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A GEOGRAFIA HUMANISTA: uma revisão


„WERTHER HOLZER

RESUMO
HÁ VINTE ANOS, EM JULHO DE 1976, O “ANNAS OF THE ASSOCIATION OF AMERICAN GEOGRAPHERS” PUBLICAVA O
ARTIGO “HUMANISTIC GEOGRAPHY” DE YI-FU TUAN. ESTE TRABALHO É COMO QUE UMA DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA
DE UM MOVIMENTO QUE VINHA SENDO GESTADO HÁ MAIS DE DEZ ANOS E QUE, NAQUELE MOMENTO, ASSUMIA A FEIÇÃO
DE UM CAMPO DISCIPLINAR DISTINTO DENTRO DA GEOGRAFIA NORTE-AMERICANA. É A ESTE MARCO QUE SE REFERE O
TÍTULO DESTE TRABALHO, MAS SEU PLANO É UM POUCO MAIS AMBICIOSO. O QUE PRETENDO AO LONGO DAS PÁGINAS
SEGUINTES É ME REPORTAR AO SURGIMENTO DA IDÉIA DE UMA GEORAFIA HUMANISTA, SUA CONSOLIDAÇÃO COMO
CAMPO DISCIPLINAR DISTINTO NAS DÉCADAS DE 70 E 80 E, FINALMENTE, SUAS RELAÇÕES SEMPRE PRESENTES, ENOS
ÚLTIMOS ANOS MAIS ESTREITAS, COM A GEOGRAFIA CULTURAL E A GEOGRAFIA HISTÓRICA.

ANTECEDENTES À GEOGRAFIA HUMANISTA __________ Sauer, em 1925, sugeria que o estudo das paisa-
“Humanismo”, conforme Tuan preconizava em gens — conceito síntese da geografia — deveria
1976, refere-se a uma tentativa de análise das ações iniciar-se com o estabelecimento de um sistema crí-
e produtos da espécie humana a partir de uma vi- tico delimitado pela fenomenologia da paisagem
são que amplia a perspectiva científica cartesiana, como método de estudo da relação entre o homem
incorporando os estudos das humanidades na lei- e o ambiente por ele formatado e transformado em
tura abrangente de temas geográficos (Tuan, 1976). habitat, em paisagem cultural (Sauer, 1983). Estas
Estes temas, alguns eleitos por Tuan como prefe- idéias desenvolvidas pelo autor durante a sua longa
renciais para uma abordagem humanista, serão ana- docência se difundiram por todos os Estados Uni-
lisados mais adiante neste artigo, mas a idéia de dos e para o exterior, propiciando a criação de mui-
uma disciplina centrada no estudo da ação e da tos cursos de “geografia cultural”, que através do tra-
imaginação humanas e na análise objetiva e sub- balho de campo e de relatos de não-geógrafos pro-
jetiva de seus produtos, que pretendiam consti- curavam fazer uma geografia que captasse “os significa-
tuir uma ciência de síntese que estivesse além dos dos e cores do variado cenário terrestre” (Sauer, 1983, 320).
parâmetros cartesianos e positivistas, nos remete Outro geógrafo norte-americano, este de ou-
aos anos 20. tra tradição — a da geografia histórica —, se vol-

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taria para temas semelhantes. John Kirtland Wri- denominado por ele de topofilia. A geografia se
ght, então presidente da Association of American dedicaria ao estudo das vivências, que se expan-
Geographers (AAG), em 1947, faria um discurso dem do lar para paisagens mais amplas, da paisa-
exortando os geógrafos a explorar as “terras in- gem humanizada para os cenários mais selvagens.
cógnitas pessoais” ao estudo da imaginação que Os primeiros passos para uma renovação radi-
povoa a mente de todos nós, e que levasse a geo- cal da geografia cultural estavam dados, o encon-
grafia para além do plano acadêmico que a sujeita tro de Tuan e Lowenthal, anos mais tarde, daria
aos métodos de análise objetivos. Sua idéia era de uma nova direção para este processo.
