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Atualidades

Muitos candidatos desprezam a importância da disciplina de Atualidades nos Concursos Públicos. Por
achar que estudar atualidades é ficar sabendo quais são os assuntos que mais estão sendo comentados
nos noticiários, muita gente boa perde pontos essenciais na prova do Concurso.

Se você despreza a disciplina de Atualidades está desconsiderando um fato importantíssimo: os assuntos


de Atualidades estão presentes em todas as provas do seu concurso. É a única disciplina que tem
essa característica.

As provas de Concurso Público estão cada vez mais ligadas aos problemas da atualidade, exigindo do
candidato não só saber o que está acontecendo no Brasil e no mundo, mas também se posicionar e propor
soluções viáveis – principalmente em provas com redação.

Não importa se o seu concurso é na área de Direito, Enfermagem, Educação, Bancário etc. Cobrar
conhecimentos atuais tem sido uma das formas mais utilizadas de filtragem da concorrência nos principais
Concursos.

Quando você está estudando para Concurso, economizar tempo é uma prioridade. No caso do estudo de
Atualidades, não dá para imaginar o tempo que você consumiria para saber detalhadamente sobre cada
um dos assuntos que podem cair na prova.

A dica é: procure pessoas que já fizeram isso por você, e vão lhe apresentar cada tema em seus aspectos
essenciais, com um posicionamento definido, facilitando o seu entendimento.

Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes – Issac Newton

Procure colunistas de jornais e revistas, blogueiros e vlogueiros especialistas nos assuntos do seu
interesse. Acompanhá-los garante que você não precise se dedicar a ler dezenas de matérias apenas
informativas sobre um assunto.

Fatos Póliticos

De impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff à crise política no Senado e no STF.

O ano de 2016 foi marcado pela crise política nos poderes Executivo e Legislativo, mas quem esperava
que o Supremo Tribunal Federal (STF) teria papel secundário na vida política do país, já que as atenções
estavam voltadas para o outro lado da Praça dos Três Poderes, se enganou.

No últimos 12 meses, a Suprema Corte brasileira foi chamada a garantir a governabilidade do país, mas
trouxe para dentro do tribunal a instabilidade dos outros Poderes. O STF teve que tomar decisões que
interferiram no cenário político conturbado.

Rito do impeachment

Em março, em uma das primeiras decisões polêmicas do ano, a Corte se reuniu para decidir a validade do
rito do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Por 9 votos a 2, a Corte validou sua
própria decisão que havia definido as regras de tramitação e abriu caminho para a aprovação do processo
na Câmara dos Deputados. Como determina a Constituição, foi o então presidente do Supremo, Ricardo
Lewandowski, quem conduziu a votação final do impeachment.

Lula ministro

Dias depois, uma decisão do ministro Gilmar Mendes aumentou ainda mais a temperatura política em
Brasília. Mendes decidiu suspender a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no cargo de
ministro-chefe da Casa Civil de Dilma.

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O ministro atendeu a um pedido liminar do PPS e do PSDB, em uma das 13 ações que chegaram ao
Supremo questionando a posse de Lula. Na época, em seu despacho, Mendes disse que a nomeação do
ex-presidente para o cargo de ministro teve o objetivo de retirar a competência do juiz Sérgio Moro para
investigá-lo na Operação Lava jato.

Eduardo Cunha tem mandato suspenso

Em maio, o Supremo voltou aos holofotes da imprensa nacional ao referendar a decisão liminar do ministro
Teori Zavascki, que determinou a suspensão do mandato do ex-deputado Eduardo Cunha, réu na Lava
Jato, que viria a ser cassado posteriormente pela Casa. Durante o julgamento, o Supremo entendeu que
Cunha usava o mandato para “promover interesses espúrios”.

Posse de Cármen Lúcia

Em setembro, chegou um dos momentos mais esperados na Corte, a posse da ministra Cármen Lúcia na
presidência da Casa para um mandato de dois anos. Adepta de hábitos simples, como dispensar carro
oficial para ir ao tribunal, a ministra surpreendeu a todos na abertura da sessão de posse. Ela quebrou o
protocolo e começou seu discurso dirigindo-se aos cidadãos brasileiros, a quem chamou de “autoridade
suprema sobre todos nós, servidores públicos”. Logo após assumir, Cármen Lúcia deu novo ritmo ao
plenário do Supremo, que passou a julgar questões pendentes por grupo de processos.

Prisão após segunda instância

Numa das decisões mais aplaudidas pela população e recebida de forma cética por profissionais do direito,
a Corte decidiu autorizar a prisão de condenados criminalmente pela segunda instância da Justiça. A
questão precisou ser julgada duas vezes e somente em outubro veio a decisão definitiva. Por maioria de
votos, o plenário da Corte rejeitou as ações protocoladas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e
pelo Partido Ecológico Nacional (PEN) para que as prisões ocorressem apenas após o fim de todos os
recursos, o trânsito em julgado.

Desaposentação

A Corte também foi palco de decisões impopulares em 2016, a principal delas sobre a proibição da
desaposentação. Em outubro, por 7 votos a 4, os ministros consideraram a desaposentação
inconstitucional por não estar prevista na legislação previdenciária. A decisão surpreendeu quem havia
ganhado na Justiça o direito de revisar o benefício da aposentadoria por ter voltado a contribuir com a
Previdência Social.

Renan Calheiros

No dia 5 dezembro, uma segunda-feira, dia em que o Congresso costuma estar vazio, uma decisão do
ministro Marco Aurélio surpreendeu a capital federal. Atendendo a um pedido do partido Rede
Sustentabilidade, o ministro determinou o afastamento do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-
AL), do cargo. Para a legenda, o senador não poderia continuar no cargo por ter se tornado réu na semana
anterior pelo crime de peculato.

Mais surpreendente do que a decisão do ministro, foi a recusa do presidente do Senado de ser notificado.
Enquanto um oficial de Justiça aguardava, por dois dias, cumprir o mandado de intimação, a Mesa Diretora
enviou documento ao STF para informar que aguardaria uma decisão do planário para ratificar a decisão
de Marco Aurélio.

A solução encontrada para não piorar a crise instalada entre o Supremo e o Legislativo foi derrubar a
decisão liminar do relator e apenas criticar o descumprimento da decisão, sem citar o nome de Renan.

Dez medidas contra a corrupção

Uma semana depois do caso envolvendo o presidente do Senado, quando a crise parecia arrefecida, mais
uma decisão individual abalou o relacionamento entre o Supremo e o Congresso. O ministro Luiz Fux

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suspendeu a tramitação do projeto de lei sobre as “Dez Medidas contra a Corrupção”, texto que teve
tramitação polêmica dentro da Câmara dos Deputados antes de seguir para o Senado. O texto recebeu
críticas por ter sido desconfigurado pelos deputados, que fizeram emendas para estipular que juízes e
procuradores respondam por crime de responsabilidade por suas decisões. Mais uma vez, houve reação
da Câmara dos Deputados. O presidente, Rodrigo Maia, disse que o despacho era interferência nos
trabalhos da Casa.

Odebrecht

Os trabalhos de 2016 terminaram no Supremo, com o recebimento das 77 delações de executivos da


empreiteira Odebrecht na Operação Lava Jato. No dia 19 de dezembro, após a última sessão do ano, o
ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato, concedeu uma rara entrevista aos jornalistas.
Ao comentar o recebimento dos documentos, Zavascki disse que ele e sua equipe vão trabalhar durante o
mês de janeiro para analisar o material e ter condições de homologá-lo até a volta dos trabalhos em
fevereiro.

Fonte: Exame.com

Processo de Impeachment de Dilma Rousseff

O impeachment de Dilma Rousseff consistiu em uma questão processual aberta com vistas ao
impedimento da continuidade do mandato de Dilma Rousseff como presidente da República Federativa do
Brasil.[1] O processo iniciou-se com a aceitação, em 2 de dezembro de 2015, pelo presidente da Câmara
dos Deputados, Eduardo Cunha, de denúncia por crime de responsabilidade oferecida pelo procurador de
justiça aposentado Hélio Bicudo e pelos advogados Miguel Reale Júnior e Janaina Paschoal,[2][3] e se
encerrou no dia 31 de agosto de 2016, resultando na cassação do mandato de Dilma. Assim, Dilma
Rousseff tornou-se a segunda pessoa a exercer o cargo de Presidente da República a
sofrer impeachment no Brasil, sendo Fernando Collor o primeiro em 1992.

As acusações versaram sobre desrespeito à lei orçamentária e à lei de improbidade administrativa por
parte da presidente, além de lançarem suspeitas de envolvimento da mesma em atos
de corrupção na Petrobras, que eram objeto de investigação pela Polícia Federal, no âmbito da Operação
Lava Jato.[4] Havia, no entanto, juristas que contestavam a denúncia dos três advogados, afirmando que as
chamadas "pedaladas fiscais" não caracterizaram improbidade administrativa e que não existia qualquer
prova de envolvimento da presidente em crime doloso que pudesse justificar o impeachment.[5][6][7][8][9]

A partir da aceitação do pedido, formou-se uma comissão especial na Câmara dos Deputados, a fim de
decidir sobre a sua admissibilidade. O roteiro começou com os depoimentos dos autores do pedido e teve
seguimento com a apresentação da defesa de Dilma. Enquanto isso, manifestações de rua a favor e contra
o impedimento ocorriam periodicamente em todo o país.[10][11]

O relatório da comissão foi favorável ao impedimento da presidente Dilma: 38 deputados aprovaram o


relatório e 27 se manifestaram contrários.[12] Em 17 de abril, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou
o relatório com 367 votos favoráveis e 137 contrários. O parecer da Câmara foi imediatamente enviado
ao Senado, que também formou a sua comissão especial de admissibilidade, cujo relatório foi aprovado por
15 votos favoráveis e 5 contrários.[13] Em 12 de maio o Senado aprovou por 55 votos a 22 a abertura do
processo, afastando Dilma da presidência até que o processo fosse concluído. Neste momento, o vice-
presidente Michel Temer assumiu interinamente o cargo de presidente. [14] Em 31 de agosto de 2016, Dilma
Rousseff perdeu o cargo de Presidente da República após três meses de tramitação do processo iniciado
no Senado, que culminou com uma votação em plenário resultando em 61 votos a favor e 20 contra o
impedimento.[15]

A presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer foram reeleitos, no segundo turno da eleição
de 2014, com 51,64% dos votos válidos, sendo esta a eleição presidencial mais acirrada da história do
país.[16] Após ter sido empossada em 1º de janeiro de 2015,[17] Dilma iniciou seu segundo mandato
enfraquecida, graças principalmente à crise econômica e a política, o que a levou a atingir 9% de
aprovação em uma pesquisa do Ibope realizada em julho daquele ano, o mais baixo índice de aprovação
para um Presidente da República.[18][19] Além disso, segundo pesquisas conduzidas por institutos

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independentes, a maioria da população apoiava a abertura do processo ou até mesmo o impedimento da


presidente. Desde 15 de março de 2015, diversos protestos contra o Governo Dilma Rousseff reuniam
centenas de milhares de pessoas em todo o país para pedir, entre outras demandas, o impeachment ou a
renúncia da presidente.[20]

Contudo, a complexidade política do processo ia além da violação da lei orçamentária. O Presidente da


Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, era investigado na Operação Lava Jato, sob denúncias de ter
recebido propinas da Petrobras e de manter contas secretas na Suíça. Consequentemente, Cunha corria o
risco de perder o seu mandato, pois o Conselho de Ética da Câmara movia um processo contra ele.
Surgiram boatos sobre tentativas de acordo entre o deputado e os petistas, a fim de encerrar esse
processo, os quais ele desmentia vigorosamente. Quando os petistas anunciaram o seu apoio à perda do
mandato de Cunha no Conselho de Ética, ele teria aceitado o pedido de impeachment como instrumento de
chantagem.[21]

Por sua vez, Dilma negou tentativas de acordo para salvar Cunha e se livrar do impeachment, assim como
acordos para interferir no Conselho de Ética em troca da aprovação da volta da CPMF, que era outra
grande necessidade do governo. Nas palavras dela, em entrevista coletiva no mesmo dia da aceitação do
pedido: "Eu jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de barganha, muito menos aquelas que
atentam contra o livre funcionamento das instituições democráticas do meu país, bloqueiam a Justiça ou
ofendam os princípios morais e éticos que devem governar a vida pública". [22]

Após o pronunciamento da presidente, Cunha afirmou que ela mentiu à nação quando disse que não
participaria de qualquer barganha e que o governo tinha muito que explicar à sociedade. O deputado
reiterou que não tinha conhecimento de negociações, que não atendeu o telefonema do ministro Jaques
Wagner (que seria o intermediário), que seus aliados não estavam negociando a salvação de seu mandato
e que se recusou a aceitar a proposta do governo quando teve conhecimento desta. Declarando-se
adversário do Partido dos Trabalhadores, ele disse que preferia não ter os três votos do partido no
Conselho de Ética.[23]

Pedaladas fiscais e corrupção na Petrobras

As pedaladas fiscais são um termo usado pela mídia para descrever uma manobra contábil do governo
federal, que serviu para passar a impressão de que ele arrecadava mais do que gastava, enquanto a
realidade era exatamente o contrário.[24][25][26] O governo não estava pagando os bancos públicos e privados
que financiavam programas sociais como o Bolsa Família.[27] Então, para que os beneficiários não
deixassem de receber, os bancos arcavam com as despesas sozinhos, sem receberem a compensação
governamental.[28] Entretanto, o Tribunal de Contas da União, em decisão unânime, considerou essa
operação um empréstimo dos bancos, não pago pelo governo, e que feria a Lei de Responsabilidade
Fiscal.[29][30][31] Embora o TCU seja um órgão auxiliar do Legislativo e não tenha poderes para condenar o
chefe do Executivo, ele oferece um parecer prévio, que pode ou não ser acatado pelo Congresso Nacional,
abrindo até mesmo a possibilidade de um processo de impedimento da Presidente da República. [32][33]

Havia também o esquema de corrupção na Petrobras. Era uma operação ilegal, com desvio de dinheiro da
estatal para empresas e políticos, funcionando como um esquema de propinas [34] e também como um
provável abastecimento de campanhas da presidente Dilma.[35][36][37] No total, foram acusados cinquenta
políticos de seis partidos e dez empresas, das quais a mais importante foi a Odebrecht. O juiz federal da
13ª Vara Federal de Curitiba — onde a operação teve início — Sérgio Moro, especialista em crimes
financeiros, ficou responsável pelos processos que não envolveram políticos, pois estes possuem foro
especial por prerrogativa de função e devem ser investigados no Supremo Tribunal Federal (STF).[38][39] A
investigação ficou conhecida como Operação Lava Jato e contou com várias delações premiadas para
chegar a nomes como Eduardo Cunha.[40] Contudo, a presidente Dilma Rousseff não era alvo de
acusações formais nessa operação.[41]

Processo na Câmara dos Deputados

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Aceitação do Pedido

Eduardo Cunha declara que aceitou a abertura do processo, em 2 de dezembro de 2015.

Até setembro de 2015, houve 37 pedidos de impeachment protocolados na Câmara dos Deputados contra
Dilma Rousseff, mas o presidente da Casa acolheu apenas o pedido redigido por Hélio Bicudo e pelos
advogados Miguel Reale Júnior e Janaina Conceição Paschoal.[42][43] Os movimentos sociais pró-
impeachment decidiram aderir ao requerimento de Bicudo,[44]que contou também com o apoio de
parlamentares e da sociedade civil, a qual organizou um abaixo-assinado em apoio ao impeachment da
Presidente da República.[45]

Os advogados tentaram, no documento apresentado à Câmara, associar Dilma à Operação Lava Jato, à
omissão em casos de corrupção, à investigação de tráfico de influência contra o ex-presidente Luís Inácio
Lula da Silva e às pedaladas fiscais.[46][47] Além disso, contribuíram para sustentar o pedido os seis decretos
assinados pela presidente no exercício financeiro de 2015, em desacordo com a lei de diretrizes
orçamentárias, e que foram publicados sem a autorização do Congresso Nacional.[48]

Para justificar a sua decisão, Cunha declarou que proferiu a mesma com o acolhimento da denúncia dos
juristas e que o pedido de impedimento assim aberto acusava a edição de decretos editados em
descumprimento com a lei. Consequentemente, mesmo a votação do PLN 5 não supriria essa
irregularidade.[49] Em resposta à abertura do processo, Dilma afirmou que os argumentos apresentados
pelos juristas eram inconsistentes e improcedentes e que ela não havia praticado nenhum ato ilícito. [22][50][51]

Argumentos do pedido

Petrobras e Pasadena

O jurista Miguel Reale Jr. e a filha de Hélio Bicudo, Maria Bicudo, entregam a Cunha o pedido
de impeachment da presidente Dilma.

Para os juristas autores do pedido aceito, Dilma não agiu como deveria para punir as irregularidades que
existiam na Petrobras. Eles disseram textualmente que a presidente agiu como se nada soubesse, como se
nada tivesse ocorrido, mantendo seus assistentes intocáveis e operantes na máquina de poder instituída, à
revelia da lei e da Constituição. Segundo o texto do pedido, houve uma maquiagem deliberadamente
orientada a passar para a nação a sensação de que o Brasil estaria economicamente saudável. [52][53]

Assim, conforme o documento, durante todo o processo eleitoral de 2014, Dilma negou que a situação da
Petrobras, tanto do ponto de vista moral quanto do econômico, era muito grave. [47][53] Ainda nas palavras
dos autores, a máscara da competência fora primeiramente arranhada no episódio envolvendo a compra
da refinaria em Pasadena pela estatal. Os juristas declararam que Dilma era presidente do Conselho da
Estatal e deu como desculpa um equívoco relativo a uma cláusula contratual.[54][55][56]

Segundo o documento, a presidente foi omissa em relação à compra da refinaria de Pasadena. Ou seja,
eles asseguraram que, ainda que a presidente não estivesse ativamente envolvida nessa situação, restaria
sua responsabilidade omissiva. Conforme os juristas, a presidente sabia de todos os fatos e era
diretamente responsável pela corrupção que ocorreu na empresa pública. Dessa forma, na tese deles, a
responsabilidade da denunciada quanto à corrupção sistêmica de seu governo era inegável. [57][58]

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Os autores citaram ainda a corrupção desvendada pela Operação Lava Jato e sustentaram no documento
que a ação da Polícia Federal realizou uma devassa em todos os negócios feitos pela Petrobras,
constatando, a partir de colaborações premiadas intentadas por Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef,
que as obras e realizações anunciadas como grandes conquistas do Governo Dilma eram na verdade um
meio para sangrar a estatal, que, no momento, encontrava-se descapitalizada e desacreditada.[59][60]

Dilma alegou que defendia as investigações da Operação Lava Jato e a punição exemplar dos envolvidos
cuja culpa fosse comprovada. Ela disse que não se pode condenar a empresa Petrobras, mas sim as
pessoas envolvidas, tanto os corruptos quanto os corruptores. E acrescentou que a questão da Petrobras
era simbólica para o Brasil, uma vez que era a primeira investigação efetiva sobre a corrupção no país que
envolvia segmentos privados e públicos.[61]

Decretos sem autorização

Segundo o pedido, Dilma fez , nos anos de 2014 e 2015, uma série de decretos que resultaram na
abertura de créditos suplementares, de valores muito elevados, sem a autorização do Congresso Nacional,
na ordem de R$ 18,4 bilhões.[62][63][64] Segundo os autores, Dilma tinha conhecimento de que a meta
de superavit primário prevista na lei de diretrizes orçamentárias não estava sendo cumprida desde 2014,
pois foi o próprio governo quem apresentou o projeto de lei pedindo a revisão da meta, uma confissão, do
ponto de vista deles, de que a meta não estava e não seria cumprida. Mas, mesmo assim, expediu os
decretos sem a autorização prévia do Legislativo.[65][66][67]

Então, conforme o texto do pedido, era clara a realização de crime de responsabilidade no caso em vista,
diante da literalidade dos artigos supracitados, pois houve uma efetiva realização de abertura e operação
de crédito, além de contração de empréstimo sem a observância da lei.[68][69][70] O documento alegava que,
além do fato ocorrido no ano de 2014, a mesma conduta da denunciada foi praticada no ano de 2015.
Segundo os juristas, os decretos de 2015 exibiam um superavit artificial, pois já se sabia que a lei de
diretrizes orçamentárias não seria cumprida. Naquele contexto, houve uma revisão da meta fiscal por
projeto de lei. A conclusão dos juristas foi que, sendo idênticas as condutas nos anos de 2014 e 2015, era
inegável que a infringência às leis orçamentárias era patente, contumaz e reiterada.[57][71][72]

Pedaladas fiscais

O pedido também citou as chamadas pedaladas fiscais, as quais permitiram que o Governo Dilma inflasse
artificialmente os seus resultados e melhorasse o superavit primário em determinados períodos. Segundo
os juristas, as "pedaladas" caracterizaram crime de responsabilidade e se serviram da premissa política de
que os fins justificam os meios, pois o objetivo único e exclusivo das "pedaladas" era forjar uma situação
fiscal do país que inexistia, sem o temor de afrontar a lei para chegar ao resultado esperado. [73][74][75]

Conforme os juristas, os empréstimos foram concedidos em afronta ao artigo 36 da LRF, que proíbe a
tomada de empréstimo pela União de entidade do sistema financeiro por ela controlada. No documento,
eles sustentaram que caberia institucionalmente à presidente agir para que essa ilegalidade fosse cessada,
o que não fez, apesar de ser alertada por várias autoridades sobre os riscos. [76][77][78] Além disso, eles
argumentaram que a presidente é economista e, durante o pleito eleitoral, assegurou que tais contas
estavam hígidas. Assim, a situação restaria ainda mais grave quando se constatava que todo esse
expediente fora intensificado durante o ano eleitoral, com o fim deliberado de iludir o eleitorado.[79][80][81]

Segundo uma matéria do jornal Valor Econômico, os técnicos do Tesouro Nacional apresentaram um
relatório em 2013, no qual alertaram o governo sobre os riscos das "pedaladas fiscais" e recomendaram
interrompê-las imediatamente. Os técnicos avisaram que, por causa das "pedaladas", o Tesouro estaria
com uma dívida de R$ 41 bilhões com bancos públicos no final de 2015, e que a "contabilidade criativa"
afeta a credibilidade da política fiscal.[82][83][84]

Em sua defesa no TCU, o governo federal reconheceu que os atrasos nos repasses aconteceram nos
últimos anos, mas acrescentou que se tratava de uma prática antiga, registrada também no Governo FHC,
e defendeu que as "pedaladas fiscais" não eram operações de crédito.[85][86][87] Porém, o TCU decidiu por
unanimidade negar o recurso do governo e reiterou que as "pedaladas" eram uma infração grave à LRF,
tendo ocasionado o desequilíbrio das contas públicas em cerca de R$ 40 bilhões em 2014. [88][89]

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O governo também alegou que as "pedaladas fiscais" foram feitas para pagar programas sociais. Segundo
a presidente, uma das razões para o julgamento a que ela estava submetida era a presunção de que o
governo não deveria ter gastado da forma como gastou para fazer o Minha Casa, Minha Vida. Portanto, as
"pedaladas" não representavam qualquer desvio de dinheiro. Dilma completou assegurando que não havia
nenhum delito e nenhum crime apontado contra o governo.[90][91][92]Todavia, a ONG Contas Abertas divulgou
que a maior parcela dos recursos oriundos das manobras foi destinada ao pagamento de subsídios para
empresas.[90][93]Ademais, o governo elaborou cortes bilionários no orçamento de 2015, no qual os
programas sociais foram duramente atingidos.[94][95]

Em 14 de julho de 2016, o Ministério Público Federal concluiu que as "pedaladas fiscais" não
configuraram crimes comuns, inclusive as que embasavam o processo de impeachment. Em parecer
enviado à Justiça, o Procurador Ivan Cláudio Marx pediu o arquivamento da investigação aberta para
apurar uma possível infração penal de autoridades do governo Dilma. Ele concluiu, no entanto, que as
manobras visaram a maquiar as contas públicas, principalmente no ano eleitoral de 2014,
havendo improbidade administrativa, ou seja, um delito civil e também um crime de responsabilidade. No
despacho, ele concluiu que houve inadimplência contratual, ou seja, o governo não fez os pagamentos nas
datas pactuadas, descumprindo os contratos com os bancos. Marx pontuou que, em alguns casos, os
atrasos nos repasses tinham previsão legal e as autoridades não tinham a intenção de fazer empréstimos
ilegais.[96]

Litígios no início do rito

O processo de destituição de Dilma teve início com a formação de uma comissão especial composta por 65
deputados, com representantes de todos os partidos, a qual deveria avaliar a adequação do pedido e a
eventual remessa do processo ao plenário da Câmara dos Deputados.[97][98] Depois da criação da comissão
e de o pedido de impeachment ter sido lido em sessão da Câmara, a presidente foi notificada e passou a
ter dez sessões para apresentar a sua defesa.[99] Se a comissão emitisse parecer favorável
ao impeachment, haveria a continuação do processo com uma votação, que exigiria o apoio de dois terços
dos deputados federais (342) para o afastamento temporário de Dilma, seguindo-se a posse do vice-
presidente Michel Temer como presidente interino, por um período de até 180 dias.[100]Com a aprovação na
Câmara dos Deputados, um segundo processo seria instaurado no Senado. [101]

Primeira comissão especial

Eduardo Cunha fechou um acordo com os líderes partidários, no dia 3 de dezembro, para que todos os
partidos tivessem representação na comissão especial da Câmara. Após a indicação dos nomes, a
comissão seria instaurada em sessão extraordinária e escolheria, por voto secreto, o presidente e o relator
do processo. Eduardo Cunha acabou adiando em um dia a indicação dos nomes porque a oposição e a ala
contrária ao governo do PMDB, insatisfeitas com a chapa anterior, que era contrária ao impeachment,
lançaram uma chapa "alternativa", favorável ao impedimento da presidente.[102][103][104]

A chapa alternativa foi eleita na noite do dia 8, sendo composta por muitos deputados notoriamente
contrários a Dilma. A votação foi tumultuada, em que deputados governistas, inconformados com o voto
secreto e com a própria chapa alternativa, pediram o microfone para questionar a legalidade do
procedimento. Mas Cunha os ignorou e cortou o som. A reação dos governistas foi tentar quebrar as urnas
eletrônicas, entrando em confronto com a polícia legislativa da Câmara.[105]

Suspensão do processo

Em 8 de dezembro, o ministro Luiz Edson Fachin, do STF, suspendeu todo o processo de impedimento a
fim de evitar que futuramente novos atos e prazos fossem alvos de questionamentos. Assim, todo o rito
ficou paralisado até que houvesse uma decisão do Supremo.[106] A causa da suspensão foi um
requerimento de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental encaminhado pelo PCdoB,
segundo o qual a nomeação dos membros da comissão alternativa fora irregular, dado que os deputados
concorreram às vagas sem a indicação dos líderes de seus partidos. Além disso, a ADPF questionava a
votação secreta para a escolha da chapa e a divisão da comissão por blocos, e não por partidos. Fachin
concluiu que a votação secreta não estava prevista no regimento interno da Câmara e na Constituição. [107]

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Um dia depois, em 9 de dezembro, Fachin afirmou que iria "propor um rito que vai do começo ao final do
julgamento do Senado (...)".[108][109] Isso causou discussões, pois Fachin era alvo de polêmicas levantadas
pela oposição, que o considerava "progressista" por ser ligado a movimentos sociais. Além disso, ele
também era alvo de suspeição por ter declarado seu voto em Dilma nas eleições de 2014. [110] Porém, ele
surpreendeu na seção de 16 de dezembro, votando favoravelmente, por exemplo, ao afastamento da
presidente do cargo por até 180 dias, caso a Câmara decidisse pela abertura do processo, para então ser
julgada pelo Senado.[111]

Pedido de anulação

No dia 11 de dezembro, Dilma enviou um documento ao STF solicitando a anulação do pedido aceito por
Cunha e da votação que elegeu os membros da comissão. Era um texto de 23 páginas, que apresentava a
defesa do governo na ação movida pelo PCdoB com o objetivo de questionar diversos pontos da lei que
regula o impedimento por crimes de responsabilidade.[107] A presidente também alegou que a Câmara seria
responsável apenas pela autorização do processo, que seria realmente aberto no Senado. Assim, se
acatado pela Corte, seria aberta a possibilidade de os senadores não instaurassem o processo mesmo
autorizados pela Câmara.[112]

Rodrigo Janot, Procurador-Geral da República, foi autor de um parecer semelhante. Ele era contra a defesa
prévia da presidente, em relação ao acolhimento do pedido, sustentando que essa defesa não estava
prevista na lei do impedimento. Janot também acreditava que a presidente teria o direito de se defender em
qualquer fase do processo, até mesmo quanto à aceitação do pedido. Além disso, Janot colocou Cunha
sob suspeição, acusando-o de falta de imparcialidade no processo de impedimento, pois era alvo de pedido
de cassação do mandato na Câmara. E reforçou a tese de que somente o Senado poderia abrir o
processo.[113]

Defesa da legalidade do processo no STF

Sessão do STF que julgou o rito do processo de impeachment, em 16 de dezembro de 2015.

No dia 15, deputados da oposição entregaram a Fachin um documento no qual defendiam a legalidade do
rito adotado na Câmara.[112][114] Na sessão de 16 de dezembro, Fachin julgou improcedente o pedido
cautelar de incidência de suspeição sobre Cunha, que era um dos pontos principais da ação movida pelo
PCdoB, dando parcial procedência aos pedidos cautelares requeridos. [107] A ação sustentava que Cunha
não tinha a imparcialidade necessária para conduzir o processo, mas Fachin entendeu que as regras que
determinam o impedimento de juízes em processos do Judiciário não se aplicam ao processo de
impedimento.

O ministro também decidiu que não cabia à presidente fazer uma defesa prévia ao ato de acolhimento do
pedido de impedimento por Cunha, acrescentando que ela teria direito de defesa antes do parecer da
comissão especial.[115] Ele considerou válida a sessão que elegeu, por voto secreto, a chapa da oposição
que ocuparia a maioria das vagas da comissão especial da Câmara e votou pelo afastamento de Dilma por
até 180 dias, caso a Câmara decidisse pela abertura do processo e encaminhamento ao Senado. [111][116]

Em 17 de dezembro, o STF decidiu por maioria a favor da possibilidade de o Senado recusar a abertura de
um processo de impeachment mesmo após a Câmara autorizar a instauração daquele. Os ministros
também decidiram anular a eleição da chapa alternativa. Eles usaram como argumento a impossibilidade
de haver candidatura avulsa para o colegiado, aceitando somente indicações de líderes partidários ou de
blocos. E ainda votaram contra a necessidade de defesa prévia ao acolhimento do pedido de impedimento
na Câmara, seguindo o voto de Fachin, e a favor do voto aberto na formação da comissão especial.[117][118]

Decisão final do STF sobre o rito

Os especialistas do Congresso consideravam a intervenção do STF mais política do que regimental.


Enquanto isso, as prioridades do Congresso para fevereiro de 2016 eram a lei antiterrorismo, considerada
fundamental para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, várias medidas provisórias e o ajuste
fiscal.[119][120] Em relação ao processo que Cunha enfrentava no Conselho de Ética, ele havia acionado a
Comissão de Constituição e Justiça para tentar anular a decisão do colegiado, aceitando o relatório do

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novo relator e recusando dar vista aos deputados que apoiavam Cunha. Assim, o processo no Conselho de
Ética, que estava inclinado a aceitar o recurso de Cunha, seria zerado.[121]

Em 1º de fevereiro, a Câmara enviou ao Supremo os embargos de declaração que questionavam as


decisões tomadas pela Corte em 2015. Entre as dúvidas levantadas, estavam: a chapa avulsa na
composição da comissão especial; a obrigatoriedade de os membros poderem somente ser indicados pelos
líderes partidários; o poder dado ao Senado de encerrar o processo já autorizado pela Câmara; a
possibilidade de Cunha indicar membros para a comissão especial na eventualidade de os nomes da
chapa única indicada pelos líderes não serem aprovados pelo plenário; a forma da escolha do presidente e
do relator da comissão especial, por votação secreta; e a possibilidade de Cunha indicar deputados para
esses cargos em caso de também ser proibida a disputa de vários deputados para os mesmos. [122][123]

O STF apresentou um texto de acórdão em 7 de março. Não houve grandes alterações em relação ao que
fora decidido anteriormente sobre o rito. O acórdão constava do resumo das decisões dos ministros, dos
votos de cada um deles e dos debates sobre o tema ocorridos nas duas sessões. Contudo, a Câmara
reapresentou os seus questionamentos e solicitou a revisão da decisão do STF que anulou o rito do
processo de impeachment. A Câmara alegou que os ministros do Supremo interpretaram de forma
equivocada as normas internas da casa parlamentar. A expectativa era que o STF se retratasse e
permitisse que a comissão especial formada por deputados fosse eleita em votação secreta e, ainda, com a
participação de chapas avulsas. A partir da decisão final, Cunha daria continuidade ao rito com a instalação
da comissão especial.[122][123]

Em 16 de março, a maioria dos ministros do Supremo votou pela manutenção da decisão anterior que
mudava o rito do processo. As consequências seriam: a impossibilidade de chapas ou candidaturas
avulsas; a votação aberta para a escolha dos membros da comissão, com a opção de cada deputado votar
pela aprovação ou rejeição da comissão formada por indicação dos líderes; e a permissão de o Senado
não instaurar um processo próprio, mesmo com a decisão da Câmara a favor da abertura. Dessa forma, o
STF respondeu aos embargos de declaração da Câmara. O relatório dos ministros destravou o processo,
que estava parado desde dezembro de 2015, e aumentou as chances de impeachment de Dilma, o que era
o objetivo de Cunha segundo os especialistas.[124][125]

Comissão especial definitiva

Eleição e plano de trabalho

Rogério Jovair Arantes (PTB-


Rosso (PSD-DF), ex- GO), foi escolhido
governador, foi eleito para a relatoria.
presidente da Rosso e Arantes são
comissão. aliados de Cunha.

Em 17 de março, a Câmara finalmente elegeu, por votação aberta, os 65 integrantes da comissão especial.
Houve 433 votos a favor e apenas um contrário. Os partidos predominantes eram o PT e o PMDB, cada um
com oito membros. O PSDB tinha seis membros. As demais 43 vagas foram preenchidas por outros 21
partidos. Em uma outra sessão, Rogério Rosso, líder do PSD e aliado de Cunha, foi eleito presidente da

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comissão, enquanto Jovair Arantes, líder do PTB e também aliado de Cunha, foi nomeado relator do
processo. Cunha acreditava em um prazo de 45 dias para a conclusão dessa parte do processo, mas tal
prazo dependia de sessões de segunda a sexta e quóruns de 51 deputados pelo menos. [126][127]

Em 21 de março, o relator do processo apresentou o plano de trabalho da comissão em breve documento.


Ele disse que pretendia realizar reuniões internas para convidar os denunciantes. Ele também pretendia
ouvir membros do TCU. O principal técnico convidado seria Júlio Marcelo de Oliveira, responsável por
recomendar a rejeição das contas da presidente. Entretanto, Jovair não convidaria Dilma nem os seus
ministros. Em vez disso, ele queria esperar a apresentação formal da defesa, na qual seria feita a escolha
dos seus representantes.[128][129]

Durante essa reunião, surgiu uma discussão sobre a inclusão no processo das denúncias do ex-líder do
governo, Delcídio do Amaral, no acordo de delação premiada. Cunha as havia anexado ao processo na
semana anterior, mas, no dia 22 de março, Rosso as retirou porque "não compete à comissão a produção
de provas e que o julgamento do mérito caberá eventualmente ao Senado". A oposição concordou com a
retirada para evitar a contestação judicial anunciada pelos governistas. O líder do PSDB, Antônio
Imbassahy, afirmou que o pedido original já tinha elementos suficientes para assegurar o impeachment da
presidente. Porém, a oposição pretendia apresentar outro pedido de impeachment, baseado no teor da
delação do senador.[130]

Manifestação dos autores do pedido

Os autores do pedido Janaina Paschoal e Miguel Reale Júnior depõem na Comissão Especial do processo
de impeachment.

Miguel Reale Júnior compareceu ao Congresso para depor diante da comissão, em 30 de março. Ele disse
que as pedaladas representavam um crime grave porque eram manobras contábeis feitas para esconder
o deficit fiscal e porque levaram a União a contrair empréstimos com entidades financeiras por ela
controladas, o que é um ato ilícito conforme a LRF. Com a ruptura do equilíbrio fiscal, houve uma cascata
de eventos, culminando em inflação e recessão, que geraram desemprego no país, afetando
especialmente as classes mais pobres.[131]

Ele também enfatizou que a ocorrência dessas manobras em governos anteriores não lhes retirava o
caráter criminoso e que as pedaladas do Governo Dilma eram maiores e mais frequentes. Mesmo
interrompido por deputados governistas, Reale continuou a falar, citando o artigo do Código Penal que
caracterizava a operação financeira como um crime de responsabilidade, acrescentando diversos artigos
da LRF que reforçavam a sua tese. Ele pretendia provar que as operações de crédito não foram um
simples fluxo de caixa, que elas buscavam sustentar a existência de uma capacidade fiscal que o país não
tinha. E rebateu a crítica de que o segundo mandato não poderia ser afetado por fatos do primeiro, pois o
STF já fixara, em julgamentos, que, com base no princípio constitucional da moralidade, o agente público
pode ser punido por fatos anteriores ao mandato e a própria Câmara já havia punido deputados que
praticaram infrações em mandatos anteriores, em respeito ao princípio da moralidade. [131]

Logo após, a advogada Janaina Paschoal também se manifestou. Ela concordou com os que afirmavam
que "Impedimento sem crime é golpe", mas assegurou que havia crimes de responsabilidade "de sobra",

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referindo-se aos decretos não autorizados que abriram créditos também não autorizados e ao
comportamento omissivo doloso da presidente na corrupção que envolvia a Petrobras. Então, do ponto de
vista dela, o golpe foi tentar apresentar um superavit que não era real. Além disso, muitos prefeitos já
haviam sido condenados por crimes muito menos significativos. Ainda contestando as insinuações
governistas de golpe, ela declarou que o pedido de afastamento tinha base legal e continha denúncias de
violações à legislação. E acrescentou que a falta de responsabilidade fiscal do governo criou uma situação
financeira muito grave para os brasileiros. Janaína acusou o governo de se achar dono dos bancos
públicos, o que causou um novo tumulto na sala.[131]

Assim que terminou o pronunciamento dos advogados, o deputado Wadih Damous afirmou que o evento
não foi uma defesa técnica do impedimento, mas sim um comício político, logo o que estava havendo era
sim uma tentativa de golpe. Os dois autores do pedido foram convocados pelo deputado Jovair Arantes.
Segundo ele, "As oitivas não servem para produzir provas contra ou a favor de Dilma, mas apenas para
esclarecer pontos do pedido de impeachment. Nesta fase de análise do processo, não cabe à comissão
decidir sobre o mérito das acusações, mas apenas dar parecer pela instauração ou não do procedimento
que pode resultar no afastamento da presidente". Os representantes petistas queriam adiar os depoimentos
dos autores do pedido para depois da apresentação da defesa de Dilma, o que foi negado por Rosso. [131]

Manifestações da defesa

Ricardo Lodi Ribeiro e Nelson Barbosa apresentam a defesa da presidente Dilma, em 31 de março.

Em 31 de março, ocorreu a defesa da presidente diante da comissão. O governo escolheu o Ministro da


Fazenda, Nelson Barbosa, e o professor de Direito Tributário Ricardo Lodi Ribeiro para realizarem a defesa
de Dilma. Barbosa começou enfatizando que o processo deveria considerar somente os fatos ocorridos
desde o começo do segundo mandato, no qual não houve manobras fiscais. Ele também ressaltou que os
seis créditos suplementares abertos no mandato anterior não modificaram a programação financeira de
2015 nem o limite global do gasto discricionário do governo. Além disso, a maior parte dos decretos foi
financiada por anulação de despesas ou atendendo a pedidos, como um do Poder Judiciário. [132]

Por sua vez, Lodi sustentou que a meta fiscal de 2015 era cumprida, pois o Congresso aprovou o projeto
de lei que a alterou. Ele também defendeu os créditos suplementares e lembrou que era possível prever
uma situação financeira desfavorável conforme os relatórios bimestrais exigidos pela LRF, mas defendeu o
governo ao afirmar que foram realizados contingenciamentos ao longo de 2015. Dessa forma, não houve
crime de responsabilidade, consequentemente não poderia haver impedimento. Em relação às pedaladas,
ele disse que a lei dos crimes de responsabilidade não tipifica a violação da LRF, o que se pune é o
atentado à lei do orçamento. Completando, ele reiterou que a desaprovação popular não é um motivo legal
para o impedimento da presidente.[132]

Ambos sustentaram que os atos da presidente estavam de acordo com as exigências do TCU, sob a
justificativa de que a prática foi referendada pelo mesmo e pelo Congresso em vários governos anteriores
da República. Houve tumulto novamente: os oposicionistas questionaram a presença de Lodi porque este
era sócio do escritório do qual fez parte Luís Roberto Barroso, Ministro do Supremo Tribunal Federal. O
advogado respondeu que não estava presente como sócio, e sim como professor adjunto da UERJ; nem
pretendia julgar a presidente, mas apenas colaborar na comissão.[132]

Antes do início da sessão, o vice-líder do governo, Paulo Teixeira, pediu que houvesse nova notificação da
presidente e novo prazo de defesa, uma vez que os termos da delação premiada do senador Delcídio
foram retirados dos autos do processo, mas Rosso argumentou que Dilma já fora notificada duas vezes
(em dezembro e em março) e que não caberia novo prazo. Teixeira insistiu, pedindo um novo prazo de dez
sessões, a partir do final das atividades da comissão, com base na "falta de clareza da denúncia", e disse
que iria recorrer ao plenário, não a Cunha, a quem chamou de "capitão do golpe". [132]

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O que é um golpe? É a ruptura da institucionalidade, golpe é o rompimento de uma Constituição,


golpe é a negação do Estado de Direito. Não importa se ele é feito por armas, com canhões ou
baionetas caladas, se ele é feito com o simples rasgar de uma Constituição, sem base fática –
ele é golpe.

— José Eduardo Cardozo, em 4 de abril de 2016.[133]

Em 4 de abril, após um questionamento de deputados do PPS, PTB e PSB, Rosso decidiu que o Advogado
Geral da União, José Eduardo Cardozo, poderia fazer a defesa da presidente no processo de afastamento.
Os parlamentares argumentaram que a AGU só pode atuar na defesa de presidente da República quando
a ação é de interesse da União. Para eles, o processo de impeachment era de interesse pessoal de
Dilma.[134]No mesmo dia, ao apresentar a defesa da presidente na comissão, Cardozo disse que o
procedimento que pedia o impedimento de Dilma era inválido e alegou que não havia crime de
responsabilidade que o justificasse.[135][136]

Durante a sua manifestação, Cardozo afirmou que o processo feria a Constituição e que deveria ser
considerado nulo. Ele disse ainda que o afastamento de um presidente sem base constitucional é golpe.
Cardozo também alegou que houve desvio de poder de Cunha ao aceitar o pedido, que teria agido pelo
desejo de "vingança" e por "retaliação", devido ao fato de os petistas não o apoiarem no Conselho de Ética.
Portanto, do ponto de vista dele, como o ato de abertura era viciado, o processo era nulo. [133][137]

Em relação às manobras fiscais, conhecidas como "pedaladas fiscais", Cardozo alegou que foram atrasos
em contratos de prestação de serviços celebrados com instituições financeiras públicas e não operações
de crédito. Nesse escopo, lembrou que o TCU só passou a considerar essas práticas irregulares em 2015 e
que não se poderia aplicar a Dilma uma "punição retroativa" por atos praticados antes de o TCU mudar a
sua jurisprudência.[133][137] Sobre a emissão de decretos de crédito suplementar, ele disse que todos foram
respaldados por pareceres técnicos e ressaltou que a lei orçamentária foi cumprida e aprovada pelo
Congresso, razão pela qual não houve irregularidades. [137]

O Supremo Tribunal Federal convocou uma sessão extraordinária, no dia 14 de abril, para julgar cinco
ações propostas por governistas sobre a votação no plenário. Os pedidos tentavam suspender ou alterar a
ordem da votação estabelecida por Cunha e todos foram negados. O pedido de suspensão da votação foi
feito pela Advocacia Geral da União, que questionava a análise das acusações na comissão especial da
Câmara. O deputado Paulo Teixeira, autor de outro pedido, queria não só a suspensão como também a
anulação do parecer da comissão especial que recomendou a abertura do processo. As outras três ações
queriam alterar a forma e a ordem definidas pelo Presidente da Câmara (alternância entre estados do Norte
e do Sul), mas o Supremo validou o rito da votação, descartando a ordem alfabética. [138]

Além disso, havia um mandado de segurança impetrado pela AGU, o qual alegava que a comissão
analisou fatos que iam além das acusações recebidas pelo Presidente da Câmara ao aceitar o pedido
de impeachment. O mandado também sustentava que Dilma não foi notificada para se defender na
audiência que ouviu os autores da denúncia e que o AGU substituto, Fernando Albuquerque, foi impedido
de se manifestar para defendê-la durante a leitura do relatório do deputado Jovair. O mandado não foi
acolhido pelo Supremo, por uma votação de 8 a 2.[138]

Apresentação e votação do relatório

Jovair Arantes faz a leitura de seu relatório, em 6 de abril.

