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Direito Processual Penal

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Sumário

Capítulo 1 — Inquérito Policial, 10


1. Introdução, 10
1.1 Apresentação, 10
1.2 Síntese, 10
2. Características, 11
2.1 Apresentação, 11
2.2 Síntese, 11
3. Prazos, vícios e reconstituição, 12
3.1 Apresentação, 12
3.2 Síntese, 12
4. Valor probatório, indiciamento e incomunicabilidade, 14
4.1 Apresentação, 14
4.2 Síntese, 14
5. Formas de instauração do inquérito policial, 15
5.1 Apresentação, 15
5.2 Síntese, 15
Capítulo 2 — Ação Penal, 17
1. Espécies e princípios, 17
1.1 Apresentação, 17
1.2 Síntese, 17
2. Ação penal pública condicionada, 19
2.1 Apresentação, 19
2.2 Síntese, 19
3. Denúncia, 20
3.1 Apresentação, 20
3.2 Síntese, 20
4. Ação penal de iniciativa privada, princípios e causas extintivas da puni-
bilidade, 21
4.1 Apresentação, 21
4.2 Síntese, 21
5. Ação penal de iniciativa privada, espécies e prazos., 23
5.1 Apresentação, 23
5.2 Síntese, 23

Capítulo 3 — Jurisdição e Competência, 25


1. Diferenças entre jurisdição e competência, competência absoluta e re-
lativa, 25
1.1 Apresentação, 25
1.2 Síntese, 25
2. Critérios para fixação da competência I, 27
2.1 Apresentação, 27
2.2 Síntese, 27
3. Critérios para fixação de competência II, 28
3.1 Apresentação, 28
3.2 Síntese, 28
4. Competência da natureza de infração, 29
4.1 Apresentação, 29
4.2 Síntese, 29
5. Competência por prerrogativa de função, 31
5.1 Apresentação, 31
5.2 Síntese, 31
6. Competência pelo lugar da infração, 32
6.1 Apresentação, 32
6.2 Síntese, 33
7. Competência pelo domicílio ou residência do réu e competência por
distribuição, 34
7.1 Apresentação, 34
7.2 Síntese, 34
8. Conexão e continência, 35
8.1 Apresentação, 35
8.2 Síntese, 35
9. Conexão e continência II, 36
9.1 Apresentação, 36
9.2 Síntese, 36

Capítulo 4 — Procedimentos, 38
1. Rito ordinário - introdução, 38
1.1 Apresentação, 38
1.2 Síntese, 39
2. Rito ordinário – citação e absolvição sumária, 40
2.1 Apresentação, 40
2.2 Síntese, 40
3. Rito ordinário – audiência de instrução, debates e julgamento, 41
3.1 Apresentação, 41
3.2 Síntese, 41
4. Rito sumário, 42
4.1 Apresentação, 42
4.2 Síntese, 43
5. Rito sumaríssimo – audiência preliminar, 43
5.1 Apresentação, 43
5.2 Síntese, 44
6. Rito sumaríssimo – audiência de instrução, debates e julgamento, 45
6.1 Apresentação, 45
6.2 Síntese, 45
7. Rito do especial dos crimes funcionais afiançáveis, 46
7.1 Apresentação, 46
7.2 Síntese, 46
8. Júri: introdução e princípios constitucionais, 47
8.1 Apresentação, 47
8.2 Síntese, 47
9. Júri: primeira fase do júri/sumário de culpa, 49
9.1 Apresentação, 49
9.2 Síntese, 49
10. Júri: segunda fase do júri/ judicium causae, 50
10.1 Apresentação, 50
10.2 Síntese, 50
11. Júri: escolha dos jurados e instrução em plenário, 51
11.1 Apresentação, 51
11.2 Síntese, 52
12. Júri - segunda fase: quesitos/questionário, 53
12.1 Apresentação, 53
12.2 Síntese, 53

Capítulo 5 — Provas, 55
1. Fatos que dependem de prova e sistemas de apreciação da prova, 55
1.1 Apresentação, 55
1.2 Síntese, 55
2. Ônus da prova e prova emprestada, 56
2.1 Apresentação, 56
2.2 Síntese, 57
3. Prova ilícita/proibida/prova inadmissível, 58
3.1 Apresentação, 58
3.2 Síntese, 58
4. Prova ilícita por derivação/ fonte independente e descoberta inevitável, 59
4.1 Apresentação, 59
4.2 Síntese, 59

Capítulo 6 — Prisões, 60
1. Prisão em flagrante, 60
1.1 Apresentação, 60
1.2 Síntese, 60
2. Flagrante em crime permanente, crime habitual. Auto de prisão em
flagrante e entrega de nota de culpa, 61
2.1 Apresentação, 61
2.2 Síntese, 62
3. Prisão preventiva, 63
3.1 Apresentação, 63
3.2 Síntese, 63
4. Liberdade provisória, 64
4.1 Apresentação, 64
4.2 Síntese, 64

Capítulo 7 — Dos princípios, 66


1. Princípios do processo penal, 66
1.1 Apresentação, 66
1.2 Síntese, 66
2. Modelo constitucional de persecução, 67
2.1 Apresentação, 67
2.2 Síntese, 67
3. Da ampla defesa, 68
3.1 Apresentação, 68
3.2 Síntese, 68
4. Da ampla defesa: defesa técnica, 69
4.1 Apresentação, 69
4.2 Síntese, 69
5. Contraditório, 70
5.1 Apresentação, 70
5.2 Síntese, 70
6. Juiz natural, promotor natural e defensor natural, 71
6.1 Apresentação, 71
6.2 Síntese, 71
7. Estado de defesa, 72
7.1 Apresentação, 72
7.2 Síntese, 72

Capítulo 8 — Dos Recursos, 74


1. Introdução, 74
1.1 Apresentação, 74
1.2 Síntese, 74
2. Teoria geral dos recursos, 75
2.1 Apresentação, 75
2.2 Síntese, 75
3. Princípios recursais do processo penal, 76
3.1 Apresentação, 76
3.2 Síntese, 76
4. Princípios recursais do processo penal – parte II, 77
4.1 Apresentação, 77
4.2 Síntese, 77
5. Efeitos dos recursos, 78
5.1 Apresentação, 78
5.2 Síntese, 78
6. Requisitos dos recursos, 79
6.1 Apresentação, 79
6.2 Síntese, 79
7. Apelação, 81
7.1 Apresentação, 81
7.2 Síntese, 81
8. Apelação – parte II, 82
8.1 Apresentação, 82
8.2 Síntese, 82
9. Recurso em sentido estrito – rese, 83
9.1 Apresentação, 83
9.2 Síntese, 83
10. Carta testemunhável e embargos, 84
10.1 Apresentação, 84
10.2 Síntese, 84
11. Recurso ordinário, especial e extraordinário, 85
11.1 Apresentação, 85
11.2 Síntese, 85

Capítulo 9 — Ação Civil Ex Delicto, 86


1. Aspectos introdutórios, 86
1.1 Apresentação, 86
1.2 Síntese, 86
2. Enfrentamentos práticos na ação civil ex delicto, 87
2.1 Apresentação, 87
2.2 Síntese, 87
3. Legitimidade para ação civil ex delicto, 88
3.1 Apresentação, 88
3.2 Síntese, 88
4. Repercussões das decisões criminais no âmbito da ação civil ex delicto, 89
4.1 Apresentação, 89
4.2 Síntese, 90

Capítulo 10 — Questões e Processos Incidentes, 91


1. Aspectos introdutórios, 91
1.1 Apresentação, 91
1.2 Síntese, 91
2. Incidente de insanidade mental do acusado, 92
2.1 Apresentação, 92
2.2 Síntese, 92
3. Incidente de falsidade, 93
3.1 Apresentação, 93
3.2 Síntese, 93
4. Restituição de coisas apreendidas, 94
4.1 Apresentação, 94
4.2 Síntese, 94
5. Medidas assecuratórias, 95
5.1 Apresentação, 95
5.2 Síntese, 95
6. Exceções, 96
6.1 Apresentação, 96
6.2 Síntese, 96
7. Exceção de ilegitimidade de parte, 97
7.1 Apresentação, 97
7.2 Síntese, 97
8. Exceção de litispendência e exceção de coisa julgada, 98
8.1 Apresentação, 98
8.2 Síntese, 98
9. Exceção de suspeição, impedimento e incompatibilidade, 99
9.1 Apresentação, 99
9.2 Síntese, 99

Gabarito, 102
Capítulo 1

Inquérito Policial

1. Introdução

1.1 Apresentação

Nesta unidade temática veremos os procedimentos do processo penal, e neste


ítem iniciaremos a introdução do rito ordinário.

1.2 Síntese
a. Disposição legal:
»» Art. 144, CF.
»» Arts. 4º a 23 e 107 do CPP.
»» Súmulas Vinculantes 14 e 24.
11

»» Súmula 524, STF


»» Súmulas 234 e 444 STJ

b. A finalidade do IP é apurar e investigar os indícios de autoria e de par-


ticipação, bem como prova de materialidade do delito – art. 4º do CPP.
c. A presidência do IP é da autoridade policial, que tem atribuição exclusiva
– art. 144, §4º, CF.
d. O MP pode presidir investigação, mas não IP.

Exercício
1. O MP pode presidir o IP?

2. Características

2.1 Apresentação

Neste ítem vemos quais são as características do inquérito policial.

2.2 Síntese

a. As características do inquérito policial são: Dispensável; Indisponível;


Inquisitivo; Sigiloso e; Escrito. Para facilitar temos a palavra DIISE, mé-
todo de memorização.
b. Dispensável: para entendermos esta característica, devemos entender
também que o inquérito ainda não foi instaurado, para não confundir
com outras características.
c. Como Vimos o inquérito policial tem a finalidade de apurar indícios
de autoria e prova de autoria, portanto, serve a alguém, não possui fim
Direito Processual Penal

a si mesmo, assim caso a autoridade que receberá o inquérito, o titular


da ação penal, já possua provas contundentes de autoria, por gravações,
fotos, etc., não é necessário que o inquérito seja instaurado.
d. Indisponível: Aqui estamos intimamente ligados ao assunto do arquiva-
mento, já que o inquérito não pode ser arquivado pelo delegado, pela
autoridade policial, portanto ao delegado o inquérito policial é indispo-
12

nível e, só poderá ser arquivado por determinação judicial, desde que


haja pedido determinado pelo Ministério Público, não podendo ser feita
de ofício.
e. Uma vez arquivado o inquérito pode ser desarquivado quando surgirem
novas provas, art. 18 do CPC e súmula 524 do STF.
f. Inquisitivo: isto significa que durante o inquérito policial não há acusa-
ção formal, somente há atos de investigação, portanto não é necessário
o contraditório ou procedimento rígido pela autoridade policial, como
demonstra o art. 14 do CPP: “Art. 14. O ofendido, ou seu representante
legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será reali-
zada, ou não, a juízo da autoridade”.
g. Sigilo: art. 20 do CPP:
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à eluci-
dação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Isso para garantir
a eficácia das investigações, mas o sigilo do inquérito policial não se es-
tende ao advogado do investigado, já que mesmo sem procuração tem o
direito de ter acesso aos autos, bem como fotografá-lo ou copiá-lo, mas
somente (art. 7º, inciso XIV do Estatuto do da OAB).
Escrito: O inquérito é peça informativa e para que as informações pres-
tadas sejam mais precisas possíveis, todas as provas devem ser reduzidas
a termo.

3. Prazos, vícios e reconstituição

3.1 Apresentação

Neste ítem vemos os prazos, vícios e reconstituição do delito, referente ao in-


quérito policial.

3.2 Síntese
Direito Processual Penal

a. Todo inquérito policial possui prazo determinado em lei para seu ter-
mino, sendo que o art. 10 do CPP prevê a regra para esses prazos, assim
13

estando preso o acusado o prazo é de 10 dias improrrogáveis e, estando


solto, o prazo para o termino é de 30 dias, que segundo a jurisprudência
pode ser prorrogado, por vários períodos, desde que não incida a prescrição.
b. Não existe somente o prazo do CCP, sobre o termino do inquérito poli-
cial, sendo que, por exemplo, a lei 11.343/06 (lei de drogas) prevê prazos
específicos, onde estando preso o prazo é de 30 dias, mas estando solto
o investigado o prazo é de 90 dias. Aqui, ambos os prazos, podem ser du-
plicados, mediante representação da autoridade policial e manifestação
do MP.
c. Temos também prazo para inquérito policial na lei 5.010/66, que prevê
os prazos para inquérito policial que tramitam perante a polícia federal,
estando preso o investigado o prazo é de 15 dias, prorrogáveis por mais 15
dias, mas em relação ao investigado solto, a lei permanece em silencio,
portanto aplica-se a regra geral do CPP.
d. Em relação aos vícios, que ocorrem eventualmente no inquérito policial,
observamos que não existem nulidades (vícios processuais) e sim ilegali-
dades ou irregularidades, isso porque o inquérito não constitui processo e
não observa o contraditório.
e. Estas ilegalidades não têm o condão de macular ou contaminar o ofe-
recimento da futura ação penal, ou seja, as irregularidades, como por
exemplo, a falta de entrega de nota de culpa ao flagrado no prazo de
24 horas, não contamina ou limita a impetração da futura ação penal,
posição dominada tanto na doutrina quanto na jurisprudência, mas há
doutrinadores que dizem que se o inquérito possui uma única prova e
esta é ilícita, que esta única prova não pode ser utilizada para o ofereci-
mento da denúncia.
f. A reconstituição do delito, prevista no art. 7º do CPP, pode ser classi-
ficada também como reprodução simulada dos fatos, aqui vemos que
alguns crimes poderão ser reconstituídos, demonstrando qual é a carac-
terística física deste delito, mas esta reconstituição não é obrigatória, não
é exigida na lei.
g. A jurisprudência e a doutrina estabelecem que o investigado não está
obrigado a participar da reconstituição do delito, já que não pode ser
obrigado a produzir prova contra si mesmo e, caso seja obrigado, ira se
configurar constrangimento ilegal.
Direito Processual Penal
14

4. Valor probatório, indiciamento


e incomunicabilidade

4.1 Apresentação

Neste ítem vemos as questões do valor probatório do inquérito policial, o ato


de indiciamento e incomunicabilidade do preso, todas relativas ao inquérito
policial.

4.2 Síntese

a. Valor probatório do inquérito policial (valor de prova): aqui se verifica


que o inquérito policial, por si só, não pode sustentar uma condenação
criminal, ou seja, o magistrado não pode sustentar uma condenação cri-
minal somente pelo inquérito policial (art. 155 do CPP), isso porque no
inquérito não há o contraditório. A jurisprudência é pacifica neste sen-
tido.
b. Ato de indiciamento: nem toda pessoa que responde ao inquérito policial
é investigado, portanto, para que se torne investigado é necessário ato
específico, onde o indivíduo é apresentado como suspeito formal (ato de
indiciamento). Aqui o sujeito indiciado é apontado como suspeito for-
mal, como suspeito principal ou, o próprio foco da investigação.
c. Este indiciamento decorre da autoridade policial possuir o juízo de
probabilidade contra o individuo, a possibilidade, portanto, não gera o
indiciamento.
d. A atribuição exclusiva para o indiciamento é apenas da autoridade poli-
cial, sendo que a jurisprudência caminha no sentido de que o magistrado
não pode determinar o indiciamento do indivíduo.
e. Caso o magistrado determine o indiciamento do individuo, segundo a
jurisprudência do STJ, este ato será considerado como ilegal, causando
Direito Processual Penal

um constrangimento ilegal, devendo ser desfeito.


f. Incomunicabilidade do preso: O art. 21 do CPP diz a respeito da
incomunicabilidade do preso, sendo que o prezo pode permanecer inco-
municável pelo prazo de até 3 dias e, ainda, que esta incomunicabilidade
do preso não alcança seu advogado, sendo que este pode ter acesso ao
ser cliente.
15

g. O art. 21 do CPP possui um erro, pois quando cita o art. 89 do estatuto


da OAB, deveria se referir ao art. 7º da lei 8.906/94.
h. Existe uma polêmica na doutrina, acerca deste artigo, a respeito de sua
constitucionalidade, sendo que existem duas correntes: uma delas, a ma-
joritária, entende que este artigo é inconstitucional, pois afronta o art.
136, parágrafo 3º, inciso IV da CF; já a corrente minoritária sustenta sua
constitucionalidade, fundamentando que a CF, no art. 136, só veda a
incomunicabilidade em casos especiais, portanto poderia haver esta si-
tuação.

5. Formas de instauração do inquérito policial

5.1 Apresentação

Neste ítem vemos as formas de instauração inquérito policial, bem como a


questão da suspeição do delegado de policia.

5.2 Síntese

a. Formas de instauração de inquérito policial: quando falamos de forma,


em regra, estão previstas no art. 5º do CPP e são, basicamente, cinco
formas: mediante portaria ou de ofício; em crimes de ação penal pública
condicionada; requisição da vítima ou de seu representante, em ação
penal de iniciativa privada; requisição do magistrado ou do representante
do MP e; quando há a lavratura do auto de prisão em flagrante.
b. Mediante portaria, de ofício ou mediante notícia criminis: esta forma só
é possível em relação aos crimes de ação penal pública incondicionada,
sendo que aqui a autoridade recebe a informação da pratica do crime e
verificando que existe um mínimo indicio da pratica do crime ela deverá
instaurar o inquérito, podendo obter esta notícia pela vítima, terceiros,
Direito Processual Penal

televisão, etc.
c. Em crimes de ação penal pública condicionada: será mediante represen-
tação da vítima ou de ser representante legal ou mediante requisição do
ministro da justiça, para crimes praticados contra honra do presidente
da república ou chefe de governo estrangeiro e crimes praticados por
estrangeiro, contra brasileiro, fora do território nacional. Aqui o prazo
16

decadencial é de seis, para a representação, contado a partir do conheci-


mento da autoria delitiva (art. 38 do CPP).
d. Em relação à requisição do ministro da justiça, não existe prazo previsto
em lei, podendo fazer enquanto não se verifica a prescrição.
e. Mediante requisição da vítima ou de seu representante em ação penal de
iniciativa privada: alguns crimes só pode se proceder se a vítima se mani-
festar, sendo que aqui a vítima deve requerer ao delegado a instauração
do inquérito.
f. Requisição do magistrado ou do representante do MP: aqui ocorre o re-
querimento do inquérito em casos onde o magistrado ou o representante
do MP tenha contato com o fato, por exemplo, em um caso de falso
testemunho. Neste caso não se considera um requerimento e sim uma
requisição, não podendo, em regra, que a autoridade discorde da decisão.
g. Quando há lavratura do auto de prisão em flagrante, também conhecido
como cognição coercitiva: aqui, simplesmente, lavrado o auto de prisão
em flagrante está instaurado o inquérito policial.
h. Em relação à suspeição do delegado de policia, demonstrado no art.
107 do CPP, ninguém poderá arguir a suspeição do delegado de policia,
sendo que somente ele pode reconhecê-la, de ofício, já porque no inqué-
rito policial não há acusação formal.
Direito Processual Penal
Capítulo 2

Ação Penal

1. Espécies e princípios

1.1 Apresentação

Neste ítem iniciamos o estudo da ação penal, observando duas espécies e prin-
cípios.