incorporar a subjetividade, pela utilização de tra-
balhos leigos com cunho geográfico, produzindo A PERCEPÇÃO AMBIENTAL E AS APROXIMAÇÕES
uma disciplina que estivesse além as análise siste- HUMANÍSTICAS _____________________________
mática; uma “geosofia histórica”, definida como o Como já disse anteriormente, o início dos anos
estudo do conhecimento geográfico produzido sessenta foi marcado pelo domínio da geografia
por geógrafos e por não geógrafos (Wright, 1947). analítica nos Estados Unidos. Este domínio possi-
No início da década de 60, com o crescente bilitou a convergência de pesquisas geográficas
domínio da geografia quantitativa e o surgimento com linhas bastante díspares tendo como tema
da geografia comportamental, um ex-aluno de Sau- comum a percepção ambiental.
er, David Lowenthal, revisita a obra de Wright com Aos poucos os geógrafos analíticos, preocupa-
o intuito de renovar a geografia cultural, que cada dos em incorporar os avanços da psicologia com-
vez mais perdia espaço nos meios acadêmicos nor- portamental, bem como os geógrafos cultu-
te-americanos. Sua proposta, uma noa epistemolo- rais e da geografia histórica, interessados em re-
gia para a geografia (Lowenthal, 1961). A discus- novar o seu campo com contribuições da antro-
são por ele proposta desviava-se do eixo então do- pologia, psicologia e sociologia, aproximaram-se.
minante, o da procura de metodologias que se ade- A oportunidade para um encontro efetivo se deu
quassem aos modelos matemáticos, remetendo-se no Encontro Anual da AAG, em 1965, quando
para a fundamentação de uma teoria do conheci- Robert Kates e Gilbert White, dedicados ao estu-
mento geográfico. Seu ponto de partida era a “ge- do das catástrofes ambientais, uniram-se a Lowen-
osofia”, vista à base de um projeto de ciência que thal na promoção de um simpósio sobre percep-
abarcasse os vários modos de observação, o consci- ção ambiental e comportamento. Dos trabalhos
ente e o inconsciente, o objetivo e o subjetivo, o apresentados alguns foram publicados na íntegra
fortuito e o deliberado, o literal e o esquemático. dois anos depois (Lowenthal, 1967 a), sendo que
Neste mesmo ano, Tuan (1961), baseando-se deles nos interessam diretamente os textos de in-
na obra poética de Bachelard (“La Terre et les Rê- trodução, escritos pelo próprio Lowenthal (1967
veries de la Volonté”, “La Poétique de L’Espace” b), e um artigo de Tuan (1967).
e “L’Eau et lês Rêves”), propõe uma geografia dedi- Para Lowenthal os estudos geográficos divi-
cada ao estudo do amor do homem pela natureza, dem-se em três temas: 1) a natureza do ambien-

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te; 2) o que pensamos e sentimos sobre o ambi- A CONTRACULTURA E AS APROXIMAÇÕES
ente; 3) como nos comportamos e alteramos o HUMANÍSTICAS _____________________________
ambiente. O principal problema da geografia, Até agora me referi apenas ao contexto inter-
dizia ele, é que só se preocupa com o primeiro no, ao mundo acadêmico da geografia. Mas para
tema, considerado como o “mundo real”. O compreendermos as forças que levaram a um cam-
“meio pessoalmente apreendido”, ligado ao po disciplinar autônomo, denominado “geografia
comportamento humano e ao modo como a pai- humanista”, torna-se necessária a referência ao
sagem é modelada e construída, vinha sendo ne- ambiente intelectual do final dos anos sessenta: o
gligenciado. Por sua vez, Tuan também falava do movimento hippie, da revolta estudantil e do
em dois modos de se ler os conceitos geográfi- questionamento feroz dos padrões culturais e po-
cos: 1) a partir dos processos físicos que afetam líticos instituídos.
