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Aula 11

Direito Administrativo p/ TCE-PB (Auditor de Contas Públicas) Com videoaulas -


Pós-Edital

Professor: Erick Alves


Direito Administrativo para TCE-PB
Auditor de Contas Públicas
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 11

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Direito Administrativo para TCE-PB
Auditor de Contas Públicas
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 11
AULA 11
Olá pessoal! O tema da nossa aula é a Lei 13.303/2016, também
conhecida como Lei das Estatais. Estudaremos os seguintes assuntos:

SUMÁRIO

Lei 13.303/2016 Lei das Estatais ...................................................................................................................................... 3


Conceitos (arts. 3º e 4º) ............................................................................................................................................................ 4
Abrangência (art. 1º) ................................................................................................................................................................. 6
Regime societário (art. 5º a 26) ............................................................................................................................................ 9
Requisitos de transparência ................................................................................................................................................10
Práticas de gestão de riscos .................................................................................................................................................11
Acionista controlador ............................................................................................................................................................13
Órgãos estatutários ................................................................................................................................................................14
Composição da administração ............................................................................................................................................20
Fiscalização pelo Estado e pela sociedade (art. 85 a 90) ........................................................................................25
Órgãos de controle externo e interno...............................................................................................................................25
Divulgação de informações ..................................................................................................................................................26
Controle das despesas contratuais ....................................................................................................................................27
Supervisão Ministerial...........................................................................................................................................................28
Licitações (arts. 28 a 67) ........................................................................................................................................................29
Dispensa e Inexigibilidade ...................................................................................................................................................32
Finalidade, princípios e diretrizes .....................................................................................................................................39
Pessoas impedidas ..................................................................................................................................................................41
Publicidade ................................................................................................................................................................................43
Divulgação do edital ...............................................................................................................................................................44
Normas específicas para aquisição de bens ...................................................................................................................45
Normas específicas para alienação de bens ...................................................................................................................46
Critérios de julgamento.........................................................................................................................................................47
Critérios de desempate .........................................................................................................................................................50
Procedimento licitatório .......................................................................................................................................................50
Revogação e anulação da licitação.....................................................................................................................................56
Procedimentos auxiliares .....................................................................................................................................................57
Contratos (arts. 68 a 84).........................................................................................................................................................58
Formalização ............................................................................................................................................................................59
Alteração dos contratos ........................................................................................................................................................61
Sanções administrativas .......................................................................................................................................................62
RESUMÃO DA AULA ...................................................................................................................................................................64
Questões comentadas na aula..............................................................................................................................................69
Gabarito ..........................................................................................................................................................................................70

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LEI 13.303/2016 LEI DAS ESTATAIS

Em 2016, entrou em vigor uma lei importantíssima, há muito


aguardada no âmbito do Direito Administrativo: a Lei 13.303/2016, que
dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de
economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios.
Tal lei, que vem sendo chamada de “Lei da Responsabilidade das
Estatais” ou simplesmente de “Lei das Estatais”, veio disciplinar a
exploração direta de atividade econômica pelo Estado por
intermédio de suas empresas públicas e sociedades de economia
mista, conforme previsto no art. 173 da Constituição Federal:

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração


direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei.

§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade


de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica
de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços,
dispondo sobre:

I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela


sociedade;

II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas,


inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e
tributários;

III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações,


observados os princípios da administração pública;
IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e
fiscal, com a participação de acionistas minoritários;

V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos


administradores.

A Lei 13.303/2016 é, portanto, o estatuto jurídico previsto no texto


constitucional. Consequentemente, a lei dispõe sobre os assuntos
mencionados nos incisos I a V do art. 173, §1º da CF.
Em especial, a Lei das Estatais confere uma identidade ao regime
jurídico das empresas públicas e das sociedades de economia mista,
mesclando institutos de direito privado e de direito público.

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Ela estabelece uma série de mecanismos de transparência e
governança a serem observados pelas estatais, como regras para
divulgação de informações, práticas de gestão de risco, códigos de
conduta, formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade,
constituição e funcionamento dos conselhos, assim como requisitos
mínimos para nomeação de dirigentes.
Outro ponto de destaque da Lei são as normas de licitações e
contratos específicas para empresas públicas e sociedades de economia
mista.
Nesta aula, vamos ver alguns tópicos importantes da Lei das Estatais,
lembrando que a norma certamente ainda será objeto de muitos debates
doutrinários e jurisprudenciais. Por ora, contudo, vamos nos ater à sua
literalidade, que é como ela provavelmente será cobrada nas próximas
provas.
Vamos então à Lei!

CONCEITOS ( a rts. 3º E 4º )

A Lei 13.303 apresenta as definições de empresa pública e


sociedade de economia mista, da seguinte forma:

 Empresa pública: entidade dotada de personalidade jurídica de direito


privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo
capital social é integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo
Distrito Federal ou pelos Municípios, sendo possível a participação de
outras pessoas jurídicas de direito público interno bem como de entidades
da administração indireta.

 Sociedade de economia mista: entidade dotada de personalidade


jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de
sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua
maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou
a entidade da administração indireta.

Como se nota, a Lei confirma os conceitos até então adotados pela


doutrina, inclusive admitindo a participação de mais de uma entidade –
desde que seja integrante da Administração – no capital das empresas
públicas. Detalhe é que, neste último caso, a maioria do capital votante
deve permanecer em propriedade da União, do Estado, do Distrito Federal
ou do Município.

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O Decreto 8.945/2016, que regulamenta a Lei 13.303/2016


no âmbito da União, dispõe que a empresa pública adotará,
preferencialmente, a forma de sociedade anônima, que será
obrigatória para as suas subsidiárias.
Portanto, podemos dizer que as empresas públicas admitem qualquer forma jurídica,
porém, o regulamento da Lei 13.303/2016 (no âmbito da União) elege preferencialmente a
forma de sociedade anônima. Já as subsidiárias das empresas públicas (e logicamente
também das sociedades de economia mista) adotarão obrigatoriamente a forma de
sociedade anônima.

Para fins didáticos, vamos adotar a expressão “empresa estatal”


para nos referirmos às empresas públicas e às sociedades de economia
mista em conjunto, fazendo com que empresa estatal seja um gênero do
qual as empresas públicas e as sociedades de economia mista são
espécies.

Sociedade de
Empresa Pública
Economia Mista

Empresa
Estatal

Vale destacar que a lei que autorizar a criação da empresa pública ou


da sociedade de economia mista deverá indicar, de forma clara e
expressa, relevante interesse coletivo ou imperativo de segurança
nacional, uma vez, nos termos do art. 173 da Constituição1, a exploração
direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida nessas
circunstâncias, as quais constituem a função social das empresas
estatais (art. 27).

1 Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica

pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante
interesse coletivo, conforme definidos em lei .

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Únicas circunstâncias que permitem


ao Estado explorar atividade
econômica diretamente

Relevante interesse coletivo Função social das empresas públicas


Imperativo de segurança nacional e sociedades de economia mista

Deve estar previsto de forma


expressa e clara na lei que autorizar
a criação da empresa estatal

ABRANGÊNCIA ( art. 1º )

A Lei das Estatais é uma lei nacional, ou seja, ela vale tanto para a
União como para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
Suas normas se aplicam a toda e qualquer empresa pública e
sociedade de economia mista, de qualquer ente da Federação, que
explore atividade econômica.
O conceito de “atividade econômica”, para fins de enquadramento na
lei, compreende, basicamente, atividades que podem ser exploradas com
o intuito de lucro, abrangendo:
 Produção ou comercialização de bens (ex: produção e venda de
petróleo; produção e venda de energia elétrica)

 Prestação de serviços (ex: serviços bancários, administração de


aeroportos)

Detalhe é que a empresa pública ou sociedade de economia mista


que explore atividade econômica se enquadra nos ditames da Lei 13.303
ainda que a atividade econômica esteja sujeita ao regime de monopólio
da União2 ou seja de prestação de serviços públicos.
Obviamente, neste último caso, estamos falando da prestação de
serviços abrangidos pelo art. 175 da CF, ou seja, serviços públicos que
podem, pelo menos em tese, ser explorados com o intuito de lucro,

2 A exemplo da refinação do petróleo nacional ou estrangeiro, nos termos do art. 177, II da CF.

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diretamente ou mediante a delegação a particulares, a exemplo da
administração aeroportuária e do transporte coletivo de passageiros.
A Lei 13.303, portanto, não faz distinção em relação a estatais
exploradoras de atividade econômica (ex: Petrobras e Banco do Brasil) e
prestadoras de serviços públicos (ex: Infraero e Correios): todas,
indistintamente, devem observar os ditames da lei.

É possível a criação de empresas públicas e sociedades


de economia mista que não desempenham atividade
econômica em sentido estrito, ou seja, empresas
estatais que não visam ao lucro.
Ocorre o seguinte: sempre que o Estado desejar instituir uma entidade para
desempenhar atividade econômica com intuito de lucro, ele deverá criar uma empresa
pública ou uma sociedade de economia mista (Lei 13.303/16, art. 2º).
Contudo, em tese, o Estado também poderá criar empresas públicas e sociedades de
economia mista para desempenhar atividades de outra natureza, que não necessariamente
tenham o objetivo de lucro. Para confirmar, basta observar que nas definições de empresa
pública e de sociedade de economia mista presentes nos artigos 3º e 4º da Lei 13.303/16,
não há menção à natureza da atividade a ser exercida pela entidade.
Com efeito, no Brasil existem empresas públicas e sociedades de economia mista que
exercem poder de polícia e/ou desempenham atividades de natureza regulatória
(ex: Companhia de Engenharia de Tráfego CET, sociedade de economia mista no
Município de São Paulo; Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte BHTRANS,
sociedade de economia mista no Município de Belo Horizonte), ou ainda atividades de
cunho estritamente social (ex: Hospital Nossa Senhora Conceição S/A HNSC, uma
sociedade de economia mista; Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares EBSERH, uma
empresa pública, ambas no âmbito da União).
Tais entidades, por não exercerem atividades de natureza econômica, a princípio, não
estão abrangidas pela Lei 13.303/16.

Também estão sujeitas à Lei das Estatais as empresas públicas e as


sociedades de economia mista que participem de consórcio, bem como a
sociedade, inclusive a de propósito específico (SPE), que seja controlada
por empresa pública ou sociedade de economia mista (isto é, suas
subsidiárias).
A título de reforço, a Lei 13.303 preceitua que as regras sobre
licitações e contratos dispostas no estatuto aplicam-se inclusive à

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empresa pública dependente3 que explore atividade econômica, ainda
que a atividade econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da
União ou seja de prestação de serviços públicos (ex: Serpro).
Por outro lado, as empresas públicas e as sociedades de economia
mista, incluindo subsidiárias, com receita operacional bruta inferior a
R$ 90 milhões no exercício anterior, a princípio, não precisam
observar determinadas regras de governança previstas na Lei das
Estatais, quais sejam:
 Práticas de gestão de risco e controles internos

 Criação de comitê para avaliação dos membros do Conselho de


Administração

 Diretrizes para elaboração do estatuto

 Regras para indicação de administradores

 Normas aplicáveis aos Conselhos

D̀go “a pr̀ncíp̀o” porque a Lè estabelece um prazo de 180 dias para


que o Poder Executivo de cada ente estabeleça regras de governança
próprias destinadas a suas estatais com receita inferior ao limite. Se o
Poder Executivo não editar essas regras no prazo estabelecido, suas
estatais ficarão submetidas às diretrizes da Lei 13.3034.
Também não estão abrangidas pela Lei das Estatais (em relação a
todas as regras, e não apenas às regras de governança) as sociedades
empresariais nas quais a empresa pública, a sociedade de economia mista
e suas subsidiárias não detenham o controle acionário, ou seja, as
sociedades em que as estatais possuam participações minoritárias,
atuando como se fossem um investidor.
As empresas públicas e sociedades de economia mista, no dever de
fiscalizar as sociedades nas quais detenham participação minoritária,
deverão adotar práticas de governança e controle proporcionais à
relevância, à materialidade e aos riscos do negócio do qual são partícipes,
considerando, para esse fim, documentos, relatórios e informações
pertinentes.

3 Empresa estatal dependente: empresa controlada que receba do ente controlador recursos financeiros
para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último caso,
aqueles provenientes de aumento de participação acionária.
4 No âmbito da União, foi editado o Decreto 8.945/2016 que, dentre outras disposições, institui o

tratamento diferenciado para empresas estatais de menor porte , assim consideradas aquelas que
tiverem apurado receita operacional bruta inferior a R$ 90 milhões.

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Todos os entes
União, estados, DF ou municípios
da Federação
Explorem atividade econômica

Atuem em regime de monopólio

EP, SEM e Prestem serviços públicos


Subsidiárias
Estatal que atuar em consórcio, como
Lei das Estatais operadora
(abrangência)
Sociedade, inclusive de propósito
específico

Receita operacional bruta menor que


Não se aplicam R$ 90 mi
algumas regras
de governança
180 dias p/ editar normas

Não se aplica
Participações minoritárias
integralmente

REGIME SOCIETÁRIO ( art. 5º a 26 )

Primeiramente, vale destacar que a Lei das S/A (Lei 6.404/1976) e


as normas da Comissão de Valores Mobiliário (CVM) sobre
escrituração e elaboração de demonstrações financeiras, inclusive a
obrigatoriedade de auditoria independente por auditor registrado, se
aplicam a todas empresas públicas e sociedades de economia mista de
capital fechado. Tais normas, no setor privado, são aplicáveis apenas às
empresas de capital aberto (com ações negociadas na Bolsa de Valores),
ou seja, a Lei 13.303 prevê uma determinação mais rigorosa no setor
público em relação à observância dessas normas.
A Lei das Estatais estabelece regras de governança corporativa, de
transparência e de estruturas, práticas de gestão de riscos e de controle
interno, composição da administração, assim como os mecanismos de
proteção aos acionistas (se houver) que devem ser observados pelas
empresas públicas e sociedades de economia mista. Tais regras, práticas

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e mecanismos deverão estar reproduzidos nos estatutos sociais de cada
entidade.

REQUISITOS DE TRANSPARÊNCIA

Quanto aos requisitos de transparência, as empresas públicas e


sociedades de economia mista deverão observar, no mínimo, o seguinte:
 Elaboração de carta anual, subscrita pelos membros do Conselho
de Administração, com a explicitação dos compromissos de consecução
de objetivos de políticas públicas pela empresa pública, pela sociedade de
economia mista e por suas subsidiárias, em atendimento ao interesse
coletivo ou ao imperativo de segurança nacional que justificou a
autorização para suas respectivas criações, com definição clara dos
recursos a serem empregados para esse fim, bem como dos impactos
econômico-financeiros da consecução desses objetivos, mensuráveis por
meio de indicadores objetivos;

 Adequação de seu estatuto social à autorização legislativa de sua


criação;

 Divulgação tempestiva e atualizada de informações relevantes,


em especial as relativas a atividades desenvolvidas, estrutura de
controle, fatores de risco, dados econômico-financeiros, comentários dos
administradores sobre o desempenho, políticas e práticas de governança
corporativa e descrição da composição e da remuneração da
administração;

 Elaboração e divulgação de política de divulgação de informações,


em conformidade com a legislação em vigor e com as melhores práticas;

 Elaboração de política de distribuição de dividendos, à luz do


interesse público que justificou a criação da empresa pública ou da
sociedade de economia mista;

 Divulgação, em nota explicativa às demonstrações financeiras, dos


dados operacionais e financeiros das atividades relacionadas à
consecução dos fins de interesse coletivo ou de segurança nacional;

 Elaboração e divulgação da política de transações com partes


relacionadas, em conformidade com os requisitos de competitividade,
conformidade, transparência, equidade e comutatividade, que deverá ser
revista, no mínimo, anualmente e aprovada pelo Conselho de
Administração;

 Ampla divulgação, ao público em geral, de carta anual de


governança corporativa, que consolide em um único documento

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escrito, em linguagem clara e direta, as informações de que trata o
terceiro item acima;

 Divulgação anual de relatório integrado ou de sustentabilidade.