1.2 Síntese

a. Esta matéria é encontrada nos artigos 24 a 62 do CPP e 100 a 106 do CP,


bem como no art. 129 da CF e súmulas, 608, 609, 696 e 714 do STF e
234 do STJ.
18

b. Não há diferença entre as ações penais, mas existe diferença entre sua
titularidade, sendo assim existe duas espécies: iniciativa pública e inicia-
tiva privada.
c. Iniciativa pública é subdividida em: ação penal pública incondicionada
e condicionada.
d. Iniciativa privada é subdividida e: iniciativa privada exclusiva, personalís-
sima e subsidiaria da pública.
e. A ação penal pública incondicionada ocorre quando a lei, o tipo penal
ou o capítulo que tratam daquele crime, ficam em silêncio sobre a ação
penal, significando que no silêncio, será ação penal pública incondicio-
nada, não se imposto qualquer requisito.
f. Ação penal pública condicionada ocorre quando a lei, expressamente
estabelece que aquele crime só se procede mediante representação da
vítima ou de seu representante legal, ou ainda condicionada a requisição
do ministro da justiça que ocorre em duas hipóteses: crimes cometidos
contra honra do presidente da república ou de chefe de governo estran-
geiro e quando o crime é cometido por estrangeiro contra brasileiro fora
do território nacional.
g. A ação penal pública, como um todo, possui princípios que são: princípio
da obrigatoriedade, indisponibilidade, intransigência e indivisibilidade.
Pode-se citar também o princípio da oficialidade, mas não é pacifico na
doutrina.
h. Princípio da obrigatoriedade: o membro do MP está obrigado a oferecer
a ação penal quando entender que estão presentes indícios de autoria ou
prova da existência do crime suficiente.
i. Princípio da indisponibilidade (art. 42 do CPP): após o oferecimento da
denúncia o membro do MP não pode desistir da ação penal.
j. Princípio da intranscendência: a ação penal só pode ser oferecida contra
aquele indivíduo que de alguma forma participou daquele crime.
k. Princípio da indivisibilidade: o membro do MP pode oferecer a denún-
cia contra um dos autores, não oferecendo contra outros, quando não
houver provas suficientes, mas após obter ira oferecer denúncia.
l. Princípio da oficialidade: existe um órgão oficial que deve oferecer a de-
núncia, ou seja, o MP (art. 129, inciso I da CF e 157 do CPP).
Direito Processual Penal
19

2. Ação penal pública condicionada

2.1 Apresentação

Neste ítem, continuando com o estudo das ações penais públicas, veremos a
ação penal pública condicionada.

2.2 Síntese

a. Como vimos, a ação penal pública condicionada pode ser: condicio-


nada a representação da vítima ou seu representante legal e mediante
requisição do ministro da justiça, em casos de crimes contra a honra do
presidente da república ou chefe de governo estrangeiro, ou ainda em
crimes cometidos por estrangeiros contra brasileiros fora do território na-
cional.
b. Em relação à representação, a lei deve impor ela e é uma hipóteses ou
condição especial para o oferecimento da denúncia, condição de proce-
dibilidade, assim, sem ela o MP não poderá oferecer a denúncia.
c. O prazo para a representação é de seis meses (art. 38 do CPP e 103 do
CP), contados do conhecimento da autoria delitiva (e não do fato). Este
prazo é conhecido como prazo decadência, ou seja, sua não observância
importa a decadência, que é causa extintiva de punibilidade, nos termos
do art. 107, inciso IV do CP.
d. Havendo a representação, esta não vincula o membro do MP a oferecer
a denúncia, sendo que o critério de oferecimento é do representante do
MP, já que esta é somente uma condição da ação penal.
e. Quem representa, também pode se retratar da representação, que pode
ocorrer até antes do oferecimento da denúncia (art. 25 do CPP).
f. Observação: em se tratando de crime praticado em violência domestica
e familiar, contra a mulher, que sejam de ação penal pública condicio-
nada, a retratação pode ocorrer até antes do recebimento da denúncia,
Direito Processual Penal

em audiência própria, perante o juiz, para preservar a mulher (art. 16 da


lei Maria da Penha, 11.340/06).
g. Quando falamos da representação, em relação ao menor de idade, não se
tem capacidade de representar, desta forma será feito pelo representante
legal, mas no caso de conflito de interesses, entre a vítima e o repre-
20

sentante legal, para a vítima será nomeado curador especial, que não
necessita ser advogado e quando nomeado não tem a obrigação de ofere-
cer a representação (já que tem apenas o interesse de defender a vítima),
por força do art. 33 do CPP.
h. Na ação penal pública condicionada a requisição do ministro da justiça,
não se tem prazo, podendo ser feita a qualquer momento, desde que ob-
servado o prazo prescricional do crime. Há uma discussão doutrinária a
respeito da retratação no caso de requisição do ministro da justiça.
i. O STJ e o STF nunca adentraram no tema, sendo assim há duas corren-
tes doutrinárias, uma entender a possibilidade da retratação da requisição
e a outra entende que não, por falta de previsão legal. Pensando em bene-
ficio do réu a melhor corrente seria a que permite a retratação.

3. Denúncia

3.1 Apresentação

Neste ítem iremos estudar a denúncia, observando os prazos e requisitos desta.

3.2 Síntese

a. A denúncia é a petição inicial da ação penal, conhecida também como


exordial acusatória, ou seja, é a peça que da inicio a ação penal pública,
seja condicionada ou incondicionada.
b. Esta denúncia deve conter requisitos ou elementos obrigatórios e caso
na os observe, ira ocorrer à rejeição liminar, ou seja, não será aceita por
inépcia.
c. Os requisitos necessários estão previstos no art. 41 do CPP e são: exposição
de fato criminoso (com todas suas circunstâncias); efetuar a qualificação
do acusado ou então esclarecimentos que possam individualizar esta pes-
Direito Processual Penal

soa (ex. primeiro nome e apelido); classificação do crime (tipo penal que
se imputa ao indivíduo.
d. É necessário descrever o fato de maneira mais específica possível, para
não ocorrer à denúncia genérica, ou seja, deve-se buscar uma individua-
21

lização de cada conduta. A denúncia genérica deve ser rejeitada, por foca
de jurisprudência do STF.
e. Na denúncia devem ser arrolada também as testemunhas de acusação e
não o fazendo incidira a preclusão, podendo após o magistrado ouvi-las
como testemunhas do juízo, a cargo do magistrado.
f. A denúncia tem prazo, momento para ser oferecida e este prazo, em
regra, é previsto no CPP, que prevê prazos no art. 46. Os prazos variam se
o acusado está preso ou solto, preso o prazo é de cinco dias, estando solto
o prazo é de quinze dias.
g. Estes prazos são conhecidos como prazos impróprios, já que sua perda
não gera a preclusão, ou seja, não gera perda do direito de oferecer a
denúncia, podendo o MP fazê-la até conhecida a prescrição do crime,
surgindo apenas à possibilidade da vítima propor a ação penal privada
subsidiaria da pública (art. 5º e 59 da CF, 29 do CPP e 100, parágrafo 3º
do CP).
h. Há leis especiais que prevê prazos especiais para o oferecimento da de-
núncia, como, por exemplo, a lei de drogas (11.343/06), onde o prazo
é de 10 dias, independente de o indivíduo estar preso ou solto (art. 54).

4. Ação penal de iniciativa privada, princípios


e causas extintivas da punibilidade

4.1 Apresentação

Neste item veremos ação penal de iniciativa privada, princípios e causas extin-
tivas da punibilidade

4.2 Síntese

Prinicípios:
Direito Processual Penal

»» Conveniência ou oportunidade
É aquele princípio em que a vítima titular da ação, poderá ou não oferecer a
inicial, a chamada queixa crime. Mesmo que existam indícios suficientes de autoria
22

ele poderá optar por oferecer ou não a queixa crime. Isso porque a ação é de inicia-
tiva privada. Se a vítima entende que é conveniente a ação penal oferece a queixa
crime, se não, não a faz.

Causas extintivas da punibilidade que possibilitam exercer o princípio da


conveniência:
»» Renúncia: abdicando do direito de oferecer a queixa crime. A renúncia ao
direito de queixa pode se der de duas maneiras:
»» Expressa ou Tácita: A primeira é quando a renúncia é explícita e de-
clarada. Já a tácita, o indivíduo não declara a vontade de renunciar,
mas significa à prática de atos incompatíves com o interesse de oferecer
a queixa crime. Ex. Casar com aquele que cometeu o crime contra a
minha pessoa. Decadência: é o não oferecimento da queixa- crime no
prazo legal. Art. 107, IV CP. Em regra o prazo será de 6 meses do conhe-
cimento da autoria delitiva.
»» Disponibilidade
Já conhecia a autoria, mas após oferecer a queixa crime desisto de prosseguir
com a queixa crime já oferecida.

Causas extintivas da punibilidade que possibilitam exercem o principio da


conveniência:
»» Perdão do ofendido aceito
»» A vítima perdoa e o autor do crime aceita esse perdão. É um ato bilateral
precisa de manifestação dos dois lados.
»» Atenção: o perdão pode ser expresso ou tácito, bem como a aceitação do
perdão.
»» Perempção: não fazer aquilo que deveria ser feito. É o desleixo. Art. 60 CPP.
»» Intrasmissibilidade ou instranscendencias ou pessoalidade
»» Só pode oferecer queixa crime contra aquele que contribui de certa
forma para a prática do crime.
»» Indivisibilidade
»» A vítima deve oferecer a queixa crime contra todos aqueles que prati-
caram um delito e o MP vai zelar pela indivisibilidade. A vitima deve
oferecer a queixa contra todos aqueles que cometeram o crime. Não
pode deixar ninguém de lado. ART 48 CPP.
Direito Processual Penal
23

5. Ação penal de iniciativa privada,


espécies e prazos.

5.1 Apresentação

Nessa unidade falaremos da ação penal de iniciativa privada, suas espécies e


seus prazos.

5.2 Síntese

Exclusiva: ela é a regra entre as espécies.


O artigo de lei, ou as disposições finais do capítulo tratará que esse crime, ou
capítulo se processará mediante queixa. Quando assim determinar significa que o
crime é de ação penal privada exclusiva. Ex. Crimes contra honra: calúnia, difama-
ção, injúria art 145 CP. Prazo 6 meses contados a partir do conhecimento da autoria
delitiva. Não esquecer que o prazo penal conta o dia do começo e não conta o dia
do final: Conhecimento da autoria delitiva em 10 de janeiro, vencimento do prazo
9 de julho.

Personalíssima
Atualmente, no Brasil, apenas o crime de induzimento de erro essencial ou
ocultação de impedimento para casamento será processado por Ação Penal Privada
Personalíssima. Art 236 CP
Prazo 6 meses, mas só o cônjuge enganado poderá oferecer a queixa crime.
Atenção 6 meses contados do trânsito em julgado da sentença anulatória no juízo
civil!

Subsidiária da pública
O crime era de Ação Penal Pública e o MP não se manifestou no prazo legal.
Direito Processual Penal

No prazo do oferecimento da denúncia o Promotor de Justiça deve:


24

a. Oferecer a denúncia
b. Pedir arquivamento do IP
c. Requerer novas diligências, apontando quais.

»» Se no prazo de oferecimento da denúncia o MP ficou inerte surge à possibili-


dade da ação penal privada subsidiária da pública. Art. 5, Lix cf. Art. 29 Cpp.
Art 100 §3º cp. Prazo 6 meses contados da data final que o mp tinha para
oferecer a denúncia. Ex. MP tinha 15 dias para oferecer denúncia, se assim
não fez o 16º dia será o primeiro dia do prazo para oferecer queixa para ação
penal privada subsidiária da pública.
Direito Processual Penal
Capítulo 3

Jurisdição e Competência

1. Diferenças entre jurisdição e competência,


competência absoluta e relativa

1.1 Apresentação

Nessa unidade de estudaremos jurisdição e competência

1.2 Síntese

Arts. 102 105 e 109 da CF


Arts. 69 a 91 CPP
A princípio é importante entender a diferença entre a jurisdição e a competência.
26

Jurisdição:
É a função do Estado de aplicar a lei ao caso em concreto, dar uma solução justa
e certa à lide apresentada. Todo magistrado possui jurisdição, a capacidade de julgar.

Competência:
Limite da jurisdição, ela delimita a jurisdição. Mostra até onde o magistrado
pode agir, até onde o magistrado pode julgar. Ex. O magistrado de 1ª instância pode
julgar o furto da cidade, mas esse mesmo crime não pode ser julgado originaria-
mente pelo STF, claro, se esse agente criminoso for um cidadão comum.

Competência absoluta Competência relativa

» matéria de interesse público » matéria de interesse privado

» se desrespeitada gera incompetência » se desrespeitada gera incompetência


absoluta relativa

» pode ser reconhecida a qualquer momento, » não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz.
inclusive de ofício pelo juiz.
» tem momento para ser arguida, prazo
» quem é absolutamente incompetente
NUNCA será competente
» súmula 33 STJ

» não há a aplicação da prorrogação de


» aceita o instituto de prorrogação de
competência
competência

» Exemplos:
» um magistrado que é relativamente
incompetente, se essa incompetência não
» competência em razão da natureza for arguida em prazo oportuno, ele passa a
da infração ou competência racione ser competente.
materiae
» Exemplos
» competência em razão de prerrogativa
de função ou racione personae
» competência pelo lugar da infração ou
racione loci.

» competência pelo domicílio ou residência


do réu

» competência por distribuição ou


prevenção.
Direito Processual Penal
27

2. Critérios para fixação da competência I

2.1 Apresentação

Nessa UE trataremos dos critérios para fixação de competência

2.2 Síntese

Art 69 CPP
Atenção cada inciso desse artigo tem um artigo posterior que o explica. A fixação
da competência não acompanha a letra da lei, ou seja, não seguem a disposição do
Art. 69 CPP. EX. Uma infração penal é cometida, como fixamos a competência?
Primeiro analisamos as competências absolutas e depois as relativas.

Matéria (racione materiae) competência pela


Competência natureza da infração ou competência de justiça
Absoluta
Prerrogativa de função (racione personae)

Matéria:
»» Justiça especializada:
»» Militar
»» Eleitoral
Primeiro analisa a matéria e se ela é da justiça especializada.
»» Justiça comum:
»» Federal ou distrital para o DF
»» Afrontou-se interesse da união, autarquias, empresas públicas federais,
praticado por ou contra funcionário público federal no exercícios de
suas funções. ART. 109 CF
»» Estadual
»» Os casos que não for da Federal será da Estadual.
Direito Processual Penal

Prerrogativa de função
Pessoas que dependendo do cargo que ocupam, serão processadas e julgadas por
determinado tribunal. EX. Juiz é processado originalmente perante o TJ, o desem-
bargador é julgado originariamente pelo STJ, ministro é julgado originariamente
pelo STF.
28

3. Critérios para fixação de competência II

3.1 Apresentação

Nessa UE falaremos da competência relativa e seus critérios de fixação de com-


petência

3.2 Síntese

Competência absoluta:

1. 1. Racione materiae: competência de justiça: - justiça especializada; - justiça


comum
2. 2. Racione personae: prerrogativa de função: Vamos supor que o crime seja
competência da justiça comum, e não haja prerrogativa de função, precisa-
mos saber qual o local, o foro que será processado e julgado aquele crime,
aquele delito, qual comarca, etc.

Critério de fixação de competência relativa

1. Competência pelo lugar da infração ou racione loci: Deve-se analisar onde o


crime foi consumado para sabermos ou onde crime será processado e julgado.
»» Competência pelo domicílio ou residência do réu
»» Se ignorado o lugar da infração o processo deverá ocorrer no lugar do
domicílio ou residência do réu: - quando numa mesma Comarca houver
mais de um juiz competente para julgamento do processo ocorrerá a:
2. Competência por distribuição
Em regra cada inquérito ou cada processo será distribuído para um juiz para que
não haja acúmulo de serviços
3. Prevenção
A Súmula 706 do STF estabelece que a prevenção é uma forma de competência
Direito Processual Penal

relativa. A prevenção só será utilizada quando houver dúvidas em relação às demais


competências relativas: lugar da infração, domicílio do réu, distribuição. Só acon-
tece nas hipóteses de competência relativa.
29

OBS: Já foi questão da OAB esse assunto. Só será utilizada a prevenção quando
tiver dúvidas nas outras competências, nunca será assinalada a alternativa para pre-
venção nas hipóteses de competência absoluta.

4. Competência da natureza de infração

4.1 Apresentação

Nessa UE trataremos pela competência da natureza da infração, a racione


materiae.

4.2 Síntese

A competência pela natureza da infração faz parte da competência absoluta,


quem é incompetente absoluto será sempre incompetente. Uma vez absolutamente
incompetente sempre absolutamente incompetente. Essa incompetência será reco-
nhecida a qualquer tempo, inclusive de ofício pelo magistrado.
Vamos determinar qual justiça será usada:

»» Justiça especializada
a. Militar
b. Eleitoral
»» Justiça Comum
a. Federal
b. Estadual
c. Aqueles do DF, a justiça é Distrital

Militar que mata outro militar


Em regra será julgado plea Justiça militar, desde que se adeque ao CPM.
Decreto lei 1001⁄69
Direito Processual Penal

Miitar que dolosamente mata civil


A competência não é de a Justiça Especializada Militar, mas sim da justiça
comum.
30

Vai depender de quem foi morto para ser Estadual ou Federal, só será federal se
a vítima for funcionário público federal no exercício de suas funções. Apesar de não
ser comum existe Júri Federal.