A imprensa especulou que a demissão do então diretor da Casa da Moeda foi uma consequência da
pressão exercida pelo relator Arantes e pelo PTB sobre o governo. Assim, teria sido Arantes quem indicou
o novo diretor da Casa da Moeda, de acordo com uma matéria do jornal O Globo. Essa indicação deu a
Arantes e ao seu partido o controle da entidade, e, consequentemente, o governo esperava que o seu

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relatório fosse favorável a Dilma.[139][140][141] Porém, ele mudou de lado e aproximou-se de Cunha, o que fez
com que passasse a ser cotado como o candidato de Cunha para comandar a Câmara a partir de 2017. [142]

Nesse contexto, em 6 de abril, a presidente Dilma sofreu uma importante derrota na comissão, pois Arantes
realizou a leitura de um parecer contrário a ela. Ele recomendou a seus colegas votar pela abertura de um
processo contra a presidente. Arantes disse que estava convicto da existência de "indícios de gravíssimos
e sistemáticos atentados à Constituição Federal" e o seu relatório assumiu a existência de um crime de
responsabilidade. A análise enfatizou principalmente as acusações de irregularidades na gestão das contas
públicas, como as "pedaladas fiscais", e seus efeitos na crise econômica.[143][144] Ele sustentou ainda que os
atrasos nos repasses foram empréstimos à União.[143][144]

Em resposta, o ministro Ricardo Berzoini declarou que o relatório não apontava para um crime de
responsabilidade. Por sua vez, Cardozo afirmou que o relatório era "viciado" e "nulo" porque ultrapassava a
denúncia feita contra a presidente e porque não explicava com clareza o dolo de Dilma nas "pedaladas
fiscais" e na edição dos decretos suplementares, necessário para configurar o crime de responsabilidade.
Ainda conforme Berzoini, o parecer também não poderia citar fatos anteriores ao segundo mandato, como
as "pedaladas fiscais" de 2014. Além disso, ele disse ser possível anular a sessão do dia 6 porque um
advogado-geral substituto fora proibido de falar.[145]

A profunda crise brasileira não é só econômica e financeira, mas também política, e,


principalmente, moral. O governo perdeu sua credibilidade aos olhos de nossa sociedade e
perante a comunidade internacional. (…) Tais atos justificam a abertura do excepcional
mecanismo do impeachment.

— Jovair Arantes, em seu relatório sobre a admissibilidade do processo, em 6 de abril de 2016. [144]

As reações dos deputados foram turbulentas. O relatório acirrou ainda mais os ânimos entre os defensores
e opositores do impeachment. Os governistas acusaram o relator de abordar temas da denúncia que não
foram aceitos. Do outro lado, os oposicionistas consideraram que o parecer "foi bem fundamentado e
caracterizou os crimes cometidos por Dilma". O relatório seria submetido à votação dos 65 deputados, mas,
independentemente do resultado, ele também deveria ser levado à análise do plenário nos dias
seguintes.[144][146]

A comissão do impedimento iniciou as discussões pós-relatório na tarde de 8 de abril, sexta-feira. A sessão


iniciou às quinze horas, mas poderia se prolongar até o dia seguinte, com o objetivo de cumprir o prazo de
cinco sessões de discussão após a defesa de Dilma. Assim, a votação da comissão poderia ocorrer
segunda-feira, dia 11. Cunha pretendia realizar sessões todos os dias para apressar o processo, mas a
reunião da sexta-feira era não deliberativa, isto é, haveria apenas discussões, sem votação de projetos. [147]

Na noite de 11 de abril, a comissão aprovou o relatório de Arantes, por 38 votos a 27. A sessão durou nove
horas e foi bastante tensa, com bate-bocas e provocações entre deputados do governo e da oposição.
Arantes começou dizendo que "a população clama" pela continuidade do processo e que havia indícios de
crime de responsabilidade. Logo depois, Cardozo acusou o parecer de conter "contradições" e "equívocos
conceituais", além de afirmar que havia um "desejo político" pelo impeachment. O PMDB, que liberou o
voto de seus membros, e o PSD, cujos deputados fizeram discursos contra e a favor, ficaram divididos na
hora da votação. O relatório ainda teria que ser lido no plenário no dia 12 e publicado no diário oficial, na
manhã do dia 13 de abril. Depois, seria respeitado um prazo de 48 horas para a votação no plenário.[148]

Votação no plenário da Câmara

Resultado da votação no plenário da Câmara dos Deputados por unidade federativa:

Sim—90-100%

Sim—80-89,99%

Sim—70-79,99%

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Sim—60-69,99%

Sim—50-59,99%

Empate

Não—50-59,99%

Na manhã de 15 de abril, os deputados abriram uma sessão para analisar a admissibilidade do processo.
Haveria outra sessão no dia seguinte, sábado, e a votação ocorreria domingo, 17 de abril. O roteiro de
sexta consistiu nestas fases: 25 minutos para os autores do pedido se pronunciarem; 25 minutos para a
defesa da presidente se pronunciar; e uma hora para a manifestação aberta de cada partido com
representação na Câmara. A sessão foi encerrada às 18 horas e 55 minutos do sábado (16 de abril), o que
fez com que entrasse para a história como a maior sessão da história da Câmara dos Deputados.[149] Na
mesma noite, começaram as manifestações individuais dos deputados que se inscreveram no dia anterior,
com três minutos para cada um e com alternância de posições contra e a favor. [150]

A sessão definitiva da Câmara dos Deputados, no dia 17 de abril, tinha a seguinte agenda: abertura às 14
horas; manifestação dos líderes na Câmara; e votação dos deputados, com tempo previsto de dez
segundos para cada voto. Cada deputado teria que ir ao microfone e responder: sim, para a aprovação do
parecer que recomendava a abertura do processo contra Dilma; não, para a rejeição do parecer; ou
abstenção. A abertura do processo no Senado só poderia ser autorizada com 342 votos favoráveis. [151]

Quebrando a tradição de neutralidade do cargo de Presidente da Câmara dos Deputados, Cunha votou
favoravelmente ao impeachment.[152][153] Às 23 horas e 8 minutos de 17 de abril, o deputado Bruno
Araújo (PSDB-PE) emitiu o voto favorável de número 342. Nesse momento, a Câmara dos Deputados
decidiu enviar o processo de impedimento ao Senado. A sessão durou 9 horas e 47 minutos e a votação
durou seis horas e dois minutos. A vitória oposicionista ocorreu por 367 votos favoráveis contra 137
contrários. Houve sete abstenções e somente dois ausentes dentre os 513 deputados.[154]

Tentativa de anulação da votação do plenário

Em 9 de maio, houve uma reviravolta no processo da Câmara. O presidente interino da Casa Waldir
Maranhão decidiu anular a sessão que aprovou a admissibilidade do impeachment de Dilma. Ele acolheu
um pedido feito por Cardozo. Maranhão estava na presidência da Casa desde que Cunha foi afastado pelo
STF. O deputado marcou uma nova votação no plenário, no prazo de cinco sessões a partir da devolução
do processo pelo Senado Federal. Ele alegou uma série de vícios que tornariam a decisão da Câmara
nula.[155] A decisão de Waldir foi duramente criticada pela Ordem dos Advogados do Brasil.[156] Em
resposta, Renan Calheiros ignorou Maranhão e disse que daria continuidade ao rito iniciado.[157]

Na noite do mesmo dia, Maranhão revogou a própria decisão e desistiu de anular a votação no plenário da
Câmara.[158]

Processo no Senado Federal

Definição do rito

Segundo a legislação, o primeiro passo da tramitação do impeachment no Senado Federal seria a leitura
em plenário do parecer da Câmara favorável à abertura do processo. Em seguida, Calheiros criaria a
comissão especial para a análise do processo e pediria aos líderes partidários a indicação dos 42
senadores que iriam compor a comissão: 21 titulares e 21 suplentes. O rito prosseguiria com a eleição da
comissão especial, que elegeria o seu presidente e o seu relator. [159]

Após a instalação da comissão especial, começaria a contar o prazo de dez dias úteis para que o relator
apresentasse o seu parecer sobre a admissibilidade da abertura do processo. Nessa fase, não haveria
previsão de defesa da presidente. O parecer precisaria ser votado pelos integrantes do colegiado, com
aprovação por maioria simples. Independentemente do resultado, a decisão final caberia ao plenário do
Senado, que é soberano. No plenário, o parecer da comissão seria lido, e, após 48 horas, votado

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nominalmente. Para ser aprovado, seria necessário metade mais um dos votos dos senadores presentes,
desde que votassem pelo menos 41 dos 81 senadores.[159]

Renan Calheiros e Ricardo Lewandowski durante reunião em 18 de abril.

Se o parecer da comissão fosse pela admissibilidade do processo e o texto fosse aprovado pelo plenário, o
processo contra a presidente seria instaurado e ela seria notificada e afastada do cargo por um período de
até 180 dias. Com isso, Temer assumiria o governo. Se o parecer da comissão pela admissibilidade fosse
rejeitado no plenário, a denúncia contra Dilma seria arquivada.[159]

Se o processo de impeachment de Dilma fosse aberto, começaria a fase de produção de provas e a


possível convocação dos autores da denúncia, da presidente e da defesa, até a conclusão das
investigações e a votação do parecer da comissão especial. Para que a presidente perdesse o mandato,
seriam necessários os votos de pelo menos 54 senadores, dois terços da Casa.[159]

A sessão final do julgamento seria presidida pelo presidente do STF. Em caso de absolvição, a presidente
reassumiria o mandato imediatamente. Se condenada, a presidente seria automaticamente destituída e
ficaria oito anos sem poder exercer um cargo público. Temer assumiria a Presidência da República até o
fim do mandato, em 1º de janeiro de 2019.[159]

Lewandowski anunciou, como já havia sido definido em dezembro de 2015, que esse rito do Senado,
consistindo de trinta etapas no seu roteiro completo, seria igual ao que foi utilizado no impedimento de
Collor, em 1992. A única mudança em relação ao processo anterior seria o momento do interrogatório da
presidente. Naquela ocasião, o interrogatório da comissão especial do impeachment foi feito antes da
coleta de provas.[160]

Comissão especial

Em 19 de abril, o senador e Primeiro-Secretário Vicentinho Alves fez a leitura oficial da decisão da Câmara.
Isso abriu o prazo de 48 horas para que os líderes partidários indicassem os integrantes da comissão
especial que analisaria o processo.[161] Calheiros pretendia convidar Lewandowski para presidir as
atividades do Senado antes da fase prevista na Constituição. Em vez de conduzir apenas a sessão que
votaria o impedimento em última instância, ele queria que o presidente do STF ingressasse logo, após a
fase de análise da admissibilidade, para evitar "questionamentos jurídicos", conduzindo as sessões e
tomando as decisões.[162]

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Raimundo Lira (PMDB- Antonio


PB) foi escolhido o Anastasia (PSDB-MG)
presidente da Comissão foi eleito para a relatoria
Especial. do processo no Senado.

Em 21 de abril, o senador Raimundo Lira (PMDB-PB) foi escolhido para a presidência da comissão,
enquanto o senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) foi escolhido para a relatoria.[163] Em 26 de abril, a
comissão, oficialmente instalada com 22 membros, definiu seu cronograma. Entre os dias 27 de abril e 6 de
maio, as fases seriam: votação de requerimentos; depoimentos da acusação; depoimentos da defesa;
apresentação do relatório de Anastasia; discussão do relatório; e votação do relatório. [164] Anastasia foi
indicado pelo PSDB, conforme as regras do Senado, isto é, o partido com a segunda maior representação
possui a prerrogativa de indicar o relator.[165]

Em 28 de abril, os autores do pedido foram ouvidos pela comissão.[166] Miguel Reale Júnior disse que Dilma
falhou ao provocar o descontrole das contas públicas nas operações de crédito com bancos públicos. Ele
contestou o argumento de que as operações de crédito não eram de responsabilidade da presidente,
afirmando que esta, com sua personalidade centralizadora, sempre tomava para si as decisões. Reale
classificou as pedaladas como um "cheque especial" e assegurou que Dilma sabia não haver condição
para a edição de créditos suplementares.[167]

Janaína Paschoal, logo a seguir, defendeu que cada um dos pilares da sua denúncia tinha crimes de
responsabilidade e crimes comuns "de sobra". Ela rebateu a argumentação do governo de que não houve
dolo da presidente ao praticar as manobras fiscais, citando que o dolo ficou comprovado a partir do
momento em que o governo optou por não registrar as operações de crédito com bancos públicos, de
forma que estas não foram contabilizadas de maneira transparente. Além disso, ela acusou o governo de
ter usado o Programa de Sustentação de Investimentos (PSI), operado pelo BNDES, para obrigar esse
banco público a emprestar dinheiro a juros baixos para empresas de grande porte, e não a pequenas
empresas.[168][169][170]

Em 29 de abril, a defesa foi apresentada pelos ministros Barbosa e Kátia Abreu, além de Cardozo. Barbosa
explicou que a Lei Orçamentária Anual (LOA) estabelece condições para que decretos suplementares
sejam editados e que todos os seis decretos editados estavam de acordo com a lei porque todos se
valeram de três fontes legais: remanejamento de recursos financeiros, sem aumento do orçamento;
excesso de arrecadação; e superavit financeiro. Ele também citou uma mudança de interpretação do TCU,
decidindo que não mais se poderiam decretos com base em excesso de recursos ou superavit, decisão
que não poderia ser aplicada de modo retroativo; e ressaltou que os atos relativos às "pedaladas fiscais"
foram praticados por outras pessoas, não por Dilma.[171]

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Sessão da leitura do relatório na Comissão Especial do Senado, em 4 de maio.

Depois, Cardozo se manifestou declarando que o processo de impedimento era um ato político porque não
seguiu as fases de análise de contas legalmente previstas: primeiro precisaria haver um parecer do TCU,
que deveria ser mandado a uma comissão do Congresso e, depois, ao plenário. Ele lembrou que o
Congresso aprovou a mudança de meta fiscal quando o governo previu que a meta vigente não se
confirmaria. Segundo Cardozo, a operação de crédito não foi vedada pela lei e nem mesmo houve atos
praticados pela presidente, pois eles ficaram a cargo do Ministério da Fazenda. [171]

Em 4 de maio, o senador Anastasia apresentou um parecer favorável ao impedimento. O documento


contestou a versão de golpe em razão da transparência e da observância da lei no processo. Refutou
também a ilegitimidade em função da sua aceitação por Cunha, um adversário do governo, pois a
autorização da Câmara foi um ato colegiado do seu plenário. Anastasia defendeu o impedimento como um
mecanismo de equilíbrio entre os poderes, sendo portanto legítimo no presidencialismo.[172]

O relator repetiu as acusações de que as operações de crédito do governo foram empréstimos disfarçados,
configurando o crime de responsabilidade. A conclusão do seu relatório foi que "Os fatos criminosos estão
devidamente descritos, com indícios suficientes de autoria e materialidade, há plausibilidade na denúncia e
atendimento aos pressupostos formais, restando, portanto, atendidos os requisitos exigidos pela lei para
que a denunciada responda ao processo de impeachment".[172]

Votação do relatório da comissão

Resultado da votação no plenário do Senado por unidade federativa:

Sim—3 senadores

Sim—2 senadores; Não—1 senador

Sem maioria—1 sim, 1 não, 1 abstenção

Não—3 senadores

Não—2 senadores; Sim—1 senador

Em 6 de maio, a comissão especial do impeachment do Senado aprovou, por quinze votos a favor e cinco
contra, o relatório do senador Anastasia. O texto ainda seria submetido à votação no plenário. Para o
relatório ser aprovado, eram necessários os votos da maioria simples dos 21 integrantes da comissão,
portanto onze votos. Em 9 de maio, Calheiros declarou que iria desconsiderar a decisão de anulação da
votação no plenário da Câmara, tomada por Maranhão no mesmo dia, e dar prosseguimento ao rito, isto é,
com a votação do relatório aprovado.[173][174]

Em 11 de maio, às dez horas da manhã, começou a sessão que se destinava a votar o parecer da
comissão no plenário, na qual discursaram 71 senadores.[175] Após vinte horas, portanto já na manhã do dia
12, os senadores aprovaram a abertura do processo de impeachment da presidente por 55 votos a favor e
22 contra. Assim, Dilma foi afastada e Temer passou a ocupar interinamente o cargo de Presidente da

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República. Durante esse período, haveria o julgamento de Dilma, que ainda manteria alguns direitos do
cargo.[176]

Instauração e instrução do processo

Com o início do processo em si no Senado, haveria um julgamento oficial. Os senadores poderiam requerer
perícias e auditorias, assim como chamar testemunhas e especialistas. A defesa e a acusação novamente
iriam se manifestar e seria produzido um novo relatório, desta vez sobre o mérito do processo. Esse
parecer seria votado no plenário. Por maioria simples, o Senado decidiria se aceitaria ou não a pronúncia.
Caso a pronúncia fosse rejeitada, o processo seria arquivado e Dilma reassumiria a Presidência. Se a
pronúncia fosse aceita, começaria a última fase do processo, o julgamento. Após notificação e nova defesa
da presidente, seria marcada a sessão de julgamento, quando se daria a terceira e última votação no
plenário, conduzida pelo presidente do Supremo.[177]

Em 1º de junho, Cardozo entregou a defesa de Dilma. A peça de 570 páginas incluía as gravações
realizadas pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que mostravam conversas entre este
e Romero Jucá, asseverando que o único motivo do pedido de impedimento era colocar um fim à Lava Jato
e colocando em "arguição de suspeição" o relator do processo no Senado, Anastasia. Cardozo citou
também depoimentos que corroborariam a tese de que não houve irregularidades na edição dos decretos
suplementares. Para ele, as gravações seriam a prova de que não havia crime, e sim a preocupação da
classe política com a investigação conduzida pelo juiz Moro, nunca obstaculizada por Dilma. De resto,
Cardozo repetiu a tese de que as pedaladas não configuraram um crime de responsabilidade e de que o
processo estava repleto de "flagrantes nulidades e óbvio cerceamento do direito de defesa". [178]

Cardozo e Anastasia no início de agosto.

Em 8 de junho, a comissão ouviu durante horas testemunhas indicadas pela acusação. Estas acusaram o
governo Dilma de causar uma grande crise no país com a maquiagem das contas públicas, enquanto os
aliados da presidente sustentaram que ela não estava ciente das irregularidades e que o TCU mudou o seu
entendimento sem alertar o Executivo.[179] Em 13 de junho, as oitivas continuaram com a defesa de Dilma.
No entanto, a acusação decidiu abrir mão de quatro testemunhas, sob a justificativa de evitar a tentativa de
prolongar excessivamente os trabalhos da comissão, causando indignação entre os aliados da
presidente.[180]

No dia 27 de junho, foi apresentada uma perícia elaborada, a pedido da defesa, por técnicos do Senado,
apontando a existência de provas de que a presidente afastada agiu diretamente na edição de decretos de
créditos suplementares, sem autorização do Congresso. Não foi identificada, entretanto, uma ação de
Dilma no sentido de atrasar os pagamentos da União para bancos públicos – as chamadas "pedaladas
fiscais" – nos subsídios concedidos a produtores rurais, por meio do Plano Safra. [181]

Em 6 de julho, Dilma apresentou uma carta de defesa no Senado, que foi lida por Cardozo. O conteúdo da
defesa foi o mesmo visto antes: a presidente alegou ter errado, porém sem cometer crimes, e acusou o
Congresso de punir atos de rotina da gestão orçamentária. Sobre as pedaladas, Dilma afirmou que a
gestão do Plano Safra, e portanto os pagamentos, eram de responsabilidade do Ministério da Fazenda.
Segundo a presidente, os decretos que ampliaram créditos do orçamento não causaram impacto na
obtenção da meta fiscal, pois tratavam apenas de uma previsão de gastos e não determinavam o

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pagamento de despesas, que estavam limitadas naquele momento por um contingenciamento no caixa do
governo federal. Ela finalizou afirmando que o processo teve razões políticas, citando a tentativa de obstruir
a Lava Jato com um novo governo. A manifestação de Dilma marcou a última etapa da fase de
investigação da comissão.[182]

Em 12 de julho, a acusação apresentou as suas alegações finais. Os autores do pedido voltaram a afirmar
que Dilma cometeu crime ao decretos de créditos suplementares e ao praticar as "pedaladas fiscais".
Essa fase é chamada de "pronúncia", uma fase intermediária em que o colegiado ouviu depoimentos de
testemunhas, solicitou documentos para produção de provas, realizou perícias e acompanhou a leitura da
defesa pessoal da presidente. "De todo modo, haja vista o entendimento que prevaleceu nesta comissão,
os denunciantes asseveram que os crimes praticados no ano de 2015 são suficientes a ensejar o definitivo
afastamento da denunciada", afirmaram os autores da denúncia nas alegações finais. Os juristas também
afirmaram que a petista deveria ser afastada em definitivo "para o bem do país". Além disso, os citados
autores disseram que os decretos e as "pedaladas" foram um "golpe eleitoral" que atingiu o povo
brasileiro.[183]

Em 28 de julho, Cardozo entregou as alegações finais de Dilma na fase intermediária. O documento de 524
páginas repetiu a tese de que não houve crime de responsabilidade nas "pedaladas fiscais" e na edição de
decretos de crédito suplementar sem autorização do Congresso. A defesa incluiu o pedido do Ministério
Público do Distrito Federal para que a Justiça Federal arquivasse uma investigação aberta a fim de apurar
se houve crime em operações de crédito feitas por autoridades do governo da presidente Dilma. Além
disso, a defesa alegou que o processo de impeachment, que foi classificado como "golpe", foi aberto em
um ato de "vingança" e desvio de poder de Cunha. Por fim, alegou que a edição de decretos
complementares sem a autorização prévia do Congresso faz parte da "rotina" de presidentes da República
e não possui irregularidades.[184]

Sessão do Senado em que foi aprovado o relatório da Comissão Especial, em 10 de agosto.

Em 2 de agosto, Anastasia apresentou um parecer favorável ao processo de impeachment de Dilma. Ele


apontou no relatório que havia provas de que Dilma teve responsabilidade sobre as ações de governo que
configuraram crimes de responsabilidade. O relatório considerou que houve ilegalidade nos dois pontos da
denúncia do impeachment: a edição de decretos que ampliaram a previsão de gastos do governo e as
chamadas "pedaladas fiscais" no Plano Safra. Em 4 de agosto, os senadores integrantes da comissão
aprovaram o relatório em votação vencida por 14 votos a 5. Assim, foi encerrada a segunda fase do
processo, chamada "juízo de pronúncia", e o passo seguinte seria a votação do parecer no plenário do
Senado. Se aprovado, os senadores decidiriam se havia elementos que justificassem o julgamento da
presidente.[185][186]

Na madrugada de 10 de agosto, o Senado aprovou, por 59 votos a 21, o texto principal do relatório, que
recomendava a condução a julgamento da presidente afastada na Casa. Consequentemente, a presidente
passou à condição de ré no processo. Comandada por Lewandowski, a sessão teve início às 9h44min do
dia 9. A previsão inicial era a de que duraria pelo menos vinte horas e o relatório só fosse votado de
madrugada. No entanto, a sessão foi encurtada depois de vários senadores inscritos, principalmente do
PSDB e do PMDB, abrirem mão dos dez minutos a que cada um teria direito para discursar. Além dos
discursos pró e contra Dilma, houve um pedido de suspensão e um questionamento de legitimidade do
Senado e do relator, ambos rejeitados; e uma etapa de manifestações finais da acusação e da defesa.

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Com a conclusão da votação do relatório, o processo deveria ir a julgamento final no plenário do Senado,
no fim do mês.[187]

Julgamento

Fernando Holiday, Kim Kataguiri (sentados, ao celular) e Joice Hasselmann (direita, de branco) em 29 de
agosto de 2016 no Senado, acompanhando uma das votações do processo de impeachment.

Em 10 de agosto, a acusação apresentou o chamado libelo acusatório, que continha as acusações finais
contra a presidente Dilma. Embora houvesse o prazo de 48 horas para apresentar esse documento, os
juristas responsáveis pelo pedido de impedimento se anteciparam para acelerar o julgamento. Além disso,
Miguel Reale Júnior informou que a acusação iria abrir mão de três das seis testemunhas a que teria direito
no processo e sinalizou que, no dia do julgamento final, poderia até dispensar outras. A defesa também
escalou as suas testemunhas, as mesmas que já haviam sido ouvidas pela comissão especial. [188] Após a
entrega das peças acusatória e defensiva, Lewandowski marcou para o dia 25 de agosto de 2016 o
julgamento final do processo de impeachment.[189] Em 12 de agosto, Cardozo entregou a defesa de Dilma,
como uma resposta ao libelo, e foi definido o cronograma do julgamento, que se estenderia do dia 25 ao
dia 30, podendo contar com o comparecimento da presidente.[190]

Em 25 de agosto, a etapa final teve início com uma tumultuada sessão que se estendeu da manhã da
quinta-feira até o começo da madrugada do dia seguinte, consistindo apenas de inquirição de
testemunhas.[191] Em 27 de agosto, Nelson Barbosa usou mais uma vez o argumento de que os decretos
de crédito suplementar foram emitidos de acordo com a lei e que a mudança de entendimento do Tribunal
de Contas da União não poderia ser usada de forma retroativa para condenar a presidente afastada. Ele
também contestou a caracterização das pedaladas como operações de crédito, citando documentos do
próprio TCU e de outros órgãos oficiais. Portanto, do seu ponto de vista, não se poderia falar em crime de
responsabilidade.[192]

Dilma Rousseff defendendo-se no julgamento de seu processo de impeachment, em 30 de agosto de 2016.

Em 29 de agosto, Dilma compareceu ao Senado para se defender pessoalmente. Ela afirmou que não
cometeu crimes de responsabilidade e que era vítima de um golpe de Estado. Disse também que só o povo

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pode afastar um presidente pelo que ela chamou de "conjunto da obra", visto que o presidencialismo não
prevê a destituição do presidente quando este perde a maioria no Congresso. O discurso se estendeu das
9h53min às 10h39min. Seu conteúdo incluiu: referências à tortura sofrida durante a ditadura militar; sua
convicção na democracia; a suposta ilegitimidade de Temer, a quem chamou de "usurpador"; a condição
de "golpe" do processo de impedimento; e o medo de uma ruptura democrática no país. Dilma asseverou
que não estava em jogo o seu mandato, mas sim as conquistas sociais dos últimos treze anos e atribuiu a
Cunha a autoria do assim considerado golpe. Ela finalizou pedindo aos senadores que votassem pela
democracia, esquecendo seus sentimentos pessoais.[193]

A sessão continuou com respostas da presidente às perguntas dos 48 senadores inscritos. Sobre os
decretos, ela respondeu que eles não descumpriam a legislação, pois a necessária autorização do
Congresso já estava contida na lei orçamentária. Segundo Dilma, o entendimento de que a prática seria um
tipo ilegal de operação de crédito só foi fixado pelo TCU no final de 2015 e os atrasos aos bancos já
ocorriam em governos anteriores. Ela também afirmou que o Plano Safra do Banco do Brasil não era
administrado diretamente por ela, o que excluiria a possibilidade de ser condenada pelas "pedaladas
fiscais". Ao ser confrontada por senadores com o argumento de que o seu governo agravou a crise
econômica, Dilma mencionou os impactos da crise internacional no país e disse ter feito "o impossível" para
que os efeitos negativos não fossem sentidos no Brasil. A respeito da Petrobras, ela rebateu as críticas de
que o seu governo teria destruído a empresa e afirmou que os investimentos em pesquisa e produção no
pré-sal, na verdade, resgataram a estatal.[194]

No dia 30 de agosto, houve debates dos advogados de defesa e acusação, além de discursos dos
senadores; 43 fizeram discursos favoráveis ao impeachment e dezessete fizeram discursos contrários a
ele.[195][196][197] Em 31 de agosto, quarta-feira, o plenário do Senado condenou Dilma Rousseff à perda de
seu cargo por 61 votos a 20, sob a acusação de ter cometido crime de responsabilidade fiscal. Houve uma
segunda votação para decidir se Dilma deveria perder seus direitos políticos, com placar de 42 votos
favoráveis e 36 desfavoráveis. Como houve três abstenções e seriam necessários 54 votos a favor,
consequentemente ela não perdeu os direitos e ainda poderia se candidatar a cargos públicos. A
condenação ocorreu após seis dias de julgamento no Senado, contando-se no total sete votações, desde
11 de abril de 2016, quando a Câmara aprovou o parecer da comissão especial. [198]

O chamado "fatiamento" da condenação, que consistiu em aplicar a pena de perda do cargo, mas afastar a
pena de inabilitação para o exercício de função pública, gerou enorme controvérsia no meio político e
jurídico, o que levou ao questionamento perante o Supremo Tribunal Federal da decisão do Ministro
Ricardo Lewandowski de admitir o requerimento de destaque para votação em separado da segunda parte
da pena. Os Secretários-Gerais do Senado Federal, Luiz Fernando Bandeira de Mello, escrivão do
processo, e do Supremo Tribunal Federal, Fabiane Duarte, responsáveis por assessorar o Ministro na
Presidência das sessões no Senado,[199] deram entrevistas[200] e publicaram artigos[201] buscando defender
o posicionamento do Presidente do STF.

Eventos Relacionados

Estratégia governista

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O ex-presidente Lula atuou como o principal negociador do governo junto aos congressistas.[202][203]

Dilma criou uma estratégia que consistia em judicializar o processo no STF, [204][205] apoiar os aliados,
afastar os rebeldes, abrir os cofres públicos e principalmente rachar o PMDB, cujos votos seriam o
diferencial.[206] Ela mirava sua ofensiva no comando de Temer no PMDB, atraindo com cargos quem
desafiasse o vice-presidente e ficasse do lado dela, assim como tirando os cargos governamentais dos
aliados dele. Além disso, o governo tentava atrair o apoio de partidos médios e pequenos, como o PP, PSD
e PR.[204][207] Dilma também tentava vincular sua queda ao fim de programas sociais, como o Bolsa Família,
e até mesmo ameaçou recorrer à Organização dos Estados Americanos (OEA).[206]

Segundo a revista IstoÉ, o governo lançou mão de toda forma de compra de votos para assegurar a sua
vitória na Câmara. A negociação envolvia desde emendas constitucionais e cargos públicos até dinheiro
em caixa, lembrando o caso do Mensalão. Entretanto, aquela compra de votos era feita com o desvio de
verbas públicas e a lavagem de dinheiro por meio de agências de publicidade. Agora, o dinheiro negociado
com os deputados vinha diretamente do orçamento federal, dos impostos.[208]

Silvio Costa (PTdoB-PE) era o responsável por negociar pessoalmente com os seus colegas os votos
contra o impedimento, o que ele fazia até mesmo sob os olhos da imprensa. O governo abordava até os
deputados que declararam apoio ao processo, como Heitor Schuch e José Stédille, ambos do PSB gaúcho,
os quais teriam recebido a proposta de R$ 2 milhões pelo voto favorável a Dilma. [208][209]

Ainda conforme a revista, Lula, auxiliado por Jaques Wagner e Ricardo Berzoini, mantinha um escritório
dentro de um hotel de luxo em Brasília, no qual recebia políticos e oferecia cargos e emendas, de uma
forma totalmente pragmática: quem oferecesse mais votos receberia mais vantagens. Em uma visita
domiciliar, o PT ofertou a Helder e Jader Barbalho uma série de benefícios, como R$ 3,2 bilhões para obras
portuárias no Pará, com vistas à campanha pelo governo do estado. A partir de então, Hélder se tornou um
dos mais ativos articuladores, dentro do PMDB, a favor de Dilma.[208][210]

Outro aliado que o PT conquistou foi Ciro Nogueira, presidente do Partido Progressista, cuja missão era
conseguir os votos de sua bancada. Dentro da Câmara, o deputado Aguinaldo Ribeiro, o Ministro de
Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, o ex-ministro Alfredo Nascimento, o ex-prefeito de São
Paulo, Gilberto Kassab, e o líder do governo na Câmara, José Guimarães, eram articuladores do governo
na Casa. Havia também uma investida em deputados do interior, menos suscetíveis às pressões do
eleitorado e mais presos às conveniências locais, sendo portanto mais sedentos de emendas e cargos.[208]

A versão de compra de votos foi contestada pelo ministro Berzoini. Ele disse que o governo estava
conversando com os deputados, caso a caso, corpo a corpo, procurando pessoas que ouvissem seus
argumentos. Segundo o ministro, o propósito do governo era buscar demonstrar que o pedido
de impeachment era improcedente com base em argumentos, os quais procuravam provar que não havia
configuração de crime de responsabilidade e que o relatório de Jovair estava politizando um exame que era
fundamentalmente um exame de mérito.[211]

Ainda nas palavras de Berzoini, a ação do governo era absolutamente direta, transparente, no sentido de
mostrar que não se pode brincar com a democracia, e que era hora de ter um juízo absolutamente
desprovido de paixões. Não se tratava de gostar ou não do governo, de apoiar ou não a presidente, mas
sim de cuidar da democracia, que é um bem fundamental de todo o povo brasileiro. Naquele momento,
Dilma estava se reunindo com líderes partidários favoráveis a ela, incluindo membros do PMDB. Depois do
encontro, ela fez um discurso em que propôs um "grande pacto" e um "diálogo nacional" com todos os
segmentos da sociedade, caso o impeachment fosse derrotado.[211]

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Estratégia oposicionista e virada do PMDB

Reunião do PMDB que decidiu romper com o governo Dilma, em 29 de março.

A oposição também tinha uma estratégia para vencer Dilma no plenário. Uma das medidas era estimular as
pessoas a se reunirem nas ruas, em grandes protestos por todo o país, o que foi feito com grande êxito por
meio da internet. Outra arma era pressionar diretamente os parlamentares que não declaravam
explicitamente o seu posicionamento a respeito do processo. Um dos grupos oposicionistas mais atuantes,
o movimento Vem Pra Rua, mapeou declarações públicas contra e a favor do impeachment feitas por
parlamentares em suas redes sociais e páginas oficiais e criou uma ferramenta virtual chamada Mapa do
Impeachment, que contabilizava os votos a cada momento e encorajava os internautas a pressionarem os
deputados indecisos nas redes sociais.[212]

Em dezembro de 2015, o jornal O Estado de S.Paulo informou que um movimento pró-impeachment estava
sendo articulado pelo vice-presidente Temer, colocando-se francamente ao lado da oposição. Ele pretendia
primeiro unificar seu partido para depois conseguir o apoio de vários outros e então pressionar os ministros
da sigla. Temer havia dito que convocaria uma convenção para consolidar o rompimento com o governo se
Dilma insistisse em Leonardo Picciani para a liderança do PMDB na Câmara.[213]

Em 27 de março, Temer já tinha oitenta por cento dos votos do diretório nacional. Além disso, havia um
esforço para que os outros partidos da base aliada se unissem ao PMDB. O governo fazia tentativas
desesperadas para manter a base, mas muitos consideravam que era tarde demais. Dois dias depois,
Temer obteve uma grande vitória, pois o diretório nacional, em reunião de apenas três minutos, decidiu
romper com o governo e determinou que todos os seus seis ministros deveriam abandonar os respectivos
cargos. A reunião foi comandada pelo senador Romero Jucá, o primeiro vice-presidente. A decisão, além
de enfraquecer a presidente, gerou a expectativa de que outros partidos da base aliada abandonassem o
governo.[214]

Além de comandar o desembarque do PMDB, Temer já começava a construir o seu possível governo. O
senador Jucá assumiu as funções de porta-voz e de articulador político para garantir o sucesso dessa
potencial gestão. Ele negociava cargos com os mesmos partidos que Dilma tentava trazer para o seu lado:
PP, PR, PSD e PTB. A única diferença era a forma de pressão: Jucá perguntava aos parlamentares se eles
queriam ficar nos cargos de um governo que poderia cair em breve ou se preferiam aderir a Temer pelos
próximos dois anos e meio.[215]Dessa forma, Jucá foi o principal operador do grupo de Temer na busca dos
votos necessários para a aprovação do pedido de impeachment no plenário da Câmara, oferecendo cargos
no futuro governo Temer a partidos políticos.[216].

A missão que Temer confiara a Jucá era dupla. A primeira era defender o vice-presidente dos ataques que
ele vinha sofrendo de integrantes da cúpula do PT e do Planalto desde o desembarque do partido. A
segunda, considerada internamente como a mais relevante, era contrabalançar as manobras de Lula para
manter a integridade da base aliada e conter o avanço do processo contra Dilma. Para melhor atingir suas
metas, ele se encontrava com líderes partidários que queriam se manter ao lado da presidente e buscava
aproximação com Cunha. Entretanto, ele também sofria críticas dos ministros do partido que permaneciam
no governo.[215]

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Em 11 de abril, Temer enviou um áudio a parlamentares do PMDB, praticamente se assumindo como o


novo presidente. Ele disse que esperaria a decisão do Senado, no qual tinha plena confiança, mas já
começava a falar de uma eventual gestão, enfatizando que não iria acabar com os programas sociais, mas
iria exigir sacrifício da população. Para ele, o fundamental seria a unificação do país e o apoio de todos os
partidos para que pudesse haver um governo de "salvação nacional". A participação da iniciativa privada
também seria fundamental na recuperação do país. Pela versão oficial, o áudio foi equivocadamente
divulgado por Temer em um grupo do Whatsapp. De qualquer forma, o vice-presidente assumiu a autoria
do discurso, que foi visto como um "ensaio" de seu primeiro pronunciamento à nação se
o impeachment fosse concretizado.[217][218][219]

O áudio de Temer recebeu ampla repercussão. No governo, o impacto foi bastante negativo:[220] enquanto
Dilma acusou Temer de chefiar uma conspiração contra ela, ministros governistas defenderam que o vice
deveria renunciar caso o impeachment fosse derrotado.[221][222] Nos dias seguintes, Temer passou a
receber, no Palácio do Jaburu, visitas de parlamentares favoráveis ao impeachment e articular
pessoalmente a aprovação do afastamento da presidente.[223][224]

Posições partidárias

A tabela abaixo indica as posições que as executivas de cada partido anunciaram, bem como o número da
bancada de cada partido na Câmara dos Deputados e no Senado.

Composição da Câmara dos Deputados Composição do Senado em fevereiro de


em fevereiro de 2016: 2016:

PMDB PMDB

PT PT

PSDB PSDB

PP PSB

PR PP

PSD PDT

PSB DEM

DEM PR

PRB PSD

PDT PTB

PTB PMB

SD PSC

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PTN PRB

PCdoB PCdoB

PSC PPS

PPS REDE

PHS PV

Sem partido

Bancadas
Partidos
Posição Ref
políticos [225] [226]
Câmara Senado

PMDB 68 18 [227]

PSDB 51 11 [228]

PP 47 6 [229]

DEM 28 4 [230]

PSB 31 7 [231]

PSD 36 3 [232]

PRB 22 1 [233]

A favor [234]
PTB 19 2
(15)

PTN 13 0 [235]

SDD 14 0 [236]

PSC 9 1 [237]

PPS 8 1 [238]

PV 6 1 [239]

PHS 7 0 [240]

REDE 5 1 [241]

PT 57 11 [242]
Contra
(5) [243]
PR 40 4

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PDT 20 3 [244]

PCdoB 12 1 [245]

PSOL 6 0 [246]

Manifestações favoráveis de pessoas e entidades

Manifestação em São Paulo contra a corrupção e o governo Dilma, em 13 de março de 2016.

Durante o processo de impedimento, houve manifestações populares. Em 13 de dezembro de 2015,


ocorreu um ato em Brasília, que durou três horas e reuniu seis mil pessoas. A convocação foi feita
pelas redes sociais e pedia não só o impedimento de Dilma como também a cassação do mandato de
Eduardo Cunha. Atos semelhantes ocorreram em outras cem cidades, incluindo todas as capitais.
Entretanto, esse evento foi menor que os anteriores (como o de maio), embora igualmente distribuído pelo
país. Havia pessoas de variadas inclinações políticas, mas o objetivo comum era protestar contra o
governo e a corrupção.[247][248][249]

Todavia, em março de 2016, vários fatos agitaram a opinião pública a favor do impeachment e contra o
governo do Partido dos Trabalhadores: a prisão, pela Operação Lava Jato, do publicitário João Santana,
marqueteiro das duas campanhas que elegeram Dilma; o vazamento da delação premiada do
senador Delcídio do Amaral, a qual continha graves acusações de que a presidente tinha conhecimento do
esquema de corrupção na Petrobras e de que teria tentado obstruir as investigações da Justiça; e o pedido
de prisão do Ministério Público de São Paulo contra o ex-presidente Lula, que se tornou o alvo principal
da Operação Aletheia e foi acusado dos crimes de falsidade ideológica, corrupção passiva e lavagem de
dinheiro.[250][251] Além disso, Lula estaria sendo cotado para assumir um ministério, com o objetivo declarado
de evitar o impeachment, além da vantagem, cogitada pela imprensa e oposição, de obter o foro
privilegiado.[252]

Diante desse quadro, no dia 13 de março, os movimentos a favor do impeachment realizaram protestos em
todo o país, tendo como principais objetivos protestar contra o governo Dilma, a favor da Operação Lava
Jato e em apoio à destituição da mandatária, além de apoiar o juiz federal Sérgio Moro.[253][254] O protesto
foi considerado o maior ato político da história do país, superando as Diretas já de 1984.[255] Segundo os
organizadores, eram 6,9 milhões de pessoas nas ruas, em 460 municípios de todos os estados do país e
no Distrito Federal. Já de acordo com as polícias militares, esse número foi de 3,6 milhões. [256]

Protesto contra a nomeação do ex-presidente Lula como Ministro da Casa Civil, em 16 de março de 2016.

Após a divulgação de gravações entre Lula e a presidente Dilma, o conteúdo de uma das conversas gerou
dúvidas sobre a real intenção de Dilma, e sugeriu-se que a presidente estava tentando obstruir a justiça
com a nomeação.[257][258][259][260] A confirmação da posse de Lula como Ministro da Casa Civil causou grande
indignação pública,[261][262][263] com protestos em muitas cidades do país.[264][265] Os eventos da quebra do
sigilo e da posse de Lula agravaram a crise política e, consequentemente, os riscos de o pedido
de impeachment ser levado até o fim, com a perda do cargo de Dilma.[266][267]

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Além disso, houve manifestações de especialistas. Gustavo Franco, que foi Presidente do Banco
Central no governo de Fernando Henrique Cardoso, declarou que a recessão pela qual o país passava
podia ser a pior desde 1900, quando os números passaram a ser confiáveis. Ele teorizou que o erro do
governo foi começar a gastar demais depois da descoberta do pré-sal, como se o Brasil fosse uma
nova Venezuela, rico em petróleo, e como se não houvesse mais limites para os gastos públicos. Ainda nas
suas palavras, a solução econômica moderna para os países era conter gastos e a dívida interna do país
estava fora da capacidade de pagamento do governo. Ele também citou a corrupção e disse que as
"pedaladas fiscais", que eram uma manobra para pagar programas sociais, foram uma confissão de
crime.[268]

As entidades e organizações da sociedade também se pronunciaram. A Federação das Indústrias do


Estado de São Paulo (FIESP), após uma pesquisa segundo a qual os empresários de São Paulo eram
majoritariamente a favor do impedimento, aderiu ao movimento favorável ao processo, no que foi apoiada
pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) e pelas principais entidades empresariais
paulistas. A decisão foi tomada em conselho, por unanimidade.[269] [270] Outra entidade, a Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), decidiu, em dezembro de 2015, posicionar-se
favoravelmente ao pedido de impeachment da presidente Dilma.[271][272]

Manifestações contrárias de pessoas e entidades

Dilma durante reunião com governadores contrários ao impeachment, em 8 de dezembro de 2015.

Assim como houve manifestações favoráveis, houve também manifestações contrárias. O Conselho
Nacional de Igrejas Cristãs e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil se postaram oficialmente contra
o processo de impedimento.[273]Algumas universidades também protestaram. Em 10 de dezembro, reitores
e pró-reitores de 41 universidades e institutos técnicos federais entregaram uma carta de manifestação
contra o pedido.[274] Além disso, diversas entidades de trabalhadores se uniram ao grupo contrário ao
processo: a Central Única dos Trabalhadores, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, a União
Nacional dos Estudantes, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura e a Marcha Mundial
das Mulheres.[274]

Além dessas instituições, dezesseis governadores, durante um encontro com Dilma, assinaram a "Carta
pela Legalidade", contrária ao processo.[275] Mais tarde, dezesseis prefeitos de capitais se uniram aos
governadores nesse protesto.[276] A presidente também recebeu o apoio de trinta juristas, que se reuniram
com ela no dia 7 de dezembro.[277]Um deles, o professor Luiz Moreira Gomes Júnior, questionou a base
constitucional do pedido e a credibilidade de Cunha para conduzi-lo.[278]

O jurista Marcello Lavenére, que era presidente da OAB em 1992 e que foi o autor do pedido
de impeachment de Fernando Collor, afirmou que o caso de Dilma era diferente porque ela não era alvo de
acusações de prática de atos ilícitos.[279][280] Na visão de Lavenére, seria na verdade um caso de disputa
política; ele repudiou a controvérsia sobre a meta fiscal, defendendo a impossibilidade de um mandato ser
afetado por atos do mandato anterior (as pedaladas).[280] Segundo esse raciocínio, os atos da presidente no
primeiro mandato poderiam ser usados contra ela na esfera judicial, mas não poderiam barrar o segundo
mandato.[280]

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Manifestantes a favor do impeachment (no lado direito) e contra o impeachment (no lado esquerdo)
ocupam a Esplanada dos Ministérios durante o processo de votação na Câmara dos Deputados.