as formas da Terra; 2) nas marcas que o homem Um pequeno artigo de um geógrafo econômi-
imprime na natureza como agente. Sendo que co (Parsons, 1969), é revelador deste clima geral
este segundo modo se relacionaria com as hu- de mudança, e permite uma ligação com o mundo
manidades. O referido autor levantava e enu- acadêmico da geografia. Para o autor em questão,
merada diversas “aproximações humanistas”, tais os jovens, naquele momento, não estavam inte-
como: as atitudes do indivíduo em relação a um ressados em uma geografia operacional e não acre-
aspecto do ambiente; atitudes do indivíduo com ditavam em leis mecanicistas ou em modelos de
relação às regiões; a concepção individual da mundo. Seu interesse era pelos valores humanos,
sinergia homem-natureza; a atitude dos povos a estética e um novo estilo de vida. No caso da
acerca do ambiente; e as cosmografias nativas. geografia, dizia Parsons, o cientificismo e o eco-
Outra destas aproximações ele considerava nomicismo que a dominavam eliminaram os valo-
como que totalmente negligenciada: a das ati- res morais e a subjetividade humana. Uma geogra-
tudes em relação à natureza focalizando a aten- fia que fosse ao encontro desses novo valores de-
ção nas paisagens que adquirem um significado veria basear-se em uma “aproximação humanísti-
simbólico especial. ca”, tendo como objeto a apreciação da paisagem
Com este simpósio foram traçados uma li- enquanto ambiente natural e humanizado, o que
nha de ação e um roteiro básico de temas para contribuiria para a preservação e valorização do
uma geografia cultural e histórica renovada. ambiente terrestre.
Seus pontos de partida seriam o “meio pesso- Buttimer, por sua vez, faria críticas veementes
almente apreendido” e as “aproximações hu- à geografia. Segundo ela:
manísticas”. Faltava-lhe agora um suporte teó-
rico-conceitual que permitisse uma distinção dramáticos e excitantes desafios confrontam os
cara entre ela e a geografia comportamental, geógrafos hoje em dia. Mudanças revolucioná-
realizando o sonho de se fazer uma nova epis- rias nos padrões sociais empíricos significa-
temologia para a geografia. ram obsolescências para muitos procedimentos

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analíticos tradicionais: transformações radi- No entanto, Relph (1970) foi o primeiro a
cais no mundo acadêmico fizeram nascer ques- colocar em um artigo as possibilidades da feno-
tões relativas à base filosófica dos procedimen- menologia ser o suporte filosófico capaz de unir
tos da ciência social. Comportamentalistas e todos os geógrafos ocupados com aspectos subje-
existencialistas colocam a questão fundamen- tivos da espacialidade, mas que não desejavam ser
tal: pode a ciência continuar a servir uma função identificados como comportamentalistas. Sua pro-
útil medindo e explicando a face objetiva e esbo- posta era, explicitamente, de “desenvolver uma baga-
çando mecanismos da realidade social, ou deve ela gem filosófica para as aproximações humanistas na geografia”
também penetrar e incorporar suas dimensões sub- (Relph, 1970, 195). O método fenomenológico
jetivas” (Buttimer, 1969, 417. Grifo meu). seria utilizado para se fazer uma descrição rigoro-
sa do mundo vivido da experiência humana e, com
Também nomes já consagrados, como Meinig, isso, através da intencionalidade, reconhecer as
ligado à geografia cultural, reconheceram a im- “essências” da estrutura perceptiva.
portância da “descoberta” do ambiente. O au- Relph previa pelo menos duas conseqüência
tor recomendava um programa de pesquisas sério, imediatas do uso da fenomenologia na geografia:
que poderia ser agrupado sob o nome de “apreci- uma visão holística e unificadora da relação ho-
ação ambiental”. A escolha deste termo não foi mem-natureza e uma crítica ao cientificismo e ao
gratuita. Meinig pretendia remeter o estudo do positivismo. Tuan, que nesta época lecionava na
ambiente para as humanidades, tirando-o do âm- Universidade de Toronto, a mesma de Relph, tam-
bito das ciências físicas. Ele alegava que os estu- bém publicou um artigo explorando as relações
dos ambientais vinham sendo feitos por ecólogos, da geografia com a fenomenologia. Logo depois,
ou seja, por cientistas naturais especializados em Mercer e Powell (1972) sistematizaram os méto-
“natureza”, mas não em cultura humana. Para Mei- dos não convencionais para as aproximações sub-
nig a apreciação ambiental “é uma arte, é holísti- jetivas na geografia, entre eles a fenomenologia.
