
respondente ter sobrevivido a esse tipo de acidente e
respondido à pesquisa foi reduzida.

4.3 IMPORTÂNCIA DE SE PREVENIR ACIDENTES

A conscientização dos agricultores e das outras


pessoas envolvidas no uso de máquinas agrícolas,
especialmente os tratores, sobre as graves implicações de um
acidente é fundamental para a adoção de práticas de
segurança e escolha e aquisição de equipamentos seguros.
Sem essas atitudes, é pouco provável que, tanto a freqüência,
quanto a gravidade dos acidentes no meio rural sejam
abrandados. Sendo assim, há três aspectos que podem
ajudar a sensibilizar os agricultores sobre a necessidade de
se prevenir acidentes: os econômicos, os sociais e familiares
e, os de saúde (doenças, invalidez e morte).
3 Aspectos econômicos, não se conhece uma
estimativa dos custos financeiros dos acidentes com
máquinas agrícolas no Brasil. Esses custos incluem, entre
outros, os prejuízos da própria máquina, redução da
produtividade ou produção (custo indireto) e o custo financeiro
para o estado.
Seguindo a visão mais ampla de acidente, verifica-se
que, em muitos casos, a “ocorrência imprevista” resulta na
quebra do trator ou da máquina agrícola. O conserto deste
equipamento constitui-se no dano econômico mais evidente.
Dependendo do estágio de desenvolvimento da cultura
em que ocorre a quebra da máquina e do tempo necessário
para os reparos, ocorre um prejuízo indireto, pois a tarefa que
estava sendo realizada é interrompida. Dentre as operações
83
agrícolas, aquelas mais sensíveis aos atrasos na execução
são a colheita (exposição a maiores riscos de intempéries,
ataque de animais silvestres, debulha natural, queda da
qualidade de grãos, sementes ou frutos), a semeadura (perda
dos períodos ótimos de semeadura para a maximização da
produtividade) e tratamentos fitossanitários (a demora no
controle a determinadas pragas pode causar sérios riscos à
produção e à qualidade do produto).
Outro aspecto econômico que deve ser lembrado é
aquele decorrente do afastamento do trabalho necessário ao
restabelecimento da saúde do operador, podendo ser
necessária a contratação de outra pessoa para que as tarefas
continuem a serem executadas. No caso da agricultura
familiar, a pessoa afastada é o próprio agricultor ou
agricultora, de modo que se não for possível a contração de
um trabalhador temporário, haverá perda irreversível na
produção.
Por fim, mas não menos importante, é o custo
financeiro para o estado. Devido à ocorrência de acidentes o
estado tem que disponibilizar a sociedade uma estrutura de
atendimento e assistência aos feridos.
3 Aspectos sociais e familiares, um primeiro
aspecto de ordem social já foi abordado, que é o custo
financeiro que toda a sociedade tem que arcar quando da
ocorrência de um acidente com lesões corporais.
Dependendo das características do acidente, das
lesões e dos prejuízos provocados e da estrutura psicológica
da vítima, podem surgir problemas psicossociais associados à
ocorrência. Quando, de alguma forma, a capacidade da vítima
para o trabalho é a afetada, ou os prejuízos econômicos são
consideráveis, ela pode ser levada à depressão ou ao
alcoolismo. Em ambos os casos, são conhecidas as
implicações negativas para o indivíduo, para a sua família e
para a sociedade.
Outro aspecto importante é o do grande potencial
oculto para a desestruturação familiar. O primeiro ponto que
deve ser levantado é a possibilidade de um acidente levar ao
84
falecimento de cônjuge, pai, mãe, filho, filha ou outro membro
do núcleo familiar. Além da dor da perda do ente querido, há o
risco do comprometimento da viabilidade econômica do
estabelecimento e com isso, de todo um modo de vida, pois
na agricultura familiar, como já se disse, grande parte do
trabalho é feito pelos membros da família.

