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Clusters:
onde os empreendedores se encontram e inovam
O empreendedor de alto impacto Tony Hsieh é conhe- Do próprio bolso colocou US$ 50 milhões, para ser
cido: ele tornou-se o CEO do bem-sucedido e-commerce capital semente, e conseguiu mais US$ 300 milhões
de calçados Zappos.com um ano depois de sua fundação com outros investidores para a infraestrutura de apoio,
e lhe imprimiu seu diferencial inovador. O negócio foi incluindo serviços de educação e saúde. E quer fazer
adquirido pela Amazon em 2009 por US$ 928 milhões, tudo acontecer em cinco anos, contados a partir do
mas Hsieh continua a comandá-lo, gerando receita anual anúncio, no final de 2011.
superior a US$ 2 bilhões. Hoje, uma pessoa física como Hsieh, uma empresa,
O que nem todos sabem, no entanto, é o que Hsieh um governo podem criar um cluster de inovação. Mui-
vem fazendo em Las Vegas, célebre cluster de hotéis e tos, especialmente governos, tentam fazê-lo. Todos são
cassinos situado no deserto de Nevada, costa oeste dos movidos pela mesma ambição de estimular negócios de
EUA. Ele resolveu transformar uma área abandonada da crescimento rápido e geradores de bons empregos.
cidade em um cluster de 100 a 200 startups inovadoras Porém fatores de sucesso e receitas variam de um lugar
de empreendedores apaixonados e felizes, o Downtown para outro, enquanto os desafios se multiplicam. É o que
Project, caracterizado pelo espírito de coworking. este Dossiê tem para contar.
A febre mundial
dos clusters
de inovação
Cada vez mais governos querem ter empreendimentos de alto impacto, por serem
os geradores dos melhores empregos, e escolhem um de dois caminhos:
o cluster local, ao modo do Vale do Silício, ou a estratégia nacional, como Israel.
Esta reportagem reúne as boas práticas internacionais
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N
Nos anos 1970, o Vale do Silício,
região que abrange San Francis-
co e cidades ao sul, na costa oes-
te dos Estados Unidos, e a Route
128, estrada próxima a Boston,
na costa leste, eram vistos como
clusters de inovação em pé de
igualdade. Ambos mostravam
tição e cooperação, como pre-
gou o especialista em estratégia
Michael Porter ao ressaltar ao
mundo a importância dos clus-
ters para a competitividade?
Essa é a “pergunta de 100 bi-
lhões de dólares” –já que esse é
o lucro registrado em 2013 pe-
clusters, como é o caso das tec-
nologias que envolvem água,
com dois clusters em Ohio –
Cincinatti e Cleveland– e um
na Pensilvânia –Pittsburgh.
Em outros países, os esforços
são igualmente respeitáveis.
Na Rússia, foi fundado em
invejável capacidade de inovar las principais empresas do Vale 2010 o cluster Skolkovo, no en-
em tecnologia eletrônica. do Silício, como as 150 do índi- torno de Moscou, com investi-
Na década seguinte, seus des- ce de ações SV 150. O mundo mentos em uma universidade,
tinos foram opostos. Enquanto inteiro está tentando replicar o projetada pelo Massachusetts
o Vale do Silício deu à luz uma fenômeno neste século 21, por Institute of Technology (MIT),
nova geração de empresas de estar provado que startups ino- uma fundação e um parque
semicondutores e computação, vadoras crescem rápido e ge- tecnológico; na França, o clus-
como a Sun Microsystems, e ram bons empregos. E a febre ter Paris-Saclay começou a ser
companhias como a Intel e a não tem previsão de baixar. erguido em 2013 com a fusão
Hewlett-Packard vivenciaram Só o governo dos Estados de seis escolas de engenharia.
dinâmico crescimento, a região Unidos tem investido em mais Em Singapura, a Biopolis
da Route 128 sofreu um declí- de 40 clusters regionais no país, converteu-se de 2003 para cá
nio que se mostrou irreversível. em setores como energia, agri- em um dos mais importantes
Por que um ecossistema de cultura e tecnologias avançadas clusters de biotecnologia do
empresas decolou e o outro não, de defesa. Um único desafio de mundo, com cerca de 5 mil
Nik Neves
se nos dois casos havia compe- inovação chega a ganhar vários cientistas ali.
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Vista do Vale
do Silício
cluster é fundamental
Membro do conselho de inovação do presiden-
te norte-americano, Barack Obama, Curtis Carl-
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“A startup precisa
son é definitivo quanto à necessidade do cluster
para inovar em escala. “Não existe outra opção.
É preciso que os empreendedores e inovadores
trabalhem juntos em um mesmo lugar”, disse o
CEO do SRI International, um dos mais impor-
tantes centros de inovação do mundo.
dos cuidados
Falando com exclusividade a HSM Manage-
ment em sua passagem recente pelo Brasil, ele
acrescentou que a quantidade de líderes –de go-
de um bebê” Curtis Carlson, SRI International
verno e comunitários– que estão planejando um
sistema de inovação é “inacreditável”. “Hoje, toda
cidade dos Estados Unidos tem um plano para au- to, focado nas áreas de saúde, da da mesma forma que uma
mentar a capacidade de inovar.” energia e educação. “O MaRS empresa adulta”, diz Carlson.