ca, particularista, peripatética, qualitativa, sensual A idéia amadureceu e Buttimer (1974), em ane-
w finalmente idiossincrática e profundamente xo ao seu “Values in Geography”, publicou um
emocional” (Meinig, 1971, 11). estudo sobre a utilização da fenomenologia e do
existencialismo pela geografia. Para a autora o
FENOMENOLOGIA E HUMANISMO ________________ mérito destas filosofias é abranger a totalidade do
Como já disse anteriormente, o contexto pro- ser — percepção, pensamento, símbolos e ação
piciava a procura de novos aportes por parte da — o que se constata na prática, onde se torna im-
geografia, e no caso específico das “aproximações possível delimitar claramente o que é sujeito e o
humanísticas” algo que a diferenciasse da geogra- que é objeto.
fia comportamental que já vinha se consolidando O último passo para personalizar a geografia
como sub-campo disciplinar. Buttimer, como já cultural que pretendia dedicar-se à percepção am-
vimos, delineara a alternativa do existencialismo. biental e se renovar epistemologicamente estava

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dado. Daí para a individualização das “aproxima- importante para este texto, definia o espaço, fe-
ções humanísticas” na geografia, calcadas na fe- nomenologicamente, como a conjunção de dis-
nomenologia existencialista, era uma questão de tâncias e de direções que, tendo como referência
assimilação do novo campo pela mídia especializa- o corpo e o suporte onde ele se instala, constitui-
da. Seu manifesto seria publicado dois anos mais ria um espaço primitivo. A partir deste se consti-
tarde, seu nome “geografia humanista”. tuiriam categorias espaciais como a de lugar e a de
paisagem, por exemplo.
A GEOGRAFIA HUMANISTA E O Este livro, comprovadamente, influenciou Rel-
CONCEITO DE LUGAR ________________________ ph em suas pesquisas sobre o conceito de lugar.
A fenomenologia existencialista não foi, po- Se fizermos uma leitura atenta dos artigos de Tuan
rém, o traço de identificação mais forte da geo- que versam sobre o tema veremos onde ele foi
grafia humanista. Na verdade o aporte filosófico buscar inspiração.
foi, na palavra dos próprios humanistas, tomado O fato é que a partir de 1973, quando Relph
de maneira “implícita”, como Pickles (1985) apresentou sua dissertação intitulada “The Pheno-
apontaria mais tarde. Deste modo, do método fe- menon of Place”, mais tarde publicada (Relph,
nomenológico foram apropriados, principalmen- 1976), o lugar tornou-se um pólo de atenção da
te, os conceitos de “mundo vivido” (Lebenswelt) geografia humanista.
e de “ser-no-mundo”, que na geografia seria iden- Tuan, por sua vez, atuava em dois campos de
tificado com o conceito de “lugar”. Não houve, pesquisa distintos: um dedicado à pesquisa das ati-
no entanto, uma preocupação de aplicação rigo- tudes do homem em relação ao ambiente, que cul-
rosa do método proposto por Husserl, considera- minou com a publicação de “Topofilia” em 1974
do de difícil compreensão pelos próprios mem- (Tuan, 1980); outro dedicado à busca de um con-
bros do coletivo. ceito espacial adequado às propostas humanistas,
Torna-se necessária agora uma breve interrup- que culminou com a publicação de “Espaço e Lu-
ção na narrativa cronológica que vinha sendo er- gar” em 1977 (Tuan, 1983). Esta segunda alterna-
guida, para que eu fale da influência decisiva que tiva é a que mais interessa neste artigo.