4.4 PRINCIPAIS CAUSAS DE ACIDENTES COM TRATORES

Genericamente, as causas dos acidentes podem ser


separadas em atos inseguros, condições inseguras e fatores
pessoais.
Segundo Alonço (2005), o ato inseguro é a maneira
errada e/ou descuidada do trabalhador fazer determinado
serviço, como por exemplo: dirigir o trator em alta velocidade,
não ter cuidado ao reabastecer o trator, etc. Os pesquisadores
do assunto afirmam que os atos inseguros são responsáveis
por até 85% dos acidentes com máquinas agrícolas. Como
atos inseguros, podem ser listados: operar sem autorização;
utilizar equipamento de maneira imprópria ou operar em
velocidades inseguras; usar equipamento inseguro (com
conhecimento); lubrificar, limpar, regular ou consertar
máquinas em movimento, energizadas ou sob pressão;
misturar indevidamente; utilizar ferramenta imprópria ou deixar
de utilizar a ferramenta própria; tornar inoperantes ou
inseguros os dispositivos de segurança; usar mãos e outras
partes do corpo impropriamente; assumir posição ou postura
insegura; fazer brincadeiras de mau gosto; não usar o
Equipamento de Proteção Individual (E.P.I.) disponível;
descuidar-se no pisar e na observação do ambiente; deixar de
prender, desligar, sinalizar, etc.
Segundo Alonço (2005), a condição insegura
caracteriza-se quando, por qualquer motivo, as ferramentas,
os tratores ou as máquinas agrícolas estão com defeito ou
sem dispositivos de segurança, colocando em risco a
segurança do operador, como por exemplo: ferramentas
85
estragadas, mal conservadas ou defeituosas, falta de cabine
nos tratores, etc.
Os fatores pessoais são aqueles que não podem ser
considerados nem atos inseguros nem condições inseguras
por si só, mas quando atingem determinado nível podem vir a
causar acidentes, pois se transformam em atos e condições
inseguras. No homem pode-se tomar como exemplo a fadiga
e na máquina, a sua obsolescência.
3 Causas específicas, o aumento da segurança no
trabalho dá-se pelo conhecimento das causas específicas dos
acidentes, pois assim é possível prevenir as situações que
efetivamente são potenciais causadoras de acidentes.
Reis & Machado (2009) apresentam as seis principais
causas de acidentes com tratores agrícolas, as quais são
listadas a seguir.
1 - Operação do trator em condições extremas:
ocorre quando o trator é utilizado sob condições que excedem
os limites para as quais ele foi projetado. Por exemplo: o
trabalho em terrenos com declividade acentuada; trabalho
excessivamente próximo de valos, barrancos ou outros
obstáculos, o tráfego em velocidade excessiva e a tração de
cargas demasiadamente pesadas.
2 - Perda do controle em aclives/declives: as ações
equivocadas do operador por falta de capacitação, imperícia
ou imprudência, durante a operação em subidas ou descidas
causam a perda do controle sobre o trator. As principais
ocorrências são: erro na troca de marchas com o trator em
movimento em aclives (o trator passa a ir para trás) ou
declives (o trator fica em neutro e o freio não é suficiente para
pará-lo); tração de carretas agrícolas com excesso de peso,
potencializando as ocorrências já descritas; acionamento do
freio em apenas uma das rodas (o trator é forçado a mudar a
trajetória, podendo atingir os obstáculos do caminho); descida
de aclives em neutro (os freios podem não serem suficientes
para controlar o aumento de velocidade).
3 - Ingestão de bebidas alcoólicas: o efeito do álcool
sobre o operador de máquinas agrícolas e o motorista de
86
carro é o mesmo. Há uma redução da rapidez dos reflexos, o
que pode dar margem a batidas, capotamento, perda de
controle e má qualidade de certas operações.
4 - Presença de pessoas junto ao posto do
operador: o trator agrícola possui apenas um assento porque
apenas uma pessoa pode operá-lo com segurança. No evento
de qualquer imprevisto, a pessoa que estiver de carona não
conta com o auxílio dos dispositivos de segurança do trator,
estando sujeita a quedas, esmagamentos e atropelamentos.
5 - Falta de proteção das partes móveis do trator e
do implemento a ele conectado: a falta de proteção permite
que as pessoas tenham acesso partes móveis
inadvertidamente ou por imprudência. Os casos mais comuns
referem-se ao eixo da tomada de potência, ao eixo cardã a ele
ligado, roscas transportadoras e sistemas de transmissão por
correias e polias (tratores de rabiça, bombas d’água,
trituradores).
6 - Engate do implemento: os implementos de arrasto
devem apenas ser engatados ao trator pela barra de tração. O
uso do ponto de acoplamento superior (terceiro ponto) para
esse fim altera a estabilidade longitudinal do trator,
favorecendo o capotamento traseiro. Adicionalmente, o
desconhecimento dos procedimentos corretos (seguros) para
se acoplar o implemento ao trator dá margem a ocorrência de
acidentes como cortes, esmagamentos e quedas.

4.5 PREVENÇÃO DOS PRINCIPAIS TIPOS DE ACIDENTES COM


TRATORES

Considerando-se conjuntamente os trabalhos de


Debiase (2002) e Reis & Machado (2010), os principais tipos
de acidentes envolvendo tratores agrícolas no estado do Rio
Grande do Sul, não importando a sua gravidade, são:
capotamentos; perda do controle em subidas/descidas ou
estradas; quedas com o trator em movimento; choque contra
obstáculos; contato com a TDP; ferimentos durante o
87
acoplamento do implemento. Para estes, serão apresentados
os principais cuidados que deverão ser observados pelos
agricultores para evitar o acidente ou reduzir a sua gravidade.
Ao final deste item também serão abordados alguns
aspectos relativos à operação segura de tratores de rabiças.
3 Capotamento, há dois tipos: o lateral, que ocorre
quando o trator tomba para um dos lados, e o longitudinal,
quando o trator tomba para trás em torno do seu eixo traseiro.
Em ambos os casos, constituem-se nos mais graves
acidentes que podem ocorrer com o trator. A gravidade e a
letalidade deste tipo de acidente talvez se devam à rapidez
com que ele acontece. Em apenas 1,5 s após o início de um
capotamento longitudinal, o trator já está tombado, sendo que
o operador tem apenas 0,75 s para evitar o acidente (pisar na
embreagem, por exemplo). Após esse tempo, o trator irá
tombar não importando mais o que o operador faça (FIG. 33).
Posição de
não retorno

1,5 segundo
3/4 de segundo

FIGURA 33 – Sequência e tempo de capotamento longitudinal


de um trator (fonte: Alonço, 2005)

No evento de um capotamento, as reais chances de


sobrevivência do operador estão vinculadas à presença de
uma estrutura de proteção contra o capotamento (EPCC) e ao
uso concomitante do cinto de segurança. A EPCC constitui-se
de uma estrutura metálica ligada diretamente ao chassi do
88
trator formando um ou dois arcos de proteção que delimitam
uma região de proteção em torno do operador que, mesmo no
evento de um capotamento, são capazes de suportar os
carregamentos estáticos e dinâmicos gerados pelo acidente
(FIG. 34).