Militar que com a arma da corporação, fora de serviço, comete crime.


A competência é da justiça comum. Isso porque não se trata de um crime militar
próprio, ou seja, não está previsto no Código Penal Militar.
Cuidado! Esse crime já foi da justiça militar, mas não é mais. Não está mais
previsto no CPM.

Lei 9299⁄96

Crime cometido contra indígena


Em regra são crimes da justiça comum ESTADUAL.
Súmula 140 STJ
Informativo 434 STF
»» se o crime envolver os interesses indígenas de maneira coletiva a competência
será da justiça comum federal- art 109, IX CF

Crimes de sociedade economia mista


Ex. Banco do brasil
A competência é da Justiça Comum Estadual
Súmula 42 STJ.

Contravenções penais
Todas as Contravenções penais serão processadas e julgadas na justiça comum
estadual, mesmo que praticada contra entes Federai.
Súmula 38 STJ e ART 109, IV CF

Crimes conexos entre justiça federal e justiça estadual


Prepondera a Justiça Federal
Súmula 132 STJ

Concurso entre justiça especializada e comum


Os processos serão separados.
Direito Processual Penal
31

5. Competência por prerrogativa de função

5.1 Apresentação

Nessa UE a competência pela prerrogativa de função será a abordada

5.2 Síntese

A prerrogativa de função também é conhecida como racione personae, ou foro


especial por prerrogativa de função. Algumas pessoas no Brasil serão processadas e
julgadas em foros especiais, em razão do cargo que possuem.

STF art. 102 CF


Serão julgados originariamente pelo STF:
1. Executivo:
»» Presidente da República
»» Vice Presidente da República
»» Advogado geral da União
»» Ministros de Estado
»» Presidente do banco Central
2. Legislativo
»» Membros do Congresso Naciola: Senadores e Deputados federais.
3. judiciário
»» Ministros dos Tribunais Superiores, STF, TST, STM, STJ.
4. outros
»» Procurador Geral da República
»» Comandante das forças armadas
»» membros do TCU
»» Chefe de missão Diplomática de caráter permanente

STJ
Direito Processual Penal

1. Executivo
»» governadores dos estados e do DF
2. Legislativo
O STJ não tem competência para julgar ninguém do legislativo.
32

3. Judiciário
Membros dos tribunais, ou seja, os desembargadores, TJ, TRE, TRT, TRF.
4. Outros
»» membros do Tribunais de Contas, dos estados, DF e municípios.
»» membros do Ministério Público da União que atuam perante Tribuanis fe-
derais.

Tribunais
1. Executivo
»» Prefeitos municipais
»» Vice Governador
»» Secretários de estado
2. Legislativo
»» Deputados estaduais e distritais
3. Judiciario
»» Magistrados, juízes em geral que atuam em primeira instância.
4. Outros
»» Membros do Ministério Público.

Atenção!
Se um juiz de primeira instância praticar crime em concurso com ministro do
STJ, o juiz será também julgado pelo STF. Aquele que tem a prerrogativa de função
maior leva o outro para ser julgado no tribunal de origem. Quando as pessoas dei-
xam aquelas funções acaba a prerrogativa de função e os processos serão julgados em
instância normal. Quando um cidadão comum comete crime com alguém que tem
prerrogativa de função será também levado ao tribunal especial para evitar soluções
conflitantes.

6. Competência pelo lugar da infração

6.1 Apresentação
Direito Processual Penal

Nessa UE trataremos a competência pelo lugar da infração


33

6.2 Síntese

É uma hipótese competência relativa, se desrespeitada gera incompetência re-


lativa. Tem momento certo para ser arguida e não pode ser reconhecida de ofício
pelo juiz.

»» Súmula
»» 69, I CPP
»» 70 CPP
»» 71 CPP

Segundo o CPP, o lugar da infração será onde o crime foi consumado. Isso por-
que aplica-se a TEORIA DO RESULTADO. A jurisprudência abre uma exceção
para os crimes dolosos contra a vida, onde a conduta é praticado em uma cidade
e o resultado em outro, o processo e julgamento ocorrerá na cidade onde ouve a
conduta. Ex atiro em alguém na cidade A, esse alguém é transferido para a cidade
B e falece na cidade B. O resultado ocorreu na cidade B. Nesses casos o crime será
processado e julgado em plenário do Júri e por isso a exceção, as provas, testemunhas
estão na cidade A, a facilidade é maior. No caso de crime tentado, praticado no ter-
ritório de várias Comarcas, será competente a Comarca onde foi praticado o último
ato executório. Na lei 9099⁄95 (JECRIM). Art. 63 Estabelece que a lei 9099⁄95 traz
como escolher a competência.
Corrente 1- Teoria da atividade
Como temos o verbo praticar, traz a conduta. Capez, Ada Pellegrini
Corrente 2- Teoria ubiquiade⁄mista
A lei reconheceria como lugar da infração tanto o lugar da conduta, como do
resultado.
Guilherme Nucci e Mirabette.
Corrente 3- Teoria do resultado
Para os atos infracionais, o ECA, no art. 147, adota a teoria da atividade. É impor-
tante lembrarmos que na duvida entre um limite territorial e outro será competente
a comarca que primeiro tomar conhecimento do fato, competência por prevenção.

Exercícios
Direito Processual Penal

2. Qual a competência no caso de estelionato mediante fraude com pagamento


de cheque sem provisão de fundos?
3. Qual a competência nos crimes falimentares?
34

7. Competência pelo domicílio ou residência


do réu e competência por distribuição

7.1 Apresentação

Competência por domicílio ou residência do réu

7.2 Síntese

Somente quando for ignorado o lugar da infração. Por isso é reconhecido como
foro subsidiário ou foro supletivo, ou foro optativo.
Sabendo quem cometeu o crime, mas não sabendo onde ele foi cometido, a
competência será do foro do lugar da residência ou domicílio do réu.

Art. 72 CPP
Quando o réu possuir mais de uma residência competente para processar e
julgar essa infração será competente a comarca do lugar que primeiro tomar
conhecimento do fato.
Prevenção Art. 72 § 1º
Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela pre-
venção. Se o réu não tiver residência certa, ou a residência for ignorada, ou
até mesmo se o paradeiro do indivíduo for ignorado, novamente teremos a
prevenção. Temos a hipótese excepcional de escolher o foro.

Foro optativo ou alternativo


Quando tratar-se de crime de Ação Penal Exclusiva.

Art. 73 CPP
Competência por distribuição
Várias varas criminais são competentes. Ocorre uma distribuição igualitária, ou
Direito Processual Penal

seja, não pode atribuir todos os crimes para uma única vara criminal. Obs. Alguns
juízes tomam medidas cautelares no curso de inquéritos policiais e nesse caso o juiz
estará prevento. ART. 75, caput e parágrafo único.
35

8. Conexão e continência

8.1 Apresentação

Nessa UE falaremos sobre conexão e continência art. 76 e 77 CPP.

8.2 Síntese

Na verdade não são critérios de fixação de competência, devem ser considerados


hipóteses de prorrogação de competência.

Conexão art 76 CPP


Cada inciso do art. 76 traz uma espécie de conexão
1. Conexão intersubjetiva
a. Por simultaneidade ou ocasional⁄ subjetiva objetiva
b. Por concurso ou concursal
c. Por reciprocidade
2. Conexão objetiva
a. Teleológica
b. Consequencial
3. Conexão intersubjetiva instrumental ou probatória

Art 76, I CPP


Conexão intersubjetiva ocasional
Várias pessoas cometeram o mesmo crime, mas cada uma agiu por si. Ex. Pessoas
que saqueiam um caminhão tombado. O ideal é que todos os crimes praticados por
elas sejam processados e julgados em um mesmo processo.

Conexão intersubjetiva concursal


Vários crimes praticados por várias pessoas, mas elas têm liame subjetivo, uma adere
à vontade da outra para praticar crimes.
Direito Processual Penal

O ideal é que esses crimes, por serem conexos, sejam processados e julgados em um
único processo.
36

Conexão intersubjtiva por reciprocidade


Varias pessoas cometem vários crimes, umas contra as outras. Há uma ele de
ligação entre os crimes. Todos os crimes devem ser julgados e processados em um
único processo.

Art. 76 II CPP
Conexão objetiva teleológica
Praticar uma infração para facilitar outra, matar ao marido para estuprar a es-
posa. Os crimes serão julgados em um mesmo processo.

Conexão objetiva sequencial


Comete crime para ocultar outro, para garantir a impunidade de outro crime.
Ex. Ocultação de cadáver
Em regra, serão julgados e processados em um único processo.

9. Conexão e continência II

9.1 Apresentação

Nessa UE estudaremos a continuação de conexão e continência

9.2 Síntese

Art 76, III CPP


Conexão instrumental ou probatória
A prova de um crime influi na prova de outro crime. Ex. A receptação depende
de um crime anterior, anteriormente eu pratico um furto e esse objeto foi receptado
por alguém. A prova do furto influi na prova da recepção. Ex. 2. O crime de lavagem
de dinheiro precisa de um crime anterior, previsto na lei. Por exemplo, pratico um
crime contra sistema financeiro para praticar a lavagem, esses dois crimes serão pro-
Direito Processual Penal

cessados e julgados em um mesmo processo, porque um depende da prova do outro.

Continência
Art. 77 CPP
1. 1. Continência concursal ou por cumulação subjetiva
Duas ou mais pessoas orem acusadas pela mesma infração. Concurso de agentes.
37

Ex. Um crime de roubo praticado por dois indivíduos. Vínculo subjetivo entre
os agente, os dois serão processados pela mesma ação penal e serão processados no
mesmo processo.

1. 1. Continência por cumulação objetiva ou em razão de concurso formal


No caso de infração cometida nos artigos 70, 73 e 74 CP. Cuidado, esse artigo é
desatualizado no seu CPP! Concurso formal de crimes; com uma conduta pratica-se
dois ou mais crimes. Em razão dos crimes resultarem de uma só conduta eles serão
processados e julgados em um mesmo processo.

Atenção!
Essa matéria busca a unidade de processo e unidade de julgamento busca o
simultâneo processo
Em caso de conexão enre crimes do júri e varas comuns serão julgados todos os
crimes no tribunal do júri. A conexão e a continência não mudam a competência,
mas sim prorroga a competência.

Direito Processual Penal


Capítulo 4

Procedimentos

1. Rito ordinário – introdução

1.1 Apresentação

Nesta unidade temática veremos os procedimentos do processo penal, e neste


ítem iniciaremos a introdução do rito ordinário.
39

1.2 Síntese

a. O rito ordinário é o rito principal, previsto nos arts. 395 a 405 do CPP.
Aplicado para crimes com pena máxima em abstrato igual ou superior a
quatro anos (art. 394 do CPP). Isto ocorre em regra.
b. Os ritos são regidos pela pana máxima em abstrato aplicado nos casos
concretos.
c. Assim há exceções, no próprio CPP ou em leis especiais, (após 2008),
crimes de competência do júri (sendo igual ou superior a quatro anos e
não possuirão o rido ordinário).
d. O mesmo ocorre na lei 11343/06, (lei de drogas), prevê rito especial para
o crime de trafico de drogas art. 33, pena máxima em abstrato de 15 anos,
sendo que não possui o rito ordinário, já que possui rito especial.
e. O rito ordinário possui alguns atos bases: havendo um fato criminoso que
possui pena máxima em abstrato que seja igual ou superior a quatro anos;
f. Em regra, será apurado por meio de inquérito policial (o inquérito, como
vimos, não é procedimento obrigatório, art. 4º a 23 do CPP);
g. Após teremos a oportunidade de oferecimento de ação penal. (art. 24 a 62
do CPP e 100 a 106 do CP);
h. Rito ordinário – Específicos: Ação penal é endereçada para o magistrado
(quando isto ocorre, o magistrado poderá rejeitar esta ação penal, limi-
narmente, ou não rejeitar, o art. 395 do CPP traz as hipóteses de rejeição
liminar da ação penal (inépcia, falta de pressupostos processuais ou falta
de condições para o exercício da ação penal e falta de justa causa), não
havendo estas causas o magistrado não rejeitará a ação liminarmente.
i. Prevalece na doutrina que após isto, será gerado o recebimento da ação
penal, precedido de decisões (HC 119.226) (HC 138.089), sendo re-
cebida acontece à interrupção do prazo prescricional (primeira causa
interruptiva, art. 117, inciso I do CP, o prazo é zerado e começa a contar
novamente dali em diante).
j. Não cabe recurso da não rejeição liminar da ação, caberá HC e da rejei-
ção caberá rese, art. 581, inciso I, CPP.
Direito Processual Penal
40

2. Rito ordinário – citação e absolvição sumária

2.1 Apresentação

Neste ítem continuamos o estudo do procedimento do rito ordinário.

2.2 Síntese

a. Em continuação, caso o magistrado entenda por bem não rejeitar a ação


penal, ele em sequência determina a citação do acusado (art. 396 e 351
a 369 do CPP), esta citação pode ser feita de três formas, segundo nosso
ordenamento jurídico:
b. Citação pessoal ou real (in facien) é a regra, esta citação é externada atra-
vés de mandado, expedição de carta precatória, rogatória ou ordinatória
de uma instancia superior para uma inferior.
c. Citação ficta ou presumida, citação por edital, será feita quando o acu-
sado não for encontrado, o prazo para este edital ser fixado no fórum e em
jornal de grande circulação é de 15 dias.
d. Citação por hora certa: citação do acusado que se oculta para não ser
citado, assim este será citado por hora certa, o procedimento é o mesmo
adotado no processo civil (arts. 227 a 229 do CPC), não há diferença ou
exceção quanto à forma nestes processos.
e. Assim após este indivíduo ser citado no Brasil por mandado (pesso-
almente) ou ainda citado por edital, comparecendo nos autos (ou
constituindo defensor), ou citado por hora certa, comparecendo nos
autos (ou constituindo defensor) ou não comparecendo, o processo ira
seguir.
f. O réu então é citado para apresentar uma defesa, chamada de resposta
escrita à acusação (art. 396-A do CPP), o prazo é de 10 dias (prazo pro-
cessual contados nos termos do art. 798, parágrafo 1º do CPC e súmula
710 do STF, no próximo dia útil após a citação).
Direito Processual Penal

g. No CPP não interessa a juntada do mandado de citação nos autos, sendo


levada em conta a data da citação.
h. Nesta reposta o acusado pode arguir nulidades, juntar documentos, ale-
gar tudo que interesse para a sua defesa, bem como arrolar testemunhas,
sob pena de preclusão (número máximo de oito testemunhas, no rito
41

ordinário), esta limite de testemunha é relativo para cada fato que o réu
esta sendo acusado (mais de um crime, aumenta o numero).
i. Esta resposta é peça obrigatória e após esta resposta os autos novamente
vão ao juiz, que agora poderá absolver sumariamente (nos termos do art.
397 do CPP), fundamentando nas hipóteses: Excludentes de ilicitude, ti-
picidade ou culpabilidade, salvo a inimputabilidade em razão de doença
mental; ou quando presente causa extintiva da punibilidade, podendo
absolver o acusado ou não. Se for absolvido sumariamente o recurso ca-
bível é a apelação.
j. Importante, quando há absolvição sumária por causa extintiva de punibi-
lidade o recurso é o rese.
k. Quando não há absolvição sumária, não cabe recurso por falta de previ-
são legal, mas cabe HC.

3. Rito ordinário – audiência de


instrução, debates e julgamento

3.1 Apresentação

Neste ítem, continuando o estudo do rito ordinário, veremos a questão da audi-


ência de instrução, debates e julgamento.

3.2 Síntese

a. Audiência regida pelo princípio concentração dos atos processuais. O le-


gislador buscou concentrar todos os atos nesta audiência, em regra.
b. Não havendo a absolvição sumária o magistrado tem o prazo de 60 dias
para realizar esta audiência de instrução, debates e julgamentos (art. 400
do CPP)
Direito Processual Penal

c. Os atos desta audiência são: Sempre que possível inicia-se com os escla-
recimentos da vítima;
d. Na sequência há a oitiva das testemunhas (arroladas pela acusação e após
as da defesa);
42

e. É possível que nesta ordem seja feito a oitiva ou esclarecimentos do pe-


rito, não é regre, mas pode ser feito.
f. Após poderá ser feito o ato de acareação (art. 229 e 230 do CPP);
g. Após, reconhecimento de pessoas e coisas (art. 226 e 228 do CPP);
h. Assim chegamos ao interrogatório do acusado (regidos pelos art. 185 a
196 do CPP).
i. Nesta fase o magistrado abre às partes a oportunidade de requererem
diligências (art. 402 do CPP), sendo que a necessidade desta tem que ser
resultado da própria instrução.
j. Caso a diligencia seja feita em própria audiência, não ter sido requerida
a diligencia ou esta tiver sido rejeitada, teremos a apresentação das alega-
ções finais orais (ou memoriais finais), art. 403 do CPP.
k. Estas alegações finais orais ocorrem da seguinte forma: a alegação tem o
prazo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10 minutos; a defesa tem o
prazo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10 minutos.
l. Havendo assistente de acusação este terá o prazo de apenas 10 minutos,
após a manifestação da acusação, quando isto ocorre, obrigatoriamente a
defesa terá 10 minutos acrescido ao seu tempo.
m. É possível que tenhamos um caso complexo, ou um caso onde há um
grande número de acusados, neste caso será feita a conversão de ale-
gações finais orais em memoriais escritos, havendo a dissolução da
audiência (o prazo é sucessivo de cinco dias para a acusação e mais cinco
dias para a defesa, parágrafo 3º do art. 403 do CPP).
n. Caso as alegações finais sejam orais, em própria audiência o magistrado
deve proferir a sentença, salvo (questão de pode cair na OAB) nos casos
complexos ou quando há grande número de acusados, sendo que o ma-
gistrado tem o prazo de 10 dias após a audiência para fazê-lo.

