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ox: 10.20287/ee:227.v2.203 Educagdo para a Leitura na Era da Inform: estruturas narrativas para o envolvimento do pt gio: Novas poéticas e lico jovem em atividades de leitura Juliana Monteiro, Miguel Carvalhais & Carla Morais CIQUP, Universidade do Porto / INESC TEC, Universidade do Porto / CIQUP, Universidade do Porto E-mail: juliana monceiro@fe.up.pt /mearvathais@fba.up.pt orais@fe.up.pt Resumo © contato precoce com um fluxo continuo de in formagao moldou as necessidades dos estudan- tes atuais, apresentando desafios ¢ oportunidades sem precedentes para a sua educagio. Este con- texto repercute-se incontomnavelmente na necessi- dade de desenvolver novas estratégias de ensino- aprendizagem formais ¢ informais para dar resposta ‘estas novas necessidades, novas maneiras de pen- sar e alé novas estruturas cognitivas. Paralelamente, ‘eencarando a leitura como um dos principais pilares para a capacidade de singrar em desafios na esfera ‘educativa e profissional numa sociedade digital em {que a informagio flui com uma facilidade e rapidez som precedentes, evidencia-se também uma necessi- dade de repensar a educacdo para a leitura, aprovei- tando o potencial das novas tecnologias da informa- <0 comunicagao ¢ do edutainment, em que 0 Uso de estruturas narrativas hipertextuais, cibertextuais ¢ cexgédicas poderé ter especial interesse. Este artigo procura tragar um levantamento teérico que sustente ‘uma compreensio integrada da problemitica da edu- cago para a leitura na Era da Informagio, refletindo sobre o potencial de diferentes poéticas e estruturas narrativas para 0 envolvimento do pablico jovern em atividades de leitura. Exploramos igualmente os re- sultados de um trabalho de Investigagio e Desenvol- Vimento que aborda a narrativa multilinear no livro digital educative como ferramenta para 0 envolvi- ‘mento ¢ motivagao do piblico jovem em atividades de leitura, Palavras-chave: nartativa mulilinear; Edutainment; aprendizagem informal; nativos digitais; tecnologias de informagio e comunicasio. Introdugao SDE a Sociedade Industrial até & “Aldeia Global” de McLuhan (1964), que se consolidou fortemente com as tecnologias digitais atuais, as alterages sociais ocortidas foram grandes. Da metéfora da maquina, estandardizada e indiferente a singularidade do individuo, observamos ata de submissio: 2017-12-15, Data de aprovasio: 2018-07-19. FCT. oa & a , CT. att Whe Dezembro de 2018 Juliana Monteiro, Miguel Carvalhais & Carla Morais a transigao para uma metéfora de rede, em que todos os individuos se interligam para construgao colaborativa ¢ coletiva do conhecimento. Evidencia-se neste contexto 0 aparecimento de um novo perfil de estudantes, que sempre viveram rodeados por tecnologia ¢ que consequentemente se tomaram avidos por interagao, por envolvimento, por novas tecnologias e por ter um papel ativo na sua aquisi¢ao de conhecimento. Paralelamente, surgem novas formas de narrar, hipertextuais, nao lineares ¢ multilineares, que sorveram grandes influéncias da prépria forma como a informagao flui nesta Era Digital Pretendemos com este artigo refletir sobre as transformagdes cognitivas na era do hipertexto € ‘8 desafios para a educacio para a leitura neste contexto. Pretendemos igualmente reflectir sobre © potencial da utilizagao de differentes estruturas narrativas para 0 envolvimento do piblico jovem em atividades de leitura como estratégia de edutainment. 1, As transformagées cognitivas na era do hipertexto ¢ os desafios decorrentes para a educa- do para a leitura ‘A literatura chama progressivamente a atengdo para 0 facto de que os jovens de hoje tém um talento inato para processar ¢ responder a estimulos simultineos em ambientes altamente multi- modais ¢ interativos, repletos de jogos, videos, miisica ¢ redes sociais (Carr, 2010; Kress, 2003; Wolf, 2008). A tecnologia parece assim nao ter segredos nem levantar quaisquer barreiras para a iGeneration (Rosen, 2011) ou Geragdo Z (Tummer, 2015), que nao conheceu o mundo ¢ a vida antes da internet ¢ sempre conviveu com tecnologia Autores como Kress (2003) refletem sobre as alteragdes ao nivel da estrutura cognitiva que estes jovens terdo desenvolvido, numa perspetiva otimista, realcando 0 desenvolvimento de capa- cidades que serdo benéficas nos panoramas medisticos presentes ¢ que se adivinham no futuro. Outros autores, contudo, comegam a questionar se essas habilidades multitasking podem surgir em prejufzo de habilidades importantes relacionadas com a leitura sustentada (Wolf, 2008). Segundo Wolf (2008), so necessérios anos de prética de leitura concentrada para desenvolver vocabulério ¢ competéncias de descodificagao, e é durante esse tempo de pritica que sdo formados 0s circuitos cerebrais para a leitura proficiente, criando novos caminhos neurais no cérebro que afectam positivamente as capacidades cognitivas A intemet, por estar tio presente nas nossas atividades didrias, revela-se uma tecnologia com ‘uma capacidade enorme de influenciar a forma como pensamos, justificando o interesse de vérios autores