FIGURA 34 – Estrutura de proteção contra capotamento do tipo


arco simples

A presença da EPCC, por si só, não garante a


proteção do operador em caso de capotamento. Para que isso
ocorra, é absolutamente necessário que o operador
permaneça no interior da zona de proteção durante o
acidente, o que somente será garantido se ele estiver usando
o cinto de segurança, pois a violência do acidente, na maioria
dos casos, acaba por arremessar o operador para fora da
zona de proteção, expondo-o aos mesmos riscos da operação
de um trator sem EPCC. Por outro lado, a utilização de cinto
de segurança em tratores sem EPCC não é aconselhada
(ainda que as leis de trânsito assim o determinem), pois o
cinto impede que o operador pule do trator (talvez a sua única
chance de sobrevivência) para escapar do esmagamento
iminente.
Cabe salientar que nem todas as cabines de tratores
oferecem proteção contra o capotamento. Portanto, é
89
necessário que se verifique se a cabine tem certificação de
proteção contra o capotamento.
Para evitar capotamentos deve-se observar o seguinte:
• Sempre solte a embreagem lentamente para evitar
o levantamento das rodas dianteiras, o que pode
resultar no capotamento do trator ou na quebra da
ponta de eixo dianteira.
• Não conduzir ou manobrar o trator muito perto de
valetas (FIG. 35). A distância mínima que as rodas do
trator podem se aproximar de uma valeta nunca deve
ser menor que a profundidade desta mesma valeta.
• Tenha muito cuidado ao fazer curvas,
especialmente com implementos suspensos ou
reboques, pois o centro de gravidade do trator é alto,
tornando-o muito instável.
• Trafegar sempre em baixa velocidade tanto em
estradas como no campo, especialmente em terrenos
irregulares, inclinados ou em curvas.
• Rebocar ou tracionar cargas acopladas apenas pela
barra de tração (FIG. 36).
• Não conduzir o trator em encostas muito inclinadas
(FIG. 37).
• Não subir rampas muito íngremes (FIG. 38)
• Utilize marcha à ré para sair de valas profundas ou
atoleiros para evitar o capotamento.
• Não fazer curvas muito rápido, especialmente com
carregadores frontais.
90

Xm

Xm

FIGURA 35 – Risco de capotamento pela operação muito


próxima a valetas

FIGURA 36– Risco de capotamento pela tração de cargas pelo


acoplamento do terceiro ponto
91

FIGURA 37 – Risco de capotamento lateral pela operação em


encostas muito inclinadas

FIGURA 38 – Risco de capotamento ao tentar subir em rampas


muito íngremes.
92
3 Perda do controle em subidas/descidas ou
estradas, a perda do controle do trator dá-se pela
impossibilidade momentânea de se comandar a direção de
deslocamento e/ou a velocidade adequada para a situação.
Não podendo mais controlar o trator, o operador torna-se um
“passageiro”, sujeito às conseqüências de um acidente
iminente e certo. Os principais cuidados que devem ser
tomados para se evitar a perda de controle sobre o trator são:
• Conhecer a posição das marchas do trator que você
irá usar, pois numa emergência não há tempo para
consultar os adesivos indicativos.
• Manter os pedais de freio unidos por trava, pois o
uso de apenas um dos pedais em operações de
transporte pode alterar perigosamente a trajetória do
conjunto trator-implemento ou causar o tombamento
lateral do trator mesmo em terreno plano.
• Ao trafegar em descidas, use a mesma marcha que
seria usada para subir. Jamais desça em ponto-
morto.
• Não exceda 32 km/h no reboque de cargas.
• Não exceda 16 km/h no reboque de cargas com
peso igual ou maior que o do trator.
• Não rebocar cargas com peso superior ao dobro do
peso do trator.
• Apague o farol traseiro ao trafegar à noite em
estradas.
• Certifique-se que os dispositivos de aviso se
encontram em boas condições (refletores, piscas,
faróis).
Além desses cuidados, deve-se ter em mente que um
dos fatores de risco associado aos acidentes com tratores em
estradas é a sua baixa velocidade relativamente aos demais
veículos. Automóveis e caminhões trafegam em velocidades
até três vezes superiores a maior velocidade atingida pelo
trator, de forma que pode se tornar impossível para estes
parar a tempo de evitar uma colisão, mesmo trafegando no
mesmo sentido da via.
93
3 Quedas com o trator em movimento, neste item
incluem-se igualmente as quedas de implementos durante a
operação (semeadoras-adubadoras e reboques
principalmente). As quedas, geralmente, vêm seguidas de um
atropelamento, pois a vítima cai ao alcance das rodas do
trator ou da máquina que este está tracionando. Não obstante,
esses eventos podem acontecer de forma independente,
porém com conseqüências igualmente graves. A própria
queda do operador do trator ou da pessoa que,
imprudentemente, vai de carona, pode causar ferimentos
consideráveis, devidos tanto à altura da queda quanto à
velocidade do trator. Da mesma forma, os atropelamentos
podem ocorrer independentemente da queda de uma pessoa
do trator. Os atropelamentos acontecem principalmente
quando pessoas (em especial crianças) estão fora do campo
visual do operador, tanto em condições normais de operação
quanto em manobras ou durante o acoplamento de
implementos.
Para evitar acidentes observe o seguinte:
• Não permita a presença de pessoas próximas ao
trator durante o trabalho.
• Não transporte pessoas sentadas no pára-lama do
trator, em pé sobre a proteção principal da TDP ou em
pé sobre os braços inferiores de levante hidráulico.
• Assegure-se de que não há pessoas próximas no
momento de ligar o trator ou pô-lo em movimento.
• Não permita a presença de crianças (as menores de
5 anos são atraídas pelo barulho do trator) nos locais
de trabalho.
• Não burle os sistemas de proteção de partida (FIG.
39).
94

FIGURA 39 – Pictograma mostrando o atropelamento do


operador durante tentativa de ligar o trator fora do banco.