Vale observar que Carlson prefere utilizar a ex- foi constituído como uma or- Para o economista Scott
pressão “sistema de inovação” a “cluster” e que ganização sem fins lucrativos e Wallsten, do Technology Policy
reconhece o planejamento, validando tanto o mo- elaborou um plano há mais de Institute, especializado em ino-
delo californiano como o de Israel. dez anos, que está sendo consis- vação, os governos usam duas
tentemente implementado, sem estratégias principais para esti-
espontâneo ou planejado descontinuidade”, conta ele. mular o empreendedorismo:
Sobre o planejamento, as opiniões se dividem
no mundo inteiro, e a academia brasileira não papel do governo • Criação de fundos públi-
é exceção. Renato Garcia, professor do Institu- O planejador não precisa cos de venture capital, por
to de Economia da Universidade Estadual de ser o governo; pode ser um meio do subsídio direto pa-
Campinas (Unicamp), acredita que clusters co- centro de inovação, uma uni- ra startups.
mo o Vale do Silício continuam a ser uma das versidade, um investidor, uma • Construção de parques tec-
estratégias mais eficientes para impulsionar o entidade de empreendedores nológicos para atrair em-
empreendedorismo e a inovação em setores de etc. Mas o papel do governo presas de alta tecnologia.
alto impacto. é financiar? Na França, por
Garcia, que se situa ele mesmo dentro de um exemplo, o governo tem finan- Curtis Carlson, CEO do SRI, um dos
cluster inovador, em Campinas (SP), oferece uma ciado os empreendedores ban- maiores laboratórios de inovação do
explicação: “A proximidade geográfica entre as cando até 70% de seu último mundo, sediado no Vale do Silício
empresas e entre estas e institutos de pesquisa e salário durante dois anos.
universidades estimula a colaboração, por meio Para Carlson, não é papel do
das interações frequentes e dos contatos pessoais, governo emprestar dinheiro, e
o que facilita o aprendizado”. sim criar o sistema de inovação,
Já Carlos Arruda, especialista em estratégia e providenciando a reunião dos
inovação e coordenador, no Brasil, do Global elementos básicos [veja quadro na
Competitiveness Report, ligado ao Fórum Eco- próxima página].
nômico Mundial, e dos estudos World Compe- E também cabe ao gover-
titiveness Yearbook, do IMD, crê que isso não no educar as pessoas desde
basta; é necessária uma estratégia nacional, de crianças –sem educação, elas
longo prazo, e de implementação sustentável. não participarão desse siste-
“A formação de redes pressupõe a construção ma–, investir em pesquisa nas
de uma agenda de futuro”, justifica. universidades e tratar melhor
Arruda apresenta como argumento pró-estraté- as empresas nascentes. “Uma
divulgação
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Para Curtis Carlson, CEO do SRI maior que seja o mercado doméstico, e fundos VC muitas vezes engessa a gestão
International, os cinco elementos básicos pensar em inovação para o mundo.” das empresas. “Essas instituições exigem
de qualquer sistema de inovação Falando como investidor, Pedro participar do comitê de investimento,
são: talento empreendedor, pesquisa, Melzer concorda que o hábito de lançar mas não têm condição técnica para isso,
universidade, incubadora/aceleradora produtos globais é chave, e falta ao Brasil. pois os modelos de negócio não óbvios,
e venture capital. E a eles se soma um “Há dois lados nisso: o produto global inovadores, exigem preparo específico.”
sexto elemento, que é a visão global. dá uma dimensão maior de mercado O especialista em estratégia e
Na análise de Carlson, o Brasil está para a empresa e esse produto terá de inovação Carlos Arruda chama a
carente de dois desses recursos: o concorrer mundialmente também, com atenção ainda para a fragilidade do
venture capital e a visão global. “Dá produtos de outras empresas, o que o elemento “universidade”, apontando a
tempo de o Brasil virar esse jogo levará a ser melhor.” falta de incentivo para que esta inove.
empreendedor, mas, de um lado, o No que se refere a VC, Melzer “Se um professor desenvolve uma
governo brasileiro deveria incentivar entende que a participação do governo, pesquisa que gera uma licença, ele
o venture capital em vez de investir seja por meio do Banco Nacional de ganha 20% de direitos autorais no Brasil,
ele mesmo e, de outro, as empresas Desenvolvimento Econômico e Social enquanto em Israel a participação é de
precisam deixar de focar só o Brasil, por (BNDES) ou da agência Finep, em 50% e em Oxford pode chegar a 100%.”
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em Boulder tão sempre dentro de casa. Me-
lhor seria, por exemplo, que as
O investidor Brad Feld empresas de biotecnologia es-
criou em Boulder, Colorado, panholas buscassem inspiração
a tese de que há quatro em suas antecessoras que já ob-
elementos-chave para
tiveram bons resultados”.
comunidades de startups de
impacto: empreendedores
como líderes, visão de longo o brasil e o digital
prazo, inclusão de pessoas O ecossistema de inovação do
dois para mulheres–, eles retornam à vida civil com diversas e eventos Brasil é imaturo principalmente
experiência na solução de problemas e capacidade de engajamento na relação empreendedor-inves-
de decisão obtidas nos campos de batalha. tidor, como avalia Pedro Melzer,
Olhando de longe, o brasileiro Daniel Cunha, biotecnologia), Irlanda e Dubai, sócio do fundo VC e-Bricks Early
sócio do fundo de venture capital (VC) Initial entre outros que tentam replicá- Stage: “Nos Estados Unidos, os
Capital, que investe no Brasil e em Israel, lem- -lo. O programa Startup Chile, empreendedores já sabem esco-
bra que o tamanho pequeno obrigou o Silicon que desde 2010 oferece capital lher seu investidor; aqui o proces-
Wadi a ter visão global e diz que o empreende- para inovadores estrangeiros, so começa distorcido, com um
dor do país consegue, como o da Califórnia, não segue o modelo israelense de es- empreendedor despreparado e
se preocupar em gerar receita rápido e ter como tratégia de maneira ousada. um investidor não profissional”.
