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Evolução da população mundial 1950-2050 – O caso da Ásia - 21

Como e porquê a Ásia vai voltar a ser o centro económico do mundo


(demograficamente sempre o foi) após cerca de 200 anos de domínio
ocidental

Sumário

1 – O esplendor civilizacional e a colonização

2 – Depois de II Guerra, a entrada no capitalismo globalizado

3 - Caraterização social e demográfica da Ásia Central e Oriental

++++++++++xxxxx++++++++++

1 – O esplendor civilizacional e a colonização

Como referimos anteriormente, para uma abordagem da demografia da Ásia,


separámos a Ásia Ocidental, mais especificamente a de matriz dominante islâmica e
que vem sendo atravessada por grandes e longos conflitos, nos quais o denominado
Ocidente tem tido enormes responsabilidades. O restante território – a Ásia Central e
Oriental - abarca a grande maioria da população do continente, isto é, cerca de 91,5%
do total, em 2016; e que, sem dúvida, constitui a área mais dinâmica, a nível global, do
ponto de vista económico.

A Ásia Central e Oriental apresenta uma grande diversidade de culturas e, na


generalidade, cada país comporta uma realidade compósita, com grande variedade
étnica, linguística e religiosa.

A sua história mostra um passado recheado de elevados elementos civilizacionais


resultantes das ligações comerciais terrestres entre o mundo persa e a Índia ou da
China com a Ásia Ocidental, através de canatos turcos ou mongóis, passando dali

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Primeira parte em: https://grazia-tanta.blogspot.com/2018/06/evolucao-da-populacao-mundial-19502050.html
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para o Mediterrâneo e para a Europa. Por seu turno, o comércio marítimo no Índico
tem uma duração de largos séculos, com ligações entre a África Oriental, o
Mediterrâneo, o mundo islâmico e a China e, no âmbito do qual surgiu uma forte
penetração do Islão nas Filipinas, na Malásia, no Bangla Desh e na Indonésia.

Quando os europeus, com os portugueses à cabeça, se envolveram nesse comércio,


fizeram-no gradualmente, primeiro, através do controlo de entrepostos costeiros
(Ormuz, Goa, Jaffna, Malaca…); a que se seguiu a ocupação territorial, nos séculos
XVIII e XIX, neste caso, com papel mais relevante para ingleses e franceses,
concentrando-se os holandeses nas ilhas de Sunda (futura Indonésia) e os espanhóis
nas Filipinas e alguns arquipélagos do Pacífico Ocidental.

Os portugueses foram-se entrincheirando em Goa, Damão e Diu, sem saber o que


fazer dessa posse, até que, em 1960, a Índia decidiu acabar com essa reminiscência
colonial. Curiosamente, como demonstração de uma estreita visão estratégica,
Bombaim (actual Mumbai, capital financeira da Índia) – então com 10000 habitantes -
foi cedida ao rei inglês como dote da sua futura mulher, uma princesa portuguesa, em
1661; depois de entregue à Companhia das Índias, em 1675 já tinha 60000 habitantes,
em 1687 passou a ser sede da Companhia e hoje tem uns 12 M de habitantes.

Essa ligação marítima direta (via Cabo da Boa Esperança) entre a Europa, o Índico e o
Oriente fez reduzir-se a importância das rotas terrestres e veio a facilitar as conquistas
russas na Ásia central e na Sibéria, dominando os vários canatos e as tribos turcas ou
mongóis, construindo Tomsk em 1604, Irkutsk em 1661 e Vladivostok em meados do
século XIX. A Inglaterra ficava limitada na sua expansão para o interior, a partir da
Índia, pelo Himalaia, o Hindukush e a resistência dos afegãos. Por outro lado, o
domínio turco do Mediterrâneo oriental e, mormente do Mar Vermelho, contribuiu para
a preponderância da rota do Cabo como via de ligação direta entre o Oriente e a
Europa.

Só a partir do início do século XIX as potências imperiais europeias se lançaram na


ocupação da Ásia Central e Oriental. Na Índia, os ingleses souberam manobrar as
divergências entre os vários marajás para se superiorizarem como dominantes, uma
vez que nunca teriam meios para dominar, apenas pelas armas, um território tão vasto
e com tal população - 255 M, em 1881, incluindo os territórios que hoje constituem a
Índia, o Paquistão, Bangla Desh e Sri Lanka, contra os 57 M da Inglaterra que então
incorporava a Irlanda2. A França, depois da perda da Luisiana e do Canadá -
frustrando-se assim a construção de um império na América do Norte - virou-se para
África e para a Indochina, conquistando esta última na segunda metade do seculo XIX.
Os holandeses, por seu turno, governaram desde o século XVII e até à independência,
o que se veio a designar por Indonésia. Entretanto, os EUA, aproveitando-se da
fragilidade espanhola apoderaram-se das Filipinas e de Guam em 1898; e no ano
seguinte Espanha vendeu as ilhas Carolinas, as Marianas e Palau à Alemanha, que

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Hoje (2016) essa desproporção é muito maior; 1700 M para o território acima referido contra 64 M da Grã-
Bretanha
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veio a ser despojada das mesmas pelo Japão, durante a I Guerra. Por seu turno, o
Japão, perdeu essas ilhas para os EUA com a derrota na II Guerra.