Quando o operador tenta burlar os dispositivos de


segurança existentes para que a partida do motor somente
seja possível quando ele está sentado no banco do trator -
câmbio em neutro e pedal da embreagem pressionado;
através do acionamento direto do motor de arranque por
dispositivos improvisados, pode ocasionar atropelamento se
uma marcha estiver engatada.
3 Choque contra obstáculos, os obstáculos contra
os quais o trator pode se chocar localizam-se tanto no campo,
escondidos pela vegetação (tocos e pedras), quanto em
estradas ou caminhos (árvores, postes ou outros veículos). A
colisão pode ocorrer pelo desconhecimento da existência do
obstáculo, o que é muito comum em operações de limpeza de
campo (roçado) ou por descontrole do trator (excesso de
velocidade ou acionamento de freio direcional em uma roda),
que leva à colisão contra um obstáculo visível. No primeiro
caso, é de fundamental importância o reconhecimento da
lavoura a pé e a demarcação com balizas (ex.: bambu) dos
obstáculos como tocos, pedras, valetas, buracos, canais,
cupinzeiros, colméias etc.
Para o tráfego do trator em estradas vicinais deve-se
ter em mente que o trator é um veículo lento quando
comparado com automóveis e caminhões. Assim, o grande
diferencial de velocidade é uma causa importante de
acidentes envolvendo tratores e outros veículos. A fim de
95
minimizar os riscos, o trator deve estar devidamente
sinalizado com sinaleiras, refletores traseiros na sinaleira,
faróis frontais acesos (à noite) e placa indicadora de veículo
lento (FIG. 40) instalada no trator ou no reboque quando for o
caso. No caso de deslocamento do trator ao longo de rodovias
asfaltadas, recomenda-se o emprego de veículos batedores
sinalizando a existência do trator.

Placa
indicadora

FIGURA 40 – Placa indicadora de veículo lento instalada na


parte traseira do trator (fonte Harshman et al., 2004).

3 Contato com a TDP, o perigo de contato com o eixo


da TDP está relacionado com o elevado tempo de resposta do
ser humano em comparação com a rotação envolvida. O
tempo de resposta pode ser definido como o tempo que uma
pessoa leva para perceber e reagir a um evento ou a uma
emergência e situa-se ao redor de 0,75s. Então com uma
rotação de 540rpm na TDP, se o operador for “pego”, o
eixo já terá dado mais de 6 voltas com a sua roupa,
cadarço do calçado ou mesmo membro, antes que ele
perceba.
Para reduzir as possibilidades de ocorrência de
acidentes deve-se manter sempre no lugar a proteção
principal do eixo da TDP (FIG. 28). Outro aspecto de
fundamental importância é o uso da proteção do eixo cardã
96
que leva o movimento da TDP até a máquina que está sendo
acionada. Essa proteção, como se pode ver na FIG. 41, é fixa,
não apresentando movimento giratório, de forma que se
houver contato de alguma parte do operador ou de sua
vestimenta com a proteção não haverá risco de
enroscamento.

B
FIGURA 41 – Eixo carda da TDP (A) e sua proteção externa
(B).

3 Para evitar acidentes:


• Vista-se com segurança para evitar enroscamentos,
evitando roupas com mangas largas ou partes soltas,
cadarços desamarrados, mantas, ponchos.
• Mantenha as proteções da TDP.
• Mantenha a proteção do cardã.
• Desligue a TDP e pare o motor antes de descer do
trator.
97
• Nunca passe ou pule sobre o eixo cardã.
• Sempre use o eixo cardã recomendado para o
implemento. Jamais troque o eixo cardã entre
implementos diferentes.
• Ajuste a barra de tração e o cabeçalho do
implemento de forma a manter o eixo cardã sempre
alinhado, prevenindo tensões no eixo ou na proteção
durante curvas fechadas ou transposição de
obstáculos.
• Verifique, antes de cada utilização, se a capa
protetora do eixo cardã não está presa ao eixo. Se isso
ocorrer, o problema deve ser solucionado antes de se
começar a tarefa.
3 Ferimentos durante o acoplamento do
implemento, embora os acidentes que ocorrem durante o
acoplamento ou descoplamento de implementos possam ser
fatais ou graves, os mais comuns são acidentes leves, ferindo
as mãos (cortes e esmagamentos) como relatam Reis &
Machado (2010). A maioria deles poderia ser evitado se os
agricultores conhecessem e aplicassem os procedimentos
corretos para essa tarefa. Por essa razão são apresentados a
seguir os procedimentos seguros para o acoplamento de
implementos pela barra de tração e pelo engate de três
pontos. Ainda que possa parecer uma metodologia
complicada e trabalhosa, é perfeitamente factível, conforme
podem atestar os próprios autores por experiência própria.
Para implementos de arrasto (aqueles acoplados pela
barra de tração) deve se adotar o seguinte procedimento
seguro para acoplamento:
1. Manobre o trator para alinhar o furo da barra de
tração ao furo do cabeçalho do implemento (FIG. 42a).
2. Desligue o motor, engate uma marcha e acione o
freio de estacionamento.
3. Acople o implemento com o pino adequado e o pino
trava (FIG. 432b).
4. Remova ou levante o pé de sustentação (caso
exista).
98
5. Acople o eixo da TDP e as mangueiras hidráulicas
(caso existam).

A B
FIGURA 42 – Alinhamento da barra de tração ao cabeçalho do
implemento (A), pino trava (B). (fonte Harshman et al., 2004).

