Sunteți pe pagina 1din 17

COMO FAZER REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA DESTE ARTIGO

GAMA, Edilene Ferreira. Orientador Educacional: Profissional em Busca da


Identidade. Disponível: http://edilene-gama.blogspot.com/p/orientador-educacional-
profissional-em.html Acesso em: ___/____/______.

ORIENTADOR EDUCACIONAL: PROFISSIONAL EM BUSCA DA IDENTIDADE

Edilene Ferreira Gama 1

RESUMO

Relato de pesquisa de campo realizada nas escolas da rede estadual de educação da


zona urbana do município de Presidente Médici com objetivo de delinear a identidade do
orientador educacional através de sua atuação na dinâmica do processo ensino aprendizagem.
Os dados coletados foram analisados a partir da literatura crítica privilegiando o processo
dialético nas seguintes categorias de análise: auto definição dos orientadores educacionais,
visão dos docentes e gestores acerca desta função e posição dos regimentos institucionais
sobre o tema. A identidade do orientador educacional começa a ser redefinida e suas funções
especificadas no contexto educacional tendo como cerne de sua ação o aluno, sob uma nova
perspectiva.

PALAVRAS CHAVES: Orientação Educacional. Objetivos. Função.

ABSTRACT

Report of field research conducted in schools of the network state of education of the urban
area of the municipality of President Medici in order to delineate the identity of the
educational advisor through its presence in the dynamic process of teaching learning. The
collected data were analyzed from the critical literature favoring the dialectical process of

1
Pedagoga, com especialização em Orientação Educacional, atuando numa escola de Ensino Fundamental há 10
anos, em Presidente Médici-RO, onde já exerceu as funções de professora, Coordenadora Pedagógica e
Coordenadora do setor de Educação Especial da prefeitura. Contato: profedi2@hotmail.com.
analysis in the following categories: self definition of the guiding educational, vision of
teachers and administrators about the function and position of institutional rules on the
subject. The identity of the educational advisor starts to be redefined and its functions
specified in the educational context with the core of your action the student, in a new light.

KEY WORDS: Educational Guidance. Objectives. Function.

A profissão de Orientador Educacional, embora seja a única entre a dos especialistas


em Educação a possuir um decreto específico de regulamentação, esteve nas últimas décadas
relegada a uma posição de inferioridade no ambiente escolar. Essa situação deveu-se ao fato
de que em sua gênese a Orientação Educacional veio como aliada do sistema capitalista na
equalização da divisão do trabalho2. Com o processo de abertura política na década de 1980 as
críticas ao orientador educacional tornaram-se mais contundentes e ele mergulha num
processo de esquiva em relação a suas funções e atribuições, pois se vê realmente culpado
daquilo que é acusado. É também nesse período que surge uma vertente reafirmando a
importância do Orientador Educacional, mas propondo uma mudança de enfoque e forma
conforme afirma Grinspun (1998, p.13): “[...] partimos de uma orientação voltada para a
individualização e chegamos a uma orientação coletiva e participativa”.
A extinção da Federação nacional dos Orientadores Educacionais (FENOE) colaborou
para uma queda significativa nas discussões acerca dessa nova visão de Orientação
Educacional3 criando uma lacuna no que concerne a pesquisas científicas acadêmicas e
publicações acerca do tema. Neste espaço insere-se a temática deste trabalho, cuja relevância
está em participar e registrar o momento em que se retomam as discussões a respeito do tema
propondo-se a diagnosticar a realidade da Orientação Educacional no que se refere ao
fortalecimento da identidade desse profissional que segundo Siqueira (2003, Online) “[...]
ainda não tem sua função uniformemente definida.” A definição do tema surge da necessidade
de suprir uma carência de informações organizadas acerca de qual seja o papel do Orientador
Educacional no contexto sócio educacional nas escolas públicas da rede estadual de educação
no município de Presidente Médici.
O projeto de pesquisa foi elaborado de modo que ao final da mesma possam ser
respondidos os seguintes questionamentos:
2
Para melhor compreensão acerca da História da Orientação Educacional consultar PIMENTA, Selma Garrido:
Orientação vocacional e decisão: um estudo crítico da situação no Brasil. 11.ed. São Paulo: Edições Loyola,
1981.
3
O leitor poderá encontrar um aprofundamento desse enfoque em MELO, Sonia Maria Martins de. Orientação
Educacional: do consenso ao conflito. Papirus Editora: São Paulo, 1994.
• Qual a visão dos Orientadores acerca de suas funções e atribuições?
• Em quais pressupostos teóricos embasam suas ações?
• Como planejam suas ações?
• Como são vistos por docentes e gestores, no âmbito escolar?
• Qual o papel do proposto ao Orientador Educacional pelos regimentos internos
das instituições?
• Quais barreiras encontram no desempenho de suas funções?
A apresentação dos resultados da pesquisa inicia-se com a exposição do processo de
coleta de dados cujo objetivo é esclarecer o local e os instrumentos utilizados. Há também a
descrição dos procedimentos utilizados na seleção e tratamento das informações obtidas, onde
são explicitados os pressupostos teóricos metodológicos que nortearam o trabalho. Em
seguida, estas são discutidas e analisadas com base no referencial teórico adotado.
As considerações finais os autores não pretendem ser definitivas no que diz respeito à
função do orientador Educacional no processo ensino aprendizagem pois o contexto social é
de mudança e assim como a escola influi no primeiro, é também por ele influenciada.
Neste sentido afirma Melo (1994, p.105): “A nova forma de Orientação não depende
de julgamentos morais, seguidos de exercícios premonitórios (ou receitas) sobre seu ‘novo’
fazer. Depende, isto sim, do rumo que tomará a prática social, que é processo coletivo de
criação humana”.