Outras lideranças políticas nacionais também se manifestaram. Flávio Dino (PCdoB-MA), Ciro
Gomes (PDT-CE) e Carlos Lupi (PDT-RJ) lançaram um movimento chamado "Rede da Legalidade contra
o impeachment da presidente Dilma Rousseff".[281] Os líderes políticos pretendiam usar a Internet, mais
precisamente as redes sociais, para defender sua oposição ao pedido. Eles criaram a página "Golpe nunca
mais" no Facebook. O nome era uma referência ao projeto "Brasil nunca mais", que denunciou os crimes
cometidos pela ditadura militar contra os seus opositores políticos. Segundo os políticos citados,
o impeachment era um golpe porque o processo feria a Constituição. Dilma não teve, segundo eles,
participação direta em crimes de responsabilidade.[282][283][284]

Quanto às manifestações populares, movimentos sociais e sindicais, professores e estudantes fizeram


passeatas nas ruas, no dia 16 de dezembro, em 23 cidades, incluindo dezoito capitais, defendendo o
Partido dos Trabalhadores e a democracia, manifestando-se contra o pedido de abertura
de impeachment da presidente Dilma Rousseff e pedindo a saída de Eduardo Cunha da
Câmara.[285] Participaram do ato integrantes da CUT, da Intersindical, do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST), do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), da Central dos
Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), da União Nacional dos Estudantes (UNE), entre outras
entidades.[285]

Logo após a formação da comissão de impedimento na Câmara dos Deputados, houve uma série de
manifestações pró-Dilma em todo o país. Os 26 estados e o Distrito Federal tiveram protestos na sexta-
feira, 18 de março, com gritos de "não vai ter golpe" e faixas "em defesa da democracia".[286] Os atos foram
convocados por movimentos sociais e pelas entidades CUT e UNE. Lula fez um discurso na manifestação
da Avenida Paulista, em São Paulo. Ele disse que "entrou no governo para fazer a coisa que tem que
fazer" e que o restante do mandato de Dilma "é tempo suficiente para a gente virar esse país". [286]

Durante o processo, muitos atos públicos contra e a favor continuaram acontecendo. Em 31 de março, no
momento da efervescência da comissão especial, milhares de pessoas foram às ruas em diversas cidades,
protestando contra o pedido de impedimento e se posicionando "a favor da democracia". Esse evento foi
convocado pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo. Responsáveis por reunir mais de
sessenta movimentos sociais e sindicatos, as entidades também protestaram contra o ajuste fiscal e a
reforma da Previdência. Os outros partidos de esquerda aderiram ao movimento, apesar das divergências
com o governo.[287]Na Praça da Sé, cerca de cinquenta mil pessoas se reuniram com o bordão "Em Defesa
da Democracia, Golpe Nunca Mais". Reuniões populares semelhantes aconteceram por todo o país. [287] De
acordo com as estimativas, entre 159 mil (segundo as polícias militares) e 824 mil (segundo os
organizadores) pessoas estiveram presentes.[288]

Horas após a cassação, a Frente Nacional de Prefeitos expressou insegurança diante do precedente criado
pela decisão. "O precedente do impeachment de um governante por não atendimento à lei fiscal, nos leva a
considerar que os demais governantes, sejam prefeitos ou governadores, também estão com seus
mandatos ameaçados", declarou o secretário-executivo da entidade.[289]

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Manifestações internacionais

Imprensa estrangeira

Capa do Página/12 sobre o processo contra Dilma. Para o jornal argentino, o afastamento da presidente
seria um "golpe institucional".

Até meados de agosto de 2015, a imprensa internacional colocou-se majoritariamente contrária


ao impeachment de Dilma. Nesse sentido, o The New York Times, o The Financial Times, o El País e
o France Presse divulgaram editoriais ou notícias contrários à medida.[290] Na opinião do Financial Times,
se fosse destituída, Dilma "provavelmente seria substituída por outro político medíocre". Na avaliação
do France Presse, o impeachment colocava em risco a democracia no país,[291] enquanto o The New York
Times expôs que a presidente "admiravelmente não demonstrou esforços para constranger ou influenciar
as investigações [da Operação Lava Jato]".[292]

Logo após a aceitação do pedido, o jornal francês Le Figaro declarou que "A decisão de abrir o processo
de impeachment arrisca afundar o Brasil em uma gravíssima crise política que pode paralisar por meses o
gigante da América Latina (...)".[293] O italiano La Repubblica relatou que o processo era um confronto entre
o Presidente da Câmara e a Presidente da República.[294] Da mesma forma, o Le Monde citou que a
abertura do processo era um ato de vingança pessoal de Eduardo Cunha.[295]

Em 18 de março de 2016, um editorial do The New York Times afirmou que Dilma estava "lutando por
sobrevivência política" no momento em que o clamor por seu impeachment aumentava e classificou como
"ridículos" os motivos apresentados para nomear Lula.[296] A Bloomberg igualmente criticou a nomeação de
Lula, dizendo que "Dilma Rousseff zomba da Justiça brasileira".[297] Em 20 de março, o The Guardian,
também em editorial, declarou que, se Dilma não conseguisse restaurar a calma, deveria convocar novas
eleições ou renunciar. O jornal também disse que a crise poderia levar a uma intervenção militar e
evidenciava mais um exemplo de reversão da "guinada à esquerda". [298]

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Capa da The Economist que abordou o processo contra Dilma. Nesta edição, a publicação considerou que
era a "hora de ir" da presidente.

Em 23 de março, a The Economist publicou uma matéria com o título Time to go (ou "hora de ir", em
tradução livre). Segundo a matéria, a saída de Dilma "ofereceria ao Brasil a oportunidade de um novo
começo".[299] Em relação a um potencial governo Temer, a revista disse que "Apesar de o mercado
empresarial enxergar possível melhora da economia com Temer no comando do governo, os brasileiros
não compartilham esse entusiasmo".[299] A publicação também ressaltou que o próximo presidente iria
herdar muitos conflitos políticos, retração do PIB, inflação alta, grande desemprego e outros problemas na
economia.[299]

As reações da imprensa europeia à votação no plenário da Câmara foram bastante negativas. O El


País ridicularizou os argumentos dos deputados que votaram a favor da admissibilidade do impeachment,
afirmando que os motivos reais para o impedimento foram esquecidos.[300] A revista Der Spiegel afirmou
que o Congresso mostrou "sua verdadeira cara" e que os oposicionistas cobrariam cargos no governo de
Temer e esperavam extinguir a Operação Lava Jato. O semanário Die Zeit afirmou que a votação parecia
um carnaval, citando "lembranças aos netos, xingamentos contra a educação sexual nas escolas, paz
em Jerusalém (...)". O diário Süddeutsche Zeitung lembrou que não havia provas de corrupção contra
Dilma e que muitos dos parlamentares eram alvos de processos por corrupção.[301]

Para o The Guardian, o ponto mais baixo da votação da Câmara foi quando Jair Bolsonaro dedicou seu
voto a Carlos Brilhante Ustra, o coronel que comandou a tortura do DOI-CODI durante a ditadura militar, e
levou uma cusparada do deputado Jean Wyllys. O El País também mencionou o tumulto e "cânticos um
tanto ridículos às vezes", acusando a condução de Cunha de ser "um sintoma da estrutura moral de boa
parte do Congresso brasileiro". O Le Monde destacou que o marketing do governo sobre a prática de
"golpe" contra a presidente não teve sucesso, apesar de boa parte dos deputados favoráveis
ao impeachment também serem acusados de corrupção, assegurando ainda que Dilma caiu devido a
"erros econômicos, diplomáticos e políticos que ajudaram a fazer dela a chefe de Estado mais impopular da
história da jovem democracia brasileira".[301]

Após a votação da instauração do processo no Senado, o The Guardian e o The New York
Times criticaram o processo em editoriais. Para o primeiro, o sistema político é que deveria ser julgado, e
não Dilma. O segundo, por sua vez, afirmou que a presidente afastada pagou um preço
"desproporcionalmente alto" por erros administrativos que cometeu, enquanto vários de seus maiores
detratores foram acusados de crimes mais flagrantes. O Financial Times avaliou o afastamento como
"longe de ser perfeito", mas ponderou que, se o governo substituto conseguisse colocar a economia de
volta aos trilhos e continuasse com a luta contra a corrupção, deixaria um legado considerável".[302]

Em 31 de agosto, dia da declaração de impedimento de Dilma, a imprensa estrangeira não se mostrou


otimista quanto ao futuro do Brasil. Para o The Washington Post, o processo serviu apenas para alienar
mais ainda eleitores desencantados com o sistema político e expor as fraquezas do mesmo, além de
desorganizar a esquerda brasileira e revelar um presidente interino tão impopular quanto Dilma. O Wall

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Street Journal afirmou que uma possível reforma da Previdência e um limite constitucional aos gastos
públicos provavelmente não passariam no Congresso, enquanto as primeiras ações de Temer no cargo iam
em sentido oposto: carência a estados endividados com a União e aumentos para servidores públicos
muito bem pagos. A revista Fortune descreveu a permanência, no Brasil, de um cenário de "tempestade
perfeita": economia global menos favorável, recessão profunda, desequilíbrio fiscal, escândalo de
corrupção em curso e o usual embate político. O Clarín, da Argentina, escreveu que todos eram culpados e
que o erro institucional de ter tirado Dilma à força, além do precedente inquietante de fragilidade
democrática que se derramava sobre a região, tinha o agravante de não ter aprofundado o caminho para
convocar eleições antecipadas, que constituiriam um governo eleito para pilotar uma tempestade destinada
a se agravar .[303]

Líderes estrangeiros e entidades internacionais

Em 22 de março, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) das Nações
Unidas enviou uma mensagem à presidente Dilma, respaldando o Estado Democrático de Direito e o
exercício do Poder Executivo. A secretária desse organismo, Alicia Bárcena, citou os avanços sociais e
políticos do Brasil na última década e manifestou a sua preocupação com a estabilidade democrática do
país. Ela enfatizou o compromisso de Dilma com a justiça e a igualdade: "Nunca, na história do Brasil,
tantos e tantos de seus compatriotas conseguiram fugir da fome, da pobreza e da desigualdade". Ao
reconhecer a cultura da corrupção, ela apoiou "a criação de nova legislação mais severa e instituições
repressivas mais fortes". E completou, dizendo-se preocupada com os ataques midiáticos que visavam a
"demolir a sua imagem e o seu legado, ao mesmo tempo em que se multiplicam os esforços para reduzir a
autoridade presidencial e interromper o mandato que os cidadãos lhes deram nas urnas". [304]

Ban Ki-moon afirmou que qualquer instabilidade política no Brasil era uma preocupação para a ONU.

Os presidentes Evo Morales, da Bolívia, e Nicolás Maduro, da Venezuela, alertaram para o risco de um
"golpe de Estado" contra Dilma.[305] O uruguaio Tabaré Vázquez também declarou ser contrário ao
afastamento de Dilma.[306] Morales foi além e pediu uma reunião de emergência da UNASUL, com o
objetivo de defender a presidente brasileira.[307] Em meados de março de 2016, a assessora de Segurança
Nacional dos Estados Unidos, Susan Rice, afirmou que "Os cidadãos estão levantando suas vozes em
nome de princípios que estão na base das sociedades democráticas e justas, incluindo o Estado de Direito,
o devido processo legal e [a necessidade de] prestação de contas".[308] Poucos dias depois, o
presidente Barack Obama avaliou que o "Brasil tem uma democracia madura, vai superar a crise e sair
fortalecido".[309]

Em 12 de abril, a ONU voltou a se manifestar. Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado da


ONU para Direitos Humanos, em uma conferência de imprensa em Genebra, na Suíça, fez um apelo para
que o Poder Judiciário fosse respeitado e para que a democracia brasileira, pela qual o país lutou tanto,
não fosse minada no processo de impedimento. Na semana anterior, o Secretário-Geral Ban Ki-moon já
havia dito que, embora o problema político ainda fosse doméstico, o Brasil é um país muito importante e

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que qualquer instabilidade política no país é uma preocupação social para a entidade, pedindo aos líderes
nacionais a prevenção de um impacto internacional a partir da crise corrente. [310]

Em 19 de abril, a Associação Latino-Americana de Juízes do Trabalho alertou a comunidade internacional


sobre o que foi definido como um golpe parlamentar em andamento contra Dilma. A associação reúne
juízes trabalhistas da América Latina e do Caribe. A nota emitida destacou que o processo, quebrando a
ordem constitucional, foi estritamente político e movido pelo partido derrotado nas eleições de 2014,
lembrando que a tomada de poder por políticos derrotados vinha se tornando frequente na América Latina.
Esses precedentes, segundo a associação, seriam "os golpes perpetrados contra os então presidentes de
Honduras, Manuel Zelaya, em 2009, e do Paraguai, Fernando Lugo, em 2012".[311]

Em 18 de maio, pela primeira vez, representantes dos Estados Unidos defenderam a legalidade do
processo de impedimento. Em um debate na Organização dos Estados Americanos, o representante norte-
americano Michael Fitzpatrick disse que não havia um golpe branco no Brasil e que o processo estava
respeitando a legislação e a democracia. Isso aconteceu logo após representantes da Venezuela, de
Honduras e da Bolívia terem pedido para falar e denunciado um suposto golpe branco em andamento no
Brasil. Da mesma forma que os norte-americanos, o representante da Argentina também rejeitou a tese de
que o afastamento da presidente era um golpe.[312]

Outros fatos relevantes

Posicionamento da Ordem dos Advogados

Claudio Lamachia, presidente da OAB, em junho de 2016.

O advogado Erick Venâncio, relator de uma comissão que analisou o impeachment de Dilma na Ordem dos
Advogados, apresentou, no dia 18 de março, um relatório favorável ao processo de impedimento por
suposto cometimento de crimes de responsabilidade. A conclusão do relatório da comissão foi que a
presidente incorreu em crimes de responsabilidade em função de: ter autorizado as chamadas "pedaladas
fiscais" ; ter praticado a renúncia fiscal concedida para a realização da Copa do Mundo de 2014; e ter
efetuado uma suposta interferência na Operação Lava Jato, a partir da delação premiada do senador
Delcídio.[313]

Dessa forma, a presidente violou a Constituição e deveria passar pelo processo de impedimento. Venâncio
também citou a nomeação do ministro Marcelo Navarro no Superior Tribunal de Justiça, supostamente sob
o compromisso de libertar empreiteiros presos por suspeita de corrupção, e considerou haver "indevida
ingerência" de Dilma na nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil, supostamente para transferir a
investigação da primeira instância para o STF.[313]

Cardozo contestou o relatório. Ele disse que as "pedaladas fiscais" não poderiam ser usadas para uma
interferência no segundo mandato e que as alegações do relatório deveriam ser investigadas. Nas palavras
dele: "Collor teve direito a uma CPI que o investigasse. Nós pedimos só o direito a sermos investigados
antes que esse colegiado tome decisão inclusive fazendo referência a provas que nós advogados sempre
repudiamos".[313]

Em 18 de março de 2016, a OAB, por 26 votos a 2, decidiu apoiar o pedido de impeachment, baseada no
parecer de Venâncio.[314][315] Em 23 de março, a entidade anunciou que, a partir do relatório, iria protocolar

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um novo pedido de impedimento. Em reunião do Conselho Federal da OAB, 26 das 27 bancadas estaduais
da Ordem votaram a favor do apoio à instauração do processo; somente a do Pará votou contra.[316]

Em 28 de março de 2016, a OAB enviou um novo pedido de impeachment à Câmara dos Deputados,
apoiado por centenas de advogados, conselheiros federais e presidentes de seccionais. O presidente da
Ordem, Claudio Lamachia, afirmou se tratar de uma decisão respaldada pelos dirigentes nacionais, os
quais foram eleitos por quase um milhão de advogados do país. O presidente disse que a OAB não é do
governo nem da oposição, tendo como norte os cidadãos.[317][318]

Manifestações de Dilma Rousseff

Dilma lendo sua mensagem de 2016 ao Congresso Nacional, em 2 de fevereiro de 2016.

No centro da crise, Dilma tentou construir a imagem de uma mulher guerreira, que enfrentou a ditadura
militar e agora enfrentava um tipo de golpe de Estado. [206] Ela também expressava inconformismo com a
condução do processo por Cunha e por ser acusada de manobras econômicas que, segundo ela, nada
tinham de criminoso.[206] Em mais de uma ocasião, a presidente negou enfaticamente que renunciaria à
Presidência e acrescentou que aqueles os quais pediam a sua renúncia reconheciam que não havia uma
base real para o seu impeachment.[319]

Em 22 de março, Dilma voltou a declarar enfaticamente que não renunciaria e classificou o processo de
impedimento como um crime contra a democracia. Segundo ela, o impedimento é um instrumento previsto
na Constituição para afastar um presidente que cometeu crime de responsabilidade. Sem que exista esse
crime, o processo de impedimento se torna um crime contra a democracia. E completou: "Pode-se
descrever um golpe de Estado com muitos nomes, mas ele sempre será o que é: a cultura da ilegalidade,
atentado à democracia. Não importa se a arma do golpe é um fuzil, uma vingança ou a vontade de alguns
de chegar mais rápido ao poder".[320] Dois dias depois, Dilma também prestigiou a nomeação de Lula e
disse ter a convicção de que obteria os votos necessários na comissão de impedimento. [321]

Após a votação do relatório da comissão, Dilma fez um discurso no Palácio do Planalto. Ela qualificou o
relatório aprovado como uma fraude, a "maior fraude jurídica e política de nossa história", acrescentando
que o documento seria tão frágil e sem fundamento que até mesmo confessava não haver indícios, provas
suficientes das supostas irregularidades governamentais. Ela também chamou Temer e Cunha de chefes
da conspiração, referindo-se amplamente ao vazamento de uma gravação do vice-presidente, em que ele
praticamente se assumiu como o novo presidente. Segundo Dilma, esse áudio era um atentado à
democracia e à Constituição.[322]

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Dilma durante entrevista coletiva, na qual negou que renunciaria, em 11 de março.

No dia 18 de abril, Dilma concedeu a primeira entrevista após a votação na Câmara. Ela declarou que
enfrentaria todo o processo e não desistiria de se defender no Senado, classificando o processo como
"golpe", "injustiça" e "conspiração". Ela disse que não era o começo do fim, que era apenas o começo de
uma luta longa e demorada e que a importância dessa luta residia no envolvimento não do mandato dela,
mas da democracia. Além disso, nas suas palavras, ela não viu uma discussão sobre crime de
responsabilidade no plenário.[323] Dilma também reclamou da falta de estabilidade política nos quinze
meses anteriores, atribuindo-a a Cunha e às suas "pautas-bombas". Dilma disse que o diálogo com os
senadores era diferente daquele feito com os deputados e que seria "muito qualificado". Se conseguisse
parar o processo, ela pretendia começar um novo governo, contando com o apoio do Congresso para que
isso ocorresse.[323]

Em 22 de abril, a presidente fez um discurso na ONU, ao participar da cerimônia de assinatura do Acordo


de Paris. O discurso durou quarenta minutos, mas apenas quinze segundos foram usados para falar da
crise brasileira. "O País soube vencer o autoritarismo e construir uma pujante democracia e, hoje, tem um
povo trabalhador e com grande apreço pela liberdade. Saberá, não tenho dúvidas, impedir quaisquer
retrocesso. Sou grata a todos os líderes que expressaram a mim sua solidariedade", disse ela. [324] Após
este pronunciamento, Dilma deu uma entrevista a jornalistas estrangeiros e classificou abertamente como
golpe o processo que vinha sofrendo, na tentativa de obter apoio internacional. Ela disse que não havia
base legal no processo e, caso perdesse seu cargo, pretendia recorrer à cláusula democrática do
Mercosul.[325]

Em 12 de maio, após ser afastada do seu cargo pelos senadores, Dilma fez um discurso no Palácio do
Planalto. Segundo ela, o processo envolvia o respeito às urnas, a vontade soberana do povo brasileiro e a
Constituição; e resultava de uma oposição inconformada com a derrota nas urnas, que passou a conspirar
abertamente para impedi-la de governar. Ela considerou o processo um dos desafios mais dolorosos que já
enfrentou, ao lado da tortura e do câncer, mas disse que iria lutar com todos os instrumentos legais para
exercer o seu mandato até o fim, acrescentando que o maior risco para o país era ser dirigido por um
governo "sem voto, que não tem legitimidade". Dilma também frisou que os atos dos quais era acusada não
eram crimes, sendo até mesmo corriqueiros.[326]

Dilma vai ao encontro de simpatizantes em frente ao Palácio do Planalto após ser afastada, em 12 de maio.

Em 8 de junho, a presidente enviou ao STF a resposta à interpelação judicial feita por um grupo de
deputados no mês anterior. Eles questionaram as várias falas de Dilma em que ela classificou o processo
de impedimento como um golpe, levando a ministra Rosa Weber a estipular um prazo para a manifestação
da acusada. Dilma afirmou que a sua convicção se fundamentava nos escritos de juristas e cientistas
políticos brasileiros e estrangeiros, bem como em artigos e editoriais de jornais de todo o mundo. [327][328]

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Esse texto de defesa foi assinado por Cardozo e apresentou pontos de vista históricos e políticos como a
motivação do golpe, além de citar o incômodo do governo interino ao ter que lidar com essa palavra, como
se fosse uma verdade a ser ocultada. A presidente também mencionou as gravações de Machado, as
quais teriam deixado claro que a intenção do processo sempre foi afastar um presidente que permitia as
investigações sobre a corrupção "de forma autônoma e republicana". A resposta se completou declarando
que a presidente não poderia negar a sua história de resistência à repressão e se submeter a
intimidações.[327][328] No dia 16 de junho, a ministra Weber determinou o arquivamento do processo.[329]

Em 31 de agosto, após sofrer o impedimento e perder seu cargo em definitivo, Dilma classificou a decisão
do Senado de "grande injustiça" e anunciou que iria recorrer da decisão em todas as instâncias possíveis.
"Esta história não acaba assim. Estou certa de que a interrupção deste processo pelo golpe de estado não
é definitiva. Nós voltaremos. Voltaremos para continuar nossa jornada rumo a um Brasil em que o povo é
soberano", afirmou. Ela voltou a dizer que não cometeu crime de responsabilidade e que era inocente. Em
sua fala, ela relembrou a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o golpe militar de 1964,
quando era militante. Ao fim do discurso, Dilma não disse adeus. "Tenho certeza de que posso dizer até
daqui a pouco!", completou.[330]

Quitação das pedaladas

Em 30 de dezembro de 2015, o governo pagou todas as dívidas que tinha com o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS),
a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil; dívidas referentes às chamadas "pedaladas fiscais". O
valor total desse pagamento foi de R$ 72,4 bilhões. Assim, o desconto da meta fiscal seria de R$ 55,8
bilhões em 2015 e não de R$ 57 bilhões, como anunciado anteriormente; e o limite da meta fiscal de 2015
para as contas do governo federal passaria a ser de R$ 118,65 bilhões, em vez da previsão anterior de R$
199,9 bilhões.[331]

Manifestações de ministros e ex-ministros do STF

Marco Aurélio Mello levantou dúvidas em relação ao processo de impedimento da presidente.

Em 23 de março de 2016, Dias Toffoli, Ministro do Supremo Tribunal Federal e Presidente do Tribunal
Superior Eleitoral, afirmou que o processo de impeachment contra a presidente Dilma era previsto na
Constituição e nas leis brasileiras. "Não se trata de um golpe. Todas as democracias têm mecanismos de
controle e o processo de impeachment é um tipo de controle", explicou.[332]

Na mesma data, a ministra Carmen Lúcia contestou a presidente Dilma Rousseff, a qual afirmou que o
processo de impeachment contra ela era "ilegal" e "ilegítimo" e que havia um golpe em andamento.
Segundo a ministra, o processo do impeachment não seria um golpe se a Constituição fosse respeitada. A
ministra ainda defendeu a Operação Lava Jato ao afirmar que eram observadas rigorosamente a
Constituição e as leis.[333]

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Para o ex-ministro Ayres Britto, o impeachment é legal e está na Constituição.[334] De acordo com Ayres, "A
presidente pode perder o cargo, por exemplo, em processo de impeachment, em ação penal comum, em
ação de improbidade administrativa. Nada disso é golpe. Segundo a Constituição, a legitimidade de um
presidente depende de dois fatores: da sua investidura e do exercício do cargo. A investidura é a voz das
urnas, mas ela não é suficiente. Há também o exercício, a presidente tem que se legitimar o tempo todo.
Se se deslegitima, perde o cargo, nos casos dos artigos 85 e 86 da Constituição. Mas é fundamental não
preterir o contraditório, a ampla defesa – que não é curta – o devido processo legal. A pureza dos fins e a
pureza dos meios estão enlaçados umbilicalmente, não se pode romper o cordão umbilical nesses
casos".[335]

Em 24 de março, o ministro decano Celso de Mello defendeu que o impeachment não era um golpe e
criticou as declarações do ex-presidente Lula sobre a Lava Jato. Ao ser questionado por uma ativista sobre
o impeachment, disse: "Essa resposta eu já dei no julgamento em dezembro de 2015, no Supremo Tribunal
Federal (STF). Disse que o impeachment não pode ser reduzido a um mero golpe de estado porque
o impeachment é um instrumento previsto na Constituição, que estabelece regras básicas. Se essas regras
foram respeitadas, obviamente o impeachment não pode ser considerado um ato de arbítrio político e
violência política". "É um instrumento legítimo pelo qual se objetiva viabilizar a responsabilização política de
qualquer presidente da República, não importa quem seja, não importa a qual partido esta pessoa esteja
filiada", completou.[336]

Apenas o delinquente esbraveja, grita, buscando encontrar apoio para evitar que a Constituição
seja rigorosamente observada.

— Eros Grau, em 26 de março de 2016.[337]

Em 26 de março, o ex-ministro do STF, Eros Grau, alertou que classificar o processo


de impeachment como golpe seria uma agressão à Constituição brasileira, e defendeu a legalidade de um
julgamento. Para o ex-ministro, "Quem não é criminoso enfrenta com dignidade o devido processo legal,
exercendo o direito de provar não ter sido agente de comportamento delituoso". E continuou: "Quem
procedeu corretamente não teme enfrentar o julgamento do Senado Federal. Já o delinquente faz de tudo
procurando escapar do julgamento". Pela tese de Graus, o simples medo do julgamento é uma "evidência
de delinquência".[338]

No dia 28 de março, o Presidente do STF, Ricardo Lewandowski, ao lhe perguntarem se o impeachment se


tratava de golpe, afirmou que "golpe é uma expressão que pertence ao mundo da política. Nós aqui
usamos apenas expressões do mundo jurídico".[339] Para o ministro Luís Roberto Barroso,
"Impeachment não é golpe, é um mecanismo previsto na Constituição para afastamento do presidente.
Evidentemente, impõe-se o respeito à Constituição e às normas. Nesse Fla-Flu, o Supremo não tem lado.
O Supremo é um árbitro".[340] Por outro lado, em 30 de março, o ministro Marco Aurélio Mello afirmou: "Se
não houver fato jurídico que respalde o processo de impedimento, esse processo não se enquadra em
figurino legal e transparece como golpe".[341]

Em 20 de abril de 2016, os ministros se manifestaram repudiando os comentários de Dilma de que


o impeachment, da forma como ocorreu, era um "golpe". De acordo com os ministros Celso de Mello
e Gilmar Mendes, os processos foram legais. Celso e Gilmar observaram que o processo seguiu
a Constituição e as regras definidas pelo próprio STF. O ministro decano Celso chegou a dizer que era
equívoco gravíssimo falar em golpe e que seria estranho se a presidente fosse ao exterior defender esse
argumento.[342]

Em 12 de maio de 2016, o ex-presidente do STF Joaquim Barbosa afirmou que os motivos apontados para
a abertura do processo não justificavam o impeachment da Presidente da República. O ex-ministro também
se manifestou favorável à realização de nova eleição presidencial no Brasil e comentou sobre a votação no
Senado Federal que afastou a presidente Dilma Rousseff da seguinte forma: "...aquilo ali era pura
encenação pra justificar a tomada do poder". Em seguida, manifestou sua preocupação com a instabilidade
institucional gerada dizendo: "...meu temor é que seja fácil, banal e trivial daqui pra frente se tirar um

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presidente da república, basta que ele contrarie os interesses de meia dúzia de parlamentares
poderosos".[343]

Gravações do ministro Jucá

Em março de 2016, o então senador Romero Jucá, numa conversa telefônica com o ex-presidente
da Transpetro Sérgio Machado, sugeriu que uma mudança de governo poderia paralisar a Operação Lava
Jato, que investigava ambos. Essa interlocução ocorreu semanas antes da votação do processo de
impedimento na Câmara. Jucá era um dos principais articuladores da oposição e teria convencido os
deputados de que o afastamento de Dilma Rousseff, com um novo governo nas mãos de Temer, poderia
ser a solução política para deter o processo conduzido por Sérgio Moro. Segundo Jucá, um eventual
governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional "com o Supremo, com tudo", liberando todos os
investigados. O senador citou diálogos com ministros do STF e afirmou que "eles teriam relacionado a
saída de Dilma ao fim das pressões da imprensa e de outros setores pela continuidade das investigações
da Lava Jato".[344]

Governo Michel Temer

O governo Michel Temer teve início no dia 12 de maio de 2016, quando o vice-presidente da
República, Michel Temer, assumiu interinamente o cargo de presidente da república, após o afastamento
temporário da presidente Dilma Rousseff, em consequência da aceitação do processo
de impeachment pelo Senado Federal.[1][2][3][4] Concluído o processo, no dia 31 de agosto do mesmo ano,
Temer assumiu o posto de forma definitiva.

Temer chegou à presidência em meio a uma grave crise econômica no país, herdada do governo anterior.
Temer afirmou, no ato de posse, que seu governo haveria de ser um governo reformista. [5][6] Foram trazidas
à tona diversas propostas econômicas, como o controle dos gastos públicos, por intermédio da já
aprovada PEC 55, que impõe limites a gastos futuros do governo federal; a polêmica reforma da
previdência, que está em fase de discussão; uma reforma trabalhista; e liberação da terceirização para
atividades-fim.[7] O governo está mais centrado em questões econômicas, com o objetivo inicial de tirar o
país da recessão e retomar o crescimento. Por outro lado, houve também mudanças no campo social,
como a conclusão e inauguração de parte da obra de transposição do rio São Francisco, e no campo da
educação, com a reforma do ensino médio, entre outras.[8]

Desde a ascensão de Temer ao Planalto, o envolvimento de ministros e aliados na Operação Lava


Jato causou polêmicas. Mesmo assim, o governo conseguiu manter uma base sólida no Congresso, o que
tem possibilitado a aprovação de reformas necessárias para estimular o crescimento econômico, segundo
afirmou o presidente.[5][6][9][10]

Investiduras

Além da investidura como vice-presidente junto com Dilma Rousseff em 2015, ao assumir o governo,
Michel Temer tomou posse por duas vezes. Primeiro interinamente em virtude do processo de impugnação
da mandatária titular e, posteriormente, com o mandato de Rousseff impedido, foi investido definitivamente
no cargo de Presidente da República.

Posse como presidente interino

Por 55 votos a 22, o Senado Federal decidiu, às 6h34 do dia 12 de maio de 2016, abrir o processo
de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, por entender que existiam indícios de que ela tivesse
cometido crime de responsabilidade. No mesmo dia, a presidente foi informada oficialmente da decisão do
Senado e do seu consequente afastamento da presidência da República até o julgamento do processo. O
vice-presidente Michel Temer também foi notificado de que assumiria interinamente a presidência por, no
máximo, 180 dias.[1][11]

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Primeiros dias no poder

Logotipo do governo Temer, criado poucos dias após sua posse

Michel Temer nomeou Henrique Meirelles para o Ministério da Fazenda, no dia 12 de maio de 2016. O
Brasil atravessava uma grave crise econômica, com a inflação chegando a 10,7% em 2016. Meirelles era
visto como defensor de uma posição mais ortodoxa em economia, ao contrário de seu antecessor no
cargo, Nelson Barbosa, mais identificado com uma linha desenvolvimentista e um dos responsáveis pela
criação da "nova matriz econômica" (baseada no tripé juros baixos, taxa de câmbio competitiva e
consolidação fiscal "amigável ao investimento"[12]). Meirelles defendeu menos intervenções do governo na
economia e uma abertura maior ao comércio exterior, além de sustentar o controle de gastos para melhorar
as contas públicas, como forma de proporcionar, no futuro, estabilidade na relação dívida/PIB e aumentar
a confiança de investidores na economia brasileira.[13]

Numa entrevista ao programa Fantástico, em 15 de maio de 2016, Temer refutou as críticas sobre a
ausência de mulheres em sua equipe e disse que ainda pretendia ter pelo menos quatro mulheres nos
ministérios. Além disso, sua esposa, Marcela Temer, deveria exercer todas as atividades sociais em seu
governo. Em relação à Previdência Social, ele anunciou mudanças para que os aposentados não
sofressem no futuro, mas assegurou que tais mudanças não afetariam o direito adquirido, embora este nem
sempre seja atingido por regras de transição. Temer declarou também que manteria os programas sociais,
garantindo a sobrevivência dos mais carentes, mesmo que precisasse cortar verbas de outros setores.
Sobre a reeleição, ele afirmou não ser essa a sua intenção, mas que eventualmente poderia ser
candidato.[14]

Uma das primeiras medidas de Temer foi extinguir os Ministérios da Cultura, das Comunicações e
das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos humanos. Ele também extinguiu a Casa Militar da
Presidência da República, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e a Controladoria Geral da União. O
Ministério da Cultura se fundiu ao da Educação, enquanto o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e
dos Direitos Humanos foi anexado ao Ministério da Justiça e Cidadania. A Controladoria Geral da União foi
transformada em Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle.[15] Muitos artistas e intelectuais,
como Wagner Moura e Wolf Maia, manifestaram-se contra o fim do Ministério da Cultura. Em 21 de maio,
Temer recriou o ministério, sob o comando de Marcelo Calero, que até então havia sido designado como
Secretário da Cultura, vinculado ao Ministério da Educação.[16][17]

Temer se reúne com sua equipe econômica.

A equipe econômica anunciou cortes de cargos comissionados assim que foi empossada. Romero Jucá,
ministro do planejamento, disse que o governo pretendia cortar até 4.000 cargos de confiança e funções
gratificadas, o que representaria 18,4% do total. Henrique Meirelles, ministro da fazenda, destacou que o

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equilíbrio das contas públicas era essencial para recuperar a confiança do país na economia e para
estimular investimentos capazes de promover o crescimento do país e a geração de empregos. [18]

Segundo Meirelles, o rombo nas contas do governo poderia ficar acima dos R$ 96,6 bilhões em 2016. Ele
não descartou o aumento de impostos, mas assegurou que isso deveria ser uma medida temporária. Para
ele, uma idade mínima para a aposentadoria é fundamental para garantir o financiamento da Previdência.
O ministro disse ainda que o governo poderia rever subsídios (incentivos dados a diversos setores), mas
sem ferir os direitos adquiridos, e que a dívida dos Estados com a União precisaria ser equacionada. [18]

Embora não pretendesse ter seu governo representado por um parlamentar próximo a Eduardo Cunha, o
presidente interino acabou por ceder à pressão do chamado "Centrão" - bloco de 225 deputados de vários
partidos, cujo apoio era necessário para aprovar importantes reformas, como a da Previdência. Assim, em
18 de maio, nomeou para a liderança do governo na Câmara o deputado André Moura, do PSC de Sergipe.
Moura estava envolvido em seis inquéritos no Supremo Tribunal Federal – com acusações que iam
de apropriação indébita a homicídio – e nas investigações da operação Lava Jato, por corrupção
ativa, passiva e formação de quadrilha.[19]

No mesmo dia, o governo Temer recebeu críticas da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. A
entidade manifestou preocupação com a ausência de negros e mulheres - que representam mais da
metade da população brasileira - entre os ministros nomeados. O comunicado destacou que a falta de
mulheres não acontecia desde a época da ditadura militar e considerou "alarmante" a eliminação do
Ministério da Mulher, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Além disso, citou o anúncio de cortes
nos programas sociais, lembrando que o Brasil assinou o Protocolo de San Salvador,[20][21] que proíbe
medidas redutoras de direitos humanos, sociais e culturais. Temer, porém, negou cortes em programas
sociais.[22]

As críticas também partiram de líderes oposicionistas no Brasil. O líder do partido Rede,


deputado Alessandro Molon (RJ), afirmou que as primeiras medidas anunciadas iriam cortar direitos
sociais, considerando que representavam muitos retrocessos e recuos. Molon criticou cortes em políticas
sociais da área da educação, a extinção do Ministério da Cultura e a falta de mulheres no primeiro escalão
governista. O deputado Edmilson Rodrigues (Psol-PA) criticou os cortes no Programa Minha Casa, Minha
Vida, anunciado pelo novo ministro das cidades, Bruno Araújo. E a decisão do ministro das relações
exteriores José Serra de conceder passaporte diplomático ao pastor da Assembleia de Deus Samuel
Pereira, que era também acusado na operação Lava Jato, foi condenada por parlamentares, dentre eles o
líder do PCdoB, deputado Daniel Almeida (BA).[23]

Em cerimônia realizada no Palácio do Planalto, em 24 de agosto, Temer defendeu a reforma trabalhista em


planejamento e disse que seu objetivo não era retirar direitos, e sim manter empregos, pois nada fere mais
a dignidade humana do que o desemprego. Em julho, o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, já havia
dito que o Executivo estava tentando transformar a CLT em um uma legislação "simplificada e clara", mas,
segundo ele, sem retirar os "direitos básicos" dos trabalhadores. A reforma trabalhista em gestação
prestigiaria a negociação coletiva para tratar de temas como salário e tamanho da jornada dos
trabalhadores, indicando que a CLT poderia ser flexibilizada nesses pontos. O ministro também disse que a
proposta do governo contemplaria a regulamentação de contratos de "serviço especializado", referindo-se à
possível terceirização de todos os serviços, incluindo as atividades-fim da empresa. Atualmente só se
podiam terceirizar as atividades-meio.[24]

Posse como presidente da república

Em 31 de agosto de 2016, Michel Temer assumiu o cargo de presidente do Brasil, em cerimônia de posse
no Congresso Nacional, devido a condenação de Dilma Rousseff no julgamento do impeachment. Renan
Calheiros, presidente do Congresso Nacional, declarou Temer empossado para um mandato de duração
de 31 de agosto de 2016 a 31 de dezembro de 2018. A cerimônia foi rápida, durou 12 minutos, e não houve
discurso do presidente. Em sua primeira manifestação oficial, ele disse: "Agora nós inauguramos uma nova
fase em que nós temos um horizonte de dois anos e quatro meses. E espera-se que, nesses dois anos e
quatro meses, nós façamos aquilo que temos alardeado, ou seja, colocar o Brasil nos trilhos".[25]

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Michel Temer recebe cumprimentos durante a posse no Congresso Nacional.