o geógrafo Eric Dardel teve nas pesquisas sobre o Em artigo de 1974, Tuan afirmava que o espa-
“lugar”. Dardel era um professor de liceu que em ço e o lugar definem a natureza da geografia. Sob
1952 publicou um pequeno livro intitulado a perspectiva humanista eles deviam ser estudados
“L’Homme et la Terre — Nature de la Realité a partir dos sentimentos e das idéias de um povo
Géographique”(Dardel, 1990), que talvez seja o na corrente da experiência. Para o autor:
único exemplar de uma autêntica geografia exis-
tencialista até hoje escrito. a importância do “lugar” para a geografia
Ele opunha ao espaço geométrico, abstrato, o cultural e humanista é, ou deveria ser, ób-
espaço geográfico, com todas as suas implicações via.... Como em um único e complexo con-
sobre a nossa existência e o nosso destino. E, mais junto — enraizado no passado e incremen-

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tando-se para o futuro — e como símbolo, o suporte teórico-conceitual, ainda que não de
o lugar clama pelo entendimento humanista modo ortodoxo, e um conceito espacial, que via-
(Tuan, 1974). bilizasse a análise geográfica, a empresa de uma
geografia cultural humanística estava prestes a ser
Tuan ia mais longe ligando o tempo e o espaço consolidada. Estavam criadas as condições para que
a partir da noção de distância, afirmando que am- em 1976 fosse publicado um “manifesto” expondo
bos os conceitos são orientados e estruturados pela suas propostas de pesquisa.
intencionalidade do ser. O autor faria outra incur-
são na caracterização do lugar (Tuan, 1975), pre- “HUMANISTIC GEOGRAPHY” A RENOVAÇÃO DA
ocupando-se com a perspectiva da experiên- GEOGRAFIA CULTURAL _______________________
cia e com as várias escalas que o lugar pode ter: o Com “Humanistic Geography” (Tuan, 1976),
lar, a vizinhança, a cidade, a região e o estado- definia-se uma orientação humanista para a geo-
nação. Suas pesquisas seriam condensadas, mais grafia. Para Tuan o objetivo do novo campo disci-
tarde, no livro “Espaço e Lugar” (Tuan, 1983), onde plinar não era se deter na exploração de um tema
foi apresentada a seguinte questão básica: o que único, mas de fazer uma nova leitura de todos os
são o espaço e o lugar em termos da experiência temas geográficos, de construir o conhecimento
humana? Os temas abordados eram do corpo e dos científico, de modo crítico, procurando na filoso-
valores espaciais, do espaço mítico, da relação fia um ponto de vista para a avaliação dos fenôme-
entre tempo e lugar, do espaço humanizado, da nos humanos. No referido artigo foram indicados
importância da experiência e das relações inter- cinco temas de interesse da geografia humanista
subjetivas na constituição dos lugares. que, para o autor, estavam alam da metodologia
O livro de Relph “Place and Placeness” (1976), científica. Eram eles: o conhecimento geográfi-
por sua vez, seguia linha semelhante. O autor ex- co, território e lugar, aglomeração e privacidade,
plicava seu objetivo: “... examinar um fenômeno do mun- modo de vida e economia e, finalmente, religião.