Note que a grande maioria desses requisitos pretendem fazer a


estatal demonstrar que suas atividades estão alinhadas ao interesse
coletivo ou ao imperativo de segurança nacional que justificou a sua
criação.
Os documentos resultantes do cumprimento dos requisitos de
transparência listados acima deverão ser publicamente divulgados na
internet de forma permanente e cumulativa, ou seja, os documentos
referentes a períodos anteriores não podem ser retirados quando da
publicação de uma nova versão.
Conforme o art. 173, §2º da Constituição Federal, “as empresas
públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de
privilégios fiscais não extensivos às do setor privado”.
Nesse sentido, quaisquer obrigações e responsabilidades que a
empresa pública e a sociedade de economia mista assumam em
condições distintas às de qualquer outra empresa do setor privado
em que atuam deverão estar claramente definidas em lei ou
regulamento, bem como previstas em contrato, convênio ou ajuste
celebrado com o ente público competente para estabelecê-las, observada
a ampla publicidade desses instrumentos, além de ter seu custo e suas
receitas discriminados e divulgados de forma transparente, inclusive no
plano contábil.
Ainda a título de transparência, a Lei obriga as empresas públicas e
sociedades de economia mista a divulgarem toda e qualquer forma de
remuneração dos administradores.

PRÁTICAS DE GESTÃO DE RISCOS

Em relação às práticas de gestão de riscos, a Lei 13.303 preceitua


que as empresas estatais adotarão regras de estruturas e práticas de
gestão de riscos e controle interno que abranjam:
 Ação dos administradores e empregados, por meio da implementação
cotidiana de práticas de controle interno;

 Área responsável pela verificação de cumprimento de obrigações e de


gestão de riscos;
 Auditoria interna e Comitê de Auditoria Estatutário.

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Além disso, deverá ser elaborado e divulgado Código de Conduta e
Integridade, que disponha, dentre outros assuntos, sobre orientações
sobre a prevenção de conflito de interesses e vedação de atos de
corrupção e fraude, canal de denúncias que possibilite o recebimento de
denúncias internas e externas e sanções aplicáveis em caso de violação às
regras do referido Código.
A área responsável pela gestão de riscos deve ser vinculada ao
diretor-presidente e liderada por diretor estatutário, devendo o
estatuto social prever as atribuições da área, bem como estabelecer
mecanismos que assegurem atuação independente.
Por sua vez, a auditoria interna, cuja missão é aferir a adequação do
controle interno, a efetividade do gerenciamento dos riscos e dos
processos de governança, assim como a confiabilidade do processo de
preparo das demonstrações financeiras, deverá ser vinculada ao
Conselho de Administração, diretamente ou por meio do Comitê de
Auditoria Estatutário.
O estatuto social devera prever, ainda, a possibilidade de que a área
de compliance se reporte diretamente ao Conselho de Administração
em situações em que se suspeite do envolvimento do diretor-presidente
em irregularidades ou quando este se furtar a obrigação de adotar
medidas necessárias em relação a situação a ele relatada.

Segundo o art. 11 da Lei 13.303/2016, a empresa pública


não poderá lançar debêntures ou outros títulos ou valores
mobiliários conversíveis em ações, nem emitir partes
beneficiárias.
Note que essa restrição é aplicável apenas às empresas públicas, mas não às
sociedades de economia mista!

Por outro lado, o art. 12, parágrafo único, preceitua que a sociedade de
economia mista poderá solucionar, mediante arbitragem, as divergências entre
acionistas e a sociedade, ou entre acionistas controladores e acionistas minoritários,
nos termos previstos em seu estatuto social.
Note que esse permissivo é aplicável apenas às sociedades de economia mista,
mas não às empresas públicas!

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ACIONISTA CONTROLADOR

Acionista controlador da empresa pública e da sociedade de economia


mista é o ente que detém o controle da empresa estatal, ou seja, é aquele
que possui a maioria do capital votante. Por exemplo: se a União
constituir uma empresa pública em conjunto com um Estado da
Federação, ficando aquela com 51% do capital votante e este com 49%, o
acionista controlador será a União.
A pessoa jurídica que controla a empresa estatal tem os deveres e as
responsabilidades do acionista controlador, estabelecidos na
5
Lei 6.404/1976 , devendo exercer o poder de controle no interesse da
companhia, respeitado o interesse público que justificou sua criação.
Nesse contexto, a Lei 13.303 preceitua que o acionista controlador da
empresa pública e da sociedade de economia mista responderá pelos
atos praticados com abuso de poder, nos termos da Lei da Sociedades
por Ações.
O acionista controlador da empresa pública e da sociedade de
economia mista deverá:
 Fazer constar do Código de Conduta e Integridade, aplicável à alta
administração, a vedação à divulgação, sem autorização do órgão
competente da empresa pública ou da sociedade de economia mista, de
informação que possa causar impacto na cotação dos títulos da empresa
pública ou da sociedade de economia mista e em suas relações com o
mercado ou com consumidores e fornecedores;

 Preservar a independência do Conselho de Administração no


exercício de suas funções;

 Observar a política de indicação na escolha dos administradores e


membros do Conselho Fiscal.

Uma preocupação relevante da Lei 13.303/2016 foi com eventuais


danos causados à empresa estatal em razão de abusos na sua condução
por parte dos controladores. Certamente, o motivo dessa preocupação
foram os graves fatos apurados recentemente em empresas estatais,
utilizadas com finalidades totalmente alheias ao interesse público e ao
interesse dos acionistas dessas entidades.
Nessa linha, eventual ação judicial de reparação de danos
causados à companhia pelo acionista controlador poderá ser proposta:

5 Lei 6.404/1976 é a Lei das Sociedades por Ações.

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 pela sociedade 6 , ou seja, pela própria empresa estatal que sofreu o
dano7;

 pelo terceiro prejudicado; ou

 pelos demais sócios, independentemente de autorização da assembleia-


geral de acionistas.

A Lei 13.303 preceitua que a ação de reparação prescreve em


seis anos, contados da data da prática do ato abusivo.

A ação de reparação de danos causados à


companhia pelo acionista controlador prescreve
em seis anos, contados da prática do ato abusivo.

ÓRGÃOS ESTATUTÁRIOS

A Lei 13.303 disciplina a composição e as responsabilidades dos


seguintes órgãos estatutários das empresas públicas e sociedades de
economia mista:

Conselho de Comitê de
Conselho Fiscal
Administração Auditoria

Diretoria

6 A expressão sociedade não está sendo adotada no sentido de população em geral mas sim de sociedade
corporativa.
7 A Lei 6.404/1976 estabelece as seguintes regras sobre a obrigação de reparar os danos que a sociedade

controladora causar à companhia:


Art. 246. A sociedade controladora será obrigada a reparar os danos que causar à companhia por atos
praticados com infração ao disposto nos artigos 116 e 117.
§ 1º A ação para haver reparação cabe:
a) a acionistas que representem 5% (cinco por cento) ou mais do capital social;
b) a qualquer acionista, desde que preste caução pelas custas e honorários de advogado devidos no caso de
vir a ação ser julgada improcedente.
§ 2º A sociedade controladora, se condenada, além de reparar o dano e arcar com as custas, pagará
honorários de advogado de 20% (vinte por cento) e prêmio de 5% (cinco por cento) ao autor da ação,
calculados sobre o valor da indenização.

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A lei que autorizar a criação da estatal deverá dispor sobre as
diretrizes e restrições a serem consideradas na elaboração do estatuto
da companhia quanto à composição da administração, em especial
sobre:
 Constituição e funcionamento do Conselho de Administração,
observados o número mínimo de sete e o número máximo de onze
membros;

 Requisitos específicos para o exercício do cargo de diretor, observado o


número mínimo de três diretores;

 Avaliação de desempenho, individual e coletiva, de periodicidade


anual, dos administradores e dos membros de comitês, observados
os seguintes quesitos mínimos:

 Constituição e funcionamento do Conselho Fiscal, que exercerá suas


atribuições de modo permanente, e cujos membros terão prazo de
gestão não superior a dois anos, permitidas duas reconduções
consecutivas;

 Constituição e funcionamento do Comitê de Auditoria Estatutário;

 Prazo de gestão dos membros do Conselho de Administração e dos


indicados para o cargo de diretor, que será unificado e não superior a
dois anos, sendo permitidas, no máximo, três reconduções
consecutivas.

A seguir, vamos estudar as disposições específicas sobre cada órgão


estatutário.

Conselho de Administração
O Conselho de Administração é o órgão que define as estratégias
e as políticas da empresa pública ou sociedade de economia mista, além
de indicar e avaliar os respectivos diretores.
Em tese, os membros do Conselho de Administração atuam em nome
dos acionistas que controlam a entidade. Não obstante, a Lei 13.303
garante a participação, no Conselho de Administração, de representante
dos empregados e dos acionistas minoritários.
Ademais, a lei preceitua que o Conselho de Administração deve ser
composto, no mínimo, por 25%8 de membros independentes ou por

8Quando, da aplicação do percentual de 25%, resultar número fracionário de conselheiros, o


arredondamento será feito para o número inteiro imediatamente superior, quando a fração for igual ou
superior a 0,5, ou imediatamente inferior, quando a fração for inferior a 0,5.

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pelo menos um, caso haja decisão pelo exercício da faculdade do voto
múltiplo pelos acionistas minoritários9.
O conselheiro independente caracteriza-se, basicamente, por não ter
qualquer vínculo com a empresa pública ou a sociedade de economia
mista, exceto participação de capital, nem com os respectivos
administradores e membros do Poder Executivo do ente ao qual a
entidade se vincula.
Detalhe é que serão consideradas, para o cômputo das vagas
destinadas a membros independentes, aquelas ocupadas pelos
conselheiros eleitos por acionistas minoritários, ou seja, a lei
implicitamente reconhece que o representante dos minoritários seria um
conselheiro independente.

Comitê de Auditoria
O Comitê de Auditoria é um órgão auxiliar do Conselho de
Administração, ao qual se reporta diretamente. As atribuições do Comitê
de Auditoria, basicamente, se resumem em supervisionar e avaliar as
atividades da auditoria interna, dos auditores independentes e das
áreas de controle interno. Mas vamos conhecer as competências do
Comitê, conforme estabelecido na lei:
 Opinar sobre a contratação e destituição de auditor independente;

 Supervisionar as atividades dos auditores independentes, avaliando sua


independência, a qualidade dos serviços prestados e a adequação de tais
serviços às necessidades da empresa pública ou da sociedade de
economia mista;

 Supervisionar as atividades desenvolvidas nas áreas de controle interno,


de auditoria interna e de elaboração das demonstrações financeiras da
empresa pública ou da sociedade de economia mista;

 Monitorar a qualidade e a integridade dos mecanismos de controle


interno, das demonstrações financeiras e das informações e medições
divulgadas pela empresa pública ou pela sociedade de economia mista;

 Avaliar e monitorar exposições de risco da empresa pública ou da


sociedade de economia mista, podendo requerer, entre outras,
informações detalhadas sobre políticas e procedimentos referentes a:

9O voto múltiplo está previsto no art. 141 da Lei 6.404/76. Segundo tal dispositivo, na eleição dos
conselheiros, é facultado aos acionistas que representem, no mínimo, 10% do capital social com direito a
voto, esteja ou não previsto no estatuto, requerer a adoção do processo de voto múltiplo, atribuindo-se a
cada ação tantos votos quantos sejam os membros do conselho, e reconhecido ao acionista o direito
de cumular os votos num só candidato ou distribuí-los entre vários.

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o remuneração da administração;

o utilização de ativos da empresa pública ou da sociedade de economia


mista;

o gastos incorridos em nome da empresa pública ou da sociedade de


economia mista;

 Avaliar e monitorar, em conjunto com a administração e a área de


auditoria interna, a adequação das transações com partes relacionadas;

 Elaborar relatório anual com informações sobre as atividades, os


resultados, as conclusões e as recomendações do Comitê de Auditoria
Estatutário, registrando, se houver, as divergências significativas entre
administração, auditoria independente e Comitê de Auditoria Estatutário
em relação às demonstrações financeiras;

 Avaliar a razoabilidade dos parâmetros em que se fundamentam os


cálculos atuariais, bem como o resultado atuarial dos planos de benefícios
mantidos pelo fundo de pensão, quando a empresa pública ou a
sociedade de economia mista for patrocinadora de entidade fechada de
previdência complementar.

Vale destacar que o Comitê de Auditoria exerce essas competências


sem prejuízo de outras previstas no estatuto da empresa pública ou da
sociedade de economia mista.
O Comitê de Auditoria Estatutário deverá se reunir sempre que
necessário, mas no mínimo bimestralmente, de modo que as
informações contábeis sejam sempre apreciadas antes de sua divulgação.
As atas das reuniões do Comitê, como regra, devem ser divulgadas,
exceto se o Conselho de Administração considerar que a divulgação da
ata possa pôr em risco interesse legítimo da empresa pública ou da
sociedade de economia mista, hipótese em que será divulgado apenas o
extrato dessa ata. Ressalte-se que essa restrição de publicidade não pode
ser oponível aos órgãos de controle, os quais devem ter total e irrestrito
acesso ao conteúdo das atos do Comitê de Auditoria, observada a
transferência de sigilo.
Quanto à composição, a Lei das Estatais preceitua que o Comitê de
Auditoria será formado por no mínimo três e no máximo cinco
membros, em sua maioria independentes, sendo que ao menos um
dos membros deve ter reconhecida experiência em assuntos de
contabilidade societária.
São condições mínimas para integrar o Comitê de Auditoria
Estatutário:

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 Não ser ou ter sido, nos 12 meses anteriores à nomeação para o
Comitê:

o diretor, empregado ou membro do conselho fiscal da empresa pública


ou sociedade de economia mista ou de sua controladora, controlada,
coligada ou sociedade em controle comum, direta ou indireta;

o responsável técnico, diretor, gerente, supervisor ou qualquer outro


integrante com função de gerência de equipe envolvida nos trabalhos
de auditoria na empresa pública ou sociedade de economia mista;
 Não ser cônjuge ou parente consanguíneo ou afim, até o segundo grau
ou por adoção, das pessoas referidas acima;

 Não receber qualquer outro tipo de remuneração da empresa pública ou


sociedade de economia mista ou de sua controladora, controlada,
coligada ou sociedade em controle comum, direta ou indireta, que não
seja aquela relativa à função de integrante do Comitê de Auditoria
Estatutário;

 Não ser ou ter sido ocupante de cargo público efetivo, ainda que
licenciado, ou de cargo em comissão da pessoa jurídica de direito público
que exerça o controle acionário da empresa pública ou sociedade de
economia mista, nos 12 meses anteriores à nomeação para o Comitê de
Auditoria Estatutário.

