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INTRODUÇÃO
A aula desta semana pretende abordar um dos temais de maior destaque na sociedade hoje, que é
a Ideologia de Gênero. Veremos o que pretende essa ideologia relativista, quais são suas bases filosóficas,
quais as suas consequências para a família e a sociedade, e como fazer oposição, à luz da Bíblia sagrada, a
esta sórdida tentativa de estabelecer uma nova revolução antropológica e sexual em nossos dias.
I. IDEOLOGIA DE GÊNERO
Bases ideológicas
A Ideologia de Gênero remete historicamente ao marxismo do século 19 e mais especialmente ao
movimento feminista de meados do século 20, mas que bebe em muitas fontes modernas e pós-modernas
como o naturalismo (com ênfase na evolução das espécies), ao laicismo (com sua pretensa negação da
influência religiosa em ambientes de poder público), ao freudismo (os postulados teóricos do psicanalista
Sigmund Freud), ao ateísmo (a negação da existência de Deus) e principalmente o relativismo filosófico e
moral, para o qual não há valores morais absolutos. A partir de 1949, com a publicação da obra “O
Segundo Sexo”, da autora francesa Simone de Beauvior, a ideologia de gênero, aliada ao feminismo,
ganhou fôlego no mundo (especialmente entre acadêmicos e artistas).
Quase um século antes, porém, Friedrich Engels, baseado no teórico do socialismo Karl Marx, já havia
tentado explicar a gênese da realidade familiar por um meio de um viés de liberdade sexual desraigada e
casamento dissolúvel, conforme sua obra “A Origem da Família, a propriedade privada e o Estado”.
Segundo Douglas Baptista, a intenção do marxismo era “desconstruir o sistema patriarcal e promover a
liberdade sexual. Por isso, afirma-se que a ideologia de gênero é desdobramento do marxismo que
também pretende eliminar o modelo familiar monogâmico, patriarcal e heterossexual” (1). Portanto, a
Ideologia de Gênero é só mais um dos muitos labores da agenda esquerdista/socialista, que pretende
remover os valores judaico-cristãos tradicionais e impor novos conceitos de vida, sexualidade, casamento,
família, sociedade e Estado, promovendo assim a frouxidão moral, a revolução sexual e a supressão do
conservadorismo.
O que defende?
A principal tese defendida e proclamada pela Ideologia de Gênero é: sexo é uma coisa e gênero é outra
coisa; e é o gênero, não o sexo (órgãos genitais e constituição física), que define os papéis sociais e a
identidade social de cada pessoa. Enquanto a biologia nos ensina que existem dois gêneros ou sexos
definidos em nossa anatomia (masculino e feminino / menino e menina / homem e mulher), a Ideologia
de Gênero recusa a genética como fator determinante para definição da identidade social e sexual.
Ideólogos do gênero, numa tentativa de estabelecer uma nova abordagem antropológica, entendem que a
criança nasce “neutra” em seu gênero e em sua sexualidade (a despeito de seu corpo ser masculino ou
feminino), não podendo ser chamada de “menino” ou “menina”, já que ser isto ou aquilo será uma decisão
dela quando alcançar consciência de si mesma. Para estes ideólogos, a distinção de gênero em apenas
dois, masculino e feminino / homem e mulher, não passa de uma determinação ou opressão social
(novamente, remetendo aos postulados de Marx contra a sociedade patriarcal), e que há outras
dezenas, senão centenas de gêneros e orientações sexuais com as quais a pessoa pode se identificar.
Sexo ou gênero?
A palavra gênero sofreu um golpe semântico por parte dos ideólogos do gênero, que são também
assassinos da família tradicional! Como diz o pedagogo Felipe Nery, “esta palavra [gênero] foi raptada”
(2), e novos sentidos estão sendo atribuídas a ela desde o último século. Adeptos da Ideologia de Gênero
insistem em que somos ignorantes e preconceituosos sobre a distinção entre sexo e gênero. Todavia, esta
distinção nem é científica, nem é aceita tradicionalmente no senso comum. Por que os gritos dos ideólogos
do gênero deveriam suplantar as vozes dos cientistas da Biologia, da Genética, da Neurologia e também
das famílias tradicionais?