do vivido — o lugar, e tentar elucidar a diversidade e intensidade O manifesto de Tuan foi reforçado pelo artigo
de nossas experiências do lugar” (Relph, 1976, n.p.). Rel- de Buttimer (1976), publicado no mesmo número
ph identificava seis tipos de espaço: o pragmático dos Annals of the AAG, intitulado “Grasping the
ou primitivo, o perceptivo, o existencial ou vivi- Dynamism of Lifeworld”. Ela sugeria as noções de
do, o arquitetônico ou do planejamento, o cogni- fenomenologia existencialista a serem utilizadas
tivo e o abstrato. Para ele o lugar é um modo par- pela geografia: a intencionalidade e o mundo vi-
ticular de relacionar essas diversas experiências de vido. Com isso procurava colocar a disciplina ge-
espaço, podendo ser identificado a partir de três ográfica além do empirismo e do idealismo, par-
componentes que se interrelacionam: traços físi- tindo do princípio de que:
cos, atividades e funções observáveis e, finalmen-
te, significados ou símbolos. Componentes estes ao clamar que a consciência constitui o signi-
que lhe dão autenticidade. Desse modo, definido ficado do mundo, temos que assumir, entre ou-

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tras coisas, que a percepção coincide com a fia e a dos que procuravam a interface do aporte
compreensão, o que nem sempre acontece com a teórico humanista com outras bases filosóficas. No
experiência (Buttimer, 1976, 282). primeiro caso, situa-se Entrikin (1976) que criti-
cava na geografia humanista sua reinterpretação
Para a autora, a partir daí, existem três campos existencialista da doutrina de Husserl, consideran-
para a pesquisa na geografia: construir o espaço do que o único papel relevante que ela poderia
como um mosaico de lugares que refletem a von- assumir era o de crítica ao positivismo. Postura que
tade, valores e memória humanas, estudar o espa- propiciou muitas referências ao humanismo como
ço social que filtra os sistemas sociais e as redes de um mero criticismo, subestimando o potencial dos
interação e por fim estudar o espaço em termos temas por ele colocados. No segundo está Johns-
dos processos ecológicos e de sua organização ton (1986, 1980), que faria um esforço para deli-
funcional. Os humanistas escolheram para si a pri- mitar o que considerava serem os três novos “pa-
meira alternativa. radigmas” da geografia: o positivismo, o marxis-
Na prática, ao longo da década de 70, além do mo/estruturalismo e o humanismo. E no último
pequeno grupo coeso voltado para os temas e para estão autores que procuravam aproximar a geografia
o aporte filosófico segundo os parâmetros que ci- humanista de outros aportes filosóficos, como o
tei acima — grupo que pode ser chamado núcleo idealismo (Guelke, 1974; 1979), a dialética mar-
ou coletivo humanista —, havia outros com linhas xista (Cosgrove, 1978), ou o materialismo histó-
de pesquisa semelhantes e que trocavam entre si rico (Sayer, 1979).
críticas e sugestões para o desenvolvimento das Com o passar dos anos, o próprio coletivo hu-
aproximações humanísticas. Os mais próximos eram manista passou a refletir esta abertura para o ecle-
o de geógrafos culturais que trabalhavam com as tismo, como podemos constatar na coletânea pu-
interfaces entre a geografia e as humanidades, sem blicada por Ley e Samuels (1978), onde havia
se preocupar com as questões teórico-conceituais textos voltados para orientações epistemológicas
levantadas pelo coletivo humanista. Entre seus re- diversas (La Blache, Marx, Wittgenstein) e outros
presentantes podemos citar Lowenthal (1977, dedicados à procura de contribuições efetivas a
1978) que continuava com sua investigação sobre o partir da aplicação de métodos humanistas em es-
papel das paisagens na reconstituição da memória e tudos de caso. Abrira-se bastante o leque de te-
do passado; Rees (1978, 1980), preocupado com as mas proposto por Tuan em 1976.
interfaces entre a geografia e as artes plásticas; e Po-
cock (1981) que analisou textos que exploravam as A GEOGRAFIA HUMANISTA NA DÉCADA DE 80 ______
interfaces da geografia com a literatura. A geografia humanista continuou a se expandir
Outras três abordagens foram importantes para na década de 80, gerando um ecletismo de pro-
a geografia humanista na década de 70: a da críti- postas e extrapolando o público inicial de geó-
ca aos geógrafos humanistas, a dos que procura- grafos culturais e históricos norte-americanos.
