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SIMONE B. A. GERHARDT
CLÁUDIO CAETANO VIEIRA
advogados
Av. Pres. Vargas, 1968 – CEP 97.670-000 – SÃO BORJA (RS) – C. Postal, 417 – Fone/Fax (055) 431-3240 - flemos@gpsnet.com.br
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FRANCISCO LEMOS
SIMONE B. A. GERHARDT
CLÁUDIO CAETANO VIEIRA
advogados
Av. Pres. Vargas, 1968 – CEP 97.670-000 – SÃO BORJA (RS) – C. Postal, 417 – Fone/Fax (055) 431-3240 - flemos@gpsnet.com.br
crescente e florescente "indústria do dano moral", diante das indenizações milionárias que
são concedidas pelos tribunais americanos.
Conforme já dito nosso ordenamento jurídico não oferece critérios com dispositivos legais
específicos para a fixação do quantum indenizatório em relação aos danos morais que
diferem dos danos patrimoniais e materiais, posto que estes, apresentam prejuízos que
podem ser objetivamente calculados de acordo com o valor dos bens pecuniários atingidos.
Yussef Said Cahali salienta que a reparação transforma em sanção do ato ilícito. E sustenta
que o "fundamento ontológico da reparação dos danos morais não difere substancialmente,
querendo muito em grau, do fundamento jurídico dos danos patrimoniais, permanecendo
ínsito em ambos, os caracteres sancionatório e aflitivo utilizados pelo direito moderno".
Citando Caio Mário da Silva Pereira e outros autores, conclui pelo caráter punitivo da
reparação, observando que "na reparação dos danos morais o dinheiro não desempenha
função de equivalência, como, em regra, nos danos materiais; porém, concomitantemente, a
função satisfatória é a pena".
A caracterização e o critério para a fixação do quantum indenizatório como punição na
reparação dos danos morais, têm origem nos sistemas jurídicos da Inglaterra e nos Estados
Unidos da América do Norte, onde indenizações milionárias enriquecem as vítimas de
ofensas morais.
No Brasil, a referida doutrina tem inúmeros seguidores, como destaca Carlos Alberto Bittar
ao observar que a fixação do valor serve como desestímulo a novas agressões, de acordo
com o espírito dos "punitive exemplary damage" da jurisprudência dos Estados Unidos e da
Inglaterra. A reparação é fixada em quantia relacionada com o vulto dos interesses em
conflito, refletindo-se de modo expressivo no patrimônio do lesante. O objetivo é que sinta
em seu patrimônio a reprimenda, como uma pena. A indenização deve ser quantia
economicamente significante em razão das potencialidades do patrimônio do lesante. Árduo
defensor da tese, conclui CARLOS BITTAR que "a exacerbação da sanção pecuniária é
fórmula que atende às graves conseqüências que de atentados à moralidade individual ou
social podem advir. Mister se faz que imperem o respeito humano e a consideração social
como elementos necessários para a vida em comunidade".
"Colocando a questão em termos mais amplos, afirmamos que muito embora, no Brasil, o
Código Brasileiro de Telecomunicações (art. 84, parágrafo 1o.) e a Lei de Imprensa, têm
servido de parâmetro para a fixação do quantum indenizatório, estipulando valores entre 50
e 100 salários mínimos, uma vez que o legislador não estipulou parâmetros rígidos, já
surgem julgados que tomam como regra o critério de punição, sendo que podemos citar
decisum da MM. Juíza da 75a. Vara do Trabalho de São Paulo no Processo n.º: 1848/99,
movido por Evaldo de Oliveira Siqueira em face de REDE A DE JORNAIS DE BAIRRO, onde a
reclamada (ré), foi condenada no pagamento de indenização por danos morais no valor de
2.000 (dois mil) salários mínimos.
No processo de indenização por danos morais que estamos atuando, movido por Cléria
Shinohara Ribeiro do Vale em face de LICEU DE ARTES E OFÍCIOS DE SÃO PAULO em
trâmite na 38a. Vara Cível da Comarca de São Paulo, a ré foi condenada no pagamento da
indenização por danos morais no valor de 1.000 (mil) salários mínimos. Já no Processo
movido por Janaina Silva Borba Paes em face de PERFIL JOVEM CONFECÇÕES LTDA, em
trâmite na 31a. Vara Cível de São Paulo, a ré foi condenada no pagamento de 80 (oitenta)
salários mínimos. Esclarecemos que os processos mencionados estão na fase recursal em
segunda instância, sendo que a citação destes, tem por finalidade demonstrar, o que já foi
afirmado, no sentido de que já se pode notar uma tendência jurisprudencial de acatamento
doutrinário ao critério de fixação do quantum indenizatório nas ações por danos morais, na
reparação civil, não como ressarcimento ou compensação, mas como punição, o que
dispensa o Magistrado de estabelecer os critérios, de início, mencionados, no caso de
entender a reparação civil, como ressarcimento ou compensação.