Após ser efetivado como presidente, em 31 de agosto, Temer fez um discurso de apenas cinco minutos.
Ele defendeu sobretudo as reformas previdenciária e trabalhista: "Para garantir o pagamento das
aposentadorias, teremos que reformar a previdência social. Sem reforma, em poucos anos o governo não
terá como pagar aos aposentados" e "Temos que modernizar a legislação trabalhista, para garantir os
atuais e gerar novos empregos", afirmou. Ele declarou que os alicerces do seu governo eram os programas
sociais, a eficiência administrativa, a retomada do crescimento econômico, a geração de emprego, a
segurança jurídica e "a pacificação do país". Sobre o impeachment de Dilma Rousseff, Temer disse que o
processo foi democrático e que era necessário rebater a acusação de golpe. Ele ressaltou ainda que
estava fazendo uma contenção de gastos do governo.[26]

Gabinete ministerial

Ministério Titular Partido Titular Partido

Fábio Medina Osório


Advocacia-Geral da Sem
(demitido em 6 de junho de Grace Mendonça PSDB
União partido[27]
2016)

Blairo Maggi
Agricultura [investigado na Operação PP[27]
Lava Jato][28]

Eliseu Padilha
Casa Civil [investigado na Operação PMDB[27]
Lava Jato][28]

Bruno Araújo
Cidades [investigado na Operação PSDB[27]
Lava Jato][28]

Gilberto Kassab
Ciência e Tecnologia e
[investigado na Operação PSD[27]
Comunicações
Lava Jato][28]

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Marcelo Calero
Cultura (resignou em 18 de novembro PMDB Roberto Freire PPS
de 2016)

Direitos Humanos

(criação de Ministério em Luislinda Valois PSDB


fevereiro 2017)[29]

Fabiano Silveira
Fiscalização, Sem Sem
(resignou em 30 de maio de Torquato Jardim
Transparência e Controle partido[27] partido
2016)

Educação Mendonça Filho DEM[27]

Defesa Raul Jungmann PPS[27]

Desenvolvimento Social e
Osmar Terra PMDB[27]
Agrário

Marcos Pereira
Desenvolvimento,
[investigado na Operação PRB[27]
Indústria e Comércio
Lava Jato][28]

Esporte Leonardo Picciani PMDB[27]

Fazenda Henrique Meirelles PSD[27]

Helder Barbalho
Integração Nacional [investigado na Operação PMDB[27]
Lava Jato][28]

Alexandre de Moraes
Justiça e Segurança
(afastado do cargo devido a PSDB[27] Osmar Serraglio PMDB
Pública nomeação para o Supremo
Tribunal Federal)

Meio Ambiente Sarney Filho PV[27]

Fernando Bezerra Coelho


Minas e Energia PSB[27]
Filho

Romero Jucá Dyogo Oliveira


Planejamento (resignou em 24 de maio de PMDB[27] PMDB
2016) (interinamente)

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[investigado na Operação
Lava Jato]

José Serra
Aloysio Nunes
(resignou em 22 de fevereiro
Relações Exteriores de 2017) PSDB[27] [investigado na PSDB
Operação Lava
[investigado na Operação Jato][28]
Lava Jato][28]

Saúde Ricardo Barros PP[27]

Geddel Vieira Lima


Secretaria de Governo (resignou em 25 de novembro PMDB[27] Antônio Imbassahy PSDB
de 2016)[30][31]

Secretaria Geral da
Presidência da República Wellington Moreira Franco
PMDB
(criação de Ministério em [investigado na Lava Jato][28]
fevereiro de 2017)

Secretaria de Portos

(criação de Ministério em Luiz Otávio Campos PMDB


abril de 2017)

Secretaria de Segurança Sem


Sérgio Etchegoyen
Institucional partido[27]

Trabalho e Previdência
Ronaldo Nogueira PTB[27]
Social

Transportes Maurício Quintella Lessa PR[27]

Henrique Eduardo Alves


Turismo (resignou em 16 de junho de PMDB[32] Marx Beltrão PMDB
2016)

Atos de governo[ | código-fonte]

Administração pública

Empresas estatais

O Senado aprovou um texto que determinou que 25% dos membros dos conselhos de administração
devem ser independentes, ou seja, não podem ter vínculo com a estatal, nem serem parentes de
detentores de cargos de chefia no Executivo. O membro deverá ter pelo menos quatro anos de experiência
na área de atuação da empresa estatal, ter experiência mínima de três anos em cargos de chefia e ter
formação acadêmica compatível com o cargo. Os membros independentes não podem ter sido

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empregados da empresa – em um prazo de três anos antes da nomeação para o conselho – nem serem
fornecedores ou prestadores de serviço da estatal. O projeto proíbe que os membros desses conselhos
tenham sido integrantes de estruturas decisórias de partidos políticos nos últimos três anos antes da
nomeação para o conselho. As regras valem ainda para quem for ocupar vagas na diretoria das empresas
estatais. Um candidato político das últimas eleições também deverá cumprir carência de três anos.
Servidores não concursados com cargos comissionados da administração pública também não poderão
fazer parte do conselho de administração da estatal, a menos que se exonerem. Os sindicalizados podem
fazer parte dos conselhos de administração, com exceção dos diretores sindicais, que, enquanto estiverem
exercendo mandatos nos sindicatos, não poderão ser membros dos conselhos. A matéria também proíbe o
acúmulo de cargos de diretor-presidente da estatal e de presidente do conselho de administração. A Lei de
Responsabilidade das Estatais foi aprovada em 30 de junho de 2016.[33][34][35][36][37]

Servidores públicos

Em 10 de junho, o governo anunciou que pretendia cortar 4.307 cargos e funções comissionados. A
medida economizaria R$ 230 milhões por ano, embora isso fosse pouco diante dos R$ 250 bilhões anuais
gastos com servidores ativos e inativos. A maioria desses cargos eram da classe DAS (Grupo de Direção e
Assessoramento Superiores), que representavam cerca de 14% do número total de 24.250 cargos desse
tipo existentes atualmente. O objetivo foi "racionalizar a atual estrutura do Poder Executivo e orientá-la para
prestação de serviços à população com eficiência". Além disso, uma medida provisória deveria transformar
10.462 cargos DAS de livre provimento, que podem ser ocupados por pessoas sem concurso público, em
funções comissionadas do Poder Executivo, as quais são exercidas por servidores concursados. Dessa
forma, iria diminuir o número de pessoas sem vínculo com o serviço público. [38]

Ciência e tecnologia

Em 12 de julho, Temer anunciou investimentos na pesquisa científica e tecnológica. Eram dois modelos,
um com recursos privados e outro com recursos públicos. O primeiro seria gerenciado pela Empresa
Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial, por meio de órgão ligados a universidades. O segundo seria
gerido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, que captaria recursos no mercado financeiro
e os aplicaria em start-ups. O comando geral ficaria a cago dos ministérios: da Ciência, Tecnologia,
Comunicação e Inovações; da Indústria e comércio Exterior; e da Educação. No entanto, os recursos
liberados em 2016 foram de R$ 500 milhões, apenas 9% do que foi destinado a essa área no ano anterior.
Além disso, existiam outros problemas, como excesso de tributação e falta de infraestrutura. [39]

Economia

O governo Michel Temer iniciou com uma grave crise nas contas públicas, vindo do governo anterior.
Embora o mês de abril de 2016 tenha registrado um superavit primário, o mês de maio teve um deficit -
despesas superiores às receitas, sem a inclusão de juros — de 15,49 bilhões de reais. Esse foi o pior
resultado para meses de maio desde o início da série histórica, em 1997, portanto, em vinte anos. Além de
haver uma redução das receitas, devido à recessão, as despesas públicas em maio de 2016 avançaram
7,3% sobre o mesmo mês do ano anterior. As despesas totais chegaram a R$ 480 bilhões nos cinco
primeiros meses de 2016, uma alta de 11,3% na comparação com o mesmo período de 2015, enquanto as
receitas totais somaram R$ 544,91 bilhões de janeiro a maio, uma alta de 3,1% em relação ao mesmo
período do ano anterior. Além disso, foi o primeiro deficit registrado para os cinco primeiros meses de um
ano desde o início da série histórica, em 1997. De janeiro a maio de 2016, as contas registraram um rombo
inédito de R$ 23,77 bilhões. O governo justificou o desequilíbrio com gastos obrigatórios, entre eles o
da Previdência.[40]

A consequência de as contas públicas registrarem deficits fiscais seguidos é a piora da dívida pública e o
aumento das pressões inflacionárias. Além disso, o Brasil, no Governo Dilma Rousseff, perdeu o chamado
"grau de investimento" - uma recomendação para investir no país -, que foi retirado pelas três maiores
agências de classificação de risco (Standard & Poor's,[41][42] Fitch[43] e Moody's[44]). Para conter o problema,
o governo conseguiu mudar a meta fiscal e estabelecer um teto para os gastos públicos junto
ao Congresso Nacional. Outra medida foi propor uma mudança nas regras da Previdência Social, cujas
contas nos cinco primeiros meses de 2016 totalizaram um deficit de 49,73 bilhões de reais, significando um

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aumento de 81% no rombo previdenciário em relação ao ano anterior; havendo previsão de um aumento
ainda maior de R$ 146 bilhões para 2017. Até 2016, já eram três anos seguidos
de deficit governamental.[40]

Em 2 de julho, o Conselho Federal de Economia (Cofecon) emitiu uma nota criticando os rumos do governo
federal. Segundo o conselho, a principal razão do crescimento do deficit primário não foi a elevação dos
gastos, mas a forte contração da receita, em decorrência da retração econômica e da elevação da elisão e
sonegação fiscais. O texto sugeriu que o crescimento das despesas fosse atrelado ao PIB, algo que em
parte já acontecia no governo da Presidente Dilma Rousseff, com a política de vincular o aumento do
salário mínimo ao crescimento do país. Além disso, o texto criticou o atual sistema tributário. O país
arrecadava 72% dos impostos sobre o consumo e renda dos trabalhadores, contra apenas 28% sobre a
renda do capital e riqueza. Na média dos países da OCDE, uma organização de países desenvolvidos e
em desenvolvimento, os valores eram 33% e 67%, respectivamente.[45]

O Cofecon também entendeu que não havia mais necessidade da manutenção da taxa básica de juros no
atual patamar de 14,25% ao ano para combater a inflação. O governo da presidente afastada Dilma
Rousseff manteve, em toda a sua primeira gestão, a inflação acima da meta (4,5% ao ano) e próxima ao
teto da meta (6,5% ao ano), por meio da interferência em preços administrados, como combustíveis e
passagens de ônibus. Mas, com o índice oficial de inflação registrando 9% ao ano em maio e outros índices
apontando tendência de aumento nos preços do atacado, a nota informou que "A tendência já está clara,
que os fatores que implicaram a elevação da taxa de inflação no primeiro semestre de 2015 não se fazem
mais presentes (forte correção dos preços administrados e repasse cambial), que o quadro recessivo
elimina qualquer pressão de demanda e que a taxa básica de juros, portanto, já devia estar em queda
desde o segundo semestre de 2015". A nota finalizou alertando para o risco de valorização da moeda
nacional diante do dólar, observada no último mês. "A rápida valorização observada nas últimas semanas é
funcional para a queda da inflação, mas novamente deverá colocar em cheque a indústria doméstica,
dificultando a reversão do elevado desemprego", disseram os dezoito conselheiros da entidade. [45]

Henrique Meirelles, na primeira semana como ministro da Fazenda, declarou que a situação econômica do
país estava pior do que em 2003, quando ele assumiu o comando do Banco Central. Mesmo assim, sua
expectativa era positiva porque o governo possuía uma agenda de reformas e uma capacidade de
negociação com o Congresso. Seus objetivos eram: tirar o país da recessão; criar condições para o
desenvolvimento sustentável; aumentar a confiança do país para estimular o investimento, a contratação,
as vendas e a concessão de crédito, de maneira que a economia voltasse a crescer a curto prazo;
estabilizar a dívida pública como um percentual do Produto Interno Bruto e depois induzir a sua queda
gradual; criar uma agenda pró-crescimento, melhorando o ambiente de negócios, o custo Brasil, a
produtividade e os investimentos em infraestrutura. Meirelles acrescentou que a primeira medida era
estimar o tamanho do deficit público em 2016 e então entrar em negociação com o Congresso. Além disso,
falou em reduzir a máquina pública, com a extinção de ministérios e de cargos comissionados. [46]

Temer anuncia medidas econômicas ao lado de Henrique Meirelles.

Em 24 de maio, Temer anunciou as medidas para controlar a dívida pública. Ele declarou que estava
governando junto com o Congresso e que a aprovação da nova meta fiscal era extremamente importante,
enfatizando também a necessidade de manter a tranquilidade das instituições. O presidente interino
afirmou que deveria instituir critérios rígidos para a indicação dos dirigentes dos fundos de pensão e das
estatais. Disse ainda que, a depender de uma avaliação jurídica, existiria a possibilidade de o Banco

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Nacional do Desenvolvimento (BNDES) devolver 100 bilhões de reais que recebeu do Tesouro Nacional. O
governo injetou 500 bilhões de reais no banco estatal, entre 2009 e 2014, e esses recursos foram
emprestados a empresas, cobrando-se juros mais baixos que os praticados no mercado.[47][48][49]

Isso significa um subsídio estatal para grandes empresas, apelidado de "bolsa empresário". A recuperação
antecipada desses recursos poderia abater a dívida pública, que estava em 67% do PIB. Outra forma de
reduzir a dívida seria recolher os recursos do chamado Fundo Soberano, estimados em 2 bilhões de reais,
os quais foram idealizados como um destino das receitas do pré-sal, com o objetivo de aliviar as contas
públicas em momentos de crise. Além dessas medidas, Temer pretendia impor um limite para os gastos do
governo, que saltaram de 14% para 19% do PIB entre 1997 e 2015, atingindo com essa medida até a
saúde e a educação. E ainda esperava economizar R$ 2 bilhões por ano, proibindo o aumento do valor de
subsídios governamentais já concedidos, como incentivos fiscais. Em 25 de maio, o Congresso aprovou a
redução da meta fiscal, autorizando o governo a fechar o ano com um deficit de R$ 170,5 bilhões nas
contas públicas.[47][48][49][50]

Em 15 de junho, Temer apresentou ao Congresso uma proposta de emenda constitucional que limitava o
aumento do gasto público à variação da inflação, tomando como base de reajustamento o valor da inflação
do ano anterior. Esse teto de gastos públicos teria validade de vinte anos desde 2017, podendo ser
revisado a partir do seu décimo ano de vigência. De acordo com o governo, "A PEC limitará, pela primeira
vez, o crescimento do gasto público e contribuirá para o necessário ajuste estrutural das contas públicas".
No primeiro ano de vigência, o limite dos gastos totais equivaleria à despesa paga no ano anterior corrigida
pela inflação daquele ano. A proposta incluiu a saúde e a educação no limite de gastos, mas excluiu várias
despesas, como transferências constitucionais a outras unidades federativas, e créditos extraordinários.
Abrangeu também os gastos do Legislativo e do Judiciário.[51]

Em 6 de outubro, Temer anunciou que iria disponibilizar uma linha de crédito de R$30 bilhões para a Micro
e Pequena Empresa (MPE). Seriam linhas de empréstimos e financiamentos para uso em capital de giro,
investimentos e compra de equipamentos. Do valor anunciado, R$20 bilhões seriam disponibilizados pela
Caixa Econômica Federal e pelo Banco do Brasil. O restante viria de bancos privados (Bradesco, Itaú e
Santander). Além do aumento do crédito para o trimestre, as medidas anunciadas possibilitariam a
melhoria no ambiente de negócio em outros dois eixos: capacitação e desburocratização. Seria também
lançado o programa Instituição Amiga do Empreendedor, em parceria com o Ministério da Educação e
universidades públicas e privadas, que promoveria a orientação na área de gestão de negócios e
assistência técnica a potenciais empreendedores. Outro projeto apresentado foi o Simples Exportação, que
objetivava desburocratizar a operação de comércio internacional para MPEs e estabelecer a figura do
Operador Logístico, que seria responsável pelos procedimentos operacionais da exportação. [52]

Em 22 de novembro, o governo federal, em reunião com os governos estaduais, anunciou um pacto


nacional pelo equilíbrio das contas públicas. Segundo Henrique Meirelles, o governo federal aceitava dar
aos estados uma fatia maior dos recursos arrecadados com a chamada repatriação, programa que deu
incentivos para que brasileiros regularizassem bens mantidos no exterior e que não haviam sido declarados
à Receita Federal. Em contrapartida, os governadores se comprometeriam a fazer um forte ajuste em suas
contas, semelhante ao proposto pelo próprio governo Temer, incluindo o aumento da contribuição
previdenciária paga por servidores públicos. O governo arrecadou R$ 46,8 bilhões com a cobrança de
Imposto de Renda (IR) e multas dos contribuintes que aderiram à repatriação, mas os estados ficariam com
apenas R$ 4 bilhões desse total, a parte correspondente ao IR. Os governadores, porém, exigiram também
uma parcela das multas. Após uma disputa no Supremo Tribunal Federal, Temer cedeu e os estados
receberiam mais R$ 5 bilhões do valor arrecadado.[53]

Em 13 de dezembro, o governo anunciou um pacote de medidas para melhorar a situação econômica do


país. Uma delas se referia ao FGTS. Quando houvesse lucros, uma parte deles continuaria depositada e a
outra metade seria disponibilizada para o trabalhador pagar dividas que tenha ou fazer uma outra
utilização. O governo também pretendia reduzir a multa de dez por canto a cargo dos empregadores no
momento da demissão dos trabalhadores. Outra medida foi o parcelamento de dívidas relativas a tributos
de empresas e pessoas físicas com o governo, havendo a possibilidade de compensar débitos com
determinados créditos. Anunciou-se também uma grande desburocratização da atividade econômica, com
"uma simplificação extraordinária para as empresas realizarem pagamentos trabalhistas e tributários".

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Haveria ainda uma nova política de empréstimos buscados pelas empresas com o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com juros mais baixos. Michel Temer enfatizou uma
medida que ele chamou de "diferenciação" de preços para diferentes meios de pagamentos (cartão de
crédito, dinheiro ou cheque). Assim, Os comerciantes iriam poder conceder descontos, por exemplo, para
pagamentos à vista, algo que já acontecia atualmente, mesmo sendo proibido. O pacote também pretendeu
agilizar as compras e vendas do comércio exterior. Segundo o ministro Meirelles, seria criado um portal
único, acessível pela Internet, para o encaminhamento de todos os documentos e dados exigidos para as
transações comerciais com outros países.[54]

Agricultura

O governo Temer decidiu continuar o trabalho da ex-ministra Kátia Abreu, implementando o Plano Safra
2016/2017. O objetivo era efetuar um remanejamento de recursos para programas de tecnologia e
logística, dentre outros, além de promover a recomposição do orçamento para o seguro rural e para a
comercialização. O Banco do Brasil abriu um crédito de R$ 101 bilhões para a safra 2016/2017. Esse
crédito se dividiu entre R$ 91 bilhões para produtores e cooperativas e R$ 10 bilhões para empresas da
cadeia do agronegócio. Ele foi parte do Plano Agricultura e Pecuária 2016/2017 do governo federal, que
destinaria R$ 185 bilhões de crédito para os produtores rurais brasileiros investirem em custeio e
comercialização, entre 1º de julho de 2016 e 30 de junho de 2017.[55][56]

Comércio

Em 12 de julho, Temer passou a comandar a Câmara de Comércio Exterior (Camex), de acordo com um
decreto publicado em edição extra do Diário Oficial da União. A Camex era presidida pelo ministro da
Indústria, Serviços e Comércio Exterior. O decreto também aumentou a participação do Ministério das
Relações Exteriores no colegiado. A Camex já estava vinculada à Presidência da República desde maio,
quando Temer fundiu e extinguiu ministérios e órgãos. O decreto terminou de regulamentar as mudanças
no colegiado, que cuida da política de comércio exterior brasileira. Dessa forma, o Comitê Executivo de
Gestão (Gecex) da Camex passou a ser presidido pelo ministro das Relações Exteriores, José Serra. O
ministro da Indústria, Serviços e Comércio Exterior, Marcos Pereira, ficou com a presidência do Conselho
Consultivo do Setor Privado (Conex), instância que faz a mediação entre empresas e governo no âmbito da
Camex. Além do comércio exterior, a Camex também cuidará do fomento a investimentos. [57]

Finanças e orçamento

Em 7 de junho, a Câmara dos Deputados aprovou uma emenda constitucional considerada essencial por
Temer, criando a permissão para que a União utilizasse livremente parte de sua arrecadação tributária, a
chamada Desvinculação de Receitas da União (DRU). Assim, ampliou-se de 20% para 30% o percentual
que poderia ser remanejado da receita de todos os impostos e contribuições sociais federais. O restante da
arrecadação seria vinculado a despesas definidas no orçamento. A medida poderia ser aplicada de
maneira retroativa desde 1º de janeiro de 2016. Isso beneficiaria o governo na medida em que a maioria
das receitas vigentes possuíam destinos especificados na legislação. A emenda não alterou gastos
mínimos com saúde e educação, bem como as transferências constitucionais de impostos para estados e
municípios.[58]

Outra vitória do governo foi a aprovação pelo Senado de um projeto de lei complementar que evita a
maquiagem das contas públicas. Conforme o texto, a arrecadação prevista na Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) deve ser mantida na Lei Orçamentária Anual (LOA) e na autorização do orçamento
do ano seguinte enviada pelo Congresso à Presidência da República. Assim, o governo não poderá mais
enviar propostas orçamentárias distantes da realidade econômica do país nem contar com receitas incertas
para fechar as contas. Com a nova premissa, a previsão de receitas terá que ser realista, evitando-se, por
exemplo, construir obras cujo custeio fica postergado para anos depois. O projeto de lei também
determinou que o Executivo envie ao Legislativo, no primeiro ano de governo, o Plano Plurianual (PPA)
juntamente com a LDO, até o dia 30 de abril, com o objetivo de evitar que a LDO seja elaborada antes da
definição de investimentos em projetos e programas, o que pode também ocasionar uma distorção entre
receitas e despesas.[59]

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Senado aprova a PEC que limita os gastos públicos.

Em 13 de dezembro, o Senado, por 53 votos a favor e 16 contra, aprovou o texto-base da Proposta de


Emenda à Constituição (PEC) que estabeleceu um teto para os gastos públicos para os próximos vinte
anos. A proposta foi enviada pelo presidente ao Congresso em junho e foi considerada pelos governistas
essencial para o reequilíbrio das contas públicas, ao lado da reforma da Previdência, enquanto os
oposicionistas argumentaram que a medida iria congelar investimentos nas áreas de saúde e educação. As
principais metas da PEC são: as despesas da União só poderão crescer conforme a inflação do ano
anterior; a inflação para 2017, que serviria de base para os gastos, seria de 7,2%; nos demais anos de
vigência da medida, o teto corresponderia ao limite do ano anterior corrigido pela inflação medida
pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA); se um poder desrespeitar o limite, sofrerá
sanções no ano seguinte, como a proibição de realizar concursos ou conceder reajustes; se um poder
extrapolar o teto, outro poder deverá compensar.[60][61]

Os gastos com saúde e educação só seriam enquadrados no teto de gastos a partir de 2018; os gastos
mínimos em saúde passariam, em 2017, dos atuais 13,7% para 15% da receita corrente líquida e, a partir
de 2018, esses investimentos se enquadrariam no teto de gastos, sendo corrigidos pela inflação; ficaram
de fora das novas regras as transferências constitucionais às unidades federativas, os créditos
extraordinários, as complementações do Fundeb, os gastos da Justiça Eleitoral com eleições e as
despesas de capitalização de estatais não dependentes; a partir do décimo ano de vigência do limite de
gastos, o presidente da República poderia enviar um projeto de lei ao Congresso para mudar a base de
cálculo. Em 15 de dezembro, a PEC foi promulgada e passou a ser uma legislação.[60][61]

Em 22 de março de 2017, a Câmara aprovou um projeto de lei que permitiu a terceirização do trabalho em
qualquer tipo de atividade, não mais apenas nas atividades-meio. A título de exemplo, uma escola poderia
contratar tanto faxineiros como professores por meio de terceirização. A empresa terceirizada seria
responsável por contratar, remunerar e dirigir os trabalhadores. A empresa contratante deveria garantir
segurança, higiene e salubridade dos trabalhadores terceirizados. O contrato de trabalho temporário
passaria de três para seis meses e o trabalhador dispensado só poderia prestar novamente o mesmo
serviço após três meses. Esse projeto foi enviado ao Congresso em 1998 e sofreu alterações no Senado
em 2002, tendo então voltado à Câmara. Mas existiram protestos. O líder do PSOL, Glauber Braga,
declarou que “Não é garantir direito do trabalhador terceirizado. É terceirizar toda e qualquer atividade do
mundo do trabalho, precarizando as relações de trabalho e precarizando direitos”. Além disso, a
Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) viu a liberação da terceirização
irrestrita como inconstitucional, pois enquadra como empregado uma pessoa que não está realmente nessa
condição. De outro lado, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) lembrou que a separação entre a
atividade-meio e a atividade-fim é aplicada apenas no Brasil e traz insegurança jurídica. “A dicotomia entre
fim e meio, sem uma definição certeira do que é uma coisa ou outra, motiva conflitos e aumenta a distância
entre o Brasil e outros países. No mais, a escolha do que terceirizar deve ser da própria empresa”, afirmou
Sylvia Lorena, gerente-executiva de Relações do Trabalho da CNI.[7]

Tributação

Em 6 de julho, após reunião com Temer e a equipe econômica, o senador e relator da Lei de Diretrizes
Orçamentárias, Wellington Fagundes, informou que a previsão de receitas seria elevada com o aumento de

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impostos da Cide (sobre os combustíveis) e com os recursos de concessões e privatizações. Outros


tributos, que não dependem do Congresso, também poderiam ser elevados. Segundo fontes, a elevação da
Cide, de R$ 0,10 para R$ 0,60, por exemplo, poderia resultar num reforço de caixa anual de até R$ 15
bilhões. Com o aumento, o rombo nas contas públicas iria chegar a R$ 150 bilhões, mas, sem elas, poderia
chegar a R$ 194 bilhões em 2017. Temer pretendia obter outras formas de reduzir o deficit, como o
controle de gastos e a revisão do auxílio-doença. Além disso, o governo já havia recolhido R$ 8 bilhões na
repatriação de recursos.[62]

Em 22 de julho, Temer oficializou a alíquota de 6% para o Imposto de renda retido na fonte (IRRF) sobre as
remessas para o exterior referentes a gastos com turismo. A Lei nº 13.315 tem regra geral de 6% de
incidência para valores remetidos por pessoas físicas e jurídicas até o limite de R$ 20 mil ao mês. Acima
desse limite, a alíquota é de 25%. No caso de agências de turismo, não há qualquer limite para a aplicação
da alíquota de 6%, com a exceção dos paraísos fiscais. Para estes, a alíquota é de 25%. Mas, se a
remessa for feita por uma agência de turismo, a alíquota será de 6%, com o limite de R$ 10 mil por
passageiro por mês. As agências de turismo devem ainda demonstrar a efetiva existência operacional do
beneficiário da remessa situado em paraíso fiscal. A nova legislação foi negociada por dois anos com
entidades do turismo, que comemoraram a nova alíquota, embora desejassem a isenção fiscal. As
remessas para fins educacionais e tratamento de saúde seguem isentas de qualquer tributação. [63]

Em 27 de outubro, O presidente sancionou o projeto de lei que amplia o prazo de parcelamento das dívidas
tributárias de micro e pequenas empresas, estabelecendo os novos limites para o enquadramento das
empresas no Simples Nacional, e a lei do salão-parceiro, que legaliza a contratação de pessoas jurídicas
para a prestação de serviços em salões de beleza – como os de cabeleireiros, barbeiros, manicures,
pedicures, maquiadores, esteticistas e depiladores. Criado em 2006, o Supersimples tem o objetivo de
desburocratizar e facilitar o recolhimento de tributos pelos micro e pequenos empresários. Com as
mudanças, o limite para que a microempresa seja incluída no programa passou dos atuais R$ 360 mil
anuais para R$ 900 mil. Já o teto das empresas de pequeno porte passou de R$ 3,6 milhões anuais para
R$ 4,8 milhões. A nova versão da lei amplia de 60 para 120 prestações o prazo para o pagamento das
dívidas tributárias. A nova lei cria ainda a figura do “investidor-anjo”, para ajudar as start-ups (empresas em
início de atividades inovadoras) a obterem aportes a fim de colocar seus produtos no mercado. Dessa
forma, será possível a aplicação de investimentos sem a necessidade de o investidor se tornar sócio do
novo empreendimento.[64]

Educação

Os programas de incentivo à educação e à profissionalização, como Pronatec, ProUni e FIES, tiveram


suspensa a abertura de novas vagas. O ministro da educação, Mendonça Filho, disse que pretendia honrar
as vagas já contratadas, mas não poderia aceitar novas inscrições devido à falta de recursos. Um dos
principais alvos da nova política educacional era o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino
Superior (FIES), em que o governo financiava o estudo de alunos de baixa renda em universidades
particulares, emprestando dinheiro que, após a formatura, era devolvido pelos beneficiados. Mendonça não
pretendia manter o pagamento da taxa bancária, que é de 1,3 bilhão de reais por ano. Ele também
ressaltou que o Programa Universidade para Todos (ProUni) precisaria cobrar resultados dos estudantes
que recebem dinheiro público. Os gestores da pasta da educação acreditavam que o governo poderia
investir em grandes projetos, mas que seus recursos estavam mal aproveitados. [65]

Em 16 de junho, Temer assinou a autorização para a criação de mais 75 mil bolsas do Fundo de
Financiamento Estudantil (Fies). O investimento do Ministério da Educação (MEC), destinado para novos
contratos no segundo semestre de 2016, somava 450 milhões de reais. Essa quantidade de vagas foi
possível graças à reposição de 4,7 bilhões de reais, em relação ao corte de 6,2 bilhões de reais da gestão
anterior. As vagas representaram também um aumento de mais de 50% dos contratos firmados no primeiro
semestre de 2016. Os novos contratos alteraram a exigência de renda familiar de até 2,5 salários mínimos
para até três salários mínimos, ampliando o acesso dos estudantes à universidade, e não haveria mais
prazo para a declaração de se o estudante está ou não matriculado/vinculado ao curso. Além disso, haveria
limitação de prazo na pré-seleção dos estudantes em lista de espera e ocorreria processo específico para
ocupação de vagas remanescentes.[66]

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Em 16 de fevereiro de 2017, ao sancionar a lei que determinou a reforma do ensino médio, Temer
declarou, em seu discurso no Palácio do Planalto, que o novo modelo só foi possível graças à ousadia do
governo de encarar a polêmica que cerca os temas relevantes para o país. Segundo o presidente, “Temos
enviado propostas que geram saudável polêmica. A polêmica, crítica portanto, gera aperfeiçoamento. Certa
e seguramente, algumas modificações feitas pelo Congresso Nacional foram feitas pela sociedade.
Acabou, então, saindo uma coisa consensual" e “Estamos ousando. Quem ousaria fazer um teto para os
gastos públicos? Seria muito fácil o presidente chegar e gastar à vontade sem se preocupar com as
reformas fundamentais, ou seja com o país no futuro. Não estamos fazendo isso. Propor o teto foi uma
ousadia muito bem-sucedida. Agora, a do ensino médio”. O Ministro da Educação, Mendonça Filho,
acrescentou que “A escola do ensino médio era estática, com treze disciplinas obrigatórias. [O aluno] tem
de assimilar aquele conteúdo de forma similar e igual para todos, como que cada um tivesse um perfil igual
ao outro”.[8]

Reforma do ensino médio

Em 22 de setembro, Temer apresentou a maior proposta de reforma educacional em duas décadas.


Baseada nos modelos da Coreia do Sul e da Austrália, o projeto se concentrou na capacitação dos
estudantes em suas áreas de interesse. A mudança possuiu como núcleo a substituição das treze matérias
que, no momento, formavam a grade curricular do ensino médio pelos chamados itinerários formativos. Os
itinerários foram agrupados em cinco grandes conjuntos: linguagens, matemática, ciências da natureza,
ciências humanas e formação técnica e profissional. Dentro de cada um deles, haveria cinco disciplinas.
Cada escola ou rede de ensino decidiria que outras disciplinas iriam compor esse itinerário. As únicas
obrigatórias presentes em todos eles seriam língua portuguesa, inglês e matemática. O aluno escolheria o
que iria estudar no final do primeiro ano do ensino médio. Como exemplo, um aluno que chegasse ao final
do primeiro ano e optasse pelo itinerário de linguagem, teria aulas de língua portuguesa, língua inglesa,
matemática (essas três comporiam a grade obrigatória), literatura brasileira, história do Brasil, história geral,
geopolítica e espanhol. O exemplo é hipotético, pois cada escola ou rede teria liberdade de apontar quais
seriam as cinco disciplinas que iriam compor cada itinerário. Ao entrar na universidade, os alunos poderiam
aproveitar créditos de disciplinas cursadas no ensino médio, cujo conteúdo fosse similar ao oferecido na
graduação. Isso dependia de regulamentação das faculdades.[67][68]

Assim, a medida provisória que estabeleceu as novas regras previu que a carga horária de 2.400 horas de
aula no total seria dividida em 1.200 horas de aula dedicadas às disciplinas da Base Nacional Curricular
Comum (BNCC) e outras 1.200 horas de aula dedicadas às disciplinas que o aluno escolhesse estudar. O
objetivo era permitir que o estudante se aprofundasse no estudo das áreas pelas quais tivesse maior
interesse. Mas havia riscos no novo modelo. O principal deles era sobre o aumento das desigualdades.
Com a liberdade de poder escolher o que seria oferecido, escolas em locais mais vulneráveis poderiam
deixar de oferecer as disciplinas de ciências naturais, por exemplo – área que carece sistematicamente de
professores de química e física. "As secretarias de educação terão um trabalho vital de olhar para a rede
de cada região e garantir o equilíbrio de ofertas. Todo aluno deve ter todas as alternativas em sua
vizinhança, se não numa escola, na mais próxima", disse Ricardo Henriques, superintendente da Fundação
Unibanco. O novo modelo de organização curricular estaria atrelado à BNCC e só poderia ser implantado
depois que esse currículo nacional já estivesse concretizado. A previsão dada pelo MEC é que isso
ocorreria em 2017. Por isso, a escolha pelo currículo flexível só deveria ocorrer a partir de 2018. [68]

Em 8 de fevereiro de 2017, o Senado aprovou a medida provisória, e em 16 de fevereiro, foi sancionada


pelo presidente. Os parlamentares retiraram a citação direta à retirada de educação física, arte, sociologia
e filosofia como disciplinas obrigatórias, contornando o problema com uma emenda que determinou a
existência de matérias qualificadas como "estudos e práticas" a serem incluídos como obrigatórios na Base
Nacional Curricular Comum. Em relação à permissão para que professores sem diploma específico
ministrem aulas, o texto definitivo declarou que professores com "notório saber", desde que reconhecidos
pelo sistema de ensino e que os cursos estejam ligados às áreas de atuação deles, possam dar aulas
exclusivamente para cursos de formação técnica e profissional. Além disso, os professores sem
licenciatura deverão realizar uma complementação pedagógica para que se tornem qualificados a lecionar.
Entretanto, os especialistas questionaram a reformulação do ensino por meio de medida provisória e
ponderaram que muitas escolas não seriam capazes de oferecer todas as matérias, restringindo as opções
do aluno. O Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou parecer ao Supremo Tribunal

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Federal (STF), no qual afirmou que a medida provisória que estabeleceu uma reforma no ensino médio era
inconstitucional. Ex-ministros da educação ouvidos pelo portal G1 temeram que a reforma ampliasse as
desigualdades de oportunidades educacionais.[69]

Infraestrutura

Em 26 de julho, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, informou que o governo iria preparar uma lista
com as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), na área de infraestrutura, que
considerou prioritárias para receber investimentos públicos. O governo pretendia concentrar os repasses
em projetos ligados ao programa que estavam inacabados e que tinham custo estimado em até R$ 10
milhões. Atualmente, disse Oliveira, existiam cerca de duas mil obras nessa situação. A medida, disse ele,
foi necessária porque o governo, com as contas no vermelho, não dispunha de recursos para dar
andamento a todas as obras do PAC e precisava cortar gastos. Essas obras inacabadas somavam R$ 2
bilhões, que ainda precisariam ser investidos. Entretanto, não eram todas que estavam paralisadas por
questões orçamentárias - havia projetos inacabados por falta de licenças ou que tiveram licitações
embargadas - e todas as que não tivessem problemas técnicos seriam retomadas.[70]

Em 13 de setembro de 2016, o governo Michel Temer anunciou seu primeiro pacote de concessões e
privatizações, que incluiu 34 projetos entre aeroportos, rodovias, terminais portuários e ferrovias, além de
ativos nos setores elétrico, de óleo e gás, mineral e de saneamento. O objetivo do pacote de concessões
do governo federal era estimular o crescimento da economia brasileira, que passava, atualmente, pela
maior recessão de sua história. No ano de 2015, o Produto Interno Bruto (PIB) teve retração de 3,8% - a
maior em 25 anos - e em 2016 deveria ter um tombo superior a 3%, de acordo com a previsão de analistas
dos bancos. Ao mesmo tempo, os valores arrecadados com as concessões e permissões ajudariam a
tentar fechar as contas em 2017. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o
fundo de investimentos do FGTS (FI-FGTS) entrariam com R$ 30 bilhões para ajudar no financiamento do
Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Outras fontes seriam o Banco do Brasil, os bancos privados
e possivelmente novos investidores.[71]

Em 10 de março de 2017, Temer inaugurou o eixo leste da transposição do rio São Francisco nas cidades
de Sertânia, Pernambuco, e Monteiro, Paraíba.[72][73]

Habitação

Temer e o ministro das Cidades, Bruno Araújo, anunciaram o programa Cheque Reforma, que deveria
beneficiar quinze milhões de famílias brasileiras que atualmente viviam em habitações precárias. Segundo
o ministro, O público alvo eram famílias com renda de zero a três salários mínimos, que seriam
beneficiadas com até R$ 5 mil reais (com recursos do Tesouro Nacional) para a aquisição de material de
construção para melhorias habitacionais. O novo programa permitiria, entre outras reformas, a construção
de banheiros ou fossas sanitárias, ampliação da residência, melhoria do telhado, aplicação de reboco e a
melhoria do piso. Esse programa estava em desenvolvimento e deveria ser lançado em 2017. Nas palavras
do ministro, "Será um programa exitoso, muito importante para melhorar a vida de milhões de brasileiros".
O governo também anunciou a retomada das obras de construção de 10.609 unidades habitacionais do
programa Minha Casa, Minha Vida na faixa 1, ou seja, voltadas à população de baixa renda, contemplando
35 mil unidades; e, que, em 2017, contrataria também seiscentas mil novas unidades desse programa
social. Segundo o ministro Araújo, a contração de unidades da nova faixa 1,5 do programa, beneficiando
famílias com renda mensal bruta de até R$ 2.350,00 e que possuem capacidade de comprometimento de
renda, também estava sendo liberada. Na nova modalidade do programa, a família poderia contar com
subsídios de até R$ 45 mil, conforme a renda e a localização do imóvel, além de juros reduzidos para
financiamento; contando com recursos quase exclusivos do FGTS.[74][75][76][77]

Em 6 de fevereiro de 2017, o governo redefiniu as faixas de renda para o seu programa de habitação
popular. Com a nova política, a renda familiar se estendeu entre R$ 1,8 mil e R$ 9 mil. Outra medida foi
elevar o teto do valor dos imóveis que podem ser adquiridos conforme o Minha Casa, Minha Vida: de R$
225 mil para R$ 240 mil no Distrito Federal, em São Paulo e no Rio de Janeiro; de R$ 170 mil para R$ 180
mil nas capitais do Norte e Nordeste. A ampliação das faixas iria exigir um aumento de orçamento de R$
8,5 bilhões para subsídios e financiamentos. R$ 200 milhões ficariam a cargo da União, destinados a

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subsídios das faixas 1,5 e 2; o FGTS contribuiria com R$ 1,2 bilhão para subsídios; e outros R$ 7,1 bilhões
seriam necessários para o financiamento de todas as faixas. O principal objetivo das disposições era
ampliar a geração de emprego e a meta era contratar 610 mil novas unidades habitacionais em todas as
modalidades do MCMV, em 2017. O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, negou que a recente
permissão do governo para que trabalhadores sacassem valores de contas inativas do FGTS reduziria o
volume de recursos do fundo destinado ao financiamento habitacional.[78]

Justiça e direitos humanos

Em 23 de junho, Temer sancionou um projeto de lei que normatizava os mandados de injunção individual e
coletivo. Segundo o texto, uma vez reconhecida a injunção, a Justiça deve determinar um prazo para a
criação da norma exigida. Também especifica que, enquanto a referida lei não for criada, o entendimento
judicial valerá apenas para o autor da ação e delimitará as condições de exercício desse direito. Em casos
coletivos, os efeitos de eventual decisão só serão estendidos ao autor de demanda individual que desistir
do processo em até trinta dias depois de definido o questionamento. A lei também abre a possibilidade de o
relator da ação, monocraticamente, depois do trânsito em julgado, decidir, caso haja necessidade, se o
entendimento terá feito vinculante. Essa decisão poderá ser revista se houver mudança de fato ou de
direito. Temer disse que a alteração garante que o cidadão possa desfrutar de seus direitos ao impedir que
a omissão de autoridade regulamentadora vulnere direitos indefinidamente.[79]

No Dia Internacional da Mulher, 8 de março, Temer fez um discurso que causou repercussões negativas.
Ele disse que a mulher é importante para a economia porque "Ninguém mais é capaz de indicar os
desajustes, por exemplo, de preços em supermercados do que a mulher" e acrescentou "o quanto a mulher
faz pela casa, o quanto faz pelo lar, o que faz pelos filhos". Contrariando dados oficiais de institutos de
pesquisa, o presidente afirmou que existe igualdade no emprego entre homens e mulheres e que elas
possuem grande participação em altos cargos de empresas e no Legislativo. O teor do seu pronunciamento
causou reações enérgicas nas redes sociais e de mulheres que ocupavam cargos políticos. Em sua defesa
no Twitter, ele declarou que "Meu governo fará de tudo para que mulheres ocupem cada vez mais espaço
na sociedade e (...) tenham direitos iguais em casa e no trabalho. Não vamos tolerar preconceito e
violência contra a mulher".[80]

Relações exteriores

Temer com os líderes da Índia, China, África do Sul e Rússia na reunião dos BRICS em 2016

O Itamaraty, agora comandado por José Serra, ameaçou mudar o voto brasileiro na 199.ª Sessão
da Unesco, realizada em abril de 2016. A questão tratada se referia aos direitos do patrimônio cultural nos
territórios conquistados por Israel na Guerra dos Seis Dias em Jerusalém, que são alvo de disputa com
a Palestina. Em nota divulgada no dia 9 de junho pelo Ministério das Relações Exteriores, o governo
brasileiro informou que a decisão não fazia referência expressa aos vínculos históricos do povo judeu com
Jerusalém, particularmente o Muro Ocidental, santuário mais sagrado do judaísmo, o que foi considerado
"um erro, que torna o texto parcial e desequilibrado". A resolução aprovada em abril na Unesco tinha um
tom crítico a Israel e favorável à Palestina, além de ter sido apresentada por iniciativa das representações
árabes – Argélia, Egito, Líbano, Marrocos, Omã, Catar e Sudão. Foram 33 votos a favor, seis contra, 17
abstenções e duas ausências. O Brasil votou a favor da decisão, junto a países integrantes do BRICs,
como a China, Índia e África do Sul, além de países como Espanha, Suécia, Argentina e México. Entre os
países contrários, estavam Estados Unidos e Alemanha.[81]

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Em 17 de junho, o governo suspendeu as negociações que mantinha com a União Europeia para receber
famílias desalojadas pela guerra civil na Síria. A suspensão foi ordenada pelo novo ministro da
Justiça, Alexandre de Moraes, sob a justificativa de uma nova postura do governo quanto à recepção de
estrangeiros e à segurança das fronteiras. Em março, o então ministro da Justiça Eugênio Aragão visitou o
embaixador da Alemanha no Brasil para tratar da recepção de sírios e disse a jornalistas que o país
poderia acolher cerca de cem mil refugiados nos próximos cinco anos, com o respaldo da presidente Dilma
Rousseff. A iniciativa brasileira era considerada exemplar pelo Acnur (agência da ONU para refugiados) e
contrastava com a de várias nações que vinham endurecendo suas políticas migratórias em meio a
preocupações com a segurança. No entanto, o presidente interino Michel Temer convocou ministros e a
Polícia Federal para uma reunião sobre o tema, definindo a estratégia como uma busca de coibir a entrada
de armas e drogas e combater a violência dentro do país.[82]

Em seu primeiro discurso na Assembleia Geral da ONU, no dia 20 de setembro, Temer disse que o
processo de impeachment ocorreu dentro da legalidade e que o Brasil possui um compromisso com a
democracia. O discurso teve cinco pontos principais. A respeito do cenário interno, Temer afirmou sua
preocupação com a responsabilidade fiscal e social, acenando para a recuperação econômica do país e
citando os programas sociais. Sobre a ONU, ele defendeu uma postura mais ativa, capaz de resolver os
conflitos mundiais em vez de haver somente uma atitude de observação e condenação. O presidente
também mencionou a grande quantidade de refugiados que o Brasil vinha abrigando, contabilizando 95 mil
pessoas de 79 nacionalidades. Ao adentrar o cenário externo, ele sustentou intervenções na Síria e na
disputa entre Israel e Palestina, além de acordos com o Irã e a Coreia do Norte, que desenvolvem armas
nucleares. Temer elencou muitas atuações do Brasil em assuntos internacionais, a exemplo da ajuda
humanitária no Haiti. Por fim, ele declarou que seu governo iria investir na tecnologia e no comércio,
pedindo o fim de medidas protecionistas, especialmente no setor agrícola. [83]

Em 16 de outubro, Temer participou da 8ª Cúpula do Brics na índia. Ele encorajou as empresas do grupo a
realizarem investimentos no Brasil, onde encontrariam, segundo ele, “um país com estabilidade política,
segurança jurídica e com grande liberdade consumidora”, e também convidou as companhias brasileiras a
investirem nos países do bloco. O presidente declarou que suas primeiras medidas representaram sinais
da volta de confiança na economia brasileira, citando seus esforços em desburocratização de processos,
redução dos custos de operação, segurança jurídica e 34 projetos em diversas áreas. Segundo ele, "Serão
especialmente bem-vindas quelas empresas capazes de melhorar estruturalmente nossas economias,
setores que fortalecerão nossa competitividade e a presença global do Brics”. A entidade contava, em seu
conjunto, com cerca de 43% da população mundial, 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do planeta e 17%
do comércio global, tendo como centro da agenda da reunião a recuperação da economia de seus países-
membros.[84]

Presidente Temer recebe chefes da Estado da CPLP.

Em 31 de outubro, o presidente Michel Temer recebeu visitas de cortesia de alguns dos chefes de Estado
que vieram ao Brasil participar da XI Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de
Países de Língua Portuguesa (CPLP). Às 10h30, ele recebeu, na rampa do Palácio do Planalto, o
secretário-geral eleito da Organização das Nações Unidas (ONU), Antônio Guterres. A CPLP é uma
conferência que tem como objetivo aprofundar a cooperação entre os nove países membros, com o
objetivo de avançar em projetos em áreas como educação, saúde, ciência e tecnologia, defesa, agricultura,

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administração pública, comunicações, justiça, segurança pública, cultura e desporto. Além do Brasil, fazem
parte da comunidade Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São
Tomé e Príncipe e Timor-Leste. O encerramento da CLPL, que em 2016 comemorou 20 anos, ocorreu em
1º de novembro. Ao final do evento no Itamaraty, foi definido, por meio da Declaração de Brasília, o plano
de trabalho da organização para os próximos anos. Nesse ano, o tema da conferência foi a agenda para
desenvolvimento sustentável em 2030. Caberá ao Brasil presidir o grupo pelo próximo biênio, no lugar do
Timor Leste.[85]

Segurança pública

Após um episódio de estupro coletivo no Rio de Janeiro, Temer anunciou que criaria um departamento
na Polícia Federal para lidar com esse tipo de crime. “Repudio com a mais absoluta veemência o estupro
da adolescente no Rio de Janeiro. É um absurdo que em pleno século 21 tenhamos que conviver com
crimes bárbaros como esse” e "Nosso governo está mobilizado, juntamente com a Secretaria de Segurança
Pública do Rio de Janeiro, para apurar as responsabilidades e punir com rigor os autores do estupro e da
divulgação do ato criminoso nas redes sociais”, disse o presidente interino em nota pública. O
departamento funcionaria como uma delegacia da mulher e visaria a agrupar informações estaduais e
coordenar ações em todo país. Além disso, Fátima Pelaes seria nomeada para a Secretaria da Mulher,
visto que o ministério correspondente foi extinto.[86]

Em janeiro de 2017, uma crise no sistema carcerário brasileiro veio à tona, após rebeliões de presos
pertencentes a facções rivais na Região Norte do País. As rebeliões prisionais ocorreram na primeira
semana daquele ano. Em 1.° de janeiro, 56 presos foram mortos após uma rebelião ocorrida no Complexo
Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, no Amazonas.[87] Integrantes de duas quadrilhas rivais
de tráfico de drogas, o Primeiro Comando da Capital (PCC) e a Família do Norte (FDN) — aliada
do Comando Vermelho (CV) — entraram em confronto naquele que foi considerado o massacre mais
violento da história do sistema prisional brasileiro desde a chacina do Carandiru (1992).[87] Cinco dias
depois, 33 presos foram mortos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, localizada na zona rural de Boa
Vista, em Roraima.[88] De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, a chacina em Roraima foi uma resposta do
PCC à rebelião comandada pela FDN no Amazonas.[88]

Governo anuncia Plano Nacional de Segurança.