vam estabelecer novos paradigmas para a geogra- Houve a adesão de geógrafos sociais norte-ameri-

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canos e de geógrafos históricos e urbanos ingle- Estas discussões acerca da validade dos para-
ses, além de sua difusão por países de línguas di- digmas levou a uma evasão de membros do núcleo
versas ao inglês. humanista, como Relph, por exemplo, e a uma cres-
O debate filosófico, que antes estava voltado cente fragmentação das aproximações adotadas por
para um debate filosófico genérico, agora se dava seus seguidores. Cresceu a controvérsia sobre quais
no terreno específico da geografia. Este processo seriam os temas e os objetivos da geografia huma-
gerou a procura de antecessores e de interfaces nista. Assim, no periódico “Progress in Human
com outros campos da geografia. Uma maca bem Geography”, em seus artigos que resumem o “es-
sutil desta mudança é o livro “The Human Experi- tado da arte”, encontram-se bons exemplos acer-
ence of Space and Place” (Buttimer e Seamon, ca dessas discussões, como os comentários de Levy
1980), no qual Buttimer e seus ex-alunos da Uni- (1981 e 1983) e de Rowntree (1986, 1987, e
versidade Clark teorizavam sobre as experi- 1988) sob o título de “Cultural/ humanistic geo-
ências vividas filtradas pela conceituação huma- graphy”, e os de Claval (1981 e1982) sob o título
nista de espaço e lugar. Outra questão emergen- de “Methodology and geography”.
te seria da discussão da validade de paradigmas Outro fato marcante foi o da tentativa de apro-
para a geografia, bem como da recusa da existên- ximação dos conceitos humanistas e marxistas.
cia de um “paradigma humanista”. Um bom Gregory (1981) procurava associar a geografia
exemplo é o livro editado por Sttordart (1981), humanista com “la géographie humaine” de La
que questionava a visão da geografia como uma Blache, comparando o conceito de “estrutura” vi-
séria de eventos cronológicos organizados em dalino, considerado semelhante ao dos humanis-
escolas nacionais. Neste volume, Buttimer (1981) tas, com a concepção de “estrutura” nos trabalhos
colocava em dúvida a própria validade do con- de Willians, Bourdieu, Touraine, Habbermas e
ceito de paradigma, conforme enunciado por Giddens. Cosgrove (1983) oferecia a alternativa
Kuhn vinte anos antes. de uma “geografia cultural radical”. Se “uma geogra-
Relph (1981) iria mais longe, demolindo os fia humanista toma a cultura como centro de seus objetivos, isto
argumentos dos que procuravam criar um paradig- é, compreender o mundo vivido dos grupos humanos, uma geo-
ma humanista. Para o autor o termo “humanista”, grafia marxista precisa reconhecer que o mundo vivido, ainda
com sua gama de significados distintos, era anti- que simbolicamente constituído, é material, e não deve negar sua
paradigmático. Ele selecionou quatro concepções objetividade” (Cosgrove, 1983, 1). Thrift (1983),
distintas para a geografia humanista: uma crítica baseando-se em Thompson e Williams, fazia uma
dos significados e dos valores a partir da fenome- análise materialista do lugar, procurando a “estru-
nologia, uma busca dos laços entre a geografia e tura dos sentimentos” (structure of feeling) em
seus métodos a partir das humanidades, uma apro- trabalhos literários. Jackson (1983), finalmente,
ximação construtiva que reconciliaria a geografia ressaltava a contribuição dos humanistas na funda-
humanista com a ciência social e uma derivação mentação teórica das relações entre a ação huma-
das tradições da geografia histórica e cultural. na e a estrutura social no desenvolvimento da ge-

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ografia social, tendo Habbermas e Giddens como te da geografia cultural e histórica. As relações e
referências. as questões envolvidas são bem mais complexas,
Finalmente, temos críticas à geografia huma- como pude colocar em outro trabalho bem mais
nista por não adotar rigorosamente a fenomeno- extenso (Holzer, 1992).