Neste sentido, pais e mães devem redobrar a atenção para o que seus filhos estão aprendendo nas escolas.
Dar uma olhada nos livros didáticos, conferir as atividades que os filhos levam para casa, participar das
reuniões de pais e de planejamento escolar; estas são atribuições que os pais não podem mais negligenciar
nem terceirizar! Afinal, já dizia o pedagogo e filósofo Mário Sério Cortella: a função de educar é
prioritariamente da família; a escola deve escolarizar e somente secundariamente auxiliar as famílias na
educação dos filhos (3), mas nunca abusando de suas atribuições para reverter uma legítima educação
moral que a criança tem recebido em casa. Ensinar valores morais e religiosos – como nos garante a nossa
Constituição – é dever dos pais! “Instrui a criança no caminho que deve andar”, ordena a Palavra de Deus
aos pais (Pv 22.6). Escolas que pretendem fazer lavagem cerebral nas crianças, desfazendo a
instrução doméstica no que tange aos valores morais, devem ser advertidas e levadas a juízo, é o que
sugere o Procurador Regional da República Guilherme Schelb.
Agora, parece que a mídia ainda não aprendeu as desgraças que se seguiram às revoluções sexuais de
1960-1970, quando comportamentos estranhos aos padrões da sociedade foram aclamados naqueles “anos
rebeldes”. A sexualidade ilimitada e subversiva acarretou doenças incuráveis e mortes aos milhões
em todo mundo, num curto espaço de tempo. Segundo texto assinado por Bárbara Axt, “Em 25 anos, o
HIV [vírus da AIDS] matou 25 milhões de pessoas e está presente em outros 40 milhões [que estão sob
tratamento médico para controlar a ação do vírus]. [A AIDS] É a segunda doença infecciosa que mais faz
vítimas no mundo, logo atrás da tuberculose”. Segundo esta pesquisadora, em virtude da proliferação
deste vírus mortal, “a revolução sexual dos anos 60 e 70 pisou no freio e deu lugar à era do ‘sexo seguro’,
com a redução do número de parceiros e com o uso de preservativos” (4). Perceba: é indubitável que a
falta de freio nos costumes sociais e nos comportamentos sexuais desembocará para uma verdadeira
desordem biológica, social, familiar, etc. O homem precisa de limites e moderação, precisa de ordem e
regras para conviver socialmente e garantir a perpetuação da espécie. Nesta moderação necessária
certamente não há espaço para a tal infinidade de gênero ou de comportamento sexual pretendida pela
Ideologia de Gênero! Não a toa o fruto do Espírito também é “temperança” ou “domínio próprio” (Gl
5.22) ou “autocontrole” como o Dicionário Vine diz ser preferível; palavra que no grego é egkrateia, que
segundo a Concordância Strong significa alguém “que se domina, se controla, modera, restringe”, ou seja é
o auto controle de alguém que domina seus desejos e paixões, especialmente seus apetites sexuais.
Ideologia de Gênero, como diz o Procurador Regional da República, Dr. Guilherme Schelb, “É uma
armadilha. Eles usam um pretexto nobre, a defesa das minorias, o ensino de direitos humanos. Mas o que
eles estão fazendo na verdade é erotização das crianças” (5). Perceba que muitas denúncias pelo país
afora já foram feitas aos poderes públicos devido abusos de professores ou de livros didáticos distribuídos
com a chancela do Ministério da Educação, com conteúdo sexual explícito e impróprio para crianças, sob
o pretexto de ensinar respeito à diversidade de gêneros.