No início do século XX somente existiam na Ásia Central e Oriental cinco países sem
ocupação colonial – a China, o Japão, a Tailândia, o Nepal e o Butão.

2 – Depois de II Guerra um novo modelo de capitalismo

Iniciamos de seguida uma mais detalhada caraterização da Ásia Central e Oriental


com algumas notas sobre a Índia, a China e o Japão, as peças chave da geopolítica
regional.

A Índia, a despeito do seu elevado nível civilizacional – ou talvez por isso mesmo -
sempre se cingiu ao seu território, com a sua enorme diversidade étnica, linguística e
religiosa, com escassa propensão expansionista. Por outro lado, a sua posição central
no Índico permitiu ligações comerciais marítimas fáceis com a África, o Golfo Pérsico e
o Mar Vermelho, com a costa leste do golfo de Bengala e, mais adiante, com as ilhas
da Insulíndia e a China. As condições oferecidas pela existência de grandes rios como
o Indo, o Ganges e o Bramaputra, permitiu populações numerosas e a incorporação
de qualquer invasor - Alexandre, persas ou mongóis - em norma aceites como castas
governantes. Essa riqueza natural conduziu ao florescimento da filosofia e ao
surgimento de várias religiões – budismo, hinduísmo, jainismo, sikhismo – cujas
configurações incorporam uma grande tolerância religiosa, incluindo o ateísmo; ao
contrário dos atuais monoteísmos.

Quando da independência, em 1947, a separação entre muçulmanos e não


muçulmanos – há muitos séculos vivendo em conjunto - gerou a criação do Paquistão
(cujo nome aliás não tem qualquer raíz histórica) com uma origem política animada
pelos ingleses e que conduziu a massacres, deslocações de milhões de pessoas e
várias guerras entre a Índia e o Paquistão. A aberração de inspiração britânica chegou
mesmo ao ponto de se unificar sob a sigla Paquistão, povos tão distintos como
punjabis, baluques ou pashtuns do vale do Indo e bengalis, povo do delta que une as
águas do Ganges e do Bramaputra, separados por milhares de quilómetros, só porque
todos são de confissão muçulmana. Como é evidente, essa artificialidade durou
apenas 24 anos, até à separação do Bangla Desh face à tutela de Rawalpindi.

A Índia percebeu cedo (1991), perante o declínio económico observado no Ocidente


em comparação com o dinamismo da Ásia Oriental que devia proceder a uma inflexão
estratégica - “Look East”; por outro lado, as intervenções dos EUA e dos seus
sargentos europeus no Médio Oriente dão uma imagem pouco tranquilizadora para a
vizinhança. E daí que tivesse passado de observador a membro de pleno direito da
OCX – Organização de Cooperação de Xangai, em 2017, tal como aconteceu com o
Paquistão.

A Índia, com a China e a Rússia constituem as peças centrais da OCX como bloco
euro-asiático de oposição ao mundo ocidental, mormente da suserania dos EUA, que
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entendem dominar ou condicionar o planeta através do dólar, das imbecis tiradas de
Trump e do seu poder militar, através do cordão de bases com que os EUA envolvem
o continente euro-asiático. Note-se que no OCX estão quatro potências nucleares,
cerca de metade da humanidade, enormes recursos energéticos, uma rápida evolução
económica, embora predominem regimes de duvidosas credenciais democráticas,
mesmo entendendo por democracia os regimes de tipo ocidental, também oligárquicos
e excludentes. Tendencialmente, esses países ficarão ligados por infraestruturas de
transporte, geradoras de um maior fluxo de trocas que irão incorporar a Europa, como
uma verdadeira península asiática, em termos geográficos e demográficos.