2 A COLETA DE DADOS

O projeto foi desenvolvido nas escolas de Ensino Fundamental e Médio, modalidades


Regular e Educação de Jovens e Adultos (EJA), da rede Estadual de Educação situadas na
zona urbana de Presidente Médici, Rondônia. Totalizam 04 escolas de médio porte, que
possuem em seus quadros funcionais 07 Orientadores educacionais, que atendem uma média
de 350 alunos cada. Numa das escolas esse número é bem maior, pois tem apenas um
orientador atuando.
Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram: o questionário aberto, a
entrevista e a pesquisa documental além da observação. O questionário foi escolhido por
possibilitar a capacidade de reflexão acerca das respostas, já que o informante não necessita
responder imediatamente. A modalidade aberta visou minimizar o risco de indução de
respostas aumentando a confiabilidade dos resultados.
A escolha da entrevista se deu após a elaboração do projeto, já na fase de leitura dos
questionários respondidos, quando se notou a existência de informações incompletas que
poderiam influenciar negativamente no momento da análise. Dado o caráter das informações a
serem levantadas e o tempo disponível escolheu-se a modalidade gravada, com roteiro prévio.
Na prática, a maioria dos orientadores sentiu-se desconfortável com a gravação da fala e
optou-se por anotações.
A pesquisa documental feita em regimentos internos das instituições e em planos de
ação dos Serviços de Orientação Educacional (SOE) adquire pertinência por serem aqueles,
parâmetros legais de atribuição de responsabilidades e nortearem a ação de todos os
envolvidos no processo educacional diretamente ligados as unidades de ensino e estes, o
registro do planejamento da ação dos orientadores educacionais.
Abrangeu-se a totalidade dos que atuam na Orientação Educacional nas escolas
pesquisadas e selecionou-se aleatoriamente uma amostragem de cerca de 10% dos professores
de cada unidade de ensino e 50% dos gestores das mesmas.
Houve receptividade ao projeto de pesquisa por parte da maioria dos profissionais da
área de Orientação Educacional, dos gestores e supervisores. Com relação a participação
docente, a adesão foi pequena e impossibilitou a aquisição de uma amostragem significativa
quantitativamente.
Privilegiou-se nesse trabalho o método dialético de pesquisa em conformação com o
que explicita Frigotto

No processo dialético de conhecimento da realidade, o que importa


fundamentalmente não é a crítica pela crítica, o conhecimento pelo
conhecimento, mas a crítica e o conhecimento crítico para uma prática que
altere e transforme a realidade anterior no plano do conhecimento e no plano
histórico-social. (In FAZENDA (Org.), 2002, p.81)

Os dados coletados junto aos Orientadores Educacionais foram agrupados realizando-


se primeiramente a tabulação para facilitar a organização posterior das categorias de análise.
Procedeu-se o agrupamento dos dados obtidos junto a gestores e professores após ter sido
efetuada uma apuração das informações contidas nos regimentos internos, baseando-se para
tanto no critério de relevância para o objeto em estudo. A partir desse ponto organizou-se uma
tabela de referências cruzadas por unidade de ensino e só então ficaram estabelecidas as
categorias de análises que serviram de parâmetro para a organização dos resultados da
pesquisa.