– Confusão de identidade
Você sabia que a ideologia de gênero não admite apenas dois gêneros, mas uma infinidade deles, inclusive
um incalculável número de combinações entre os gêneros para dar origem a outros gêneros? Só a título de
exemplo: aqueles que se identificam com o gênero igual ao seu sexo – ou seja, o que é natural – são
chamados de cisgêneros (homem-cis/mulher-cis); aqueles com gênero oposto ao seu sexo são
os transgêneros (homem-trans/mulher-trans); existem aqueles que são gêneros-fluidos, ou seja, que
mudam de gênero de tempos em tempos (um ano se identifica como homem, noutro ano como mulher,
noutro ano não sabe o que é, e assim por diante); existem os andróginos, que mesclam os dois gêneros (se
sentem um pouco homem, um pouco mulher ou um pouco de outra coisa e outro pouco de outra coisa); e
existe até “gênero-estrela”, que nunca pode ser definido adequadamente, podendo estar relacionado a
outros mundos e até à alienígenas! Enfim! A ideologia de gênero longe de remover discriminações,
somente aumenta a lista de discriminação e de aberrações, fazendo o ser humano descer ao nível do
ridículo (6). Ideologia de Gênero é uma das mais fortes evidências pós-modernas da depravação total a que
a humanidade sem Cristo está submetida! O homem não tem limites para sua perversão e para sua rebelião
contra Deus, “toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente” (Gn 6.5).
Como diz o pastor Abraão de Almeida, o homem desceu a um nível tão baixo que se comporta pior que os
animais!
– Violência sexual
Consegue imaginar a violência sexual a que serão submetidas crianças e mulheres, devido esta teoria do
gênero? Afinal, quem proibirá um homem, com corpo e aparência de homem, de entrar num banheiro
feminino de uma escolha ou shopping cheio de mulheres, pelo fato de ele dizer que “mentalmente se sente
uma mulher”? Será pretexto para muitos pedófilos e estupradores agirem mais do que já agem hoje, sob o
pretexto da famigerada ideologia de gênero.
Os ideólogos do gênero pretendem afirmar que há uma diferença entre identidade de gênero e orientação
sexual. Ou seja, a identidade é aquilo que a pessoa se reconhece a despeito de sua constituição física;
orientação é aquela preferência sexual que também independe da constituição física. Assim, a pessoa pode
ser uma mulher em sua constituição física/natureza, mas identificar-se como do gênero masculino, exigir
um nome social masculino, receber tratamento hormonal masculino e passar a ser tratado socialmente e
legalmente transgênero, que é alguém cuja identidade de gênero é oposta à sua constituição biológica
natural. Agora suponhamos que esta mesma pessoa tenha uma orientação heterossexual ou bissexual, e
venha a engravidar (já que sua constituição física é feminina). Como ela deveria ser chamada? De mãe ou
de pai? Um pai grávido? Um homem grávido? Se você – com razão! – acha isso um absurdo, então leia
esta história de um suposto caso de um “pai grávido”:
Este é o mundo em que vivemos: uma mulher toma hormônios para se parecer masculina, assume uma
identidade social masculina, mas deseja a maternidade que é própria da mulher/mãe. Consegue mensurar o
trauma desta criança ao descobrir que sua mãe é na verdade um “pai” ou, como preferem os ideólogos do
gênero, um “cuidador”? E que fez cirurgia de mastectomia, ficando impedida de alimentar a criança em
seu próprio seio? E que “mamãe” tem barba e pelos em todo corpo? Isto é ideologia de gênero! E as coisas
pioram quando você descobre que entre as muitas identidades de gênero existe uma tal identidade “gênero-
fluido”, de que já falei acima, que é alguém cujo gênero muda de tempos em tempos. Ou seja: é possível
que uma criança nasça num lar onde ela tem mãe e pai conforme o tradicional; mas se seus pais
forem persuadidos pela ideologia do gênero, é muito possível e “normal” que quando esta criança
tiver três anos veja seus pais se identificarem como transgêneros, invertendo os papéis familiares
além de uma mudança de constituição física, especialmente se ambos começarem a tomar
hormônios e se submeterem a cirurgias para troca de sexo. Consegue imaginar a confusão na
cabeça desta criança ao ver tal desavença dentro de casa? Isto é ideologia de gênero!