Há muito – desde o século XIV – que a China procurava o isolamento face ao exterior,
admitindo apenas um limitado comércio com os europeus, quando estes se
aproximaram, no século XVI; a sul e a norte rodeavam-se de estados vassalos e da
Grande Muralha, enquanto os seus portos se mantinham fechados ao comércio com o
exterior. Nesse contexto, atribuíram Macau aos portugueses, como entreposto
comercial, em 1557 e, daí que nunca tivessem considerado o território como colónia;
na realidade, com a instauração da república popular, o poder de facto em Macau
cabia à China, embora houvesse um governador português. Durante a Revolução
Cultural, a ação e a propaganda maoista estavam presentes em Macau, embora o
governador fosse nomeado por um regime português, fascista e colonialista. Só em
1999 a soberania sobre Macau passou integralmente para a China, como uma região
administrativa especial, tal como Hong-Kong, dois anos antes.

Numa época de feroz imperialismo como foi o século XIX, a influência das grandes
potências coloniais europeias não podia deixar a China fora dos seus negócios, da sua
rapina; quer os chineses concordassem ou não em se abrir ao “mercado” global.
Assim, os ingleses, decidiram alargar o dito mercado, que se vinha cingindo à venda à
China de ópio indiano para pagamento da seda, do chá e da porcelana chinesa, no
único porto autorizado para as transações sino-britânicas, Cantão.

Como o consumo de ópio na China ia provocando óbvios danos na população, o


governo chinês decidiu a sua proibição. A reação inglesa fez-se através de uma guerra
facilmente ganha (1839/42) que conduziu ao tratado de Nanquim, no qual a China se
obrigou a aceitar o ópio, abrir mais quatro portos ao seu comércio, bem como a
entregar aos ingleses a ilha de Hong-Kong. Após uma segunda guerra (1857/60) a
China, perante os danos causados pelos anglo-franceses abriu mais onze portos ao
ópio e teve de aceitar legações ocidentais e liberdade para comerciantes e
missionários ocidentais. Como dizia, René Dumont, o colonialismo impunha-se através
de 3 “m” – le militaire, le missionaire, le marchant.

Esses (entre outros) chamados tratados desiguais, repartiram áreas de influência para
as potências imperiais - Inglaterra, França, Alemanha, Rússia, Japão e EUA – numa
humilhação para uma China que se considerava como o padrão civilizacional face aos
“bárbaros” estrangeiros; por outro lado, pela sua dimensão geográfica, populacional e
política - não era constituída por uma vasta gama de senhores como a Índia - uma
ocupação colonial típica seria incomportável… como mais tarde o sentiram os
japoneses.
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A norte da China, a Manchúria cai sobre a influência da Rússia e, após uma primeira
guerra com o Japão (1894/95), cede Taiwan aquele e aceita uma provisória
independência da Coreia, que passará a colónia japonesa em 1910. A sul, tradicionais
vassalos do imperador chinês (Birmânia, Tailândia, Vietnam, Laos e Cambodja) caem
na órbita britânica ou francesa, enquanto a presença alemã se observa no Shandong.

A decadência e a humilhação elevam a reação nacionalista através da revolta dos


Boxers em 1900, esmagada pelos exércitos ocidentais que se aproveitam da situação
para aumentarem as suas reivindicações económicas. O surgimento do Kuomintang
em 1905 dá expressão política ao nacionalismo e ao repúdio pelo regime imperial,
abrindo caminho para a República, em 1912.

A República, dividida pela influência de senhores da guerra, manteve-se sob a


pressão do Japão, cuja intervenção no norte da China é acompanhada por uma
grande violência, correspondente ao chauvinismo racista dos japoneses face a
chineses e coreanos; é curioso notar-se que, tendo os japoneses uma ancestral
origem na Coreia, recusem essa origem, desprezem os coreanos e considerem que o
imperador é o mais recente descendente de um filho do … Sol.

A República conseguiu ocupar a Manchúria mas não construir um regime estável e


capaz de ombrear com os japoneses, daí surgindo a revolta do PCC, de Mao Tse-
Tung, em 1927. Em 1931 o Japão invade a Manchúria e em 1937 inicia-se uma guerra
total entre os dois estados, que conduzem à ocupação japonesa de quase todo o
litoral chinês, com uma grande violência a exercer-se sobre a população, numa guerra
que só terminará com a rendição dos japoneses perante os EUA, em 1945.

A guerra civil entre os nacionalistas de Chiang Kai-shek e os guerrilheiros de Mao


ainda duraria mais quatro anos até à derrota do primeiro, que se refugiou em Taiwan,
com todo o apoio dos EUA que, ridiculamente, colocaram o regime de Chiang Kai-
shek como membro do Conselho de Segurança da ONU, uma situação que durou até
1971, quando finalmente reconheceram a actual RPC.