4. Rito sumário

4.1 Apresentação
Direito Processual Penal

Neste ítem veremos como ocorre o rito sumário, continuando, portanto o estudo
dos procedimentos previsto no processo penal.
43

4.2 Síntese

a. É aplicado aos crimes com pena máxima em abstrato inferior a quatro


anos, porém superior a dois anos (em regra, os inferiores há dois anos o
rito é o sumaríssimo).
b. O rito sumário está previsto nos arts. 531 a 538 do CPP. Obs.: A lei
10.741/03 (estatuto do idoso) possui uma previsão especifica no art. 94.
Aplica-se o procedimento sumaríssimo. Isto já foi declarado pelo STF, no
ano de 2010 como constitucional, o art. 94 do estatuto do idoso, portanto,
é importante para a prova.
c. O rito sumário se assemelha com o rito ordinário, mas tem algumas di-
ferenças:
d. Rito ordinário: testemunhas (máximo oito); 60 dias para realização de
audiência de instrução debate e julgamento; previsão (lei) de pedido de
diligencias; previsão em conversão de memoriais orais para o escrito; há
previsão de sentença posterior a audiência;
e. Rito sumário: testemunhas (máximo cinco); 30 dias para realização de
audiência de instrução debate e julgamento; não há previsão legal de
pedido de diligencias; não há previsão de conversão de memórias orais
em escritos; não há previsão de sentença posterior a audiência;
f. Estas são as diferenças básicas entre os ritos sumários e ordinários.

Exercício
4. Não há previsão de pedidos de diligência, conversão de memoriais e sen-
tença fora de audiência, mas excepcionalmente isto pode acontecer?

5. Rito sumaríssimo – audiência preliminar

5.1 Apresentação
Direito Processual Penal

Neste ítem iniciaremos o rito sumaríssimo, observando em principal sua audi-


ência preliminar.
44

5.2 Síntese

a. O rito sumaríssimo é previsto na lei 9.099/95 e são aplicados as ações


penais de menor potencial ofensivo.
b. Estas infrações penais são: possuem pena máxima em abstrato de até dois
anos; e também as contravenções penais.
c. Obs.: como visto crimes previstos no estatuto do idoso, com pena má-
xima em abstrato de até quatro anos o rito também será o sumaríssimo.
d. O rito sumaríssimo se difere dos demais ritos, já que é regido por prin-
cípios específicos da lei 9.099/95: oralidade, economia processual,
simplicidade, informalidade. A intenção do legislador é que o rito suma-
ríssimo seja mais simples e mais rápido dos outros ritos.
e. Os juizados especiais adotam este rito, pode-se inclusive, adotar os proce-
dimentos no período noturno.
f. Sequência: apuração do Fato (a infração penal é feita por termo circuns-
tanciado, pelos princípios da lei 9.099/95, deve ser terminado se possível
no mesmo dia);
g. Será designada audiência, chamada de preliminar, pois não houve ainda
sequer oferecimento de ação penal, recebe então o nome de preliminar
por este motivo. Com esta audiência se busca alcançar o próprio objetivo
dos JECRIM, que é de se fazer uma composição dos danos civis, e que
seja aplicada uma pena restritiva de direito ou de multa, não sendo a
aplicação de uma PPL, sem que este indivíduo seja condenado.
h. Esta audiência é dividida em atos: 1º tentativa de composição dos danos
civis (em crimes de ação penal pública condicionada ou de iniciativa
privada, gera a extinção da punibilidade do agente); não havendo esta
composição, ou se houve, o crime era de ação penal pública incondi-
cionada, temos o 2º ato, tentativa de transação penal (onde o titular da
ação penal diz: que a ação não será oferecida se o suposto autor do crime
cumprir antecipadamente uma PRD ou pena de multa, se aceita e cum-
prida esta transação o suposto autor do crime não será considerado como
reincidente, contudo não se pode utilizar esta transação nos próximos
cinco anos); não havendo esta transação a audiência finaliza-se com o
oferecimento oral da ação penal e o acusado desta audiência já sai notifi-
cado para a próxima audiência.
Direito Processual Penal

Exercício
5. Composições dos danos civis nas ações penais publicas condicionadas ou
privas extingue a punibilidade do agente?
45

6. Rito sumaríssimo – audiência de


instrução, debates e julgamento

6.1 Apresentação

Neste ítem continuamos o estudo do rito sumaríssimo, observando a chamada


audiência de instrução, debates e julgamento.

6.2 Síntese

a. Continuando com o rito sumaríssimo vamos analisar a chamada audi-


ência de instrução, debates e julgamento, neste rito teremos os seguintes
atos:
b. Nova tentativa de conciliação, a lei diz que haverá esta tentativa, quando
na audiência preliminar não foi possível realizar esta proposta de conci-
liação, na pratica, em regra é uma proposta de suspensão condicional do
processo.
c. Não havendo esta conciliação teremos que o magistrado dará a palavra
para o defensor do acusado, para que este conteste o conteúdo da ação
penal,
d. Após isto, os autos vão para o juiz, que poderá rejeitar a ação penal ou
absolver sumariamente o acusado, ou não rejeitar ou não absolver suma-
riamente o acusado.
e. Caso não haja a rejeição ou absolvição sumária teremos os esclarecimen-
tos da vítima e na sequência a oitiva das testemunhas (primeiro acusação,
após defesa). Quando ao número de testemunha há uma divergência
doutrinaria, sendo que prevalece o número máximo de três para a acusa-
ção e defesa, há esta divergência porque a lei 9.099/95 não trata qual seria
o número de testemunha, a corrente majoritária, aplica este numero por
analogia ao âmbito cível da própria lei que é de três, já a segunda cor-
Direito Processual Penal

rente (minoritária), diz que o número é de cinco, fazendo uma analogia


ao rito sumário, não sendo prevalente.
f. Continuando a audiência, temos o interrogatório do acusado, depois do
interrogatório, já teremos memórias orais.
g. Na sequência o magistrado deve proferir a sentença. Tudo isso deve
ocorrer na audiência, pois o rito é resumido, sumaríssimo, não havendo
46

previsão legal de conversão de memoriais orais em escrito, ou de sen-


tença fora de audiência, isto tudo pelos princípios desta lei.
h. A sentença neste rito dispensa o relatório, para que a resposta seja inda
mais rápida, contra esta sentença cabe recurso: embargos de declaração,
contra sentença obscura, ambígua, omissa, contraditória, caso interposto
o prazo para a apelação (prazo de cinco dias) fica suspenso e não in-
terrompido, e apelação no prazo de 10 dias, sendo que esta apelação é
julgada pelo colégio recursal (juízes da comarca), e nunca o tribunal.

Exercício
6. Na lei 9.099/95 não e possível citação por edital?

7. Rito do especial dos crimes


funcionais afiançáveis

7.1 Apresentação

Neste ítem veremos um rito especial, presente nos procedimentos do processo


penal, relativos aos crimes funcionais afiançáveis

7.2 Síntese

a. Este rito é muito cobrado em provas.


b. Os crimes funcionais afiançáveis (não é crime de responsabilidade do
funcionário público, terminologia incorreta).
c. Primeiramente devemos analisar que crimes funcionais são aqueles
previstos no CP nos arts. 312 a 326 (peculato, corrupção ativa, etc.), ob-
servando quais são afiançáveis, sendo que dentre estes crimes apenas dois
Direito Processual Penal

não são afiançáveis (exceção de exação (316, parágrafo 1º) ou facilitação


de contrabando ou descaminho (318 do CP), sendo inafiançáveis, sabe-
mos isto, pois a pena mínima é de até dois anos).
d. Quando estes crimes funcionais afiançáveis a lei prevê um rito especial,
diferente dos demais, que funciona da seguinte forma.
47

e. Fato (crime funcional afiançável), oferecimento da ação penal, o juiz


determina a notificação do funcionário público para que apresente uma
defesa preliminar no prazo de 15 dias (art. 514 do CPP), está é a diferença
deste rito aos demais, ou seja, esta defesa preliminar, porque se trata do
indivíduo que cometeu o fato é funcionário público, no exercício de suas
funções.
f. Os demais atos deste rito serão os mesmos do rito ordinário.
g. Obs.: Súmula 330 do STJ diz que: “É desnecessária a resposta preliminar
de que trata o artigo 514 do Código de Processo Penal, na ação penal
instruída por inquérito policial”.
h. Assim na ação penal instruída por inquérito policial não necessitará a
apresentação da resposta, vista anteriormente, de modo que o rito será
o rito ordinário, sem alteração alguma. Há julgamentos em contrario a
esta súmula, inclusive em alguns precedentes do STF e, alguns doutri-
nadores.

Exercício
7. Inquérito policial anterior é necessária apresentação da resposta preliminar?

8. Júri: introdução e princípios constitucionais

8.1 Apresentação

Neste ítem iniciaremos o estudo do procedimento pertinente ao júri, observare-


mos agora seus princípios constitucionais.

8.2 Síntese
Direito Processual Penal

a. Veremos agora o procedimento especial do júri, que possui 91 artigos no


CPP, sendo quase um código dentro de outro.
b. Este procedimento é previsto nos art. 406 a 497 do CPP, inicialmente de-
vemos estudar os princípios constitucionais, ligados ao júri encontrados
no art. 5º da CF, inciso XXXVIII e são:
48

c. Plenitude de defesa: quem julga estes crimes são leigos, e então a acu-
sação e defesa poderá utilizar-se de outros elementos que não utilizam
quando o julgador é o magistrado, meta jurídicos ou sociológicos (fotos,
croquis, arma do crime, gestos, gritos, palavras, etc.).
d. Sigilo nas votações: este princípio diz que os jurados não declaram publi-
camente o seu voto, assim quando votam os quesitos apresentados votam
de maneira objetiva, dizendo sim ou não, não fundamentando e nem
declarando seu voto, sendo que este é feito através de uma cédula de
papel opaco, depositados sigilosamente em uma sacola, sendo que eles
votam em uma sala chamada se secreta ou especial onde só tem acesso o
juiz, a acusação, a defesa, o oficial de justiça e o escrivão podem adentrar.
e. Caso no fórum não haja sala secreta os jurados votarão em plenário os de-
mais presentes serão retirados, permanecendo somente quem tem acesso
a sala secreta.
f. Soberania dos veredictos: quando alguém recorre quanto ao conteúdo
da decisão dos jurados, o tribunal que ira julgar este recurso não pode
reformar esta decisão, podendo somente, determinar a anulação do jul-
gamento e remeter o processo a novo julgamento do júri.
g. Assim sendo tem competência mínima para o processo e julgamento dos
crimes dolosos contra a vida, consumados ou tentados e os crimes a eles
conexos.

Exercícios
8. Competência mínima para o processo e julgamento dos crimes dolosos con-
tra a vida, consumados ou tentados e os crimes a eles conexos, assim sendo
quais são os crimes dolosos contra a vida?
9. Poderá um crime não doloso contra a vida pode ser julgado pelo plenário do
júri?
Direito Processual Penal
49

9. Júri: primeira fase do júri/sumário de culpa

9.1 Apresentação

Neste ítem, continuando com o estudo do procedimento do júri, veremos a


primeira fase do tribunal do júri, chamada de sumário de culpa, juízo de acu-
sação ou juízo de admissibilidade de acusação.

9.2 Síntese

a. Esta primeira fase é conhecida como juízo de acusação, ou juízo de ad-


missibilidade de acusação ou sumário de culpa (iudicio accusationis), a
primeira fase está prevista nos arts. 406 a 421 do CPP tem inicio do ato
de oferecimento da ação penal, até a decisão de pronuncia (art. 413),
impronuncia art. 414), absolvição sumária (art. 415) ou desclassificação
(art. 419).
b. Esta fase se assemelha muito com o rito ordinário e segue a seguinte
ordem.
c. Fato (doloso contra a vida); apurado por inquérito policial; teremos a
ação penal; o juiz pode rejeitar liminarmente ou não; não rejeitando
determinará a citação para apresentação de resposta escrita à acusação
(até então os mesmos atos do rito ordinário); se nessa resposta a defesa
arguir preliminares ou juntar documentos a acusação terá prazo de 5
dias para manifesta-se (art. 409); após isto temos o prazo de 10 dias para a
realização de audiência de instrução, debates e julgamento.
d. É importante verificar que nesta audiência os atos são os mesmo do rito
ordinário, sendo que a diferença ocorre ao fim da audiência, sendo que
não há previsão de conversão de memoriais finais orais em escritos, ou
previsão de sentença fora de audiência, (isto já foi questão da OAB, per-
guntando se isto poderia ocorrer, e a resposta é positiva, por analogia
de aplicação do rito ordinário); assim esta decisão ou sentença pode ser
Direito Processual Penal

como vimos de pronuncia, impronuncia absolvição sumária ou desclas-


sificação.
e. A decisão de pronúncia significa que o magistrado admitiu a acusação,
verificou que existem provas da materialidade delitiva e indícios sufi-
50

cientes de autoria e assim remete o indivíduo para ser julgado perante o


plenário do júri, contra esta decisão caberá rese.
f. A decisão de impronúncia ocorre quando o juiz percebe que não há o mí-
nimo de elementos para a pronúncia, os autos serão arquivados e contra
esta decisão é cabível apelação.
g. A decisão de absolvição sumária (art. 415 do CPP) é decisão de mérito
e o recurso cabível é o recurso de apelação, só cabe esta absolvição nos
temos do art. 415.
h. Pode haver a desclassificação quando se observa que o juiz e incompe-
tente para julgar o fato, sendo que esta infração não é, portanto infração
dolosa contra vida, desta decisão caberá rese.

10. Júri: segunda fase do júri/ judicium causae

10.1 Apresentação

Neste ítem, continuando o estudo do procedimento do júri, veremos a segunda


fase, chamada de judicium causae.

10.2 Síntese

a. A primeira fase do júri deve terminar em 90 dias, sob pena de desafora-


mento.
b. A segunda fase é a fase em plenário do júri, chamada de judiciom causae.
c. Esta fase é encontrada nos art. 422 a 496 do CPP, temos o início desta se-
gunda fase com o transito em julgado da decisão de pronúncia e termina
com o julgamento em plenário do júri.
d. Veremos agora os atos que compõe a segunda fase:
e. Primeiramente temos o transito em julgado da decisão de pronúncia e
após teremos a intimação das partes, para que estas apresentem seus re-
Direito Processual Penal

querimentos e arrolem as testemunhas (máximo 5), devendo ser entregue


no prazo de 5 dias.
51

f. Assim os autos vão para o magistrado, que neste momento deverá sanar
eventuais nulidades, esclarecer pontos relevantes para o julgamento e
deverá ainda o magistrado fazer um relatório (a copia da decisão de pro-
nuncia e deste relatório serão entregues aos jurados quando da formação
do conselho de sentença) e após ele determinará data para o julgamento.
g. Do requerimento das partes até o despacho do magistrado chama-se fase
preparatória. Do transito em julgado até a sessão do plenário do júri é
possível se requerer o desaforamento.
h. Aqui se inicia a sessão em plenário do júri, (do transito em julgado até
este momento o prazo máximo é de 6 meses, sob pena desaforamento),
para esta sessão de julgamento as partes não poderão apresentar docu-
mento ou objeto que não tenha sido juntado aos autos com antecedência
mínima de 3 dias úteis antes da data designada para o julgamento (esta
data é designada pelo juiz quando profere o despacho na fase de prepara-
ção). Nesta data, o julgamento só começará caso compareça no mínimo
15 jurados.
i. Existe sempre uma urna geral com nomes de pessoas escolhidas da socie-
dade, desta urna geral haverá um sorteio de 25 nomes, entre o 15º e 10º
dia antes da data da sessão de julgamento, estes nomes serão colocados
em uma urna especifica que só será aberta na data do plenário.

Exercício
10. Esta urna somente será aberta se na sessão do plenário estiverem presente no
mínimo 15 jurados?

11. Júri: escolha dos jurados e


instrução em plenário

11.1 Apresentação
Direito Processual Penal

Neste ítem, continuando o estudo do procedimento do júri, veremos como ocor-


re a escolha dos jurados e a instrução do plenário do júri.
52

11.2 Síntese

a. Continuando com a escolha dos jurados, temos uma urna específica com
os jurados pré-selecionados, que será aberta na data do julgamento em
plenário, sendo que desta urna serão escolhidos sete jurados que irão
compor o chamado conselho de sentença.
b. A escolha destes jurados será feita da seguinte ordem: defesa e acusação.
Assim sorteado nomes as partes se manifestarão nesta ordem, podendo
cada um deles rejeitar até 3 nomes, esta rejeição não necessita ser mo-
tivada, chamada também de rejeição peremptória, e motivadamente
pode-se rejeitar quando acharem necessário.
c. Escolhidos, os jurados prestarão compromisso e receberão uma copia da
decisão de pronúncia e do relatório feito pelo magistrado, sendo que este
ficarão incomunicáveis entre si e com terceiros, sobre as coisas do pro-
cesso, sob pena de nulidade do julgamento.
d. O plenário do júri nada mais é que uma audiência, basicamente a que
vimos no rito ordinário, funcionam da seguinte forma: sempre que possí-
vel a oitiva da vítima (crime tentado ou conexo); oitiva das testemunhas
(máximo de 5); oitiva e esclarecimento dos peritos; acareação; reconhe-
cimento de pessoas e coisas; ao final haverá o interrogatório do acusado,
sendo que neste fase há uma observação: quando as partes (acusação e
defesa) formulam perguntas para as testemunhas ou acusados, estas per-
guntas são feitas diretamente (divergindo do procedimento ordinário)
este sistema é chamado de “cross examination”.
e. Outra observação é que quando são os jurados que vão formular per-
guntas para as testemunhas ou acusados as perguntas dos jurados são
chamadas de perguntas do sistema presidencialista ou presidencial, ou
seja, devem perguntar para o juiz presidente do júri, que formula as per-
guntas para as testemunhas ou acusado.
f. Após o interrogatório teremos o início dos debates orais, que serão rea-
lizados da seguinte maneira: primeiro acusação (1h e 30 minutos), após
defesa (1h e 30 minutos), após a acusação poderá falar em replica de
(1h) e a defesa em treplica também de (1h), contudo verificando que
há mais de um acusado, sendo julgado, o tempo aumenta em (1h), ou
seja, acusação (2h e 30 minutos), defesa (2h e 30 minutos), replica (2h)
Direito Processual Penal

e treplica (2h).
g. Caso haja mais de um acusado com mais de um defensor eles deverão
convergir sobre o horário, caso não ocorra o juiz presidente fará a divisão
deste horário, já que todos os defensores devem se manifesta dentro da
2h e 30 minutos.
53

12. Júri - segunda fase: quesitos/questionário

12.1 Apresentação

Neste ítem continuamos com a segunda fase do procedimento do tribunal do


júri e veremos agora como ocorre à formação dos quesitos.