Em 5 de janeiro, Temer falou pela primeira vez sobre a rebelião no presídio. Em reunião com ministros, ele
inicialmente manifestou solidariedade com as famílias dos presos vitimados no que ele classificou como
acidente em Manaus. Conforme o presidente, embora a segurança pública seja de responsabilidade dos
governos dos estados, a realidade requer uma intervenção em esfera nacional. Ele lembrou que o presídio
de Manaus é terceirizado, consequentemente não houve uma responsabilidade direta dos agentes do
Estado, porém ressaltou que estes deveriam ter mantido informações sobre o evento, a exemplo
do Ministério da Justiça, que assim procedeu desde o primeiro dia.[89]

Então, o presidente Temer anunciou as primeiras medidas do Plano Nacional de Segurança, incluindo a
construção de cinco presídios federais para criminosos de alta periculosidade. O governo deveria liberar
cerca de R$ 40 milhões a R$ 45 milhões para cada presídio. Além disso, do R$ 1,2 bilhão do fundo
penitenciário liberado na semana anterior, R$ 800 milhões seriam destinados para a construção de

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penitenciárias em cada estado. Cada presídio deveria ter blocos separados: um para presos de maior
periculosidade e outro para presos de menor potencial. Eles deveriam cumprir penas em locais separados,
o que não acontecia em todas as penitenciárias. E acrescentou a liberação de dinheiro para a compra de
equipamentos que bloqueiam o sinal de celulares nos presídios. Segundo Temer, os bloqueadores
deveriam ser instalados em, pelo menos, 30% dos presídios em cada estado em que foram solicitados. [89]

Seguridade social

Assistência social

Michel Temer declarou que pretendia continuar os investimentos em programas sociais já existentes, como
o bolsa família. Além disso, criou um novo programa, chamado Criança Feliz. Seu objetivo era atender
presencialmente todos os filhos de beneficiários do bolsa família. O plano previa a contratação de oitenta
mil pessoas com ensino médio completo e um custo de R$ 2 bilhões por ano, visando a prestar assistência
a crianças de até três anos de idade; cobrindo dessa forma um período considerado vital para o
desenvolvimento cognitivo. Os profissionais contratados foram chamados visitadores, pois entrariam nas
casas das pessoas que recebiam o bolsa família, prevendo-se a meta de seis casas para cada visitador em
um dia de trabalho. O total de beneficiários do programa atingiria 13.904 milhões de famílias em quatro
milhões de casas. Em ambientes mais pobres, há grande dificuldade no estímulo de crianças na primeira
infância. Os reflexos podem ser devastadores no restante da vida desses indivíduos, que às vezes acabam
tendo problemas na alfabetização e no convívio social. [90]

Em 31 de outubro, Temer anunciou o lançamento de um programa social chamado Cartão Reforma, que
consistia numa linha de crédito de até R$ 5 mil para que famílias reformem suas residências ou façam
pequenas obras. "Conseguindo isso, naturalmente, nós vamos imaginar o seguinte: o sujeito tem lá a sua
propriedade. Ele vai querer aumentar um quarto ou vai querer cimentar a casa ou vai querer ampliar o
banheiro, e, para isso, nós estamos lançando o chamado Cartão Reforma", afirmou o presidente. De
acordo com o Ministério das Cidades, os recursos do programa eram do Orçamento da União e as famílias
beneficiadas não precisariam devolver o dinheiro ao governo. Para 2017, o governo estimava reservar R$
300 milhões para o Cartão Reforma. O objetivo do governo era melhorar a qualidade de moradias nas
chamadas ocupações consolidadas, ou seja, aqueles bairros que nasceram de uma ocupação irregular,
mas que já existem há muitos anos. As famílias beneficiárias receberiam apoio de arquiteto e engenheiro,
que verificariam qual era a necessidade específica de cada residência.[91]

Previdência social

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que pretendia defender uma idade mínima para pedir o
benefício, tanto para homens quanto para mulheres, provavelmente aos 65 anos. Ele disse que o sistema
previdenciário vigente não era sustentável e corria o risco de não poder pagar o benefício às pessoas em
idade de aposentadoria. Para ele, a reforma previdenciária era urgente para que o governo pudesse honrar
seu compromisso no futuro. A declaração do ministro veio na esteira de um novo estudo da Organização
Mundial da Saúde (OMS), que apontou o aumento da expectativa de vida em cinco anos, em todo o
mundo, nos últimos quinze anos. Em 2016, a média de idade na aposentadoria era de 57 anos, contra 64
anos dos europeus. O deficit do INSS deveria chegar aos R$ 116 bilhões, em 2016.[92]

Em 5 de dezembro, o presidente Temer apresentou ao Congresso uma proposta de emenda constitucional


para a reforma previdenciária. O ponto mais importante foi a aposentadoria aos 65 anos para homens e
mulheres. Os militares teriam uma proposta em separado e os trabalhadores rurais ainda deveriam ter a
sua condição discutida. Os estados e municípios poderiam aderir ao Funpresp. O objetivo declarado do
governo era tentar manter a sustentabilidade das contas públicas, diante de um deficit crescente do
sistema previdenciário brasileiro, decorrente de um envelhecimento da população brasileira e da queda na
taxa de natalidade no país. Haveria, porém, regras de transição para homens acima de 50 anos e para
mulheres acima de 45 anos. "Chega de pequenas reformas. Ou enfrentamos de frente [a necessidade de
reformar a Previdência] ou iremos condenar os aposentados a bater nas portas do Poder Público e nada
receberem [no futuro]", declarou o presidente.[93]

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Saúde pública

Em 26 de junho, Temer sancionou a lei que determina medidas de combate ao Aedes aegypti, mosquito
que transmite doenças como zika, dengue e chikungunya. A lei determina a criação do Programa Nacional
de Apoio ao Combate às Doenças Transmitidas pelo Aedes (Pronaedes), para financiamento de projetos
de combate à proliferação do mosquito, e autoriza a entrada forçada em imóveis para a eliminação de
focos do mosquito, norma que já era prevista por uma medida provisória de 29 de janeiro. Porém, Temer
vetou isenções fiscais para as pessoas e entidades que praticassem certas atividades de apoio, como
pagamento de serviços de vigilância e campanhas educativas. O texto original previa dedução de até 1,5%
do imposto devido no caso de pessoas físicas e 1% no caso de pessoas jurídicas. [94]

Outro dispositivo vetado foi o artigo que previa a isenção de impostos para produtos relacionados ao
combate ao mosquito: repelentes à base de icaridina, DEET e IR355, inseticidas e larvicidas aplicados no
combate ao Aedes aegypti e telas de proteção contra o mosquito. Outras determinações legais incluem a
permissão de dispersão por aeronaves de produtos para combate ao mosquito e a citação de que bebês
com microcefalia em decorrência de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti têm direito ao benefício de
prestação continuada, concedido a pessoas com deficiência, por até três anos. O valor do benefício é de
um salário mínimo. Além disso, mães de filhos com microcefalia terão o direito a licença-maternidade de
seis meses.[94]

Trabalho

Em 22 de dezembro, o governo apresentou a sua proposta de reforma trabalhista. Uma das medidas foi a
autorização para o saque de contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a fim de
mobilizar a economia. O Programa Nacional de Proteção ao Emprego passou a ser permanente e a se
chamar Programa de Seguro-Emprego. A jornada de trabalho poderia ser estendida para até doze horas
diárias e o contrato de trabalho temporário passaria de 90 para 120 dias. Poderia haver dois modelos de
contrato, um com base na produtividade e outro com base nas horas trabalhadas. O cartão de crédito
sofreria mudanças, com juros menores e parcelados. O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, afirmou
que não existia a intenção de mexer em direitos adquiridos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
tais como férias, décimo terceiro salário, FGTS e vales transporte e refeição, nem com o repouso semanal
remunerado. De outro lado, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) enfatizou que a nova legislação
instituiu a soberania do negociado sobre o legislado, o que significa que patrões e empregados ficariam
livres para promover negociações à revelia da legislação trabalhista.[95]

O ministro Eliseu Padilha, da Casa Civil, explicitou os pontos da negociação coletiva que poderiam adquirir
força de lei: parcelamento das férias em até três vezes, com pelo menos duas semanas consecutivas de
trabalho entre duas dessas parcelas; pactuação do limite de 220 horas na jornada mensal; direito, se
acordado, à participação nos lucros e resultados da empresa; formação de um banco de horas, sendo
garantida a conversão da hora que exceder a jornada normal com um acréscimo mínimo de 50%; tempo
gasto no percurso para se chegar ao local de trabalho e no retorno para casa; estabelecimento de um
intervalo durante a jornada de trabalho, com no mínimo trinta minutos; estabelecimento de um plano de
cargos e salários; trabalho remoto; remuneração por produtividade; disposição sobre a extensão dos
efeitos de uma norma mesmo após findo o seu prazo de validade; ingresso no programa de seguro-
emprego; registro da jornada de trabalho. A proposta do governo manteve a jornada padrão de trabalho de
44 horas semanais com mais quatro horas extras, podendo chegar a até 48 horas por semana. Porém, a
jornada em um dia poderia ser de até 12 horas (oito mais quatro horas extras) desde que fosse respeitado
o limite de 48 horas na semana.[96]

Crises e Controvérsias

O governo também foi marcado por diversas crises internas. Nos seis primeiros meses de governo, Temer
perdeu seis ministros, todos envolvidos em polêmicas.[97]

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Gravações de Sérgio Machado

Romero Jucá

Romero Jucá

Em pouco dias de existência, o governo Michel Temer enfrentou o seu primeiro caso de escândalo e a
primeira saída de um ministro, após o jornal Folha de S. Paulo divulgar gravações do ministro do
planejamento, Romero Jucá, numa conversa telefônica de março de 2016 com o ex-presidente
da Transpetro, Sérgio Machado. Na conversa, quando ainda era senador pelo PMDB, Jucá sugeriu que
uma mudança de governo Dilma Rousseff poderia paralisar a Operação Lava Jato, que investigava ambos
os interlocutores.[98]

Essa conversa ocorreu semanas antes da votação do processo de impedimento na Câmara. Jucá era um
dos principais articuladores da oposição e teria convencido os deputados de que o afastamento de Dilma
Rousseff, com um novo governo nas mãos de Temer, poderia ser a solução política para deter o processo
conduzido por Sérgio Moro. Segundo Jucá, um eventual governo Michel Temer deveria construir um pacto
nacional "com o Supremo, com tudo", liberando todos os investigados. O senador citou diálogos com
ministros do STF e afirmou que "eles teriam relacionado a saída de Dilma ao fim das pressões da imprensa
e de outros setores pela continuidade das investigações da Lava Jato". [98]

Com grande repercussão negativa nas imprensas nacional e internacional, Jucá, que era homem forte do
governo Temer, teve de deixar o ministério. Com o afastamento de Jucá, Dyogo Henrique de
Oliveira assumiu interinamente o cargo. A presidente afastada, Dilma Rousseff, que, desde o fim de
semana anterior, voltou a participar de eventos públicos, afirmou que a gravação confirma o caráter do
processo de impeachment como fruto da ação de um "consórcio golpista" interessado em barrar as
investigações.[99]

Dias mais tarde, ela voltou a considerar a determinação de obstruir a Lava Jato, além da intenção de
colocar em andamento uma política ultraliberal em economia e conservadora em todo o resto, como as
verdadeiras causas do impeachment; e disse que o governo Temer era completamente submisso a
Eduardo Cunha, que supostamente exigiu a nomeação de seu advogado, Alexandre de Moraes, como
ministro da justiça. Ela também acusou Temer de traição, que teria sido cometida antes do impeachment,
em março, quando "as coisas ficaram claríssimas".[100]

Fabiano Silveira

O segundo ministro a cair por causa das gravações de Machado foi Fabiano Silveira, que era titular da
pasta de Transparência, Fiscalização e Controle. No áudio, obtido por meio da delação premiada, Silveira
discute estratégias de defesa de investigados da Lava Jato, fazendo sugestões sobre a defesa do

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presidente do Senado, Renan Calheiros, que é investigado na operação, além de fazer críticas à operação
comandada pela força-tarefa. Temer não queria exonerar Silveira, pois seria a sua segunda baixa em
dezoito dias de governo, mas o próprio ministro pediu seu desligamento em um telefonema para o
presidente interino, no qual disse "ter se tornado insustentável a sua permanência no governo" e afirmou
que "preferia sair porque não queria se tornar um problema". Em sua carta de despedida, ele declarou que
era “alvo de especulações insólitas”. Silveira foi integrante do Conselho Nacional de Justiça e chegou ao
cargo de ministro por indicação de Jucá e Calheiros, embora o segundo tenha negado qualquer
intervenção no Executivo. O ex-ministro Carlos Higino foi nomeado interinamente como seu substituto.[101]

Em maio de 2016, o programa Fantástico teve acesso a novos trechos de conversas gravadas pelo ex-
presidente da Transpetro, Sérgio Machado, em uma reunião na casa do presidente do Senado, Renan
Calheiros, do PMDB, com a participação de Fabiano Silveira, quando ele ainda era membro do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ). De acordo com os áudios, na conversa houve troca de reclamações sobre a
Justiça e a Operação Lava Jato. Na gravação, Fabiano Silveira faz críticas à condução da Lava Jato
pela Procuradoria Geral da República e dá conselhos a investigados na operação.[102] Por meio de nota, ele
disse que esteve “de passagem” na residência oficial do Senado, mas que não sabia da presença de
Sérgio Machado. Disse ainda que não tem nem nunca teve nenhuma relação com Machado. Segundo
Fabiano, ele esteve involuntariamente em uma conversa informal e jamais fez gestões ou intercedeu junto
a instituições públicas em favor de terceiros.[102]

Henrique Alves

A terceira baixa por conta das gravações de Machado foi o ex-presidente da Câmara dos
Deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que pediu exoneração[103]do cargo de ministro do Turismo
em 16 de junho. Segundo Machado, Alves teria recebido R$ 1,55 milhão em doações eleitorais oriundos de
propina do esquema investigado pela operação Lava Jato. O ex-ministro era suspeito de fazer parte do
grupo de políticos do PMDB que deu suporte para que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo
Roberto Costa, continuasse no cargo, em troca de propinas destinadas ao PMDB. Ele também era suspeito
de ter recebido propina do petrolão para a sua campanha ao governo do Rio Grande do Norte, em 2014. [104]

Novas eleições

As crises do governo Temer fizeram os senadores Acir Gurgacz e Romário reavaliarem o impeachment de
Dilma Rousseff. "A eventual concordância com a convocação de novas eleições por Dilma poderia colocá-
la novamente no seu cargo, embora ela também cause temor por causa da "irresponsabilidade, da
inconsequência", disseram eles. Em apenas 21 dias, o governo sofreu muitos reveses e críticas, criando
uma situação em que poderia ser revertido o placar de admissibilidade do impeachment. Mesmo os que
votaram pelo afastamento da presidente reconheceram que havia turbulência no governo interino. A volta
de Dilma poderia produzir consequências graves, como a aprovação de uma emenda constitucional que
previsse um plebiscito para a eleição de novos presidente e vice durante as eleições municipais de 2016.
Dessa forma, o Tribunal Superior Eleitoral convocaria eleições trinta dias após a aprovação do plebiscito
por maioria absoluta. Os mandatos dos eleitos terminariam em 2018.[105]

Suspeita de propinas

Sérgio Machado

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A delação premiada de Sérgio Machado levou a investigação da Lava Jato diretamente a Temer. Segundo
o relato, Temer teria pedido àquele recursos ilícitos para a campanha de Gabriel Chalita (PMDB)
à Prefeitura de São Paulo, em 2012. Vinte políticos foram citados no esquema de propina da Transpetro.
Eles pediam recursos financeiros de forma ilícita, os quais eram obtidos de empresas que tinham
relacionamento contratual com a Transpetro. Eram empreiteiras que faziam doações oficiais ou pagamento
mensal de propinas em moeda, com o objetivo de manterem seus contratos com a estatal, controlada
pelo PMDB. Machado se tornou diretor da Transpetro em 2003, por indicação do presidente do
Senado, Renan Calheiros, dos senadores Jader Barbalho, Romero Jucá, Edison Lobão e do ex-
presidente José Sarney, todos da cúpula do PMDB e todos apontados pelo delator como beneficiários do
esquema.[106]

No depoimento em vídeo e áudio à Procuradoria-Geral da República, Sérgio Machado deu detalhes sobre
a propina paga no caso Chalita. Ele disse que foi procurado pelo senador Valdir Raupp, que relatou
dificuldades financeiras na campanha eleitoral de 2012 para a prefeitura de São Paulo e perguntou se
Machado poderia ajudar. Este ligou para Temer e marcou um encontro no aeroporto militar de Brasília, na
sala vizinha à sala da Presidência, em setembro daquele ano, num início de noite. Então ele afirmou que
poderia ajudar com R$ 1,5 milhão e que a doação seria feita pelo Diretório Nacional através da empresa
Queiroz Galvão. Temer classificou a denúncia como "irresponsável, leviana, mentirosa e criminosa" e disse
que não deixaria passar em branco essas "acusações levianas".[107]

Cheque de um milhão de reais

Em novembro de 2016, O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) convocou Otávio Marques de Azevedo, ex-
presidente da construtora Andrade Gutierrez e um dos delatores da Lava-Jato, para esclarecer a doação de
R$ 1 milhão que a empreiteira, segundo a versão anterior daquele, teria feito para a campanha da ex-
presidente Dilma Rousseff em 2014, como parte de um acerto de propina de 1% dos contratos da Andrade
com o governo federal. A defesa de Dilma apresentou ao tribunal um cheque atestando que houve, na
realidade, um pagamento de R$ 1 milhão ao Diretório Nacional do PMDB, com um repasse destinado à
eleição do então vice-presidente. O processo corrente no TSE poderia resultar na cassação da chapa de
2014.

Em nota, o PMDB afirmou que “sempre arrecadou recursos seguindo os parâmetros legais em vigência no
país”, e que “todas as contas do PMDB foram aprovadas, não sendo encontrado nenhum indício de
irregularidade”.[108]

Caso Geddel

Em 19 de novembro de 2016, o ministro Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo, foi acusado pelo
ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, em entrevista à Folha de S.Paulo, de tê-lo pressionado a rever
decisão do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional) que impedia a construção de um
empreendimento imobiliário onde o ministro da Secretaria de Governo adquiriu apartamento. [109] Em
depoimento à Polícia Federal, revelado pelo jornal, Calero disse ainda que o presidente Temer o
"enquadrou" no intuito de encontrar uma "saída" para a obra de interesse de Geddel. [110] Com a evolução
da crise política, incluindo denúncias de gravações sigilosas, Geddel apresentou uma carta de renúncia no
dia 25. Assim, ele se tornou o sexto ministro a deixar o governo Temer.[30][111][112]

Delações de representantes da Odebrecht e inquéritos relacionados

Segundo a delação de Claudio Melo Filho, ex-diretor da Odebrecht em Brasília, o ministro da Casa
Civil, Eliseu Padilha, era o operador dos repasses da empresa destinados a Temer. Melo afirmou que se
valia de Eliseu Padilha ou Moreira Franco para fazer chegarem a Temer os seus pleitos. Dessa forma,
Eliseu Padilha era o representante de Temer com que Melo mantinha contato constante a fim de obter
favores. De acordo com a reportagem da revista VEJA, Padilha, cujo apelido é “Primo”, recebeu da
Odebrecht quatro milhões de reais dos dez milhões de reais da ajuda financeira solicitada por Temer ao
empreiteiro Marcelo Odebrecht, num jantar realizado no Palácio do Jaburu em maio de 2014. Desses
recursos, um milhão de reais foi repassado por Padilha ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, preso
na Operação Lava Jato. A outra parte foi entregue no escritório do advogado José Yunes, amigo íntimo e

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assessor especial de Temer. A assessoria do presidente negou quaisquer operações irregulares entre as
pessoas citadas.[113]

Em 15 de dezembro, a Veja noticiou uma nova denúncia contra Temer. Segundo a revista, em 2010, Michel
Temer recebeu, em seu escritório político de São Paulo, Márcio Faria da Silva, um dos principais
executivos da construtora Odebrecht, para uma conversa da qual também participaram Eduardo Cunha e o
lobista João Augusto Henriques, coletor de propinas para o PMDB dentro da Petrobras. Nessa ocasião,
Silva intermediou um repasse de recursos a pedido do presidente Michel Temer e do ex-deputado Eduardo
Cunha, repasse este vinculado à execução de contratos da empreiteira com a Petrobras. A informação
constava no acordo de delação premiada assinado pelo executivo. O Palácio do Planalto confirmou o
encontro, mas disse que este durou cerca de vinte minutos e só tratou de formalidades, não de questões
financeiras. “Se, depois da conversa de apresentação do empresário com Temer, Eduardo Cunha realizou
qualquer acerto ou negociou valores para campanha, a responsabilidade é do próprio Eduardo Cunha”,
afirmou a assessoria de Temer.[114]

Em 11 de abril de 2017, o presidente Michel Temer foi citado em dois inquéritos do Supremo Tribunal
Federal (STF) ligados à complexa Operação Lava Jato. O primeiro investigava os ministros Eliseu Padilha,
ministro-chefe da Casa Civil, e Moreira Franco, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, sob a
acusação de receberem propina na campanha eleitoral de 2014. O segundo investigava o senador
Humberto Costa, também suspeito de recebimento de propina. Temer foi acusado de participação em
ambos os casos de suposta corrupção. Marcelo Odebrecht havia confirmado anteriormente ao Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) que se reunira com Temer para discutir doações para a campanha eleitoral de
2014. Além disso, o ex-diretor de relações institucionais do Grupo Odebrecht, Claudio Melo Filho, também
já havia afirmado que fora acertada uma contribuição de 10 milhões de reais ao PMDB. [115]

O ministro do STF Edson Fachin autorizou a abertura de 76 inquéritos, que envolviam oito ministros, 24
senadores, 39 deputados e três governadores, além de um ministro do Tribunal de Contas da União (TCU)
e outras 23 pessoas, como base na delação da Odebrecht. Entretanto, o presidente não poderia ser
investigado por crimes que não aconteceram no exercício do mandato, consequentemente a Procuradoria-
Geral da República (PGR) não o incluiu na lista de políticos que se tornaram alvos de processos na Corte
Suprema. Existiam oito ministros do governo Temer entre os alvos de investigações: Eliseu Padilha (Casa
Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), Aloysio Nunes (Relações Exteriores), Gilberto
Kassab (Ciência e Tecnologia), Blairo Maggi (Agricultura), Bruno Araújo (Cidades), Marcos Antônio
Pereira (Comércio Exterior) e Helder Barbalho (Integração Nacional). Michel Temer reafirmou a conduta
que já havia tomado anteriormente. Se houvesse pedido de denúncia e ela fosse aceita, então o ministro
seria afastado. Se virasse réu, o ministro seria demitido. O presidente, porém, temia que a lista de Fachin
afetasse a aprovação de reformas no Congresso, como a previdenciária e a trabalhista. [115]

Crise no sistema carcerário

O jornal Folha de S.Paulo, diante dos graves eventos ocorridos em prisões no começo de 2017, reuniu oito
especialistas para explicar os principais problemas do sistema carcerário brasileiro, bem como para propor
soluções de longo prazo. A primeira causa apontada foi a prisão provisória. Trata-se de presos que ainda
não foram julgados e que representam 40% dos presos do país. Perguntou-se se é necessário manter
essas pessoas presas. A desarticulação foi a segunda causa apontada. As diversas autoridades tomam
decisões de forma descoordenada, faltando portanto cooperação e monitoramento.[116]

A morosidade da justiça foi tida como a terceira causa. Muitos presos provisórios ficam mais tempo na
cadeia do que definem suas posteriores condenações, causando um sentimento de revolta, que leva à
violência. A seguir, comentou-se a falta de assistência jurídica. Metade dos presos provisórios são
absolvidos e a outra metade deles recebe penas menores do que o tempo em que estiveram na cadeia. A
superlotação, também citada, se refere ao excedente de 42% entre os 622.0000 presos do país, levando à
falta de assistência aos presos e à formação de facções.[116]

Os especialistas também comentaram as consequências do cenário descrito. A primeira é a ausência de


separação entre os presos provisórios e os condenados e, dentro destes, entre os de diferentes naturezas
e gravidades de seus crimes. Além disso, a superlotação e a escassez de investimentos comprometem

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uma formação educacional do preso. De fato, apenas 13% dos presos estudam formal ou informalmente. A
saúde dos presos é também severamente comprometida, com poucos módulos de saúde e alta prevalência
de doenças como a tuberculose.[116]

Dessa forma, o Estado não cumpre o seu dever de reeducar os presos, que saem da cadeia mais
perigosos do que quando entraram. A falta de preocupação dos governos resulta em dados desatualizados
sobre as prisões, sugerindo-se a inspeção das unidades por entidades defensoras de direitos humanos. O
vácuo deixado pelo Estado permite a formação de facções, que garantem a ordem interna com a
conivência dos diretores das prisões. Por fim, os presos não trabalham, devido à ineficácia dos contratos
entre o Estado e as entidades privadas, além da baixa qualificação dos candidatos. [116]

No dia 25 de janeiro de 2017 os membros do Conselho Nacional de Política Criminal e


Penitenciária pediram demissão em carta aberta ao Ministro da Justiça. Na carta os membros fazem duras
críticas à política carcerária do ministro e de suas declarações "de que precisamos de mais armas e menos
pesquisas”.[117][118]

Mudança para o Palácio do Jaburu

Após realizar alterações no Palácio da Alvorada que inspiraram questões relativas ao patrimônio histórico
do prédio,[119][120] Michel Temer decidiu desocupar a residência e se mudar para o Palácio do Jaburu. Em
entrevista à revista Veja, ele afirmou que não conseguia dormir nos "quartos amplos" e que o palácio
poderia ter fantasmas.[121][122][123][124][125]

Operação Carne Fraca

Temer jantando em uma churrascaria de Brasília, ao lado de embaixadores, em 19 de março de 2017.

Em 17 de março de 2017, a Polícia Federal deflagrou a Operação Carne Fraca, que investigou um
esquema fraudulento formado por empresas frigoríficas e servidores do Ministério da Agricultura, com o
propósito de adulterar a carne vendida em supermercados com aditivos químicos, particularmente
com vitamina C, sendo usada para produzir uma aparência saudável em carnes estragadas. Conforme a
polícia, "Os agentes públicos, utilizando-se do poder fiscalizatório do cargo, mediante pagamento de
propina, atuavam para facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem
qualquer fiscalização efetiva".[126]

Além disso, em ligação telefônica interceptada pela PF, o ministro da Justiça Osmar Serraglio chamou o
superintendente regional do Ministério da Agricultura Daniel Gonçalves Filho de "grande
chefe".[127][128] Daniel foi apontado pela PF como líder de uma quadrilha que facilitava a produção de carnes
adulteradas e emitia certificados de inspeção falsos.[127] A senadora Kátia Abreu afirmou que o então
deputado Serraglio a procurou para tentar manter o fiscal Daniel como superintendente regional, apesar de
ele enfrentar um processo administrativo disciplinar.[128][129][130] Em 19 de março de 2017, o presidente
Michel Temer jantou em uma churrascaria de Brasília com embaixadores de países importadores de carne
brasileira. Temer convidou esses representantes pessoalmente após uma reunião, realizada para
assegurar que a carne brasileira estava apta para o consumo.[131]

Reações

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Índices de popularidade

Temer acenando em uma cerimônia realizada em março de 2017.

Temer está tendo baixa popularidade desde que chegou à presidência, embora com mais aceitação
popular do que a presidente afastada. A tabela a seguir mostra o resultado de pesquisas de opinião feitas
ao longo dos meses sobre como a população avalia o governo e como o compara ao governo anterior.

Avaliação em relação ao
Avaliação do governo
governo Dilma
Data Pesquisa Ref.
Positivo Regular Negativo Melhor Igual Pior

5 de junho de [132]
CNT/MDA 11,3% 30,2% 28,0% 20,1% 54,8% 14,9%
2016

9 de junho de Vox [133]


11% 33% 34%
2016 Populi/CUT

13 de junho de [134]
Ipsos 6% 29% 43%
2016

27 de junho de [135]
Ibope 13% 36% 39% 23% 44% 25%
2016

12 de julho de [136]
Ipsos 7% 29% 48%
2016

15 de julho de [137]
Datafolha 14% 42% 31%
2016

23 de julho de Paraná [138]


28,9% 48,8% 16,9%
2016 Pesquisas

9 de agosto de [139]
Ipsos 8% 31% 49%
2016

16 de setembro [140]
Ipsos 8% 31% 45%
de 2016

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25 de setembro [141]
Ibope 14% 34% 39% 24% 45% 31%
de 2016

12 de outubro [142]
Ipsos 9% 32% 46%
de 2016

13 de outubro Vox [143]


11% 34% 40%
de 2016 Populi/CUT

16 de outubro [144]
CNT/MDA 14,6% 36,1% 36,7% 26,0% 40,5% 28,1%
de 2016

Novembro de [145]
Ipsos 7% 31% 52%
2016

8 de dezembro Paraná [138]


15,9% 35,1% 46,9% 30,3% 38,1% 27,6%
de 2016 Pesquisas

8 de dezembro [146]
Datafolha 10% 34% 51% 21% 34% 40%
de 2016

12 de
dezembro de Ipsos 8% 24% 62% [147]

2016

14 de
Vox [148]
dezembro de 8% 32% 55%
Populi/CUT
2016

16 de
dezembro de Ibope 13% 35% 46% 21% 42% 34% [149]

2016

18 de janeiro [150]
Ipsos 6% 27% 59% 17% 34% 40%
de 2017

11 de fevereiro [151]
CNT/MDA 10,3% 38,9% 44,1%
de 2017

Fevereiro de [152]
Ipsos 7% 29% 59%
2017

15 de fevereiro Paraná [153]


12,4% 35,8% 49,8%
de 2017 Pesquisas

15 de março de [152]
Ipsos 6% 26% 62%
2017

19 de março de [154]
Ibope 10% 31% 55% 18% 38% 41%
2017

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10 de abril de Vox [155]


5% 28% 65%
2017 Populi/CUT

12 de abril de [156]
Ipsos 4% 19% 75%
2017

27 de abril de [157]
Datafolha 9% 28% 61%
2017

Protestos e manifestações populares

Manifestantes de diversos movimentos sociais fazem protesto contra o presidente interino Michel Temer,
no Centro do Rio. (Tomaz Silva/Agência Brasil).

O governo Temer foi alvo de protestos e manifestações populares desde os primeiros dias. A primeira
entrevista para o programa Fantástico foi recebida por parte da população com "panelaços" e "apitaços",
além de gritos de ordem como "golpista", em diversos locais do país.[158] Em 17 de maio de 2016, entidades
como a União Nacional dos Estudantes, o Levante Popular da Juventude, a União da Juventude Socialista
e a União Brasileira de Mulheres levaram cerca de oito mil pessoas à Avenida Paulista, em São Paulo, para
pedir o afastamento do presidente interino.[159]

Em reação ao fechamento do Ministério da Cultura, militantes do setor ocuparam, em maio de 2016, as


sedes do órgão em diversos estados. Foram ocupados, entre outros, o Palácio Gustavo Capanema, no Rio
de Janeiro, e os prédios da Funarte em Belo Horizonte, Brasília e São Paulo.[160] A ocupação recebeu apoio
de artistas como Otto e Arnaldo Antunes, que fizeram shows no Palácio Capanema.[161]

No dia 17 de maio, durante o Festival de Cannes, na França, integrantes da equipe do filme Aquarius,
incluindo o diretor Kleber Mendonça Filho e a atriz Sônia Braga, mostraram cartazes em protesto contra
o impeachment de Dilma Rousseff. Em sua conta oficial no Twitter, Dilma Rousseff agradeceu o apoio.[162]

Em 21 de maio, um grupo de cerca de sessenta manifestantes ocupou a área em frente à residência de


Michel Temer em São Paulo. No dia seguinte, a Polícia Militar de São Paulo proibiu o acesso ao local, com
a justificativa de que se tratava de "área de segurança presidencial". [163] Também no dia 22, houve um
protesto no Rio de Janeiro, onde o presidente interino previa comparecer à inauguração do Veículo leve
sobre trilhos (VLT) no centro da cidade. A cerimônia, porém, foi cancelada. [164] A Virada Cultural do mesmo
dia foi igualmente marcada por manifestações contra o governo.[165]

Em 10 de junho, houve novas manifestações em todo o país; milhares de pessoas se reuniram na Avenida
Paulista, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), em um protesto contra o presidente interino
Michel Temer. O ato foi convocado pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo sem Medo e reuniu
movimentos e centrais sindicais como: Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Nacional dos
Estudantes (UNE), Intersindical, CTB, Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e

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Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), entre outros. Um caminhão de som foi colocado para
que políticos e líderes sociais se pronunciassem, incluindo o ex-presidente Lula, que participou do ato. Os
objetivos foram protestar contra o impeachment de Dilma Rousseff, contra os chamados retrocessos
sociais do governo Temer, pelos direitos dos trabalhadores, pela democracia e contra a reforma na
Previdência Social. Não havia consenso a respeito do plebiscito das novas eleições. [166]

No dia 7 de setembro, ocorreram protestos contra o governo Temer em 25 estados e no Distrito Federal. A
maior manifestação ocorreu na cidade de Salvador.[167] No dia 22 de setembro, centrais sindicais
promoveram o "Dia Nacional de Paralisação e Mobilização das Categorias" contra as propostas de
reformas na legislação trabalhista e previdenciária, em pelo menos 23 estados e no Distrito Federal. Pelo
menos 32 cidades registraram manifestações, a maior delas em Salvador. Os atos contaram com o apoio
dos movimentos Frente Brasil Popular e Povo sem Medo.[168]

Ocorreram protestos contra a PEC do Teto dos Gastos em diversos estados e no Distrito Federal nos dias
24 de outubro,[169] 11 de novembro[170] e 25 de novembro de 2016,[171] na Avenida Paulista no dia 27 de
novembro de 2016[172] e na Esplanada dos Ministérios no dia 29 de novembro, quando estava prevista a
votação em primeiro turno no Senado.[173] Inicialmente Temer e sua equipe minimizaram os protestos,
tratando-os como algo inexpressivo realizado por grupos pequenos. Posteriormente mudaram a postura,
visando evitar maior agitação de seus críticos, e começaram a referir-se aos protestos como algo natural da
democracia, adotando o discurso de que deve-se respeitar o direito de manifestação.[174]

No dia 15 de março de 2017, ocorreram manifestações em dezenove estados e no Distrito Federal, contra
a proposta de reforma da Previdência encaminhada pelo Governo Temer ao Congresso. Os protestos, sob
o título de O Dia Nacional de Paralisações e Greves contra as reformas da Previdência e Trabalhista, foram
organizados por centrais sindicais e movimentos como CUT (Central Única dos Trabalhadores), CNTE
(Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem
Medo. A paralisação dos transportes públicos e a ocupação das vias públicas causou transtornos
sobretudo em São Paulo, Curitiba e Salvador. Em discurso, o presidente defendeu a reforma como a única
maneira de garantir os benefícios dos aposentados no futuro.[175][176]

Em 28 de abril, as centrais sindicais e os movimentos de esquerda convocaram uma greve geral contra as
propostas de reformas previdenciária e trabalhista do governo. Houve manifestações em 25 estados e no
Distrito Federal, com paralisação de serviços públicos, ações violentas dos ativistas, confrontos com a
polícia militar e até mesmo um ataque à casa do presidente. O setor do transporte público foi afetado em
todas as capitais, deixando as ruas praticamente vazias. No ABC paulista, principal polo automotivo do
país, cerca de sessenta mil trabalhadores de montadoras e de outras empresas do setor aderiram à greve
e paralisaram a produção de veículos. Em nota, o presidente Michel Temer criticou os protestos realizados
no país. Segundo ele, “Pequenos grupos bloquearam rodovias e avenidas para impedir o direito de ir e vir
do cidadão, que acabou impossibilitado de chegar ao seu local de trabalho ou de transitar livremente”.
No Twitter, Dilma Rousseff escreveu que "A mobilização em defesa de direitos trabalhistas e
previdenciários une os trabalhadores e mostra a força da sua resistência". Além dela, muitos outros
políticos e lideranças nacionais fizeram pronunciamentos e a mídia internacional cobriu amplamente o
evento.[177]

Reações externas

De imediato, o afastamento da presidente do Brasil repercutiu especialmente entre os países da América


Latina. O início do governo interino mereceu, primeiramente, uma nota oficial da chancelaria da Argentina,
manifestando respeito pelo "processo institucional em curso" e confiança no "desenlace da
situação".[178] Mas, em contraste com a cautela do presidente Macri, governantes
da Bolívia, Venezuela, Cuba, Equador, Bolívia, Nicarágua e El Salvador, além da Aliança Bolivariana para
os Povos da Nossa América - Tratado de Cooperação dos Povos (Alba/TCP) -, pronunciaram-se
abertamente contra o que chamaram de "golpe parlamentar" em curso no Brasil.[179]

Ao mesmo tempo, o secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), Ernesto Samper,


afirmou que as acusações contra Rousseff não justificavam o seu afastamento, admitindo que "Podemos
chegar a ter que consultar os demais países do bloco sobre aplicar ou não a cláusula democrática [da

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Unasul]".[180] A chancelaria do governo Temer criticou os governos daqueles países, por "propagar
falsidades sobre o processo político interno no Brasil". O Itamaraty também criticou as declarações do
secretário da Unasul.[181][182]

Nos dias que se seguiram, os governos do Chile e do Uruguai informaram que não pretendiam manter
contato com o governo interino do Brasil.[183] O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, declarou que podia
levar o impeachment brasileiro à Corte Interamericana de Direitos Humanos, considerando que o processo
estaria marcado por "incerteza jurídica".[184][22] Um grupo de deputados do Parlamento Europeu classificou
o impeachment de Dilma Rousseff como golpe branco e solicitou à União Europeia que interrompa as
negociações comerciais com o Mercosul.[185]

Em 31 de maio, um grupo de deputados do Parlamento Europeu pediu que a União


Europeia interrompesse as negociações comerciais com o Mercosul por conta do afastamento da
presidente Dilma Rousseff. Em carta enviada à Comissão Europeia, os deputados alertaram que o bloco
estaria negociando com "um governo sem legitimidade". A iniciativa foi liderada por partidos políticos, como
o espanhol Podemos e o italiano Movimento 5 Estrelas, e por grupos parlamentares como Esquerda
Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde e Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia. Num primeiro
momento, 34 deputados, dos 751 representantes no Parlamento Europeu, assinaram o documento, mas
novas adesões eram buscadas pelos organizadores. Os deputados europeus classificaram o processo no
Brasil como um golpe brando na forma de impeachment e pretendiam incluir a crise política no Brasil na
agenda do Parlamento Europeu, da mesma forma como já estava sendo feito em relação à Venezuela.[185]

Várias agências de notícias publicaram que Michel Temer criou um gabinete inteiramente composto por
homens brancos para comandar um dos países mais etnicamente diversificados do mundo, observando
que se tratava do primeiro gabinete sem mulheres no Brasil, desde 1979. Em 13 de junho, o Alto
Comissário de Direitos Humanos da ONU, Zeid Al Hussein, também alertou para a falta de negros no
governo, lembrando que existiam mais de 150 milhões de afrodescendentes na América Latina e
no Caribe, somando quase 30% da população, incluindo mais da metade da população do Brasil e mais de
10% da população de Cuba, embora a representação desse segmento nos altos escalões governamentais
ainda fosse muito pequena. Hussein declarou: "Esse déficit de representação na cúpula do poder afeta
toda a sociedade: parlamentos, locais de trabalho no setor público e privado, escolas, tribunais, na
imprensa, todos lugares em que às vozes dos afrodescendentes é dado muito pouco peso".

Pedido de impugnação

Em 8 de dezembro, movimentos sociais protocolaram, na Câmara dos Deputados, um pedido


de impeachment contra o presidente Michel Temer. O documento foi assinado por dezenove pessoas,
entre juristas e líderes de organizações da sociedade civil, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT)
e a União Nacional dos Estudantes (UNE). Segundo o texto, existiam “fortes indícios de atos ilícitos”, por
parte de Michel Temer, no episódio em que o ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira
Lima, pressionou o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, para que este interviesse junto ao Iphan, a fim
de liberar a construção de um edifício de alto padrão em Salvador, onde Geddel adquiriu um imóvel.
Marcelo Neves, professor de Direito Público da Universidade de Brasília, um dos juristas que acompanhou
o grupo, afirmou que a conduta do presidente se enquadrava nos crimes previstos nos artigos 7º e 9º
da Lei de Crimes de Responsabilidade, que tratam do abuso de poder no exercício do cargo público. O
professor apontou ainda o cometimento dos crimes comuns de concussão e advocacia administrativa,
previstos nos artigos 316 e 321 do Código Penal.[195]

Corrupção no Brasil

corrupção no Brasil afeta diretamente o bem-estar dos cidadãos brasileiros quando diminui os
investimentos públicos na saúde, na educação, em infraestrutura, segurança, habitação, entre outros
direitos essenciais à vida, e fere criminalmente a Constituição quando amplia a exclusão social e
a desigualdade econômica.[1] Na prática a corrupção ocorre por meio de desvio de recursos
dos orçamentos públicos da União, dos Estados e dos Municípios destinados à aplicação na saúde, na
educação, na Previdência e em programas sociais e de infraestrutura que, entretanto, são desviados para

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financiar campanhas eleitorais, corromper funcionários públicos, ou mesmo para contas bancárias pessoais
no exterior.