Bruna Mishihata / Ligia GBrosch
foco fazer um produto sensacional. “Seu ecos- O professor da Wharton Alguns especulam que o Bra-
sistema tem liquidez suficiente para apoiar essa School Stephen Sammut, tam- sil amadurecerá em uma nova
estratégia e os respectivos riscos.” bém sócio de um fundo de VC, onda de clusters, os virtuais,
Ainda que tenha particularidades culturais e po- discorda de qualquer tentativa que trocarão a proximidade
líticas, o modelo israelense está servindo de parâ- de emular Israel ou o Vale. Ele geográfica pela internet. Ou-
metro para Espanha (e seus empreendedores de diz: “Os melhores modelos es- tros duvidam disso.
Cambridge
Consultants, A universidade
na Inglaterra,
empresa que Nos anos 1960, a Cambridge movimentando as principais empresas
planejou o
maior cluster University, na Inglaterra, fundou a empresa do cluster. A universidade também atua
europeu Cambridge Consultants para “colocar os por meio da Cambridge Enterprise, que
cérebros da universidade à disposição presta consultoria aos empreendedores,
da indústria”; em 1970, estabeleceu- além de licenciar e patentear suas
se o Cambridge Science Park e, hoje, invenções e descobertas.
Cambridge é o maior cluster de inovação A Cambridge University é um dos seis
da Europa. elementos-chave do cluster típico, segundo
Há 1,5 mil empresas sediadas no Curtis Carlson, e, qualquer que seja o
cluster, empregando 54 mil pessoas modelo, ele sempre tem universidade, seja
e com receita anual de € 12 bilhões, em Pequim (China), em Bangalore (Índia),
mas a Cambridge University continua em Adelaide (Austrália) ou em Nova York
fundamental: é o maior provedor de (EUA). Esta, por exemplo, tem quatro:
tecnologia, fonte de conhecimentos e Columbia, Princeton,Yale e Cornell.Trata-
qualificadora de mão de obra da região, se de um ponto onde um cluster pode
com seus professores, ex-alunos e ideias facilmente tropeçar.
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A reportagem é de
Sandra Regina da Silva,
colaboradora de HSM Management.
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Qual é o mapa
da mina brasileiro?
Das cerca de 90 iniciativas existentes, em torno de 12 são realmente dedicadas
à inovação. Mas o ecossistema dos clusters do País cresce, diversifica a atuação
em relação a TI e aprende a lidar com as próprias características
98% de
o
inovação
O Brasil tem muitos problemas para resol- Segundo pesquisa realizada
ver, logo o Brasil é um mercado comprador em 2011, a inovação está
para clusters de inovação. presente na esmagadora
Essa é uma lógica tão irrefutável quanto maioria das empresas que
“penso, logo existo”, uma vez que, onde há têm sido incubadas
um problema para resolver, há uma opor-
tunidade para empreender e inovar. nanciadoras de pesquisa e ino-
A pergunta é: em que medida a oferta vação do Brasil.
está à altura da demanda? No entanto, só uma dúzia
A oferta não para de crescer e hoje já há de clusters brasileiros justifica
cerca de 90 iniciativas de clusters no Brasil, esse nome. “Entre nossos ‘par-
conforme a Associação Nacional de Enti- ques tecnológicos’, como os
dades Promotoras de Empreendimentos chamamos, poucos são clus-
Inovadores, a Anprotec, um número signi- ters; a maioria é ocupada por
ficativo, se todos inovarem de fato. empresas que usam tecnologia
“Em um cluster, as empresas juntam-se avançada, mas não inovam”,
para enfrentar e resolver problemas, por explica Rezende.
meio de pesquisa e desenvolvimento e de E quanto aos clusters verda-
inovação”, confirma Sérgio Rezende, um deiros? São competitivos em
dos maiores especialistas no assunto, ex- inovação? Em uma análise cri-
-ministro da Ciência, Tecnologia e Inova- teriosa, veem-se neles motivos
ção (2005-2010), que também comandou tanto de otimismo como de pes-
nik neves
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Start-up Brasil,
estratégia à la Israel?
Mercado saúda iniciativa, mas tem
sugestões a fazer
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CONCENTRAÇÃO NO SUL E SUDESTE sas (70, ex-startups locais) no ma de incubadoras e acelerado-
Entre os clusters inovadores do Brasil desta- ParqTec Alfa, com 13 prédios. ras, que apoiam startups com
cam-se os do Centro-Sul do País. Os de São Jo- José Eduardo Fiates, que foi capital e conhecimento. Uma
sé dos Campos e São Carlos, em São Paulo, e o superintendente da Fundação das mais novas é a aceleradora
de Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais, são Certi por nove anos, conta que Baita, que já está entre as 12 cer-
extremamente dinâmicos, por exemplo, mas o fa- o Celta continua incubando em- tificadas do programa Start-Up
moso cluster da Ilha do Fundão, no Rio de Janei- presas –40, atualmente– e que Brasil; foi constituída formal-
ro, não entra na lista, por ter mais fabricantes do estas têm exemplos inspiradores mente este ano dentro do cam-
que inovadores. para seguir, como a Softplan, de pus da Unicamp. “A localização
Uma exceção à regra, no Nordeste, é o cluster sistemas integrados de gestão, é chave, porque nenhuma acele-
de Campina Grande, na Paraíba, que remonta que em 2013 faturou em torno radora faz o ecossistema prospe-
à década de 1970. “Empresas de base tecnoló- de R$ 200 milhões e agora ocu- rar se não houver interação en-
gica foram sendo criadas por professores da fa- pa dois prédios do ParqTec Alfa. tre todos os atores”, diz seu sócio
culdade de engenharia da Universidade Federal Oswaldo Fernandes.