A documentação que comprova o atendimento dos requisitos acima


deve ser mantida na sede da estatal pelo prazo mínimo de 5 anos,
contato a partir do último dia de mandato do membro do Comitê.

Conselho Fiscal
O Conselho Fiscal, por sua vez, tem como principal atribuição
examinar as demonstrações financeiras da entidade e sobre elas opinar.
Os membros do Conselho Fiscal das empresas estatais devem ser
pessoas naturais, residentes no País, com formação acadêmica compatível
com o exercício da função, e que tenham exercido, por prazo mínimo de
três anos, cargo de direção ou assessoramento na administração pública
ou cargo de conselheiro fiscal ou administrador em empresa.
O Conselho Fiscal deverá contar com pelo menos um membro
indicado pelo ente controlador, que deverá ser servidor público com
vínculo permanente com a administração pública.

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É vedada a participação remunerada de membros
da administração pública, direta ou indireta, em
mais de dois conselhos, de administração ou
fiscal, de empresa pública, de sociedade de
economia mista ou de suas subsidiárias.

Diretoria
A Diretoria é o órgão que efetivamente executa as atividades
operacionais da empresa. Seus integrantes são popularmente conhecidos
como “execut̀vos”.
A Lei das Estatais impõe como condição para investidura em cargo de
diretoria da empresa pública e da sociedade de economia mista a
assunção de compromisso com metas e resultados específicos a
serem alcançados, que deverá ser aprovado pelo Conselho de
Administração, a quem incumbe fiscalizar seu cumprimento.
Paralelo a isso, a diretoria deverá apresentar, até a última reunião
ordinária do Conselho de Administração do ano anterior, um plano de
negócios para o exercício anual seguinte e uma estratégia de longo
prazo atualizada, com análise de riscos e oportunidades para, no
mínimo, os próximos cinco anos.
O plano e a estratégia devem ser aprovados e fiscalizados pelo
Conselho de Administração. Nesse sentido, a Lei preceitua que, sob
pena de responderem por omissão, os membros do Conselho de
Administração devem “promover anualmente análise de atendimento das
metas e resultados na execução do plano de negócios e da estratégia de
longo prazo, devendo publicar suas conclusões e informá-las ao
Congresso Nacional, às Assembleias Legislativas, à Câmara
Legislativa do Distrito Federal ou às Câmaras Municipais e aos
respectivos tribunais de contas, quando houver”. Obviamente, a estatal
somente irá informar ao órgão legislativo da esfera à qual se vincula.
Detalhe é que ficam excluídas da obrigação de publicação as
informações de natureza estratégica cuja divulgação possa ser
comprovadamente prejudicial ao interesse da empresa pública ou da
sociedade de economia mista.

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COMPOSIÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO

Consideram-se administradores da empresa pública e da sociedade


de economia mista os membros do Conselho de Administração e da
Diretoria. Eles podem ser responsabilizados conforme as normas da
Lei 6.404/1976 e da própria Lei 13.303/2016.

Membros do CA
Administradores da EP e SEM
Diretores

A escolha dos administradores das estatais (membros do CA e


diretores) deve recair sobre cidadãos de reputação ilibada e notório
conhecimento que preencham, cumulativamente, os seguintes
requisitos:
 Formação acadêmica compatível;

 Não ser inelegível;

 Tempo mínimo de experiência profissional, conforme alguma das


alternativas apresentadas a seguir:
 10 anos, no setor público ou privado, na área de atuação da EP ou
da SEM ou em área conexa àquela para a qual forem indicados em
função de direção superior;

 4 anos ocupando pelo menos um dos seguintes cargos:

o cargo de direção ou de chefia superior em empresa de porte ou


objeto social semelhante ao da EP ou da SEM, entendendo-se como
cargo de chefia superior aquele situado nos 2 níveis hierárquicos não
estatutários mais altos da empresa;

o cargo em comissão ou função de confiança equivalente a DAS-4 ou


superior, no setor público;

o cargo de docente ou de pesquisador em áreas de atuação da EP ou da


SEM;

 4 anos de experiência como profissional liberal em atividade direta ou


indiretamente vinculada à área de atuação da EP ou SEM.

A Lei das Estatais dispõe, ainda, que os requisitos de tempo de


experiência profissional podem ser dispensados no caso de indicação de
empregado que preencha os seguintes requisitos:

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 Tenha ingressado na EP ou SEM por meio de concurso público;

 Tenha mais de 10 anos de trabalho efetivo na EP ou SEM;

 Tenha ocupado cargo na gestão superior da EP ou SEM, comprovando


sua capacidade para assumir as responsabilidades dos cargos.

A Lei 13.303, ademais, veda a indicação para o Conselho de


Administração e para a diretoria:
 de representante do órgão regulador ao qual a estatal está sujeita,
de Ministro de Estado, de Secretário de Estado, de Secretário
Municipal, de titular de cargo, sem vínculo permanente com o serviço
público, de natureza especial ou de DAS na Administração, ainda que
licenciados do cargo;

 de dirigente estatutário de partido político e de titular de mandato


no Poder Legislativo de qualquer ente da federação, ainda que
licenciados do cargo;

 de pessoa que atuou, nos últimos 36 meses, como participante de


estrutura decisória de partido político ou em trabalho vinculado a
organização, estruturação e realização de campanha eleitoral;

 de pessoa que exerça cargo em organização sindical;


 de pessoa que tenha firmado contrato ou parceria, como fornecedor
ou comprador, demandante ou ofertante, de bens ou serviços de
qualquer natureza, com a pessoa político-administrativa
controladora da estatal ou com a própria empresa ou sociedade em
período inferior a 3 anos antes da data de nomeação;

 de pessoa que tenha ou possa ter qualquer forma de conflito de


interesse com a pessoa político-administrativa controladora da
estatal ou com a própria empresa ou sociedade.

Importante ressaltar que a vedação prevista nos dois primeiros itens


acima (autoridades do Governo, dirigente de partido político e membro do
Legislativo) estende-se também aos parentes consanguíneos ou afins
até o terceiro grau das pessoas nele mencionadas.
Por fim, vale mencionar que a Lei das Estatais exige que os
administradores eleitos devem participar, na posse e anualmente, de
treinamentos específicos sobre legislação societária e de mercado de
capitais, divulgação de informações, controle interno, código de conduta,
a Lei 12.846/2013 (Lei Anticorrupção), e demais temas relacionados às
atividades da empresa pública ou da sociedade de economia mista.

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1. (Cespe 2016) É vedada a participação remunerada de membros da


administração pública, direta ou indireta, em mais de dois conselhos, de
administração ou fiscal, de empresa pública, de sociedade de economia mista ou de
suas subsidiárias.
Comentário: O art. 20 da Lei das Estatais dispõe que “é vedada a
participação remunerada de membros da administração pública, direta ou
indireta, em mais de 2 (dois) conselhos, de administração ou fiscal, de
empresa pública, de sociedade de economia mista ou de suas subsidiárias”.
Gabarito: Certa

2. (Vunesp 2017) No que concerne ao contido na Lei Federal no 13.303, de 30 de


junho de 2016, que dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, é correto afirmar que
a) a sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de
direito público, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima,
cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao
Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da Administração indireta.
b) a empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito
público, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é
integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios.
c) a sociedade de economia mista não poderá solucionar, mediante arbitragem, as
divergências entre acionistas e a sociedade, ou entre acionistas controladores e
acionistas minoritários.
d) a sociedade de economia mista será constituída sob a forma de sociedade
limitada e deverá observar regras de governança corporativa, de transparência e de
estruturas, práticas de gestão de riscos e de controle interno.
e) a empresa pública e a sociedade de economia mista deverão possuir em sua
estrutura societária Comitê de Auditoria Estatutário como órgão auxiliar do Conselho
de Administração, ao qual se reportará diretamente.
Comentário: a resposta para essa questão encontra-se em dispositivos
“espalhados” pela Lei 13.303/2016. Vamos, então, solucioná-la:
a) ERRADA. A sociedade de economia mista é a entidade dotada de
personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei, sob a
forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em

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sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a
entidade da administração indireta (art. 4º).
b) ERRADA. Assim como na alternativa anterior, a banca trocou o direito
privado por direito público. O conceito correto de empresa pública é o
seguinte: “entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com
criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é
integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios (art. 3º).
c) ERRADA. A sociedade de economia mista poderá solucionar, mediante
arbitragem, as divergências entre acionistas e a sociedade, ou entre acionistas
controladores e acionistas minoritários, nos termos previstos em seu estatuto
social (art. 12, parágrafo único).
d) ERRADA. A sociedade de economia mista deve se organizar na forma
de sociedade anônima. Além disso, o estatuto da empresa pública, da
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias deverá observar regras
de governança corporativa, de transparência e de estruturas, práticas de
gestão de riscos e de controle interno, composição da administração e,
havendo acionistas, mecanismos para sua proteção (art. 6º).
e) CERTA. Essa é do art. 9º da Lei 13.303/2016, o qual dispõe que a
empresa pública e a sociedade de economia mista adotarão regras de
estruturas e práticas de gestão de riscos e controle interno que abranjam:
 Ação dos administradores e empregados, por meio da implementação cotidiana de
práticas de controle interno;
 Área responsável pela verificação de cumprimento de obrigações e de gestão de
riscos;
 Auditoria interna e Comitê de Auditoria Estatutário.

Gabarito: alternativa “e”

3. (TRF-2 – Juiz Federal Substituto 2017) O Estatuto Jurídico das Empresas


Públicas e Sociedades de Economia Mista e suas subsidiárias foi instituído com a
Lei n° 13.303, de 30.06.16. Marque a opção correta:
a) Depende de lei específica a constituição da empresa pública ou de sociedade de
economia mista. A lei, desde que presente justificativa plausível, pode delegar ao
Executivo a definição do relevante interesse coletivo que justifica a criação do ente
e, em tal caso, o fará de modo claro e transparente.
b) É vedada a participação das entidades da administração indireta no capital das
empresas públicas.
c) A Lei n° 13.303 traz forte preocupação com a governança corporativa e impõe que
o Conselho de Administração seja integralmente compostos por membros

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independentes.
d) Os membros do Conselho de Administração e os diretores são administradores e
submetem-se às normas da Lei n° 6.404/76 (Lei das S.A.).
e) As empresas públicas e sociedades de economia mista não estão submetidas à
disciplina da Lei de Falências e nem às normas da Comissão de Valores Mobiliários.
Comentários:
a) ERRADA. De acordo com o art. 2º, §1º, da Lei 13.303/2016, a
constituição de empresa pública ou de sociedade de economia mista
dependerá de prévia autorização legal que indique, de forma clara, relevante
interesse coletivo ou imperativo de segurança nacional, nos termos do caput
do art. 173 da Constituição Federal. Não há previsão, portanto, de delegação
dessa atribuição para o Poder Executivo.
b) ERRADA. A empresa pública deve ter capital oriundo apenas de
entidades públicas, incluindo das entidades da Administração indireta. Nessa
linha, o Estatuto dispõe que, desde que a maioria do capital votante
permaneça em propriedade da União, do estado, do DF ou do município, será
admitida, no capital da empresa pública, a participação de outras pessoas
jurídicas de direito público interno, bem como de entidades da administração
indireta.
c) ERRADA. Na verdade, o Estatuto prevê que o Conselho de
Administração deve ser composto, no mínimo, por 25% de membros
independentes ou por pelo menos um, caso haja decisão pelo exercício da
faculdade do voto múltiplo pelos acionistas minoritários (art. 22, caput).
d) CERTA. Consideram-se administradores da empresa pública e da
sociedade de economia mista os membros do Conselho de Administração e da
diretoria (art. 16, parágrafo único). Ademais, segundo o Estatuto, o
administrador é submetido às normas previstas na Lei nº 6.404/1976 (art. 16,
caput).
e) ERRADA. De fato, as empresas públicas e sociedades de economia
mista não se submetem à Lei das Falências (Lei 11.101/2005), por expressa
disposição desta. Contudo, segundo o Estatuto, as sociedades de economia
mista com registro da Comissão de Valores Mobiliários – CVM se submetem à
Lei 6.385/1976 (Lei da CVM) (art. 4º, § 2º). Além disso, de acordo com a Lei
13.303/2016, aplicam-se a todas as empresas públicas, as sociedades de
economia mista de capital fechado e as suas subsidiárias as disposições da
Lei das S.A., e as normas da Comissão de Valores Mobiliários sobre
escrituração e elaboração de demonstrações financeiras, inclusive a
obrigatoriedade de auditoria independente por auditor registrado nesse órgão
(art. 7º).
Gabarito: alternativa “d”

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FISCALIZAÇÃO PELO ES TADO E PELA SOCIEDADE (ART. 85 A 90)

O art. 173 da Constituição exige que o estatuto jurídico das empresas


estatàs d̀sponha sobre as “formas de f̀scal̀zação pelo Estado e pela
soc̀edade”.
Nesse sentido, a Lei 13.303 disciplinou a forma de atuação dos
órgãos de controle externo e interno sobre as empresas púbicas e
sociedades de economia mista, a divulgação das demonstrações contábeis
assim como de informações relativas às licitações e contratos dessas
entidades, o controle das respectivas despesas contratuais e a supervisão
ministerial. Vejamos.

ÓRGÃOS DE CONTROLE EXTERNO E INTERNO

Os órgãos de controle externo e interno das três esferas de


governo devem fiscalizar as empresas públicas e as sociedades de
economia mista a elas relacionadas, quanto à legitimidade, à
economicidade e à eficácia da aplicação de seus recursos, sob o ponto
de vista contábil, financeiro, operacional e patrimonial.
Como órgãos de controle externo podemos citar os Tribunais de
Contas, e como órgãos de controle interno, as controladorias e auditorias
internas.
Detalhe é que a competência fiscalizatória dos órgãos de controle
externo e interno abrange inclusive as estatais domiciliadas no
exterior e as empresas transnacionais 10 . No caso das empresas
transnacionais, os atos de fiscalização e controle devem se restringir aos
atos de gestão e aplicação do capital nacional, e essa fiscalização ocorre
independentemente de qualquer autorização nos respectivos atos e
acordos constitutivos das empresas, ou seja, o órgão de controle pode
fiscalizar a empresa transnacional ainda que o estatuto da entidade não
preveja a forma como essa fiscalização será empreendida.
Para a realização da sua atividade fiscalizatória, os órgãos de controle
deverão ter acesso irrestrito aos documentos e às informações
necessários à realização dos trabalhos, inclusive aqueles classificados
como sigilosos pela empresa pública ou pela sociedade de economia
mista.

10 Empresas transnacionais são aquelas cujo capital é integralizado pelos governos de diferentes países,

a exemplo da Itaipu Binacional, que tem como sócios os governos do Brasil e do Paraguai.