3 O PERFIL DOS ORIENTADORES EDUCACIONAIS

Os orientadores educacionais dos ambientes pesquisados, com uma exceção, são


profissionais que exercem a profissão a menos de cinco anos. Pode-se inferir que está
ocorrendo uma retomada de interesse pela profissão de Orientador Educacional, fato também
citado, por Grinspun ( 2003, online): “o movimento dos orientadores está tomando corpo [...]
[e] [...] há escolas querendo que esse profissional volte a ocupar seus quadros”.
A história da implantação do Serviço de Orientação Educacional de ensino também
corrobora esse movimento de retorno pois, com uma exceção, os esmos foram implementados
de 02 anos para cá. Em alguns casos ocorrem relatos esparsos acerca da presença de
Orientadores Educacionais em outros tempos nestes estabelecimentos, mas não existem
registros que comprovem esses trabalhos.
Outro aspecto que caracteriza positivamente a Orientação Educacional na realidade
pesquisada é que, com apenas uma exceção, os que exercem a função de Orientador
Educacional são habilitado para tal e todos exerceram anteriormente a docência possuindo,
portanto uma visão mais completa da relação ensino aprendizagem. É válido ressaltar que este
pormenor está em acordo com a lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996) no
artigo 64 que exige um mínimo de 02 anos de experiência docente como pré-requisito para o
exercício de qualquer função de especialista na educação.

4 A ATUAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA ESCOLA

De acordo com os dados foi possível identificar quatro tipos de papéis auto atribuídos
pelos orientadores educacionais: o orientador de alunos, o orientador de professores, o
facilitador de relações e o solucionador de problemas. Concepções tidas como parte do
passado da Orientação Educacional por autores como Garcia (1994), Grinspun (1998),
Lück (2002) e Pimenta (1981) convivem lado a lado com posições mais atualizadas.
Esse fator é tanto mais alarmante quando se recorda que dos profissionais pesquisados, a
maioria, saiu da graduação a menos de 05 anos e portanto leva a crer que o curso de formação
desses profissionais não foi suficiente para fornecer parâmetros para uma atuação sólida e
contextualizada.
Entretanto, a classificação utilizada visa favorecer a apreensão do objeto de estudo
funcionando como instrumento de análise, não devendo ser vista como limitadora da ação dos
Orientadores, pois a prática cotidiana se faz e refaz a partir do conflito e a realidade não se
deixa aprisionar em compartimentos estéreis. O critério básico para esta classificação ateve-se
ao objetivo da ação profissional e não às formas.
O orientador como solucionador de problemas, no âmbito geral da escola, existe desde
os primórdios da Orientação Educacional. O profissional que atua nessa linha funciona como
um apêndice necessário ao bom andamento da escola e nisso perde a visão daquilo que é
realmente essencial: o processo ensino aprendizagem passando a ser chamado a ação à
medida que os problemas aparecem. Não há uma linha específica na qual ele atue, sua função
abrange qualquer tipo de problema desde os de aprendizagem até os sociais. Essa atuação
remete ao primeiro modelo de Orientação Educacional que Grinspun (1998) denomina
terapêutico. Neste sentido enfatiza:

Orientação Educacional [...] não é um espaço para resolver problemas. Até


porque, se assim o fosse, o que seria do Orientador com tantos problemas
que os jovens trazem para a escola? [...] seria necessário um
superprofissional para intermediar tantos conflitos e promover algum tipo de
modificação. (GRINSPUN, 2003, online).

