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I Congresso de Canto Coral: formação, performance e pesquisa na atualidade – São Paulo – 2018

Práticas musicorporais para a minimização de problemas psicofísicos em


jovens coralistas: novas perspectivas para preparação vocal coral

PESQUISA EM ANDAMENTO
(MODALIDADE ORAL)

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Resumo: Este artigo é parte de uma pesquisa de doutorado em andamento onde os coristas
possuem problemas psicofísicos que são nocivos a saúde corporal além de interferirem
negativamente no resultado sonoro e no aprendizado da técnica vocal. Neste artigo apresentamos
uma síntese sobre a preparação vocal coral e sugerimos práticas musicorporais embasadas nas
abordagens holísticas: Técnica Alexander, Bioenergética e Tai Chi Chuan como solução para a
minimização destes problemas, bem como para a otimização do resultado sonoro.

Palavras-chave: Preparação vocal. Canto coral. Técnica Alexander. Bioenergética. Tai Chi Chuan.

Introdução
Este artigo apresenta parte da pesquisa de doutorado em andamento intitulada
“XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX” desenvolvida junto ao
Programa de Pós-Graduação em Música da XXXX, com o apoio da CAPES. O problema
central deste estudo está no fato de os coralistas apresentarem problemas psicofísicos 1, que
interferem negativamente na qualidade da saúde corporal e vocal dos mesmos alterando
inclusive, o resultado sonoro. No entanto, em sua maioria, os métodos destinados a
preparação vocal coral não apresentam soluções holísticas para a minimização destes
problemas psicofísicos focalizando somente no resultado sonoro e técnico vocal2.

1. Principais problemas psicofísicos do coral Canarinhos de Itabirito


A fim de identificar os principais problemas psicofísicos dos cantores foi
realizado no período de março a outubro de 2016 um estudo observativo com os jovens do
Coral Canarinhos de Itabirito3 e, juntamente com os pesquisadores coletivos 4 traçado um
diagnóstico5 cujo resultado pode ser conferido na tabela6 abaixo
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Tabela 1: Problemas psicofísicos recorrentes nos cantores do coral Canarinhos de Itabirito

Estes padrões deletérios de uso do corpo interferem na saúde corporal dos


cantores e no desenvolvimento da voz, na medida em que dificultam a coordenação natural
dos músculos e articulações implicados na produção vocal do canto.
A partir da revisão da literatura consistente de métodos de canto coral, teses,
livros e artigos sobre a pedagogia vocal coral e solista (PADOVANI, 2017; COSTA FILHO,
2015; MOREIRA e RAMOS, 2014; SILVA, 2012; SILVA et. al., 2010; OLESEN, 2009;
ALTHOUSE e ROBINSON, 2009; FERNANDES, 2009; BEXIGA e SILVA, 2009;
HORSTMANN, 2009; DILLWORTH, 2006; JORDAN, 2005; ALBRECHT, 2003;
FERREIRA, 2002; CROCKER, 2002; CHAN e CRUZ, 2001; SCARPEL,2001; NOBLE;
MILLER,1986; MATHIAS, 1986; ROBINSON E WINOLD, 1976 dentre outros) existe uma
preocupação por parte dos autores sobre o uso do corpo. Há um consenso quanto ao uso de
alongamentos e aquecimentos corporais que trabalhem o corpo do cantor e mantenham a
postura ereta anteriormente ao ato do canto.
O alinhamento corporal é crucial para o canto. Assim, antes da performance,
como parte do aquecimento, o cantor deve soltar os joelhos e encaixar
cabeça, pescoço, ombros, cintura e joelhos na linha da coluna espinhal
(SCARPEL, 1999, p.19).
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Alguns autores como Araújo (2016); Costa Filho (2015); Simões (2012); Almeida
(2010a); Jordan (2005); Chan e Cruz (2001); Cheng (1999), entre outros, indicam a
necessidade da integração de movimentos corporais para a transformação do resultado sonoro,
enquanto os autores Padovani (2017), Costa Filho (2015) e Cheng (1999) tem uma
preocupação com a saúde psicofísica do cantor.
Observamos que tanto no diagnóstico, quanto em outros contextos de nossa
experiência profissional como preparadora vocal coral e maestro de coros é que a realização
dos exercícios de relaxamento e alongamento corporal dissociados da produção sonora não
são o suficiente para manter o corpo livre das tensões para o ato do canto havendo uma
necessidade de conectar os dois atos de modo consciente (Simões, 2017; Padovani,2017;
Simões, 2016; Costa Filho, 2015 e Cheng, 1999). Deste modo, o que buscamos é realizar
movimentos e posturas simultaneamente ao ato de cantar, embasados em abordagens
corporais holísticas7, como tentativa de minimizar os problemas psicofísicos e
consequentemente alcançar a otimização do resultado sonoro e do aprendizado da técnica
vocal.
1. Preparação vocal coral: contextualização
O termo preparaçaã o vocal coral (chorische stimmbildung1) foi desenvolvido na
Alemanha, apoó s a Segunda Guerra Mundial, pela cantora Frauke Haasemann (1922-
1991) e pelo regente Wihelm Ehmann (1904 -1989) (SMITH e SATALOFF, 2006, p. ix;
SILVA, 2012, p. 14-15). Na líóngua inglesa, preparaçaã o vocal estaó traduzida como voice
building for choir, muito embora, ao revisar a literatura foram encontradas refereê ncias
contendo os termos voice training e voice teacher.
A preparaçaã o vocal foi utilizada por coros, principalmente amadores, no
processo de ensino da teó cnica vocal, designando o ato de desenvolver potencialidades
vocais dos cantores, com objetivo de auxiliar o coralista a reconhecer seu próprio
instrumento, o corpo, visando desenvolver habilidades vocais de maneira consciente,
coordenando a produção vocal saudável com maior rendimento e menor esforço físico
(SILVA, 2012, p.15-18; THURMAN, 1983b, p.15).
A preparaçaã o vocal acontece em dois contextos distintos: a) durante as aulas
coletivas ou individuais de técnica vocal, para os coros que a dispõem; sendo conduzidas