da Paraíba, por conta das inovações que tinham Ecossistema empreen- Entre os elos menos óbvios
feito, e houve o impulso de um diretor progres- dedor de Campinas (SP). está o Unicamp Ventures, re-
sista, Linaldo Cavalcante”, relata Rezende, em O cluster ligado às universidades de de 255 empresas criadas
uma história que lembra a de outro dos clusters Unicamp e PUC, que remonta por ex-alunos dentro da Uni-
mais fortes do País, o do Recife, escolhido como a 1991, é conhecido. Há o pó- camp, donas de um faturamen-
estudo de caso deste Dossiê. lo de alta tecnologia da Ciatec, to anual superior a R$ 1 bilhão
Um terceiro cluster promissor do Nordeste é o parque científico da Unicamp, e empregadoras de mais de 10
o Parque Tecnológico da Bahia, em Salvador, im- mais de 220 empresas com 10 mil pessoas. “Essas empresas se
plantado em 2012 pelo governo estadual, que ain- mil colaboradores. A agência uniram há oito anos, com apoio
da não tem densidade de cluster, mas vem evoluin- Inova, criada pela Unicamp em da Agência Inova, para retri-
do, perto de centros de pesquisa e universidades. 2003, já é líder de patentes entre buir a ajuda que tiveram, im-
Os segmentos preferidos dos clusters brasileiros as universidades brasileiras. Mas pulsionando o ecossistema local
são tecnologia da informação e da comunicação, poucos conhecem os elos meno- para criar e fomentar mais em-
energia e tecnologia limpa, economia criativa e res do ecossistema, que formam presas”, explica Rosana Jamal,
ciências da vida. A seguir, HSM Management o círculo virtuoso de inovação. presidente do Unicamp Ventu-
mapeia os diferenciais de quatro, mais privados: Por exemplo, o ecossistema res e também sócia da Baita.
campineiro conta com uma ga- Por sua vez, o Unicamp Ven-
Certi, Florianópolis (SC). O desenvolvi- tures tem subprodutos, que são
mento de empresas inovadoras na capital cata- Gustavo Caetano, fundador e CEO outros elos do ecossistema. Um
da Samba Tech e porta-voz informal
rinense foi iniciado em 1984, com a criação da do cluster San Pedro Valley é o Inova Ventures Participa-
Fundação Certi pela Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC). Até hoje, esse é um dos
casos mais admirados no Brasil e, se começou
com o empurrão do poder público, ganhou rela-
tiva independência.
A fundação teve origem na prática de pesquisa
e desenvolvimento da UFSC, em atividades de
seu laboratório do Departamento de Engenha-
ria Mecânica, e, em dois anos, montou a incuba-
dora Celta, que formou mais de cem empresas,
muitas de hardware. O cluster se concentrou por
quase dez anos em um prédio alugado perto da
universidade, até que estruturou suas 75 empre-
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ções, criado há três anos, que reúne 48 empreen- vapucrs, que inclui a Agência San Pedro Valley, Be-
dedores que se tornam investidores das startups de Gestão e Empreendimentos lo Horizonte (MG). Três
–já são quatro as empresas beneficiadas por isso. e seu respectivo Programa de anos atrás, um cluster surgiu
Ou como o Conselho de Startups, que oferece Aceleração de Empreendimen- espontaneamente em BH, no
mentoria a 22 empresas locais. Ou ainda como o tos, que, de acordo com Prik- bairro de São Pedro. Suas raí-
Desafio Unicamp, programa que apresenta pa- ladnicki, identifica empresas zes remontam a 2005, quando
tentes a estudantes para que explorem as possi- com potencial de acesso a ven- o Google comprou a Akwan,
bilidades de negócio. ture capital e busca alavancar startup fundada por professo-
A Liga Empreendedora, criada pelos estudantes, o negócio, com consultoria (de res da Universidade Federal
é mais um ator não óbvio do cluster. Ela veio esti- mercado e de gestão), entre ou- de Minas Gerais para desen-
mular o empreendedorismo entre os alunos de gra- tros serviços de apoio. volver sistemas de busca, e a
duação, que, assim, saem da universidade prontos O Tecnopuc mantém acor- transformou em seu centro
para tomar a iniciativa –muitos dos formados, em do com a prefeitura para pro- de inovação na América La-
vez de procurar emprego, montam empresa. jetos específicos e atua em si- tina. Várias startups inovado-
O cluster de Campinas tem até elos externos e nergia com os outros três par- ras foram atraídas por isso, até
complementares, como a Associação Campinas ques da Grande Porto Alegre. ultrapassando as fronteiras do
Startup (ACS), com 30 a 40 startups que partici-
pam das atividades de coworking.
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s
bairro, e os empreendedores
Os elementos e a reputação resolveram organizar-se infor-
malmente, como explica um
a virada passa pelo capital e pelo risco de seus idealizadores, o em-
preendedor Gustavo Caetano.