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Na verdade, o órgão de controle com o qual a informação classificada
como sigilosa pela empresa estatal foi compartilhada torna-se
corresponsável pela manutenção do seu sigilo.
Nessa linha, a Lei dispõe que o servidor do órgão de controle
responde administrativa, civil e penalmente pelos danos causados à
empresa pública ou à sociedade de economia mista e a seus acionistas em
razão de eventual divulgação indevida de informações que sejam
revestidas de sigilo bancário, estratégico, comercial ou industrial11.
O acesso dos órgãos de controle às informações relativas a
licitações e contratos, assim como às atas de reuniões, ordinárias ou
extraordinárias, dos conselhos de administração ou fiscal, inclusive a
eventuais gravações e filmagens desses encontros, será restrito e
individualizado, ou seja, o servidor do órgão de controle só terá acesso
às informações que tenham estrita relação com o escopo de seu trabalho.
Por fim, a Lei 13.303 determina que as ações e deliberações dos
órgãos de controle não podem implicar interferência na gestão das
estatais nem ingerência no exercício de suas competências ou na
definição de políticas públicas. Essa disposição tem como objetivo
evitar que as ações de controle extrapolem os limites legais e acabem
interferindo indevidamente nas atividades das entidades.

DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES

As informações das empresas públicas e das sociedades de economia


mista relativas a licitações e contratos, inclusive aqueles referentes a
bases de preços (registro de preços), constarão de bancos de dados
eletrônicos atualizados e com acesso em tempo real aos órgãos de
controle competentes.
Ademais, as estatais deverão disponibilizar para conhecimento
público, por meio eletrônico, informação completa e mensalmente
atualizada sobre a execução de seus contratos e de seu orçamento,
admitindo-se retardo de até dois meses na divulgação das informações.
Detalhe é que a disponibilização de informações contratuais
referentes a operações de perfil estratégico ou que tenham por objeto
segredo industrial receberá proteção mínima necessária para lhes garantir
confidencialidade.

11 Os critérios para a definição do que deve ser considerado sigilo estratégico, comercial ou industrial

serão estabelecidos em regulamento. O sigilo bancário, por sua vez, é definido na LC 105/2001.

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Lembrando que eventual restrição de acesso não poderá ser oponível
a fiscalização dos órgãos de controle interno e do tribunal de contas, sem
prejuízo da responsabilização administrativa, civil e penal do servidor que
der causa a eventual divulgação indevida dessas informações.
A Lei 13.303 trata ainda sobre a divulgação das demonstrações
contábeis auditadas da empresa pública e da sociedade de economia
mista, determinando que elas sejam disponibilizadas no site da entidade
na internet, inclusive em formato eletrônico editável, a fim de facilitar a
análise dos números por qualquer interessado.

CONTROLE DAS DESPESAS CONTRATUAIS

O controle das despesas decorrentes dos contratos firmados pelas


empresas estatais será feito pelos órgãos do sistema de controle
interno e pelo tribunal de contas competente, na forma da legislação
pertinente, ficando as empresas públicas e as sociedades de economia
mista responsáveis pela demonstração da legalidade e da regularidade da
despesa e da execução, nos termos da Constituição.
Além do controle externo e interno exercido por iniciativa dos
próprios órgãos competentes, a Lei 13.303 também estabelece
mecanismos de controle social das contratações efetuadas pelas
empresas estatais, possibilitando que a sociedade acione os órgãos de
controle – ou a própria entidade estatal – caso tome conhecimento de
alguma irregularidade na aplicação da lei. Nesse particular, as disposições
da Lei 13.303 se assemelham aos dispositivos que tratam do mesmo tema
na Lei 8.666/93.
Assim, o art. 86 da lei dispõe que qualquer cidadão é parte legítima
para impugnar edital de licitação, devendo protocolar o pedido até
cinco dias úteis antes da data fixada para a ocorrência do certame,
devendo a entidade julgar e responder à impugnação em até três dias
úteis. Note que essa impugnação é feita perante a própria empresa
estatal.
Além disso, qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou
jurídica poderá representar ao tribunal de contas ou aos órgãos de
controle interno contra irregularidades relativas a licitações e contratos
das empresas estatais.
A Lei 13.303 também preceitua que os tribunais de contas e os
órgãos integrantes do sistema de controle interno poderão solicitar

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para exame, a qualquer tempo, documentos de natureza contábil,
financeira, orçamentária, patrimonial e operacional das empresas
públicas, das sociedades de economia mista e de suas subsidiárias, no
Brasil e no exterior. Além de solicitar os documentos, os tribunais de
contas e os órgãos de controle interno podem determinar medidas
corretivas em função do exame que realizarem.

A Lei 13.303 estabelece limites específicos para as


despesas contratuais com publicidade e patrocínio da
empresa pública e da sociedade de economia mista.
Com efeito, o art. 93 estabelece que as despesas com publicidade e patrocínio não
poderão ultrapassar, em cada exercício, o limite de 0,5% da receita operacional bruta do
exercício anterior.
Esse percentual poderá ser ampliado para até 2%, por proposta da diretoria, justificada
com base em parâmetros de mercado do setor específico de atuação da empresa ou da
sociedade, e aprovada pelo respectivo Conselho de Administração.
N C A
Ademais, a lei veda à empresa pública e à sociedade de economia mista realizar, em ano
de eleição para cargos do ente federativo a que sejam vinculadas, despesas com
publicidade e patrocínio que excedam a média dos gastos nos três últimos anos que
antecedem o pleito ou no último ano imediatamente anterior à eleição.

SUPERVISÃO MINISTERIAL

Como sabemos, as empresas públicas e as sociedades de economia


mista, por serem entidades da administração indireta, se sujeitam à
tutela da administração direta, também chamada de
supervisão ministerial.
Assim, toda empresa estatal está vinculada (e não subordinada!) a
um órgão da administração direta (na esfera federal, a um Ministério, e
nos Estados e Municípios, a uma Secretaria).
Por exemplo, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal,
sociedade de economia mista e empresa pública federais,
respectivamente, estão vinculados ao Ministério da Fazenda. No caso, o
Ministério da Fazenda exerce controle finalístico sobre o Banco do Brasil
e a Caixa Econômica, com o objetivo de assegurar que essas entidades
não se desviem dos fins que justificaram a sua criação.

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A Lei 13.303 prega que o exercício da supervisão ministerial (tutela)
sobre a empresa pública ou da sociedade de economia mista não pode
ensejar a redução ou a supressão da autonomia conferida pela lei
específica que autorizou a criação da entidade supervisionada ou da
autonomia inerente a sua natureza, nem autoriza a ingerência do
supervisor em sua administração e funcionamento, devendo a
supervisão ser exercida nos limites da legislação aplicável.

LICITAÇÕES (arts. 2 8 A 6 7)

O art. 22, XXVII e o art. 173, §1º, III da Constituição Federal


deixaram aberta a passibilidade de ser instituído regime diferenciado de
licitação e contratação para as empresas públicas e sociedades de
economia mista.
Vamos relembrar a redação desses dispositivos:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais
da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37,
XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos
termos do art. 173, § 1°, III;

[...]

Art. 173. [...] § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa


pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que
explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de
prestação de serviços, dispondo sobre:

[...]

III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações,


observados os princípios da administração pública;

A ideia subjacente a esses dispositivos foi permitir a criação de um


regime de contratações para as empresas estatais que fosse mais
compatível com as atividades que elas exercem em regime de
concorrência com a iniciativa privada, ou seja, um regime mais
simplificado e ágil.
Nesse sentido, a Lei das Estatais passou a disciplinar a realização de
licitações e contratos no âmbito das empresas públicas e sociedades de
economia mista, independentemente da natureza da atividade

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desempenhada (prestadora de serviço ou exploradora de atividade
econômica).
Consequentemente, a Lei 8.666/93 deixou de ser aplicada a essas
entidades, salvo nos casos expressamente descritos na própria
Lei 13.303, que basicamente se resumem às normas penais (arts. 88 a
99) e parte dos critérios de desempate (art. 3º, §2º).

Relativamente ao regramento atualmente aplicável às


licitações e contratos das empresas públicas e sociedades
de economia mista, o autor Carvalho Filho ensina que a Lei
8.666/1993 se qualifica, na matéria, como lei geral, ao passo que a Lei 13.303/2016
constitui lei especial, porque destinada especificamente a essas entidades. Assim,
considerando que a lei especial prevalece sobre a lei geral, as estatais devem observar,
como regra, a Lei 13.303/2016, tendo a Lei 8.666/93 aplicação apenas subsidiária, para
suprir eventuais omissões.
Se houver alguma contrariedade entre as normas, a lei mais nova deve prevalecer, no
caso, a Lei 13.303/2016.

Por outro lado, o pregão, conforme disciplinado na Lei 10.520/2002,


deverá ser adotado preferencialmente pelas empresas públicas e
sociedades de economia mista para a aquisição de bens e serviços
comuns.
Portanto, agora, as estatais não vão mais utilizar as modalidades de
licitação previstas na Lei 8.666/93 (convite, concorrência, tomada de
preços, concurso e leilão), e sim os procedimentos previstos na
Lei 13.303, sendo que, para a aquisição de bens e serviços comuns, elas
devem adotar preferencialmente o pregão.
Outro detalhe é que as disposições da Lei Complementar 123/2006,
sobre o tratamento diferenciado a ser dado às microempresas e empresas
de pequeno porte, continuam a incidir nas licitações das empresas
estatais.

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Norma de aplicação imediata nas


Licitações das empresas estatais Lei 13.303/2016 contrações feitas por EP e SEM

Regra: não se aplica às EP e SEM

Lei 8.666/93
Salvo: hipóteses expressamente previstas -
normas penais e desempate - e aplicação
subsidiária para suprir omissões

Pregão: modalidade preferencial p/


Lei 10.520/2002 aquisição de bens e serviços comuns

LC 123/06 Tratamento diferenciado para ME e EPP

Importante comentar que, a par de todo esse conjunto normativo, a


Lei 13.303 determina, ainda, que as empresas públicas e sociedades de
economia mista publiquem e mantenham atualizado um
regulamento interno de licitações e contratos. Obviamente, tal
regulamento deverá ser compatível com a Lei 13.303 e com as demais
normas de hierarquia superior.
No regulamento interno devem figurar glossário de expressões
técnicas, cadastro de fornecedores, minutas-padrão de editais e contratos,
procedimentos de licitação e contratação direta, tramitação de recursos,
formalização de contratos, gestão e fiscalização de contratos, aplicação de
penalidades e procedimentos para recebimento do objeto do contrato.
Em seguida, vamos estudar os aspectos importantes sobre licitações
e contratos previstos na Lei 13.303/2016.

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DISPENSA E INEXIGIBILIDADE

As empresas públicas e sociedades de economia, regra geral, deverão


fazer licitação previamente à celebração de contratos com terceiros
que sejam destinados à:
 prestação de serviços, inclusive de engenharia e de publicidade;

 aquisição e locação de bens,

 alienação de bens e ativos integrantes do respectivo patrimônio;

 execução de obras a serem integradas ao patrimônio;

 implementação de ônus real sobre bens;

 convênio ou contrato de patrocínio com pessoas físicas ou jurídicas,


desde que comprovadamente vinculados ao fortalecimento da marca da
estatal (no que couber)

Note que até mesmo a contratação de serviços de publicidade deve


seguir o regime da Lei 13.303. Por sua vez, a celebração de convênios ou
contratos de patrocínio deve seguir os ditames da Lei 13.303 apenas
“no que couber”.
Contudo, da mesma forma que a Lei 8.666/93, a Lei das Estatais
prevê hipóteses de licitação dispensada, dispensável e inexigível.
Nas contratações diretas permitidas pela lei, caso haja sobrepreço
ou superfaturamento, devidamente comprovado pelo órgão de controle
externo, quem houver decidido pela contratação direta e o fornecedor ou
o prestador de serviços irão responder solidariamente pelo dano
causado.
Para permitir o controle sobre essas contratações diretas por
dispensa ou inexigibilidade, a Lei 13.303 exige que os respectivos
processos sejam instruídos, no que couber, com os seguintes elementos:
 Caracterização da situação emergencial ou calamitosa que justifique
a dispensa, quando for o caso;

 Razão da escolha do fornecedor ou do executante;


 Justificativa do preço.

A seguir, vamos analisar as hipóteses de licitação dispensada,


dispensável e inexigível previstas na Lei das Estatais.

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Licitação dispensada (art. 28)
As empresas públicas e sociedades de economia mista são
dispensadas de observar as normas sobre licitação nos seguintes casos:
 Comercialização, prestação ou execução, de forma direta, pelas
empresas mencionadas no caput, de produtos, serviços ou obras
especificamente relacionados com seus respectivos objetos
sociais;

 Nos casos em que a escolha do parceiro esteja associada a suas


características particulares, vinculada a oportunidades de negócio
definidas e específicas, justificada a inviabilidade de procedimento
competitivo.

A primeira hipótese consagra um entendimento antigo da


jurisprudência, especialmente do TCU, no sentido de que as empresas
estatais não precisam realizar licitação nas suas atividades-fim,
conforme os respectivos objetos sociais. É o caso, por exemplo, de
quando a Caixa Econômica Federal celebra um contrato de financiamento
imobiliário com um cliente ou de quando a Petrobras compra e vende
petróleo no mercado. Realmente, são situações incompatíveis com a
licitação.
A segunda hipótese consiste no aproveitamento de oportunidades
de negócio no mercado, especificamente relacionadas à formação e
extinção de parcerias, à aquisição e alienação de participação em
sociedades e a outras formas associativas, societárias ou
contratuais, assim como às operações realizadas no âmbito do mercado
de capitais, respeitada a regulação pelo respectivo órgão competente.
De fato, se uma estatal verificar oportunidade de se associar com
outra empresa no mercado, a realização de um procedimento licitatório
seria algo incompatível, daí a previsão legal de dispensa. Importante
ressaltar que, para essa hipótese de dispensa ser aplicada, é necessário
demonstrar a inviabilidade do procedimento competitivo.

Licitação dispensável (art. 29)


O Estatuto enumera ainda os casos de licitação dispensável, isto é,
hipóteses em que a realização de licitação seria possível mas que o
legislador conferiu liberdade à estatal para escolher realizar ou não o
procedimento licitatório.
As hipóteses de licitação dispensável previstas na Lei 13.303 são
semelhantes às que figuram no art. 24 da Lei 8.666/93, embora existam

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casos não previstos na lei geral. De qualquer forma, como se trata de
assunto bastante explorado em provas, vamos reproduzir o dispositivo da
Lei 13.303:

Art. 29. É dispensável a realização de licitação por empresas públicas e


sociedades de economia mista:

I - para obras e serviços de engenharia de valor até R$ 100.000,00 (cem


mil reais), desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço
ou ainda a obras e serviços de mesma natureza e no mesmo local que possam
ser realizadas conjunta e concomitantemente; [dispensa em razão do valor]
II - para outros serviços e compras de valor até R$ 50.000,00 (cinquenta
mil reais) e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se
refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto
que possa ser realizado de uma só vez; [dispensa em razão do valor]

III - quando não acudirem interessados à licitação anterior e essa,


justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a empresa
pública ou a sociedade de economia mista, bem como para suas respectivas
subsidiárias, desde que mantidas as condições preestabelecidas; [licitação
deserta]

IV - quando as propostas apresentadas consignarem preços


manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional ou
incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes; [licitação
fracassada]
V - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento de
suas finalidades precípuas, quando as necessidades de instalação e
localização condicionarem a escolha do imóvel, desde que o preço seja
compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia;
VI - na contratação de remanescente de obra, de serviço ou de
fornecimento, em consequência de rescisão contratual, desde que
atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas
condições do contrato encerrado por rescisão ou distrato, inclusive quanto ao
preço, devidamente corrigido;

VII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou


estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento
institucional ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde
que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha
fins lucrativos;

VIII - para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou


estrangeira necessários à manutenção de equipamentos durante o
período de garantia técnica, junto ao fornecedor original desses

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equipamentos, quando tal condição de exclusividade for indispensável para a
vigência da garantia;

IX - na contratação de associação de pessoas com deficiência física, sem


fins lucrativos e de comprovada idoneidade, para a prestação de serviços ou
fornecimento de mão de obra, desde que o preço contratado seja compatível
com o praticado no mercado;

X - na contratação de concessionário, permissionário ou autorizado para


fornecimento ou suprimento de energia elétrica ou gás natural e de outras
prestadoras de serviço público, segundo as normas da legislação específica,
desde que o objeto do contrato tenha pertinência com o serviço público.

