Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
politização de
ressentidos', diz
antropóloga
brasileira exilada
Antropóloga, que saiu do país por causa de ameaças de morte, fala
sobre eleições, militarismo, direitos civis e conservadorismo. Para ela,
uma das surpresas do governo Jair Bolsonaro pode ser Sérgio Moro,
futuro ministro da Justiça
A Anis, instituto de bioética fundado por ela em Brasília, comprou a briga que
chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) e culminou em um dos mais
polêmicos julgamentos da Corte. A luta da antropóloga resultou no direito de
retirada do feto sem chance de sobrevivência fora do útero. De lá para cá,
Débora tem amplificado a voz de minorias e denunciado situações como o
abandono de famílias pobres cujos filhos nasceram com síndrome da infecção
congênita pelo vírus zika. Autora do primeiro livro sobre a descoberta da
Receba as notícias publicadas pela equipe do
doença no Brasil, ela venceu a categoria ciências da saúde do Prêmio Jabuti
Jornal Estado de Minas
com Zika: do sertão nordestino à ameaça global.
NÃO do curso
Em julho, a carreira da pesquisadora como professora SIMde Direito na
Para ela, nos próximos anos, o Supremo terá de se dedicar mais às pautas dos
direitos fundamentais, uma função que ficou ofuscada por julgamentos
criminais, como os da Lava-Jato. O protagonista da operação e futuro
ministro da Justiça, Sérgio Moro, também poderá surpreender, acredita. “Ele
pode ser alguém perturbador para a política bolsonarista no campo dos
direitos fundamentais.”
NÃO
E as jovens bem-nascidas, que nunca passaram dificuldade, SIMque estão
as
sendo representadas pela boneca Barbie nos memes?
Todo fenômeno amplo tem múltiplas explicações. Quando a gente faz um
recorte no grupo de mulheres trabalhadoras, eu diria que um caminho é esse
que acabei de dizer. Mas quando a gente vai para a “Barbie”, a gente tem
outra possibilidade de explicação. Quem são elas? É sempre bom a gente
pensar por alegoria. Você lembra quando começa uma popularização das
viagens de avião e as Barbies dizendo que “viajar de avião agora virou
Itapemirim”? Aqui, a gente está falando de uma classe social que tem
ressentimento da entrada dos pobres na sociedade de consumo. As bem-
nascidas, aquelas que viajam ao exterior, elas têm o ressentimento da
entrada da classe trabalhadora na sociedade de consumo. Aquelas que elas
chamam de “sua” manicure, “sua” empregada doméstica vão ter bens de
consumo que elas imaginariam ser exclusivos dela. E que a “sua” empregada
doméstica, para ter a “sua” babá para cuidar da “sua” filha vai custar muito
dinheiro.
Mesmo com o Escola sem Partido tentando ser aprovado, até porque vai ser
questionada a constitucionalidade no Supremo. O Congresso Nacional pode
fazer o que quiser no campo de ameaça de direitos fundamentais, como
Estatuto do Nascituro, revisar o casamento gay, Escola sem Partido. Tudo vai
continuar no Supremo para revisão de constitucionalidade. Um outro espaço
que vamos ter de acompanhar para descobrir: quem é esse personagem, o
(Sérgio) Moro no Ministério da Justiça? Uma coisa é ele investigando a Lava-
Jato. Outra é ele atuando em direitos fundamentais. Nem nós nem Bolsonaro
sabemos quem é ele. Não acho que vai ser um personagem fácil como se
imagina que ele foi em política criminal. Ele pode pensar diferente de uma
criminalização de movimentos sociais, por exemplo. Uma coisa é o Judiciário
no campo da política criminal, nisso nós sabemos exatamente quem foi o
Moro. Outra coisa é quem é esse novo ministro da Justiça no campo dos
direitos fundamentais, e isso nem os bolsonaristas sabem. Moro é quase um
ministro impossível de ser demitido. Lembra daquele ditado de que você não
pode botar na política quem não pode demitir? Aí, o Bolsonaro terá uma
grande dificuldade de demitir uma figura como o Moro, sem causar uma
comoção naqueles que votaram anti-PT, acreditando na “Liga da Justiça”.
Ele pode ser alguém perturbador para a política bolsonarista no campo dos
direitos fundamentais.
()