12.2 Síntese

a. Quando falamos em quesitos ou questionários, deve-se lembrar que em


plenário do júri a acusação não pode formular quesitos além do conteúdo
da decisão de pronuncia, estando limitada a este conteúdo da decisão de
pronuncia. Assim se o acusado foi pronunciado por homicídio simples,
não poderá ser formados quesitos de homicídio qualificado, por exemplo.
b. A acusação e defesa estão proibidos de fazer menção sobre o conteúdo da
decisão de pronúncia sob pena de nulidade.
c. Finda à instrução no júri o magistrado indagará aos jurados se possuem
duvidas, e assim caso não tenha, o magistrado fará a leitura dos quesitos
no plenário do júri e após os explicará, não restando dúvida os jurados
são recolhidos a sala secreta para a votação, recebendo cédulas de papel
opaco, uma que diz sim outra não e assim serão respondidos os quesitos.
d. Assim segundo o art. 483 do CPP, o primeiro quesito é o da materia-
lidade, votando sim, a quesitação continua, pois caso o contrário eles
reconhecem a inexistência do fato e assim, estaria finda a quesitação.
e. Votando sim o próximo quesito é o da autoria (se o acusado é o autor do
delito). Se por maioria de voto os jurados votarem sim a quesitação conti-
nua, porém caso votarem não, acaba a quesitação, pois estão absolvendo
o réu por negativa de autoria.
f. Continuando temos a votação do quesito referente à absolvição (se ab-
solvem ou não o acusado), caso absolvam por maioria tem-se novamente
Direito Processual Penal

finda a quesitação, pelo acusado estar absolvido. Caso não absolvido o


acusado estará condenado, continuando a quesitação.
g. Temos então o quesito de qualificadoras que tenham sido reconhecidas
na pronúncia.
54

h. Só se fala nestes quesitos, portanto, se reconhecidas na decisão de pro-


núncia, qualificadoras e de causa de aumento de pena, só podem ser
feitos se reconhecido na decisão de pronuncia, as causas de diminuição
de pena pode ser feita se alegado pela defesa nos debates orais, a decisão
de pronuncia não reconhece causas de diminuição de pena.
i. Os jurados para todos os quesitos no Brasil votam por maioria de votos,
ou seja, assim o magistrado não poderá dizer que o julgamento foi por
unanimidade, mesmo que tenha sido por unanimidade o juiz não lê
todas as cédulas.
j. Assim o juiz presidente profere a sentença, respeitando o sistema trifá-
sico.
k. Assim sendo a sentença absolutória ou condenatória esta será publicada
em plenário do júri, sendo lida pelo juiz, sendo que as partes saem de lá
devidamente intimadas.
l. Os jurados que participam do conselho de sentença ficam excluídos da
próxima lista geral de jurados.
Direito Processual Penal
Capítulo 5

Provas

1. Fatos que dependem de prova e


sistemas de apreciação da prova

1.1 Apresentação

Neste ítem veremos a questão dos fatos que não dependem de prova, bem como
o sistema de apreciação da prova.

1.2 Síntese

a. Veremos os sistema de apreciação de provas e os fatos que não dependem


de provas.
56

b. No processo penal a base é o da busca da verdade real, sendo que se


busca a verdade dos fatos que foram praticados, contrario ao processo
civil que busca uma realidade formal, mesmo assim no âmbito penal
existem alguns fatos que não necessitam de prova e são: fatos notórios ou
evidentes (isto porque é um fato de amplo conhecimento público, assim
a convicção já esta formada); os fatos que contém a chamada presunção
absoluta também não necessitam ser objetos de provas, sendo que estes
decorrem de lei (ex. menos de 18 anos é plenamente inimputável); fatos
inúteis (fatos irrelevantes ou impertinentes); fatos impossíveis, não neces-
sitam ser provados, pois por si só causa aversão ao espírito de uma pessoa
comum, com o mínimo de esclarecimento.
c. Os fatos que necessitam de provas no processo penal são todos os outros
que não os quatro anteriormente mencionados.
d. Sempre cai em provas da OAB a questão do fato incontroverso, ou seja,
admitido pela acusação e defesa como verdadeiro, ainda sim deverá ser
provado, pois o magistrado não esta vinculado a ideia das partes, e assim
deve buscar a verdade real.
e. Para apreciar as provas existem os sistemas de apreciação de prova, o sis-
tema regra é o sistema do livre convencimento motivado ou sistema de
persuasão racional, neste sistema o magistrado aprecia a prova de maneira
livre, sem estar vinculado a qualquer outra coisa, necessitando somente
que fundamente esta decisão (art. 155 do CPP).
f. Existem outros sistemas excepcionais de apreciação, temos o chamado
sistema da intima convicção do julgador (aplicado ao júri, relativo que
sua decisão não necessita motivação) e da prova legal, também conhe-
cido como tarifado, ocorre porque a lei define como a prova tem que ser
feita em determinada citação, ex. prova da morte, que tem que ser feita
por meio de certidão de óbito (art. 62 do CPP).

2. Ônus da prova e prova emprestada

2.1 Apresentação
Direito Processual Penal

Neste ítem, continuando o estudo das provas, veremos como ocorre o ônus da
prova e a prova emprestada.
57

2.2 Síntese

a. O ônus da prova esta previsto no CPP, mas a prova emprestada não.


b. O ônus da prova, segundo a melhor doutrina, a parte terá a faculdade de
provar o que alegou.
c. Pelo próprio procedimento do CPP quem alega primeiro é a acusação e
após a defesa, em regra quem alega deve provar, mas isto não vincula que
o ônus da prova é da alegação.
d. Em regra a acusação deve provar a autoria e a materialidade delitiva, algo
básico, já a defesa terá o ônus da prova somente se alegar fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor. Ex. o defensor e o acusado
deverão provar, quando alegam, uma excludente de ilicitude como a le-
gitima defesa, uma excludente de culpabilidade ou mesmo uma causa
extintiva de punibilidade.
e. O plano de fundo do ônus da prova ainda é o princípio da verdade real,
e assim o magistrado poderá de ofício realizar prova antes mesmo de
iniciada a ação penal, segundo o art. 156 do CPP.
f. Se a defesa não conseguir provar o que alegou, mesmo assim o réu pode
ser absolvido, por exemplo, no caso em que a acusação não prova a auto-
ria do crime. Pelo princípio da presunção de inocência.
g. A prova em regra é realizada para gerar efeitos em um determinado
processo quanto ao empréstimo desta a outro processo, existem duas cor-
rentes. A corrente majoritária entende possível este empréstimo, desde
que o processo onde ela foi promovida e no processo em que ela será
emprestada tem que ter as mesmas partes e que a parte acusa tem que ter
participado, respeitando o contraditório, assim, por exemplo, não se pode
emprestar prova de inquérito policial. A corrente minoritária entende
também ser possível, desde que haja as mesmas partes e que os processos
tramitem perante o mesmo juiz.
Direito Processual Penal
58

3. Prova ilícita/proibida/prova inadmissível

3.1 Apresentação

Neste ítem, continuando com estudo das provas, veremos as consequências das
provas ilícitas, proibidas ou inadmissíveis.

3.2 Síntese

a. Prova proibida ou inadmissível é gênero, que tem por espécies: prova


ilícita e prova ilegítima.
b. Ilícita é aquela que afronta norma de direito material.
c. Ilegítima é aquela que afronta norma de direito processual.
d. Esta classificação é doutrinária, na lei não temos esta classificação, temos
somente a seguinte determinação são inadmissíveis no processo as pro-
vas produzidas por meios ilícitos (art. 5º, inciso LVI da CF e art. 157 do
CPP).
e. Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as
provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas consti-
tucionais ou legais.
f. Ex. imagine que alguém pratique tortura no investigado e este confesse a
prática do fato. A lei 4.898 de 65 diz que tortura é crime, e em razão desta
houve uma confissão, assim esta prova é ilícita.
g. Ex. grampo telefônico sem autorização judicial (crime art. 10, lei
9296/96).
h. Ex de prova ilegítima: no plenário do júri ninguém pode apresentar
documento caso não tenha juntado aos autos anteriormente, com no mí-
nimo três dias úteis de antecedência, isto fere o art. 479 do CPP.
i. Ex. pessoas impedidas de depor, disposto no CPP.
Direito Processual Penal
59

4. Prova ilícita por derivação/ fonte


independente e descoberta inevitável

4.1 Apresentação

Neste ítem, continuando com o estudo das provas, veremos como ocorre a prova
ilícita por derivação e casos onde a prova inicialmente ilícita pode ser aplicada.

4.2 Síntese

a. A prova ilícita por derivação (art. 157, parágrafo 1º do CPP) é aquela que
por si só é licita, porém decorreu da produção de uma prova ilícita.
b. Ex. houve uma interceptação clandestina, proibida, assim é ouvido
nesta interceptação que existe uma única testemunha do crime, e assim
chega-se a este que presta testemunho, assim já que esta testemunha foi
utilizada por meio ilícito, com intuito de produzir prova ilícita, esta não
poderá ser utilizada, sendo considerada também como prova ilícita. Isto
é chamado de frutos da árvore envenenada, derivada da suprema corte
americana.
c. A teoria da fonte independente ou teoria da descoberta inevitável (art.
157, parágrafo 1º segunda parte e 2º do CPP).
d. No mesmo exemplo anterior, a prova testemunhal é ilícita por derivação,
porém antes de realizar esta interceptação, já havia sido ouvida outra tes-
temunha que disse a respeito da testemunha que também foi observada
na interceptação clandestina. Isto é chamado de fonte independente ou
descoberta inevitável.
e. Ex. caso alguém seja torturado e confesse a pratica de um fato, dizendo,
por exemplo, onde esta a arma do crime, assim antes de verificar esta
alegação, outra equipe de polícia encontra esta arma.
Direito Processual Penal
Capítulo 6

Prisões

1. Prisão em flagrante

1.1 Apresentação

Nesta unidade estudaremos as formas de prisão e neste ítem iniciaremos a


prisão em flagrante.

1.2 Síntese

a. Prisão em flagrante, art. 301 a 310 do CPP.


b. No Brasil, qualquer pessoa pode prender outra em flagrante, sendo que o
povo tem a faculdade de fazê-lo (exercício regular de direito), já as autori-
dades tem o dever (estrito cumprimento de dever legal), art. 301 do CPP.
61

c. Qualquer pessoa que esteja em situação de flagrância pode ser presa em


flagrante, com algumas ressalvas, juízes, membros do MP, senadores, de-
putados federais e estaduais, e políticos em geral deste gabarito, no geral,
não serão presos em flagrante delito, salvo no caso de cometer crimes
inafiançáveis. As espécies de flagrante são as elencadas no art. 302 do
CPP, nos seus quatro incisos:
I esta cometendo a infração penal: verbo estar, flagrante ao vivo.
Segundo a doutrina é conhecido como flagrante próprio, real ou per-
feito.
II acaba de cometer a infração penal: verbo acabar, aqui o indivíduo
não, mas executa o crime, já acabou a execução. Esta espécie é cha-
mada também de flagrante próprio, segundo a doutrina.
III é perseguido logo após a infração penal e preso: aqui há duas
conjunções, perseguir e logo após, devendo ser esta perseguição inin-
terrupta, mesmo que quem persegue tenha perdido de vista aquele
que esta perseguindo, devendo ocorrer imediatamente após a pratica
do crime. Pela doutrina é conhecido como flagrante impróprio, im-
perfeito ou quase flagrante.
IV é encontrado logo depois: novamente há uma conjunção, encontrado
e logo depois, com instrumentos, objetos, papeis, armas, etc. que faça
presumir que este tenha cometido o crime. Chamado de flagrante
ficto ou presumido

2. Flagrante em crime permanente,


crime habitual. Auto de prisão em
flagrante e entrega de nota de culpa

2.1 Apresentação

Neste ítem, continuando com as prisões, veremos como ocorre o flagrante em


crime permanente e crime habitual.
Direito Processual Penal
62

2.2 Síntese

a. O flagrante em crime permanente é aquele onde sua consumação se


prolonga através do tempo, ex. sequestro, é possível a qualquer tempo até
que cesse esta permanência, art. 303 do CPP.
b. Tem-se a discussão acerca da prisão em flagrante no crime habitual, já
que não há previsão legal para tanto.
c. Crime habitual é aquele que para que seja formado é necessária a reitera-
ção de vários atos. Ex. manutenção de casa de prostituição.
d. Segundo a doutrina majoritária não pode ocorrer esta prisão, pois que
o que se flagra é o momento e não a habitualidade, este fundamento
é o que prevalece. Existem outros doutrinadores que entendem que de
maneira excepcional poderia haver esta prisão, porém esta corrente é
minoritária.
e. O preso em flagrante deve ser levado para a delegacia de policia, para
que seja lavrado o auto de prisão em flagrante, sendo que este é o ato
que formaliza ou documenta esta prisão, é lavrado exclusivamente pelo
delegado de policia.
f. Todo flagrado tem direito que lhe seja entregue a chamada nota de culpa,
este documento da ciência ao flagrado dos reais motivos de sua prisão,
sendo que esta deve ser entregue no prazo de 24 h ao flagrado, contados
da captura, a falta desta gera ilegalidade na prisão, tendo esta relaxada.
Também no prazo de 24h deve haver a comunicação do flagrante para a
autoridade judiciária, magistrado e, caso o flagrado não possua advogado
também deve ser enviado cópia do auto de prisão em flagrante para a
defensória pública.
g. Costuma cair na OAB o chamada flagrante preparado ou provocado, que
é entendido como flagrante ilegal, segundo a súmula 145 do STF e art.
5º, inciso LXV da CF a preparação do flagrante torna-se impossível sua
consumação.
h. Também é ilegal o chamado flagrante forjado, fabricado ou maquinado,
que ocorre quando quem é preso não pratica conduta alguma, sendo
vítima de abuso de autoridade.
i. O flagrante esperado é legal, e ocorre quando já se saiba que alguém ira
cometer o crime, e assim espera-se que este comece para que se efetue
Direito Processual Penal

a prisão.
63

3. Prisão preventiva

3.1 Apresentação

Neste ítem, continuando com o estudo das prisões, veremos como ocorre a pri-
são preventiva.

3.2 Síntese

a. Pontos relevantes: só pode ser decretada pela autoridade judiciária (com-


petência); esta pode ser decretada de ofício, mediante requerimento do
MP, mediante requerimento do querelante ou mediante representação
da autoridade policial.
b. Momento: Desde a fase de investigação e pode durar até antes do transito
em julgado.
c. Esta prisão não será decretada quando estivermos tratando de uma hipó-
tese de excludente de ilicitude (legitima defesa, estado de necessidade,
etc.) art. 314 do CPP.
d. Também não será decretada esta prisão para os crimes culposos e contra-
venções penais.
e. Veremos agora os requisitos para a fundamentação de uma prisão pre-
ventiva:
f. Indícios de autoria ou de participação do crime e prova de materialidade
delitiva. Em regra só será decretada para crimes apenados com reclusão.
Mas excepcionalmente poderá ser decretada prisão preventiva em crimes
apenados com detenção quando o investigado se trata de pessoa vadia ou
quando não fornece elementos de sua identificação.
g. Para ser decretada é necessário ainda, estar fundamentada em garantia
da ordem pública (manutenção da paz e tranquilidade social), garantia
da ordem econômica (lei antitrust 1994, indivíduo que reiteradamente
comete crimes contra a ordem econômica), por conveniência da instru-
Direito Processual Penal

ção criminal (ameaça testemunhas, tenta subornar testemunhas, ameaça


o RMP, etc.) e para assegurar à aplicação da lei penal (ex. risco de fuga
do individuo, demonstrado por circunstâncias inerente a este, ex. tirar
passaporte, etc.).
64

h. A prisão preventiva só pode ser decretada quando esta for devidamente


fundamentada, art. 315 do CPP.
i. Estes requisitos são encontrados nos art. 312 e 313 do CPP.

Exercício
11. Uma prisão preventiva uma vez decretada pode ser revogada?

4. Liberdade provisória

4.1 Apresentação

Neste ítem, continuando o estudo das prisões, veremos como ocorre a hipótese
da liberdade provisória.

4.2 Síntese

a. Liberdade provisória é um instituto utilizado para libertar o indivíduo


antes do transito em julgado. Esta liberdade pode ocorrer com ou sem
fiança.
b. No Brasil os crimes afiançáveis são: cabe fiança os crimes com pena mí-
nima em abstrato de até dois anos e os inafiançáveis são: os crimes com
pena mínima em abstrato superior a dois anos, e aqueles crimes que haja
previsão legal neste sentido.
c. A liberdade provisória pode ocorrer com ou sem o pagamento da fiança,
mesmo que este crime seja inafiançável.
d. É cobrado em provas que se pela lei 8.072, lei dos crimes hediondos,
cabe ou não cabe fiança, o art. 2º diz a respeito destes crimes, dizendo
que não cabe fiança, mas não é vedada a liberdade provisória, assim em
Direito Processual Penal

crimes hediondos é possível a liberdade provisória, porém sem o paga-


mento da fiança.
e. Questão polêmica: cabe liberdade provisória para tráfico de drogas?
Fiança não é cabível, pois a pena mínima é de 5 anos, e segundo o art. 44
da lei de drogas não caberá liberdade provisória. segundo a lei 11.343/06.
65

f. Porém o STF disse que mesmo que a lei proíba é possível a liberdade
provisória, devendo ser analisado o caso concreto, sendo em desfavor do
art. 44, dizendo que não pode ser interpretado literalmente. O STF já
declarou inconstitucional parte desde art., HC 97.256, no que se refere
à substituição da pena PPL para a PRD. Assim talvez logo este art. Será
declarado inconstitucional em sua totalidade.
g. A fiança: crime apenado com detenção pode ser concedida pela auto-
ridade policial, contudo nos crimes apenados com reclusão somente o
magistrado poderá conceder fiança.

Direito Processual Penal


Capítulo 7

Dos princípios

1. Princípios do processo penal

1.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos princípios do processo penal e seus
aspectos importantes.