O Japão tinha Nagasaki como único porto aberto ao comércio com os ocidentais, no
âmbito de um pendor isolacionista semelhante ao da China. No âmbito da segunda
presença de uma frota de guerra dos EUA, em 1854, o Japão assinou a convenção de
Kanagawa, segundo a qual abria os seus portos ao comércio com os EUA; a que se
seguiram posteriormente convénios semelhantes com as potências europeias.

Tirando as devidas lições dos procedimentos dos ocidentais na China, o Japão


modernizou muito rapidamente a sua economia, criou forças armadas poderosas e
decidiu acompanhar os ocidentais quanto a procedimentos imperialistas. Depois de
uma primeira tentativa de conquistar Taiwan a uma China enfraquecida, o Japão, em
1872 ocupa as ilhas Ryu-Kyu, onde sobressai a muito conhecida ilha de Okinawa,
onde está instalada, desde o final da II Guerra, uma base militar estratégica para os
EUA procederem à vigilância do mar da China.

Numa primeira guerra com a China (1894/95), o Japão apodera-se de Taiwan e retira
a Coreia da órbita chinesa. Em 1905, após ter ganho a guerra com a Rússia, esta fica
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afastada temporariamente de ter influência na Manchúria e na Coreia – rica em
minerais estratégicos - que é ocupada pelo Japão em 1910, até ao final da II Guerra.
Com a derrota nesta última guerra, o Japão perdeu para a URSS a metade sul da ilha
Sacalina (conquistada em 1905 pelo Japão), bem como as ilhas mais meridionais das
Curilhas; e foi forçado a manter forças militares limitadas, bem como a aceitar a
proteção militar dos EUA. A descoberta de reservas de petróleo nas águas territoriais
dos ilhéus Senkaku (jap)/Diaoyu (chi), a oeste das ilhas Ryu-Kyu, vem alimentando um
contencioso sino-japonês sobre a sua soberania.

O Japão, derrotado em 1945 sob o efeito do terror provocado pelos ataques atómicos
perpetrados pelos EUA, que ocuparam o país e onde mantêm cerca de 135
instalações militares, incluindo a presença de armas atómicas; tornou-se uma fortaleza
militar norte-americana, vital para o seu controlo da Ásia oriental, mormente face à
“ameaça” chinesa. Em contrapartida, o país desenvolveu-se como uma verdadeira
potência económica, desenvolveu técnicas de gestão como o toyotismo e o kanban,
aproveitando ainda a ligação sentimental dos trabalhadores para com as empresas
onde trabalham e a aceitação de carreiras profissionais longas e intensivas; nesse
contexto, gerou empresas poderosas de caráter global, com altas capacidades
tecnológicas, como a Mitsubishi, a Nissan, a Sony e outras. É de referir o importante
papel do Estado japonês em todo esse processo, através do seu ministério da
indústria e planeamento, o MITI.

O caso do Japão veio a reproduzir-se em outros países asiáticos como a Coreia do


Sul, Taiwan, Singapura, Malásia e Hong-Kong; neste último caso, antes ou depois da
sua incorporação na China, como região especial, no seio da política de “um país, dois
sistemas” criada por Deng Xiao-Ping. Nestes territórios firmaram-se governos
ancorados em ditaduras ou regimes musculados, promotores de um forte investimento
estatal, articulado com o recurso a capitais estrangeiros, portadores de elevadas
capacidades tecnológicas; para o efeito procedeu-se a uma aposta decidida num
ensino de qualidade, ao estudo e desenvolvimento de tecnologias importadas, ao
envio de estudantes para universidades europeias e norte-americanas e à procura de
uma relativamente equilibrada distribuição de rendimentos. A construção naval
desenvolveu-se muito na Coreia do Sul e em Singapura; nesta, em torno da
manutenção da frota norte-americana de serviço no Vietnam, durante a guerra. Em
contrapartida, a indústria naval europeia sofreu, uma grande redução, bastando
recordar para o efeito o que aconteceu, em Portugal, com a Setenave e a Lisnave.
Outras indústrias deslocalizadas para o Oriente foram a têxtil (entretanto redirecionada
para o Bangla Desh e o Vietnam) ou as do material elétrico e da eletrónica.

O trabalho, submetido a uma grande disciplina e comparativamente barato


protagonizou, nos anos 70, os primeiros passos da deslocalização por parte das
multinacionais, cujos efeitos foram muito além da formação de lucros elevados e do
desarmamento laboral e político das organizações de trabalhadores nos EUA e na
Europa. A cultura dominante nestes mais dinâmicos países asiáticos é de cariz
confucionista, induzindo disciplina, esforço e um espírito coletivista, elementos
integrados para a produção de elevados níveis de desenvolvimento capitalista; que

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mais se evidenciam perante a estagnação que vem assolando os ocidentais, desde a
Grande Recessão iniciada em 2008.