“A Igreja é a ‘luz do mundo’, que afasta a ignorância moral, e o ‘sal da terra’, que preserva da corrupção
moral. A Igreja deve ensinar os homens a viver bem e a se preparar para a morte. Deve proclamar o
plano de Deus para regulamentar todas as esferas e atividades da vida. Ela deve levantar sua voz de
admoestação contra as tendências para a corrupção da sociedade. Em todos os pontos de perigo, deve
colocar uma luz para assinalá-los” (8)
III. O IDEAL DIVINO QUANTO AOS
SEXOS
Como ficou claro na primeira Lição deste trimestre, nosso principal e maior fundamento da Ética Cristã é a
Bíblia sagrada, a inerrante Palavra de Deus, que é nossa regra de fé e prática. Então vejamos o que a Bíblia
diz sobre sexo ou gênero (ressaltando que ambas palavras têm a mesma conotação em nossa linguagem
comum, quando nos referimos à identidade da pessoa humana e sua sexualidade), destacando desde já que
em absolutamente nenhum dos 31.173 versículos da Bíblia, ela reconhece a existência de outros sexos ou
gêneros além de “macho e fêmea”, “homem e mulher”. Supostos cristãos seguidores da tal “teologia
inclusiva”, que inclui em seu bojo a ideologia de gênero como legítima, nada têm a ver com o Cristo da
Bíblia, nem com a Bíblia que fala de Cristo! São apóstatas, não cristãos, ainda que reivindiquem para si
este título.
1. Padrão estabelecido no princípio: “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou;
homem e mulher os criou” (Gn 1.27). Cremos no soberano Criador, e descremos do naturalismo que
municia a Ideologia de Gênero. As espécies não evoluíram, nem o homem está em evolução. As
identidades de gênero na Bíblia sagrada ainda continuam as mesmas e únicas: HOMEM e MULHER,
conforme foram criados pelo Deus que tem o suprassumo da sabedoria!
2. Padrão ratificado por Jesus: “Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os
fez no princípio macho e fêmea os fez, e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua
mulher, e serão dois numa só carne?” (Mt 19.4,5). Observe que Jesus está retomando como verdade
história a criação do primeiro casal, e está colocando esta relação matrimonial como paradigma de
casamento e família. Três paradigmas podemos extrair destas palavras de Jesus, que são a fonte de verdade
absoluta para nós:
4. O corpo é santuário de Deus: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os
vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede
conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.1,2). O corpo foi feito para
ser santuário de Deus, não para perversão e imoralidades! Não importa se ativistas gays, políticos
alinhados à ideologia de esquerda e celebridades da TV, da música e das artes estão reclamando aderência
da sociedade à Ideologia de Gênero, não devemos nós, enquanto cristãos responsáveis por brilhar como
astros no meio desta geração corrompida e depravada (Fp 2.15), nos conformar a este mundo. Façamos
antes oposição contundente ao mesmo tempo em que proclamamos os bons valores do Evangelho. Uma
das propriedades do sal é conservar o alimento contra a degradação. Pois bem, sejamos
conservadores neste mundo libertino!
CONCLUSÃO
Concluo este subsídio com as pertinentes colocações sobre moralidade encontradas no Comentário Bíblico
Beacon. Reflitamos:
“Para pessoas sensatas, a falta de firmeza moral que avassala o nosso mundo é para nos deixar
preocupados. A história revela que esta situação é o precursor certo de uma civilização em colapso. O
sinal mais sério é quando educadores defendem o amor livre e a retirada de limites e inibições morais.
O passo final é a aceitação disso pelos líderes religiosos e já há indícios dessa atitude! A resposta cristã
para nossos dias não é diferente da resposta nos tempos de Paulo; não é um legalismo morto, mas uma
disciplina dinâmica pelo Espírito” (9).