1.2 Síntese

a. Os princípios são diferentes de regras. Quando se examina, por exemplo,


a legalidade, é preciso que se faça a diferenciação.
b. Os princípios são normas jurídicas coativas, porém admitem ponderação.
A regra se aplica ou não se aplica, não há ponderação.
67

c. O sistema jurídico não pode ser pautado só por regras, precisa de elasti-
cidade.
d. Exemplo: Há regra de proibição de prova ilícita incriminadora, mas não
há nenhuma regra que aponte em relação à proibição das provas ilícitas
para favorecer o réu.
e. Um sistema pautado só por regras é muito rígido e um sistema pautado só
por princípios é muito flexível. Assim, não existe um sistema puro.
f. A legalidade não se trata de princípio, é uma regra que dispõe que o su-
jeito pode fazer tudo o que não estiver proibido por lei.

2. Modelo constitucional de persecução

2.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos modelos de persecução, mais preci-
samente a respeito do modelo constitucional de persecução.

2.2 Síntese

a. Há alguns modelos de persecução: modelo inquisitivo e acusatório. No


primeiro, o réu é objeto daquele que é juiz, acusador e defensor, mas não
há como a pessoa ser ao mesmo tempo juiz, acusador e defensor.
b. No modelo acusatório, temos a premissa de que o processo é composto
por autor, réu e juiz. Nesse momento em que o réu é visto como sujeito
de direitos terá tratamento condizente, não podendo ser torturado, por
exemplo.
c. A CF traz o princípio da dignidade da pessoa humana, é o lugar de onde
se irradia os princípios constitucionais.
d. O art. 129, I aponta que a figura do julgador não deve acusar, sendo este
papel destinado a outra pessoa, ao Ministério Público.
Direito Processual Penal

e. Alguns doutrinadores entendem que temos modelo misto, mas tal posi-
cionamento é equivocado.
f. Conforme já mencionado, a primeira característica do modelo acusató-
rio é a separação da figura do juiz e do acusador. A segunda é que não
pode o juiz caçar prova a todo custo, cabe ao titular da ação penal provar
o alegado.
68

g. A terceira característica traz a sentença, pois se o Ministério Público pede


absolvição, não pode o juiz condenar o réu. Note-se que a CF prevalece
sobre o CPP.
h. Assim, temos que o modelo constitucional é o modelo acusatório de per-
secução penal, pois há separação das funções, gestão da prova e a figura
da sentença.

3. Da ampla defesa

3.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca princípios, mais precisamente a respei-
to da ampla defesa.

3.2 Síntese

a. O primeiro direito do réu é de se defender, não pode o Estado de direito


permitir que o juiz vire um justiceiro.
b. A ampla defesa comporta três subdivisões: auto defesa, defesa técnica e
defesa efetiva.
c. A auto defesa é aquela exercida pelo próprio réu, no direito de audiência
(direito do réu ser ouvido pelo juiz), por exemplo. Ressalte-se que inter-
rogatório é meio de defesa e não de prova.
d. Ainda, há o direto de presença, pois assegura ao réu presenciar todos os
atos, onde quer que ocorram.
e. A terceira manifestação da auto defesa é o direito de confronto. A oitiva
da vítima é um dado interessante, uma vez que quando esta possui algum
temor, é preciso que se prove e que a decisão do juiz seja fundamentada.
f. Ainda, o fato de retirar a vítima da sala de audiência significa ferir o di-
reito de confronto, existe prejuízo.
Direito Processual Penal

g. O Pacto de San Jose da Costa Rica traz o direito de confronto em seu art.
8º, item 2.
h. A quarta manifestação é a capacidade postulatória excepcional. Temos a
figura do recurso, que é diferente do processo civil. No processo penal,
na interposição, pode o réu interpor independentemente da vontade de
seu advogado.
69

i. A revisão criminal também é um exemplo de capacidade postulatória


excepcional, pois pode o réu encaminhar carta ao Tribunal de Justiça,
por exemplo, cabendo ao defensor apresentar os fundamentos.
j. O condenado também pode se manifestar ao juízo da execução, caso
queira.
k. A defesa técnica reside na indagação de quem pode defender o réu. No
Brasil, só pode ser exercida por advogado ou defensor público.

4. Da ampla defesa: defesa técnica

4.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos princípios, mais precisamente a
respeito da ampla defesa e da defesa técnica.

4.2 Síntese

a. A defesa técnica pode ser exercida por advogado ou defensor público.


Note-se que advogado não é sinônimo de defensor público, são carreiras
diferentes.
b. O Estatuto da OAB é a lei que vai disciplinar os advogados, ao passo que
defensor público é regido pela Lei Complementar nº 80 e pelas leis esta-
duais caso se trate de defensoria pública estadual.
c. Se o advogado fizer algo errado em processo, responde perante o Tribu-
nal de Ética, enquanto o defensor responde em sua Corregedoria.
d. Ainda, há distinção do diploma que rege a relação. O advogado pode
renunciar o mandato e o defensor não, a não ser que haja suspeição ou
impedimento.
e. A Lei Complementar 80 de 1994 traz que a capacidade postulatória do
defensor público decorre de sua posse, não sendo necessária sua inscri-
Direito Processual Penal

ção na OAB.
f. É necessário saber que o réu não pode ser processado criminalmente sem
sua defesa técnica, sua falta causa nulidade absoluta.
g. Em uma situação em que o réu não possui defensor, em caso de júri
o juiz deve dissolver o conselho de sentença, intimar o réu a constituir
70

novo defensor e em caso de inércia deste, encaminha-se à defensoria da-


tiva ou defensoria pública.
h. O réu tem direito de escolher seu defensor, caso seja privado dessa esco-
lha também há nulidade.
i. Réu com defesa ruim, em que o advogado, por exemplo, pede sua conde-
nação, se trata de defesa dativa, a nulidade é absoluta. Porém, se é defesa
constituída, é preciso que se prove, uma vez que se trata de nulidade
relativa.
j. Deve o réu buscar todos os meios para absolvê-lo, inclusive os meios ilí-
citos são tolerados, o que não é o mesmo que prova ilícita. Exemplo: Réu
sabe que em uma residência há documento que comprova sua inocência
e invade o domicílio. Não poderá ser responsabilizado pela invasão, uma
vez que busca provar que é inocente.

5. Contraditório

5.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos princípios, mais precisamente a
respeito do contraditório.

5.2 Síntese

a. A ampla defesa na fase inquisitiva, de acordo com a doutrina majoritária,


não é obrigatória, pois será exercida no processo penal. Contudo, o art.
306, § 1º do CPP traz a ampla defesa.
b. Assim, alguns autores entendem que há ampla defesa na fase inquisitiva,
porém em menor grau. Um exemplo é o fato de que o indiciado pode se
calar para que não se autoincrimine.
c. Quanto ao contraditório, temos a ciência do ato, possibilidade de se ma-
Direito Processual Penal

nifestar e possibilidade de influenciar a decisão judicial. Se a sentença


estiver pronta, não há como influenciar a decisão.
d. Ressalte-se que causa defensiva não apreciada causa nulidade. O contra-
ditório deve ser observado em todo o processo, inclusive com a reforma
de 2008 começou a se permitir a resposta à acusação.
71

e. Se o réu não for citado, deve ser intimado da decisão e se não constituir
advogado permite-se encaminhamento à defensoria pública. De acordo
com o STF, não se pode julgar recurso sem manifestação do polo passivo
da ação penal.
f. Há quem aponte a ampla defesa e o contraditório como sinônimos. Con-
tudo, a ampla defesa é restrita ao réu e o contraditório também é exercido
pela defesa, porém a acusação também o exerce.

6. Juiz natural, promotor natural


e defensor natural

6.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos princípios, mais precisamente a
respeito do Juiz Natural, Promotor Natural e Defensor Natural.

6.2 Síntese

a. Há três princípios que se relacionam. O princípio do juiz natural con-


siste no fato de que ninguém pode ser acusado por órgão jurisdicional de
exceção.
b. O órgão jurisdicional deve ser anterior ao crime e ter competência tam-
bém anterior ao crime.
c. Em São Paulo, para agilizar os processos, foram criadas Câmaras Crimi-
nais (B, C e D), as quais eram compostas por quatro juízes de direito e
um Desembargador. Ocorre que, o juiz de direito não tem competência
para julgar apelação. O STF convalidou essa prática, permitindo que tais
Câmaras julguem os recursos.
d. O princípio do promotor natural veda a figura do acusador de plantão.
Todo réu teria assegurado o direito de ser acusado, processado por aquele
Direito Processual Penal

promotor com atribuição anterior ao cometimento do crime.


e. Doutrinariamente não há dúvida quando a existência do princípio,
porém o STF reconheceu em certos momentos, mas recentemente vem
afirmando que não seria um princípio constitucional, mas sim um prin-
cípio legal.
72

f. Quanto ao princípio do defensor natural, temos que assim como não


pode a instituição do Ministério Público escolher o acusador, não pode a
defensoria pública escolher o defensor.
g. Não pode também o assistido escolher seu defensor, também violaria o
princípio do defensor natural.
h. O princípio da legalidade também existe no processo penal. Reconhecer
a legalidade como princípio significa reconhecer o réu como sujeito de
direito e que o processo penal não é instrumento de vingança pública,
mas sim de efetivação de direitos fundamentais.

7. Estado de defesa

7.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos princípios, mais precisamente a
respeito do estado de defesa.

7.2 Síntese

a. Ninguém é considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença


penal condenatória. Não se trata de uma presunção, mas sim estado de
inocência.
b. O estado de inocência não é novo, já está positivado desde o Século XIX
no Brasil.
c. O estado de inocência pode ser dividido em três regras. A primeira é que
o réu não pode ser tratado como culpado até que haja trânsito em julgado
de sentença condenatória. Exemplo: Em juízo, no Tribunal do Júri, levar
a figura do réu algemado fere o estado de inocência.
d. A segunda regra é uma regra de prova. Não cabe ao réu provar nada, a
carga probatória é do Ministério Público, até mesmo quando o réu alega
Direito Processual Penal

quaisquer excludentes.
e. A terceira regra é de julgamento: “In dubio pro reo”, ou seja, na dúvida
deve o réu ser absolvido.
73

f. Os princípios devem sempre ser observados, durante todo o processo,


uma vez que deve sempre ser buscado o processo justo.
g. É preciso que as garantias e direitos fundamentais sejam buscados, uma
vez que se o processo não observá-los será um processo injusto.

Exercício
12. Por meio de quais princípios processuais seria possível questionar a excessiva
exposição na mídia?

Direito Processual Penal


Capítulo 8

Dos Recursos

1. Introdução

1.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos recursos, mais precisamente fazen-
do-se aqui uma introdução ao assunto.

1.2 Síntese

a. Temos algumas espécies de decisões no processo penal, que não são as


mesmas relacionadas no CPC.
b. No CPP há figura do despacho, o qual é irrecorrível. O agravo no pro-
cesso penal é uma figura prevista na Lei de Execução Penal.
75

c. Temos os despachos, decisões interlocutórias simples ou mistas, sentença


e decisões com força definitiva.
d. O CPC, em seu art. 162, traz três espécies de decisões, enquanto o CPP
traz cinco espécies.
e. De decisão interlocutória simples, a rigor não cabe recurso. De decisão
interlocutória mista cabe rese e de sentença e decisão definitiva cabe
apelação.
f. Temos também a figura da carta testemunhável e o agravo em execução.
g. Há dois conceitos importantes. A decisão definitiva é a decisão que põe
fim a um processo incidente, como, por exemplo, o incidente de insani-
dade mental.
h. A decisão interlocutória mista é uma decisão que põe fim a uma fase do
procedimento, como na pronúncia, por exemplo, ou uma decisão que
encerra a relação processual de forma anormal, sem julgar o mérito.

2. Teoria geral dos recursos

2.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos recursos, mais precisamente a res-
peito da teoria geral dos recursos.

2.2 Síntese

a. Recurso pode ser definido de duas formas. A primeira é que o recurso é


o desdobramento do direito de ação ou de defesa já exercidos em uma
relação processual.
b. A segunda é que o recurso é uma via de impugnação que visa reforma
anulação ou o esclarecimento de uma decisão.
c. O recurso vai iniciar nova fase procedimental, podendo aqui ser criticada
Direito Processual Penal

a divisão de títulos do CPP. Exemplo: O CPP traz revisão criminal como


recurso, bem como habeas corpus. Nos dois casos, não há início de nova
fase procedimental.
d. É preciso diferenciar os recursos das ações de impugnação autônomas.
e. De um lado o recurso permite a busca pela justiça, mas não pode permi-
tir que uma relação processual se estenda indefinidamente.
76

f. Enquanto não há trânsito em julgado da sentença penal condenatória,


o réu não pode ser tratado como culpado, porém não se pode deixar o
processo se estender por período indeterminado.
g. Outro dado interessante é quem pode recorrer. O réu pode recorrer,
possuindo capacidade postulatória excepcional, sabendo ao defensor
apresentar as razões.

3. Princípios recursais do processo penal

3.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos recursos, mais precisamente a res-
peito dos princípios recursais do processo penal.

3.2 Síntese

a. Conforme aula anterior, se o réu não quiser recorrer e a defesa quiser


de acordo com a Súmula nº 705 do STF: “A renúncia do réu ao direito
de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não impede o
conhecimento da apelação por este interposta”.
b. De acordo com o STF, todos têm direito ao duplo grau de jurisdição, mas
no caso de ação penal originária não há, como ocorreu com Georgina
Freitas. Assim, o princípio do duplo grau de jurisdição não é um princí-
pio constitucional.
c. O princípio da taxatividade traz que das decisões só é cabível recorrer
quando houver previsão.
d. O terceiro princípio processual é o princípio da voluntariedade. Não se
pode recorrer de ofício, a não ser em alguns casos, os quais violam o
princípio aqui mencionado.
e. A disponibilidade também é um princípio recursal. Consiste no fato de
Direito Processual Penal

que o sujeito pode desistir do recurso ou até mesmo renunciar ao direito


de recurso, dependendo do momento processual.
77

4. Princípios recursais do processo


penal – parte II

4.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos recursos, mais precisamente a res-
peito dos princípios recursais do processo penal.

4.2 Síntese

a. O princípio da disponibilidade frente ao Ministério Público não é pos-


sível, pois o instituto não pode desistir da ação penal ou de recurso.
Contudo, não é obrigado a recorrer sempre.
b. O princípio da unir recorribilidade traz que de uma decisão só cabe um
recurso, não se pode interpor qualquer um. Exemplo: Se cabe apelação,
não se pode usar rese.
c. Se um acórdão nega vigência de lei federal, bem como constitucional,
temos a exceção ao princípio da unir recorribilidade, de acordo com o
posicionamento de alguns. Isso porque, caberia Resp ou RE, o CPP é
omisso em relação a esses recursos.
d. O princípio da fungibilidade traz que se um sujeito que está sendo de-
fendido por um advogado e este usa recurso errado, tal recurso pode ser
conhecido como se fosse o certo.
e. Ocorre que, o STJ estabelece alguns critérios, como não poder se tratar
de erro crasso, não pode se valer de má-fé e, ainda, em caso de dúvida
deve ser utilizado o prazo menor.
f. O último princípio é a figura da “reformatio in pejus”, o que é proibido
no processo penal. Isso quer dizer que o recurso da defesa não pode pro-
porcionar uma situação pior do que a anterior.
g. “Reformatio in pejus” pode ser direta ou indireta. A direta se dá, quando,
Direito Processual Penal

por exemplo, sujeito é condenado a um ano de prestação de serviços


comunitários. Havendo recurso, já se tem o teto de um ano.
h. Já a indireta pode ocorrer, por exemplo, quando o sujeito pede que seja
anulada sentença. Na hipótese de anulação do processo, a pena anterior
serve como limite para condenação posterior.
78

i. Quanto aos efeitos do recurso, temos dois: suspensivo e devolutivo. O


primeiro impede a figura da eficácia, fato interessante ao processo civil.
Ocorre que, até o trânsito em julgado o réu é considerado inocente, crí-
tica à prisão provisória.
j. A interposição do recurso tem como principal efeito obstar a coisa jul-
gada.

Exercício
13. Promotor de Justiça recorre da decisão que condenou o réu, a pretensão re-
cursal visava à reforma da sentença, no sentido de elevar à pena. O Tribunal
de Justiça conhece do recurso e nega provimento ao recurso, diminuindo a
pena. Pode o MP alegar a nulidade do acórdão sob o fundamento da proibi-
ção da reformatio in pejus?

5. Efeitos dos recursos

5.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos recursos, mais precisamente a res-
peito dos efeitos dos recursos.

5.2 Síntese

a. O efeito devolutivo permite que a matéria debatida pelo juízo a quo seja
levada ao juízo ad quem.
b. Poderá ser amplo, como é o caso da apelação ou limitado, como no Re-
curso Extraordinário. Temos a figura da extensão e profundidade.
Direito Processual Penal

c. O efeito interativo tem previsão legal, art. 589, caput, quando fala que o
juiz reformará ou sustentará seu despacho.
d. O efeito extensivo também possui previsão legal. De acordo com o art.
580: “No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão
do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não
sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros”.
79

e. Quanto aos juízos em recursos, podemos falar de juízo a quo ou ad


quem. Isso quer dizer que o juízo a quo é quem proferiu a decisão, ou
seja, quem causou inconformismo e ad quem é aquele a quem o recurso
será dirigido.
f. O juízo pode ser de admissibilidade ou de mérito. O primeiro não deve
ser confundido com o juízo a quo, uma vez que o juízo ad quem também
realizará o juízo de admissibilidade.
g. Juízo de admissibilidade positivo permite o conhecimento do recurso e
o juízo de mérito, se positivo, permitirá o provimento. Se negativo, o
improvimento ou não provimento.
h. Ainda, temos a figura dos erros, que pode ser in procedendo ou in judi-
cando. O primeiro, o juízo a quo aplicou mal a lei processual e o recurso
visa anulação da decisão.
i. O error in judicando traz que o juiz aplicou mal a lei material. Exemplo:
Erro na dosimetria da pena.
j. A anulação se for de sentença penal condenatória, que é um marco inter-
ruptivo da prescrição, desaparece.

6. Requisitos dos recursos

6.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos recursos, mais precisamente a res-
peito dos requisitos dos recursos.