No caso de implementos montados (acoplados através


do engate de três pontos), recomenda-se o seguinte
procedimento para o acoplamento seguro de implementos em
tratores pequenos e médios (categorias de engate I e II):
1. Manobre o trator para alinhar os furos dos braços
inferiores aos furos de engate do implemento.
2. Movimente o hidráulico para acertar a altura do
braço esquerdo (braço fixo).
3. Desligue o motor, engate uma marcha e acione o
freio de estacionamento.
4. Engate primeiro o pino no furo do braço inferior
esquerdo e ponha o pino trava.
5. Engate o ponto de engate superior e ponha o pino
trava.
6. Por último engate o braço inferior direito ajustando a
altura do furo através da manivela e ponha o pino trava.
Cabe reafirmar que a seqüência inteira após o terceiro
passo é feita com o motor desligado. Caso seja necessário
99
movimentar o trator para melhorar o alinhamento com o
implemento, este deve ser novamente imobilizado e
desligado antes que o operador desça para terminar o
acoplamento.
3 Tratores de rabiças, um aspecto que merece
atenção e que pode ser fonte de acidentes é a forma de
operação desse trator. Os comandos para por o trator em
movimento, frear, parar, trocar marchas e mudar a direção de
deslocamento guardam pouca semelhança com aqueles dos
automóveis e mesmo dos tratores de quatro rodas. Assim,
mesmo um operador capacitado na operação de tratores
convencionais necessita passar por um treinamento
específico para operar esse tipo de máquina. Esta
recomendação torna-se imperiosa quando se trata de
agricultores que estão fazendo a transição da mecanização
com tração animal, pois deverão aprender também a controlar
potências até seis vezes maiores que as das produzidas pelos
animais. Nesse contexto, maior potência significa maior força
e maior rapidez: duas características que ao mesmo tempo
em que aumentam a freqüência dos acidentes podem agravar
as suas conseqüências.
Logo, parte da operação segura desse tipo de trator
passa pelo conhecimento e completo domínio dos seus
comandos e funcionalidades.
Os principais cuidados que devem ser observados
durante a operação desses tratores são destacados a seguir:

• Antes de por o microtrator em funcionamento, leia


atentamente o manual de operação.
• Desengate todas as embreagens e mude o câmbio
para a posição neutra antes de dar a partida no motor.
• Segure firmemente a manivela para dar a partida.
Não a solte da mão quando o motor pegar.
• Mantenha as mãos, os pés e o vestuário distante
das partes giratórias.
• Use sapatos fechados ou botas.
• Não freie bruscamente, pois há o perigo da parte
100
traseira ser levantada.
• Não transporte cargas com mais de 750kg.
• Nunca permita a presença de outras pessoas
próximas ao microtrator.
• Tome extremo cuidado ao operar em modo reverso,
pois se o operador cair há risco de atropelamento,
além disso, o funcionamento do sistema de direção se
inverte.
• Sempre opere o microtrator com as proteções,
tampas e capas nos seus respectivos lugares.
• Desligue o motor e acione o freio antes de realizar
qualquer ajuste ou manutenção no microtrator ou
implemento.
• Faça curvas com extremo cuidado, tanto em
operações de campo como de transporte, pois à
medida que a curva é feita a rabiça se afasta do
operador, dificultado o controle do trator.
Além dessas recomendações básicas, é bom ter-se
em mente que nos tratores em que o sistema de
direcionamento é feito através de embreagens (a maioria), o
comportamento do sistema se inverte em marcha ré e em
descidas. Isto ocorre porque nas descidas as rodas atuam
como “freio-motor” e quando a embreagem de uma roda é
acionada, o peso do trator faz com que ela aumente a
velocidade de descida, direcionando o trator para o lado
oposto do que se previa. A FIG. 43 ilustra esse efeito.
101

 
Terreno
Plano

Direita Esquerda

 Descida


Direita Esquerd
a

FIGURA 43 – Realização de curvas com trator de rabiças


102
4.6 PRINCIPAIS SÍMBOLOS UTILIZADOS NOS TRATORES
AGRÍCOLAS

Na prevenção de acidentes com máquinas agrícolas é


muito importante saber interpretar os símbolos e alertas de
segurança existentes nos manuais do operador e colados em
adesivos nas próprias máquinas. Os pictogramas, com ou
sem texto complementar, trazem informações sobre o risco de
acidentes, avisos de perigo ou são utilizados como instruções
de operação da máquina.
Símbolos informativos
A comunicação dos aspectos de segurança envolvidos
na operação do trator e demais máquinas agrícolas é feita por
quatro símbolos principais descritos nas figuras 44 a 47.

Símbolo de alerta de segurança -


CUIDADO
Sua presença indica:
Atenção!
Fique alerta!
A sua segurança está envolvida!
FIGURA 44 – Símbolo de alerta de segurança

São apresentados na cor laranja


Indicam os riscos menos graves de
acidentes

FIGURA 45 – Símbolo com a palavra “advertência”.


103

São apresentados na cor vermelha


Indicam os riscos mais graves de
acidentes
Indicam a possibilidade de morte
Apresentam texto explicativo abaixo
do símbolo do perigo em questão

FIGURA 46 – Símbolo com a palavra “perigo”.

CAUTELA
1. Mantenha as
São apresentados na cor amarela
proteções no lugar
2. Coloque em ponto Indicam a necessidade de seguir
morto e desligue o motor
antes de regular ou fazer
instruções de segurança
manutenção

FIGURA 47 – Símbolo com a palavra “cautela”.


3 Aviso de perigo, os símbolos de aviso de perigo
alertam para os possíveis perigos na operação de máquinas,
mostrando as conseqüências em caso de acidentes ou
indicando como os perigos podem ser evitados. No Quadro 1
são mostrados os símbolos referentes aos acidentes mais
comuns com tratores. Outros símbolos, tanto aqueles
regulamentados por organismos normalizadores, quanto
aqueles utilizados pelas empresas podem ser consultados na
página da Internet do Laboratório de Segurança e Ergonomia
da UFSM (http://www.ufsm.br/laserg/basim/index.html).
104
Tabela 3 – Pictogramas de aviso de perigo dos
acidentes mais comuns com tratores.
PICTOGRAMA SIGNIFICADO

Não usar o trator em condições de inclinação


lateral acentuada (condições extremas)

Risco de atropelamento pelo trator.