XI - nas contratações entre empresas públicas ou sociedades de


economia mista e suas respectivas subsidiárias, para aquisição ou
alienação de bens e prestação ou obtenção de serviços, desde que os preços
sejam compatíveis com os praticados no mercado e que o objeto do contrato
tenha relação com a atividade da contratada prevista em seu estatuto social;

XII - na contratação de coleta, processamento e comercialização de


resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com
sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas
formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda que tenham como
ocupação econômica a coleta de materiais recicláveis, com o uso de
equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde
pública;

XIII - para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no


País, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e
defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada pelo
dirigente máximo da empresa pública ou da sociedade de economia mista;

XIV - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 4º,
5º e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios
gerais de contratação dela constantes; [incentivos à inovação e à pesquisa
científica e tecnológica]
XV - em situações de emergência, quando caracterizada urgência de
atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a
segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou
particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação
emergencial e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no
prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e
ininterruptos, contado da ocorrência da emergência, vedada a prorrogação
dos respectivos contratos, observado o disposto no § 2o; [contratação
emergencial]

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XVI - na transferência de bens a órgãos e entidades da administração
pública, inclusive quando efetivada mediante permuta;

XVII - na doação de bens móveis para fins e usos de interesse social,


após avaliação de sua oportunidade e conveniência socioeconômica
relativamente à escolha de outra forma de alienação;

XVIII - na compra e venda de ações, de títulos de crédito e de dívida e


de bens que produzam ou comercializem.

Dos dispositivos acima, cabe comentar os que tratam da dispensa em


razão do valor (incisos I e II). Note que a lei apresenta limites exatos,
superiores àqueles previstos na Lei 8.666/9312: para obras e serviços de
engenharia, limite de R$ 100 mil, e para outros serviços e compras,
limite de R$ 50 mil.
Detalhe é que a Lei 13.303 permite ao Conselho de Administração
alterar esses valores para refletir a variação de custos da
entidade, podendo, assim, haver valores diversos para cada empresa
(art. 29, §3º). Assim, por exemplo, se os custos da entidade aumentarem
em, digamos, 10%, o seu Conselho de Administração poderá aumentar
em 10% os limites de dispensa previstos na Lei 13.303.
No que tange às contratações emergenciais (inciso XV), a
Lei 13.303 acolheu entendimento da doutrina e do TCU no sentido de que
essas contratações não dispensam a responsabilização de quem, por
ação ou omissão, tenha dado causa à situação de emergência. Tal ação ou
omissão, inclusive, comporta enquadramento como ato de improbidade
administrativa.
Por exemplo: imagine que o setor competente solicitou a realização
da licitação com a devida antecedência, mas o processo ficou parado, sem
justificativa, no gabinete da autoridade competente, obrigando a
contratação emergencial, por falta de tempo para licitar. Nessa situação,
se a autoridade tivesse agido da forma correta, a contratação direta não
seria necessária, razão pela qual ela merece ser responsabilizada.
Outro ponto interessante é que a Lei das Estatais inclui como
hipótese de licitação dispensável duas situações que, na Lei 8.666 seriam
de licitação dispensada: “doação de bens móvès para f̀ns e usos de
̀nteresse soc̀al” (̀nc̀so XVII) e “compra e venda de ações, de títulos de
crédito e de dívida e de bens que produzam ou comercializem” (̀nc̀so

12 Os limites previstos na Lei 8.666/93 são: para obras e serviços de engenharia, limite de R$ 15 mil, e

para outros serviços e compras, limite de R$ 8 mil.

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XVIII). Com isso, a Lei substitui-se decisão vinculada (própria da licitação
dispensada) por decisão discricionária (própria da licitação dispensável)13.
Por fim, vale comentar que, na contratação de remanescente de
obra, de serviço ou de fornecimento, em consequência de rescisão
contratual (inciso VI), se nenhum dos licitantes aceitar a contratação nas
mesmas condições do contrato encerrado, a empresa pública e a
sociedade de economia mista poderão convocar os licitantes
remanescentes, na ordem de classificação, para a celebração do contrato
nas condições ofertadas por estes, desde que o respectivo valor seja
igual ou inferior ao orçamento estimado para a contratação, inclusive
quanto aos preços atualizados nos termos do instrumento convocatório.

Para melhor entendimento, vamos analisar uma situação


hipotética.
Imagine uma licitação para realizar uma obra com os seguintes
licitantes, juntamente com as respectivas propostas: A 1.000; B 1.050; C 1.100;
D 1.150.
Imagine também que o valor estimado para a contratação fosse de 1.200; portanto todas
as ofertas estão dentro do limite cotado pela empresa estatal.
A empresa A venceu a licitação e foi contratada, iniciando a realização da obra. Porém, no
meio da obra, a empresa A deixou de cumprir com as suas obrigações, ensejando a rescisão
do contrato. Nesse caso, a empresa estatal poderá contratar, por dispensa de licitação, os
demais licitantes, dentro da ordem de classificação, pelo preço atualizado da oferta de A.
Assim, B será convocado para assinar o contrato, pelo valor de 1.000; se não aceitar, a
empresa C será convocada, pelo mesmo preço de 1.000; por fim, se C não aceitar, a
empresa D poderá ser convocada, também pelo preço de 1.000.
Nessa situação, se todos não aceitarem firmar o contrato pelo preço de 1.000, a empresa
estatal poderá convocar novamente a empresa B, mas agora para firmar o contrato nas
condições da sua oferta, ou seja, por 1.050. Se B não aceitar, a estatal convocará a empresa
C, pelo valor de sua oferta (1.100), e assim sucessivamente.

13 Di Pietro (2017, p. 580).

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Inexigibilidade de licitação (art. 30)
Na Lei 13.303, o fundamento da inexigibilidade permanece o mesmo:
a inviabilidade de competição.
Aqui, não há qualquer novidade em relação à Lei 8.666/93. A Lei das
Estatais lista basicamente as mesmas hipóteses14 exemplificativas em que
a competição seria inviável:
 Fornecedor exclusivo;
 Serviços técnicos especializados15 (os mesmos previstos no art. 13
da Lei 8.666/93), com profissionais ou empresas de notória
especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade
e divulgação.

Considera-se de notória especialização o profissional ou a empresa


cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho
anterior, estudos, experiência, publicações, organização, aparelhamento,
equipe técnica ou outros requisitos relacionados com suas atividades,
permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais
adequado à plena satisfação do objeto do contrato.
Importante destacar que a Lei 13.303 não repetiu a exigência
contida na Lei 8.666 de que o serviço técnico especializado seja de
natureza singular para justificar a inexigibilidade de licitação. Assim, por
exemplo, um serviço especializado rotineiro, sem maiores complexidades
(a exemplo do gerenciamento de uma obra de pavimentação simples),
poderá ser contratado por inexigibilidade, desde que seja prestado por
uma empresa de notória especialização.

Para ser contratado por inexigibilidade, o serviço


técnico especializado não precisa possuir
natureza singular, mas apenas ser prestado por
pessoa de notória especialização.

14 Note que a Lei 13.303 não lista a contração de artistas consagrados como hipótese de inexigibilidade, o
que não impede a contratação direta, desde que seja demonstrada a inviabilidade de competição.
15 Serviços técnicos especializados:

a) estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos;


b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias;
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
g) restauração de obras de arte e bens de valor histórico.

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FINALIDADE, PRINCÍPIOS E DIRETRIZES

A finalidade das licitações realizadas e os contratos celebrados por


empresas públicas e sociedades de economia mista é assegurar a seleção
da proposta mais vantajosa, inclusive no que se refere ao ciclo de vida
do objeto, e evitar operações em que se caracterize sobrepreço ou
superfaturamento (art. 31).
Em síntese, sobrepreço significa contratar a preços superiores ao de
mercado, ao passo que superfaturamento significa pagar a mais que o
devido por razões alheias ao preço propriamente dito, como medição de
quantidades superiores às efetivamente executadas ou fornecidas,
realização de serviços e obras com qualidade inferior à orçada,
pagamentos antecipados, alterações indevidas no orçamento, dentre
outras.
Por exemplo: imagine que o agente público encarregado de colher os
orçamentos fez uma estimativa de preço da contratação 30% acima do
valor de mercado. Isso seria um sobrepreço. Por outro lado, se a empresa
e o servidor encarregado da medição da quantidade de material
empregado na obra adulterarem as medidas, realizando um cálculo de
material 20% acima do que foi efetivamente empregado, para justificar
um pagamento acima do devido, terá ocorrido um superfaturamento.

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Existem algumas formas de se obter o custo estimado


para a obra. A Lei das Estatais determina que o orçamento
de referência do custo global de obras e serviços de
engenharia seja obtido (art. 31, § 2º):
(i) a partir de custos unitários de insumos ou serviços menores; ou
(ii) iguais à mediana de seus correspondentes no Sistema Nacional de Pesquisa de
Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), no caso de construção civil em geral, ou
no Sistema de Custos Referenciais de Obras (Sicro), no caso de obras e serviços
rodoviários, devendo ser observadas as peculiaridades geográficas.
O Sinapi é um sistema com o banco de dados de custos para a construção civil, produzido
em conjunto entre o IBGE e a Caixa Econômica Federal. Por sua vez, o Sicro é um sistema
com o banco de dados de cursos de obras e serviços rodoviários, mantido e divulgado pelo
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes DNIT.
No caso de inviabilidade da definição dos custos das formas acima, a estimativa de custo
global poderá ser apurada por meio da utilização de dados contidos em tabela de
referência formalmente aprovada por órgãos ou entidades da administração pública
federal, em publicações técnicas especializadas, em banco de dados e sistema específico
instituído para o setor ou em pesquisa de mercado (art. 30, § 3º).

Já os princípios a serem observados nas licitações realizadas pelas


empresas estatais são os seguintes (art. 31):
 Impessoalidade
 Moralidade
 Igualdade
 Publicidade
 Eficiência
 Probidade administrativa
 Economicidade
 Desenvolvimento nacional sustentável
 Vinculação ao instrumento convocatório
 Obtenção de competitividade
 Julgamento objetivo

A Lei 13.303 estabelece, ainda, as diretrizes a serem perseguidas


nas licitações das empresas estatais. Diretrizes são os rumos a serem
seguidos pelas entidades para alcançar as metas programadas, sendo

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formalizadas por instruções e orientações veiculadas pelos respectivos
órgãos diretivos16.
Constituem diretrizes das licitações e contratos (art. 32):
 Padronização do objeto e dos instrumentos contratuais;

 Busca da maior vantagem competitiva;


 Parcelamento do objeto contratual, visando a ampliar a participação
de licitantes, sem perda de economia de escala;

 Adoção preferencial do pregão para a aquisição de bens e serviços


comuns;

 Observação da política de integridade nas transações com partes


interessadas.

PESSOAS IMPEDIDAS

Estará impedida de participar de licitações e de ser contratada pela


empresa pública ou sociedade de economia mista, a empresa (art. 38):
 Cujo administrador ou sócio detentor de mais de 5% do capital social
seja diretor ou empregado da empresa pública ou sociedade de economia
mista contratante;

 Suspensa pela empresa pública ou sociedade de economia mista;

 Declarada inidônea pela União, por Estado, pelo Distrito Federal ou pela
unidade federativa a que está vinculada a empresa pública ou sociedade
de economia mista, enquanto perdurarem os efeitos da sanção;

 Constituída por sócio de empresa que estiver suspensa, impedida ou


declarada inidônea;

 Cujo administrador seja sócio de empresa suspensa, impedida ou


declarada inidônea;

 Constituída por sócio que tenha sido sócio ou administrador de empresa


suspensa, impedida ou declarada inidônea, no período dos fatos que
deram ensejo à sanção;

 Cujo administrador tenha sido sócio ou administrador de empresa


suspensa, impedida ou declarada inidônea, no período dos fatos que
deram ensejo à sanção;

 Que tiver, nos seus quadros de diretoria, pessoa que participou, em


razão de vínculo de mesma natureza, de empresa declarada inidônea.

16 Carvalho Filho (2017, p. 554).

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Além dessas hipóteses, a Lei 13.303 também proíbe:
 a contratação de empregado ou dirigente da própria entidade, como
pessoa física, bem como a participação dele em procedimentos
licitatórios, na condição de licitante;

 a participação na licitação ou a contratação de quem tenha relação de


parentesco, até o terceiro grau civil, com: (i) dirigente de empresa
pública ou sociedade de economia mista; (ii) empregado de empresa
pública ou sociedade de economia mista cujas atribuições envolvam a
atuação na área responsável pela licitação ou contratação; (iii)
autoridade do ente público a que a empresa pública ou sociedade de
economia mista esteja vinculada.
 a participação na licitação ou a contratação de empresa cujo proprietário,
mesmo na condição de sócio, tenha terminado seu prazo de gestão ou
rompido seu vínculo com a respectiva empresa pública ou sociedade de
economia mista promotora da licitação ou contratante há menos de seis
meses.

Ademais, especificamente nas licitações para obras e serviços de


engenharia, é vedada a participação, direta ou indireta, da pessoa física
ou jurídica que tenha elaborado o anteprojeto ou o projeto básico da
licitação.
Igualmente, a lei veda a participação nas licitações para obras e
serviços de engenharia, exceto na condição de consultor ou técnico,
nas funções de fiscalização, supervisão ou gerenciamento, exclusivamente
a serviço da empresa estatal interessada:
 De pessoa jurídica que participar de consórcio responsável pela
elaboração do anteprojeto ou do projeto básico da licitação;

 De pessoa jurídica da qual o autor do anteprojeto ou do projeto básico


da licitação seja administrador, controlador, gerente, responsável técnico,
subcontratado ou sócio, neste último caso quando a participação superar
5% do capital votante.

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PUBLICIDADE

Como decorrência do princípio da publicidade, a Lei 13.303 submete


os atos e procedimentos praticados com base nela à legislação que regula
o acesso dos cidadãos às informações detidas pela Administração Pública,
particularmente aos termos da Lei 12.527/2011 (Lei de Acesso à
Informação).
Não obstante, o conteúdo das propostas, no modo de disputa
fechado, será mantido sob sigilo até a respectiva abertura.
Além disso, o Estatuto contém regra que estabelece, como regra, o
sigilo do valor estimado da contratação, evitando, assim, que as
propostas dos interessados sejam influenciadas pela estimativa de preços
feita pela Administração (art. 34).
A Lei 13.303, contudo, admite exceção, permitindo que o orçamento
seja divulgado mediante justificativa ou quando o julgamento for por
maior desconto. Ademais, no caso de julgamento por melhor técnica, o
valor do prêmio ou da remuneração deve ser incluído no instrumento
convocatório.
Detalhe é que a informação relativa ao valor estimado do objeto da
licitação deverá sempre ser disponibilizada a órgãos de controle
externo e interno, devendo a empresa pública ou a sociedade de
economia mista registrar em documento formal sua disponibilização aos
órgãos de controle, sempre que solicitado.

