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TERATOGÊNICOS
• Fases da Gestação:
- 1ª e 2ª semana: não há teratogênese;
- 3ª à 8ª semana: alterações importantes, como SNC, membros e sistemas;
- Após 8ª semana: alterações funcionais e anomalias menores;
Além disso, o próprio ciclo celular apresenta 3 checkpoints, que viabilizam a correção. Ocorre
então o restabelecimento da atividade, ou morte por apoptose.
- Curva DOSE x RESPOSTA: é diferenciada para o desenvolvimento do embrião, pois este possui
muitas células em proliferação, e que possuem maior capacidade de corrigir efeitos lesivos
decorrentes à exposição de determinados xenobióticos, retardando o efeito tóxico. O organismo
adulto também possui mecanismos de reparo, mas é menos eficiente.
• Farmacocinética da Gestação: alterações fisiológicas maternas que predispõem maior
suscetibilidade:
- trânsito intestinal: ↑ absorção;
- ↑ débito cardíaco e do volume plasmático: ↑ distribuição;
- [ ] de hemácias e proteinemia: ↑ [ ] do teratógeno livre.
• A Placenta: não é considerada uma barreira. Possui vilosidades, não há troca de sangue, porém
realiza trocas gasosas, biotransformação e produção de hormônios (progesterona e estrógeno). O
transporte efetivamente de substâncias materno-fetais pode ocorrer por difusão passiva ou
facilitada, transporte ativo, e por ≠ de concentração, que é influenciada por lipossolubilidade, peso
molecular e grau de ionização. Substâncias placentotóxicas: cádmio, arsênio, mercúrio, álcool e
cocaína.
• Principais Teratógenos:
- Talidomida: hipnótico/sedativo/redutor de enjôo. Efeitos: má-formação dos membros e orelhas
(interna e externa), alterações cardíacas, e anomalias oculares, renais e intestinais. Mecanismo:
oxidação do DNA. Preferência por regiões G-C Genes IGF-1 e IGF-2 e 10. Interfere na angiogênese.
Não apresentou alterações em roedores.
- Álcool: causador da Síndrome Alcoólica Fetal (SAF). Efeitos: microcefalia, dismorfia crânio-facial,
retardo do crescimento, psicomotor e mental. Mecanismo: interfere no metabolismo do Retinol (Vit.
A) e problemas transcricionais no feto. Efeitos no feto: defeitos na orelha, alterações cardíacas,
hidrocefalia e fenda palatina.
- Tetraciclina: alterações esqueléticas e da dentição;
- Misoprostol: quebra do corpo lúteo;
- Benzodiazepínicos: fenda palatina, malformações faciais;
- Metais pesados: ≠s tipos de malformações, principalmente no SNC.
Além de qualquer agente que afete a proliferação celular e a integridade do DNA (quimioterápicos,
radiação, etc).
- DES (Dietiletilbestrol): usado como ‘pílula do dia seguinte’, causou carcinoma vaginal retardado.
• CHUMBO
- Uso: tintas, tubulações, pesca, caça, baterias e pilhas, aditivo de combustíveis, embalagens;
- Vias de exposição: inalatória (ocupacional), oral (tintas, água), cutânea e percutânea (
importância).
- Toxicocinética:
- Forma química: chumbo metálico (no tecido), inorgânico ou em sal (baixa absorção, mas ação
corrosiva), e orgânico (alta absorção, lipossolúvel).
- Fatores de absorção: MAIOR em fases de crescimento, gravidez, lactação, deficiências nutricionais
(Ca2+ e Zn2+) e ↑Vit. D, que aumentam as necessidades de Ca2+, sendo que o Pb compete com o Ca2+
e é absorvido no lugar.
- Distribuição: ↑ligação com hemoglobina, lipossolúvel, afinidade pelo SNC e pelos ossos (re-
agudização), teratogênico (passagem transplacentária).
- Biotransformação: baixa (oxidação/dealquilação).
- Excreção: baixa, por ser muito lipossolúvel. Na urina, bile e leite.
- Toxicodinâmica:
- Afinidade por grupo ‘tiol’ (Sulfeto S-H, antioxidante), ↑ stress oxidativo (causa neoplasias).
- Alta competição com Zn2+ e Ca2+.
- Causa liberação de neurotransmissores no SNC (papel do Ca2+), provocando deficiências motoras.
- Inibe as enzimas ALA-D* (ácido δ-aminovulêmico desidratase) e ferroquelatase, participantes da
síntese de hemoglobina (grupo heme), respectivamente. *O ALA é um marcador da intoxicação por
chumbo.
- Sinais de Intoxicação:
- Aguda: ataxia, hiperestesia, cegueira, nistagmo (espasmo ocular), epistótono (postura rígida),
convulsões, choque hipovolêmico (desidratação).