A China, mais recentemente, vai reproduzindo o modelo referido acima, ainda que
sem imitar as democracias de mercado vigentes nos países atrás citados; prefere
proceder ao controlo social e político da sua imensa população, com um poder muito
centralizado no enorme PCC, que está presente em todas as estruturas económicas,
sociais e políticas e de onde partem ou são validadas todas as decisões, incluindo a
nova política natalista. Note-se que a China não reproduz o modelo soviético de
capitalismo de estado, permitindo o desenvolvimento de típicas empresas privadas, a
par de um aparelho de estado tentacular que controla, sem protagonizar, a atividade
económica, deixando esta aberta à inovação, à iniciativa. Uma das peculiaridades
chinesas foi a criação, depois da chegada ao poder de Deng Xiao-Ping, de “zonas
económicas especiais” para a fixação de capitais e tecnologias estrangeiras, atraídas
nomeadamente pelos baixos preços do trabalho (ainda que superiores aos do resto do
país), pelas isenções de impostos e pela rígida disciplina instituída pelo PCC; e que
diferem, hoje, das regiões administrativas especiais, de Hong-Kong e Macau.

Note-se ainda que, exceptuando a Coreia do Sul, onde a influência chinesa é milenar,
nos restantes países referidos a população é chinesa (Taiwan) ou, onde se verifica
uma significativa presença de população de origem cultural chinesa, relativamente
endinheirada e mantida coesa enquanto diáspora.

Os países do Centro e do Leste asiático vão construindo bases industriais avançadas


e sólidas, sistemas financeiros pujantes, mercados internos com consumos elevados e
um potencial exportador de bens e investimentos, num género de capitalismo com
forte intervenção estatal, sem ser capitalismo de estado. Esse processo compreende
diversos patamares de evolução; a Coreia do Sul, a China e o Vietnam ou o Bangla
Desh, são exemplos desses distintos patamares. As deslocalizações iniciadas pelas
multinacionais de raiz ocidental, aceleraram e intensificaram a globalização histórica,
foram aproveitadas pelos principais países da Ásia Central e Oriental que construíram
as suas próprias estruturas produtivas, compreendendo empresas nacionais, de
capitais ocidentais, mistos ou transnacionais e que, recentemente vêm criando fluxos
de investimento em sentido contrário, como se vem observando com a compra do
Pireu pela China, do Terminal XXI em Sines, por Singapura ou o controlo da EDP pela
Three Gorges.

As deslocalizações protagonizadas pelas multinacionais ou capitalistas ocidentais em


geral vêm colocando dificuldades nos EUA e na Europa, a braços com regiões
deprimidas, populações envelhecidas, estagnação do consumo (a base para
existência do consagrado crescimento do PIB) que fazem adivinhar um futuro sombrio,
com a criação de movimentos fascizantes, sobre as ruinas de uma esquerda
inexistente ou fossilizada.

A procura de trabalho a baixo preço tende a inverter-se geograficamente, sabendo-se


que os salários médios em Portugal ou a Grécia vão-se tornando equiparáveis aos
percebidos na China, o que é algo de inimaginável, há uma década.
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Atualmente, os bancos dos EUA dedicam menos de 20% em empréstimos às
atividades produtivas e 80% para as especulativas e as bolhas imobiliárias resultam de
investimentos em busca da rendabilidade e não a satisfação das necessidades das
populações, cujos salários se não adequam aos preços de compra/aluguer que
exigem uma rendabilidade elevada perante a estagnação relativa dos salários.

O capitalismo tende a tornar as pessoas como supérfluas. Nos EUA, em 1948/73 a


produtividade cresceu 96,7% e os salários reais 91,3%; e em 1973/2015, fruto da
deslocalização, a produtividade cresceu 73,4% e os salários 11.1%. Em 1965 um
diretor executivo nos EUA ganhava 20 vezes mais do que um trabalhador e em
2013…296 vezes mais! Mais especificamente, o brilhante casal Blair, em 20 anos
acumulou uma riqueza de $ 75 M3; porém, mais brilhante que o dito casal, só Trump
que pretende uma “America great again” semeando sanções e armamento pelo
planeta, gerando sorrisos a Xi Jinping, como grande arquiteto da Rota da Seda que
tenderá a ligar três continentes – Ásia, Europa e África – sob a hegemonia chinesa.