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DIVULGAÇÃO DO EDITAL

As empresas públicas e sociedades de economia mista deverão


divulgar os seus procedimentos licitatórios e contratos firmados em portal
específico na internet.
Devem ser observados os seguintes prazos mínimos para
apresentação de propostas ou lances, contados a partir da divulgação do
instrumento convocatório (art. 39):

SITUAÇÃO ANTECEDÊNCIA MÍNIMA

 Menor preço
5 dias úteis
 Maior desconto
AQUISIÇÃO DE BENS
10 dias úteis  Demais hipóteses

 Menor preço
15 dias úteis
 Maior desconto
OBRAS E SERVIÇOS
30 dias úteis  Demais hipóteses

 Melhor técnica
 Melhor combinação de técnica e preço
CASOS ESPECIAIS 45 dias úteis
 Contratação integrada
 Contratação semi-integrada

Note que os prazos variam, essencialmente, em função do objeto da


licitação e do critério de julgamento das propostas.
As modificações promovidas no instrumento convocatório deverão
ser objeto de divulgação nos mesmos termos e prazos dos atos e
procedimentos originais, exceto quando a alteração não afetar a
preparação das propostas.
Por fim, vale mencionar que os avisos contendo os resumos dos
editais das licitações e contratos devem ser previamente publicados no
Diário Oficial da União, do Estado ou do Município e na internet.

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NORMAS ESPECÍFICAS PARA AQUISIÇÃO DE BENS

As normas específicas para aquisição de bens são bastante


interessantes, pois incorporaram vários entendimentos doutrinários e
jurisprudenciais sobre o assunto.
Dessa forma, as empresas estatais, nas licitações para aquisição de
bens, poderão (art. 47):
a) indicar marca ou modelo, nas seguintes hipóteses:

(a1) em decorrência da necessidade de padronização do objeto;

(a2) quando determinada marca ou modelo comercializado por mais de


um fornecedor constituir o único capaz de atender o objeto do
contrato;
(a3) quando for necessária, para compreensão do objeto, a
identificação de determinada marca ou modelo apto a servir como
referência, situação em que será obrigatório o acréscimo da expressão
“ou s̀m̀lar ou de melhor qual̀dade”;

b) exigir amostra do bem no procedimento de pré-qualificação e na fase


de julgamento das propostas ou de lances, desde que justificada a
necessidade de sua apresentação;

c) solicitar a certificação da qualidade do produto ou do processo de


fabricação, inclusive sob o aspecto ambiental, por instituição previamente
credenciada.

Nota-se, portanto, que a indicação de marca é possível, desde que


em virtude de padronização (por exemplo: a empresa padroniza o uso de
uma marca específica de impressora em virtude da economia no contrato
de manutenção e de aquisição de cartuchos); ou quando o produto for
comercializado por mais de um fornecedor, constituindo o único capaz de
atender o objeto; ou como referência na descrição do objeto.
Ademais, o edital poderá exigir, como condição de aceitabilidade
da proposta, a adequação às normas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) ou a certificação da qualidade do produto por instituição
credenciada pelo Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (Sinmetro) (art. 47, parágrafo único).

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NORMAS ESPECÍFICAS PARA ALIENAÇÃO DE BENS

Alienar é transferir a propriedade de um bem para terceiros, como


ocorre na venda ou doação de bens.
Nessa linha, a alienação de bens por empresas públicas e por
sociedades de economia mista será precedida, em regra, de:
 Avaliação formal do bem contemplado; e

 Licitação.

Contudo, a exigência de avaliação não se aplica nos casos de


dispensa enumerados nos incisos XVI a XVIII do art. 29.17
Da mesma forma, a exigência de licitação não será aplicada nos
casos de licitação dispensada, previstos no art. 28, §3º (operações
relacionadas com os seus respectivos objetos sociais; e nos casos de
escolha do parceiro, vinculado a oportunidades de negócio).
Por fim, as exigências aplicáveis às alienações também se aplicam
aos casos de atribuição de ônus real 18 a bens integrantes do acervo
patrimonial de empresas públicas e de sociedades de economia mista,
inclusive em relação às hipóteses de dispensa e de inexigibilidade de
licitação.

17 Art. 29. É dispensável a realização de licitação por empresas públicas e sociedades de economia mista:

[...] XVI - na transferência de bens a órgãos e entidades da administração pública, inclusive quando
efetivada mediante permuta; XVII - na doação de bens móveis para fins e usos de interesse social, após
avaliação de sua oportunidade e conveniência socioeconômica relativamente à escolha de outra forma de
alienação; XVIII - na compra e venda de ações, de títulos de crédito e de dívida e de bens que produzam ou
comercializem.
18O ônus real é uma obrigação que limita o uso e o gozo da propriedade, possuindo aplicação extensível a
terceiros. A característica do ônus real é que ele adere à coisa, de tal forma que se o bem for transferido a
terceiros a obrigação vai junto com o bem A hipoteca o penhor e encargos de condomínio são exemplos
de ônus reais sobre bens se você adquirir um imóvel com dívidas perante o condomínio, as dívidas são
contraídas junto com o imóvel.

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CRITÉRIOS DE JULGAMENTO

Quanto aos critérios de julgamento das propostas, a Lei 13.303


prevê os seguintes (art. 54):
 Menor preço;

 Maior desconto;
 Melhor combinação de técnica e preço;

 Melhor técnica;

 Melhor conteúdo artístico;

 Maior oferta de preço;

 Maior retorno econômico;

 Melhor destinação de bens alienados.

O Estatuto permite que haja combinação de critérios no caso de


parcelamento do objeto.
O critério de maior desconto terá como referência o preço global
fixado no instrumento convocatório, estendendo-se o desconto oferecido
nas propostas ou lances vencedores a eventuais termos aditivos. No caso
de obras e serviços de engenharia, o desconto incidirá de forma linear
sobre a totalidade dos itens constantes do orçamento estimado, que
deverá obrigatoriamente integrar o instrumento convocatório.
Quando for utilizado o critério de melhor combinação de técnica e
preço, a avaliação das propostas técnicas e de preço considerará o
percentual de ponderação mais relevante, limitado a 70%. Nesse
cr̀tér̀o, são est̀pulados “pesos” para f̀ns de ponderação da proposta
técnica e da proposta de preço, sendo o vencedor aquele que alcançar a
maior pontuação de acordo com essa ponderação.
Por exemplo: imagine uma obra que não dependa apenas do preço,
mas também da tecnologia empregada. Nessa situação, a empresa estatal
estará preocupada em: (i) pagar um preço baixo; (ii) ter a melhor
tecnologia na construção. Assim, julgar apenas pelo preço não será
suficiente; da mesma forma, julgar apenas pela técnica também não.
Então, a empresa estatal poderá fazer a licitação pela melhor combinação
de técnica e preço. Porém, pode ser que, em alguns casos, o preço é o
mais importante e, em outros, a técnica será o principal fator. Por isso, é
possível estipular pesos. Dessa forma, poderia ser que o preço e a técnica
tivessem importâncias iguais, estipulando-se um fator de ponderação de
50% (metade para cada). Ou ainda, pode ser que a técnica seja mais

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importante, podendo-se empregar um fator de ponderação de 60% para a
técnica e 40% para o preço. Imagine que a empresa estatal, então,
estabeleça uma pontuação de 0 a 10 pontos para cada proposta (da
técnica e do preço). Então, um licitante (chamado de A) alcançou 8 pontos
na técnica e 7,5 pontos no preço; enquanto outro licitante (chamado de B)
emplacou 6 pontos na técnica e 10 pontos no preço. Aplicando-se o fator
de ponderação (60% para técnica e 40% para o preço), teríamos o
seguinte resultado final:
 Licitante A: 8,0 x 60% + 7,5 x 40% = 4,8 + 3,0 = 7,8
 Licitante B: 6,0 x 60% + 10,0 x 40% = 3,6 + 4,0 = 7,6

Veja que, se fosse realizada a soma simples dos pontos, o licitante B


seria o vencedor (16 pontos contra 15,5), mas, na média ponderada, o
vencedor foi o licitante A, tendo em vista que, nesse caso, a proposta
técnica tinha 60% de importância, contra 40% da proposta de preço.
Entretanto, em nenhum caso, a ponderação de um dos fatores
poderá ser superior a 70%. Portanto, a máxima relativização que teremos
será de 70% X 30%, seja para a técnica seja para o preço.
No caso do critério de maior retorno econômico, os lances ou
propostas terão o objetivo de proporcionar economia à empresa pública
ou à sociedade de economia mista, por meio da redução de suas despesas
correntes, remunerando-se o licitante vencedor com base em percentual
da economia de recursos gerada.
Por exemplo, poderá ser realizado um projeto para a redução da
conta de energia elétrica da empresa estatal; nesse caso, o vencedor é
aquele que apresentar o projeto para a maior redução dessa despesa,
sendo que o vencedor será remunerado com um percentual dos recursos
economizados.
Se a economia prevista na proposta não for gerada durante a
execução do contrato a diferença entre a economia contratada e a
efetivamente obtida será descontada da remuneração do contratado. Caso
a diferença entre a economia contratada e a efetivamente obtida seja
superior à remuneração do contratado, a este será aplicada a sanção
prevista no contrato para essa hipótese (art. 79).
Na implementação do critério de melhor destinação dos bens
alienados, será obrigatoriamente considerada, nos termos do respectivo
instrumento convocatório, a repercussão, no meio social, da finalidade
para cujo atendimento o bem será utilizado pelo adquirente. O

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descumprimento de tal finalidade resultará na imediata restituição do bem
alcançado ao acervo patrimonial da empresa pública ou da sociedade de
economia mista, sendo vedado, nessa hipótese, o pagamento de
indenização em favor do adquirente.

Critérios de julgamento* Características


Menor preço  mais barata
Maior oferta de preço  vence a proposta de maior preço
 vence a proposta de maior desconto sobre o preço total,
Maior desconto incluindo os aditivos. Em obras e serviços de engenharia, o
desconto será linear sobre a totalidade dos itens;
Melhor combinação de  considerará o percentual de ponderação das propostas
técnica e preço** técnicas e de preço, limitada a 70% para a mais relevante
 vence a melhor proposta técnica, para receber o prêmio ou
Melhor técnica**
remuneração previsto no edital;
Melhor conteúdo  a Lei das Estatais não explicou quando e como será aplicado
artístico** esse critério de julgamento;
Maior retorno  vence a proposta que representar a maior redução das
econômico** despesas correntes da empresa estatal
Melhor destinação de  vence a proposta que apresentar a melhor finalidade para o
bens alienados bem alienado, considerando a sua repercussão no meio social
* Admite-se a combinação dos critérios de julgamento, mas apenas quando for possível o
parcelamento do objeto.
** Para esses critérios, o instrumento convocatório deverá estabelecer parâmetros
específicos para limitar a subjetividade do julgamento

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CRITÉRIOS DE DESEMPATE

Em caso de empate entre duas propostas, serão utilizados, na


ordem em que se encontram enumerados, os seguintes critérios de
desempate:
1) Disputa final, em que os licitantes empatados poderão apresentar nova
proposta fechada, em ato contínuo ao encerramento da etapa de
julgamento;

2) Avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, desde que


exista sistema objetivo de avaliação instituído;

3) Os critérios estabelecidos no art. 3º da Lei 8.248/1991 19 e no art. 3º, §2º


da Lei 8.666/199320;

4) Sorteio.

PROCEDIMENTO LICITATÓRIO

O procedimento a ser seguido nas licitações das empresas públicas e


sociedades de economia mista está descrito nos artigos 51 a 62 da
Lei 13.303.
Interessante notar que o Estatuo das Estatais incorporou muitos
procedimentos do Regime Diferenciado de Contratações (RDC).
Basicamente, as licitações regidas pela Lei 13.303 deverão observar a
seguinte sequência de fases:

19 Nesta ordem, caso se trate de aquisição de bens e serviços de informática: (i) bens e serviços com
tecnologia desenvolvida no País; (ii) bens e serviços produzidos de acordo com processo produtivo básico,
nesta ordem,
20 Nesta ordem, bens e serviços: (i) produzidos no País; (ii) produzidos ou prestados por empresas

brasileiras; (iii) produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento
de tecnologia no País; (iv) produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de
reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e
que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação.

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Apresentação
Preparação Divulgação Julgamento
lances/propostas

Verificação da
Interposição de
efetividade dos Negociação Habilitação
recursos
lances/propostas

Homologação ou
Adjudicação
revogação

Note que, assim como no pregão e no RDC, a fase de habilitação


ocorre depois do julgamento das propostas, de forma inversa ao que
ocorre nas modalidades da Lei 8.666/93.
Contudo, a Lei 13.303 permite que, excepcionalmente, a habilitação
seja feita antes da apresentação e julgamento das propostas, igualando
ao procedimento da Lei 8.666/93, da seguinte forma:

Sequência normal:

... Julgamento Verificação Negociação Habilitação ...

Sequência excepcional:

... Habilitação Julgamento Verificação Negociação ...

Para que essa “̀nversão” em relação à sequênc̀a padrão da


Lei 13.303 possa ser feita, deverá haver previsão expressa no
instrumento convocatório.
As fases de adjudicação e homologação também seguem a mesma
sequência do pregão e do RDC: primeiro ocorre a adjudicação e depois a
homologação. Na Lei 8.666 é o inverso.
Os atos e procedimentos da licitação, tanto de responsabilidade da
própria estatal como dos licitantes, devem ser praticados
preferencialmente por meio eletrônico.

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A Lei 13.303 admitiu modos de disputa aberto e fechado, e,
ainda, a combinação de ambos.
No modo de disputa aberto, os licitantes apresentarão lances
públicos e sucessivos, crescentes ou decrescentes, conforme o critério de
julgamento adotado.
No modo de disputa fechado, as propostas apresentadas pelos
licitantes serão sigilosas até a data e a hora designadas para que sejam
divulgadas, não havendo possibilidade de apresentação de lances.
A combinação dos modos de disputa aberto e fechado poderá ser
adotada quando o objeto da licitação puder ser parcelado. Detalhe é que
a lei não explica como deve funcionar essa combinação dos modos de
disputa.

Quando for adotado o modo de disputa aberto,


poderão ser admitidos: (i) a apresentação de lances
intermediários; e (ii) o reinício da disputa aberta, após a
definição do melhor lance, para definição das demais
colocações, quando existir diferença de pelo menos 10% entre o melhor lance e o
subsequente.
D
Nos termos da lei, consideram-se lances intermediários, aqueles iguais ou inferiores ao
maior já ofertado, quando adotado o julgamento pelo critério da maior oferta, ou aqueles
iguais ou superiores ao menor já ofertado, quando adotados os demais critérios de
julgamento.
Em outras palavras, um lance intermediário é melhor do que o lance anterior que o
mesmo licitante apresentou, mas, ainda assim, é insuficiente para coloca-lo em primeiro
lugar na disputa, ou seja, o lance intermediário não supera o melhor lance que já foi
apresentado21, mas pode melhorar a classificação do licitante no certame (fazendo com que
ele passe de terceiro para segundo colocado, por exemplo).
Embora o lance intermediário não faça com que seu autor seja o vencedor da licitação
num primeiro momento, pode fazer caso haja a desclassificação ou a inabilitação do
licitante vencedor, hipótese em que os licitantes remanescentes são chamados na ordem
de classificação.