O Orientador Educacional facilitador de relações é um profissional para quem as


relações sociais estabelecidas na escola são os principais determinantes do sucesso ou
fracasso escolar. Para melhorar a qualidade do ensino aprendizagem ele se pôe como elo na
relação aluno professor e família interferindo nelas para alcançar seus objetivos. Também atua
como mediador de conflitos entre os membros da equipe escolar procurando evitar ou
amenizar as conseqüências destes.
Neste modelo anula-se ou relega-se como absolutamente secundário os determinantes
sociais, econômicos, culturais, curriculares, psicológicos, afetivos e outros que estão imbuídos
no processo ensino aprendizagem. Para Maia e Garcia (1984, p. 60), há lugar na escola para o
orientador facilitador de relações a partir de um novo enfoque, pois “Se ele é o profissional
que se apresenta como especialista em relações, caberia a ele resgatar a importância da
relação professor-aluno no processo ensino-aprendizagem”. As relações deixariam de ser
objetivos para serem os meios da ação do Orientador.
A Orientação de professores, de acordo com Grinspun (1998), foi o segundo momento
orientacional histórico. Essa prática, no entanto, ainda foi citada com freqüência pelo grupo
pesquisado e novamente observa-se um apego a idéias que fizeram parte do passado da
Orientação Educacional conforme reitera a autora supracitada “[...] as atribuições daquele
profissional estavam voltadas para uma assessoria ao professor e uma ‘prestação de serviço’ à
escola” (Ibid., p. 146).
A atuação do Orientador que assessora professores ocorre através de uma interferência
direta na metodologia usada pelos docentes e na busca da adequação curricular conforme
estabelecem Alves e Garcia (1994, p. 50), “É de fundamental importância a participação do
orientador educacional na busca de metodologias adequadas ao tipo de clientela, refletindo
sobre a maneira como devem ser dados os conteúdos e com que finalidade”. Dessa concepção
participa Pimenta (1988, p. 158), afirmando que “[...] o trabalho docente é o núcleo
primordial da educação escolar. Desta forma, a organização escolar que se deseja é aquela que
melhor favoreça o trabalho docente”. Fica claro que esse tipo de papel encontra amparo na
concepção de alguns autores críticos e embora esta represente um “avanço em relação a
posições citadas anteriormente” no dizer de Grinspun (1998), incorre no risco de vir a
favorecer a divisão estrema do trabalho pedagógico nos moldes em que um pensa (o
orientador) e o outro executa (o professor).
A maior representatividade quanto a função do Orientador na escola, (66,6%) foi
alcançada pelo grupo que a coloca como diretamente ligada ao aluno. Entretanto, nesse grupo
se delineou nitidamente dois caminhos para esse atendimento: o psicológico e o voltado para
a ação educacional.
O primeiro grupo é bem menor em relação ao segundo mas sua atuação ainda reflete
fortemente no cotidiano escolar. Esses orientadores baseiam sua ação em pressupostos
psicológicos que fogem a sua alçada específica sem a devida habilitação profissional. Esse
grupo de profissionais abdica de sua função no processo educacional porque não está
consciente de que sua formação é prioritariamente pedagógica e que a função específica da
escola é ligada a aprendizagem. Nesse sentido vale recordar o que Maia e Garcia (1984, p. 09)
afirmam.

A formação do orientador, pautada, sobretudo, numa certa psicologia e numa


concepção de educação como instância de democratização e promoção
social, tem dificultado a apreensão das relações entre Escola e Sociedade, o
que o capacitaria a fazer a crítica de sua própria prática, embora seu discurso
o defina como crítico do processo.

Essa atuação além de responsabilizar o indivíduo por suas realizações e fracassos