- Crônica: anemia hipocrômica e microcítica, ↑ reticulócitos, alterações musculares e neurológicas
(saturnismo demência).
- Detecção: Pb no sangue, ALA na urina.
• TERAPIAS QUELANTES:
- Compostos que procuram se ligar às substâncias tóxicas, preservando o organismo.
- Devem possuir alta afinidade pelo tóxico, ser hidrossolúveis (↑ excreção), afinidade por co-
fatores (Ca2+), serem atóxicos, não sofrerem biotransformação.
Ex:
- Doadores de sulfetos (BAL, dimercaprol, DMSA (succimer), penicilamina (β, β-dimetilcisteína).
- Grupos COO- (afinidade por metais alcalinos e alcalinos-terrosos (Ca EDTA).
PRAGUICIDAS
IMUNOTOXICOLOGIA
• Efeitos Imunotóxicos:
- Imunossupressão: ↑ suscetibilidade a patógenos oportunistas, desenvolvimento de neoplasias;
- Imunoestimulação: hipersensibilidades Tipo I, II, III (rápidas) e IV (tardia).
- Tipo I: anafilaxia. Mediada por anticorpos. Na 1ª exposição, ocorre sensibilização dos mastócitos e
produção de IgE. Na 2ª exposição, ocorre ativação dos mastócitos, liberação de aminas vasoativas
(histamina e serotonina), produção de NO e vasodilatação exacerbada. Efeitos: brandos, como rinite
e bronquite, ou graves, como choque provocado pelo prejuízo da irrigação dos órgãos.
- Tipo II: mediada por anticorpos, e tem os eritrócitos como antígenos. Pode ocorrer em transfusões
sanguíneas (incompatibilidade), eritroblastose fetal ou anemia hemolítica induzida (por
medicamentos ou parasitas).
- Tipo III: ocorre a formação de imunocomplexos (anticorpos-antígenos ou anti-anticorpos), que se
depositam em vasos de pequeno calibre, facilitando a ligação de proteínas anafilaxóides, que atraem
neutrófilos, que por sua vez são ativados e liberam neuroperoxidases, que destroem as células
epiteliais, expondo o colágeno, que se liga a plaquetas, ocorrendo a formação de trombos
generalizados (vasculite). (Caso do SORO ANTIOFÍDICO).
- Tipo IV: mediada por células, “hipersensibilidade de contato”. AS células dendríticas fazem a
apresentação aos Linfócitos TCD4, que se diferenciam em TH1, migram ao local da infecção,
produzem pró-inflamatórios, recrutando macrófagos, linfócitos TCD8 e + uma série de células. Ex:
bijuterias, henna, carpete, teste de tuberculose.
- Auto-imunidades:
- Por pré-disposições genéticas. Ex: Lúpus – 10x mais freqüente em mulheres, pois a presença de
estrógeno pode estimular no MHC II a expressão de HLA-DR2/DR4 (↑5x lúpus), HLADR4 (↑
miastenia gravis e artrite reumatóide) e B27 (↑100% espondilite anquilosante).
- Falha na indução de tolerância: falha na indução de apoptose das células auto-imunes
incompetentes (pelas células T-reguladoras)
- Infecções virais: não-reconhecimento de porções celulares destruídas pelo vírus.
- Supressão de células T-regulatórias;
- Ativação policlonal de linfócitos;
- Epítopos ocultos: regiões que não têm contato direto com o sistema imune (SNC,
espermatozóides);
• Compostos Imunotóxicos
I. Hormônios Esteroidais: Estrógeno (Imunomodulador, pode produzir imunosupressão,
imunoestimulação e autoimunidade. Os Linf. T possuem receptores, e quando o estrógeno está em
excesso, eles sofrem depleção), Dietiletilbestrol (DES) (ação carcinogênica devido a depleção de Linf.
TCD8 e NK, e interferência na sinapse imunológica), Glicocorticóides.
III. Medicamentos: Não são imunogênicos, pois possuem baixo peso molecular. Agem como
haptenos, formando complexos com proteínas endógenas, são fagocitados e reconhecidos como
não-próprios.
a) Glicocorticóides: antiinflamatórios e imunossupressores. Mecanismo: Inibem a formação do
polímero AP1, responsável pela produção de IL-2 (pró-inflamatório). Também induzem a apoptose
dos linfócitos, expressão do MHC II (apresentação antigênica) e expressão de outras citocinas
pró-inflamatórias (IL-1, TNF-α, IFN- γ).
b) Inibidores da Calcineurina: ciclosporina A e tacrolimo, potentes imunossupressores, usados em
transplantes (tratamento imediato). Mecanismo: ligam-se a ciclofilina, inibindo-a de ativar a
calcineurina, que é responsável por ativar a transcrição gênica de IL-2.
c) Antiproliferativos e alquilantes (antineoplásicos): destroem células com alto índice de
proliferação, como os linfócitos.
d) Imunomoduladores: induzem auto-imunidades, diante de pré-disposição genética. Ex: penicilina,
procainamida, metildopa, captopril, β-bloqueadores, cimetidina, clorpromazina.