Este símbolo indica a possibilidade
de ser atropelado pelo trator na
região entre as rodas (esquerda); à
frente ou atrás delas (direita)
Risco de capotamento lateral
Trator sem Estrutura de Proteção contra
Capotamento (EPCC)

Risco de capotamento lateral


Trator com cabine e EPCC

Use o cinto de
segurança!
O cinto de segurança
deve ser usado apenas
em tratores com EPCC.

Não transporte caronas.


Risco de queda com o
trator em movimento

Risco de captura pela tomada de potência (TDP)


106
Símbolos utilizados como instruções de operação
São encontrados geralmente no painel de instrumentos (FIG. 48). Indicam situações de
mal-funcionamento ou informam sobre as funcionalidades das máquinas (Quadro 2).

FIGURA 48 – Painel de instrumentos típico de um trator agrícola de quatro rodas (fonte: John
Deere).
107
106

Tabela 4 – Alguns símbolos utilizados como instruções de operação em tratores.


PICTOGRAM SIGNIFICADO PICTOGRAMA SIGNIFICADO PICTOGRAMA SIGNIFICADO
A
Posição da alavanca Tomada de Rotação de
na qual a tomada de Potência – funcionamento
potência (TDP) será desengatar 540 da TDP
engatada. TDP –
engatar
Temperatura da água Nível de Pressão do óleo
do radiador combustível do motor

Indicador de carga da Tração Tração dianteira


bateria dianteira desligada
ligada

Faróis de trabalho Tartaruga Lebre


marcha lenta marcha rápida
lento rápido
Braço do hidráulico – Braço do Bloqueio do
abaixar hidráulico – diferencial
levantar
Horímetro – horas Rotação do Estrangulament
trabalhadas motor o do motor –
pára o motor
108

Além dos símbolos, as normas preconizam cores


específicas para cada grupo de função. Assim tem-se:

z Parada do motor -(vermelho);

z Delsocamento do trator (rotação do motor;


alavancas da transmissão; freio de estacionamento;
bloqueio do diferencial) – (laranja);

z Engate de potência (engate da TDP) – (amarelo);

z Demais comandos (luzes, sistema hidráulico,


acoplamentos etc.) – (preto).
5. TRATORES DISPONÍVEIS
PARA AGRICULTURA FAMILIAR

A seguir são apresentadas as características principais de


alguns tratores adequados ao sistema de produção agrícola familiar
de acordo com os programas de financiamento do Governo Federal
PRONAF e Mais Alimentos.

As informações aqui apresentadas foram obtidas através


das páginas das empresas na internet e contato direto com os
fabricantes.

Os tratores encontram-se listados por ordem alfabética


de suas marcas e não representam recomendação dos autores.

Tratores de rabiças

Fabricante: Green Horse

Modelo: DF-18
Potência no motor: 18,29cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 7
Capacidade do Carter do motor (L): 3
109

Dimensões dos pneus: NI7


Consumo (L/h): NI
Fabricante: Tramontini
Modelo: GN-12
Potência no motor: 12cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 9,5
Capacidade do Carter do motor (L): NI
Dimensões dos pneus: NI
Consumo (L/h): NI
Modelo: GN-18
Potência no motor: 18cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 14
Capacidade do Carter do motor (L): NI
Dimensões dos pneus: NI
Consumo (L/h): NI
Modelo: TTA-18
Potência no motor: 18cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 14
Capacidade do Carter do motor (L): NI
Dimensões dos pneus: 600 x 12
Consumo (L/h): NI
Modelo: CET-18
Potência no motor: 18cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 14
Capacidade do Carter do motor (L): NI
Dimensões dos pneus: 600 x 12
Consumo (L/h): NI

Fabricante: Yanmar
Modelo: TC-12
Potência no motor: 12cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): NI

7
NI = não informado
Capacidade do Carter do motor (L): NI
Dimensões dos pneus: NI
Consumo (L/h): NI
Modelo: TC-14
Potência no motor: 14cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): NI
Capacidade do Carter do motor (L): NI
Dimensões dos pneus: NI

Tratores de quatro rodas

Fabricante: Agrale
Modelo: 4100
Potência no motor: 15cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 19,6
Capacidade do Carter do motor (L): 2,5
Capacidade da transmissão (L): 12
Capacidade do hidráulico (L): 8
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 4.00-15
Traseiros: NI
Consumo (L/h): NI
Modelo: 4100.4
Potência no motor: 15cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 19,6
Capacidade do Carter do motor (L): 2,5
Capacidade da transmissão (L): 12
Capacidade do hidráulico (L): 8
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 6.5/80x12
Traseiros: 8.3/8x24
Consumo (L/h): NI
Modelo: 4118.4
Potência no motor: 18cv
111

Capacidade do Tanque de combustível(L): 19,6


Capacidade do Carter do motor (L): 3
Capacidade da transmissão (L): 12
Capacidade do hidráulico (L): 8
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 6.5/80x12
Traseiros: 8.3/8x24
Consumo (L/h): NI
Modelo: 4230
Potência no motor: 305cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 39
Capacidade do Carter do motor (L): 6
Capacidade da transmissão (L): 27
Capacidade do hidráulico (L): 17
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 6.0x16
Traseiros: 12.4x24
Consumo (L/h): NI
Modelo: 4230.4
Potência no motor: 30cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 39
Capacidade do Carter do motor (L): 6
Capacidade da transmissão (L): 27
Capacidade do hidráulico (L): 17
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 7.5L/15R1
Traseiros: 9.5/24
Consumo (L/h): NI