21 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2017, p. 805)

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Aberto Com fase de lances

Modos de disputa Fechado Sem fase de lances

Combinação dos Se o objeto puder


dois ser parcelado

Após o julgamento das propostas, conforme o critério previsto no


instrumento convocatório, e a aplicação dos critérios de desempate, se
necessário, a Lei 13.303 prevê uma fase denominada “verificação da
efetividade dos lances ou propostas”. Nesta fase, serão
desclassificadas as propostas que:
 contenham vícios insanáveis22;

 descumpram especificações técnicas constantes do instrumento


convocatório;
 apresentem preços manifestamente inexequíveis;

 se encontrem acima do orçamento estimado para a contratação, desde


que este seja divulgado (lembrando que a regra é o sigilo do valor
estimado do contrato);

 não tenham sua exequibilidade demonstrada, quando exigido pela


empresa pública ou pela sociedade de economia mista;
 apresentem desconformidade com outras exigências do instrumento
convocatório, salvo se for possível a acomodação a seus termos antes da
adjudicação do objeto e sem que se prejudique a atribuição de
tratamento isonômico entre os licitantes.

Detalhe é que a verificação da efetividade dos lances ou propostas


poderá ser feita exclusivamente em relação aos lances e propostas mais
bem classificados. Caso ocorra a desclassificação de alguma proposta ou
lance, a ordem de classificação que havia sido estabelecida na fase de
julgamento deverá ser correspondentemente alterada.
Confirmada a efetividade da proposta ou lance que obteve a primeira
colocação na etapa de julgamento, ou que passe a ocupar essa posição
em decorrência da desclassificação de outra que tenha obtido colocação

22Di Pietro sustenta que a Lei 13.303 admite a correção dos vícios sanáveis no que diz respeito à
apresentação das propostas.

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superior, a empresa estatal que esteja conduzindo a licitação deverá
negociar condições mais vantajosas com quem a apresentou.
Quando o preço do primeiro colocado, mesmo após a negociação,
permanecer acima do orçamento estimado, a negociação deverá ser
feita com os demais licitantes, segundo a ordem inicialmente
estabelecida. Se, mesmo assim, não for obtido valor igual ou inferior ao
orçamento, a licitação deverá ser revogada.

Busca condições mais vantajosas


É feita com o primeiro colocado, ou com
Negociação os demais, se necessário
Se não alcançar preço abaixo do
orçamento: REVOGAÇÃO

Em seguida, o procedimento passa para a fase de habilitação23 dos


licitantes. A habilitação será apreciada exclusivamente a partir dos
seguintes parâmetros:
 Exigência da apresentação de documentos aptos a comprovar a
possibilidade da aquisição de direitos e da contração de
obrigações por parte do licitante;

 Qualificação técnica, restrita a parcelas do objeto técnica ou


economicamente relevantes, de acordo com parâmetros estabelecidos de
forma expressa no instrumento convocatório;
 Capacidade econômica e financeira;

 Recolhimento de quantia a título de adiantamento, tratando-se de


licitações em que se utilize como critério de julgamento a maior oferta
de preço.

Quando o critério de julgamento utilizado for a maior oferta de


preço, os requisitos de qualificação técnica e de capacidade
econômica e financeira poderão ser dispensados. Ademais, o valor de
quantia eventualmente exigida no instrumento convocatório a título de
adiantamento reverterá a favor da empresa pública ou da sociedade de
economia mista, caso o licitante não efetue o restante do pagamento
devido no prazo para tanto estipulado.

23Lembrando que, excepcionalmente, desde que haja previsão expressa no edital, a fase de habilitação
poderá ocorrer antes da apresentação de lances ou propostas.

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Regra geral, o procedimento licitatório terá fase recursal única, a
qual ocorrerá após a fase de habilitação.
Nesse sentido, o Estatuto preceitua que os recursos deverão ser
apresentados no prazo de cinco dias úteis após a habilitação. Os
recursos poderão questionar os atos praticados nas fases de julgamento,
de verificação da efetividade dos lances ou propostas e de habilitação.
Se houver inversão de fases, ou seja, se a habilitação ocorrer antes
da apresentação das propostas, o procedimento deixa de possuir uma
fase recursal única. Nessa hipótese, os licitantes poderão apresentar
recursos em duas oportunidades: (i) após a fase de habilitação – para
questionar os atos praticados nesta fase; (ii) e após a etapa de verificação
==d73db==

da efetividade dos lances ou propostas – para questionar os atos


praticados nesta fase e na fase anterior, de julgamento. Em ambos os
casos, os recursos deverão ser apresentados no prazo de cinco dias
úteis após o encerramento da fase respectiva.
Após a fase de recursos, ocorre a adjudicação do objeto ao licitante
vencedor e, depois desta, a homologação do resultado (ou se for o caso,
a revogação do procedimento).
O art. 60 da Lè 13.303 d̀spõe expressamente que “a homologação
do resultado implica a constituição de direito relativo à celebração do
contrato em favor do licitante vencedor”, significando que a empresa
estatal não poderá celebrar contrato com preterição da ordem de
classificação das propostas ou com terceiros estranhos à licitação.

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REVOGAÇÃO E ANULAÇÃO DA LICITAÇÃO

A revogação da licitação poderá ser feita nas seguintes hipóteses:


 Se os valores das propostas permanecerem acima do orçamento
estimado, mesmo após a negociação com os licitantes (art. 57,
§3º);
 Quando o convocado não assinar o termo de contrato no prazo e
nas condições estabelecidas. Nesse caso, ao invés de revogar a
licitação, a entidade poderá convocar os licitantes remanescentes, na
ordem de classificação, para assinar o contrato nas mesmas condições
propostas pelo primeiro classificado (art. 75, §3º);
 Por razões de interesse público decorrentes de fato superveniente
que constitua óbice manifesto e incontornável (art. 62)

Quanto à anulação da licitação, deverá ser feita pela autoridade


competente para homologar o certame por razões de ilegalidade, de
ofício ou por provocação de terceiros, salvo quando for viável a
convalidação do ato ou do procedimento viciado.
A anulação da licitação por motivo de ilegalidade induz à nulidade
do contrato e não gera a obrigação de indenizar.
Depois de iniciada a fase de apresentação de lances ou propostas, a
revogação ou a anulação da licitação somente poderá ser efetivada
após se conceder aos licitantes que manifestem interesse em contestar o
respectivo ato prazo apto a lhes assegurar o exercício do direito ao
contraditório e à ampla defesa.

A anulação ou revogação depois de iniciada a fase


de apresentação de lances ou propostas depende
da concessão do contraditório e ampla defesa aos
licitantes que manifestem interesse em contestar.

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PROCEDIMENTOS AUXILIARES

A Lei das Estatais prevê alguns procedimentos auxiliares para dar


suporte às licitações e tornar mais efetivo o certame nas empresas
públicas e sociedades de economia mista24.
São procedimentos auxiliares nas licitações regidas pela
Lei 13.303:
 Pré-qualificação permanente

 Cadastramento

 Sistema de registro de preços

 Catálogo eletrônico de padronização

A pré-qualificação permanente é o procedimento anterior à


licitação que tem a finalidade de identificar fornecedores devidamente
habilitados e produtos com qualidade certificada para futuras licitações. A
pré-qualificação poderá ser efetuada nos grupos ou segmentos, segundo
as especialidades dos fornecedores. Detalhe é que a licitação poderá ser
restrita aos fornecedores já pré-qualificados. A pré-qualificação terá
validade de um ano, no máximo, podendo ser atualizada a qualquer
tempo.

A doutrina 25 classifica a pré-qualificação em


subjetiva e objetiva. A pré-qualificação subjetiva
refere-se aos fornecedores, enquanto a objetiva
trata dos bens que atendam às exigências técnicas e de qualidade.

O cadastramento, efetuados nos registros cadastrais para efeito de


habilitação, e o sistema de registro de preços, não apresentam
novidades, sendo adotadas as mesmas linhas do que consta na
Lei 8.666/93.
Por fim, o catálogo eletrônico de padronização consiste em
sistema informatizado, de gerenciamento centralizado, destinado a
permitir a padronização dos itens a serem adquiridos pela empresa
pública ou sociedade de economia mista. O catálogo pode ser adotado
para critérios de menor preço e maior desconto e deverá conter todos
os documentos e procedimentos da fase interna da licitação, incluindo as
especificações dos objetos.

24 Carvalho Filho (2017, p. 557 e 558)


25 Justen Filho, 2012.

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CONTRATOS (arts. 68 A 8 4)

Os contratos celebrados por empresas públicas e sociedades de


economia mista submetem-se a um regime jurídico híbrido.
Quando essas entidades exploram atividade econômica, o regime
jurídico básico é o de direito privado. Seria o caso, por exemplo, de um
contrato de financiamento imobiliário firmado pela Caixa Econômica
Federal com um cliente.
Entretanto, os contratos resultantes do procedimento licitatório
instituído pela Lei 13.303 sujeitam-se, predominantemente, ao regime de
direito público.

Os contratos celebrados pelas empresas estatais


regulam-se pelas suas cláusulas, pelo disposto na
Lei 13.303 e pelos preceitos de direito privado.

Maria Sylvia Di Pietro afirma que a intenção do legislador na


Lei 13.303 foi a de dar aos contratos firmados pelas empresas estatais a
natureza de contratos de direito privado.
Tanto é verdade que o Estatuto não prevê as cláusulas exorbitantes
estatuídas na Lei 8.666, que conferem prerrogativas à Administração e
dão ao contrato a natureza de direito público, como os poderes de alterar
e rescindir unilateralmente, fiscalizar a execução e ocupar
provisoriamente. A Lei 13.303 apenas manteve, em seu art. 83, o poder
de aplicar as sanções de advertência, multa e suspensão temporária.
A seguir, vamos estudar as principais regras previstas na Lei das
Estatais sobre contratos.

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FORMALIZAÇÃO

O Estatuto exige que os contratos das estatais contenham cláusulas


necessárias, ou seja, cláusulas que não podem deixar de integrar o ajuste.
São elas:
 O objeto e seus elementos característicos;

 O regime de execução ou a forma de fornecimento;

 O preço e as condições de pagamento, os critérios, a data-base e a


periodicidade do reajustamento de preços e os critérios de atualização
monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo
pagamento;
 Os prazos de início de cada etapa de execução, de conclusão, de entrega,
de observação, quando for o caso, e de recebimento;
 As garantias oferecidas para assegurar a plena execução do objeto
contratual, quando exigidas, observado o disposto no art. 68;

 Os direitos e as responsabilidades das partes, as tipificações das


infrações e as respectivas penalidades e valores das multas;
 Os casos de rescisão do contrato e os mecanismos para alteração de seus
termos;

 A vinculação ao instrumento convocatório da respectiva licitação ou ao


termo que a dispensou ou a inexigiu, bem como ao lance ou proposta do
licitante vencedor;

 A obrigação do contratado de manter, durante a execução do contrato,


em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, as condições
de habilitação e qualificação exigidas no curso do procedimento
licitatório;
 Matriz de riscos.

É prevista, ainda, a possibilidade de ser exigida prestação de


garantia nas contratações, cabendo ao contratado optar por uma das
seguintes modalidades: caução em dinheiro, seguro-garantia e fiança
bancária.
A garantia não excederá a 5% do valor do contrato e terá seu
valor atualizado nas mesmas condições nele estabelecidas. Para obras,
serviços e fornecimentos de grande vulto envolvendo complexidade
técnica e riscos financeiros elevados, o limite de garantia poderá ser
elevado para até 10% do valor do contrato.
Quanto à duração, os contratos não poderão exceder 5 anos,
salvo para projetos contemplados no plano de negócios e

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investimentos da entidade e nos casos em que a pactuação por prazo
superior a 5 anos seja prática rotineira de mercado e a imposição
desse prazo inviabilize ou onere excessivamente a realização do negócio
(art. 71).

Regra: máximo de 5 anos


Projetos do plano de
negócios e investimentos

Duração dos Exceções


contratos Prática rotineira de
mercado e se houver
inviabilização ou
Vedado: contrato por oneração do negócio
prazo indeterminado

Os contratos firmados pelas empresas estatais, como regra, devem


ser escritos, mas o Estatuto permite que a redução a termo seja
dispensada no caso de pequenas despesas de pronta entrega e
pagamento das quais não resultem obrigações futuras por parte da
entidade (art. 73).
O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, fiscais e
comerciais resultantes da execução do contrato, sendo que sua eventual
inadimplência não acarreta a transferência da responsabilidade à
empresa pública ou sociedade de economia mista.
A subcontratação é admitida dentro dos limites estabelecidos, em
cada caso, pela empresa estatal contratante, conforme previsto no edital
do certame. No caso, o subcontratado deve cumprir as exigências de
qualificação técnica impostas quando da contratação original (art. 78),
Todavia, a Lei 13.303 expressamente veda a subcontratação de
empresa ou consórcio que tenha participado da licitação ou da elaboração
de projeto básico ou executivo, direta ou indiretamente.
Vale destacar, ainda, que os direitos patrimoniais e autorais de
projetos ou serviços técnicos especializados desenvolvidos por
profissionais autônomos ou por empresas contratadas passam a ser
propriedade da entidade que os tenha contratado, sem prejuízo da
preservação da identificação dos respectivos autores e da
responsabilidade técnica a eles atribuída (art. 80).

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ALTERAÇÃO DOS CONTRATOS

Com relação à alteração contratual, a Lei 13.303 admite que


ocorra apenas por acordo entre as partes, ou seja, não pode haver
alteração unilateral pela estatal.

Os contratos celebrados pelas empresas estatais


só podem ser alterados por acordo entre as
partes. Não há previsão de alteração unilateral.

O acordo de alteração poderá ocorrer nos seguintes casos (art. 81):


 Quando houver modificação do projeto ou das especificações, para
melhor adequação técnica aos seus objetivos;

 Quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de


acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites
permitidos pela Lei;

 Quando conveniente a substituição da garantia de execução;


 Quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou
serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de verificação
técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais originários;

 Quando necessária a modificação da forma de pagamento, por


imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial
atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com relação ao
cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contraprestação de
fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço;

 Para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre


os encargos do contratado e a retribuição da administração para a justa
remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a
manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do
contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou
previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores
ou impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de
força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea
econômica extraordinária e extracontratual.

Note que as hipóteses de alteração unilateral previstas na Lei 8.666


foram incluídas na Lei 13.303 como fundamentos para alteração por
acordo entras as partes.
Ademais, a aceitação das alterações nos quantitativos, dentro do
limite legal, deixa de ser obrigatória para o contratado, para ser

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considerada como possibilidade. Ou seja, o contratado pode (não é
obrigado) aceitar alterações dos quantitativos.
Os limites permanecem os mesmos que os previstos na Lei 8.666:

 Regra: até 25% para acréscimos e supressões.


 Reforma de equipamento e edifício: até 50% apenas para acréscimos.

 Supressões feitas por acordo: podem superar esses limites.