IV. Vacinas: Hepatite B (esclerose múltipla), além de Sarampo, Rubéola, Raiva, BCG, Caxumba e Polio
(Síndrome de Guillain-Barré e artrite).
PLANTAS TÓXICAS
• Plantas Ornamentais
1. Atuação no TGI:
a) Sintomas brandos: Azalea spp, Rhodorendron spp, Amarylis hybrida, Iris spp, Tulipa spp, Euphorbia
pucherrima (bico de papagaio), Narcissus spp. Princípios Ativos variados e irritantes das mucosas.
Sinais: enjôo, vomito, diarréia, desidratação. Tratamento: fluidoterapia.
2. Atuação no SNC:
a) Nicotiana tabacum (tabaco). Princípio Ativo: nicotina. Mecanismo: agonista colinérgico de
receptores nicotínicos, presentes na junção neuromuscular, em gânglios e na adrenal. Sinais: em
baixas doses, causa sensação de relaxamento e recompensa na região mesolímbica; em excesso,
bloqueio de algumas vias sinápticas, gerando convulsões, taquicardia e parada respiratória.
Tratamento: mecamilamina (antagonista competitivo) e respiração artificial.
1. Causadora de Morte Aguda: Palicourea marcgravii (erva de rato). É palatável, encontrada em todo
o país. Princípio Ativo: ácido monofluoracético (mesmo do Composto 1080 “Mão Branca”).
Mecanismo: reage com Acetil-Coa e com oxalacetato, formando fluorocitrato, que se liga
irreversivelmente à aconitase, promovendo a parada do ciclo de Krebs e, conseqüentemente, a
produção de ATP. Sinais: tremores musculares, queda do animal, movimentos de pedalagem
(convulsão tônico-clônica), morte.
2. Plantas Cianogênicas: Manihot spp (mandioca brava), Sorghum spp, Thiphytum spp (tratadas e
utilizadas para alimentação animal). Principio Ativo: cianeto (em forma de glicosídeo). Mecanismo:
quando a planta é mastigada, libera o glicosídeo, que fica livre para reagir com as enzimas β-
glicosidase e hidroxinitrilagliase, que o quebram, liberando cianeto (CN-), que é rapidamente
absorvido e distribuído. Ele então inibe o Citocromo C, interrompendo o consumo de O2 e a produção
de ATP, gerando anóxia citotóxica. Sinais: taquicardia, taquipnéia, mucosas vermelhas/azuladas,
tremores musculares, convulsões. Timpanismo em bovinos (inchaço por acúmulo de gás).
Tratamento: nitrito de sódio, que leva à formação de metahemoglobina, pela qual o CN- tem mais
afinidade, formando cianometahemoglobina, que é volatilizada e expirada, e tiossulfato de sódio,
substrato da rodanase, enzima que catalisa reação deste composto com o CN, formando tiocianato
de sódio, excretado pela urina.
4. Plantas Miotóxicas: semente da Senna occidentalis (sene). Princípio Ativo: diantrona. Mecanismo:
disfunção mitocondrial com desacoplamento da fosforilação oxidativa, gerando depleção de ATP,
principalmente em fibras musculares. Sinais: diarreia, perda de peso, perda de massa muscular,
mioglobinúria (devido à lesão renal), fraqueza, morte (lesões hepáticas, cardíacas).
TOXINOLOGIA
Definições:
- Peçonha: produzida por glândulas, e transmitidas por mordida, picada ou ferroada. Ex: serpentes,
escorpiões, aranhas, abelhas.
- Veneno: produzido pelo tecido (interstício). Ex: sapos e baiacu.
• ESCORPIONISMO
- De ocorrência mundial, possuem predileção por terrenos baldios. Principal causador de acidentes.
- Espécies no Brasil: Tityus serrulatus (escorpião amarelo, + perigoso) e Tityus bahiensis (escorpião
negro).
- Composição da Peçonha + Mecanismo: mistura complexa de proteínas básicas, aminoácidos e sais.
Fração neurotóxica altera a abertura de canais de Na+ neuronais, levando à despolarização das
membranas neuronais periféricas. Assim, ocorre estimulação simpática e parassimpática.
- Sinais: Dependem da espécie, nº de picadas, peso da vítima e tempo até atendimento. São
decorrentes da liberação massiva de Ach e catecolaminas. Incluem dor local, sudorese, êmese,
hipermotilidade do TGI, agitação/desorientação, taqui/bradicardia, hipo/hipertensão, edema
pulmonar agudo, falência cardíaca.