Entre os seis elementos-chave de um Fundador e CEO da ino-
sistema de inovação [veja quadro na página 36], vadora Samba Tech, que tra-
empreendedores e investidores reconhecem balha com soluções de vídeo
nossa vulnerabilidade em três: venture capital online corporativas há sete José Eduardo Fiates, diretor
do Sapiens Parque, novo
(VC), visão global e universidade. Mas, para virar anos e expandiu-se na Amé- cluster de Florianópolis
o jogo, acham que o VC é o primeiro ponto rica Latina há dois, Caetano
a atacar, e é preciso reduzir sua percepção de conta que o que eles criaram Parque, em implantação, que
risco, que o faz instável e focado no curto prazo. foi uma “cultura de ajuda mú- é o segundo de Florianópolis,
A reputação de não inovar do Brasil contribui tua”. “Vimos que era melhor patrocinado pelo governo es-
para essa percepção e tem origem na principal nos unirmos, para promover tadual, mas gerido pela Fun-
métrica internacional da inovação: a patente. Em a região e atrair investidores dação Certi. Ele vem se orga-
2012, o Brasil tinha 41.453 patentes válidas, ante e talentos para trabalhar nas nizando como “um cluster de
2,2 milhões dos Estados Unidos, e, segundo a startups, do que tentar fazer clusters”; ergueu 30 prédios e
Organização Mundial de Propriedade Intelectual, isso individualmente”, diz ele. atrai inovadores oferecendo
registrou 365 patentes internacionalmente, Deu certo, e tão rapidamente condições de competitivida-
enquanto os EUA encaminharam 121.026. que, no ano passado, a revista de como incubadora, acelera-
No Brasil, patente não serve de indicador, The Economist publicou uma ma- dora, laboratório de pesquisa
porque a maior parte de nossa inovação é de téria sobre a efervescência local e desenvolvimento por áreas
software, tratado pela lei como direito autoral e o governo mineiro criou o pro- etc. A visão é de longo prazo.
não patenteável e fácil de emular sem plagiar, o grama de aceleração Startups “Em 2020, queremos ter ge-
que desencoraja o esforço do registro, como and Entrepreneurship Ecosys- rado 30 mil postos de traba-
explica o advogado Luís Felipe Luz. Mesmo tem Development (Seed). lho”, diz José Eduardo Fiates.
quando a patente faz sentido, muitos não a O Seed beneficia 40 star- A segunda boa notícia é
perseguem, ou por não poderem esperar tups por ano, com capital que, por faltar capital de ris-
para lançar o produto e faturar –a concessão semente entre R$ 68 mil e co, há mais espaço para que
demora (até 14 anos)–, ou pelo receio de R$ 80 mil e seis meses de ca- as empresas estabelecidas se
abrir informações. Falta educar o mercado nas pacitação e apoio. tornem parceiras de inovação
métricas de inovação usadas aqui, como taxa de Hoje, o San Pedro Valley tem das startups do Brasil; o Sa-
crescimento de venda de produtos inovadores, cerca de 150 startups, de acordo piens Parque, por exemplo, já
números de P&D e expansão internacional. com Caetano, de setores como atraiu a Petrobras.
A percepção de risco é acentuada pelo educação, saúde, TI/telecom A esperança também é de
fato de o Brasil responsabilizar legalmente o (principalmente com foco em que parques não muito inova-
investidor por dívidas trabalhistas, tributárias e mobile) e mídia/entretenimen- dores hoje, como o da Ilha do
consumeristas de uma empresa, o que ameaça to. E os empreendedores estran- Fundão, no Rio de Janeiro, re-
até seu patrimônio pessoal. Isso desequilibra, de geiros, atraídos propositalmente posicionem-se; no caso do Rio,
saída, a relação risco-recompensa na decisão pelo Seed, estão chegando. o pré-sal pode ser o indutor.
de investir no Brasil e, ao mínimo recuo da Por fim, o fato de que vários
recompensa potencial, o investidor se vai. Em futurO clusters estão se preocupando
2013, os fundos VC somaram US$ 2,3 bilhões Há duas boas notícias. A com a formação em empreen-
aqui, quase um quarto do valor de 2011. Menor primeira é que clusters es- dedorismo e gestão, como o de
o VC, menor o grau de inovação de ruptura, tão em expansão no Brasil. São Carlos, dá alento aos oti-
mais produtos B2B e menor a visibilidade. Exemplo disso é o Sapiens mistas da inovação.
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Cada vez mais governos querem ter empreendimentos de alto impacto, por serem
os geradores dos melhores empregos, e escolhem um de dois caminhos:
o cluster local, ao modo do Vale do Silício, ou a estratégia nacional, como Israel.
Esta reportagem reúne as boas práticas internacionais
A reportagem é de
Adriana Salles Gomes,
editora-chefe de HSM Management, que
visitou Recife a convite do C.E.S.A.R.