1
Segundo o software babylon a traduçaã o literal do termo chorische stimmbildung significa
treinamento vocal coral, muito embora Silva (2012) tenha traduzido a expressaã o como
“educaçaã o da voz coral” ou “formaçaã o da voz coral” (SILVA, 2012, p.15).
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normalmente por cantores profissionais; b) durante o aquecimento vocal nos momentos


iniciais dos ensaios sendo conduzidas normalmente pelo maestro ou preparador vocal.
Neste sentido maestro e preparadores vocais têm de trabalhar em sintonia, pois o preparador
vocal irá interferir diretamente no resultado sonoro do coro. Ao moldar sonoramente o grupo,
por meio dos ajustes vocais aplicados aos coralistas o preparador vocal consegue extrair do
coro timbres mais claros ou mais escuros, mais cheios ou mais leves, mais brilhantes ou mais
opacos (FERRELL, 2010; FERNANDES, 2009).
Pelo objeto de estudo desta pesquisa consistir em jovens de um coro amador, o termo
preparação vocal designará o ato de construir e lapidar todo o processo vocal, técnico e
interpretativo, desde os princípios básicos até os mais complexos para o desenvolvimento
vocal/corporal/mental saudável incluindo o aprendizado do repertório.

2.1 Fundamentos e aspectos da preparação vocal coral


A fim de delinear o trabalho da preparação vocal coral apresentamos os
fundamentos e os principais aspectos trabalhados neste processo, referentes ao uso da técnica
vocal, à saúde vocal e corporal e a componente psicológica do cantor assim descriminados:
a) uso da técnica: consiste no trabalho minucioso do ensino da técnica vocal e do
desenvolvimento de cada um dos aspectos técnicos, tais como: a respiração (processo
fisiológico e seu funcionamento para o canto solista e para o canto coral); a condução do ar; o
apoio vocal; a coordenação do ataque vocal; a emissão, fonação e colocação sonora; a
utilização dos ressonadores; a afinação e ouvido harmônico; a articulação; a uniformidade
tímbristica entre as vogais; saiba realizar a classificação vocal e trabalhar o equilíbrio de
timbre entre o (s) naipe (s), na busca pelo timbre individual e coletivo adequado ao repertório,
além de ter que desenvolver aspectos técnicos interpretativos como dinâmicas e acentuações.