3 - Caraterização demográfica da Ásia Central e Oriental

Na Ásia Central e Oriental, do ponto de vista étnico, é enorme a variedade de povos e


culturas, mesmo no seio de cada um dos estados-nação. Os mais homogéneos são o
Japão, a Coreia e a China; aqui, apesar da grande maioria da etnia han, há 56 grupos
étnicos, embora estes apenas representem 9% da população total.

Do ponto de vista religioso, a tradição islâmica evidencia-se nas antigas repúblicas


soviéticas da Ásia Central, no Paquistão, na Malásia, no Brunei, no Bangla Desh, nas
Maldivas e na Indonésia, para além de uma numerosa minoria na Índia ou da minoria
ouighur no ocidente da China.

O budismo é maioritário na Tailândia, no Butão, em Myanmar, no Cambodja, no Laos,


em Singapura, no Sri Lanka ou na Mongólia, nesta última, ao lado de uma grande
faixa irreligiosa da população. As Filipinas e Timor-Leste constituem os únicos casos
de maioria cristã (católica), devido aos longos períodos da colonização espanhola e
portuguesa, respetivamente, iniciados no século XVI; e, na Coreia do Sul, os cristãos
(protestantes e católicos) também são numerosos. Os hinduístas são a maioria no
Nepal, nas Maurícias e na Índia, devendo ter-se em conta a enorme população deste
último país.

No Vietnam os credos locais abrangem perto de metade da população contando-se


mais de 25% de pessoas sem credos religiosos. Finalmente, os não religiosos, ateus
ou agnósticos são 2/3 dos norte-coreanos, metade dos sul-coreanos e 42% dos
chineses. No Japão apenas 30% da população se considera com uma confissão
religiosa, havendo numerosos casos de sincretismo, entre o budismo, o xintoísmo. o
taoismo e mesmo de várias versões do cristianismo.

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https://www.lrb.co.uk/2016/11/14/rw-johnson/trump-some-numbers
grazia.tanta@gmail.com 6/11/2018 8
As democracias de tipo ocidental, ou de mercado, com partidos políticos concorrentes
a eleições, observam-se na Índia, no Paquistão, no Japão, na Tailândia, na Malásia,
no Sri Lanka. Existem monarquias na Tailândia, no Cambodja, no Butão e no Brunei. A
Malásia é uma monarquia sui generis pois o rei muda todos os cinco anos, numa
rotatividade entre os reis dos nove estados federados.

Os regimes onde o predomínio de um partido-estado é manifesto, observam-se na


China, no Vietnam – onde a histórica desconfiança face à China não impede que copie
o modelo de privatizações e atração de capitais estrangeiros - ou na Coreia do Norte.
Em Singapura, apesar de ter um regime parlamentar, o Partido de Ação Popular (PAP)
vence todas as eleições desde 1959… O Myanmar também tem eleições mas o
controlo da vida política e económica cabe à forças armadas, com uma presidência da
república entregue a uma laureada com o Nobel da Paz, que se submete aos militares
como se vem observando a propósito da perseguição aos rohingyas, como a outras
minorias étnicas; o que não incomoda minimamente as grandes empresas indianas e
chinesas que investem no país, nomeadamente na construção de… uma ligação entre
o Sul da China e o Golfo de Bengala, - onde existem reservas de petróleo e gás (junto
ao litoral onde habitam os rohingyias…). Essa via permitirá à China ter uma ligação ao
Índico, vários dias de navegação mais curta do que a passagem pelo estreito de
Malaca ou pelos estreitos de Sunda ou Lombok. Essa nova infraestrutura, porém, não
beneficiará a ligação entre o Índico e o Japão ou a Coreia do Sul.

Entre as cinco repúblicas ex-soviéticas, a regra é a de regimes autoritários, com


presidentes investidos por muitos anos. O Turquemenistão e o Cazaquistão dependem
da exploração de hidrocarbonetos; o Uzbequistão, da produção de algodão com o
recurso a mão de obra compulsiva; o Tadjiquistão das remessas de emigrantes e da
produção de alumínio e o Quirguizistão de remessas de emigrantes e da produção de
ouro.

O potencial económico e demográfico centrado no Extremo Oriente e na Ásia do Sul


tende a constituir ali a região mais dinâmica do planeta, findando o escasso período de
uns 200 anos em que o domínio político e económico se centrou nas duas margens do
Atlântico Norte; o qual, em termos demográficos, foi sempre minoritário. Como atrás se
viu, a população mundial é, cada vez mais, asiática ou africana.

grazia.tanta@gmail.com 6/11/2018 9
Fonte primária: UNCTAD/CNUCED

Como procedemos para os casos da Europa e da África, repartimos os países da Ásia


Central e Oriental em três áreas4 – Índico, Oriente e Sudeste. No primeiro caso, grosso
modo, enquadrámos os países virados para aquele oceano, quase todos tendo feito
parte do britânico Império das Índias. O segundo conjunto – Oriente – enquadra os
países que bordejam o mar da China Oriental e ainda, aqueles do interior,
maioritariamente de etnias turca ou mongol, incluídos na URSS até ao
desmembramento desta. O terceiro – Sudeste – rodeia o mar do Sul da China e a sua
área é em grande parte, insular.