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O Recife Antigo e
os empreendedores
do mangue
Um dos clusters mais inovadores, dinâmicos e independentes do País fica,
surpreendentemente, fora do eixo Rio-São Paulo; o destaque é atribuído
a sua cultura e a um conjunto de princípios revelados nesta reportagem
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divulgação
• Os empreendedores ali impera a calmaria, mas nada
Abaixo, Sérgio Cavalcante, superintendente do C.E.S.A.R; não se apegam a um ne- poderia ser menos verdade.
ao lado, ambiente de trabalho de um dos prédios do centro
de inovação, que tem um “dragão” na entrada –se o visitante
se aproxima, ele, graças à tecnologia, ruge e solta fumaça
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Os colaboradores desse cen- em 2013 (em um faturamento
tro tocam em paralelo 64 pro- de R$ 70 milhões)–, só não o
jetos por ano, com 19 geren- distribui; é tudo reinvestido.
tes, e tendo de adaptar seus Boa parte dos empreendedo-
processos constantemente aos res do Porto Digital surgiu des-
clientes. Tudo isso em ape- ses reinvestimentos, inclusive,
nas uma das três divisões do por meio da incubadora do
C.E.S.A.R, a de engenharia. C.E.S.A.R.
As outras duas, de empreen- Sob um conselho consul-
dedorismo e educação, são tivo (que inclui representantes
igualmente movimentadas. de clientes), a instituição se
Sérgio Cavalcante, supe- organiza em dez áreas, além
rintendente do C.E.S.A.R, das divisões em outros estados.
coordena os 800 colaborado- Há as de apoio, como capital
res com a filosofia de gestão humano e comunicação insti-
caórdica, criada pelo CEO tucional, e as que geram inova-
da Visa International, Dee ção, como as três a seguir.
Hock. Ele confere autonomia
a todos, mas desde que sigam C.E.S.A.R Engenharia. O
equipe aprende”
acionistas contribui bastante pa- Recentemente, desenvolveu
ra a alegria responsável. “Todos a primeira inovação para si
se sentem donos.” mesma, o monitor de irriga-
h.d.mabuse, consultor de design do C.E.S.A.R Organização privada sem ção, em busca de aumentar o
fins lucrativos, o C.E.S.A.R lucro e poder, em médio pra-
tem lucro –foi de R$ 4 milhões zo, financiar inovações mais
ambiciosas.
Para não pôr em risco o foco
em inovação, o C.E.S.A.R se-
parou a Pitang, sua fábrica de
software, do restante. “Era ten-
tador ficar ganhando dinheiro
com a fábrica e deixar de arris-
car e inovar, mas não é o que
queremos”, explica Cavalcante.
O que empurra a inovação
é a área de novos negócios,
bem ativa, a cargo de Eduar-
do Peixoto, com profissionais
em perfil T (generalistas e es-
pecialistas) e a proposta de
também dar consultoria de ne-
gócios. O núcleo de design de
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Brasil para um cenário de varejo bem diferente de uma faculdade voltada para tam aos clientes para testá-lo,
em dez anos é feito com consultoria daqui. empreendedorismo e inovação. em preço e em usabilidade.
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Caranguejos inovadores
O movimento “mangue beat”, nos anos 1990, serviu de catalisador
de uma cultura que busca ser tão única quanto a do Vale do Silício
A origem do cluster do Recife Antigo costuma Com a adesão de vários professores, o centro de
ser associada à capacidade de mobilizar pessoas de inovação C.E.S.A.R nasceu em 1996, como parte do
Silvio Meira, professor e pesquisador de engenharia departamento de informática, e o parque tecnológico
de software da Universidade Federal de Pernambuco, Porto Digital foi criado em 2000. Com seu surgimento,
que fundou o C.E.S.A.R e o Porto Digital. Ele, que ambos revitalizaram a então decadente ilha do Recife
é colunista de HSM Management, teria feito a Antigo, com a reforma de seus edifícios antigos. O
jornada do herói, inspirado por ter nascido a 120 C.E.S.A.R repatriou, inclusive, um dos protagonistas do
quilômetros de onde seria criado o pioneiro cluster Mangue Beat, herr doktor (h.d.) mabuse, que tinha se
de Campina Grande (PB); por formar-se no Instituto refugiado em São Paulo depois da morte do amigo Chico
Tecnológico da Aeronáutica (ITA), no cluster de São Science em um trágico acidente de carro. E ele se tornou
José dos Campos (SP); por conhecer a experiência o chefe de design da instituição.
inglesa na área ao estudar lá; pelo fato de a Procenge, “Sem o Mangue Beat, tudo isso não existiria”, diz
empresa de informática, existir no Recife desde 1984. Meira, que se tornou também empreendedor, investidor
Meira enxerga a raiz do cluster em um movimento e porta-voz da rede. O movimento proporcionou ao
coletivo: o “Mangue Beat”, liderado pelos músicos Chico cluster do Recife, além da fagulha inicial, sua cultura, tão
Science e Fred Zero nos anos 1990. Com a imagem da forte quanto a cultura do Vale do Silício californiano.
antena parabólica enfiada na lama, o movimento buscava, Traços como rebeldia, irreverência e cosmopolitismo,
cultural e metaforicamente, reenergizar e fertilizar o próprios dos empreendedores locais, podem ser vistos,
mangue, revertendo “a depressão crônica que paralisava por exemplo, em mabuse, que se autobatizou como o
os cidadãos”, como sugeria seu manifesto. personagem de um filme policial de 1922 dirigido por
“De repente, surgiu uma cena musical com mais Fritz Lang. A responsável pelo RH do C.E.S.A.R está tão
de cem bandas, vieram programas de rádio, desfiles aculturada que já desconfia dos candidatos “certinhos”.
de moda, videoclipes, filmes, tudo virando a cultura A pintura na entrada de um dos prédios do centro, de
pernambucana de cabeça para baixo”, relembra Meira. um dragão que solta fumaça e ruge para o visitante com
E, em 1994, quando os professores da Universidade ajuda da tecnologia, e um varal de ideias penduradas são
Federal de Pernambuco debatiam como romper o alguns sinais exteriores da energia do cluster, que pode
isolamento da academia, veio o álbum Da Lama ao Caos, ser vista em seus caranguejos todos os dias –exceto,
de Chico Science & Nação Zumbi, que levou milhares talvez, no Carnaval.
de jovens a aprender maracatu e tambor, misturando-os
com guitarras pesadas e som psicodélico.