Em 2015, uma pesquisa de opinião realizada pelo instituto Datafolha, indicou que a corrupção é o maior
problema de Brasil.[2]

A Polícia Federal considera a Operação Lava Jato a maior investigação de corrupção da história do
país,[3] e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, considera o esquema de corrupção do Grupo
Odebrecht, investigado pela Lava Jato, e exposto em acordo de delação premiada, como o maior
pagamento de propina da história mundial.[4] A Lava Jato revelou um quadro de corrupção sistêmica no
Brasil, mostrando que a corrupção passou a fazer parte do prórpio sistema.[5]

História da corrupção no Brasil

A corrupção é um "vício" herdado de Portugal e Espanha, resultado de uma relação patrimonialista entre
Estado e Sociedade, ao invéz de adotar os valores e princípios do mundo ocidental protestante, voltado
para uma ética dos deveres e do trabalho.[6] O nepotismo já teria desembarcado no Brasil a bordo da
primeira caravela, sendo apontado como exemplo a Carta a El-Rei D. Manuel escrita por Pero Vaz de
Caminha, na qual solicita ao rei que mandasse "vir buscar da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu
genro".[7] Para ocupar e administrar o novo território, tarefa bastante complicada pela distância geográfica e
precariedade das comunicações, a coroa portuguesa teve de oferecer incentivos e relaxou na vigilância de
seus prepostos. Isso gerou um ambiente de tal modo favorável à prática da corrupção, [8] que já no século
XVII, o padre Antônio Vieira denunciou-o através do Sermão do Bom Ladrão, onde expõe corajosamente
os desmandos praticados por colonos e administradores no Brasil:[9]

“ O ladrão que furta para comer, não vai, nem leva ao inferno; os que não só vão, mas levam, de
que eu trato, são outros ladrões, de maior calibre e de mais alta esfera. (...) os ladrões que
mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os
exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já
com manha, já com força, roubam e despojam os povos. - Os outros ladrões roubam um
homem: estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco: estes sem
temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam. [9] ”

Há relatos também de corrupção nas mais altas esferas de poder no período imperial do Brasil, quando o
país ainda era uma monarquia. Na primeira metade do século 19, o seguinte verso corria pelas ruas do Rio
de Janeiro:[10]

“ Quem furta pouco é ladrão


Quem furta muito é barão
Quem mais furta e esconde
Passa de barão a visconde ”

Regime Militar

Imbuído deste espírito moralizante, logo no início de sua administração o marechal Castelo
Branco prometeu que faria ampla investigação e divulgação sobre a corrupção vigente no governo deposto
de João Goulart.[11] Um dos principais instrumentos criados com este fim foi a Comissão Geral de
Investigações (CGI), órgão encarregado de conduzir os Inquéritos Policiais Militares.[12] Os malfeitos
averiguados seriam reunidos num "livro branco da corrupção", ao qual seria dado grande divulgação. Tal
livro, contudo, jamais chegou a ser produzido, muito menos publicado. Em 1978, a CGI foi extinta pelo
general-presidente Geisel.[13]

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Governo Collor

Fernando Collor saindo do Palácio do Planalto após sofrer impeachment como consequência de
escândalos de corrupção

Nas últimas duas décadas do século XX, particularmente após o fim do regime militar, casos de corrupção
notórios obtiveram grande destaque na mídia, tendo inclusive resultado no afastamento do
presidente Fernando Collor de Mello.[nota 1][14]

A partir de 1993, a extensão das denúncias abalou a crença nas instituições e no futuro do país e provocou
a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que ficou conhecida como a CPI do
Orçamento, presidida pelo então senador Jarbas Passarinho e tendo como relator o governador
de Pernambuco à época, Roberto Magalhães. Em 2014, todavia, o ex-presidente Collor foi inocentado
pelo Supremo Tribunal Federal das denúncias de corrupção que lhe foram imputadas e que resultaram no
seu "impeachment".[15]

Governo FHC

No primeiro mandato do governo Fernando Henrique Cardoso, foi aprovada uma emenda constitucional
que permitiu a reeleição para os cargos do poder executivo. Em maio de 1997 grampos telefônicos
publicados pela Folha de S.Paulo revelaram conversas entre o então deputado Ronivon Santiago e outra
voz identificada no jornal como Senhor X. Nas conversas, Ronivon Santiago afirma que ele e mais quatro
deputados receberam 200 mil reais para votar a favor da reeleição, pagos pelo então governador do
Acre, Orleir Cameli.[16]

Governo Lula

O mais notório escândalo de corrupção no governo Lula foi o Mensalão, tendo sido denunciado em 2005.
Se tratou de um esquema compra de votos por parte do Partido dos Trabalhadores (PT), denunciado pelo
deputado Roberto Jefferson, que posteriormente fez delação premiada.[17] O escândalo levou
a cassação de Roberto Jefferson[18] e José Dirceu, que era ministro da Casa Civil no governo Lula e que foi
considerado pelo Supremo Tribunal Federal como um dos comandantes do esquema.[19] O PT comprava
votos de parlamentares do Congresso, dando a eles uma mesada, em troca de apoio para aprovar
reformas que o partido desejava passar. Descobriu-se, por exemplo, que em 2003, a reforma da
previdência proposta por Lula passou no Congresso devido à votos que foram comprados. [20]

Antes do mensalão, em 2004, o governo Lula enfrentou crises políticas, no que foi denominado Escândalo
dos Bingos. Nele Waldomiro Diniz, assessor de José Dirceu aparece na divulgação de uma fita gravada
pelo empresário e bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, extorquindo o bicheiro para
arrecadar fundos para a campanha eleitoral do PT e do PSB no Rio de Janeiro. Em troca Waldomiro
prometia ajudar Augusto Ramos numa concorrência pública. O Ministério Público Federal apresentou a
denúncia acolhida pela Justiça Federal por conduta criminosa em negociações para renovação do contrato
entre a Caixa Econômica Federal em 2003. Sendo inicialmente exigido por uma "consultoria" 15 milhões de
reais, que foram fechados em 6 milhões de reais.[21][22]

Em 2006, veio a tona o Escândalo do Dossiê ou Escândalo dos Aloprados, como também ficou conhecido,
a repercussão da prisão em flagrante, a 15 de setembro de 2006, de alguns integrantes do PT acusados de

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comprar um falso dossiê, de Luiz Antônio Trevisan Vedoin, com fundos de origem desconhecida. O dossiê
acusaria o candidato ao governo do estado de São Paulo pelo PSDB, José Serra, de ter relação com
o escândalo das sanguessugas. O suposto plano seria prejudicar Serra na disputa ao governo de São
Paulo, no qual seu principal adversário na disputa era o senador Aloizio Mercadante. Supostamente, não
só Serra era alvo, pois também haveria acusações contra o candidato à presidência Geraldo Alckmin. As
investigações e depoimentos dos suspeitos demonstraram que o conteúdo do dossiê contra políticos do
PSDB era falso. A expressão "aloprados" foi utilizado por Luiz Inácio Lula da Silva para designar os
acusados de comprar o dossiê.[23]

Governo Dilma Rousseff

O presidente Lula na convenção nacional do PT, que confirmou a candidatura da ex-ministra Dilma
Rousseff à Presidência da República

A Operação Lava Jato, é uma operação que foi iniciada em março de 2014, durante o governo Dilma
Rousseff, pela Polícia Federal, que desvendou um esquema de corrupção dentro da Petrobras, e em outras
estatais,[24] para favorecer grandes empreiteiras que praticavam cartel, que por sua vez realizava
pagamentos de propina à políticos, que defendiam os interesses destas construtoras envolvidas no
esquema. Foi considerado pela PF o maior esquema de corrupção da história do País. [25] O pagamento de
propina ultrapassa dez bilhões de reais, e é considerado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos
o maior caso de suborno internacional.[4] Ao longo da operação, mais de mil mandados judiciais foram
autorizados,[26] mais de cem pessoas foram presas,[27] e políticos, como André Vargas e Eduardo
Cunha foram cassados na Câmara dos Deputados do Brasil, e presos.[28][29] A operação foi deflagrada
durante o governo Dilma, mas os crimes iniciaram em 2004, no governo Lula, e perduraram até 2015,
durante o governo Dilma. Os principais partidos envolvidos são PP, PT e PMDB, [30][31][32] no entanto,
envolve outros políticos de diferentes partidos.[33][34]

Em 2014, membros do governo Dilma e a própria presidente, foram investigados pela compra da
Refinaria Pasadena Refinery System Inc, que rendeu um prejuízo de 790 milhões de dólares à
Petrobras.[35] Em dezembro de 2014, a Controladoria Geral da União (CGU), através do ministro Jorge
Hage, apontou 22 responsáveis pelo negócio, entre eles, José Sérgio Gabrielli e os ex-diretores Nestor
Cerveró, Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Jorge Zelada, e isentou a presidente Dilma Rousseff, que
presidiu o conselho de administração da Petrobras, e Graça Foster, de qualquer responsabilidade.[36] No
entanto, em 2016, após o STF liberar os depoimentos de delação premiada de Nestor Cerveró, foi
constatado, que pelos depoimentos do delator, a presidente afastada, Dilma Rousseff, sabia dos
pagamentos de propinas a políticos do PT, na compra da refinaria.[37]

Dados

Em 2010, um estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) apontou que o custo
anual da corrupção no país é de 1,38 por cento a 2,3 por cento do Produto interno bruto (PIB).[38]

No Índice de Percepções de Corrupção de 2014, o Brasil foi classificado na 69ª posição entre 175 países e
territórios, empatando com Bulgária, Grécia, Itália e Romênia mas ficando atrás
de Cuba (63°), Chile (22°), Uruguai (19°) e da maioria dos países da Europa e América do Norte. Este
resultado classifica o Brasil como tendo a corrupção percebida pela sua população em um nível menor do

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que outras economias emergentes tais como Índia (83°), China (100°) e Rússia (136°) e que a maioria das
nações sul-americanas, por exemplo, Peru (83°), Colômbia (94°) e Argentina (106°).[39]

Em 2015, a organização Transparência Internacional, que analisa índices de corrupção mundial, colocou o
Brasil em 76.º em ranking sobre a percepção de corrupção no mundo. O índice brasileiro foi de 38, cinco
pontos a menos que em 2014, quando o país ficou em 69.º lugar. Naquele ano, 175 países foram
analisados –, ou seja, o Brasil piorou tanto sua posição quanto sua nota. Foi o pior resultado de uma nação
no relatório 2015 comparando com o ano anterior.[40]

Combate

: Protestos contra o Governo Dilma Rousseff

Protesto contra a corrupção na Avenida Paulista, em 2011.

Por parte da sociedade civil, instituições como a Transparência Brasil e movimentos como Movimento de
Combate à Corrupção Eleitoral fazem o seu papel de denunciar e combater as manifestações de
corrupção.[41][42] Em 2014, novos movimentos surgiram no embate à corrupção como Movimento Brasil
Livre e Movimento Vem pra Rua.[43][44][45][46]

Um outro instrumento eficaz no combate à corrupção é a transparência (prestação pública de contas dos
atos administrativos). Conforme indica o economista Marcos Fernandes da Fundação Getúlio
Vargas de São Paulo, "para combater a corrupção, é preciso ter políticas de longo prazo, preventivas, é
preciso fazer uma reforma administrativa(...). Disseminar a bolsa eletrônica de compras, informatizar os
processos de gestão, permitir que o cidadão fiscalize a execução orçamentária on-line".[41]

Segundo o relatório anual Assuntos de Governança, publicado desde 1996 pelo Banco Mundial, há uma
curva ascendente no índice que mede a eficiência no combate à corrupção no Brasil. O índice, que avalia
212 países e territórios, registra subida descontínua da situação brasileira desde 2003, tendo atingido seu
pior nível em 2006, quando atingiu a marca de 47,1 numa escala de 0 a 100 (sendo 100 a avaliação mais
positiva). Mesmo se comparado a outros países da América Latina, o Brasil ficou numa posição
desconfortável: Chile, Costa Rica e Uruguai obtiveram nota 89,8.[47] O índice do Banco Mundial mede a
percepção dominante entre ONGs e agências internacionais de análise de risco, sobre a corrupção vigente
num determinado país[48]. Por isso alguns questionam a influência no índice de uma maior atuação
fiscalizadora da imprensa e dos órgãos policiais, em especial a Polícia Federal, que desde 2003 realizou
mais de 300 operações.[49]

De fato, conforme asseverou em 2014 o cientista político Antônio Lassance, apenas em 2003, a partir da
definição das competências da Controladoria Geral da União (criada em 2001), pode-se falar em efetivo
combate à corrupção no Brasil.[50] O número de servidores públicos demitidos por corrupção entre 2003 e
2013 subiu de 268 em 2003, para 528 em 2013,[51] e somente em 2013 foram realizadas 296 operações
pela Polícia Federal[52], contra 18 em 2003.[53] Em 2014, de acordo com a CGU 363 servidores públicos
foram expulsos por corrupção. Desde 2003, informou a Controladoria-Geral da União, já foram expulsos do
serviço público 5.390 funcionários da administração pública federal, dos quais 3.599 por corrupção
representando 66,7%.[54]

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Manifestantes de verde e amarelo se manifestando em defesa da Operação Lava Jato, segurando cartazes
que dizem "Lula na cadeia!" e "Fora PT!"

A Operação Lava Jato, comandada pelo coordenador da força-tarefa Deltan Dallagnol e julgada em
primeira instância pelo juiz federal Sérgio Moro ficou amplamente conhecida por combater a corrupção no
Brasil com mais de 150 prisões de empresários, políticos, lobistas e doleiros.[55] Além das prisões, houve
mais de 100 condenações, com uma pena total superior a 1.200 anos de prisão. [56] A operação ganhou
diversas premiações pelo combate à corrupção.[57][58][59] O juiz federal americano Peter Messitte, disse que
o julgamento do mensalão e a Operação Lava Jato deixaram para trás os tempos em que escândalos de
corrupção política terminavam em pizza no Brasil.[60] A Lava Jato fez com que milhões de pessoas
tomassem as ruas em diversos protestos contra a presidente Dilma e pela defesa das investigações.

Impunidade

Um dos principais problemas que dificultam o combate à corrupção é a cultura de impunidade ainda vigente
no país, apontada inclusive pelo Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da ONU em maio de
2009.[61] A justiça é morosa, e aqueles que podem pagar bons advogados dificilmente passam muito tempo
na cadeia ou mesmo são punidos.[62] Além disso, o fato de os políticos gozarem de direitos como o foro
privilegiado e serem julgados de maneira diferente da do cidadão comum também contribui para a
impunidade.[63]Segundo o advogado e político brasileiro Tarso Genro, "a demora no processo está
vinculada à natureza contenciosa, que assegura direitos para as partes de moverem até o último
recurso."[64] Da mesma forma manifestou-se o então presidente do STF Joaquim Barbosa, em discurso feito
na Costa Rica em maio de 2013. Segundo Barbosa, uma das causas da impunidade no Brasil seria o foro
privilegiado para autoridades.[65]

Defensores do foro privilegiado, todavia, alegam que sua extinção poderia tornar ainda mais morosa a
tramitação de processos judiciais contra autoridades, e influências políticas de todo tipo sobre juízes
de primeira instância. Segundo Cláudio Weber Abramo, da ONG Transparência Brasil, que classifica
o judiciário brasileiro como o "pior do mundo", a Ação Penal 470 (mais conhecida como "Mensalão")
poderia levar até 60 anos para chegar à decisão final, se os réus interpusessem todos os recursos
possíveis previstos pela legislação.[66] O raciocínio também pode ser aplicado na análise da ação penal
denominada "mensalão tucano" (e que precedeu o "mensalão petista"), [67] onde os implicados foram
beneficiados pelo desmembramento do processo e seu retorno para a primeira instância. Segundo a
subprocuradora Deborah Duprat, "nunca sabemos se esse julgamento um dia chegará ao fim". [68]

Em estudo divulgado pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), foi revelado que entre 1988 e
2007, isto é, um período de dezoito anos, nenhum agente político foi condenado pelo Supremo Tribunal
Federal (STF). Durante este tempo, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou apenas cinco
autoridades.[69] Esta situação começaria a mudar em 2013, quando 12 condenados na Ação Penal
470 foram levados à prisão sob variadas acusações de suborno, corrupção e lavagem de dinheiro.[70] Na
opinião de analistas, decisões futuras do STF estabelecerão se este foi um julgamento de exceção,[71][72] ou
se representou um avanço contra a impunidade.[73]

Atualidades sobre Economia no Brasil

Economia do Brasil

A economia do Brasil tem um produto interno bruto (PIB) nominal de 1,775 trilhões de dólares
estadunidenses[18](4,14 trilhões de reais), assim foi classificada como a sétima maior economia do mundo
em 2011, em números brutos (comparação país a país, sem considerar quantidade de habitantes) segundo
o Fundo Monetário Internacional (FMI), considerando o PIB de 2,39 trilhões de dólares para 2012,[18] e
também a sétima, de acordo com o Banco Mundial (considerando um PIB de 2,09 trilhões de dólares em
2010)[19] e o World Factbook da CIA (estimando o PIB de 2011 em 2,28 trilhões de dólares).[20] É a segunda
maior do continente americano, atrás apenas da economia dos Estados Unidos. Com a desvalorização do
real ocorrida em 2012, a economia voltou a ser a sétima do mundo.[21] Porém, segundo relatório do Fundo
Monetário Internacional de 2014, o Brasil é o 62.º país do mundo no ranking do PIB per capita (que é o
valor final de bens e serviços produzidos num país num dado ano, dividido pela população desse mesmo
ano), com um valor de 11 310 dólares estadunidenses por habitante. Os EUA estão em 8.º lugar com

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54 980 dólares estadunidenses por habitante, a Alemanha em 18.º com 44 999 dólares estadunidenses por
habitante, e o Japão em 25.º com 39 100 dólares estadunidenses por habitante.[22]

Segundo o banco de investimento Goldman Sachs, a economia brasileira deve tornar-se a quarta maior do
mundo por volta de 2050.[23] O Brasil é uma das chamadas potências emergentes: é o "B" do grupo BRICS.
É membro de diversas organizações econômicas, como o Mercado Comum do Sul (Mercosul), a União de
Nações Sul-Americanas (UNASUL), o G8+5, o G20 e o Grupo de Cairns. Tem centenas de parceiros
comerciais, e cerca de 60% das exportações do país referem-se a produtos manufaturados e
semimanufaturados.[24] Os principais parceiros comerciais do Brasil em 2008 foram: Mercosul e América
Latina (25,9% do comércio), União Europeia (23,4%), Ásia (18,9%), Estados Unidos (14,0%) e outros
(17,8%).[25] Alguns especialistas em economia, como o analista Peter Gutmann, afirmam que em 2050 o
Brasil poderá vir a atingir estatisticamente o padrão de vida verificado em 2005 nos países da Zona
Euro.[26] De acordo com dados do Goldman Sachs, o Brasil atingirá em 2050 um PIB de 11,3 trilhões de
dólares e um PIB per capita de 49 759 dólares estadunidenses, tornando-se a quarta maior economia do
planeta.[27]

Segundo o Fórum Econômico Mundial, o Brasil foi o país que mais aumentou sua competitividade em 2009,
ganhando oito posições entre outros países, superando a Rússia pela primeira vez e fechando
parcialmente a diferença de competitividade com a Índia e a China, economias BRIC. Importantes passos
dados na década de 1990 para estabilizar a economia, como sustentabilidade fiscal, medidas tomadas para
liberalizar e abrir a economia, impulsionaram significativamente os fundamentos do país em matéria de
competitividade, proporcionando um melhor ambiente para o desenvolvimento do setor
privado.[28][29] Porém, entre 2010 e 2014, o Brasil foi o país que mais perdeu posições no ranking mundial
de competitividade. De 2010 a 2014, caiu do 38º lugar para o 54º entre as 60 economias analisadas
pelo International Institute for Management Development (IMD) e pela Fundação Dom Cabral. O estudo
avalia as condições oferecidas pelos países para que as empresas que neles atuam tenham sucesso
nacional e internacionalmente, promovendo crescimento e melhorias nas condições de vida da sua
população. Na análise, os critérios avaliados são: desempenho econômico, infraestrutura e eficiência dos
seus governos e empresas.[30]

Posteriormente, na década de 2000 o avanço da inclusão social, com programas com o Bolsa Família e os
sucessivos aumentos no salário mínimo, possibilitou a ascensão de 30 milhões de brasileiros à classe
média o que fortaleceu seu mercado consumidor, tornando-o mais atraente para os investidores
internacionais elevando seu investimento estrangeiro direto. Somado ao surgimento da "nova classe
média", a retomada dos investimentos em infraestrutura, como transporte e energia, sustentaram o
crescimento econômico até a crise mundial de 2008.

O país dispõe de setor tecnológico sofisticado e desenvolve projetos que vão


desde submarinos a aeronaves (a Embraer é a terceira maior empresa fabricante de aviões no
mundo).[31] O Brasil também está envolvido na pesquisa espacial. Possui um centro de lançamento de
satélites e foi o único país do Hemisfério Sul a integrar a equipe responsável pela construção do Estação
Espacial Internacional (EEI).[32] É também o pioneiro na introdução, em sua matriz energética, de
um biocombustível - o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar.[33]Em 2008, a Petrobras criou a
subsidiária, a Petrobras Biocombustível, que tem como objetivo principal a produção de biodiesel e etanol,
a partir de fontes renováveis, como biomassa e produtos agrícolas.

Historia

Quando os exploradores portugueses chegaram no século XV, as tribos indígenas do Brasil totalizavam
cerca de 2,5 milhões de pessoas, que praticamente viviam de maneira inalterada desde a Idade da Pedra.
Da colonização portuguesa do Brasil (1500-1822) até o final dos anos 1930, os elementos de mercado da
economia brasileira basearam-se na produção de produtos primários para exportação. Dentro do Império
Português, o Brasil era uma colônia submetida a uma política imperial mercantil, que teve dois grandes
ciclos de produção econômica: o açúcar e o ouro. A economia do Brasil foi fortemente dependente
do trabalho escravizado africano até o fim do século XIX — inícios do ciclo do café. Desde então, o Brasil
viveu um período de crescimento econômico e demográfico forte, acompanhado de imigração em massa
da Europa (principalmente de Portugal, Itália, Espanha e Alemanha) até os anos 1930. Na América,

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os Estados Unidos, o Brasil, o Canadá e a Argentina (em ordem decrescente) foram os países que
receberam a maioria dos imigrantes. No caso do Brasil, as estatísticas mostram que 4,5 milhões de
pessoas emigraram para o país entre 1882 e 1934.

O Brasil atrelou a sua moeda, o real, ao dólar americano em 1994. No entanto, após a crise financeira da
Ásia Oriental, a crise russa em 1998[34] e uma série de eventos adversos financeiros que se seguiram,
o Banco Central do Brasil alterou temporariamente sua política monetária para um regime de flutuação
gerenciada, enquanto atravessava uma crise de moeda, até que definiu a modificação do regime de câmbio
livre flutuante em janeiro de 1999.[35] O país recebeu um pacote de resgate de US$ 30,4 bilhões do Fundo
Monetário Internacional, em meados de 2002,[36] uma soma recorde. O Banco Central brasileiro pagou o
empréstimo do FMI em 2005, embora pudesse pagar a dívida até 2006.[37] Uma das questões que o Banco
Central do Brasil recentemente tratou foi um excesso de fluxos especulativos de capital de curto prazo para
o país, o que pode ter contribuído para uma queda no valor do dólar frente ao real durante esse
período.[38] No entanto, o investimento estrangeiro direto (IED), relacionado a longo prazo, menos
investimento especulativo em produção, estima-se ser de US$ 193,8 bilhões para 2007.[39] O
monitoramento e controle da inflação atualmente desempenha um papel importante nas funções do Banco
Central de fixar as taxas de juro de curto prazo como uma medida de política monetária.[40]

Atualmente, com uma população de cerca de 200 milhões e recursos naturais abundantes, o Brasil é um
dos dez maiores mercados do mundo, produzindo 35 milhões de toneladas de aço, 26 milhões de
toneladas de cimento, 3,5 milhões de aparelhos de televisão e 5 milhões de geladeiras. Além disso, cerca
de 70 milhões de metros cúbicos de petróleo estão sendo processados anualmente em combustíveis,
lubrificantes, gás propano e uma ampla gama de mais de cem produtos petroquímicos. Além disso, o Brasil
tem pelo menos 161.500 quilômetros de estradas pavimentadas e mais de 108.000 megawatts de
capacidade instalada de energia elétrica.

Seu PIB real per capita ultrapassou US$ 8.000 em 2008, devido à forte e continuada valorização do real,
pela primeira vez nesta década. Suas contas do setor industrial respondem por três quintos da produção
industrial da economia latino-americana.[24] O desenvolvimento científico e tecnológico do país é um atrativo
para o investimento direto estrangeiro, que teve uma média de US$ 30 bilhões por ano nos últimos anos,
em comparação com apenas US$ 2 bilhões/ano na década passada, [24] evidenciando um crescimento
notável. O setor agrícola, também tem sido notavelmente dinâmico: há duas décadas esse setor tem
mantido Brasil entre os países com maior produtividade em áreas relacionadas ao setor rural. [24] O setor
agrícola e o setor de mineração também apoiaram superávits comerciais que permitiram ganhos cambiais
maciços e pagamentos da dívida externa.

Com um grau de desigualdade ainda grande, a economia brasileira tornou-se uma das maiores do mundo.
De acordo com a lista de bilionários da revista Forbes de 2011, o Brasil é o oitavo país do mundo em
número de bilionários, à frente inclusive do Japão, com um número bastante superior aos dos demais
países latino americanos.[41]

Componentes da Economia

O setor de serviços responde pela maior parte do PIB, com 66,8%, seguido pelo setor industrial, com
29,7% (estimativa para 2007), enquanto a agricultura representa 3,5% (2008 est). A força de
trabalho brasileira é estimada em 100,77 milhões, dos quais 10% são ocupados na agricultura, 19% no
setor da indústria e 71% no setor de serviços.

O desempenho da agricultura brasileira põe o agronegócio em uma posição de destaque em termos


de saldo comercial do Brasil, apesar das barreiras alfandegárias e das políticas de subsídios adotadas por
alguns países desenvolvidos. Em 2010, segundo a OMC o país foi o terceiro maior exportador agrícola do
mundo, atrás apenas de Estados Unidos e da União Europeia.[42]

Produção agrícola

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Colheitadeira em uma plantação.

Principais produtos Café, soja, trigo, arroz, milho, cana-de-


açúcar, cacau, citrinos, carne.

Taxa de crscimento 9,2% (2008).


da agricultura

Força de trabalho 15% do total da força de trabalho.

PIB do setor 3,5% do total.

No espaço de cinquenta e cinco anos (de 1950 a 2005), a população brasileira passou de
aproximadamente 52 milhões para cerca de 185 milhões de indivíduos, ou seja, um crescimento
demográfico médio de 2% ao ano.[43][44] A fim de atender a essa demanda, uma autêntica revolução
verde teve lugar, permitindo que o país criasse e expandisse seu complexo setor de agronegócio. No
entanto, a expansão da fronteira agrícola se deu à custa de grandes danos ao meio ambiente, destacando-
se o desmatamento de grandes áreas da Amazônia, sobretudo nas últimas quatro décadas.[45]

A importância dada ao produtor rural tem lugar na forma do Plano da Agricultura e Pecuária e através de
outro programa especial voltado para a agricultura familiar (Pronaf), que garantem o financiamento de
equipamentos e da cultura, incentivando o uso de novas tecnologias e pelo zoneamento agrícola. Com
relação à agricultura familiar, mais de 800 mil habitantes das zonas rurais são auxiliados pelo crédito e por
programas de pesquisa e extensão rural, notadamente através da Embrapa. A linha especial de crédito
para mulheres e jovens agricultores visa estimular o espírito empreendedor e a inovação.

Com o Programa de Reforma Agrária, por outro lado, o objetivo do país é dar vida e condições adequadas
de trabalho para mais de um milhão de famílias que vivem em áreas distribuídas pelo governo federal, uma
iniciativa capaz de gerar dois milhões de empregos. Através de parcerias, políticas públicas e parcerias
internacionais, o governo está trabalhando para garantir infraestrutura para os assentamentos, a exemplo
de escolas e estabelecimentos de saúde. A ideia é que o acesso à terra represente apenas o primeiro
passo para a implementação de um programa de reforma da qualidade da terra.

Mais de 600 000 km² de terras são divididas em cerca de cinco mil domínios da propriedade rural, uma
área agrícola atualmente com três fronteiras: a região Centro-Oeste (cerrado), a região Norte (área de
transição) e de partes da região Nordeste (semiárido). Na vanguarda das culturas de grãos, que produzem
mais de 110 milhões de toneladas/ano, é a de soja, produzindo 50 milhões de toneladas.

Na pecuária bovina de sensibilização do setor, o "boi verde", que é criado em pastagens, em uma dieta
de feno e sais minerais, conquistou mercados na Ásia, Europa e nas Américas, particularmente depois do
período de susto causado pela "doença da vaca louca". O Brasil possui o maior rebanho bovino do mundo,
com 198 milhões de cabeças, responsável pelas exportações superando a marca de US$ 1 bilhão/ano.

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Pioneiro e líder na fabricação de celulose de madeira de fibra-curta, o Brasil também tem alcançado
resultados positivos no setor de embalagens, em que é o quinto maior produtor mundial. No mercado
externo, responde por 25% das exportações mundiais de açúcar bruto e açúcar refinado, é o líder mundial
nas exportações de soja e é responsável por 80% do suco de laranja do planeta e, desde 2003, teve o
maior números de vendas de carne de frango, entre os que lidam no setor.[46]

Industria

O Brasil tem o segundo maior parque industrial na América. Contabilizando 28,5% do PIB do país, as
diversas indústrias brasileiras variam
de automóveis, aço e petroquímicos até computadores, aeronaves e bens de consumo duráveis. Com o
aumento da estabilidade econômica fornecido pelo Plano Real, as empresas brasileiras e multinacionais
têm investido pesadamente em novos equipamentos e tecnologia, uma grande parte dos quais foi
comprado de empresas estadunidenses.

O Brasil possui também um diversificado e relativamente sofisticado setor de serviços. Durante a década
de 1990, o setor bancário representou 16% do PIB. Apesar de sofrer uma grande reformulação, a indústria
de serviços financeiros do Brasil oferece às empresas locais uma vasta gama de produtos e está atraindo
inúmeros novos operadores, incluindo empresas financeiras estadunidenses. A Bolsa de Valores,
Mercadorias e Futuros de São Paulo está passando por um processo de consolidação e o setor de
resseguros, anteriormente monopolista, está sendo aberto a empresas de terceiros. [47]

Em 31 de dezembro de 2007, havia cerca de 21.304.000 linhas de banda larga no Brasil. Mais de 75% das
linhas de banda larga via DSL e 10% através de modem por cabo.

As reservas de recursos minerais são extensas. Grandes reservas de ferro e manganês são importantes
fontes de matérias-primas industriais e receitas de exportação. Depósitos
de níquel, estanho, cromita, urânio, bauxita, berílio, cobre, chumbo, tungstênio, zinco, ouro, nióbio e outros
minerais são explorados. Alta qualidade de cozimento de carvão de grau exigido na indústria siderúrgica
está em falta. O Brasil possui extensas reservas de terras raras, minerais essenciais à indústria de alta
tecnologia.[48] De acordo com a Associação Mundial do Aço, o Brasil é um dos maiores produtores de aço
do mundo, tendo estado sempre entre os dez primeiros nos últimos anos.[49]

O Brasil, juntamente com o México, tem estado na vanguarda do fenômeno das multinacionais latino-
americanas, que, graças à tecnologia superior e organização, têm virado sucesso mundial.
Essas multinacionais têm feito essa transição, investindo maciçamente no exterior, na região e fora dela, e
assim realizando uma parcela crescente de suas receitas em nível internacional.[28] O Brasil também é
pioneiro nos campos da pesquisa de petróleo em águas profundas, de onde 73% de suas reservas são
extraídas. De acordo com estatísticas do governo, o Brasil foi o primeiro país capitalista a reunir as dez
maiores empresas montadoras de automóvel em seu território nacional.[24]

Nos últimos anos, o Brasil vem passando por um processo de Desindustrialização.[50] Devido à abertura do
mercado brasileiro para importações chinesas, país que não possui leis trabalhistas e arrecada muito
menos impostos do que o Brasil, indústrias brasileiras vem quebrando, por não poderem concorrer com o
produto chinês. Além disso, o Governo não tem incentivado a indústria de modo geral, apenas concedendo
benefícios esporádicos à Indústria automobilística e à produtores de eletrodomésticos, ou "linha branca". A
competitividade da indústria brasileira vem sendo abalada por uma série de fatores, como o elevado preço
da energia elétrica e do gás natural, a cumulatividade dos impostos e a pesada carga
tributária.[51][52][53][54][55][56][57]

Maiores Companhias

Em 2012, 33 empresas brasileiras foram incluídas na Forbes Global 2000 - uma classificação anual das
principais 2000 companhias em todo o mundo pela revista Forbes.[58] As 10 maiores empresas são:

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Valor de
Posiçã
Receita Lucros Ativos mercad
o Companhi
Indústria (bilhõe (bilhõe (bilhõe o Sede
mundia a
s $) s $) s $) (bilhões
l
$)

Operações de
8 Petrobras 208,3 15,04 149,98 295,60 Rio de Janeiro
gás e petróleo

49 Vale Mineração 43,23 14,26 84,70 171,39 Rio de Janeiro

Banco Osasco, Grand


81 Banco 36,12 4,11 192,65 59,80
Bradesco e São Paulo

Banco do
101 Banco 28,61 2,60 202,00 41,54 Brasília
Brasil

103 Banco Itaú Banco 28,97 2,05 167,06 28,22 São Paulo

203 Unibanco Banco 15,29 1,94 84,04 27,37 São Paulo

322 Eletrobrás Utilitários 9,20 0,54 56,62 18,08 Rio de Janeiro

514 Usiminas Materiais 5,82 1,18 8,63 19,14 Belo Horizonte

Serviços de
519 Oi telecomunicaçõe 7,90 0,61 12,36 11,69 Rio de Janeiro
s

606 Gerdau Aço 11,03 0,63 12,39 8,13 Porto Alegre

Energia

O governo brasileiro empreendeu um ambicioso programa para reduzir a dependência


do petróleo importado, ao longo das décadas. As importações eram responsáveis por mais de 70% das
necessidades de petróleo do país. O Brasil chegou a proclamar uma autossuficiência em petróleo em 2006,
mas desde 2010 a balança comercial nesse setor se encontra deficitária. Em janeiro de 2013, a Petrobrás
produziu 1,98 milhão de barris/dia e refinou 2,111 milhões de barris/dia, tendo um déficit de 130 mil
barris/dia, que foram importados.[59][60][61]

O Brasil é um dos principais produtores mundiais de energia hidrelétrica, com capacidade atual de cerca de
108.000 megawatts. Hidrelétricas existentes fornecem 80% da eletricidade do país. Dois grandes projetos
hidrelétricos, a 15.900 megawatts de Itaipu, no rio Paraná (a maior represa do mundo) e da barragem de
Tucuruí no Pará, no norte do Brasil, estão em operação. O primeiro reator nuclear comercial do
Brasil, Angra I, localizado perto do Rio de Janeiro, está em operação há mais de 10 anos. Angra II foi
concluído em 2002 e está em operação também. Angra III tem a sua inauguração prevista para 2014. Os
três reatores terão uma capacidade combinada de 9.000 megawatts quando concluídos. O governo
também planeja construir mais 17 centrais nucleares até ao ano de 2020.

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Crescimento Sustentado

Somente em 1808, mais de trezentos anos depois de ser descoberto por Portugal, é que o Brasil obteve
uma autorização do governo português para estabelecer as primeiras fábricas.

No século XXI, o Brasil é uma das dez maiores economias do mundo. Se, pelo menos até meados do
século XX, a pauta de suas exportações era basicamente constituída de matérias-primas e alimentos,
como o açúcar, borracha e ouro, hoje 84% das exportações se constituem de produtos manufaturados e
semimanufaturados.

Nos anos 2000, a produção interna aumentou 32,3% . O agronegócio (agricultura e pecuária) cresceu 47%,
ou 3,6% ao ano, sendo o setor mais dinâmico - mesmo depois de ter resistido às crises internacionais, que
exigiram uma constante adaptação da economia brasileira.[63]

A posição em termos de transparência do Brasil no ranking internacional é a 75ª de acordo com


a Transparência Internacional.[64] É igual à posição da Colômbia, do Peru e do Suriname.

Controle e Reforma

Entre as medidas recentemente adotadas a fim de equilibrar a economia, o Brasil realizou reformas para a
sua segurança social e para os sistemas fiscais. Essas mudanças trouxeram consigo um acréscimo
notável: a Lei de Responsabilidade Fiscal, que controla as despesas públicas dos Poderes Executivos
federal, estadual e municipal. Ao mesmo tempo, os investimentos foram feitos no sentido da eficiência da
administração e políticas foram criadas para incentivar as exportações, a indústria e o comércio, criando
"janelas de oportunidade" para os investidores locais e internacionais e produtores. Com estas mudanças,
o Brasil reduziu sua vulnerabilidade. Além disso, diminuiu drasticamente as importações
de petróleo bruto[65] e tem metade da sua dívida doméstica pela taxa de câmbio ligada a certificados. O
país viu suas exportações crescerem, em média, a 20% ao ano. A taxa de câmbio não coloca pressão
sobre o setor industrial ou sobre a inflação (em 4% ao ano) e acaba com a possibilidade de uma crise
de liquidez. Como resultado, o país, depois de 12 anos, conseguiu um saldo positivo nas contas que
medem as exportações/importações, acrescido de juros, serviços e pagamentos no exterior. Assim,
respeitados economistas dizem que o país não será profundamente afetado pela atual crise econômica
mundial.

Políticas

O apoio para o setor produtivo foi simplificado em todos os níveis; ativos e independentes, o Congresso e
o Poder Judiciário procederam à avaliação das normas e regulamentos. Entre as principais medidas
tomadas para estimular a economia estão a redução de até 30% do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) e o investimento de US$ 8 bilhões em frotas de transporte rodoviário de cargas,
melhorando assim a logística de distribuição. Recursos adicionais garantem a propagação de telecentros
de negócios e informações.

A implementação de uma política industrial, tecnológica e de comércio exterior, por sua vez, resultou em
investimentos de US$ 19,5 bilhões em setores específicos,
como softwares e semicondutores, farmacêutica e medicamentos e no setor de bens de capital.[66]

Renda

O salário mínimo fixado para o ano de 2016 é de R$ 880,00 por mês,[67] totalizando R$ 11440,00 ao ano
(incluindo o 13º salário). O PIB per capita do país em 2010 foi de R$ 19.016,00.[68] Um estudo da Fundação
Getúlio Vargas, com base em dados do IBGE, elaborou uma lista das profissões mais bem pagas
do Brasil em 2007.[69]Os valores podem variar muito de acordo com o estado da federação em que o
profissional vive. As carreiras de Direito, Administração e Medicina ficaram entre as mais bem pagas,
seguidas por algumas Engenharias

Inflação

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Inflação refere-se a um aumento no suprimento de dinheiro e a expansão monetária, o que é a causa do


aumento de preços; alguns economistas (como os da Escola Austríaca) preferem este significado, em vez
de definir inflação pelo aumento de preços. Assim, por exemplo, alguns estudiosos da década de
1920 nos Estados Unidos referem-se à inflação, ainda que os preços não estivessem a aumentar naquele
período. Mas, popularmente, a palavra inflação é usada como aumento de preços, a menos que um
significado alternativo seja expressamente especificado. Outra distinção também se faz quando analisados
os efeitos internos e externos da inflação: externamente, a inflação traduz-se mais por uma desvalorização
da moeda local frente a outras, e internamente exprime-se mais no aumento do volume de dinheiro e,
aumento dos preços.

Um exemplo clássico de inflação foi o aumento de preços no Império Romano, causado pela
desvalorização dos denários que, antes confeccionados em ouro puro, passaram a ser fabricados com todo
tipo de impurezas. O imperador Diocleciano, em vez de perceber essa causa, já que a ciência
económica ainda não existia, culpou a avareza dos mercadores pela alta dos preços, promulgando
em 301 o Édito Máximo, que punia com a morte qualquer um que praticasse preços acima dos fixados.

A inflação pode ser contrastada com a reflação, que é ou um aumento de preços de um estado
deflacionado, ou alternativamente, uma redução na taxa de deflação (ou seja, situações em que o nível
geral de preços está caindo numa taxa decrescente). Um termo relacionado é desinflação, que é uma
redução na taxa de inflação, mas não o suficiente para causar deflação.

Medição

A medição da inflação é feita através de uma cesta de consumo média da população. Geralmente é
realizada uma Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) para determinar a cesta de consumo média dessas
famílias. Ou seja, é realizada uma média ponderada das cestas de produtos consumidas por estas famílias.

A maioria dos índices de preços ao consumidor utiliza o Índice de Laspeyres para calcular a variação dos
preços de um mês para o outro. As quantidades consumidas nos índices de Laspeyres são fixas.

Assim, os índices de preços ao consumidor calculam a variação dos preços de bens e serviços entre dois
períodos, ponderados pela participação dos gastos com cada bem no consumo total. Repare que o índice
calcula o gasto com o mesmo consumo em dois períodos diferentes, o que faz com que não ocorra
substituição no consumo.[1]

O mais importante índice no Brasil é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do IBGE, utilizado
para determinar as metas de inflação. O IPCA apura a variação de preços nos bens consumidos por
famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos, em nove regiões metropolitanas (Belém, Belo
Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo), no Distrito
Federal e no município de Goiânia.

Para se medir o andamento dos preços sem o efeito de distúrbios resultantes de choques temporários,
exclui-se do IPC o preço do petróleo e dos bens alimentares não transformados – chamando-se esta
medida "núcleo de inflação", ou "inflação subjacente".[2]

História

Da Idade Média até o Iluminismo

A Europa com o período da Alta Idade Média, viveu um extenso tempo desde o século XIII até 1290 com
uma certa estabilidade de preços, pois na época a Europa Ocidental era rica em minérios e a agricultura
apresentava as condições certas para uma produção suficiente para alimentação da região, observando
que apesar da produção da época ser considerada elevada, a distribuição para a população camponesa e
artesã era desigual para os membros da Igreja e além disso, as alterações climáticas prejudicavam ou
ajudavam na produção agrícola.

Porém, durante o mandato de Eduardo II entre 1309 e 1329, houve a elevação inflacionária entre 6% e 7%
ao mês até 1329, quando Eduardo II morreu, descendendo Eduardo III, em que iniciou a Guerra dos Cem

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Anos (1336-1450). Entre 1336 até 1350, a inflação anual era de 96% a 104%, até a epidemia de Peste
bubônica quando a inflação disparou para 300% ao ano, pela escassez alimentar e de mão-de-obra.

A Revolução Americana levantou a questão de se combater a emissão de papel-moeda para favorecer o


pagamento de dívidas, seja elas privadas ou estatais.[3] A constituição norte-americana já demarcava desde
seu início como responsabilidade do governo o combate a falsificação da moeda, a fim de regular o seu
valor.[4]

Inflação na Alemanha

Entre janeiro de 1919 e novembro de 1923 o índice inflacionário alemão variou em um trilhão por cento
(1.000.000.000.000%). Chegou-se ao ponto de queimar dinheiro em lareiras para aquecer-se contra os
rigorosos invernos. Tudo isso deve-se ao Tratado de Versalhes imposto pelos países vencedores da I
Guerra, que acabou com sua infraestrutura e aniquilou sua economia, sem contar com a destruição
causada pela guerra. No início do século XX, já havia economistas de várias vertentes que denunciavam
políticas inflacionárias como uma forma de confisco por parte do governo. [5]

Histórico do quadro inflacionário no Brasil

Os índices de inflação no Brasil são medidos de diversas maneiras. Duas formas de medir a inflação ao
consumidor são o INPC, aplicado à famílias de baixa renda (aquelas que tenham renda de um a seis
salários mínimos) e o IPCA, aplicado à famílias que recebem um montante de até quarenta salários
mínimos.

Até 1994 a economia brasileira sofreu com inflação alta, entrando num processo
de hiperinflação na década de 80. Esse processo só foi interrompido em 1994, com a criação do Plano
Real e a mudança da moeda para o real (R$), atual moeda do país. Atualmente a inflação é controlada
pelo Banco Central através da política monetária que segue o regime de metas de inflação.

Índices da Inflação

 Década de 1930 = média anual de 6,1%;

 Década de 1940 = média anual de 12,8%;

 Década de 1950 = 19,5%

 Décadas de 1960 e 1970 = 40,1%

 Década de 1980 = 330%

 Entre 1990 a 1994 =média anual de 764%

 Entre 1995 a 2000 = média anual de 8,6%

Metas de inflação

Desde 1999, o Brasil está sob o regime de metas de inflação, para orientar sua política monetária. Desta
forma, a oferta de moeda pelo Banco Central segue uma estratégia para atingir uma banda de inflação
determinada pelo Conselho Monetário Nacional.

Especificamente, temos o seguinte quadro inflacionário pelo IPCA cheio, no período 1999-2016 [6]:

 1999 = 9,52% (Teto da meta de 10%)

 2000 = 6,59% (Teto da meta de 8%)

 2001 = 7,67% (Teto da meta de 6%)

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 2002 = 12,53% (Teto da meta de 5,5%)

 2003 = 9,3% (Teto da meta de 5,25%)

 2004 = 7,6% (Teto da meta de 8%)

 2005 = 5,69% (Teto da meta de 7%)

 2006 = 3,14% (Teto da meta de 6,5%)

 2007 = 4,46% (Teto da meta de 6,5%)

 2008 = 5,90% (Teto da meta de 6,5%)

 2009 = 4,31% (Teto da meta de 6,5%)

 2010 = 5,91% (Teto da meta de 6,5%)

 2011 = 6,50% (Teto da meta de 6,5%)

 2012 = 5,84% (Teto da meta de 6,5%)

 2013 = 5,91% (Teto da meta de 6,5%)

 2014 = 6,41% (Teto da meta de 6,5%)

 2015 = 10,67% (Teto da meta de 6,5%)

 2016 = 6,29% (Teto da meta de 6,5%)

Moedas Brasileiras

A moeda nacional do Brasil mudou de nome várias vezes, principalmente nos períodos de altos índices de
inflação. Na maioria das renomeações monetárias, foram cortados três dígitos de zero, estratégia esta que
impediu que um quilo de carne custasse cerca de quatro milhões de unidades da moeda vigente, por
exemplo.

 Até 1942: Real (Réis)

 De 1942 a 1967: cruzeiro

 De 1967 a 1970: cruzeiro novo

 De 1970 a 1986: cruzeiro

 De 1986 a 1989: cruzado

 De 1989 a 1990: cruzado novo

 De 1990 a 1993: cruzeiro

 De 1993 a 1994: cruzeiro real e Unidade Real de Valor (URV)

 De 1994 até hoje: Real

Classificação de Processos Inflacionários

Os processos inflacionários podem ser classificados, segundo algumas características como:

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Inflação por câmbio flutuante - Ação também conhecida como Quantitative Easing. Quando o governo
intencionalmente ou por má administração, imprime dinheiro, aumentando a oferta de moeda, é
considerado como imposto silencioso pois o governo adquire o dinheiro que deseja reduzindo o valor das
notas impressas, geralmente é a principal causa da super inflação.

 Inflação prematura - processo inflacionário gerado pelo aumento dos preços sem que o pleno
emprego seja atendido.

 Inflação reprimida - processo inflacionário gerado pelo congelamento dos preços por parte do governo.

 Inflação de custo - processo inflacionário gerado pelo aumento dos custos de produção.

Por causa de uma redução na oferta de fatores de produção, o seu preço aumenta. Com o custo dos
fatores de produção mais altos, a produção se reduz e ocorre uma redução na oferta dos bens de
consumo aumentando seu preço. A inflação de custo ocorre ceteris paribus quando a produção se reduz.

 Inflação de demanda - processo inflacionário gerado pelo aumento do consumo com a economia
em pleno emprego. Ou seja, os preços sobem por que há aumento geral da demanda sem um
acompanhamento no crescimento da oferta.

Esse tipo de inflação é causada também pela emissão elevada de moeda e aumento nos níveis
de investimento, pois, ceteris paribus, passa a haver muito dinheiro à cata de poucas mercadorias. Uma
das formas utilizadas para o controle de uma crise de inflação de demanda, é uma redução na oferta de
moeda, que gera uma redução no crédito, e consequente desaceleração econômica. Outras alternativas
são os aumentos de tributos, elevação da taxa de juros e das restrições de crédito.

 Inflação estrutural - Há ainda aqueles que discutem a chamada inflação (por razão) estrutural,
proposta pela CEPAL, que tem a ver com alguma questão específica de um determinado mercado, como
pressão de sindicatos, tabelamento de preços acima do valor de mercado (caso do salário mínimo),
imperfeições técnicas no mecanismo de compra e venda.

 Inflação inercial - onde há um círculo vicioso de elevação de preços, taxas e contratos, com base em
índices de inflação passados.

 Inflação de expectativas - Quase na mesma linha, podemos citar ainda a Inflação de Expectativas,
consequência de um aumento de preços provocados pelas projeções dos agentes sobre a inflação.