Fabricante: Farmer

Modelo: 2540
Potência no motor: 25cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): NI
Capacidade do Carter do motor (L): NI
Capacidade da transmissão (L): NI
Capacidade do hidráulico (L): NI
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 6.00-14
Traseiros: 9.5x-24
Consumo (L/h): 2,3 a 5,5
Modelo: 5040
Potência no motor: 50cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): NI
Capacidade do Carter do motor (L): NI
Capacidade da transmissão (L): NI
Capacidade do hidráulico (L): NI
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 8.00-28
Traseiros: 12.4-28
Consumo (L/h): 3,4 a 3,8

Fabricante: Green Horse

Modelo: 204
Potência no motor: 20cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 18
Capacidade do Carter do motor (L): 4,5
Capacidade da transmissão (L): 14
Capacidade do hidráulico (L): 9
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: NI
Traseiros: NI
Consumo (L/h): NI
Modelo: 254
Potência no motor: 25cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 18
Capacidade do Carter do motor (L): 5,5
Capacidade da transmissão (L): 14
Capacidade do hidráulico (L): 9
113

Dimensões dos pneus:


Dianteiros: NI
Traseiros: NI
Consumo (L/h): NI
Modelo: 354
Potência no motor: 35cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 30
Capacidade do Carter do motor (L): 6,5
Capacidade da transmissão (L): 18,5
Capacidade do hidráulico (L): 9
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: NI
Traseiros: NI
Consumo (L/h): NI
Modelo: 454
Potência no motor: 45cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 35
Capacidade do Carter do motor (L): 8
Capacidade da transmissão (L): 31
Capacidade do hidráulico (L): 12
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: NI
Traseiros: NI
Consumo (L/h): NI

Fabricante: John Deere

Modelo: 5303
Potência no motor: 57cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 68
Capacidade do Carter do motor (L): 8,5
Capacidade da transmissão (L): 38
Capacidade do hidráulico (L): 38
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 9.5-24-8PR-R1
Traseiros: 14.9-28-8PR-R1
Consumo (L/h): 3 a 4
Modelo: 5403
Potência no motor: 65cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 68
Capacidade do Carter do motor (L): 8,5
Capacidade da transmissão (L): 38
Capacidade do hidráulico (L): 38
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 9.5-24-8PR-R1
Traseiros: 14.9-28-8PR-R1
Consumo (L/h): 3 a 4
Modelo: 5603
Potência no motor: 75cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 68
Capacidade do Carter do motor (L): 12
Capacidade da transmissão (L): 40
Capacidade do hidráulico (L): 40
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 12.4-24R1 ou 14.9-24R2
Traseiros: 18.4-30R1 ou 23.1-26R2
Consumo (L/h): 5

Fabricante: Massey Ferguson

Modelo: MF 250 XE
Potência no motor: 50cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 57
Capacidade do Carter do motor (L): 8,5
Capacidade da transmissão (L): 38
Capacidade do hidráulico (L): 38
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 8.00-18R1
Traseiros: 14.9-24R1
Consumo (L/h): NI
115

Modelo: MF 265
Potência no motor: 65cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 75
Capacidade do Carter do motor (L): 7
Capacidade da transmissão (L): 38
Capacidade do hidráulico (L): 42
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: NI
Traseiros: NI
Consumo (L/h): NI
6
Modelo: MF 275
Potência no motor: 75cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 75
Capacidade do Carter do motor (L): 8
Capacidade da transmissão (L): 38
Capacidade do hidráulico (L): 42
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 8.00-18R1
Traseiros: 14.9-24R1
Consumo (L/h): NI

Fabricante: New Holland


Modelo: TT 3840 - Estreito
Potência no motor: 55cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 62
Capacidade do Carter do motor (L): NI
Capacidade da transmissão (L): NI
Capacidade do hidráulico (L): NI
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 8.00-18R1
Traseiros: 14.9-24R1
Consumo (L/h): 3 a 7
Modelo: TT 3840 - Standard
Potência no motor: 55cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 62
Capacidade do Carter do motor (L): NI
Capacidade da transmissão (L): NI
Capacidade do hidráulico (L): NI
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 9,5-24R1
Traseiros: 16.9-28R1
Consumo (L/h): 3 a 7
Modelo: TT 3880 - Estreito
Potência no motor: 75cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 62
Capacidade do Carter do motor (L): NI
Capacidade da transmissão (L): NI
Capacidade do hidráulico (L): NI
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 8.00-18R1
Traseiros: 14.9-24R1
Consumo (L/h): 3 a 7
Modelo: TL60 Exitus
Potência no motor: 65cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 110
Capacidade do Carter do motor (L): NI
Capacidade da transmissão (L): NI
Capacidade do hidráulico (L): NI
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 12.4-24R1
Traseiros: 18.4-30R1
Consumo (L/h): 3 a 7

Fabricante: Tramontini

Modelo: T 3230 - 4
Potência no motor: 32cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 25
Capacidade do Carter do motor (L): 5,5
Capacidade da transmissão (L): 25
117

Capacidade do hidráulico (L): 25


Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 6.00-12
Traseiros: 9.5-24
Consumo (L/h): NI
Modelo: T 5045 - 4
Potência no motor: 50cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 28
Capacidade do Carter do motor (L): 6,5
Capacidade da transmissão (L): 28
Capacidade do hidráulico (L): 28
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 7.5-16
Traseiros: 12.4-24
Consumo (L/h): NI