A evolução da população da Ásia Central e Oriental duplica no período 1970/2016, no


âmbito de uma grande regularidade, prevendo-se um aumento mais contido para o
período findo em 2050 – 0.45% anuais - com todas as reservas que se possam
colocar quanto a eventuais alterações políticas, ecológicas, tecnológicas e económicas
que possam acontecer, imprevisíveis ou mais previsíveis, embora, entre as últimas,
com impactos aleatórios.

Como bem se revela no gráfico abaixo, essa regularidade e esse grau de incremento
populacional deve-se sobretudo às regiões do Índico e do Sudeste, as mesmas em
que as previsões da CNUCED/UNCTAD mostram maior crescimento. Em
contrapartida, no Oriente, o crescimento populacional apresenta-se muito mais
modesto em 1970/2016 – mesmo assim, com um crescimento muito superior ao da
Europa (6% em 1970/2016 e com um retrocesso demográfico previsto para 2050).
Para o Oriente, as previsões apontam para um ligeiro retrocesso populacional da
ordem de 30 M de pessoas.

4
Índico – Bangla Desh, Butão, Índia, Maldivas, Maurícia, Myanmar, Nepal, Paquistão, Sri Lanka
Oriente – Guam, Cazaquistão, Coreia do Norte, Coreia do Sul, China (incl. Hong Kong, Macau), Japão, Mongólia,
Palau, Quirziguistão, Taiwan, Tadjiquistão, Turquemenistão, Uzbequistão
Sudeste – Brunei Durassalam, Cambodja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Tailândia, Timor-Leste, Vietnam
grazia.tanta@gmail.com 6/11/2018 10
A repartição da população pelos três grandes agregados de países revela (gráfico
abaixo) que até 2010 o agregado mais populoso era o do Oriente e que este deixou de
o ser em 2016, para além de ter perspetivas de forte quebra em 2050. Os outros dois
agregados aumentam o seu peso relativo durante o período considerado, tornando-se,
presentemente o Índico o conjunto de maior população em termos absolutos; e isso
acontece a despeito do reforço estatístico que o Oriente recebeu em 2000, com a
integração das cinco repúblicas ex-soviéticas que, naquele ano, tinham 55.6 M de
pessoas, 69.8 M em 2016 e uma expectativa de atingirem 94.4 M em 2050.

Repartição da população da Ásia Central e Oriental

Para essa situação, contribuem, certamente, as situações dos dois países mais
populosos do conjunto Oriente. O Japão tem um volume populacional quase
estagnado desde 1990 e é considerado como um país muito envelhecido, com baixa
taxa de natalidade e, para mais, pouco propenso à chegada de imigrantes. A China,
como se verá adiante, apresenta um dinamismo demográfico muito baixo, certamente
ligado à política do filho único que, entretanto, foi abandonada; e que, provavelmente,
colocará em causa a previsão feita pela ONU, para 2050.

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Índico

O conjunto dos países do Índico multiplica cerca de 2.5 vezes a sua população no
período 1970/2016; é o conjunto da Ásia Central e Oriental com maior crescimento
demográfico. A sua taxa anual de crescimento demográfico supera os 2.6% nas
décadas de 80 e 90 decaindo, gradualmente depois, até atingir 0.8% no hexénio
2010/16, um crescimento anual que é também apontado para os 34 anos seguintes,
até 2050.

Convém sublinhar que a Índia representa 76% da população total da região Índico em
1970 e 74.2% em 2016 enquanto o Paquistão – que tem a segunda maior população -
no mesmo período, passa de 8% para 10.8% do total. Isto significa que os dois países
em todo esse período acrescem ligeiramente a sua representantividade no conjunto,
embora se observe uma pequena alteração na relação entre si, a favor do Paquistão.
Nas previsões para 2050 eleva-se mais o peso do Paquistão (13.4%) em detrimento
da Índia (72.5%), o que não altera a grande desproporção entre o peso demográfico
dos dois países.