ignora os determinantes produzidos historicamente concebendo a sociedade como um
conjunto de individualidades reunidas impossibilitando uma visão crítica por parte do
educando acerca da existência de uma realidade socialmente determinada que se caracteriza
pela diminuição do poder de operação das manifestações individuais.
O orientador de alunos que trabalha numa visão pedagógica não ignora a existência
dos complexos mecanismos determinantes da ação educacional mas também não perde de
vista o seu objeto de trabalho que é o aluno nesse sentido aponta Grinspun (2003, Online),
quando diz: “o meu olhar sobre ele é como aluno, é uma chamada para que meu trabalho o
ajude dentro da escola [...] vendo-o enquanto aluno eu não estou fragmentado o todo, porque
estou trabalhando a questão do conhecimento, da emoção, do corpo”. Quando esse orientador
percebe que o espaço de intervenção transcende ao pedagógico ele, imediatamente,
encaminha esse aluno ao profissional competente para atendê-lo. O objetivo desse modelo de
atuação é trabalhar junto ao aluno visando melhorar a qualidade da educação e para tanto está
atento ao rendimento das turmas e alunos investigando junto aos envolvidos no processo as
possíveis causas de sucessos e fracassos. Ele busca conscientizar a família de seu papel na
consecução dos objetos educacionais, estabelecendo com ela parceria. Trabalha ainda na
identificação do contexto sócio econômico cultural no qual a escola está inserida e
principalmente mantém com os alunos um contato estreito cuja finalidade é ampliar a
formação educativa. No dizer de Grinspun (1998, p. 148 ) “ O orientador retoma sua
preocupação básica com o aluno, não como sujeito ‘pronto’ que está sendo orientado, mas
como sujeito ‘em construção’ que está sendo formado”. Ele também faz o atendimento
individualizado e age na solução de problemas, mas esta ação é contextualizada e visa a
melhora do processo pedagógico como já exposto por Assis em Grinspun (1998, p.126): “[...]
problemas que eram encaminhados ao SOE (Serviço de Orientação Educacional), sob o rótulo
de indisciplina, baixo rendimento, inadaptação e tantos outros, estavam relacionados a alguma
questão maior da escola e, por que não dizer, da educação”.
De acordo com dados levantados durante a pesquisa documental nos planos de ação,
há uma correlação estreita entre a concepção de suas funções pelo orientador educacional e o
modo como planeja. Numa atuação solucionadora de problemas não foi manifestada
claramente a forma como é feito o planejamento; numa concepção psicologista há ênfase no
afetivo do individuo; onde se prioriza as relações, o planejamento contempla ações cujo
objetivo é melhorar a qualidade das mesmas e onde se visa o aluno como sujeito do processo
educativo o ponto de partida para o planejamento é uma conjugação da realidade dos
educandos com os objetivos propostos pela escola sem perder de vista o que reiteram Alves e
Garcia (1994, p.50): “[...] a escola representa, para as classes populares, o único meio de
acesso ao saber socialmente valorizado”.
Mas a questão do planejamento em orientação educacional ainda é insipiente, pois os
planos de ação embora contemplem a maior parte dos itens adotados por Lück (1991) como
descrição da realidade, descrição dos objetos, especificação da ação, avaliação e cronograma,
são superficiais guardando pouca ligação com a prática cotidiana. Uma das evidencias nesse
sentido foi o fato de que todos os orientadores afirmaram trabalhar através de projetos, em
maior ou menor freqüência, mas estes, com exceção dos de Orientação Vocacional, constam
em apenas alguns planos. Ainda assim, abordados conforme o vocábulo utilizado: aptidões e
preferências que na maior parte das vezes são psicologizantes e alienadas da realidade social 4.
Mesmo entre os Orientadores que procuraram atuar de forma crítica essa visão ainda se faz
presente.
Há também escolas onde não existe plano de ação específico do setor de Orientação
Educacional, o planejamento é feito em conjunto com a supervisão mas ao analisa-los
percebe-se que não se trata de um trabalho integrado pois as ações e os objetivos de cada
especialista estão visivelmente separados o texto.
Quando existe mais de um orientador na escola, o plano de ação apresenta aspectos
divergentes, principalmente nos itens objetivo geral e fundação teórica. Através da
comparação entre informações existentes nos mesmos e obtidas em entrevistas e questionários
com esses orientadores percebe-se que essas divergências são resultados de concepções
diferenciadas entre os últimos acerca da identidade do Orientador Educacional.
Acerca do planejamento em Orientação Educacional há vários aspectos não abordados
neste trabalho por serem secundários em relação ao objetivo proposto, mas que poderão ser
aprofundados em pesquisas posteriores.