6.2 Síntese

a. O primeiro requisito é o cabimento recursal. Temos alguns tipos de


decisões, como o despacho, decisão interlocutória simples decisão inter-
locutória mista, sentença. O despacho é irrecorrível e das sentenças cabe
Direito Processual Penal

apelação.
b. O segundo requisito é a tempestividade, que vem concretizar a figura da
segurança, estabelecendo prazos para interposição de recursos.
c. Ressalte-se que a defensoria pública tem prazo em dobro para se manifes-
tar, inclusive nos recursos.
80

d. O terceiro requisito é a legitimidade, ou seja, quem pode recorrer. Note-


-se que legitimidade não é o mesmo que interesse recursal.
e. O recurso defensivo pode ser interposto exclusivamente pelo réu, con-
juntamente por réu e seu defensor ou exclusivamente por seu defensor.
Toda parte tem legitimidade.
f. A rigor, somente tem interesse quem perdeu. No entanto, há duas hipó-
teses em que a priori não seria observada a sucumbência e é possível se
valer de interesse recursal. Exemplo: Sujeito é absolvido, nos termos do
art. 386, VII, CPP. O defensor recorre para alteração no fundamento da
absolvição.
g. Se o sujeito tivesse sido condenado e a vítima se habilitado como assis-
tente, quer recorrer para aumentar à pena, poderá.
h. Outro requisito é a figura da inexistência de fato impeditivo. Se um de-
fensor renuncia ou desiste de recurso, este recurso não pode ser admitido.

Exercício
14. (MPU/Analista/2007) A respeito dos recursos em geral no processo penal é
correto afirmar:
a. O Ministério Público pode desistir do recurso que haja interposto desde
que o faça de forma fundamentada;
b. O recurso não pode ser interposto pelo réu pessoalmente, por falta de
capacidade postulatória;
c. Pode interpor recurso a parte que não tiver interesse na reforma ou mo-
dificação da decisão;
d. A parte, salvo hipóteses de má-fé, não será prejudicada pela interposição
de um recurso por outro;
e. No caso de concurso de agentes, em nenhuma hipótese, o recurso inter-
posto por um dos réus pode aproveitar aos outros.
Direito Processual Penal
81

7. Apelação

7.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos recursos, mais precisamente a res-
peito da apelação.

7.2 Síntese

a. O requisito da fundamentação traz que todos os recursos devem trazer


seus fundamentos.
b. A apelação, de acordo com o art. 593, I, II e III do CPP:
»» Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: I - das sentenças definiti-
vas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular; II - das
decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz
singular nos casos não previstos no Capítulo anterior; III - das decisões
do Tribunal do Júri, quando: a) ocorrer nulidade posterior à pronún-
cia; b) for à sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à
decisão dos jurados; c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação
da pena ou da medida de segurança; d) for à decisão dos jurados mani-
festamente contrária à prova dos autos.
c. O inciso III trabalha com decisões do Tribunal do Júri. A alínea “a” traz
que feito o pregão no Tribunal, deve ser alegada a nulidade.
d. A alínea “b” traz, por exemplo, um fato de que ou o juiz “rasgou” a lei ou
“rasgou” a decisão dos jurados.
e. De acordo com o § 1º: “Se a sentença do juiz-presidente for contrária à
lei expressa ou divergir das respostas dos jurados aos quesitos, o tribunal
ad quem fará a devida retificação”.
f. A alínea “d” tem um problema sério, pois hoje só se pergunta aos jurados
se absolvem ou condenam o réu, sem que haja quaisquer fundamentos.
Assim, não há como saber o motivo de os jurados ter adotado determi-
Direito Processual Penal

nada postura.
g. A apelação no processo civil, se as razões não forem apresentadas de
imediato, o juízo de admissibilidade será negativo. O CPP traz o procedi-
mento em duas fases, se interpõe primeiro e depois se apresenta as razões,
existem prazos distintos.
82

h. A Lei 9.099/95 trata do Juizado Especial Criminal e prevê a figura da


apelação, mas foge a lógica do CPP.
i. O prazo para interpor é de cinco dias e para apresentar razões é de oito
dias. Lembrando que defensor público possui prazo em dobro.

8. Apelação – parte II

8.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos recursos, mais precisamente a res-
peito da apelação, recurso em sentido estrito e agravo em execução.

8.2 Síntese

a. A apelação é um procedimento bifásico, pois há período para interpor e


período para apresentar as razões, com exceção da Lei nº 9.099.
b. O art. 600, § 4º diz que:
»» Se o apelante declarar, na petição ou no termo, ao interpor a apelação,
que deseja arrazoar na superior instância serão os autos remetidos ao
tribunal ad quem onde será aberta vista às partes, observados os prazos
legais, notificadas as partes pela publicação oficial.
c. Ressalte-se que no Tribunal, quem tem atribuição não é o promotor de
justiça, mas sim o Procurador.
d. Se a parte se valer do art. o Judiciário terá que baixar os autos para que o
promotor apresente as contra razões.
e. Ainda, o CPP traz a figura do julgamento monocrático da apelação.
Ocorre que, o STJ entende válido acórdão em decisões monocráticas,
em apelação ou habeas corpus.
f. O recurso em sentido estrito (rese) tem o instrumento formado pelo juiz.
O mais importante é que o rol é taxativo.
Direito Processual Penal

g. De acordo com o art. 581, V, temos o indeferimento de prisão preventiva.


Para deferimento cabe HC.
h. O inciso I e a Súmula 707 envolvem o contraditório. Se o juiz não re-
cebe a denúncia, cabe rese. Contudo, de acordo com a Súmula, primeiro
deve-se dar ciência ao réu para que ele se manifeste e possa influenciar o
Tribunal, a fim de que seja mantida a decisão que não aceitou a denúncia.
83

9. Recurso em sentido estrito – rese

9.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos recursos, mais precisamente a res-
peito do recurso em sentido estrito e agravo em execução.

9.2 Síntese

a. Conforme já dito anteriormente, a Súmula 707 consagra o contraditório,


bem como a ampla defesa. Não pode o juiz usurpar o direito do réu de
escolher seu defensor.
b. O inciso VIII do art. 581 traz uma sentença, porém impugnada via rese.
O inciso X também traz uma sentença, uma vez que dispõe que cabe rese
de decisão que conceder ou negar a ordem de habeas corpus. Tal decisão
é de juiz de direito.
c. Também quanto à rese há procedimento bifásico e não possui efeito sus-
pensivo, a não ser nos termos do art. 584.
d. A Lei de Execução Penal, no art. 197 traz: “Das decisões proferidas pelo
Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo”.
e. O STF entende que o agravo em execução parece um agravo, mas não
é. Inclusive, o prazo para interposição é de cinco dias. Seu procedimento
é o mesmo do rese.
f. Os incisos XVII, XIX, XX, XXI, XXII, XXIII do art. 581 foram derrogados.
g. Da pronúncia do réu cabe rese, mas atenção ao art. 416, que traz que
sentença de impronúncia e absolvição sumária cabe recurso de apelação.
h. Se a denúncia for recebida e o réu citado, em sede de resposta a acusação
consegue convencer o juiz, que o absolve sumariamente, da decisão cabe
recurso de apelação.
i. Se o réu for pronunciado, cabe rese. Se o recurso for conhecido e pro-
vido, ocorre a despronúncia.
Direito Processual Penal
84

10. Carta testemunhável e embargos

10.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos recursos, mais precisamente a res-
peito da carta testemunhável e embargos.

10.2 Síntese

a. Os embargos de declaração estão previstos no art. 619 do CPP, em rela-


ção aos acórdãos. O art. 382 do CPP prescreve os embargos de declaração
de sentença.
b. Ressalte-se que os embargos de declaração cabem de qualquer decisão
que tenha conteúdo decisório.
c. Embargos de declaração com efeitos infringentes ou modificativos,
apesar de existir resistência, os Tribunais superiores (STJ e STF), em
situações como um juiz que não reconheceu prescrição, por exemplo,
admitem tais efeitos.
d. De qualquer forma, deve ser assegurado o contraditório, deve o embar-
gante pedir intimação do embargado.
e. Temos os embargos infringentes e de nulidade, de acordo com o pará-
grafo único do art. 609 do CPP:
»» Quando não for unânime a decisão de segunda instância, desfavorável
ao réu admitem-se embargos infringentes e de nulidade, que poderão
ser opostos dentro de 10 (dez) dias, a contar da publicação de acórdão,
na forma do art. 613. Se o desacordo for parcial, os embargos serão
restritos à matéria objeto de divergência.
f. A carta testemunhável há duas hipóteses de cabimento: para que o re-
curso suba e quando há decisão que denega o recurso.
g. De acordo com o art. 639: “Dar-se-á carta testemunhável: I - da decisão
que denegar o recurso; II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à
Direito Processual Penal

sua expedição e seguimento para o juízo ad quem”.


h. Ocorre que, de decisão que impede, por exemplo, subida de apelação,
caberá rese e não carta testemunhável.
85

Exercício
15. (TJDFT/2007) Cícero, cumprindo pena na penitenciária do DF, requer, na
Vara de Execuções Criminais, livramento condicional. O Juiz, ao final, inde-
fere o pedido, Inconformado, Cícero pode interpor:
a. Recurso de agravo;
b. Recurso em sentido estrito;
c. Recurso de apelação;
d. Revisão criminal executória.

11. Recurso ordinário, especial e extraordinário

11.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos recursos, mais precisamente a res-
peito do recurso ordinário, especial e extraordinário.

11.2 Síntese

a. Em relação ao recurso especial e extraordinário, é preciso que se esgotem


as vias ordinárias. Ainda, de acordo com a Súmula 98 do STJ, não são
protelatórios os embargos com intuito de pré-questionar a matéria.
b. O prazo para interposição é de quinze dias e junto com a interposição
devem ser apresentados os fundamentos jurídicos.
c. São recursos de fundamentação vinculada, daí a importância de se trazer
os fundamentos juntamente com a interposição.
d. Note-se que a violação da matéria constitucional deve ser direta para que
seja conhecida.
e. O mandado de segurança é uma ação de impugnação autônoma e
quando é denegado cabe recurso ordinário, bem como no caso do habeas
Direito Processual Penal

corpus. O ROC é mais demorado do que o HC substitutivo, portanto, o


fato deve ser levado em consideração.
f. A Lei Complementar nº 80 de 1994 traz que intimação pessoal é prerro-
gativa da defensoria pública, sob pena de nulidade.
g. O art. 102, II, “b” da CF traz uma verdadeira apelação o recurso ordiná-
rio de competência do STF em crime político.
Capítulo 9

Ação Civil Ex Delicto

1. Aspectos introdutórios

1.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca da ação civil ex delicto, sendo feito
aqui abordagem sobre os aspectos introdutórios.

1.2 Síntese

a. A primeira consideração a ser feita é o que é ato ilícito. Consiste no ato


atentatório ao direito.
87

b. O ilícito penal não basta ser o ato atentatório ao direito penal, há a


questão da voluntariedade, pois a responsabilidade penal é subjetiva, ao
contrário do que se verifica na responsabilidade civil.
c. Ressalte-se que nem todo ilícito civil será um ilícito penal.
d. Um delito penal pode ter consequência no juízo cível, para que a vítima
obtenha indenização de natureza pecuniária.
e. Há duas espécies de ações civis ex delicto, o que as diferencia é o mo-
mento de seu ajuizamento frente à ação penal.
f. Se for depois do trânsito em julgado é uma espécie e se for antes é outra.
g. Os arts. 63 e 64 do Código de Processo Penal trazem essas duas espécies
de ação.
h. Um dado interessante é a figura do art. 387, IV: “O juiz, ao proferir sen-
tença condenatória: IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos
causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofen-
dido”.

2. Enfrentamentos práticos na
ação civil ex delicto

2.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca da ação civil ex delicto, sendo feita
aqui abordagem sobre os enfrentamentos práticos na ação civil ex delicto.

2.2 Síntese

a. De acordo com o art. 387, IV do CPP temos o valor mínimo da indeniza-


ção. Danos morais não estão inclusos neste valor mínimo da indenização.
b. Na ação penal pública está se decidindo acerca do direito de punir, e o
MP não pode realizar consultorias ou mesmo qualquer outra atuação que
Direito Processual Penal

seja para certos interesses, sendo certo que valor mínimo da indenização
é questão patrimonial.
c. Na ação penal pública, pode o MP pedir fixação da indenização? Ainda,
somente com a presença do assistente seria possível a fixação?
88

d. A doutrina ainda é vacilante sobre o tema, pois ao postular a fixação o MP


estaria violando as proibições constitucionais.
e. O CPP, no parágrafo único do art. 63 dispõe:
»» Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá
ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art.
387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano
efetivamente sofrido.
f. O ofendido pode executar o valor mínimo e discutir o que está faltando.
g. Não é necessária a presença do assistente para que o juiz fixe a indeniza-
ção, de acordo com a doutrina majoritária. Porém, deve estar avaliado o
dano sofrido, daí a importância das provas periciais.
h. O parágrafo único do art. 64 dispõe: “Intentada a ação penal, o juiz da
ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo da-
quela”. Assim, indaga-se se a palavra “poderá” do dispositivo é tido como
“deverá” ou realmente trata-se de mera faculdade do juiz.
i. O art. 64 traz no caput que a ação para ressarcimento do dano poderá ser
proposta no juízo cível, devendo ser observado o art. 200 do CC.

3. Legitimidade para ação civil ex delicto

3.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca da ação civil ex delicto, sendo feita
aqui abordagem sobre a legitimidade na ação civil ex delicto.

3.2 Síntese

a. O art. 110 do CPC traz que se o conhecimento da lide depender de ve-


rificação da existência de fato delituoso, pode o juiz mandar sobrestar o
andamento do processo até que se pronuncie a justiça criminal.
Direito Processual Penal

b. Há preocupação no CPC e no CPP de não serem proferidas decisões


contraditórias.
c. O art. 68 do CPP dispõe: “Quando o titular do direito à reparação do
dano for pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da sentença condenatória
(art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo
89

Ministério Público”. O MP pode ajuizar ação civil ex delicto na hipótese


de pessoa pobre.
d. O cerne da questão é: cabe ao MP atuar na defesa de direito disponível?
A CF, em seu art. 127 traz que o MP deve defender direitos indisponíveis.
Ainda, o art. 128 dispõe que há proibição do exercício de advocacia para
o MP.
e. A Defensoria Pública tem como um de seus fundamentos a efetivação
do acesso a justiça.
f. Até 2006 o estado de São Paulo não tinha Defensoria Pública, quem
atuava nesse sentido era a PGE.
g. O STF decidiu que cabe à Defensoria Pública a defesa dos interesses
dos necessitados. Assim, enquanto não criada por Lei a Defensoria, está
o MP legitimado.
h. O prazo em dobro conferido a Defensoria viola paridade de armas, mas
ainda não é inconstitucional, trata-se de matéria de inconstitucionali-
dade progressiva.

Exercício
16. José da Silva, agricultor, mora no estado Rio de Janeiro e foi vítima de um
roubo majorado, que implicou na perda do seu único cavalo que possuía.
Foi ajuizada a devida ação penal, que resultou em absolvição imprópria.
Indaga-se: é possível ajuizar a ação civil ex delicto? Pode o Ministério Público
ajuizá-la?

4. Repercussões das decisões criminais


no âmbito da ação civil ex delicto

4.1 Apresentação
Direito Processual Penal

Neste ítem será realizado estudo acerca da ação civil ex delicto, sendo feita
aqui abordagem sobre as repercussões das decisões criminais no âmbito da
Ação civil ex delicto.
90

4.2 Síntese

a. Para completar a unidade anterior, o art. 63, caput do CPP aponta os


legitimados para ajuizar ação civil ex delicto: ofendido (vítima), represen-
tante legal e os herdeiros.
b. Quanto às repercussões das decisões criminais no âmbito cível, o art. 66
do CPP traz: “Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a
ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente,
reconhecida a inexistência material do fato”.
c. O réu possui interesse recursal em apelar sentenças absolutórias, com
intuito de modificar o inciso de sua absolvição.
d. Ainda, o art. 67 dispõe: “Não impedirão igualmente a propositura da ação
civil: I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de infor-
mação; II - a decisão que julgar extinta a punibilidade; III - a sentença
absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime”.
e. Note-se que o inciso III traz que nem todo ilícito civil corresponde a
ilícito penal.
f. Uma questão nova na doutrina é que o art. 397, que traz absolvição su-
mária, hipótese de antecipação de tutela penal. O que se discute é se a
decisão que absolve sumariamente o réu obstaria a ação civil ex delicto.
g. Eugênio Pacelli entende que na absolvição sumária não há profunda ins-
trução, e assim não impede a ação civil ex delicto.
h. Outra questão envolve os tipos de justificação ou causas de exclusão
da ilicitude. O art. 65 do CPP traz que: “Faz coisa julgada no cível a
sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de
necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal
ou no exercício regular de direito”.
i. Uma questão que a doutrina ainda não é pacífica é como entender o
art. 65 do CPP combinado com o art. 386, VI parte final. O art. 386,
VI aponta para a possibilidade de absolvição quando houver dúvida a
respeito de causa de justificação.

Exercício
Direito Processual Penal

17. Raimundo Nonato foi vítima de extorsão mediante sequestro, tendo, inclu-
sive pago o resgate. Ao tomar conhecimento do autor do ilícito, ajuizou a
ação de indenização. O juiz decidiu indeferir a sua petição inicial sob o
argumento de que não seria possível reconhecer o ilícito antes da apreciação
da matéria pelo juízo criminal. O que deveria então fazer o autor?
Capítulo 10

Questões e Processos Incidentes

1. Aspectos introdutórios

1.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca das questões e processos incidentes,
sendo feito aqui abordagem sobre os aspectos introdutórios.