b) saúde vocal e corporal: consiste na busca constante pelo relaxamento consciente e pela
harmonia corporal, a fim de desenvolver a sensibilização e a consciência tanto dos
movimentos fisiológicos presentes na mecânica do canto quanto dos excessos de tensão
aplicados ao corpo no ato do canto. Este processo engloba o desenvolvimento da percepção de
si mesmo, de como o corpo de cada aluno se porta individualmente, e exige que o preparador
vocal esteja sempre atento aos padrões psicofísicos inadequados. O preparador vocal deve
agir na busca constante pela minimização destes padrões e no cuidado com todos os
segmentos do corpo, incluindo a postura corporal, mas não se limitando só a ela.
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c) componente psicológica do cantor: consiste na busca pelo bem-estar tanto corporal,


quanto mental dos cantores. Atua para o desenvolvimento das habilidades de relação inter-
humanas e na condução do processo para que os alunos descubram e aceitem a sua própria
voz e o seu próprio corpo. Neste aspecto, o preparador vocal almeja que os coralistas estejam
cada vez mais livres das tensões e mais motivados a aprender e a desenvolver seu
instrumento. Sobre esta perspectiva, os aspectos psicológicos são extremamente relevantes
para serem trabalhados durante a preparação vocal e abarca também o desenvolvimento da
confiança para cantar no coletivo, ou individual quando necessário, no desenvolvimento da
auto – estima, além de trabalhar para a ampliação da capacidade de concentração dos
membros e para a redução da ansiedade na performance.
Muito embora o preparador vocal utilize de exercícios técnicos vocais,
assumidamente vocalises para alcançar os objetivos de preparar o coralista para o canto
eficiente, não podemos nos limitar somente ao ensino desses exercícios técnicos. Cabe a nós
incluir no programa da preparação vocal o desenvolvimento da consciência sobre um uso
vocal/corporal adequado e saudável. Neste sentido, é importante que o preparador vocal
motive seus alunos a perceberem as sensações corporais que ocorrem durante a prática, bem
como indicar aos alunos os caminhos para a realização de ações vocais/corporais que levem
ao melhor resultado sonoro com um menor esforço físico muscular.
Para o autor Phillips (2004, p. 254) o programa de técnica vocal deve começar com “a
energização do corpo, a respiração, o ouvido e depois a voz”. Sobre esta perspectiva,
apresentaremos na versão final da tese uma série de práticas musicorporais compostas por: a)
atividades de sensibilização, energização e consciência corporal a fim de minimizar os
problemas psicofísicos dos cantores e auxiliá-los na construção dos aspectos técnicos vocais;
b) exercícios respiratórios e vocais como: vocalises de aquecimento vocal8, de colocação
sonora, de afinação com divisi de vozes e cânone para trabalhar o ouvido interno e harmônico,
exercícios de desenvolvimento da flexibilidade e extensão vocal.
3. Abordagens corporais na preparação vocal coral
Foram selecionadas para este trabalho as seguintes abordagens corporais
holísticas: Técnica Alexander, Bioenergética e Tai Chi Chuan.