QUADRO1- Tipos de Orientação Educacional e suas principais características


Características Pressupostos implícitos Pontos a serem considerados Planejamento da ação

4
Para aprofundamento no tema consultar: FENETTI, Celso João. Uma nova proposta de Orientação
Profissional. São Paulo: Cortez,1994.
Tipos
Solucionadora O conflito sucesso/fracasso Sua ação é fragmentada por falta É meramente formal
de problemas escolar não importa desde que de objeto. Sua visão do processo pois os problemas não
quando visíveis e imediatos os educacional não é podem ser previstos.
problemas sejam resolvidos. contextualizada.
Facilitadora de As relações são o principal Ignora-se os outros Voltado para a
relações determinante do determinantes da ação educativa. integração dos sujeitos
fracasso/sucesso escolar. da ação educativa.
Orientadora de Currículo e práticas docentes Favorece a divisão entre o que pensa Visa as questões
professores determinam fracasso/sucesso e o que executa. Incorre na invasão curriculares
escolar. do campo de trabalho do supervisor metodológicas.
pedagógico.
Orientadora de alunos

Psicologista

Sucesso/fracasso escolar depende É uma ação descontextualizada. Privilegia os aspectos


principalmente do indivíduo. Assume função de psicólogo. psicológicos e afetivos.
Educativa

Sucesso/fracasso escolar depende Fornece subsídios para que o aluno Visa o aluno enquanto
de vários fatores intrinsecamente avance no processo educativo. sujeito da ação educativa.
relacionados. Baseia-se no aluno como ser
histórico.

A fundamentação teórica nos planos é pouco explicitada e as respostas à solicitação do


reverencial teórico utilizado demonstram que orientadores, cuja atuação tem objetivo
psicologizante, buscam fundamentos em livros de psicologia: aqueles cuja prática volta-se
para a solução de problemas fundamentam-se em livros de auto ajuda e até mesmo livros
religiosos. A junção dessas duas bases totaliza número significativo de 45% dos orientadores.
O grupo de orientadores que indicou obras específicas da área divide-se em duas
linhas: os que adotam referenciais antigos, anteriores a década de 1970; e os que se referem a
autores críticos e acríticos ao mesmo tempo. Os primeiros são os profissionais das relações e
as obras citadas estão de acordo com sua linha de atuação, os outros são os orientadores que
trabalham com o aluno numa perspectiva educacional e a discrepância na escolha da
fundamentação teórica para sua ação é um indício tanto de identidade profissional em
processo de construção quanto de formação profissional ainda precária.

5 PAPEL PRESUMIDO DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

A busca pelo que se espera do orientador educacional na escola foi realizada através
dos regimentos internos e também das informações coletadas junto a docentes e gestores.
Os resultados apontam que os regimentos internos das escolas não podem ser, sem
uma pesquisa mais aprofundada, considerados como registro das expectativas das unidades
escolares acerca dos itens neles abordados porque são iguais entre si correspondendo portanto
a uma padronização que evidencia a cópia. Essa atitude coloca a existência do regimento na
instituição como um detalhe burocrático que deixa de servir parâmetro da ação adotado pelo
grupo a partir das diretrizes legais e das expectativas do mesmo. Foi possível verificar que há
dois tipos de direcionamentos básicos para a ação do Orientador Educacional nesses
documentos: O atendimento que enfatiza as relações mesclado com o psicologismo e que
prioriza o processo educacional evidenciando ora a atividade junto ao aluno ora junto ao
professor. Encontram-se aqui evidências de que a confusão acerca da identidade do orientador
educacional ultrapassa os limites de sua própria atuação sendo fruto do contexto
organizacional da escola que pode ser ampliado para a questão educacional cuja problemática
decorre do modo como está organizada a sociedade hoje. Neste ponto cabe citar Marx (1977
p. 201):

[...] indivíduos produzindo em sociedade, portanto uma produção de


indivíduos essencialmente determinada, este é naturalmente o ponto de
partida. O caçador e o pescador individuais e isolados, de que partem
Ricardo e Smith, pertencem a inocente ficções do século XVIII. São
‘robinsonadas’ [sic]. (apud MELO, 1994, p. 87).

