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Entidades com acção histórica


Aleksandr Dugin considera que os Estados, nações e impérios são sujeitos agentes do processo
histórico [285]. Contudo, tudo isto são cristalizações geográficas ou geopolíticas de acções
humanas empreendidas por outros agentes mais duráveis. Já Georg Jellinek salienta, no início
do livro Teoria Geral do Estado, a distinção entre dois tipos de factos da ordem social: por um
lado, existem aqueles que emanam de um plano e de um acção deliberada; e, por outro lado, há
aqueles determinados por forças fora de qualquer controlo deliberado. Os factos determinados
por deliberação humana podem ser explicados pelo plano originário. Claro que quem executa o
plano tem de se ir adaptando à variedade de circunstâncias, de modo a que o resultado não se
afaste muito do pretendido sejam quais forem os imprevistos surgidos, que têm que ser
absorvidos e colocados ao serviço do próprio plano. Quando temos a confluência de múltiplas
linhas causais, desconexas, que se mesclam, anulam e transmutam, conduzindo a um resultado
que ninguém pretendia, só podemos encontrar uma racionalidade a posteriori, num trabalho de
historiador que recompõe as várias sequências e verifica como se misturaram. Trata-se, neste
segundo caso, apenas de um racionalidade conjectural, porque o conteúdo é composto de
imprevistos, e as ligações e a ordem são também casuais e não controladas.
Qualquer Estado, nação ou império é sempre o resultado de inúmeros factores (étnicos,
geográficos, económicos, etc.) e neles operam vários agentes. Em suma, são entidades
resultantes de processos não controlados. Também só se pode falar em acção quando há uma
unidade e uma constância de propósitos, como se vê em Lenine, que tinha um plano desde
juventude e que culminou na Revolução Russa. Muitas vezes vemos acontecer uma série de
coisas em cadeia, em que uma leva a outra, mas não se pode falar propriamente de acção, mas
da categoria da paixão, em que os indivíduos envolvidos não são agentes mas objectos passivos
relativamente a acontecimentos que transcendem a sua margem de controlo. E se falamos
concretamente de acção histórica, os seus efeitos têm de prosseguir para além da vida do sujeito
individual agente. Então, tem de haver reprodução, ou seja, a criação de outros agentes
individuais que prossigam o mesmo curso de acção, adaptando-se às novas circunstâncias mas
sem perder o impulso originário. 364
Quando olhamos para um Estado, observamos muitas forças em disputa e nunca há uma
unidade de acção clara. Mesmo Hitler ou Stalin não tinham isto e tinham de lidar com um saco
de gatos. Para além do governo e do Estado, para haver acção histórica têm de existir outros
sujeitos agentes que se auto-reproduzem para prolongar as acções por décadas ou séculos,
podendo a sua actuação começar antes da formação de alguns Estados envolvidos e até
sobreviver à extinção destes.
Existem apenas algumas entidades que podem ser classificadas como sujeitos da acção histórica.
Desde logo, as grandes religiões universais, que conseguem ensinar geração após geração a
prosseguir fielmente certas acções, nomeadamente pela actuação dos sacerdotes. As religiões
criam e desfazem nações, continuando imperturbavelmente. Em segundo lugar, temos as
sociedade esotéricas e iniciáticas, como a maçonaria, que conseguem agir com os mesmos fins
durante séculos através de disciplina, ritos e compromisso de segredo. Vemos a maçonaria nos
EUA continuando como se nada fosse ao longo das mudanças ocorridas na estrutura política. As
dinastias familiares são um terceiro tipo de agente histórico, que podem ser tanto
nobiliárquicas como plebeias, importando que consigam inculcar em cada nova geração uma
série de deveres. Vemos esta continuidade em dinastias como os Bourbon, os Tudor, os
Rockefeller ou os Rothschild, com um acção continua ao longo dos tempos e passando por
vários Estados. Também podemos considerar as entidades espirituais (Deus, os anjos e os
demónios) como agentes históricos, porque têm objectivos permanentes e continuam agindo.
Pode-se considerar um quinto tipo de agentes históricos, que engloba os movimentos e os
partidos revolucionários, mas que constituem uma variação das sociedades iniciáticas, dado
usarem as mesmas técnicas de reprodução destas, incluindo o comprometimento, juramentos,
segredos, ameaças de morte, etc.
Dugin fala, erradamente, das entidades geopolíticas como agentes históricos, mas ele mesmo
não percebe que é um instrumento de um verdadeiro agente histórico, dado que o seu projecto
eurasiano nasce de uma dialéctica interna da Igreja Ortodoxa. Para ele, a grande heresia
ocidental foi a separação entre Igreja e império, algo que não aconteceu na Rússia, em que o
Czar (Tzar) é o chefe da Igreja. Imediatamente, o limite geográfico da expansão da religião é o
próprio limite do império, ao passo que no ocidente a Igreja Católica pode se expandir para
qualquer parte sem ter de esperar por um imperador. Já a Igreja Ortodoxa ou se contenta em ser
uma igreja nacional ou aposta numa expansão coincidente com a expansão do império. O plano
de Dugin é precisamente criar um império mundial sob hegemonia da Igreja Ortodoxa, pelo que
ele não é apenas um agente de uma força geopolítica (nacional ou imperial) mas um agente da
própria Igreja Ortodoxa, embora ele fale em nome de uma entidade vaga chamada “império
eurasiano”. A Igreja Ortodoxa passou pelos impérios de Kiev e de Moscovo e sobreviveu à
Revolução Russa, continuando agora dando forma ao novo projecto imperial, pelo que é ela o
verdadeiro agente histórico.
Império eurasiano é apenas uma metáfora, que pode ser tão elástica que faz estender o império
das “potências terrestres” da Rússia à América Latina. Dugin também faz uma distinção entre a
ideologia individualista, para ele intrinsecamente ligada aos impérios marítimos, e a ideologia
holista, que seria própria dos impérios terrestres. Mas pela extensão do império eurasiano, este
abrangeria várias regiões, uma com um “holismo ortodoxo”, outra com um “holismo islâmico”,
que teriam ainda de conviver com um “holismo comunista”, que acredita na História como força
transcendente. São holismos incompatíveis entre si, cada um com o seu “absoluto”, e a mera
concorrência entre eles desmente imediatamente este estatuto, pelo seria necessário criar um
supra-holismo com uma autoridade superior ao 365

comunismo, ao Islão e à Igreja Ortodoxa, algo que o próprio Dugin não deve imaginar ser
possível. α99

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