Fabricante: Valtra

Modelo: A 750
Potência no motor: 75cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 79
Capacidade do Carter do motor (L): NI
Capacidade da transmissão (L): NI
Capacidade do hidráulico (L): NI
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 7.50-18F2 ou 12.4-24R1 (4x2 e TDA)
Traseiros: 18.4-30R1
Consumo (L/h): NI
Modelo: A 685 Compacto
Potência no motor: 66cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 90
Capacidade do Carter do motor (L): NI
Capacidade da transmissão (L): NI
Capacidade do hidráulico (L): NI
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 7.50-16F2 ou 9.5-24R1 (4x2 e TDA)
Traseiros: 14.9-28R1
Consumo (L/h): NI
Modelo: A 585 Compacto
Potência no motor: 50cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 57
Capacidade do Carter do motor (L): NI
Capacidade da transmissão (L): NI
Capacidade do hidráulico (L): NI
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 6.0-16F2 ou 8.5-18R1 (4x2 e TDA)
Traseiros: 14.9-24R1
Consumo (L/h): NI
Modelo: A 785 Compacto
Potência no motor: 80cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 90
Capacidade do Carter do motor (L): NI
Capacidade da transmissão (L): NI
Capacidade do hidráulico (L): NI
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 7.5-16F2 ou 12.4-24R1 (4x2 e TDA)
Traseiros: 18.4-30R1
Consumo (L/h): NI
Modelo: BL 75
Potência no motor: 75cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 112
Capacidade do Carter do motor (L): NI
Capacidade da transmissão (L): NI
Capacidade do hidráulico (L): NI
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 7.5-16F2 ou 8.0-18R1 (4x2 e TDA)
Traseiros: 14.9-28R1 ou 14.9-24R1 (4x2 e TDA)
Consumo (L/h): NI

Modelo: BL 65
119

Potência no motor: 65cv


Capacidade do Tanque de combustível(L): 112
Capacidade do Carter do motor (L): NI
Capacidade da transmissão (L): NI
Capacidade do hidráulico (L): NI
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 6.0-16F2 ou 8.0-18R1 (4x2 e TDA)
Traseiros: 12.4-28R1 ou 14.9-24R1 (4x2 e TDA)
Consumo (L/h): NI

Fabricante: Yanmar
Modelo: 1030 H (Cafeeiro 4x2; Fruteiro 4x2; Standard
4x2 e Standard TDA)
Potência no motor: 26,5cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 29
Capacidade do Carter do motor (L): 4
Capacidade da transmissão (L): 25
Capacidade do hidráulico (L): 25
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 4.00-15 (4x2 e TDA)
Traseiros: 9,5-24 (4x2 e TDA)
Consumo (L/h): NI
Modelo: 1030 D (Cafeeiro; Fruteiro e Parreira todos
TDA)
Potência no motor: 26,5cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 29
Capacidade do Carter do motor (L): 4
Capacidade da transmissão (L): 25
Capacidade do hidráulico (L): 25
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 6.00-14
Traseiros: 9,5-24
Consumo (L/h): NI
Modelo: 1050 DT (Popular 4x2 e completo TDA)
Potência no motor: 50cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 46
Capacidade do Carter do motor (L): 6
Capacidade da transmissão (L): 25
Capacidade do hidráulico (L): 25
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 7.00-18 (4x2 e TDA)
Traseiros: 14.9-24 (4x2 e TDA)
Consumo (L/h): NI
Modelo: 1055 DT
Potência no motor: 55cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): NI
Capacidade do Carter do motor (L): NI
Capacidade da transmissão (L): NI
Capacidade do hidráulico (L): NI
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 7.00-18 (4x2 e TDA)
Traseiros: 14.9-24 (4x2 e TDA)
Consumo (L/h): NI
Modelo: 1145-4 (completo, parreira e cultivo)
Potência no motor: 39cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 28
Capacidade do Carter do motor (L): 4,5
Capacidade da transmissão (L): 25,4
Capacidade do hidráulico (L): NI
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 6.0-14 (comp. e par.) e 7.00-18 (cultivo)
Traseiros: 9.5-24 (completo e parreira) e 12.4-28-cult.
Consumo (L/h): NI
Modelo: 1155-4 (standard, cafeeiro, super-estreito,
completo, parreira, fruteiro e cultivo)
Potência no motor: 55cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 44,5
Capacidade do Carter do motor (L): 5,3
Capacidade da transmissão (L): 25,4
Capacidade do hidráulico (L): NI
121

Dimensões dos pneus:


Dianteiros: 7.0-18 e 8,3-24 (cultivo)
Traseiros: 14.9-24; 9,5-24 (parreira) e 12.4-38-cultivo
Consumo (L/h): NI
Modelo: 1175-4 (completo e compacto)
Potência no motor: 75cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): 67
Capacidade do Carter do motor (L): 9
Capacidade da transmissão (L): 40
Capacidade do hidráulico (L): NI
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 8.0-18
Traseiros: 12.4-28 ou 14.9-24
Consumo (L/h): NI
Modelo: 2060 XT (completo e cultivo)
Potência no motor: 55cv
Capacidade do Tanque de combustível(L): NI
Capacidade do Carter do motor (L): NI
Capacidade da transmissão (L): NI
Capacidade do hidráulico (L): NI
Dimensões dos pneus:
Dianteiros: 8.3-24
Traseiros: 14.9-26 (completo) e 12.4-38 (cultivo)
Consumo (L/h): NI
6. REFÊRENCIAS
BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, São


Paulo. NBR-9740; colhedora autopropelida de grãos -
determinação das características técnicas e de desempenho.
São Paulo, 1987. 14p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, São
Paulo. NBR 8566; engate de três pontos de tratores agrícolas
com rodas - dimensões. São Paulo, 1984. 8p.
ALONÇO, A. dos S. Noções de segurança e operação de
tratores. In: REIS, A.V. dos, MACHADO, A.L.T., TILLMANN,
C.A. da C., et al. Motores, tratores, combustíveis e
lubrificantes. 2. ed. Pelotas : Universitária, 2005. Cap.4, p.239-
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