Foi a fagulha de que Meira precisava. Em 1995, ele
tomava posse como professor titular trocando a
tradicional música de câmara da cerimônia por Da
Lama ao Caos. “A universidade ficou horrorizada, mas
a mensagem era simples: se a meninada estava fazendo
aquela revolução na música, com tremendo impacto no
pensamento e na atitude coletivos, por que a academia
não podia fazer algo similar em relação a educação e
tecnologia?” Era preciso aumentar o parque industrial
local, devia-se conter a evasão de cérebros.
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vos [veja quadro na página 54] e os estados do Rio de Janei-
Investidor com foco dirigida por Fred Vasconcellos,
considera seu maior desafio
ro e do Acre; entrou na arena
das ONGs, quando, em 2013,
nos empreendedores a forma de vender inovação lançou a Plinx com os institu-
Ikewai cultiva pessoas, não negócios
a governos, que ainda não sa- tos Natura e Ayrton Senna e a
bem comprá-la; governos são Fundação Telefônica; e agora
“Nosso maior concorrente por talentos seu principal cliente, no mundo planeja abordar escolas priva-
empreendedores e inovadores é o emprego inteiro. A empresa ficou anima- das e governos estrangeiros,
público.” Essa declaração, do investidor Teco da com os resultados de sua 1ª com EUA e Chile na mira.
Sodré, já dá uma dimensão do desafio de Olimpíada de Jogos Digitais e
investir em startups no Brasil. Mas seu segundo Educação (OJE), em 2010 –a Serttel. Nascida em 1988,
comentário assusta mais: “Os investidores percepção dos professores em oferece soluções para mobili-
estão exaurindo nossa pequena capacidade relação à evolução e ao enga- dade, segurança e comodidade
empreendedora ao utilizar os mesmos métodos jamento dos alunos foi muito em ambientes urbanos e vem
dos EUA, em que eles abraçam três projetos a positiva. E está ampliando seu crescendo tanto que já virou
cada cem apresentados; os outros 97 encruam”. mercado. Conquistou novos um grupo de três empresas. É
Percebendo isso, Sodré e seus sócios clientes governamentais, com famosa no Brasil por seu servi-
fundaram, em 2012, uma firma de investimento ço de bike sharing, e seus mais
diferenciada. Ela olha para o empreendedor, de 2 mil colaboradores estão
e não para o negócio, e se posiciona como
designer de negócios. Seu princípio é selecionar
crescer espalhados por várias capitais.
A internacionalização já
empreendedores e convertê-los em líderes em
100% começou; a Serttel acaba de
até dez anos, “tempo em que talvez fracassem
umas cinco vezes”, como ele diz.
Esse relacionamento investidor-empreendedor
ao ano abrir a primeira unidade fora
do Brasil, em Buenos Aires.
Produz aplicativos diversos,
O ritmo de crescimento
começa com um programa de residência de das startups do Porto Digital para emitir tíquetes de zona
três meses, em que o empreendedor explora é vertiginoso; crescem 50% azul, pagar pedágios eletrô-
os negócios atuais da Ikewai e escolhe fazer uma a 100% em um ano, como nicos e estacionamentos de
imersão remunerada em um deles, podendo tem sido o caso da D’Accord shopping, faz controle de se-
tornar-se sócio; seguem-se três anos de em anos recentes máforos e, neste ano, lançará
experiência em operação e muito estudo.
“Assim, as pessoas mudam seu padrão
mental e podem desenhar modelos de negócio
inovadores. O empreendedor brasileiro tem
uma boa ideia, mas espera gerar receita de
modo óbvio e pouco viável”, explica Sodré.
Quando parte para um novo negócio, o
empreendedor o inicia usando a rede Ikewai:
atua em escritório emprestado, com CNPJ
de parceiro, e só se lança depois de ter
compromissos comerciais fechados. O processo
constrói a fundamental visão de longo prazo e
testa a alma empreendedora. “Muitos desistem
só de ter de ficar seis meses trabalhando Vista aérea da ilha do Recife
em outra cidade.” Uma curiosidade é que Antigo, cujo cluster abriga o
centro de inovação C.E.S.A.R
empreendedores de 30 a 40 anos lidam melhor e o parque tecnológico
com isso que os jovens. Porto Digital
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e/ou em mercado não existente. “Queríamos nosso portfólio de 30%, 30% e 40%, respectivamente, mas é preciso mudar
a mentalidade; a nova versão da Lei de Informática pode mudá-la, se passar a avaliar o impacto gerado pelo uso do incentivo.”
