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SIMONE B. A. GERHARDT
CLÁUDIO CAETANO VIEIRA
advogados
Av. Pres. Vargas, 1968 – CEP 97.670-000 – SÃO BORJA (RS) – C. Postal, 417 – Fone/Fax (055) 431-3240 - flemos@gpsnet.com.br
Urge que se dê um basta a essa prática que, a meu ver, é delituosa e beira ao
locupletamento tão repugnado pelo nosso direito.
Não se quer aqui, de outro lado, apor a firma ratificatória à desorganização de muitas
empresas que, muito comumente, abalam o crédito de inúmeros cidadãos inocentes, como
se "caloteiros" fossem. Quer-se, simplesmente, tentar evitar que surja um caos bivalve
composto, de um lado, por "abalados moralmente" sedentos pelo enriquecimento
instantâneo, e, de outro, por empresas quebrando e gerando ainda mais desemprego por ter
que ressarcir os danos "morais" causados ao demandante.
Mas a questão é deveras delicada. Se, de um lado, inibe-se o ajuizamento de demandas
dessa gênese, de outro, colabora-se com o aumento das empresas desorganizadas.
Não se deve olvidar, também, que a Constituição Federal assegura direito à indenização pelo
dano moral, quando violadas a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem de alguém. E
esse dano moral é configurado pelo sentimento de desconforto, de constrangimento,
aborrecimento a humilhação suportado pelo lesado. Visa, outrossim, trazer alguma forma de
alegria que neutralize a dor e o sofrimento de quem padeceu a lesão. Não obstante, a
legislação ordinária também não define exatamente o valor da indenização, até mesmo
porque o dano moral é um sentimento de pesar para o qual não se encontra estimação
perfeitamente adequada, sendo inegável que dificilmente uma sentença condenatória
importará em uma exata reparação. E, sendo assim, se o "quantum" da condenação for
pequeno demais, a reparação é insuficiente; se grande demais, ocorre enriquecimento
injusto do lesado. Por isso mesmo, e para evitar que hajam exageros, é que as condenações
procuram - pelo menos devem procurar - guardar uma íntima relação com o dano realmente
sofrido pela pessoa, segundo clara e inequívoca comprovação nos autos de que tenha havido
uma humilhação perante terceiros (não se esqueça que o tema aqui trazido à baila concerne
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FRANCISCO LEMOS
SIMONE B. A. GERHARDT
CLÁUDIO CAETANO VIEIRA
advogados
Av. Pres. Vargas, 1968 – CEP 97.670-000 – SÃO BORJA (RS) – C. Postal, 417 – Fone/Fax (055) 431-3240 - flemos@gpsnet.com.br
apenas ao específico caso dos abalos indevidos do crédito - para outros casos -
considerações diversas a serem feitas). Mero lançamento do nome de uma pessoa no
cadastro dos inadimplentes como SPC, não parece, por si só, ensejar uma milionária
indenização como muitos pretendem e pensam. É preciso levar-se em conta outros fatores
que fizeram a moral do cidadão ficar abalada. Sem contar que a condenação por dano moral
causado não deve ser rígida a ponto de quebrar uma empresa, eis que deve guardar caráter
pedagógico, e não destrutivo, tomando-se em consideração, inclusive, a condição sócio
econômica de todas as partes, além do que o protesto ou cadastro positivo deve ter gerado
uma grave ruptura na vida social do lesado para que haja indenização.
Senão, parece que incabível a indenização por dano moral para esses casos, a exemplo de v.
acórdão unânime da 1ª Câm. Cível, do TJRJ (in COAD-ADV - Jurisprudência/1997 - verbete
78373), "verbis": "A reparação do dano moral, segundo pensamos, deve ser exceção, e,
não, transformado em regra, sendo concedida apenas para reparar aquele dano que a
reparação do dano material não consiga suprir, para que o conceito não se apequene. Deve
estar restrito aos casos de perda de ente querido, de ficar a pessoa mutilada, ou de ofensa
moral, não podendo estar ligado a qualquer problema, embora sério, que a pessoa possa
momentaneamente sofrer". Da mesma Câmara do mesmo Tribunal (apelação nº 1287/96):
"É necessário pôr um basta a uma interpretação facilitária do dano moral, sob pena de
abastardamento de uma poderosa conquista da legislação brasileira a partir da vontade
constituinte dos oitenta". Ou seja, o que muitas vezes ocorre, é que a pessoa, ao receber
uma intimação de protesto, por exemplo, e sabendo que vai ser protestada, deixa tal fato
ocorrer, para, então, no outro dia, entrar com uma ação de reparação de danos morais. Por
isso, é preciso a análise acurada de cada caso. Empresas desorganizadas existem. Mas
existem, também, aqueles que se aproveitam desse infelizes equívocos empresariais para
tentar uma aventura processual atrás do ouro. A solução parece mais encontrar asilo em
outro âmbito que não o do Judiciário, que, por meio de criação de multas ou outros meios,
poder-se-ia inibir a desorganização empresarial, tudo com o fim de se evitar um caos e
geração de ainda mais desemprego, sem contar com o desafogamento do Poder Judiciário,
deixando que este preste a tutela jurisdicional aos realmente necessitados.
Danos materiais comprovados, sim. Morais, muita cautela
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FRANCISCO LEMOS
SIMONE B. A. GERHARDT
CLÁUDIO CAETANO VIEIRA
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