Efeitos

Distorções

A inflação é responsável por diversas distorções na economia. As principais distorções acontecem


na Distribuição de Renda (já que assalariados não tem a mesma capacidade de repassar os aumentos de
seus custos, como fazem empresários e governos, ficando seus orçamentos cada vez mais reduzidos até a
chegada do reajuste), na Balança de Pagamentos (inflação interna maior que a externa causa
encarecimento do produto nacional com relação ao importado o que provoca aumento nas importações e
redução nas exportações), na Formação de Expectativas (diante da imprevisibilidade da economia, o
empresariado reduz seus investimentos), no Mercado de Capitais (causa migração de aplicações
monetárias para aplicações em bens de raiz (terra, imóveis), e também a chamada Ilusão Monetária, que
seria a interpretação errada da relação de ajuste do salário nominal com o salário real, por definição e que
gera por sua vez a percepção errada de maior renda e consequentemente decisões equivocadas. As
pessoas, julgando-se mais ricas, demandam mais bens e serviços e, com oferta a pleno emprego, causa
dessa forma a inflação.

O papel da inflação na economia

Um efeito da inflação de pequena escala é que se torna mais difícil renegociar alguns preços, e
particularmente contratos e salários, para valores mais baixos — então com o aumento geral de preços é

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mais fácil para que os preços relativos se ajustem. Muitos valores são bastante inelásticos para baixo, e
tendem a subir; logo, os esforços para manter uma taxa zero se o nível aumenta, irão punir outros setores
com queda de preços, lucros e empregos. Por conta disso alguns economistas e executivos veem essa
inflação suave como um mecanismo de "lubrificação" do comércio. Segundo algumas escolas de
economia, esforços para manter uma estabilidade completa de preços podem também levar
à deflação (queda constante de preços), que pode ser bastante destrutiva,
estimulando falências, concordatas e finalmente a recessão, que é o "descontrole" ou "descomando", da
economia, alertado por Keynes, em sua obra editada finalmente em 1936.

Muitos na comunidade financeira lembram do "risco escondido" da inflação como um incentivo essencial
para o investimento, ao invés da simples poupança, riqueza acumulada. A inflação, desta perspectiva, é
vista como a expressão no mercado do valor temporal do dinheiro, ou mais precisamente moeda, no
chamado "economês" (linguagem do mundo da ciência econômica). Ou seja, se um real hoje é mais
valioso que um real daqui a um ano, devido à desvalorização dos meios de produção, fonte desse real,
então, deve haver uma desvalorização também do real na economia como um todo, no futuro. Desta
perspectiva, a inflação representa a incerteza - valorização de "algo" que na verdade não existe, ou seja
sobre o valor ou "renda, composta da e na moeda no e do futuro".

Segundo os economistas da Escola Austríaca, a inflação (no sentido clássico), provoca efeitos sobre a
estrutura de produção da economia. Numa reacomodação, no que seria uma forma de se fazer algo para a
sociedade, redistribuindo rendas e causando uma desproporcionalidade sem rejeição, em relação ao
volume de demanda para os vários setores da economia, o que Keynes, concorda, já que os preços não
mudam todos juntos (ceteris paribus); e sim cada um com diferente intensidade econométrica. No caso de
inflação monetária, da moeda em si, em que a moeda é injetada no mercado de crédito (que é a moeda),
acaba por se tornar em investimentos ineficientes aos que são criados, e o que leva finalmente, às crises
econômicas.

A inflação, entretanto, além destas consequências, tem vários outros efeitos crescentemente negativos na
economia. Efeitos que se relacionam com o "abatimento" de atividade econômica prévia. A inflação é
geralmente resultado de políticas erradas, governamentais, segundo Keynes, para aumentar a
disponibilidade de moeda, pois a moeda tem que ser real, dessa forma, a contribuição do governo para um
ambiente inflacionário é vista como uma variação para mais ou para menos na chamada "taxa sobre a
moeda em circulação", o "juro", como controle ou comando. Com o aumento ou diminuição da inflação,
aumenta ou diminui o peso sobre o dinheiro em circulação - isso por sua vez promove um aumento da
velocidade, na fórmula de Keynes (vide obra), de circulação do dinheiro, mais precisamente ou
econometricamente moeda, o que por sua vez reforça para mais ou para menos o processo inflacionário
(veja teoria quantitativa da moeda), em um círculo virtuoso ou vicioso, que pode levar à hiperinflação ou
ao equilíbrio.

 A crescente incerteza pode desestimular o investimento e a poupança.

 Redistribuição da renda

 Haverá redistribuição da renda, que se transfere progressivamente daqueles com rendas fixas
(locatários, por exemplo) para aqueles com rendas mais flexíveis.

 De modo similar será beneficiado o indivíduo que emprestou dinheiro ou moeda, a uma taxa fixa, pois a
política, como vimos acima é dinâmica, e será prejudicado o emprestador, surpreendido pela inflação.

 Comércio exterior: se a taxa de inflação for maior do que a praticada em outros países, uma tarifa fixa
de comércio será solapada pelo enfraquecimento da posição do país na balança comercial.

 Aumento dos custos relativos a maior velocidade de circulação do dinheiro ou mais


precisamente moeda (o exemplo simples é das pessoas que precisarão ir mais ao banco). Também devem
ser considerados os custos, para empresas, da mudança continuada de preços (por exemplo, restaurantes
que precisam constantemente refazer seus cardápios, ou cestas de aplicação financeira com vistas ao
mundo real e não financeiro, com sua "ciranda").

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 hiperinflação: ou "ciranda" (vide processo hiperinflacionário da Nova República Brasileira (1985 - 1995),
onde, se a inflação ficar totalmente fora de controle, interfere pesadamente no funcionamento normal da
economia; prejudicando sua capacidade real de oferta de bens.

Numa economia em que alguns setores são "indexados" ou "realizados" ou corrigidos" quanto à inflação e
outros não, a inflação age como uma redistribuição em sentido dos setores indexados (os reais, que
verdadeiramente estão crescendo) e afastando-se dos setores não-indexados (os falsos, super valorizados,
uma vez que a Economia se apresenta invertida, procure entender usando Cálculo Matemático, em
quadrantes diferentes de desenvolvimento econômico).

Por conta destes efeitos nefastos (em quadrantes diferentes, usando-se Matemática e o Cálculo
da Econometria), os bancos centrais costumam definir a estabilidade de preços como um objetivo
primordial de suas políticas, com uma inflação perceptível, mas baixa, como ideal.

Por outro lado, segundo alguns economistas de formação heterodoxa, tais como Celso Furtado, a inflação
não é um fenômeno meramente monetário: sua raiz está na questão distributiva, como Keynes também
afirma, entre os grupos sociais de uma economia. Isto é, a inflação de preços é o meio pelo qual os grupos
sociais ligados às atividades produtivas dispõem para ampliar a sua apropriação do acréscimo de renda
criado no processo de crescimento econômico, levando a economia para novos equilíbrios distributivos
entre esses grupos. Conforme o argumento de Furtado, se a inflação fosse um efeito meramente monetário
e neutro em relação ao lado real da economia (o lado da produção de bens e serviços), sem afetar
a distribuição de renda, o aumento generalizado de preços deveria ocorrer de forma proporcionalmente
simétrica para todos os setores da economia e não é o que é empiricamente comprovado, defendendo a
teoria de Keynes.

Taxa de desemprego no Brasil

Taxa de desemprego no Brasil ou de desocupação oficial no Brasil é determinada pelo Instituto


Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os valores são determinados a partir de estudos feitos a cada
mês com a População Economicamente Ativa (PEA). As metodologias de medição do desemprego variam
ao longo do tempo e de acordo com a pesquisa.

Cálculo

A Taxa de desemprego ou taxa de desocupação é medida em percentual (%) e calcula-se dividindo-se a


População Desocupada pela População Economicamente Ativa, multiplicado por 100:

Sendo PD a população desocupada ou desempregada, e PEA a População Economicamente Ativa.

Definições

Desemprego

O IBGE classifica como pessoas desempregadas ou desocupadas aquelas que não estavam trabalhando,
estavam disponíveis para trabalhar e tomaram alguma providência efetiva para conseguir trabalho nos
trinta dias anteriores à semana em que responderam à pesquisa.

Para as pesquisas realizadas entre 1983 e 2002, o IBGE considerava população em idade ativa (PIA),
aqueles maiores de quinze anos de idade. De acordo com a nova metodologia do instituto, fazem parte da
população em idade ativa os maiores de 10 anos de idade. Na definição de população empregada ou
ocupada, o instituto considerava o limite mínimo de 15 horas por semana para o trabalho não-remunerado,
enquanto a nova pesquisa inclui aqueles que trabalharam pelo menos uma hora na semana.

População Economicamente Ativa

A população desempregada ou desocupada, bem como sua contraparte formada pela população ocupada,
está inserida dentro da População Economicamente Ativa (PEA), dessa forma têm-se que:

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Sendo que PEA é a População Economicamente Ativa, PO é a população que exerceu trabalho,
remunerado ou sem remuneração, durante pelo menos uma hora completa na semana da pesquisa, ou que
tinham trabalho remunerado do qual estavam temporariamente afastadas nessa semana, e PD são as
pessoas desocupadas ou desempregadas, sem trabalho na semana da pesquisa, mas que estavam
disponíveis para assumir um trabalho nessa semana e que tomaram alguma providência efetiva para
conseguir trabalho nos últimos 30 dias, sem terem tido qualquer trabalho ou após terem saído do último
trabalho que tiveram nesse período.

População em Idade Ativa

População em Idade Ativa (PIA) é formada pela soma da das Pessoas Economicamente Ativas (PEA) e
das Pessoas Não-economicamente Ativas (PNEA).

Sendo que PNEA são as pessoas não-economicamente ativas que não podem ser classificadas nem como
empregadas nem como desempregadas. Como por exemplo, pessoas que não possuem e nem estão
procurando trabalho.

Pesquisas

Pesquisa Mensal de Emprego

Uma das pesquisas sobre emprego/desemprego mais consagradas é a Pesquisa Mensal de


Emprego (PME) que fornece informações mensais desde 1980 sobre seis regiões metropolitanas do
país: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador).[1]

Controvérsias sobre o método de cálculo

No entanto essa metodologia é considerada incorreta e parcial por alguns economistas por subestimar o
desemprego real no Brasil. A mudança dos parâmetros do IBGE em 2002 tem suscitado duvidas se esses
dados não estão sendo maquiados. Considerar trabalhadores não remunerados como empregados e
aqueles que desistiram de procurar um emprego como "desalentados" modifica as variáveis do índice para
baixo. Parte dos beneficiários do Bolsa Família que decidem viver exclusivamente do beneficio são
classificados como Pessoas não Economicamente Ativas não entrando na conta do desemprego. E
pessoas que recebem o seguro desemprego não são consideradas pelo IBGE desempregadas mas
"desalentadas".[2]

Com base nesses dados o analista Leandro Roque chegou ao resultado de um desemprego real no Brasil
de 20,8% frente aos 5,3% medidos pelo IBGE e aos 10,5% do DIEESE todos medidos em outubro de
2012.[2]

Resultados

Pela Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, a maior taxa de desemprego registrada no período da atual
metodologia - utilizada pelo instituto desde janeiro de 2002 - foi a do mês de abril de 2004 (13,1%) e a
menor foi a de dezembro de 2014 (4,3%). Até 2014, somente duas vezes, em 2006 e 2009, a taxa subiu
em relação ao ano anterior.[3] Depois de sucessivas altas devido à crise econômica, o desemprego no
Brasil voltou a crescer. No segundo semestre de 2015 voltou a apresentar alta,[4]tendo fechado o ano de
2015 como pior da série histórica de geração de vagas formais (saldo entre admissões e demissões) do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), iniciada em 2002 considerando ajustes, com um resultado de
fechamento de 1,54 milhão de postos de trabalho. Sem ajustes, a estatística calculada pelo MTE
em 2015 foi o pior ano desde 1992. Com isto trata-se do pior resultado em 24 anos.[5]

Tabela com a Taxa de Desocupação nas Regiões Metropolitanas do Brasil, por mês e ano [6]

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Ano/Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Anual[a]

2002 10.8[a] 11.1[a] 12.9 12.5 11.9 11.6 11.9 11.7 11.5 11.2 10.9 10.5 12.6

2003 11.2 11.6 12.1 12.5 12.9 13.0 12.8 13.1 13.0 13.0 12.2 10.9 12.3

2004 11.7 12.0 12.8 13.1 12.2 11.7 11.2 11.4 10.9 10.5 10.7 9.6 11.4

2005 10.2 10.7 10.9 10.8 10.2 9.4 9.5 9.4 9.7 9.6 9.6 8.4 9.8

2006 9.3 10.1 10.4 10.4 10.2 10.4 10.8 10.6 10.0 9.8 9.6 8.4 9.9

2007 9.3 9.9 10.2 10.2 10.2 9.7 9.5 9.6 9.0 8.7 8.3 7.5 9.3

2008 8.0 8.7 8.6 8.5 7.9 7.9 8.1 7.6 7.7 7.5 7.6 6.8 7.8

2009 8.2 8.5 9.0 8.9 8.8 8.1 8.0 8.1 7.7 7.5 7.4 6.8 8.1

2010 7.2 7.4 7.6 7.3 7.5 7.0 6.9 6.7 6.2 6.1 5.7 5.3 6.7

2011 6.1 6.4 6.5 6.4 6.4 6.2 6.0 6.0 6.0 5.8 5.2 4.7 6.0

2012 5.5 5.7 6.2 6.0 5.8 5.9 5.4 5.3 5.4 5.3 4.9 4.6 5.5

2013 5.4 5.6 5.7 5.8 5.8 6.0 5.6 5.3 5.4 5.2 4.6 4.3 5.4

2014 4.8 5.1 5.0 4.9 4.9 4.8 4.9 5.0 4.9 4.7 4.8 4.3 4.8

2015 5.3 5.9 6.2 6.4 6.7 6.9 7.5 7.6 7.6 7.9 7.5 6.8 6.9

2016 7.6 8.2 9.5 10.9 11.3 11.3 11.6 11.8 11.5

Pesquisa Índice de Medo do Desemprego

Para exprimir o sentimento dos brasileiros em relação ao desemprego, a Confederação Nacional da


Indústria (CNI) realiza, trimestralmente, a pesquisa de Índice de Medo do Desemprego. O estudo fazia
parte, até 2008, do Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (INEC), também elaborado pela CNI,
que sintetiza a opinião dos brasileiros sobre decisões de consumo.[7] A Pesquisa de opinião da qual se
obtém o Índice de Medo do Desemprego teve início em 1996. Sua média apresentou recuo desde o final
de 2002, com algumas exceções, impactadas principalmente pelo cenário político do país. Como ocorreu
em março de 2007, quando foi registrado o aumento de 9,4% na comparação com o mês de dezembro
de 2006, e entre os meses de dezembro de 2008 e março de 2009, em função do acirramento da Crise
internacional.[8] Em 2014, o índice alcançou 76,1.[9] Atualmente, divulgado em setembro de 2016, o medo
do desemprego apresentou queda e encontra-se em 61,2 pontos, mas segue acima da média.[10]

Desemprego

Desemprego natural

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Segundo os preceitos da economia neoclássica, o desemprego natural é a taxa para a qual


uma economia tende no longo prazo, sendo compatível com o estado de equilíbrio de pleno emprego e
com a ausência de inflação. Nessa situação, há um número de trabalhadores sem emprego, mas a oferta e
a demanda por emprego estão em equilíbrio. Para Milton Friedman, nessa taxa só se incluiriam os
desempregos friccional e voluntário, sendo, nesse caso, inexistente, ou não relevante, os desempregos
conhecidos como estrutural e conjuntural.

Desemprego estrutural

O desemprego estrutural é uma forma de desemprego natural. Neste caso, existe um desequilíbrio
permanente entre a oferta e a procura (de trabalhadores) que não é eliminado pela variação dos salários.

Resulta das mudanças da estrutura da economia. Estas provocam desajustamentos no emprego da mão-
de-obra, assim como alterações na composição da economia associada ao desenvolvimento.A teoria
econômica apresenta duas causas para este tipo de desemprego: insuficiência da procura de bens e de
serviços e insuficiência de investimento em torno da combinação de fatores produtivos desfavoráveis.

Esse tipo de desemprego é mais comum em países desenvolvidos devido à grande mecanização das
indústrias, reduzindo os postos de trabalho.

O desemprego causado pelas novas tecnologias - como a robótica e a informática - recebe o nome de
"desemprego tecnológico". Ele não é resultado de uma crise econômica, e sim das novas formas de
organização do trabalho e da produção. Tanto os países ricos quanto os pobres são afetados pelo
desemprego estrutural, que é um dos mais graves problemas de nossos dias.

O crescimento econômico, ou melhor, a ausência dele, tem sido apontado como o principal fator para os
altos níveis de desemprego no Brasil. Naturalmente, se conseguíssemos manter altas taxas de crescimento
econômico, o país sanearia o problema do desemprego conjuntural. Contudo, o desemprego estrutural,
aquele em que a vaga do trabalhador foi substituída por máquinas ou processos produtivos mais
modernos, não se resolve apenas pelo crescimento econômico. Aquele trabalho executado por dezenas de
trabalhadores até o início dos anos 1980 agora só necessita de um operador, ou, em outras palavras,
dezenas de empregos transformaram-se em apenas um. É claro que se a economia estiver aquecida será
mais fácil para estes trabalhadores encontrarem outros postos de trabalho.

É comum associar o desemprego estrutural ao setor industrial. Este setor deixa mais evidente a perda de
postos de trabalho para máquinas ou novos processos de produção, porém isto ocorre também
na agricultura e no setor de prestação de serviços.Em muitos lugares, inclusive no Brasil, culpa-se
a tecnologia, que estaria roubando empregos e condenando os trabalhadores à indigência. Não há dúvida
de que a tecnologia participa do processo, mas é um equívoco condená-la como a vilã do desemprego
estrutural. A invenção do tear mecânico, da máquina a vapor ou do arado de ferro foram marcos que
resultaram em um aumento significativo da produtividade e consequente redução de custos, permitindo a
entrada de um enorme contingente de excluídos no mercado consumidor. Da mesma forma que sentimos
hoje, o emprego sofreu impacto destes inventos há 150 anos.

Desemprego conjuntural

O desemprego cíclico é transitório, ocorre durante alguns períodos. Pode ser calculado da seguinte forma:

Desemprego cíclico = Taxa de desemprego observada - taxa de desemprego natural

O desemprego cíclico está associado às flutuações da atividade econômica, ou seja, do produto interno
bruto. Esse relacionamento é inversamente proporcional, como demonstrado na Lei de Okun, que
demonstra a relação inversa entre a taxa de desemprego e os ciclos económicos (output gap). A taxa de
desemprego diminui em períodos de expansão e aumenta em períodos de recessão.

A lei de Okun pode ser formulada da seguinte forma:

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Taxa de desemprego observada - taxa de desemprego natural = - g (PIB efetivo/PIB potencial) Onde g é
uma função positiva qualquer.

Desta forma, podemos prever a taxa de inflação futura pela observação do ciclo económico presente.

Dado esta relação, podemos considerar que as causas e os problemas do desemprego cíclico são as
causas e os problemas dos ciclos económicos.

Desemprego

O desemprego friccional resulta da mobilidade da mão de obra e pode ser componente do desemprego
natural. Ocorre durante o período de tempo em que um ou mais indivíduos se desempregam de um
trabalho para procurar outro. Também poderá ocorrer quando se atravessa um período de transição, de um
trabalho para outro, dentro da mesma área, como acontece na construção civil.

Portugal

A taxa de desemprego em 2006 ficou acima das previsões do Governo de José Sócrates. O ano terminou
com uma taxa de desemprego de 7,7%, mais 0,1 ponto percentual que os 7,6% previstos no Orçamento de
Estado e no Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) para 2006 e que a taxa registada em 2005,
segundo os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). De acordo com dados publicados
pelo INE, os resultados obtidos no Inquérito ao Emprego referentes ao primeiro trimestre de 2007 mostram
que a população ativa em Portugal aumentou 0,9% (abrangendo 49,0 mil indivíduos) relativamente ao
trimestre homólogo de 2006, registando um acréscimo pouco expressivo face ao trimestre anterior.

O INE demonstra que a população desempregada em Portugal, estimada em 469,9 mil indivíduos no
período em análise, registou um acréscimo homólogo de 9,4% (40,2 mil indivíduos) e trimestral de 2,5%
(11,3 mil). A taxa de desemprego foi estimada em 8,4%, no primeiro trimestre de 2007, superior em 0,7
pontos percentuais à do trimestre homólogo de 2006 e em 0,2 pontos percentuais à do trimestre anterior.

Brasil

No Brasil, o desemprego possui um outro agravante, que é a migração de pessoas de uma região a outra
em busca de oportunidades de trabalho. Isso se observa da região Nordeste para a Sudeste e
do interior para as capitais nas regiões Centro-Oeste e Norte. A migração do interior menos rico para as
capitais mais ricas também ocorre no Nordeste. O interior desta região envia migrantes tanto para as
capitais quanto para outras regiões (enquanto o Maranhão, por exemplo, se foca na Amazônia Oriental em
sua migração, os migrantes da Bahia se focam em São Paulo), ou seja, a região é heterogênea também
nos fluxos migratórios.

O avanço da soja no Sul gerou uma latifundiarização que substituiu os minifúndios policultores baseados
na colônia rural de povoamento europeu típica da Europa Central e regiões do mundo que desta recebeu
povoadores, e isso gerou um fluxo migratório do Sul para o interior da América do Sul. Inversamente à
migração dos nordestinos, estes migrantes com nível mais alto de escolaridade e maior organização (as
famílias no Sul do país tendem a ser mais estruturadas e estáveis) são rapidamente absorvidos como mão
de obra, contribuindo para o aumento da produção ao invés de ampliarem o desemprego. Diz-se que, em
contrapartida, no Nordeste, os pais abandonam as famílias e migram, deixando gerações de filhos perdidos
em todos os aspectos.

Tribunal de Contas da Uniãos

O Tribunal de Contas da União (TCU) é instituição brasileira prevista na Constituição Federal para
exercer a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das
entidades da administração direta e administração indireta, quanto à legalidade, à legitimidade e
à economicidade e a fiscalização da aplicação das subvenções e da renúncia de receitas.[1] Auxilia o
Congresso Nacional no planejamento fiscal e orçamentário anual.

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Tanto pessoa física quanto pessoa jurídica, seja de direito público ou direito privado, que utilize, arrecade,
guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou
que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária tem o dever de prestar contas ao TCU.
Conforme o art. 71 da Constituição Federal o Tribunal de Contas da União é uma instituição com
autonomia administrativa, financeira e orçamentária.

O tribunal não está ligado diretamente a nenhum poder, o que faz com que seja um órgão independente.
Sua independência é comparada à do Ministério Público, um órgão que não está ligado a nenhum poder e
exerce sua função constitucional.[2]

Conceituação

A atividade de fiscalização do TCU é denominada controle externo em oposição ao controle interno feito
pelo próprio órgão sobre seus próprios gastos. Seu objetivo é garantir que o dinheiro público seja utilizado
de forma eficiente atendendo aos interesses públicos.[3]

Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade,


devem comunicá-la ao Tribunal de Contas da União, ou serão considerados cúmplices (responsabilidade
solidária) e penalizados na forma da lei (sendo possível a demissão). [3]

Além disso o artigo 74 da Constituição Federal deixa claro que qualquer cidadão, partido político,
associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades
perante o Tribunal de Contas da União.[3]

O tribunal é integrado por nove ministros, que devem atender aos seguintes requisitos para serem
nomeados:[3]

 Mais de 35 anos e menos de 65 anos

 Idoneidade moral e reputação ilibada

 Notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública

 Mais de 10 anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos
mencionados no item anterior

Quanto a sua escolha:[3]

 Um terço dos ministros será escolhido pelo Presidente da República, com aprovação do Senado
Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal,
dentre os três nomes escolhidos pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e merecimento

 Os outros dois terços serão escolhidos pelo Congresso Nacional e nomeados pelo presidente

Os ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas,


impedimentos, vencimentos e vantagens dos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), inclusive
a vitaliciedade.[3]

Embora o nome sugira que faça parte do Poder Judiciário, o TCU está administrativamente enquadrado no
Poder Legislativo. Essa é a posição adotada no Brasil, pois em outros países essa corte pode integrar
qualquer dos outros dois poderes. Sua situação é de órgão auxiliar do Congresso Nacional, e como tal
exerce competências de assessoria do Parlamento, bem como outras privativas. Não há submissão entre o
Congresso e o TCU, pois cada qual detém prerrogativas próprias - diz-se que existe cooperação (razão
pela qual alguns preferem dizer que o TCU é órgão de auxílio ao Legislativo, não órgão auxiliar, que dá a
ideia de subordinação). Por não ser parte do Poder Judiciário, suas decisões são apenas administrativas e
não fazem coisa julgada - logo, em regra, são recorríveis para a Justiça.

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Note que a definição de que o TCU está enquadrado administrativamente ou hierarquicamente a qualquer
dos três poderes é um assunto polêmico.[2]

Histórico

Tem suas raízes no Erário Régio ou Tesouro Real Público, criado pelo então príncipe-regente Dom João,
mediante alvará de 28 de junho de 1808, em que no seu título VI, segundo Agenor de Roure,[4] traz como a
origem do Tribunal de Contas no Brasil.

Na Constituição brasileira de 1824, em seus artigos 170 e 172, outorgada por Pedro I, rezava que a
apreciação das contas públicas dar-se-ia mediante um Tribunal, chamado de Tesouro Nacional.

Ao longo do II Reinado, já desde 1826, diversos deputados defenderam a criação de um Tribunal


fiscalizador das contas públicas. Em 1831 o alvará é revogado, mas nenhum Tribunal resta criado.
Seguem-se os debates em defesa de sua criação, com nomes tais como José Antônio Pimenta
Bueno, Visconde de Ouro Preto e outros.

Foi somente com a República, entretanto, que o projeto de lei de autoria de Manuel Alves Branco que foi
instituído no Brasil um Tribunal de Contas, seguindo os modelos francês ou belga, mediante o Decreto-Lei
966-A, de 7 de novembro de 1890. Mas este não restou regulamentado, surgindo então a força política
de Ruy Barbosa na justificação deste decreto.

De fato, com a Carta Magna de 1891 o Tribunal de Contas passou a ser preceito constitucional, in verbis:

Art. 89 - É instituído um Tribunal de Contas para liquidar as contas da receita e despesa e verificar a sua
legalidade, antes de serem prestadas ao Congresso.

Os membros deste Tribunal serão nomeados pelo Presidente da República, com aprovação do Senado, e
somente perderão os seus lugares por sentença.

O então ministro da fazenda Inocêncio Serzedelo Correia empenhou-se na criação e regulamentação desta
entidade, que foi tornada efetiva pelo Decreto 1166, de 17 de dezembro de 1892. Em uma carta ao
Marechal e Presidente Floriano Peixoto, de quem era Ministro da Fazenda, disse: [5]

"é preciso antes de tudo legislar para o futuro. Se a função do Tribunal no espírito da Constituição é apenas
a de liquidar as contas e verificar a sua legalidade depois de feitas, o que eu contesto, eu vos declaro que
esse Tribunal é mais um meio de aumentar o funcionalismo, de avolumar a despesa, sem vantagens para a
moralidade da administração.Se, porém, ele é um Tribunal de exação como já o queria Alves Branco e
como têm a Itália e a França, precisamos resignar-nos a não gastar senão o que for autorizado em lei e
gastar sempre bem, pois para os casos urgentes a lei estabelece o recurso."

Alves Branco, Serzedelo Correia e Ruy Barbosa são os três nomes principais para a criação do Tribunal,
sendo Ruy Barbosa considerado o Patrono desta instituição e do demais Tribunais de Contas dos
estados.[6]

Atribuições

As principais competências do Tribunal de Contas da União estão dispostas na Constituição Brasileira de


1988 e são as citadas a seguir. Há instrumentos legais que também atribuem atividades específicas ao
TCU, como a Lei Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) a Lei nº 4.320/1964
(Disposições sobre Direito Financeiro) e a Lei nº 8.666/1993 (Lei de Licitações e Contratos).

 Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que
deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento

 Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder

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Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que
resulte prejuízo ao erário público

 Apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público,
excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento
legal do ato concessório

 Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou
de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário

 Fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de
forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo

 Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, juste
ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município

 Prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas

 Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções


previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário

 Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento
da lei, se verificada ilegalidade

 Sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
Deputados e ao Senado Federal

 Representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados

Autoridades

Posse do novo presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Aroldo Cedraz.

Atualmente a composição do Tribunal é a seguinte:

Ministros

Estado de Início do
Ordem Nome Origem vaga Observações
Origem mandato

Walton Alencar Ministério Público


1 Goiás 13/04/1999
Rodrigues de Contas

2 Benjamin Zymler Rio de Janeiro 11/09/2001 Auditores do TCU

João Augusto Rio Grande do Câmara dos


3 20/09/2005
Nardes Sul Deputados

Câmara dos
4 Aroldo Cedraz Bahia 03/01/2007
Deputados

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Raimundo
5 Maranhão 14/03/2007 Senado Federal Presidente
Carreiro

José Múcio Presidente da


6 Pernambuco 20/10/2009 Vice-Presidente
Monteiro República

Ana Lúcia Arraes Câmara dos


7 Pernambuco 26/10/2011
de Alencar Deputados

8 Bruno Dantas Bahia 13/08/2014 Senado Federal

Vital do Rêgo
9 Paraíba 22/12/2014 Senado Federal
Filho

Auditores (ministros-substitutos)

Os Auditores do TCU não são servidores públicos comuns. São agentes de estatura constitucional,
previstos no art. 73 da Constituição Federal de 1988 (CF/88). O art. 73, § 4º, da CF/88 é claro ao dizer que
o Auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentos do titular e,
quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional Federal. [7]

Atualmente, os Auditores do TCU são quatro:

 Augusto Sherman Cavalcanti

 Marcos Bemquerer Costa

 André Luís de Carvalho

 Weder de Oliveira

Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (Ministério Público de Contas)

 Lucas Rocha Furtado - procurador-geral

 Paulo Soares Bugarin - subprocurador-geral

 Cristina Machado da Costa e Silva - subprocuradora-geral

 Marinus Eduardo de Vries Marsico - procurador

 Júlio Marcelo de Oliveira - procurador

 Sérgio Ricardo C. Caribé – procurador

Recursos para viagens

Em maio de 2009, o TCU editou uma resolução interna criando uma cota de passagens aéreas para
20 autoridades, com valores que variam de 14 mil reais a 43 mil reais. Tal cota, de acordo com o tribunal,
deveria servir para "representação do cargo", ou seja, participação em congressos e eventos. Na prática as
cotas estão sendo utilizadas pelas autoridades para prolongar finais de semana em suas cidades de
origem. A OAB considerou a resolução ilegal, alegando que como a medida afeta o orçamento público,
depende de criação de uma lei, poder esse exclusivo do legislativo. Conforme os registros das passagens
emitidas, das 20 autoridades do TCU, 13 utilizaram a cota sendo que 11 utilizaram a cota para viajar na

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quarta ou quinta-feira e retornar apenas na terça-feira da outra semana. O total de passagens emitidas por
enquanto é de 334.[8]

Fim de semana de 5 dias

Autoridade Número de viagens com 5 dias ou mais

Valmir Campelo (ministro) 8

Marinus Marsico (procurador) 8

Lucas Furtado (procurador-geral) 4

Ubiratan Aguiar (ministro) 3

José Múcio Monteiro (ministro) 3

Walton Alencar (ministro) 3

Marcos Bemquerer (ministro substituto) 3

José Jorge (ministro) 2

Sérgio Caribé (procurador) 2

Aroldo Cedraz (ministro) 1

João Augusto Nardes (ministro) 1

Tribunais de Contas Estaduais e Municipais

No âmbito estadual, os Tribunais de Contas possuem sete membros que recebem o título de Conselheiros,
devendo estas instituições observarem os preceitos estabelecidos na Constituição Brasileira, em atenção
ao princípio da simetria. Embora tenha proibido a criação de Tribunais e Conselhos de Contas na esfera
municipal, a Constituição de 1988 permitiu a manutenção dos dois tribunais de contas de municípios
existentes.

Atualmente, há 33 Tribunais de Contas estaduais e municipais, assim distribuídos: 22 deles examinam as


contas de cada um dos Estados e ainda dos Municípios destes Estados (com a exceção dos Estados do
Rio de Janeiro e São Paulo, como se verá abaixo); 4 Tribunais de Contas estaduais examinam apenas as
contas estaduais, pois, nestes Estados (Bahia, Ceará, Goiás e Pará), há também Tribunais de Contas dos
Municípios, que examinam apenas contas municipais, mas são instituições mantidas pelos Estados. Há
ainda a situação peculiar do Tribunal de Contas do Distrito Federal, entidade da Federação brasileira que,
equivalendo a um Estado e, não podendo ser subdividida em Municípios, leva seu Tribunal de Contas a
examinar matérias comuns aos Estados e aos Municípios, que, no caso, são todas do Distrito Federal.

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Além disso, há dois Municípios (Rio de Janeiro e São Paulo) que têm seus próprios Tribunais de Contas,
como instituições destas cidades (e não dos respectivos Estados), de modo que, nestes, os Tribunais de
Contas estaduais examinam as contas do Estado e de todos os outros Municípios, exceto de suas próprias
capitais. Esta situação peculiar reduz-se, desde a Constituição de 1988, apenas ao Rio de Janeiro e a São
Paulo, tendo sido vedada a criação de novos Tribunais de Contas por Municípios desde então.

Criminalidade no Brasil

As taxas de criminalidade no Brasil têm níveis acima da média mundial no que se refere a crimes
violentos, com níveis particularmente altos no tocante a violência armada e homicídios.[2] Em 2013, foram
registradas 25,8 mortes para cada 100 mil habitantes, uma das mais altas taxas de homicídios intencionais
do mundo.[3] O índice considerado suportável pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de
dez homicídios por 100 mil habitantes.[4]

Observa-se, no entanto, que há diferenças entre os índices de criminalidade dentro do país. Enquanto
em São Paulo a taxa de homicídios registrada em 2010 foi de 13,9 mortes por 100 mil habitantes,
em Alagoas esse índice foi de 66,8 homicídios.[5]

Em maio de 2017, uma pesquisa do instituto Datafolha indicou que aproximadamente um em cada três
brasileiros já teve um parente ou amigo assassinado. [6] Três em cada quatro brasileiros afirmam ter medo
de serem assassinados, conforme indica outra pesquisa do instituto.[7]

Estatísticas

 Em 2012, um estudo realizado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime indicou que das
30 cidades mais violentas do mundo, 11 são brasileiras (Maceió; Fortaleza; João
Pessoa; Natal; Salvador; Vitória; São Luís; Belém; Campina Grande; Goiânia; e Cuiabá).[8]

 Segundo o "Mapa da Violência 2013", os estados mais violentos do Brasil são Alagoas, Espírito
Santo, Pará, Bahia e Paraíba; e os municípios, Simões Filho (BA), Campina Grande do
Sul (PR), Ananindeua (PA), Cabedelo (PB) e Arapiraca (AL).[9][10]

 Já segundo a organização não governamental mexicana "Conselho Cidadão Para a Segurança", as


regiões metropolitanas mais violentas do Brasil são as de Maceió, Belém, Vitória, Salvador e Manaus.[11][12]

 Das 50 cidades classificadas em 2014 por uma ONG mexicana como as mais violentas do mundo, 21
são brasileiras.[13]

 Segundo o ranking mundial da paz de 2016, o Brasil é o 105º país mais pacífico do mundo e o 9º mais
pacífico da América do Sul.[14]

 As vítimas letais de armas de fogo entre 1980 e 2014 totalizam 967.851 no Brasil, cujo predomínio é de
crime de homicídio (85,8%) e de vítimas homens (94,4%) e negros (o dobro em relação a brancos).[15]

Instituições policiais e sistema prisional

A Constituição do Brasil estabelece cinco instituições policiais diferentes para a execução da lei: a Polícia
Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, a Polícia Militar e a Polícia Civil do Estado.
Destas, as três primeiras são filiadas às autoridades federais, e as duas últimas subordinadas aos
governos estaduais. Todas as instituições policiais fazem parte do Poder Executivo de qualquer um dos
governos federal ou estadual.

De acordo com um levantamento de 2012, apenas 5% a 8% dos homicídios registrados no país são
elucidados pelas forças policiais.[16] O 3° Relatório Nacional sobre Direitos Humanos no Brasil (2007)
aponta falhas nos sistemas policial e penitenciário e denuncia a participação de autoridades em violações
aos direitos humanos. Segundo o Relatório, a maioria dos homicídios é precariamente investigada e uma
"ínfima parte dos responsáveis é denunciada e condenada". A conclusão é de que houve retrocesso nesse
aspecto, entre 2002 e 2005. [17]

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Por outro lado, o Brasil tem a terceira maior população penitenciária do mundo e uma das maiores taxas de
encarceramento. Em junho de 2014, havia 711.463 presos em todo o país, segundo o Conselho Nacional
de Justiça. Dois anos antes, em julho de 2012, havia 550.000 detentos, ou seja, a população prisional teve
um incremento de 30% em dois anos, enquanto a população total do país cresceu menos de 1,8% no
mesmo período, segundo estimativas do IBGE .[18] Se também fosse computado o número
de mandados de prisão em aberto em 2014 (373.991, de acordo com o Banco Nacional de Mandados de
Prisão), a população prisional ultrapassaria um milhão de pessoas, com aproximadamente 535 presos para
cada 100 mil habitantes, e teria havido um incremento de 94% em relação à taxa de encarceramento de
2012,[19] que era de 276 presos para cada 100 mil habitantes. O índice de 2012, por sua vez, já mostrava
um aumento de 258% em relação ao índice de 1992.[20] Em 1992, o Brasil tinha um total de 114.377 presos
ou aproximadamente 77 presos por 100.000 habitantes. [21]

O crescimento exponencial da população carcerária levou o sistema prisional brasileiro a uma situação
crítica, com um déficit estimado entre 200 mil e 350 mil vagas nas prisões do país. [22][19]

Crimes Violentos

De acordo com o Relatório, 48 344 pessoas morreram vítimas de agressão em 2003, uma média de 27,12
por grupo de 100 mil habitantes. Na faixa etária de 15 entre 24 anos, foram de 18 599 mortes,em média de
51,6 por 100 mil. Entre 2002 e 2005, 3 970 pessoas foram mortas por policiais no Rio de Janeiro e, em de
São Paulo, 3 009. O estudo apontou também um aumento dos conflitos rurais que passaram de 925 em
2002 para 1 881 em 2005. O número de mortes nessas disputas quase duplicou no período, subindo para
102 vítimas.

As duas maiores cidades de Minas Gerais, Belo Horizonte e Uberlândia, tiveram números de assassinatos
similares no ano de 2012. Em Uberlândia, o índice foi de 9,52 mortes violentas por 100 mil habitantes
(considerando a estimativa populacional de 619,5 mil habitantes para 2012, segundo o IBGE). Já em Belo
Horizonte, o índice foi de 11,25 homicídios e latrocínios por 100 mil habitantes. Já São Paulo, a cidade
mais populosa do país, registrou um índice de 39,04 por 100 mil habitantes.[23]

Segundo o 3° Relatório Nacional sobre Direitos Humanos no Brasil, a ineficácia do Poder Público perante o
aumento da violência gera ainda mais violações de direitos humanos e impunidade, além de aumentar o
sentimento de insegurança e revolta da população. [17][2]

Crimes contra negros

Entre as vítimas de crimes violentos, os negros são a maioria. De acordo com um estudo realizado
pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o percentual de negros assassinados no país é
132% maior que o de brancos.[24]

O Mapa da Violência 2013: Homicídios e Juventude no Brasil mostra que negros são a maioria das vítimas
de homicídios. Dos 467,7 mil homicídios contabilizados entre 2002 e 2010, 307,6 mil, ou seja, 65,8 por
cento foram de pessoas negras. Houve uma tendência de redução de homicídios de brancos em 26,4 por
cento e o aumento de homicídios de pessoas negras de 30,6 por cento. Isso se observa na população em
geral e principalmente nos jovens. Conforme o pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, há um mecanismo de
culpabilização da vítima que incentiva a tolerância à violência contra grupos mais vulneráveis, fazendo com
que o Estado não tome medidas para solucionar muitos desses casos.[25]

Crimes contra homossexuais

De acordo com as estatísticas do Grupo Gay da Bahia, a cada 36 horas, um homossexual é morto no
Brasil[26] e 70% desses casos ficam impunes.[27] Em abril de 2009, o Grupo Gay da Bahia chegou a concluir
que em 2008 foram assassinados 190 homossexuais no Brasil, sendo 64% gays, 32% travestis e 4%
lésbicas - um aumento de 55% sobre os números de 2007, mantendo o país como o que mais registra
crimes de natureza homofóbica.[28]

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Violência contra mulheres

Em 2006, foi promulgada a Lei Maria da Penha, que aumenta o rigor das punições de agressões contra a
mulher quando ocorridas dentro do ambiente doméstico. Após a promulgação, as denúncias de violência
contra a mulher aumentaram em 600 por cento.[29] No entanto, o Brasil ainda possui altos índices
de violência doméstica, tanto contra crianças quanto contra mulheres. As principais causas
são alcoolismo e vício em drogas, além de pobreza e baixa escolaridade. As mulheres de baixa renda que
sofrem com o problema têm acesso limitado à Justiça. O contato com o sistema de justiça criminal muitas
vezes resulta em maus-tratos e intimidações. Estatísticas divulgadas pelo Departamento Penitenciário
Nacional em 2008 indicaram aumento de 77 por cento na população carcerária feminina nos últimos oito
anos – uma taxa de crescimento maior do que a masculina. As mulheres detentas enfrentam maus-tratos,
assistência inadequada durante o parto e falta de condições para cuidar das crianças. [30]

Crime organizado

No Brasil, existem grandes facções criminosas no Brasil, que são sustentadas pelo narcotráfico, o tráfico de
armas, extorsão, roubos e assaltos. Duas facções de destaque são o Comando Vermelho e o Primeiro
Comando da Capital (PCC).[31] Estima-se que o fortalecimento do crime organizado tenha ocorrido na
década de 70, quando houve o êxodo rural que fez com que as cidades crescessem aceleradamente, com
os trabalhadores rurais se estabelecendo nas periferias.[32]

Os Comandos são formados por quadrilhas que obtém o controle das rotas de tráfico de uma determinada
região. Um Comando não costuma dar abertura para a entrada de pessoas de fora da sua comunidade na
organização, mas podem submeter quadrilhas menores através de ameaça. Além disso, não raro, se valem
de usuários de droga, de classe média, como "aviões" para ampliar sua área de venda. Sua principal
atividade é o tráfico de drogas. O Brasil têm uma produção de entorpecentes relativamente pequena, mas é
uma escala de muitas rotas de tráfico internacional. As principais são as que levam cocaína da Jordânia
para os Estados Unidos e cocaína e maconha da Colômbia para a Europa e Estados Unidos. Por conta
dessa ligação internacional, membros das FARC já foram descobertos fornecendo treinamento com armas
pesadas para traficantes cariocas, e um outro guerrilheiro estava envolvido com o sequestro do
empresário Abílio Diniz em São Paulo.

Os comandos se envolvem frequentemente em disputas territoriais. A cidade de Santos no litoral paulista


foi palco para uma disputa entre o PCC e o Terceiro Comando. O Primeiro Comando da Capital (que é de
São Paulo) havia decidido absorver a cadeia de tráfico de Santos, que pertencia ao Terceiro Comando (que
é do Rio de Janeiro).

As Milícias são grupos paramilitares, formados por policiais e ex-policiais civis e militares, bombeiros,
vigilantes, agentes penitenciários e outros, em grande parte moradores das comunidades, que cobram
taxas dos moradores por uma suposta proteção e repressão ao tráfico de drogas. Este fenômeno surgiu no
Rio de Janeiro, onde atualmente existem 92 favelas, das quais cerca de 18% das favelas se encontram
dominadas por milícias urbanas ilegais, coordenadas por agentes de segurança pública, políticos e líderes
comunitários".

A máfia do colarinho branco é uma designação geral dada a várias quadrilhas formadas por autoridades
legais, sem que necessariamente tenham ligação entre si. Geralmente incorrem em crime de tráfico de
influência e lavagem de dinheiro. O crime organizado é investigado pelas Delegacias de Repressão e
Investigação ao Crime Organizado (DEIC - Polícia Civil), Polícia Federal e pela Abin.

Exploração do trabalho infantil e do trabalho escravo

A exploração do trabalho infantil cresceu nomeadamente no Nordeste e Sudeste, apresentando


decréscimos nas outras regiões. O estudo mostra igualmente que 151 227 novos casos de trabalho infantil
foram detectados de 2004 para 2005, subindo de 1 713 595 para 1 864 822 registos.

Outra conclusão do 3° Relatório Nacional sobre Direitos Humanos no Brasil é a de que persiste o trabalho
escravo em todas as regiões do Brasil, à exceção do Sul. Em 2004, os pesquisadores da Universidade de
São Paulo registaram 8 806 casos de trabalho análogo ao escravo no país.