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SODET.biz. Tendo o design thinking como di- diz Américo Amorim, diretor-
ferencial, desenha e executa estratégias digitais de -executivo da D’Accord. DESIGN MANDA
dois a cinco anos para as empresas se relaciona-
rem com seus consumidores e clientes, que po- Ubee. Primeira rede de publi- Um hospital encomendou ao
dem se concretizar na forma de novos produtos cidade mobile baseada em tec- C.E.S.A.R o desenvolvimento de
digitais, canais de relacionamento com o consu- nologias de localização indoor um novo aparelho de radiologia
midor ou mesmo novos negócios. do mundo, teve sua tecnologia portátil e a área de design,
Ela atende segmentos de varejo, beleza e bem- apontada pela Microsoft como como de costume, deu início ao
-estar, financeiro, indústria automobilística e a quarta mais precisa do pla- processo, voltado para o usuário,
educação, mas planeja estender sua atuação na- neta: com um erro na faixa em quatro fases: (1) pesquisa no
cional por meio da conquista de contas diferen- de 2 metros, ela permite saber local de uso –em profundidade
tes. A internacionalização será o passo seguinte, exatamente o ambiente onde o e contextual, com observação;
seja por meio de projetos pioneiros para grandes usuário está e ainda consegue (2) ideação, com brainstorming
multinacionais já clientes da empresa, seja com identificar andares em prédios, e o chamado “placestorming”
parceiros estratégicos de mercado. “Temos de ir diferentemente do GPS. (troca de ideias no local de uso);
ao mundo antes de o mundo vir a nós”, diz Bru- A Ubee, fundada em 2013, (3) protótipo em papel com
no Encarnação, um de seus fundadores. surgiu de um projeto de fa- teste, cujo objetivo é errar o mais
culdade de André Ferraz e já rápido possível; e (4) protótipo
D’Accord. Uma das raras empresas da ilha que conta com 15 colaboradores. digital testado pelos usuários, que
atuam tanto B2B como B2C, tem produtos volta- “Nossa solução foi ao merca- são observados por horas.
dos para a educação que relacionam música e TI, do há apenas dois meses e já Na pesquisa, os designers
como o material didático digital Turma do Som registra mais de 1 bilhão de descobriram que, no aparelho
(livro, animações e jogos), usado por mais de 5 mil impressões de anúncios por existente, a automação era
alunos de diversos estados brasileiros, e a plata- mês; continuaremos focados ineficaz, pelo fato de o painel
forma Livro Educacional Digital (LED), adotada no mercado brasileiro por en- ser complexo demais para os
pelas três maiores editoras do País para produzir quanto”, diz Ferraz. técnicos (20 opções de uso).
e distribuir livros digitais interativos entre compu- O C.E.S.A.R desenvolveu uma
tadores e tablets de alunos e professores. Universidade máquina com dois botões: um
“Aprendemos que a empresa que quer ino- e capital de subir e descer, outro de
var no Brasil tem dois grandes desafios: montar Quanto aos outros dois ele- definir tempo de exposição/
uma ótima equipe de P&D e se estruturar em mentos do sexteto fundamen- intensidade da radiação. E, com
marketing e vendas. Nós conseguimos o pri- tal a um cluster bem-sucedido, os dados, propôs e emplacou
meiro e investimos para melhorar o segundo”, a universidade foi e é bastante um segundo projeto.
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Mergulhe no tema:
• Denis Donaire, João • Ann Markusen. Sticky Places • Spatial Pattern Analysis: • Global innovation heat
Paulo Lara de Siqueira, in Slippery Space: a Typology of Mapping Trends and Clusters. map. The Guardian.
João Maurício Gama Industrial Districts. http://migre.me/jSkk0 http://migre.me/jSlwD
Boaventura, Renato http://migre.me/jSjlO Como mapear Potencial de
Telles e Sergio Baptista Entenda os principais tendências e clusters. inovação dos clusters
Zaccarelli. Clusters e desenhos de clusters, do tipo conforme as patentes:
Redes de Negócios. marshalliano, estrela, satélites • Logistics Clusters. os lagos silenciosos,
Ed. Atlas, 2008. http://migre.me/jSkql as fontes quentes, os
e os conduzidos pelo Estado. Como funcionam
O livro apresenta oceanos dinâmicos e os
os principais conceitos os clusters ligados ao reservatórios que secam.
relacionados com os • Geraldo Luciano Toledo transporte de materiais.
e Cláudia Szafir-Goldstein.
clusters. Nos dez Vantagens Competitivas em • World innovation
capítulos são abordadas Clusters Industriais. clusters. MIT Technology
noções de governança Review.
http://migre.me/jSjom
e auto-organização, http://migre.me/jSlBv
por exemplo. O artigo discute as vantagens
CENÁRIOS E Uma análise de vários
dos clusters industriais, clusters globais e um
mostrando a importância da POWERPOINT
• Michael E. Porter. A interessante infográfico.
Vantagem Competitiva das cooperação entre as empresas.
Nações. Ed. Campus, 1989. • See the Future.
• The Chilean experiment.
Porter é o maior http://migre.me/jSlKJ
• Paulo de Souza Nunes Business Insider.
especialista mundial em Filho. Vantagem Competitiva: PwC sugere as cidades http://migre.me/jSlFy
vantagem competitiva. Precedentes Teóricos da Análise que terão os maiores Um mergulho na
Neste livro, mostra como do Diamante Nacional de Porter. clusters mundiais em 2040. aventura chilena de replicar
fazer toda a economia http://migre.me/jSkdl o Vale do Silício.
de um país se tornar • Experiências Internacionais
Conheça mais sobre o de Clusters de Parques
competitiva, com conselhos sistema em forma de diamante
para o governo e para a Tecnológicos.
proposto por Porter –e http://migre.me/jSlOK
iniciativa privada.
o papel dos clusters. Confira highlights de
quatro especialistas do
evento da Agência Inova.
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