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Olavo de Carvalho
Nenhuma dessas propostas veio do povo brasileiro ou de qualquer outro povo. Nenhuma
delas tem a sua aprovação.
Isso não importa. Elas vêm sendo e continuarão sendo impostas de cima para baixo, aqui
como em outros países, mediante conchavos parlamentares, expedientes administrativos
calculados para contornar o debate legislativo, propaganda maciça, boicote e repressão
explícita de opiniões adversas e, last not least, farta distribuição de propinas, muitas delas sob
a forma de “verbas de pesquisa” oferecidas a professores e estudantes sob a condição de que
cheguem às conclusões politicamente desejadas.
De onde vêm essas idéias, a técnica com que se disseminam e o dinheiro que subsidia a sua
implantação forçada?
A fonte desses três elementos é única e sempre a mesma: a elite bilionária fabiana e globalista
que domina a rede bancária mundial e tem nas suas mãos o controle das economias de
dezenas de países, assim como da totalidade dos organismos internacionais reguladores.
Nada nos seus planos e ações é secreto. Apenas, para perceber a unidade de um
empreendimento cuja implementação se estende por todo um século e abrange as
contribuições de milhares de colaboradores altamente preparados — uma plêiade de gênios
das humanidades e das ciências –, é preciso reunir e estudar uma massa de fatos e
documentos que está infinitamente acima das capacidades da população em geral, aí incluído
o “proletariado intelectual” das universidades e da mídia onde esse mesmo empreendimento
colhe o grosso da sua militância e dos seus idiotas úteis. Em geral, nem seus adeptos e
servidores, nem a população que se horroriza ante os resultados visíveis da sua política têm a
menor idéia de quem é o agente histórico por trás do processo. Os primeiros deixam-se levar
pelo atrativo aparente das metas nominais proclamadas e acreditam piamente – ó céus! –
estar lutando contra a “elite capitalista”. A população vê o mundo piorando e de vez em
quando se revolta contra esta ou aquela mudança em particular, contra a qual brande em vão
os mandamentos da moralidade tradicional, sem que nem em sonhos lhe ocorra a suspeita de
que essas reações pontuais e esporádicas já estão previstas no esquema de conjunto e
canalizadas de antemão no sentido dos resultados pretendidos pela elite iluminada.
Para explicar a confortável invisibilidade que, após décadas de ação ostensiva em todo o
mundo, o mais ambicioso projeto revolucionário de todos os tempos continua desfrutando,
não é preciso nem mesmo apelar ao famoso adágio esotérico de que “o segredo se protege a
si mesmo”. No meio do quadro há, é claro, alguns segredos, bem como a supressão de notícias
indesejáveis, ordenada desde muito alto e praticada com notável subserviência pela classe
jornalística. Mas esses não são, nem de longe, os fatores decisivos. O que tem feito das
populações as vítimas inermes de mudanças que elas não desejam nem compreendem são
três fatores: (a) a luta desigual entre uma elite intelectual e financeira altíssimamente
qualificada e a massa das pessoas que não recebem informação nem educação senão dessa
mesma fonte; (b) a continuidade do projeto ao longo de várias gerações, transcendendo o
horizonte de visão histórica de cada uma delas; (c) a prodigiosa flexibilidade das concepções
fabiano-globalistas, cuja unidade reside inteiramente em objetivos de longuíssimo prazo e que,
na variedade das situações imediatas, sabem se adaptar camaleonicamente às mais diversas
exigências ideológicas, culturais e políticas, sem nenhum dogmatismo, sem nada daquela
rigidez paralisante dos velhos partidos comunistas.
Para enxergar a unidade e coerência por trás da diversidade alucinante das ações
empreendidas por essa elite em todo o mundo ocidental, é preciso, além da massa de dados,
alguns conceitos descritivos que o “cientista social” vulgar ignora por completo. É preciso
saber, por exemplo, que as “nações” e as “classes” não são nunca sujeitos agentes da História,
mas apenas o excipiente com que os verdadeiros agentes injetam no corpo do tempo a
substância ativa dos seus planos e decisões. Isto deveria ser óbvio, mas quem, numa
intelectualidade acadêmica intoxicada de mitologia marxista (ou, em parte, de formalismo
doutrinário liberal-conservador), entende que só grupos e entidades capazes de durar
inalteradamente ao longo das gerações podem ter a veleidade de conduzir o processo
histórico? Entre esses grupos destacam-se, é claro, as famílias dinásticas, de origem nobre ou
não, que hoje constituem o núcleo vivo da elite globalista. Quando essas famílias têm a seu
serviço a classe acadêmica mundial, os organismos reguladores internacionais, o grosso das
empresas de mídia, a rede planetária de ONGs e, por meio destas, até a massa de militantes
enragés que imaginam combater aqueles que na verdade os dirigem, quem pode resistir a
tanto poder concentrado? Decerto, só os dois esquemas globalistas concorrentes, o russo-
chinês e o islâmico. Mas o “mundo melhor” que eles prometem não é nem um pouco mais
humano, nem mais livre, do que aquele para o qual a elite fabiana está nos conduzindo à
força.