em refletir sobre os efeitos que a saturagdo de informagao promovida pela Era Digital cestaria a originar. Na esfera educativa, varios autores realgam que os alunos de hoje pensam de forma diferente dos seus antecessores (Carr, 2010; Prensky, 2001; Rosen, 2011; Turner, 2015). Carr (2010) defende que a internet esté a provocar alteragdes em partes do cérebro que ci- mentam a base da inteligéncia, numa logica segundo a qual o cérebro se adapta a nivel fisiolégico a0 uso que fazemos dele. Segundo Carr (2010), os estimulos miltiplos e continuos do hipertexto treinam a nossa capacidade de tomar pequenas decisdes, mas 0 aumento dessa capacidade dé-se 4 custa da perda de capacidade de preservar a nossa meméria de longo prazo ¢ de estabelecer raciocinios mais complexos, dai se tornar cada vez mais comum o sentimento de dificuldade, im- paciéncia e sonoléncia diante de textos mais longos ¢ complexos, fruto do contacto continuado 34 Estudos em Comunicagdo, 0° 27, vol. 2 (dezembro, 2018) -Educagdo para a Leitura na Ere da Informagio: Novas pocticase estruturasnarrativas para o envolvimento do pblico jjover em atvidades de leitura com a intemet, Assim, Carr (2010) alerta que apesar de extremamente stil, a internet pode es- tar a tornar-nos superficiais na maneira como processamos a informagio, ideia também suportada por Wolf (2008), que sugere que o novo estilo de leitura potenciado pela internet possa enfraque- cet a nossa capacidade de leitura mais reflexiva, uma vez que neste ambiente de leitura apenas decodificamos informagdes e, por excesso de informagao ¢ pressio de tempo, nao avaliamos ou interpretamos convenientemente os textos. Carr (2010) argumenta neste contexto que o livro im- presso nos protege de distragdes e foca a nossa atengo nas palavras do autor, no argumento ou na hist6ria, uma vez que a pagina impressa é capaz de estimular a atengao e a calma ¢ de enco- rajar uma forma mais profunda de leitura, na qual somos capazes de colocar o maximo da nossa capacidade interpretativa para descodificar 0 texto. Carr (2010) assume que o ect do computador nao tem a calma da pégina impressa, sendo ‘que 0s textos competem constantemente com outros estimulos que distraem o leitor, que assim é impedido de ler com profundidade, Deste modo, o meio internet valoriza certos tipos de pensa- mento orientados para a solugio de problemas, que encoraja o multitasking e a répida transmissio ‘ou recegao de fragmentos de informagdo, mas tal deve alertar-nos para o impacto que a influéncia da nova forma de ler podera ter na forma como escrevemos (Carr, 2010). Por sua vez, Willingham. realga que, apesar da convicgao de que € plausivel que a tecnologia tenha alterado a forma como ‘os estudantes pensam ja que alterou certamente a forma como os estudantes acessam ¢ integram a informagio, é importante que a tecnologia seja utilizada para apresentar os problemas como desafiantes ¢ soluciondveis simultaneamente para ser capaz de influenciar o envolvimento do estu- dante com 0 contetido académico, Deste modo, nao ser a tecnologia o fator determinante para 0 envolvimento, mas antes seu papel na forma de trabalhar o contetido (Willingham, 2010, p. 24). Willingham sugere ainda que apesar do cérebro ter a capacidade de se adaptar, a arquitetura bé- sica da mente provavelmente nao pode ser completamente reformulada, sendo que se um sistema cognitivo (visio, atengo, meméria, resolugao de problemas) “se alterasse de forma fundamental como perder a capacidade de se manter focado em algo ~ tal mudanga repercutir-se-ia por todo © sistema cognitivo, afetando a maioria ou todos os aspectos do pensamento, Uma atengao mais curta nfo afetaria apenas a leitura, afetaria a nossa capacidade de raciocinar ou resolver problemas, por exemplo, O eérebro € provavelmente muito conservador na sua capacidade de adaptagao para que isso acontega” (2015a, pp. 7-8). Assim, embora haja muita preocupagdo em torno da ideia de que a tecnologia torna os jovens ais distraidos, essa preocupacio precisa de ser melhor sustentada com mais estudos neste ambito. Willingham sugere mesmo neste contexto que nao existem evidéncias de que os jovens sejam incapazes de atengao sustentada, mas “ser capaz. de sustentar a atengo nao é garantia de que 0 fardo. E necessério que considerem que algo merece a sua atengio, e 6 af que as tecnologias digitais podem ter o seu impacto: elas mudam as expectativas” (2015a, p. 8) Neste contexto, merece especial interesse a convergéncia que progressivamente se fez sentir entre os setores da educagéo e do entretenimento, dando origem ao conceito de edutainment. ‘Okan (2003) refere-se a edutainment como um género hfbrido fortemente baseado em material visual, com formatos narrativos semelhantes a jogos ¢ abordagens mais informais & aprendizagem, cujo principal objetivo é atrair e conquistar a atengio dos estudantes através do envolvimento das suas emogdes a0 instruir ou envolver a audiéncia embebendo educagao em formas tipicas de Estudos em Comunicagéo, 2° 27, vol. 2 (dezembro, 2018) 35

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