1.2 Síntese

a. A questão pode ser preliminar ou prejudicial, são as espécies. Questão


preliminar é aquela que vai impedir o juiz de julgar o mérito e a preju-
92

dicial condiciona, ou seja, somente após sua apreciação o juiz poderá


ingressar no mérito.
b. As questões prejudiciais podem ser homogêneas ou heterogêneas. Nas
homogêneas o próprio juiz criminal enfrentará a questão.
c. Na questão heterogênea, o juiz nunca a enfrentará ou somente poderá
enfrentar aquela questão depois de determinado tempo.
d. De acordo com o art. 92 do CPP:
»» Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de contro-
vérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o
curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvér-
sia dirimida por sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto,
da inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza urgente.
Trata-se aqui de uma questão prejudicial heterogênea.
e. Note-se que quando se trata de suspensão facultativa, não fica o juiz obri-
gado a suspender, mas se suspender terá que aguardar o prazo que fixar.
f. Ainda, no caso de suspensão facultativa, o art. 93, § 3º, impõe dever ao
Ministério Público.
g. O STF já decidiu que em relação aos crimes tributários, o lançamento é
questão prejudicial heterogênea, sendo hipótese de suspensão facultativa.

2. Incidente de insanidade mental do acusado

2.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos processos incidentes, sendo feita
aqui abordagem sobre o incidente de insanidade mental do acusado.

2.2 Síntese

a. Doença mental combinada com direito processual penal trabalha-se


Direito Processual Penal

com o incidente de insanidade mental do acusado.


b. O incidente de insanidade mental pode ser pedido na fase inquisitiva,
mediante representação da autoridade policial a juiz competente.
c. Também pode ser na fase judicial, de acordo com o art. 149, Caput:
»» Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz
ordenará, de ofício ou a requerimento do ministério público, do de-
93

fensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do


acusado, seja este submetido a exame médico-legal.
d. Haverá um laudo definitivo e será interligado ao sistema probatório.
e. Se o laudo trouxer que não há patologia, o sistema probatório adotado
pelo brasil é o livre convencimento motivado. Assim, pode ser alegado
que o juiz não é escravo do laudo.
f. Outro detalhe é que o incidente acarreta suspensão do processo, não há
qualquer repercussão na prescrição.
g. Será nomeado curador ao réu, se já não houver, de acordo com o art.
149, § 2º do cpp. Se não for nomeado, traz uma hipótese até mesmo de
nulidade.
h. Ainda, o art. 152 Dispõe: “se se verificar que a doença mental sobreveio à
infração o processo continuará suspenso até que o acusado se restabeleça,
observado o § 2o do art. 149”.
i. Trabalha-se aqui a hipótese de suspensão do processo se a doença sobre-
vier à infração.

3. Incidente de falsidade

3.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos processos incidentes, sendo feita
aqui abordagem sobre o incidente de falsidade.

3.2 Síntese

a. O incidente de falsidade não pode se dar por qualquer objeto, somente


documental, de acordo com o art. 145 do CPP.
b. O falso documental pode ocorrer de duas formas: material ou ideoló-
gico. No material, cria-se o documento e no ideológico o documento
Direito Processual Penal

existe, mas lançam-se informações inverídicas.


c. Se for falso testemunho não se deve pensar em incidente de falsidade,
pois se trata de prova testemunhal e a parte ou o juiz pega cópia do termo
de depoimento e remete ao MP, que por sua vez, se for o caso, denun-
ciará pelo crime de falso testemunho.
94

d. Ainda, quanto ao falso testemunhal, há pessoas que não estão obrigadas


a prestar o compromisso de dizer a verdade, sendo ouvidas como infor-
mantes.
e. A testemunha não pode mentir, mas não precisa prestar depoimento que
venha a incriminá-la.
f. O documento deve ser relevante para que haja o incidente de falsidade.
g. A respeito de quem pode arguir a falsidade, de acordo com a primeira
corrente, somente a outra parte. A segunda entende que a outra parte
pode, bem como a própria parte que trouxe o documento, desde que não
tenha sido ela quem produziu o documento.
h. O art. 148 traz que: “Qualquer que seja a decisão, não fará coisa julgada
em prejuízo de ulterior processo penal ou civil”.
i. Se o incidente de falsidade fizesse coisa julgada, deveria o falsário sair
condenado, portanto, não é essa a lógica.
j. Ainda, o art. 146 dispõe: “A arguição de falsidade, feita por procurador,
exige poderes especiais”.

4. Restituição de coisas apreendidas

4.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos processos incidentes, sendo feita
aqui abordagem sobre a restituição de coisas apreendidas.

4.2 Síntese

a. Se o juiz tiver dúvida sobre a posse ou propriedade, será instaurado


processo incidente, que terá com seu término uma decisão com força
definitiva.
b. Decisão em processo incidente dá margem à apelação subsidiária, nos
Direito Processual Penal

termos do art. 593, II do CPP.


c. O CPP estabelece a intervenção do MP e se este não intervier, será caso
de nulidade absoluta.
d. O art. 118 traz: “Antes de transitar em julgado a sentença final, as coisas
apreendidas não poderão ser restituídas enquanto interessarem ao pro-
cesso”. Isso porque, podem ser objetos de perícia, por exemplo.
95

e. Ressalte-se que o art. 91 dispõe que objetos do crime não podem ser res-
tituídos.
f. Trata-se de processo incidente, que terá seus autos autuados em apartado.

5. Medidas assecuratórias

5.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos processos incidentes, sendo feita
aqui abordagem sobre as medidas assecuratórias.

5.2 Síntese

a. O art. 127 do CPP dispõe: “O juiz, de ofício, a requerimento do Minis-


tério Público ou do ofendido, ou mediante representação da autoridade
policial, poderá ordenar o sequestro, em qualquer fase do processo ou
ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa”.
b. A matéria é divergente e possui duas correntes. A primeira entende que
é constitucional, pois não há empecilho na CF para que o juiz decrete
sequestro.
c. No entanto, toda vez que a lei processual permite a restrição do direito
daquele que ocupa o polo passivo, deve ser tida como não recepcionada
ou objeto de inconstitucionalidade superveniente, já que ao juiz crimi-
nal, no modelo acusatório, não foi conferido poder para atuar de ofício
para restringir direito.
d. Em prova objetiva, se for perguntado se o juiz pode decretar de ofício o
sequestro, a resposta é positiva, por ser letra de lei.
e. É preciso que se faça associação entre sequestro e produto ou proventos
do crime, o que não é o mesmo que objeto do crime.
f. O art. 129 traz: “O sequestro autuar-se-á em apartado e admitirá embargos
Direito Processual Penal

de terceiro”. Pode ser questionado pelo próprio acusado nos embargos.


g. Lembrando aqui que o CPP traz alguns prazos para o oferecimento da
denúncia e se o MP não oferece no prazo, cabe relaxamento de prisão.
h. O sequestro traz também uma limitação temporal, de acordo com o art.
131, I traz: “O sequestro será levantado: I - se a ação penal não for inten-
96

tada no prazo de sessenta dias, contado da data em que ficar concluída


a diligência”.
i. O art. 128 do CPP confere publicidade a esta medida, ao sequestro.
j. Outra medida assecuratória é a especialização de hipoteca. Relaciona-se
com a ação civil ex delicto, pois a especialização de hipoteca visa assegu-
rar a viabilidade da responsabilidade civil do acusado.
k. Pode ser requerida em qualquer fase do processo.
l. O art. 142 dispõe: “Caberá ao Ministério Público promover as medidas
estabelecidas nos arts. 134 e 137, se houver interesse da Fazenda Pública,
ou se o ofendido for pobre e o requerer”.

6. Exceções

6.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos processos incidentes, sendo feita
aqui abordagem sobre as exceções.

6.2 Síntese

a. Exceção nada mais é do que uma defesa processual. A exceção pode ser
peremptória ou dilatória.
b. A exceção peremptória traz relação processual que será encerrada com o
acolhimento da exceção. Exemplo: Litispendência.
c. A exceção dilatória traz uma relação processual que não será encerrada,
mas ocorrerá algum trâmite, algum problema. Exemplo: Exceção de in-
competência territorial.
d. O art. 111 do CPP dispõe: “As exceções serão processadas em autos apar-
tados e não suspenderão, em regra, o andamento da ação penal”.
e. Temos diversas modalidades de exceção: Suspeição, incompetência,
Direito Processual Penal

litispendência, ilegitimidade da parte, coisa julgada e impedimento e in-


compatibilidade.
f. Ainda, o art. 396-A, § 1º dispõe: “A exceção será processada em apartado,
nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código”.
g. O art. 406, § 3º traz que:
97

»» Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo que


interesse a sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar
as provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito),
qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário.
h. Nos crimes contra a honra, temos a figura da exceção da verdade e deve
ser observada a Súmula 396 do STF.
i. As exceções podem ser conhecidas de ofício. No processo civil a incom-
petência depende de provocação. No CPP a incompetência relativa, se
não arguida permite a prorrogação, ou seja, quem não era competente
passa a ser.
j. Contudo, ao contrário do CPC, o juiz pode reconhecer independente-
mente de provocação a sua incompetência.
k. Fala-se em competência de atos decisórios, mas competência nada mais é
do que a medida da jurisdição e é uma maneira de se garantir o processo
justo. Assim, todo e qualquer ato de juiz incompetente deve ser anulado.

Exercício
18. A questão prejudicial heterogênea obrigatória se submete a prazo de apre-
ciação no juízo cível? Há algum reflexo dessa remessa de decisão nas esferas
processual e penal?

7. Exceção de ilegitimidade de parte

7.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos processos incidentes, sendo feita
aqui abordagem sobre a exceção de ilegitimidade de parte.

7.2 Síntese
Direito Processual Penal

a. O CPP é omisso em relação à exceção de ilegitimidade de parte. Primei-


ramente, deve ser lembrado o fato de que advogado não é parte.
b. A exceção de ilegitimidade de parte discute a ilegitimidade da parte ativa.
Assim, devem ser lembradas quais são as espécies de ação penal.
c. Não há exceção de ilegitimidade de parte passiva, pois envolveria mérito ou
então seria caso de inimputabilidade pelo critério biológico (adolescente).
d. A ação penal pode ser pública ou privada. A exceção de ilegitimidade de
parte ativa ocorre na ação penal pública, por exemplo, e não sendo hipó-
tese de inércia, o particular deduz pretensão punitiva em juízo.
e. Caso tenhamos ação personalíssima, não pode o MP ajuizar a ação, pois
caberá ao réu opor exceção de ilegitimidade, e nesse caso, é peremptória,
uma vez que encerrará aquela relação processual.
f. A ação penal, a doutrina e jurisprudência entendem que é matéria de
direito material, e assim deve ser observada a proibição da retroatividade
maléfica.

8. Exceção de litispendência e
exceção de coisa julgada

8.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos processos incidentes, sendo feita
aqui abordagem sobre a exceção de litispendência e de coisa julgada.

8.2 Síntese

a. Existe a proibição a reformatio in pejus quando se fala em recurso, ha-


vendo uma ligação com a exceção de litispendência e de coisa julgada.
b. A convenção americana de direitos humanos trabalha com a proibição
do bis in idem.
c. Em um processo que ocorreu no rio de janeiro aconteceu à seguinte
situação. Traficante foi preso e mp o denunciou, denunciando também
policiais militares por associação.
d. O processo correu e foram os policiais absolvidos em primeira instância,
bem como no tj. Ocorreu o trânsito em julgado, ou seja, o estado afirmou
que os policiais não estavam associados para o tráfico.
e. A coisa julgada é do fato histórico e não da tipificação.
f. Após o trânsito em julgado, não mais em volta redonda, mas na auditoria
de justiça militar, os policiais foram denunciados pelo art. 305 Do cpm.
99

g. Ocorreu a primeira denúncia justamente porque não prendiam os tra-


ficantes. Em alegações finais, o mp pediu condenação e a defensoria
pública militar alegou exceção de coisa julgada. Assim, a auditoria mili-
tar decidiu pela coisa julgada.
h. A licc define legalmente os conceitos de coisa julgada e litispendência.
i. A exceção de litispendência visa impedir que o processo da segunda rela-
ção processual persista, mas o primeiro processo continuará.

Exercício
19. Sob o argumento de que a Promotora de Justiça havia atuado na ação penal
era esposa do juiz criminal, a defesa técnica de João opôs exceção de impe-
dimento. Ao apreciar a petição, o magistrado sequer conheceu da petição,
justificando a ausência de previsão legal. Analise a situação descrita.

9. Exceção de suspeição, impedimento


e incompatibilidade

9.1 Apresentação

Neste ítem será realizado estudo acerca dos processos incidentes, sendo feita
aqui abordagem sobre a exceção de suspeição, impedimento e incompatibili-
dade.

9.2 Síntese

a. As exceções de suspeição, impedimento e incompatibilidade têm em


comum que a imparcialidade do órgão jurisdicional está afetada.
b. A suspeição e impedimento se diferenciam dependendo se a imparciali-
Direito Processual Penal

dade se origina dentro ou fora do processo.


c. Imparcialidade é diferente de neutralidade, pois ninguém é neutro.
d. A exceção de suspeição encontra-se no art. 95, I. Ressalte-se que não há
previsão para o rese quando se trata do assunto.
100

e. O defensor pode alegar suspeição, impedimento e incompatibilidade,


sendo matéria observada pela Corregedoria e não pelo Poder Judiciário.
f. O CPC exige poderes especiais e no caso de assistido pela Defensoria
Pública basta assinatura do assistido na petição.
g. Suspeição é algo fora do processo e o art. 254 do CPP traz as possibili-
dades:
»» O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por
qualquer das partes: I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qual-
quer deles; II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver
respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso
haja controvérsia; III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo,
ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou respon-
der a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; IV - se
tiver aconselhado qualquer das partes; V - se for credor ou devedor,
tutor ou curador, de qualquer das partes; VI - se for sócio, acionista ou
administrador de sociedade interessada no processo.
h. O art. 104 do CPP dispõe acerca da suspeição do MP, trazendo que: “Se
for arguida a suspeição do órgão do Ministério Público, o juiz, depois
de ouvi-lo, decidirá, sem recurso, podendo antes admitir a produção de
provas no prazo de três dias”.
i. O art. 105 trabalha a suspeição do perito, dispondo: “As partes poderão
também arguir de suspeitos os peritos, os intérpretes e os serventuários ou
funcionários de justiça, decidindo o juiz de plano e sem recurso, à vista
da matéria alegada e prova imediata”.
j. O arts. 252 e 253 do CPP dispõem acerca do impedimento, trazendo
algumas hipóteses.
k. O primeiro dispõe:
»» O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: I - tiver fun-
cionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta
ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado,
órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça
ou perito; II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas fun-
ções ou servido como testemunha; III - tiver funcionado como juiz de
outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão;
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em
Direito Processual Penal

linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou dire-
tamente interessado no feito.
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l. A incompatibilidade observa caráter residual, ou seja, toda vez que a im-


parcialidade estiver afetada e não for caso de suspeição ou impedimento,
há incompatibilidade.

Exercício
20.Caio, policial militar, foi processado como incurso no artigo 35, Lei de
Drogas. De acordo com a imputação ministerial, a atuação criminosa do
servidor consistiria em arrecadar numerário para não prender os traficantes.
Caio é absolvido nesse processo com sentença transitada em julgado. Logo
após, é denunciado por extorsão, que consistiria em exigir dinheiro dos mes-
mos traficantes para não prendê-los. O que poderia argumentar a defesa de
Caio?

Direito Processual Penal


Gabarito

1. Segundo jurisprudência predominante, 5. Sim, como vimos.


que inclusive tem precedentes no STF, o 6. Sim, não há exceção, caso isto ocorra não
MP não pode presidir IP. se cita sendo que os autos são retirados do
2. Será competente a Comarca do local da juizado e remetidos ao juízo comum, que
recusa do pagamento. SÚMULA 521 STF, fará a citação e adotara o rito sumário.
244 STJ 7. Segundo a súmula do STJ não, os que dis-
3. Será competente ou o local onde foi de- cordam desta teoria ainda não são a maio-
cretado à falência, ou o local onde foi ria e assim deve-se responder desta forma.
concedida a recuperação judicial, ou o 8. Art. 121 a 126 do CP, salvo o homicídio
local onde foi homologado o acordo de re- culposo.
cuperação extrajudicial. ART. 183, da Lei 9. Depende, pode ser caso este seja conexo a
11101⁄05. um crime doloso contra a vida, ex. oculta-
4. Excepcionalmente sim, pois o rito ordiná- ção de cadáver.
rio pode ser aplicado subsidiariamente ao 10. Sim, caso contrário outra data será desig-
rito sumário (art. 394, parágrafo 4º e 5º do nada para o julgamento. Jurado que não
CPP .
comparecer e não justificar receberá uma questão no juízo cível e suspensão do prazo
multa, de um a dez salários mínimos. prescricional.
11. Sim, poderá inclusive ser novamente de- 19. Muito embora o artigo 95 do CPP não
cretada, dependendo somente dos requisi- tenha elencada a exceção de impedimento,
tos, quando aparecem e quando não, art. é perfeitamente possível manejá-la, já que
316 do CPP. a imparcialidade do juízo se encontra com-
12. Estado de inocência e dignidade da pessoa prometida. Diante da ausência de recurso
humana específico, cabe a defesa de João se valer
13. A questão da reformatio in pejus envolve da ação de habeas corpus para questionar a
recurso defensivo; logo, não assiste razão postura assumida pelo juiz criminal.
ao MP na sua alegação. 20. Seria possível se valer da exceção de coisa
14. D julgada, pois o fato histórico já foi apre-
15. A ciado, não sendo possível nova apreciação
16. A absolvição imprópria, que é aquela em pelo Poder Judiciário, sob pena de violar
que se reconhece a inimputabilidade do a garantia da coisa julgada e, por via de
réu, não gera reflexo automático na es- consequência, o primado da segurança
fera cível. Logo, é cabível a ação civil ex jurídica.
declito. Não pode o MP ajuizar a ação
civil ex delicto, já que o artigo 68 do CPP
não foi recepcionado. O entendimento
do Supremo Tribunal Federal que aponta
para a inconstitucionalidade progressiva
não é aplicável no presente caso, já que o
Rio de Janeiro possui Defensoria Pública
estruturada.
17. Deve Raimundo apelar da decisão, uma
vez que o artigo 64 do CPP é claro em
afirmar que não se mostra necessária a exis-
tência do título executivo judicial para o
ajuizamento da ação civil ex delicto.
18. Ao contrário do que se verifica na questão
prejudicial facultativa, não é possível fixar
prazo de suspensão do processo, sendo
certo que a ação penal deverá ficar sus-
pensa enquanto não decidida em definitivo
à questão. Dois são os reflexos: atribuição
de legitimidade ao MP para discutir a
Direito Processual Penal 104

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