- Tratamento: analgésicos, soro antiescorpiônico (SAEE), controle da função cardíaca e diuréticos
(controle do edema pulmonar).
• ARANEÍSMO
- Principais espécies: Loxoceles spp. (pequena e marrom) e Phoneutria spp. (armadeira - grande),
comuns no Sul e Sudeste. Adentram ambientes domésticos, atacam quando tocadas ou comprimidas.
- Loxoceles:
- Composição da Peçonha: Proteína 32kDa, esfingomielinase D, + hialuronidases, lípases,
fosfatases e proteases. Ainda, as quelíceras possuem Clostridium (tétano e botulismo).
- Mecanismo: Ação lítica sobre esfingolipídios presentes nas membranas endoteliais,
hemácias, plaquetas; Intenso processo inflamatório, podendo ocorrer hemólise intravascular,
e proteólise.
- Sinais: sem dor imediata, manifestações após 12h. Incluem processo inflamatório local, com
necrose tecidual, rara hemólise, IRA, c/ isterícia, hemoglobinúria e CID (principal causa de
óbito).
- Tratamento: soro antiloxocélico (até 36h após a picada), antiinflamatórios, transfusão
sanguínea e controle da IRA.
- Phoneutria:
- Composição da Peçonha + Mecanismo: neurotoxina (PhTx2) com ação local, efeito
cardiotóxico (ativa canais de Na+ e liberação de neurotransmissores).
- Sinais: leves à graves. Incluem dor, edema, eritema, parestesia, náuseas, êmese, sudorese,
taquicardia, hipotensão arterial, arritmia, insuficiência cardíada, edema pulmonar, convlusão
e coma.
- Tratamento: lidocaína (dor local), antiinflamatórios, meperidina (anestésico sintético
opióide), e alívio dos sintomas mais graves.
• ACIDENTE COM Apis mellifera: cruza com abelhas africanas, tornou-se agressiva, mas produz mais
mel.
- Composição da Peçonha e Mecanismo: mistura de aminas vasoativas, peptídeos, proteínas.
- Melitina (75%): gera bloqueio neuromuscular, paralisia respiratória, lise de membranas
celulares.
- Apamina (2%): neurotoxina de ação motora (convulsões, espasmos musculares).
- Cardiopeptídeo: propriedades cardiotóxicas, gerando arritmias.
- Peptídeo MDC: fator degranulador de mastócitos (potencial anafilaxia).
- Hialuronidases e fosfolipase A2: processo inflamatório.
- Sinais: dependem do número de picada e da predisposição genética à hipersensibilidade (Tipo I).
Incluem inflamação local, agitação, náuseas, vômitos, hipotensão, fraqueza muscular, taquicardia,
taquipnéia, edema pulmonar, mialgia, convulsões, coma, choque anafilático. Mais tardiamente,
hematúria (lesão renal), hemoglobinúria, hematomas, rabdomiólise, IRA, CID, coagulopatias.
- Achados laboratoriais: hemólise (hematócrito), proteinúria, bilirrubinúria, hematúria e leucócitos
na urina.
- Tratamento: raspagem da pele (para retirar as glândulas afixadas aos ferrões) e posterior extração
dos ferrões.
AVALIAÇÃO DE RISCO
Cadeia de Avaliação:
1. Formulação do Problema;
2. Fonte de exposição (humana ou ambiental);
3. Identificação da periculosidade e dose-resposta;
4. Caracterização do Risco;
5. Tomada de medidas (Vigilância Sanitária ou Ambiental);
Estudos:
- Agudo: dose única ou múltiplas exposições em 24h, considerando-se efeitos por até 14 dias. Testes
principais: DL50, irritação ocular e dérmica, sensibilização.
- Subcrônico: exposições múltiplas, em períodos que não excedam 10% do tempo de vida médio da
espécie utilizada. Determinação de LOAEL (Dose de Menor Efeito Adverso Observado).
- Crônico: exposições múltiplas, por períodos de 3 meses ao total de vida da espécie utilizada.
Determinação de NOAEL (Dose de Nenhum Efeito Adverso Observado).
Avaliação Dose-Resposta: relação entre exposição ao agente e incidência da resposta adversa. São
utilizados dados de experimentos em animais, com extrapolação dos dados obtidos.
- Dose de Referência (RfD): dose segura para exposição diária, sem efeitos nocivos, por toda a vida.
- Ingestão Diária Aceitável (IDA): níveis aceitáveis de exposição crônica à praguicidas e aditivos
alimentares.
Cálculo: RfD ou IDA = NOAEL / Fatores de incerteza (segurança).