logia. Seu melhor representante foi Pickles (1985), Hoje posso afirmar que a movimentação pro-
que investigou a natureza da ciência e da pesquisa vocada pela geografia humanista nas décadas de
geográfica para demonstrar a importância da utili- 70 e 80, com seu ataque ao idealismo e ao empi-
zação da fenomenologia pela geografia. O autor rismo, sua procura de métodos alternativos, sua
fazia uma distinção importante entre “fenomeno- valorização do indivíduo e da espacialidade hu-
logia geográfica”, na qual o método fenomenoló- mana e sua aversão pelos paradigmas, apontam para
gico era adotado como um todo, e a “geografia um contexto mais amplo, extra-geografia: o do
fenomenológica”, praticada pelos humanistas, na surgimento do pós-modernismo. Sob este aspec-
qual a adaptação de vários conceitos tradicionais to, a geografia cultural norte-americana, renovada
da geografia levaram a um resultado diverso do como geografia humanista, sempre esteve na van-
projeto original da fenomenologia. Pickles queria guarda e possivelmente tem muitas das respostas
a construção de uma geografia fenomenológica para as questões que o pós-modernismo coloca
fundamentada na fenomenologia transcendental para os estudiosos da espacialidade humana.
de Husserl, que possibilitaria uma ontologia da Cabe ressaltar que ela sempre esteve sintoniza-
ciência viabilizadora da análise do mundo vivido da com a “questão ambiental”, e que foi dentro do
e da espacialidade humana. coletivo humanista que os problemas ambientais,
Não posso deixar de citar os trabalhos de Tuan, como vemos hoje, tomaram visibilidade e avança-
que prosseguia em sua construção da geografia ram conceitualmente na disciplina geográfica.
humanista. Em “Dominance and Afection” (1984), Buttimer (1990) nos mostra o humanismo como
discutia o processo de dominação que o homem um grito de emancipação da humanidade a partir
excerce sobre a natureza e seus semelhantes. Em “The da visão global dos problemas ambientais, da Ter-
Good Life” (1986) dedicava-se ao conceito de qua- ra como Gaia. Como ela mesmo observa:
lidade de vida em diversos meios culturais. E agora,
na década de 90, continua sua pesquisa sobre a cul- e a geografia humanista? Talvez ela anuncie
tura, como em “Passing Strange and Wonderful: uma fênix potencial, emergindo das cinzas de
Aesthetics, Nature and Culture” (Tuan, 1993). tiranias passadas—metodológicas, epistemo-
lógicas, ou ideológicas—em algumas ou to-
CONCLUSÃO ______________________________ das as facetas da pesquisa geográfica. Como
O que foi colocado aqui é, por uma questão do perspectiva de vida, o humanismo valoriza o
próprio formato do artigo, uma simplificação dos desafio de discernir o potencial criativo dos
contextos e dos processos que levaram à criação indivíduos e grupos, em lidar com a superfí-
da geografia humanista como campo independen- cie da Terra de maneiras responsáveis e co-

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talvez, deixar de investir muita energia na BUTTIMER, Anne; SEAMON, David (eds.). The Human
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nunca houve um afastamento efetivo da geogra- __________________. Towards a critical cultural geography:
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havia sido tomado por muitos dos temas do hu- Transactions of the Institute of British Geographers n. s. . 6
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manismo, que agora podia ser identificado como
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uma “cultural-humanist geography” (geografia phy. Annals of the Association of American Geographers. 64
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cultural humanista), que se interroga como é ________________. The philosophy of idealism. Annals of
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este mundo e como pode ser descrito e que, 1979.
mais uma vez, aponta um elenco de temas que HOLZER, Werther. A Geografia Humanista – sua Trajetória
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podem ser seguidos. (dissertação mestrado). 550 p. 2 v.
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momento em que as questões da geografia estão
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pela geografia estão em aberto para a pesquisa, mas LEY, David. Cultural/ Humanistic geography. Progress in
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dentro deles o que mais desafia a renovação do
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campo da geografia cultural, e de toda a ciência Human Geography. 7 (2) : 267-275, 1983.

geografia, é o da aplicação rigorosa, consciente e LEY, David; SAMUELS, Marwyn S. Humanistic Geography:
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