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Críticas ao desarmamento da sociedade

O total assassinatos no Brasil superou os 50 mil em 2012, o que equivale a 30% de todos os homicídios
da América Latina e do Caribe [33] e, a 10% dos homicídios registrados em todo o mundo naquele mesmo
período.[34]

No referendo no Brasil em 2005, os eleitores foram convocados para opinarem sobre a suspensão, ou
manutenção, do comércio de armas. Aproximadamente 64% dos eleitores decidiram pela manutenção do
comércio de armas e munições.[35] Entretanto, o governo brasileiro instituiu procedimentos burocráticos
excessivamente complexos e caros para conceder permissões de compra o que, na prática, impede que a
maioria cidadãos adquiram legalmente armas de fogo. O porte foi muitíssimo dificultado. Os críticos da
política de controle de armas do governo afirmam que, desta forma, a posse de armas foi elitizada, pois
somente cidadãos com renda elevada podem arcar com o custo e complexidade das exigências
burocráticas.

A Campanha do Desarmamento, iniciada em 2003 para desarmar a sociedade, é apontada como ineficaz
pois, segundo seus opositores e críticos, desarma os cidadãos mas não consegue desarmar os criminosos
elevando, portanto, o índice de crimes violentos.[36] Denúncias apuradas revelam que, em algumas
ocasiões, armas entregues por cidadãos nas campanhas de desarmamento, que deveriam ser destruídas,
foram desviadas indo parar em mãos criminosas.[37] [38] [39]Constantemente, fábricas clandestinas de armas
de fogo, para uso criminoso, são descobertas em várias cidades do país.[40] [41] [42]

Grupos que defendem o direito dos cidadãos possuírem armas de fogo para legítima defesa, como
o Movimento Viva Brasil e o Instituto Defesa,[43] apontam o desarmamento da sociedade como uma das
causas do aumento nos índices de crimes violentos e assassinatos já que, ao agredirem os cidadãos, os
criminosos o fazem com a certeza de que estes estarão indefesos. [44] Tais grupos também defendem a
revogação total do Estatuto do Desarmamento,[45] argumentando que, ao insistir em mantê-lo, o governo
desrespeita a decisão tomada pela maioria no referendo de 2005. O Projeto de Lei 3722 de
2012 [46] determina a revogação completa do Estatuto do Desarmamento.[47]

Problemas Sociais no Brasil

Os problemas sociais do Brasil podem ser compreendidos com o auxílio e interpretação de indicadores
sociais. Houve uma evolução positiva destes indicadores na última década, especialmente em relação ao
aumento da expectativa de vida, queda da mortalidade infantil, acesso a saneamento básico, coleta de
lixo e diminuição da taxa de analfabetismo. Apesar da melhora desses índices, há nítidas diferenças
regionais, especialmente em relação ao nível de renda.[1]

Os problemas sociais ficam claros, sobretudo, com o IDH, o qual o Brasil, entre 188 nações e territórios,
fica na 75ª posição de acordo com dados de 2014 divulgados pela ONU[2], embora tenha a sétima
economia do mundo.[3]

Concentração de Renda

Na última década de 70, o economista Edmar Bacha citou o Brasil como um país com características de
uma Belíndia, em referência à sua enorme desigualdade social, que se traduz por uma minoria com padrão
de vida dos ricos da Bélgica e uma maioria com o padrão de vida dos pobres da Índia.[4] No entanto, um
relatório, divulgado em 2008 e baseado no IDH, aponta o país com características de Islíndia, com uma
minoria com padrão de vida ainda melhor que o da Bélgica e superior a dos 20% mais ricos da Islândia - o
país com maior IDH no mundo.[4]

Esse relatório menciona também que, no Brasil, os 20% mais ricos vivem em condições melhores que a
fatia mais rica de países como Suécia, Alemanha, Canadá e França.[4]

A base de dados do PNUD mostra que o Brasil é o décimo no ranking da desigualdade.[5][6]

Em comparação com o resto do mundo, a divisão pessoal de renda do Brasil é mais discrepante que a dos
outros países de baixo desenvolvimento econômico.[1] Até a última década de 90, alguns países

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como Etiópia e Uganda tinham distribuição de renda muito melhor que a brasileira. No período, os mais
ricos tiveram aumento da renda real e os mais pobres também tiveram aumento de renda, embora o
abismo entre as classes sociais tenha ficado ainda maior.[1]

A renda também é clara entre os gêneros. Um estudo da ONU, divulgado em 2010, mostra que, se
analisadas a saúde reprodutiva, empoderamento (autonomia) e atividade econômica, o país aparece em
80º lugar na lista de 138 nações e territórios.[7]

Dados do Censo 2010 revelam que a renda dos mais ricos (média de R$ 16.560,92 mensais) é maior que a
de 40 brasileiros mais pobres (R$ 393,43).[8]

Em 2009, uma pesquisa do IBGE, realizada em setembro de 2008, revelou que os 10% mais ricos (R$
4.424 mensais ou mais) concentravam 43% da riqueza, ao passo que os 50% mais pobres possuem
apenas 18%.[9]

O Censo 2010 detectou que 25% da população brasileira recebia até R$ 188 mensais e metade tem renda
per capita de R$ 375, valor abaixo do salário mínimo de 2010 (R$ 510).[10]

De acordo com dados da OIT relativos a 2010, cerca de 25% da população brasileira ganha menos de US$
75 por mês, e a geração de empregos formais é incipiente.[11] Coincidentemente, o Brasil detém o posto de
menor cobertura de seguro-desemprego entre as economias do G-20.[11]

Em maio de 2011, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome calculou, a partir de dados
do IBGE e estudos do Ipea, que existam 16,2 milhões de brasileiros (8,6% do total) vivendo na miséria
extrema ou com ganho mensal de até R$ 70.[12] Na distribuição da miséria, as regiões Nordeste (18,1%) e
Norte (16,8%) lideram o levantamento, ao passo que o Sul tem menos gente extremamente pobre
(2,6%).[12]

Ainda de acordo com o ministério, metade dos brasileiros mais pobres tem até 19 anos de idade. [12]

O IDH de 2011, quando ajustado à desigualdade de renda, mostra o Brasil na 97ª posição no ranking de
desenvolvimento formado por 187 países.[13]

Mobilidade social

A desigualdade social caiu de 2001 a 2007, mas sofreu uma ligeira alta em 2008, embora a taxa da
população considerada como pobre tenha caído de 30% em 2007 para 25,8% em 2008. [11]

A taxa de miséria é parcialmente atribuída à desigualdade econômica do país, que, de acordo com
o Coeficiente de Gini - com um índice de 0,56 em 2006 [6] -, é uma das maiores do mundo.

Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas, em junho de 2006, a taxa de miséria baseada em renda de
trabalho era de 18,57% da população, com queda de 19,8% nos quatro anos anteriores. [14]

Outro estudo, ligado à FGV com base em dados do IBGE, PNAD e Pesquisa Mensal do Emprego e
divulgado em junho de 2011, avalia que a redução da pobreza ganhou mais impulso a partir de 2003, dado
o crescimento da oferta de empregos e renda real da população, levando 24,6 milhões a saírem da
pobreza.[15] Segundo o mesmo estudo, a classe média, em especial a classe C (renda familiar de R$ 1.200
a R$ 5.174), é a predominante (100,5 milhões de pessoas) e a que mais cresce no país (ingresso de 39,6
milhões de 2003 a 2011) em especial pelo aumento do tempo dedicado à educação, um passaporte para o
trabalho formal, a redução do número de filhos, a estabilidade econômica do país e a expansão do
crédito.[15]

Entre as classes mais baixas, os programas governamentais de transferência de renda são instrumentos
para mobilidade social.[15]

A ascensão também chega às classes mais altas, de acordo com a mesma pesquisa
da FGV,[15] acompanhando o efeito gerado pelo sistema tributário baseado em impostos indiretos.[16]

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A ausência de taxas sobre grandes fortunas mostra que o processo de concentração está
institucionalizado, pois os mais ricos têm seus rendimentos mais protegidos.[17] Levantamento divulgado em
2011 aponta que o trabalhador brasileiro labuta mais quatro meses para pagar impostos a todas as esferas
governamentais.[18]

Aspectos regionais

Entre 1950 e 1990, a divisão regional de renda ficou praticamente inalterada, com algum crescimento da
participação das regiões Centro-Oeste e Norte, em decorrência da expansão da fronteira
agrícola.[1] Em 1990, a região Sudeste, com 42% da população brasileira, respondia por quase 60% da
renda do país, ao passo que o Nordeste, com 30% da população, possuía 15% da renda.[1]

De acordo com estudo do IBGE, em 2008, em 32,9% dos municípios a administração pública continua
responsável por um terço da economia, mostrando a dependência do fomento público para manutenção
econômica.[19]

A riqueza está concentrada em poucos municípios e foi ampliada em decorrência da centralização de


gastos e investimentos públicos, o que causou o congelamento e desestímulo aos desenvolvimentos
regional e local.[20]

Educação, trabalho, reforma agrária, transporte e planejamento urbano incipientes provocaram a migração
em massa para os grandes centros urbanos, especialmente nas décadas de 60 e 70, o que gerou a
formação e o inchaço de aglomerados subnormais - formado por mais de 11,4 milhões de pessoas[21] - que
incluem favelas, mocambos, palafitas e outros conjuntos irregulares e carentes de serviços públicos. [22]

Em 1920, os 10% municípios economicamente mais ricos tinham 55,4% de participação no PIB, ampliaram
para 72,1% em 1970 e para 78,1% em 2007.[20]

Estudo do IBGE, divulgado em 2010 com dados relativos a 2008, mostrou que seis capitais brasileiras
— São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Belo Horizonte e Manaus — concentravam 25% do PIB do
país.[19] De acordo com o mesmo estudo, as diferenças regionais em cada estado também são claras, visto
que, em 2008, os cinco maiores municípios do Amazonas eram responsáveis por 88,1% do PIB estadual,
assim como no Amapá (87,6%) e Roraima (85,4%).[19]

Resultado parecido também foi obtido em outro estudo do IBGE divulgado em 2011 com dados de 2005 a
2009 ao detectar que aproximadamente 25% de toda a geração da renda brasileira estava concentrada em
cinco municípios (12,6% da população nacional): São Paulo (12,0%), Rio de Janeiro (5,4%), Brasília
(4,1%), Curitiba (1,4%) e Belo Horizonte (1,4%).[23]

O Brasil é considerado o país menos desigual da América Latina, embora as


capitais Goiânia, Fortaleza, Belo Horizonte, Brasília e Curitiba estejam entre as cidades mais desiguais do
mundo entre 141 cidades de países em desenvolvimento e ex-comunistas, segundo aponta relatório
da ONU divulgado em 2010.[24][25]

Dados da pesquisa Contas Regionais do Brasil 2005-2009, realizada pelo IBGE e divulgada em 2011,
mostram que, em 2009, oito estados concentravam 78,1% da riqueza econômica do país.[26] Apenas o
estado de São Paulo tinha 33,5% de participação na economia nacional em 2009, ao passo que em 2008
concentrava 33,1%.[26]

A renda discrepante também é perceptível na forma de acesso à oferta de alimentos. [27] Segundo Pesquisa
de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, a partir de uma amostragem formada por 60 mil domicílios
urbanos e rurais, 35,5% das famílias brasileiras não têm a quantidade mensal suficiente de alimentos,
mesmo em um contexto de uma agropecuária eficiente e competitiva e um custo de alimentação
considerado baixo para os padrões mundiais.[27][28] Esse mesmo indicador mostra a desigualdade entre as
regiões brasileiras: no Norte, essa parcela equivale a 51,5% das famílias; no Nordeste, a 49,8%; no Centro-
Oeste, 32%; no Sudeste, 29,4%; e no Sul, 22,9%.[27][28]

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Uma pesquisa do Ipea, divulgada em 2011, estima que 39,5% dos brasileiros não têm uma conta bancária,
cujo acesso depende da renda.[29] Este indicador também mostra as desigualdades regionais, ao apurar
que a exclusão bancária atinge 52,6% dos nordestinos e 30% dos sulistas. [29]

Causas

Motivos históricos são apontados como responsáveis pelas diferenças regionais, como:

 falta de políticas públicas para a inclusão social da massa populacional vinda abruptamente do processo
escravista;[1]

 o processo de industrialização de cunho concentrador;[1]

 a divisão de terras em latifúndios e voltada para uma minoria;[1]

 as baixas taxas de absorção e remuneração da mão de obra e crises econômicas acompanhadas por
longos períodos inflacionários mais sentidas pelas classes menos favorecidas. [1]

Algumas regiões não conseguem avançar em decorrência do isolamento geográfico e da ineficiência do


poder público para atender várias demandas, como desenvolver a infraestrutura básica, atrair
investimentos e gerar empregos.[30] Alguns municípios não conseguem organizar-se localmente.[30]

Outras condições climáticas, assim como as do solo, são elementos que dificultam o progresso em
algumas regiões.[30]

A região com maior concentração de pobreza é o Nordeste, que possui áreas com altos índices
de miséria e desnutrição, devido a uma estrutura socioeconômica frágil e marcada pela desigualdade
social, ocasionalmente agravada pelas secas periódicas da região e inexistência de rios, que impedem o
desenvolvimento da agricultura.[30]

Em alguns municípios os investimentos não foram acompanhados por investimentos em municípios


próximos, causando inchaço populacional e violência. Em Brasília, que tem o segundo maior PIB per
capita do Brasil,[31] o plano de desenvolvimento da capital do país não contemplou as cidades do
entorno[30] e resultou na explosão da violência em cidades como Luziânia, onde, a cada mil jovens de 12 a
18 anos, 5,4 morrem assassinados - o maior Índice de Homicídios na Adolescência da Região Centro-
Oeste.[32]

Migrações internas

De acordo com o Censo 2010, 37,3% da população brasileira não morava no município de origem. [33]

De acordo com estudo do Ipea, as migrações internas diminuíram no Brasil de 1995 a 2008.[34] Em 1995, os
migrantes eram aproximadamente 4 milhões de pessoas (ou 3% da população) e, em 2008, esse número
passou para 3,3 milhões ou 1,9% da população.[34]

Entre 2002 e 2007, os fluxos migratórios foram majoritários do Sudeste para o Nordeste, mas, em 2008, a
região Sudeste voltou a ser o principal destino de migrantes no País. [34] O perfil predominante do migrante,
neste caso, é a busca pelo trabalho formal, especialmente pela origem marcada pela baixa escolaridade e
salários baixos.[34]

Em outra região, o migrante costuma ter uma média salarial superior à dos não migrantes, mas uma
jornada média de trabalho de 45 horas semanais.[34]

O último censo demográfico realizado no Brasil detectou que a região Centro-Oeste tem a maior proporção
de pessoas de origem diferente morando nos seus municípios (51,9%) e também de outras unidades da
federação (32,9%), ao passo que o Nordeste demonstra ser a região com menor capacidade de atração
populacional com 29,4% e 7,0%, respectivamente.[33]

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Décadas de 60 a 80

Décadas de 80 a 90

Década de 90 em diante

Desigualdades raciais

A população negra e parda corresponde a 50,7% da população brasileira.[10] O percentual de analfabetos


negros e pardos era, em 2010, o triplo dos brancos.[10]

As diferenças de renda também são claras se analisadas a condição racial. Na região metropolitana
de Salvador, onde 54,9% da população são de cor parda e 26% de negra, [35] a renda salarial dos negros
era, em 2004, de apenas 54,5% da renda dos brancos[36] e, em outras regiões, como na metropolitana
de São Paulo, apenas 5% dos negros estavam em cargos de direção, gerência e planejamento, de acordo
com dados de 2008.[37]

Um relatório da UFRJ divulgado em 2011 aponta que tem crescido a parcela de negros e pardos no total de
desempregados.[38] De acordo com o relatório, em 2006, 54,1% do total de desocupados eram negros e
pardos (23,9% de homens e 30,8% de mulheres).[38] Pouco mais de 10 anos antes, ou seja, em 1995, os
negros e pardos correspondiam a 48,6% desse total (25,3% de homens e 23,3% de mulheres).[38]

Em relação aos que estão empregados, as diferenças entre as raças também são claramente perceptíveis:
em 2006, o rendimento médio mensal real dos homens brancos equivalia a R$ 1.164, valor 56,3% superior
à remuneração obtida pelas mulheres brancas (R$ 744,71), 98,5% superior à conseguida pelos homens
negros e pardos (R$ 586,26) e 200% à obtida pelas mulheres negras e pardas.[38]

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Um levantamento do MDS divulgado em 2011 estima que, na parcela extremamente pobre da população,
50,5% são mulheres e 70,8% declararam ser pretas ou pardas.[12]

Ainda de acordo com esse levantamento, 39,9% dos indígenas estão em situação de miséria. [12]

O Censo 2010 apurou que, dos 16 milhões de brasileiros vivendo em extrema pobreza (ou com até R$ 70
mensais), 4,2 milhões são brancos e 11,5 milhões são pardos ou pretos.[39]

De acordo com pesquisa do IBGE divulgada em julho de 2011, as diferenças raciais ou de cor influenciam
em aspectos como acesso a trabalho (71%), relação com justiça/polícia (68,3%) e convívio social
(65%).[40] No Distrito Federal,[41] onde há o maior PIB per capita do país, esses aspectos são ainda mais
perceptíveis: trabalho (86,2%), convívio social (78,1%) e relação com justiça/polícia (74,1%). [40]

Qualidade da Educação

O país tinha, em 2010, 13.933.173 de pessoas que não sabiam ler e escrever, sendo 39,2% desse total
correspondente à população com idade superior a 60 anos.[10]

O analfabetismo é de 6,5% entre as crianças de 10 anos de idade.[10]

Crianças de rua trabalhando com malabarismo no Rio de Janeiro

Os investimentos em educação têm relação direta com o combate ao trabalho infantil, relação reconhecida
e a partir da qual os dois últimos governos presidenciais realizaram alguma mobilização, embora
o analfabetismo funcional seja um dos problemas crônicos da educação brasileira, e os investimentos de
todos os governos tenham sido acompanhados de pouco progresso. Um estudo da OCDE de 2007 que
mede o aprendizado em ciências comparou a qualidade da educação em 57 países e mostrou que o
desempenho médio dos estudantes brasileiros de 15 anos é suficiente apenas para deixar o país na 52ª
posição.[42] O mesmo estudo mostrou o país na 53ª posição em matemática (entre 57 países) e na 48ª em
leitura (entre 56).[43]

Mesmo regiões economicamente ricas apresentam problemas, como o estado de São Paulo, que não
conseguiu ultrapassar até mesmo a média nacional em nenhuma das três áreas avaliadas - ciências, leitura
e matemática.[44]

Em 2010, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), realizado em 2009 em 65 países,


mostrou o Brasil na 53º posição. A avaliação feita com alunos de 15 anos com questões de literatura,
matemática e ciências mostrou que quase metade dos estudantes brasileiros não atinge nível básico de
leitura.[45]

Segundo dados do PNAD em 2008, a taxa de analfabetismo no país era de 10% entre a população com
mais de 15 anos.[46] O índice cai para 4% entre os menores de 15 anos.[46]

O Censo 2010 do IBGE, contudo, apontou uma taxa de 9,6% em 2010 entre a população a partir de 15
anos, taxa equivalente a 28% nos municípios com até 50 mil habitantes da região Nordeste. [10]

Pesquisa do Unicef com dados relativos a 2005 a 2009 e divulgada em 2011 mostra que 14,8% dos
adolescentes com idade de 15 a 17 anos de idade estavam fora da escola.[47]

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Dados de pesquisa do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) em parceria
com a Secretaria de Direitos Humanos identificaram cerca de 24 mil crianças em situação de rua, sendo
45,13% delas com idade de 12 a 15 anos.[48]

Educação incipiente, falta de investimentos em oportunidades profissionais em substituição ao trabalho


"perigoso, insalubre, pouco ou nada remunerado" ou empenho insatisfatório em políticas de promoção do
lazer e convivências comunitária e familiar[49] expõem os adolescentes pobres do país - que respondem por
38% do total -[50] a problemas como criminalidade e prostituição.[49]

Condições de Trabalho

Em 2008, pouco mais de um terço (34,9%) dos empregados no Brasil tinha carteira assinada.[9]

Há uma estimativa de 25 mil brasileiros sujeitos a condições degradantes ou ao trabalho escravo no Brasil,
em atuação em plantações de cana-de-açúcar, soja, algodão, cereais, além de unidades produtivas
de carvão vegetal e pecuária.[51]

Estudo do economista Marcelo Paixão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, aponta detalhes como
jornada exaustiva de trabalho, dívidas permanentes com o empregador - que impedem o empregado de
deixar o posto, riscos de morte por insalubridade e falta de direitos trabalhistas. [52] Segundo amostragem do
estudo, 73% dos trabalhores nessas condições são negros e pardos. [52]

O Ministério do Trabalho realizou, de 2005 a 2008, ações fiscalizadoras em canavais após denúncias de
que alguns trabalhadores chegaram a morrer por suspeita de excesso de esforço nos canaviais paulistas.
Em algumas ações deflagradas foram constatados pagamentos irregulares e ausência de condições
mínimas de trabalho, como falta de EPI, água e barracas sanitárias.[53]

Um estudo do Governo do Estado de São Paulo inspecionou 197 usinas em 144 cidades do Estado, no
período de 2007 a 2009, e avaliou que um cortador de cana-de-açúcar faz, por minuto, 17 flexões de tronco
e aplica 54 golpes de facão, além de cortar e carregar cerca de 12 toneladas de cana por dia, percorrer 8,8
mil metros, chegando ao final do dia com a perda de oito litros de água. [54] Em cinco anos, 23 trabalhadores
morreram em decorrência do excesso de trabalho.[54]

Há predominância de emissão de trabalhadores sujeitos a condições degradantes de trabalho dos estados


do Maranhão e Piauí, enquanto os estados do Pará e Mato Grosso recebem a maior parte desses
trabalhadores em um formato de escravidão por dívida comandado por redes criminosas.[51]

Na cidade de Unaí, em Minas Gerais, fiscais da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego


libertaram 131 trabalhadores, sendo cinco deles com menos de 16 anos, em condições análogas à
escravidão em lavouras de feijão.[55] Alguns deles foram encontrados vivendo em barracos de lona.[55] Os
lavradores não tinham acesso à água potável, alimentação e instalações sanitárias, Equipamentos de
Proteção Individual (EPIs) e a nenhum tipo de assistência médica.[55]

A indústria têxtil da Região Metropolitana de São Paulo também está envolvida no trabalho forçado e
recebe homens, mulheres e crianças de países como Bolívia, Paraguai e China.[51]

Trabalho Infantil

Em relação ao trabalho infantil, 151 mil novos casos foram relatados em 2006, o que implica um retrocesso
em relação aos anos anteriores.[56]

Prostituição

Relatório de 2010 do Departamento de Estado dos Estados Unidos cita o Brasil como "fonte de homens,
mulheres, meninos e meninas para prostituição forçada no país e no exterior".[51] O levantamento inclui o
trabalho forçado relacionado ao tráfico de mulheres feito por organizações criminosas de Goiás de onde
partem meninas e mulheres para países como Espanha, Itália, Reino
Unido, Portugal, Suíça, França, Estados Unidos e Japão. Também há indícios de formação de redes de

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prostituição forçada de brasileiras em países vizinhos como Suriname, Guiana


Francesa, Venezuela e Paraguai.[51]

Na Espanha e Rússia organizações criminosas estão montadas para alojar o tráfico sexual forçado de
brasileiras.[51]

O turismo sexual de crianças no Brasil é alimentado por turistas norte-americanos e europeus,[51] que,
conforme o documentário Our World: Brazil's Child Prostitutes produzido pela BBC, desembarcam em
busca de sexo barato em um cenário marcado pelo sexo forçado de 250 mil crianças. [57] O problema é mais
perceptível em capitais nordestinas, como Recife.[58]

Gravidez na adolescência

O número de lares chefiados por crianças e adolescentes de 10 a 19 anos mais que dobrou de 2000 a
2010, mesmo com a redução da desigualdade de renda no país, sendo 113 mil deles por meninos e
meninas de 10 a 14 anos e outros 661 mil pelos de 15 a 19 anos.[49]

No Brasil, as relações sexuais antes dos 15 anos são qualificadas, do ponto de vista jurídico, como
abuso.[50] Assim, a gravidez de meninas de 10 a 14 anos é uma violação de direitos. [50]

Uma pesquisa do Unicef, divulgada em 2011, aponta mais vulnerabilidade das meninas brasileiras a
abusos sexuais em relação aos meninos, pois elas têm relações sexuais mais cedo e usam menos
métodos contraceptivos, expondo-as à gravidez indesejada, mortalidade e outros riscos como
Aids/DST.[50] A mesma pesquisa aponta que, embora haja diminuição na taxa de fecundidade, a gravidez
na adolescência é um fenômeno permanente no Brasil, tendo inclusive aumentado nos anos para a faixa
etária de 10 a 14 anos. De acordo com o Unicef, em 1998, foram registrados 27.237 nascimentos de mães
de 10 a 14 anos.[50] Em 2004, o total foi de 26.276 e, em 2008, de 28.479.[50]

Mortalidade Infantil

A taxa de mortalidade infantil é de 19 por mil nascidos vivos, maior que as verificadas em países
como Argentina (14/1.000) e Costa Rica (11/1.000) que possuem PIB per capita similares.[59]

As desigualdades regionais também são expressas por meio deste indicador, já que a média do Nordeste
ainda é superior a 30 por mil e a do Sudeste está nas imediações dos 15 por mil.[60]

O IBGE detectou em 2009 uma queda de 30% na mortalidade infantil em relação à última década,
passando de 33,24% em 1998 para 23,3% em 2008, embora a realidade esteja ainda bem distante dos
índices apresentados por países como Japão, Suécia e Noruega.[61]

Segundo dados de 2008 do Ministério da Saúde, 70% das mortes de recém-nascidos ocorrem por causas
evitáveis, como melhoria qualidade das consultas de pré-natal e da assistência ao parto,[62] com médias
maiores na Amazônia legal e Nordeste.[63] Nesse contexto, o percentual de recém-nascidos na mortalidade
infantil passou de 49% para 68% de 1990 a 2008.[62]

A morte de crianças por diarreia, considerada durante muito tempo a segunda causa da mortalidade
infantil, teve uma queda de 93,9% de 1980 a 2005, e passou a ser quarta causa da mortalidade. Apesar
das reduções, o país ainda tem mortes significativas por causas
como sarampo, desnutrição, anemias nutricionais, infecções respiratórias agudas (como pneumonia) e
afecções perinatais.[64]

A mortalidade infantil está intimimamente ligada aos cuidados com as gestantes. [62] Complicações de saúde
como hipertensão e diabetes não recebem a devida atenção, pois, de 1980 a 2008, o risco na mortalidade
fetal ou neonatal aumentou em 28%.[62]

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Expectativa de vida

A expectativa de vida do brasileiro tem aumentado nas últimas décadas. Segundo dados de 2009 do IBGE,
a esperança de vida dos brasileiros é de 72 anos e 10 meses, índice distante ainda de países
como Japão, Suíça, Islândia, Austrália, França e Itália, onde a vida média é superior a 81 anos.[61]

O acesso ao atendimento médico repercute na expectativa de vida, motivo que também mostra diferenças
desse indicador nos dados regionais. Na região Sudeste, que em 2010 concentrava 42% da população do
país, também estão 55% dos médicos do País, o que dá uma média de 439 habitantes por profissional,
sendo mil pessoas por médico a recomendação da OMS. Já a região Norte tem 1.130 habitantes por cada
profissional. A quantidade de médicos no Brasil, segundo levantamento feito pelo Conselho Federal de
Medicina, mostra que não há problemas em relação à oferta em atividade desses profissionais e, sim, uma
desigualdade na distribuição.[65]

Outro fator que diminui a expectativa de vida são mortes provocadas por acidentes de transporte.[66] Os
maiores valores, segundo dados do IBGE relativos a 2007, são observados nas regiões Centro-Oeste
(44,8/100 mil habitantes) e Sul (43,2/100 mil hab.) - valores superiores à média brasileira (20,3/100 mil
hab.), mantendo o mesmo padrão de 2004.[66]

A promulgação do último Código de Trânsito, em 1997, resultou na queda de acidentes de trânsito entre
1997 e 2000, mas, desde então, os números voltaram a subir substancialmente até 2004 com o retorno ao
nível anterior ao Código.[67] Em 2008, levaram o Brasil à 10ª posição entre os 100 países do mundo
analisados e à 14ª em relação às vítimas jovens.[67]

Outro fator que influencia na expectativa de vida é a qualidade da dieta alimentar da população, visto que
os alimentos de alto teor energético e baixo teor de nutrientes, como os alimentos industrializados
(biscoitos recheados, salgadinhos, doces etc.), fazem parte do hábito alimentar do brasileiro, cujas
consequências são obesidade e muitas doenças crônicas não transmissíveis.[68] O refrigerante, por
exemplo, é rico em açúcar e está entre os cinco produtos mais consumidos pelos brasileiros. [68] Mais de
80% dos brasileiros excedem o nível seguro de ingestão diária de sódio. [68] Pesquisa do IBGE divulgada em
julho de 2011 também aponta que o brasileiro consome menos frutas, verduras, legumes, leite e alimentos
com fibras do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde.[68]

Política

No relatório de 2010 do Índice de Democracia, quando comparado com os resultados do relatório de 2008,
o Brasil caiu do 41º para o 47º lugar e seu índice caiu de 7,38 para 7,12, classificação que o deixou atrás
de seis países da América Latina, quatro da África e do Timor-Leste, um dos mais jovens países do
planeta.[69] A The Economist avalia os países em cinco critérios (processo eleitoral e pluralismo,
funcionamento do governo, participação política, cultura política e liberdades civis), com notas que vão de 0
a 10. Em dois desses critérios, processo eleitoral e liberdades civis, as notas do Brasil de 9,58 e 9,12,
respectivamente, foram semelhantes a de países classificados como democracias plenas,
como Suécia, Áustria e Alemanha. No critério funcionamento do governo, o Brasil foi classificado com a
nota 7,5, acima da República Checa, a 16ª colocada. Entretanto, o país teve notas muito ruins em critérios
que dependem mais da sociedade civil do que do Estado. A nota do país em participação política foi 5,
inferior a de países classificados como regimes híbridos, como Tanzânia, Venezuela e Iraque. Por fim,
em cultura política o índice do Brasil foi de 4,38, menor que à de vários países com regimes autoritários,
como Etiópia, Egito, Síria, Líbia e Turcomenistão.[69]

No Índice de Percepções de Corrupção de 2010, o Brasil foi classificado na 69ª posição entre 180 países,
atrás de Cuba, Chile e Uruguai, mas a frente de Colômbia, Peru e Argentina.[70]

Infraestrutura

A falta de infraestrutura básica e de investimentos dificultam decisivamente a organização econômica e


social.[30]

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Uma das deficiências é o despreparo do governo brasileiro para lidar com catástrofes geradas por danos
naturais, como enchentes, seja pela falta de prevenção e fiscalização em áreas vulneráveis ou pela
ausência de planejamento urbano.[71]

Outra deficiência estrutural é a segurança e a condição das moradias.[66]

De acordo com estimativa do Ministério de Ciência e Tecnologia do governo brasileiro, o país tem cerca de
500 áreas de risco de deslizamento e outras 300 sujeitas a inundações, colocando em risco
aproximadamente cinco milhões de pessoas.[72]

Além disso, uma pesquisa do IBGE, divulgada em 2010 com dados de 2008, revela que 43% dos
domicílios ou cerca de 25 milhões de domicílios brasileiros são inadequados. [66] Faltam-lhes abastecimento
de água por rede geral, esgotamento sanitário por rede coletora ou fossa séptica, coleta de lixo direta ou
indireta e condições para que menos de dois moradores ocupem cada dormitório.[66]

Sanemento Básico

Segundo dados relativos a 2008, cerca de 100 milhões de brasileiros não tinham acesso a algum tipo
de saneamento básico.[73]

Segundo levantamento feito em 2008 pelo IBGE, a rede de esgoto chegava somente a 55,2% dos
municípios brasileiros.[74]

O Censo, realizado em 2010 pelo IBGE, também demonstra que o saneamento está ausente ou é
inadequado em 38,2% dos domicílios[10], ainda que a fossa séptica seja encontrada em 6 milhões deles -
forma considerada satisfatória pelo IBGE.[75]

Na região Norte, apenas 22,4% dos domicílios possuem condições adequadas de saneamento; no
Sudeste, a proporção em 2010 era de 82,3%.[10]

Dados do MDS divulgados em 2011 estimam que metade da população mais pobre da área rural não tem
banheiro no domicílio.[12]

A aplicação de recursos por meio do governo federal para extensão do fornecimento é limitada pela
sintonia com as Câmaras Municipais, pois somente cerca de uma centena municípios entre os mais de 5,5
mil do País dispõem de planos aprovados.[76]

O Instituto Trata Brasil, ONG que propõe a universalização do saneamento, detectou em 2010 que, em um
ranking das 26 empresas estaduais do ramo, 18 delas têm um desempenho muito insatisfatório em
detalhes como atendimento, tarifa e capacidade de investimento.[77]

A falta de saneamento básico dificulta a extensão de programas de habitação e crédito imobiliário.[77]

Abastecimento de água

A água chega por meio de rede geral a 83% das residências brasileiras, embora, de acordo com o Censo
2010, 5,7 milhões de brasileiros (10% do total) ainda precisem buscar água em poços ou nascentes. [75]

O Brasil possui 12% do potencial hídrico do planeta, mas várias regiões com abundância de água já sofrem
com a escassez de água, como a Região Metropolitana de São Paulo, visto que, somente na capital
paulista, 100 mil novas ligações de água são feitas anualmente, 48% da água da cidade precisa ser
importada e 3,5 bilhões de litros de água são desviados irregularmente por meio dos "gatos". [78][79] Apenas
20% do esgoto coletado recebe algum tipo de tratamento e a maior parte é lançado nos sistemas hídricos,
o que aumenta a exposição da população a doenças.[80]

Alguns casos

Na divisa dos estados do Ceará e Piauí, disputada pelos dois Estados, os moradores foram completamente
abandonados pelo poder público.[30] Os municípios são isolados e não possuem elementos estruturais

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básicos como energia elétrica, água encanada e sistema de esgoto.[30] Não há atividade econômica
significativa, apenas as de subsistência.[30]

Também é no estado do Piauí onde há a menor cobertura de domicílios pela coleta de lixo, sendo apenas
56,2% do total atendidos pelo serviço básico.[81]

No estado de Amazonas, a distância de algumas localidades em relação a grandes cidades fez da fronteira
do estado com o Peru e a Colômbia uma região suscetível e permeada pelo tráfico de drogas, guerrilha e
imigração ilegal.[30]

Em Brasnorte, estado do Mato Grosso e a quase 600 quilômetros de Cuiabá, não há rede de esgoto, o que
obriga a abertura de fossas nos quintais das residências.[30]

Violência

Uma pesquisa divulgada em 2011 mostrou que, nos últimos 30 anos, mais de um milhão de pessoas foram
assassinadas no Brasil.[82]

Em relação ao período de 2004 a 2007 os homicídios no país (192.804) foram superiores ao de 12 conflitos
armados mundiais, que representam 81,4% do total de mortes diretas do período, valor que não pode ser
atribuído a dimensões territoriais, visto que o Paquistão, com cerca de 185 milhões, teve número e taxas
bem menores.[82]

Os estados mais violentos, em 2010, foram Alagoas, Espírito Santo e Pará com crescimento triplicado ou
quadruplicados em relação aos últimos 10 anos.[82]

Uma pesquisa do IBGE, divulgada em 2010 com dados do PNAD 2009, mostra que 47,2% das pessoas
não se sentem seguras nos municípios onde moram em decorrência da falta de confiança na polícia e nas
políticas voltadas para segurança pública.[83] Em resposta, cerca de 60% dos domicílios mostraram ter
algum dispositivo de segurança.[83]

Na região Sudeste, uma pesquisa do IPEA divulgada em março de 2011 mostra que 75,15% dos seus
habitantes não confiam nas polícias Civil e Militar.[84] Em outras regiões, a baixa confiabilidade também é
marcante: na Centro-Oeste - onde há a maior média de policiais por habitante - 4,5% confiam na polícia; na
região Norte, 4,45%.[84]

Em 2009, segundo o IBGE, 2,5 milhões de pessoas de 10 anos ou mais de idade sofreram agressão física,
com maior frequência na região Norte e menor nas regiões Sudeste e Sul. [83] Outro detalhe da pesquisa é
que homens pobres e negros são as principais vítimas de agressões.[83]

Um levantamento do Conselho Nacional do Ministério Público divulgado em maio de 2011 apontou 151.819
inquéritos sobre homicídios, iniciados até 31 de dezembro de 2007, que não tiveram solução. [85]

A população carcerária no país é de 498.487 presos - a terceira maior do mundo (atrás dos Estados Unidos
e China), dado que também revela uma média de 260 presos para cada grupo de 100 mil habitantes e
aumento de 41,05% no período de 2005 a 2010.[86]

Por raça

Em 2010, um estudo da Secretaria Especial dos Direitos Humanos do governo brasileiro mostrou que,
de 2005 a 2007, o risco de um jovem negro ser assassinado chega a uma probabilidade quatro vezes
maior em relação à de um jovem branco.[87]

O Mapa da Violência 2011, divulgado pelo Ministério da Justiça e Instituto Sangari, mostra que tem
crescido a participação de jovens negros, ou seja, com idade de 15 a 24 anos, no total de homicídios: em
2002, morriam 46% mais negros que brancos, percentual elevado para 67% em 2005 e 103% em 2008. [67]

O Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil, divulgado pela UFRJ em abril de 2001 com dados
relativos a 2007 e 2008, também mostra o crescimento de homicídios entre a população negra: em 2001,

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homens pretos e pardos representavam 53,5% do total de homicídios, ao passo que os brancos
significavam 38,5% desse total; em 2007, 64,09% do total de homicídios estava reservado aos negros, já a
proporção de brancos diminuiu para 29,24%.[38]

Por grupos etários

Ao contrário da maioria dos outros países, os homicídios são no Brasil a primeira causa de mortalidade na
adolescência, superando os acidentes de trânsito.[49]

Os homicídios são a causa de 45% das mortes de jovens de 12 a 18 anos, segundo o Índice de Homicídios
na Adolescência (IHA), um estudo feito pelo Programa de Redução da Violência Letal (PRVL) com dados
de 2006 do Ministério da Saúde.[88] Esse número é contestado, visto que muitas mortes não são
comunicadas.[88]

Relatório do Unicef divulgado em fevereiro de 2011 aponta que, de 1998 a 2008, 81 mil adolescentes
brasileiros, com idade de 15 a 19 anos, foram assassinados.[89]

Entre 2005 e 2007, os homicídios representaram 45% das causas de morte dos cidadãos brasileiros com
idade de 12 a 18 anos.[87]

O Mapa da Violência - Os Jovens da América Latina, relativo a 2008, mostrou que o Brasil tem a quinta
maior taxa de homicídios de jovens de 15 a 24 anos entre 83 países.[88]

Em 2011, o Mapa da Violência - Os jovens do Brasil, produzido pelo Instituto Sangari em parceria com o
Ministério da Justiça, mostrou o país na sexta posição, tanto no total de homicídios quanto nos homicídios
juvenis, no ranking formado por 100 países que divulgaram dados vinculados à Organização Mundial da
Saúde.[67]

Por região e gênero

De acordo com o Ministério da Saúde, o País tinha, em 2007, uma taxa de 25,4 mortes por homicídio a
cada 100 mil habitantes. Os estados de Alagoas (59,5 por 100 mil), Espírito Santo (53,3)
e Pernambuco (53,0) lideravam o ranking da taxa de mortes por homicídios.[66]

Ainda de acordo com o ministério, a partir de dados das secretarias estaduais de saúde, os homens (47,7)
apresentavam uma taxa claramente superior à das mulheres (3,9).[66] Entre 1992 e 2007, houve aumento
de 6,2 óbitos ocorridos por homicídios para cada 100 mil habitantes. [66] Entre 1992 e 2003, o coeficiente
cresceu, mas, a partir de 2004, o IBGE detecta que há uma tendência de queda.[66]

Armamento

O país é campeão mundial em números absolutos por morte provocadas pelo uso da arma de fogo.[90] Além
disso, o país é o sexto exportador de armas pequenas, atrás dos EUA, Rússia, China, Alemanha e Itália.[90]

Cerca de 16 milhões de armas estão em circulação no Brasil, sendo 47,6% delas na ilegalidade, ou seja,
são 7,6 milhões de unidades em poder de civis e bandidos, segundo pesquisa da ONG Viva Rio divulgada
no final de 2010.[90]

Cerca de 20% das armas de uso proibido/restrito é de origem estrangeira, principalmente


dos EUA e Paraguai, ou seja, estima-se que 80% das armas sejam fabricadas no próprio país, o que
assinala a falta de controle interno do armamento.[90]

Tráfico de drogas

O tráfico de drogas responde por 22% dos crimes cometidos pelos presidiários brasileiros.[91]

Um diagnóstico do Conselho Nacional de Justiça, divulgado em 2010, mostra a existência de tráfico de


drogas e violência dentro dos presídios em todos os estados brasileiros. [92] Ainda segundo informações da
CNJ, cerca de 80% dos presidiários fumam crack.[92]

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Uma série de telegramas da Embaixada dos Estados Unidos, na Bolívia, mostra o Brasil como peça
essencial para a distribuição mundial de drogas.[93] Para muitos traficantes, o país tornou-se a rota para
permitir que a droga chegue à Europa, EUA e Ásia.[93] O caminho é facilitado pela falta de controle aéreo,
que torna o acesso livre dos traficantes ao país, e pelo suposto envolvimento de autoridades no tráfico. [93]

Um desses telegramas, de 17 de dezembro de 2009, calcula que 175 aviões suspeitos de


carregar cocaína cruzaram a fronteira entre Bolívia e Brasil em apenas dois meses.

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Exercicios Atualidades:

1) Preocupado com o preço da gasolina importada no Brasil, o Conselho Federal do Comércio Exterior
(CFCE) estudou a questão do petróleo em 1935, chamando a atenção para a dependência do país em
relação às empresas petrolíferas internacionais. Nessa época, o país não detinha legislação sobre o
petróleo e nenhum controle sobre a incipiente atividade do refino. Por meio de decretos, o Estado declarou
como serviço de utilidade pública todas as atividades referentes ao petróleo e definiu como tais atividades
estariam subordinadas à autoridade oficial e só deveriam ser concebidas por brasileiros natos. Cria-se,
então, o Conselho Nacional do Petróleo (CNP), responsável pela política nacional para o setor.

COSTA, P. A cidade do petróleo. A geo-história do refi no do petróleo no Brasil. Guarapuava: Unicentro,


2012, p. 101-103. Adaptado.

Essa regulação inicial do setor petrolífero se insere nomomento da política brasileira denominado

A) Estado Novo

B) Nova República

C) Ditadura Militar

D) República Velha

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2) A Europa vem, nos últimos anos, sofrendo uma série de atentados, tanto provocados por explosões de
bombas, fuzilamentos em massa, quanto resultantes de ataques suicidas, que têm produzido um lastro de
dor e medo coletivos, bem como deixado vários países em estado de alerta.
Em 13 de novembro de 2015, a França sofreu uma série de atentados que vitimaram fatalmente mais de
uma centena de pessoas, e deixaram inúmeros feridos. Os ataques, em Paris, aconteceram, entre outros
espaços, em restaurantes, cafés e na casa de shows conhecida como:
A) Bataclan.
B) Belle Époque.
C) Baudelaire.
D) Art Nouveau.
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3) A Operação Carbono 14 é, na realidade, a 27ª etapa ou fase de uma mega operação da Polícia Federal
que pôs em andamento investigações de crimes de desvio e lavagem de dinheiro, evasão de recursos,
sonegação fiscal, corrupção de agentes públicos, entre outros. Essa mega operação, que já deu origem a
mais de duas dezenas de outras, entre as quais, a Carbono 14, é denominada:
A) Operação Passe Livre.
B) Operação Aletheia.
C) Operação Lava Jato.
D) Operação My Way.
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4) A Proposta de Emenda à Constituição nº 171/1993 (PEC 171/93), aprovada pela Câmara de Deputados,
em agosto de 2015, visa à redução da maioridade penal. Sinteticamente essa PEC propõe:
A) a fixação da idade de responsabilidade penal em 17 (dezessete) anos de idade.

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B) o rebaixamento da idade de responsabilidade penal de 18 (dezoito) anos para 15 (quinze) anos de


idade.
C) a fixação da idade para apuração de prática de ato infracional e responsabilização penal a partir dos 14
(quatorze) anos de idade.
D) a fixação da idade para apuração de prática de ato infracional e responsabilização penal a partir dos 14
(quatorze) anos de idade.
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5) As distintas fases ou desdobramentos da Operação Lava Jato, investigação instaurada pela Polícia
Federal, em março de 2014, com o fim de apurar, entre outros crimes, os de lavagem de dinheiro, evasão
de divisas, sonegação fiscal, desvios de recursos públicos e corrupção de agentes públicos, têm, em geral,
recebido denominações específicas: Operação Juízo Final, Operação A Origem, Operação Politeia,
Operação Radioatividade, Operação Nessun Dorma, Operação Catilinárias, entre outras. Em março de
2016, foi dado início à 26ª fase daquela operação que foi denominada de:
A) Operação Cartas na Manga.
B) Operação Ultimatum.
C) Operação Xepa.
D) Operação Rompendo o Silêncio.
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Gabarito:

1- A

2- A

3- C

4- D

5- C
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