Constatou-se no processo de análise de dados que as expectativas de gestores e


professores estão de acordo com a concepção de orientação educacional adotada pelo
orientador em cada instituição de ensino. As instituições onde os orientadores enfatizam que
os professores muitas vezes não compreendem sua ação foram aquelas nas quais ele atua
como solucionador de problemas. O trabalho nessa linha geralmente não traz resultados
satisfatórios porque nem todo problema pode ser solucionado pelo orientador principalmente
quando é de origem psicológica ou social gerando frustrações tanto no próprio profissional
quanto na equipe escolar.
As informações coletadas mostram que a postura dos profissionais da equipe escolar
em relação ao trabalho do Orientador Educacional depende muito de sua própria atuação e
que, na realidade pesquisada, ouve uma superação do que foi constatado por Alves e Garcia
(1994, p.50):” O que esses professores reivindicam é a orientação educacional
tradicionalmente concebida, que pressupõe, entre outras coisas, a percepção individualizada
do aluno, visando detectar seu ’desvio’ para ajustá-lo à escola”
Os conflitos existem em proporções menores que as esperadas e podem ser
erradicados à medida que houver a conscientização de que “É o professor quem habilitado
para dar aula;o diretor, para administrar a escola; o orientador, para trazer a realidade do aluno
para o planejamento curricular; o supervisor, para coordenar o processo de planejamento,
implementação e avaliação curriculares”.(Ibid., p.15)
É necessário que todos os profissionais da escola estejam envolvidos nesse processo
de conscientização de que as funções são interdependentes e trabalham por caminhos
diferenciados buscando alcançar o fim comum: a melhora da qualidade a do processo
educacional.

6 FATORES QUE DIFICULTAM O DESEMPENHO DO ORIENTADOR


EDUCACIONAL

Durante o processo de coleta de dados os orientadores educacionais enfatizam a


interferência de alguns obstáculos em sua ação profissional que prejudicam o cumprimento
das atribuições específicas da função e sua equalização no cotidiano escolar. Por sua
relevância diante do tema proposto estas informações foram incorporadas a este relatório.
Os fatores citados com obstáculos do trabalho do Orientador Educacional são de duas
ordens: estruturais e conjunturais. Os fatores estruturais dizem respeitos às condições físicas,
materiais e formativas oferecidas pela Secretaria de Estado da Educação aos profissionais.
São problemas freqüentes dessa ordem: o espaço inadequado no prédio escolar, a falta de
materiais de trabalho como computadores, arquivos, armários, etc. a total ausência de meios
de locomoção para realização das visitas e ausência de políticas de formação continuada para
o Orientador Educacional.
São fatores conjunturais que dificultam o trabalho do orientador: despreparo da
família no exercício de seu papel, falta de profissionais de outras áreas no município,
principalmente a saúde, para quem encaminhar alunos que necessitam de atendimento
específico, formação docente que se revela insuficiente para a adequada atuação no processo
ensino aprendizagem.
Tanto fatores estruturais quanto conjunturais são produtos histórico saciais que
emergem de forma não linear, mas envoltos nas contradições que caracterizam o real, essa
posição está presente na fala de Melo (1994, p.105)

Voltamos a afirmar que só a compreensão das condições concretas já


colocadas pelo desenvolvimento do processo de produção como condição
essencial para o encaminhamento dessa prática social tornará possível a
solução real das questões colocadas por essa mesma prática social para
serem resolvidas. E dentre essas questões coloque-se também a Orientação
Educacional.

A remoção da maior parte dos obstáculos citados não pode partir apenas de vontades
individuais, precisará ser fruto do esforço coletivo e dependerá das mudanças que se
prenunciam na organização do trabalho e no delineamento de novos valores sociais.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O momento da Orientação Educacional no município é de ascensão, as escolas tem