Os ritmos de crescimento populacional reduzem-se com bastante regularidade até


2016, mormente nas Maurícias e no Sri Lanka, a partir da década de 90. Quanto ao
crescimento demográfico, o Butão destaca-se nas décadas de 80 e 90, as Maldivas
durante o século XXI e o Paquistão em quase todo o período considerado.

Quanto às perspetivas para 2050, elas são conservadoras para a maior parte dos
países, destacando-se a regressão populacional prevista para as Maurícias e o
elevado acrescimo demográfico anual admitido para o Paquistão no período 2016/50
(1.73%). Para o conjunto da região Índico o crescimento populacional previsto até
2050 é de 0.83%, por ano.

Oriente

Como atrás referimos, este é o conjunto de países com menor dinamismo


populacional no período 1970/2016; isto é, a sua população apresenta “apenas” um
aumento de 70%. A sua taxa anual de crescimento demográfico, reduz-se
gradualmente em todo o período considerado, face a 1970, começando por 2% anuais
na década terminada em 1980, atingindo 0.32% em 2010/16 e prevendo-se até 2050
uma quebra anual de 0.05%.

A grande população da China (sem contar com as regiões administrativas de Macau e


Hong-Kong) dota o país de uma representatividade enorme no conjunto – sempre
acima dos 80% do total, seguindo-se o Japão mas, com uma representatividade
decrescente – 10.5% em 1970 contra 7.5% em 2016 e com uma quebra prevista para
6.5% em 2050.

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Os acréscimos populacionais mais robustos notam-se na Mongólia, nas décadas de
70 e 80 que passam a ser mais modestos posteriormente. Macau apresenta taxas de
crescimento demográfico elevadas, no contexto regional, a partir da década de 80, a
par com o Tadjiquistão, neste caso depois da década de 2000/10, não se dispondo de
dados para períodos anteriores.

Quanto a casos de regressão populacional, destaca-se o Japão a partir dos anos 80,
ao qual se juntam Taiwan e a Coreia do Sul, no período 2010/16. Estes três países,
bem como a China são objeto de perspetivas de redução populacional no período
posterior a 2016.

Os ritmos de crescimento populacional previstos para 2016/50 mostram-se mais


elevadas nos países da Ásia Central e ainda, em Macau.

Sudeste

Para o período 1970/2016 a população do conjunto de países que incluímos como


Sudeste asiático cresceu 2.3 vezes, um valor próximo do observado na região do
Índico como observámos atrás. As taxas anuais de crescimento populacional
reduzem-se paulatinamente, a partir de 2.7% na década de 70, para 1.9% nos anos
finais do século XX até aos 0.8% no hexénio fechado em 2016; um pendor que se
situa perto do estimado até 2050 (0.73% por ano).

No capítulo dos países mais populosos da região, no Sudeste não se encontra um


domínio avassalador de um apenas, como acontece com a China no Oriente e a Índia
no Índico. O país que mais se destaca no sudeste asiático é a Indonésia com 45.4%
da população total em 1970, um valor que se reduz para 44.3% em 2016 e com uma
ligeira perda prevista para 2050 (43.7%). O Vietnam posiciona-se em segundo lugar
com 17.1% em 1970 e, embora nunca reduza a sua população, cede essa posição
relativa para as Filipinas, com 14.1% do total em 1970 mas 17.5% do total em 2016,
com uma previsão de 20.6% para 2050.

O Brunei apesar de ter uma população reduzida (423 milhares em 2016) é o país com
o maior crescimento demográfico tomando 1970 como base (3.3 vezes, nesse lapso
de 46 anos). A Malásia e as Filipinas colocam-se no segundo posto da dinâmica
demográfica (2.8 vezes de aumento populacional em 1970/16). O mais baixo
crescimento demográfico observa-se nitidamente na Tailândia, cuja população
aumentou 1.9 vezes no período considerado. Um caso muito especial é o do
Cambodja que tem um retrocesso demográfico de 4.3% na década de 70, como fruto
de sangrentas disputas internas, de uma massiva fuga para a Tailândia, para lá da
guerra resultante da invasão vietnamita e da prevalência de um regime político de
dementes; porém, passou a recuperar rapidamente nas décadas seguintes (2.3 vezes
em todo o período 1970/2016).

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As previsões para 2050 colocam em Timor-Leste o crescimento demográfico mais
robusto (2.7% anuais), seguindo-se-lhe com indicadores superiores à taxa anual de
1%, as Filipinas, o Cambodja e o Laos. A Tailândia apresenta-se, na região, como o
único caso de previsível regressão populacional enquanto o mais baixo crescimento
populacional se aponta para a rica Singapura (0.5% anuais).

Crescimento populacional previsto para a Ásia Central e Oriental em 2050 face a 2016 (% anual)

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