Necessário é ter presente a idéia de conjunto do sistema jurídico, que se harmoniza baseado
numa unicidade original. Não era o legislador civil que estava a valer-se de multas
inexpressivas. Era o sistema como um todo que multava pouco na época da edição do
Código Civil. De lá para cá este sistema evoluiu, desenvolveu-se; e fruto desse
desenvolvimento, hoje se multa pesadamente, o que constitui numa tendência universal,
que vê na repressão pecuniária um meio muito eficaz de regulação das relações sociais.
"No ordenamento jurídico pátrio, o patamar máximo, se encontra no sistema de obrigações
resultantes do ato ilícito do Código Civil, que é de 10.800 (dez mil e oitocentos) salários
mínimos, levando-se em conta que este é o valor baseado no Código Penal, referencial que
condiciona, sem dúvida o arbítrio do Juiz ao valer-se do art. 1.553 para avaliar casos não
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isto também é importante para definir qual o critério a ser observado na fixação do quantum
indenizatório, se de ressarcimento ou punição, bastando que seja demonstrada a existência
do nexo de causalidade, o evento danoso e, a culpa do ofensor. A inexistência ou não de
causas excludentes da responsabilidade civil, é tarefa que caberá ao julgador examinar
criteriosamente com os limites da lesão. Também necessário se faz a delimitação do nexo
causal, como essencial para a definição dos reflexos da ofensa que atingiram o patrimônio
moral do ofendido e sua personalidade.
Deve salientar que da mesma forma que o dano moral pode atingir o patrimônio e a
personalidade do ofendido, também o inverso pode ocorrer. A lesão patrimonial pode
também atingir a consciência do ofendido, gerando reparação por danos morais. É o caso da
lesão estética, por exemplo, que pode desencadear um sofrimento psíquico ao ofendido. A
partir da lesão estética ele pode vir a sofrer depressão, e sendo a depressão um sofrimento
imposto ao ofendido em decorrência de lesão material, deverá ser objeto de reparação, seja
por meio de tratamento psicanalítico, seja por meio de medicamentos, ou por simples
compensação pecuniária, no caso do critério, for o de ressarcimento.
Nossa posição é a de que o critério para a fixação do quantum indenizatório, não pode
apenas ser o de punição com o arbitramento indiscriminado de vultosas indenizações, posto
que as ações de responsabilidade civil, visando a reparação dos danos morais não devem ser
transformadas em "loterias jurídicas", o que de certa forma poderia ter efeito inverso ao
estimular ações que ao invés de buscar na prestação jurisdicional, uma reparação pelo dano
sofrido, venham antes, buscar o enriquecimento sem causa.
Deve o julgador diante do caso concreto utilizar-se daquele que melhor possa representar os
princípios de eqüidade e de Justiça, levando-se em conta as condições latu sensu do autor e
do réu, como também a potencialidade da ofensa, a sua permanência e seus reflexos no
presente e no futuro; devendo, no entanto, ter o cuidado de não fixar valores ínfimos que
não sirvam para desestimular as práticas ofensivas, como por exemplo o arbitramento de
valores de até 100 (cem) salários mínimos, nos casos em que o réu seja detentor de grande
patrimônio econômico, uma vez que neste caso, o quantum fixado perderá sua função
educativa, posto que não servirá como meio de coibir e desencorajar a prática de novos atos
ilícitos, uma vez que a pessoa humana como centro do direito na responsabilidade civil,
necessariamente precisa ter sua integridade física, sua imagem e personalidade
integralmente preservadas.
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FRANCISCO LEMOS
SIMONE B. A. GERHARDT
CLÁUDIO CAETANO VIEIRA
advogados
Av. Pres. Vargas, 1968 – CEP 97.670-000 – SÃO BORJA (RS) – C. Postal, 417 – Fone/Fax (055) 431-3240 - flemos@gpsnet.com.br
BREBBIA, Roberto H. - El Daño Moral, Edit. Orbir, 1.967, 2a. Ed., p. 58.
PENROSE, Roger - O Grande, o Pequeno e a Mente Humana, Edit. UNESP, tradução
de Roberto Leal Ferreira, 1.997, p.110/128.