sentido necessidade de um profissional que cubra a lacuna deixada na década de 1990 quando
essa função deixou de ser exercida nas unidades de ensino.
A maior parte dos orientadores educacionais tem buscado centrar sua prática ao que é
educativo atuando mais diretamente com o aluno. Entretanto, parcela relevante de
profissionais ainda atua nas linhas psicologizantes, solucionadora de problemas, orientação de
professores, e facilitadora de relações. Mesmo os profissionais que atuam numa visão
educacional caem no psicologismo quando se trata da orientação profissional e não tem
coerência no que concerne a referencial teórico.
A maneira como docentes e gestores vêem a função de Orientador Educacional na
escola e as expectativas que têm em relação a esse trabalho está fundamentalmente ligada à
concepção que o orientador tem sobre seu espaço profissional no processo ensino
aprendizagem.
A resposta encontrada para a questão da identidade do Orientador Educacional mostra
que ele principia uma jornada onde retoma o seu principal foco de trabalho: o aluno mas desta
vez visando o prisma educacional formativo, não mais a pessoa. Começa a ser aprendido
pelos orientadores que eles não conseguem, nem é desejável que o façam, trabalhar todos os
intrincados aspectos que formam o sujeito e que na escola a primazia é o processo educativo
contextualizado. Os caracteres que diferenciam esse profissional dos demais membros da
equipe escolar vão sendo definidos paulatinamente a partir dessa delimitação da área de
atuação e o Orientador Educacional vai conquistando seu espaço.
A prática abriga ainda muitas condições, mas, estas serão resolvidas e novas
contradições surgirão porque Orientar é uma atividade que, como todas as outras, existe
historicamente influenciando e sendo influenciada.
Fica patente que a formação do Orientador Educacional ainda não lhes fornece a base
ideal na construção de sua ação e parte da culpa cabe a jornada histórica na própria
Orientação, mas outra parte parece inserir-se nos próprios cursos de graduação na área. Esse é
um tema relevante a ser pesquisado pois poderá fornecer contribuições importantes para
melhorias nesse aspecto.
Para contribuir para a redução do impacto desta e de outras dificuldades encontradas
na prática da Orientação Educacional é necessário que haja disposição para organizar um
trabalho coletivo entre os profissionais da área, no município, criando espaço para debates,
críticas, sugestões e contribuições.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ALVES, Nilda; GARCIA, Regina Leite. (orgs). O fazer e o pensar dos supervisores e
orientadores educacionais. 7. ed. Edições Loyola: São Paulo, 1994.

ASSIS, Nizia de. Revendo o meu fazer sob uma perspectiva Teórico-Prática. In: GRINSPUN,
Míriam P. S. Zippin. (org.). A prática dos orientadores educacionais. 3. ed. São Paulo:
Cortez, 1998.

BRASIL, Lei n°9 394, de 20 de dezembro de 1996: Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Brasília: Diário Oficial da União n°248, de 23 de dezembro de 1996.

FRIGOTTO, Gaudêncio. O método dialético. In: FAZENDA, Ivani. (org). Metodologia da


pesquisa educacional. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

GARCIA, Regina Leite (org.). Orientação educacional: o trabalho na escola. 2. ed. São
Paulo: Edições Loyola, 1994.

GRINSPUN, Miriam P. S. Zippin. (org.). A prática dos orientadores educacionais. 3. ed.


São Paulo: Cortez, 1998.

_______ Orientação Educacional formação para transformação. Folha Dirigida [online]: Rio
de Janeiro, dez. 2003. Disponível em:http://www2.uerj.br/~clipping/dezembro03/d04/d04.
Acesso em 15/12/2003.

LÜCK, Heloísa. Ação integrada: administração, supervisão e orientação educacional. 19.


ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

_______Planejamento em Orientação Educacional. 15. ed. Petrópolis: Vozes, 1991.

MAIA, Eny Marisa; GARCIA, Regina Leite; Uma orientação educacional nova para uma
nova escola. 7. ed. São Paulo: Edições Loyola, 1984.
MELO, Sonia Maria Martins de. Orientação Educacional: do consenso ao conflito. Papirus
Editora: São Paulo, 1994.

PIMENTA, Selma Garrido. Orientação vocacional e decisão: estudo crítico da situação no


Brasil. 11. ed. São Paulo: Edições Loyola, 1981.

_______. O pedagogo na escola pública. São Paulo: Edições Loyola, 1988.

SIQUEIRA, Cristina. Orientação Educacional formação para transformação. Folha Dirigida


[online]: Rio de Janeiro, dez. 2003. Disponível
em:http://www2.uerj.br/~clipping/dezembro03/d04/d04. Acesso em 15/12/2003.

S-ar putea să vă placă și