SANÇÕES ADMINISTRATIVAS

Os contratados podem sofrer sanções pelo atraso ou pela inexecução


do contrato. As sanções aplicáveis precisam estar previstas no
instrumento do contrato.
Os atrasos injustificados na execução do contrato sujeitam o
contratado a multa de mora. A aplicação dessa multa não impede que a
empresa estatal rescinda o contrato e aplique outras sanções.
Por sua vez, pela inexecução total ou parcial do contrato, a
estatal poderá aplicar ao contratado as seguintes sanções26:
 Advertência;

 Multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato;

 Suspensão temporária de participação em licitação e


impedimento de contratar com a entidade sancionadora, por prazo
não superior a dois anos.

A multa poderá ser aplicada em conjunto com as demais sanções, as


quais, por sua vez, não poderão cumular-se entre si.
Antes de aplicar as sanções, a estatal deve assegurar a defesa prévia
do contratado, a ser apresentada no prazo de 10 dias úteis.
A suspensão temporária também poderá ser aplicada às empresas ou
aos profissionais que: (i) tenham sofrido condenação definitiva por fraude
fiscal; (ii) tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar os objetivos da
licitação; (iii) demonstrem não possuir idoneidade para contratar com a
entidade em virtude de atos ilícitos praticados.
As empresas estatais deverão informar os dados relativos às sanções
por elas aplicadas aos contratados de forma a manter atualizado o
cadastro de empresas inidôneas de que trata o art. 23 da
Lei 12.846/2013 (Lei Anticorrupção). O fornecedor incluído no referido

26 A Lei 13.303 não prevê a declaração de inidoneidade.

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cadastro não poderá disputar licitação ou participar, direta ou
indiretamente, da execução de contrato, mas será excluído do cadastro, a
qualquer tempo, caso demonstre a superação dos motivos que deram
causa à restrição contra ele promovida (art. 37).
Por fim, vale destacar que o art. 41 da Lei 13.303 prevê que a
aplicabilidade das normas de direito penal contidas nos arts. 89 a 99 da
Lei 8.666 às licitações e contratos das empresas estatais.

*****

É isso pessoal. Ficamos por aqui.

Como se trata de uma lei relativamente recente, ainda não temos


muitas questões de prova sobre ela.

De qualquer forma, penso que a banca irá explorar, essencialmente,


a literalidade da lei. Sendo assim, recomendo fortemente que você faça
pelo menos uma leitura atenta de todos os dispositivos da
Lei 13.303/2016.

Qualquer dúvida, poste lá no fórum, ok?

Bons estudos!

Erick Alves

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RESUMÃO DA AULA

Lei das Estatais Lei 13.303/2016


 CONCEITOS
 Empresa pública: entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação
autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pela U,
E, DF ou M (admite a participação de outras PJ de direito público interno bem como de
entidades da Adm. indireta)
 Sociedade de economia mista: entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado,
com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a
voto pertençam em sua maioria à U, E, DF ou M ou a entidade da administração indireta.

 ABRANGÊNCIA
LEI NACIONAL
Toda e qualquer EP e SEM que explore atividade econômica de produção ou comercialização de
bens ou de prestação de serviços, ainda que a atividade econômica esteja sujeita ao regime de
monopólio da União ou seja de prestação de serviços públicos.
EP e SEM que participe de consórcio (§5º)
Sociedade, inclusive SPE, que seja controlada por EP e SEM -> subsidiárias (§6º)
Participações minoritárias não estão abrangidas (§7º)

 EP e SEM, incluindo subsidiárias com receita operacional bruta inferior a R$ 90 milhões no


exercício anterior, a princípio, NÃO precisam observar:
 Práticas de gestão de risco e controles internos Poder Executivo pode criar regras
 Criação de comitê para avaliação dos membros do CA de governança para suas estatais
 Diretrizes para elaboração do estatuto no prazo de 180 dias a partir da
publicação da lei (§3º).
 Regras para indicação de administradores
 Normas aplicáveis aos Conselhos
 Regras de licitações e contratos aplicam-se inclusive à empresa pública dependente que
explore atividade econômica, ainda que a atividade econômica esteja sujeita ao regime de
monopólio da União ou seja de prestação de serviços públicos (§2º).

 REGIME SOCIETÁRIO
 Lei das S/A e normas CVM sobre demonstrações financeiras se aplicam a todas EP e SEM de
capital fechado (art. 7º).
 Requisitos de transparência mínimos: alinhamento ao interesse coletivo ou imperativo de
segurança nacional que justificou a criação da estatal (art. 8º).
 Práticas de gestão de riscos e código de conduta: a área responsável pela gestão de riscos
deve ser vinculada ao diretor-presidente e liderada por diretor estatutário (art. 9º).
 Auditoria interna vinculada ao Conselho de Administração (art. 9º, §3º).

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 EP não poderá lançar debêntures ou outros títulos conversíveis em ações ou emitir partes
beneficiárias (art. 11).
 SEM poderá solucionar divergências envolvendo acionistas por meio de arbitragem (art. 12).
 Diretrizes para elaboração do Estatuto (art. 13):
 Conselho de Administração: mínimo de 7 e máximo de 11 membros
 Diretores: mínimo de 3
 Avaliação de desempenho anual dos administradores individual e coletiva
 Prazo de gestão unificado dos membros do CA e dos diretores: até 2 anos, permitidas no
máximo 3 reconduções consecutivas.

 Cidadãos de reputação ilibada e notório conhecimento.


Requisitos para  Tempo mínimo de experiência profissional*.
escolha dos
administradores  Formação acadêmica compatível
 Não ser inelegível

*Tempo mínimo de experiência profissional (alternativas):


 10 anos, no setor público ou privado, na área de atuação da EP ou da SEM ou em área conexa
àquela para a qual forem indicados em função de direção superior;
 4 anos ocupando pelo menos um dos seguintes cargos:
 cargo de direção ou de chefia superior em empresa de porte ou objeto social semelhante
ao da EP ou da SEM, entendendo-se como cargo de chefia superior aquele situado nos 2
níveis hierárquicos não estatutários mais altos da empresa;
 cargo em comissão ou função de confiança equivalente a DAS-4 ou superior, no setor
público;
 cargo de docente ou de pesquisador em áreas de atuação da EP ou da SEM;
 4 anos de experiência como profissional liberal em atividade direta ou indiretamente
vinculada à área de atuação da EP ou SEM.

 Requisitos de tempo podem ser dispensados no caso de indicação de empregado que


preencha os seguintes requisitos:
 tenha ingressado na EP ou SEM por meio de concurso público;
 tenha mais de 10 anos de trabalho efetivo na EP ou SEM;
 ocupado cargo na gestão superior da EP ou SEM, comprovando sua capacidade para
assumir as responsabilidades dos cargos.

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 de representante do órgão regulador ao qual a estatal está sujeita, de Ministro de Estado, de
Secretário de Estado, de Secretário Municipal, de titular de cargo, sem vínculo permanente
com o serviço público, de natureza especial ou de DAS na Administração, ainda que licenciados
do cargo;
 de dirigente estatutário de partido político e de titular de mandato no Poder Legislativo de
qualquer ente da federação, ainda que licenciados;
 de pessoa que atuou, nos últimos 36 meses, como participante de estrutura decisória de
Indicações partido político ou em trabalho vinculado a campanha eleitoral.
vedadas
 de pessoa que exerça cargo em organização sindical;
 de pessoa que tenha firmado contrato ou parceria, como fornecedor ou comprador,
demandante ou ofertante, de bens ou serviços de qualquer natureza, com a pessoa político-
administrativa controladora da estatal ou com a própria empresa ou sociedade em período
inferior a 3 anos antes da data de nomeação;
 de pessoa que tenha ou possa ter qualquer forma de conflito de interesse com a pessoa
político-administrativa controladora da estatal ou com a própria empresa ou sociedade.

 ÓRGÃOS ESTATUTÁRIOS
 Conselho de Administração: estabelece diretrizes e elege a diretoria
 Diretoria: executa atividades operacionais
 Comitê de Auditoria: supervisiona os auditores independentes
 Conselho Fiscal: dá parecer sobre a gestão financeira

 ÓRGÃOS DE CONTROLE EXTERNO E INTERNO


 Competência fiscalizatória inclusive sobre estatais domiciliadas no exterior e empresas
transnacionais (independe de previsão no acordo constitutivo)
 Acesso irrestrito a documentos e informações, inclusive sigilosos -> órgão de controle fica
corresponsável por manter o sigilo.
 “ responde administrativa, civil e penalmente pela divulgação indevida de
informações revestidas de sigilo (art. 86, §4º; art. 87, §2º).
 As ações e deliberações do órgão de controle não podem implicar interferência na gestão
das estatais nem ingerência no exercício de suas competências ou na definição de políticas
públicas (art. 90).

 DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES
 Banco de dados de licitações e contratos com acesso em tempo real aos órgãos de controle.
 Informações mensais sobre execução dos contratos e orçamento disponíveis ao público,
sendo admitidos até 2 meses de retardo (art. 88).
 Demonstrações contábeis auditadas devem estar disponíveis na internet, inclusive em
formato eletrônico auditável.
 Atas de reuniões, inclusive gravações e filmagens, devem ser disponibilizadas aos órgãos de
controle sempre que solicitadas.

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 CONTROLE DAS DESPESAS CONTRATUAIS
 Qualquer cidadão pode impugnar edital de licitação, no prazo de até 5 dias úteis antes da
data fixada para a ocorrência do certame, devendo a entidade julgar e responder à
impugnação em até 3 dias úteis.
 Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou jurídica poderá representar ao tribunal
de contas ou aos órgãos de controle interno contra irregularidades relativas a licitações e
contratos.
 TC e órgãos de controle interno podem solicitar para exame, a qualquer tempo,
documentos de natureza contábil, financeira, orçamentária, patrimonial e operacional, assim
como determinar medidas corretivas.

 SUPERVISÃO MINISTERIAL
 A supervisão ministerial (tutela) não pode ensejar a redução ou a supressão da autonomia
da estatal, nem autoriza a ingerência do supervisor em sua administração e funcionamento,
devendo a supervisão ser exercida nos limites da legislação aplicável.

LICITAÇÕES E CONTRATOS

QUANDO LICITAR?
Contratos com terceiros destinados à (art. 28):
• prestação de serviços, inclusive de engenharia e de publicidade;
• aquisição e locação de bens,
• alienação de bens e ativos integrantes do respectivo patrimônio;
• execução de obras a serem integradas ao patrimônio;
• implementação de ônus real sobre bens.

 LICITAÇÃO DISPENSADA
As EP e SEM não devem seguir as normas sobre licitação nos seguintes casos:
 atividades relacionadas com seus respectivos objetos sociais;
 a escolha do parceiro estiver vinculada a oportunidades de negócio, justificada a inviabilidade
de procedimento competitivo.

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 LICITAÇÃO DISPENSÁVEL
Semelhante à Lei 8.666/93: A empresa estatal tem a faculdade de licitar/dispensar.
Exemplos (art. 29):
 Contratações de baixo valor  obras/sv de eng: R$ 100 mil; outros svs e compras: R$ 50 mil
 Não aparecem interessados e a licitação não pode ser repetida (licitação deserta)
 Preços superiores aos de mercado (licitação fracassada)
 Emergência (até 180 dias, improrrogáveis, admitida a responsabilização de quem deu causa).
 Contratação de suas subsidiárias.

 INEXIGIBILIDADE
Inviabilidade de competição, em especial:
 Fornecedor exclusivo;
 Serviços técnicos especializados, com profissionais de notória especialização (não precisa ser
de natureza singular), vedada para publicidade.

 OUTROS DISPOSITIVOS
 Orçamento com estimativa de preços em regra deve ser sigiloso, somente podendo ser
divulgado mediante justificativa ou quando o julgamento for por maior desconto (art. 34);
 Prazos para divulgação do edital conforme o critério de julgamento empregado (art. 39);
 Inversão das fases de julgamento e habilitação (art. 51);
 Modos de disputa aberto, com possibilidade de apresentação de lances, ou fechado, sem
lances (art. 52);
 Critérios de julgamento: menor preço, maior desconto, melhor combinação de técnica e
preço, melhor técnica, melhor conteúdo artístico, maior oferta de preço, maior retorno
econômico e melhor destinação de bens alienados (art. 54);
 Negociação com o primeiro colocado para obtenção de condições mais vantajosas, podendo
ser extensível aos demais licitantes quando o preço do primeiro colocado, mesmo após a
negociação, permanecer acima do orçamento estimado (art. 57);
 Fase recursal única, como regra (art. 59);
 Duração dos contratos, como regra, de cinco anos, admitidas determinadas exceções (art. 71);
 Alteração dos contratos apenas por acordo entre as partes, ou seja, não pode haver alteração
unilateral pela estatal (art. 72);
 O contratado pode (não é obrigado) aceitar alterações dos quantitativos, como regra, até 25%
para acréscimos ou supressões (art. 81);
 Regimes de contratação integrada ou semi-integrada (art. 42).

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QUESTÕES COMENTADAS NA AULA

1. (Cespe 2016) É vedada a participação remunerada de membros da administração


pública, direta ou indireta, em mais de dois conselhos, de administração ou fiscal, de
empresa pública, de sociedade de economia mista ou de suas subsidiárias.

2. (Vunesp 2017) No que concerne ao contido na Lei Federal no 13.303, de 30 de junho


de 2016, que dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de
economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, é correto afirmar que
a) a sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito
público, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações
com direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos
Municípios ou a entidade da Administração indireta.
b) a empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito público, com
criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido
pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios.
c) a sociedade de economia mista não poderá solucionar, mediante arbitragem, as
divergências entre acionistas e a sociedade, ou entre acionistas controladores e acionistas
minoritários.
d) a sociedade de economia mista será constituída sob a forma de sociedade limitada e
deverá observar regras de governança corporativa, de transparência e de estruturas,
práticas de gestão de riscos e de controle interno.
e) a empresa pública e a sociedade de economia mista deverão possuir em sua estrutura
societária Comitê de Auditoria Estatutário como órgão auxiliar do Conselho de
Administração, ao qual se reportará diretamente.

3. (TRF-2 – Juiz Federal Substituto 2017) O Estatuto Jurídico das Empresas Públicas e
Sociedades de Economia Mista e suas subsidiárias foi instituído com a Lei n° 13.303, de
30.06.16. Marque a opção correta:
a) Depende de lei específica a constituição da empresa pública ou de sociedade de
economia mista. A lei, desde que presente justificativa plausível, pode delegar ao Executivo
a definição do relevante interesse coletivo que justifica a criação do ente e, em tal caso, o
fará de modo claro e transparente.
b) É vedada a participação das entidades da administração indireta no capital das empresas
públicas.
c) A Lei n° 13.303 traz forte preocupação com a governança corporativa e impõe que o
Conselho de Administração seja integralmente compostos por membros independentes.
d) Os membros do Conselho de Administração e os diretores são administradores e
submetem-se às normas da Lei n° 6.404/76 (Lei das S.A.).
e) As empresas públicas e sociedades de economia mista não estão submetidas à disciplina
da Lei de Falências e nem às normas da Comissão de Valores Mobiliários.

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GABARITO

2) e 3) d
1) C

(61) 99170 1432


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Prof. Érica Porfírio disponibilizam dicas, materiais e informações sobre
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Referências:
Alexandrino, M. Paulo, V. Direito Administrativo Descomplicado. 25ª ed. São Paulo:
Método, 2014.
Carvalho Filho, J. S. Manual de Direito Administrativo. 31ª ed. São Paulo: Atlas, 2017.
Di Pietro, M. S. Z. Direito Administrativo. 30ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2017.

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