3.1 Técnica Alexander


Criada por Frederick Mathias Alexander, ator australiano que sofreu perda vocal e
que, após sistematicamente observar seu próprio corpo durante a performance, identificou que
realizava padrões inadequados em seu comportamento corporal, sobretudo na região da
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cabeça e do pescoço projetando-os para trás e para baixo. Estes padrões influenciavam a
produção sonora deixando-o constantemente afônico e com dores no corpo (BORGES, 2010,
p. 2).
Alexander (1923, p. 55) define sua técnica como um método de “reeducação e
reajustamento consciente” da coordenação do organismo humano como um todo. O equilíbrio
entre mecanismos sensório-motores possibilita ao indivíduo manter a posição ereta com
mínimo esforço muscular. Porém, nem todos usam seu organismo de forma apropriada,
empregando enorme contração muscular para mantê-lo equilibrado.
Carrington (1970, p. 13) explica que “equilíbrio adequado e liberdade de
movimentos não são garantidos pela herança genética, mas determinados pela forma como
usamos nosso organismo” (CARRINGTON apud SANTIAGO, 2005, p. 1472).
O “uso” e o “abuso” do nosso próprio organismo consistem na maneira como nos
coordenamos e equilibramos. O ideal é que haja somente o esforço absolutamente necessário
para a realização de qualquer ação, tais como sentar, levantar, permanecer de pé etc. Para se
ter um bom uso do corpo é necessário usar a si mesmo com inteligência e consciência.
O ser humano recebe estímulos o tempo todo e temos para cada estímulo uma
resposta psicofísica que se tornam hábitos. A Técnica Alexander lida com hábitos de mau uso
do nosso organismo, que são adquiridos ao longo da vida. Porém, ela não é uma técnica
postural e não fixa modelos de como usar a si mesmo para serem replicados. Pelo contrário,
ela trabalha com o desenvolvimento da percepção sensorial do praticante, a fim de que o
mesmo perceba os seus hábitos de uso nocivos, podendo, assim, reeducar-se e reajustar-se.
Um dos elementos fundamentais da Técnica Alexander consiste no controle
primário, que estabelece a relação cabeça-pescoço-tronco. A partir de comandos e ordens que
o praticante dá a si mesmo, tais como: “Eu digo ao meu pescoço para ficar livre”, produz-se
uma atitude de “não fazer” aquilo que é habitual. Esse controle consciente do corpo
fundamenta o processo da Técnica Alexander: pensar primeiro e, após o raciocínio, colocar
em prática os meios pelos quais se deseja realizar a ação, sempre com o propósito de alcançar
o bom uso do ser psicofísico.
Para a preparação vocal, torna-se relevante aplicar os princípios da Técnica
Alexander para desenvolver a propriocepção do indivíduo, despertando a consciência corporal
na identificação de seus padrões corporais e na busca por melhores caminhos para o bom uso
de si mesmo durante o ato do canto. Dentre os autores que utilizam a Técnica Alexander no
canto coral e solista destaco Padovani (2017), Costa Filho (2015); Campos (2009).
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3.2 Bioenergética
Baseada nos princípios da terapia de William Reich (1897-1957), a Bioenergética foi
criada pelo psicanalista americano Alexander Lowen (1910-2008). A partir da observação do
seu próprio corpo e na tentativa de descoberta da sua personalidade, Lowen desenvolveu uma
terapia que busca o equilíbrio energético do corpo. A Bioenergética trabalha com diversos
aspectos corporais e mentais, desde os processos essenciais à sobrevivência do corpo, como a
respiração, até os processos mais complexos de compreensão de sentimentos e autoexpressão.
Lowen explica que “a tese fundamental da bioenergética é que corpo e mente são
funcionalmente idênticos, isto é, o que ocorre na mente reflete o que está ocorrendo no corpo,
e vice-versa (LOWEN e LOWEN, 1985).
Lowen (1982, p. 38) define a Bioenergética como:

[...] uma técnica terapêutica que ajuda o indivíduo a reencontrar-se com o


seu corpo, e a tirar o mais alto grau de proveito possível da vida que há nele.
Essa ênfase dada ao corpo [...] inclui também as mais elementares funções
de respiração, movimento, sentimento e autoexpressão (LOWEN, 1982, p.
38).

Além desta tese fundamental, Lowen acredita que “nós somos o nosso próprio corpo”
(LOWEN, 1975, p. 47), no sentido de que tudo o que vivemos desde o nascimento até hoje,
fica armazenado em nosso corpo, resultando em bloqueios de energia: tensões, movimentos,
hábitos, conduzindo à forma como nos relacionamos com os outros e interferindo nas demais
dimensões de nossa existência.
Para Lowen, quando estamos sob tensaã o (mental, fíósica e corporal) existe uma
tendeê ncia de suspensaã o da respiraçaã o. Esta suspensaã o da respiraçaã o sufoca as emoçoã es,
reprime as sensaçoã es mentais e corporais e limitam a nossa autoexpressaã o(LOWEN,
1970 apud ROHR, 2004, p.3).
Os exercíócios bioenergeó ticos foram descritos no livro de Lowen e Lowen (1977) e
agem diretamente na sensibilizaçaã o e na conscieê ncia corporal. Seus efeitos foram
descritos por Bazilli (2010, p.16) como promoventes de melhora na autopercepçaã o, no
equilíóbrio energeó tico, na recuperaçaã o da autoexpressaã o e na quebra de couraça,
libertando o corpo das tensoã es e minimizando víócios corporais que adquirimos ao longo
dos anos. A partir disso, espera-se que a adaptaçaã o dos princíópios da Bioenergeó tica
possa auxiliar os coralistas a minimizar as tensoã es e hiperextensaã o dos joelhos, da
descompressaã o abdominal, da postura corporal e do relaxamento dos demais segmentos
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corporais como líóngua, maxilar etc. Espera-se ainda que a respiraçaã o torne-se mais
fluida, assim como a conduçaã o frasal.

3.3 Tai Chi Chuan


O Tai Chi Chuan é uma técnica oriental milenar, originada na China que procura
equilibrar e dar fluência à energia vital, visando reforçar, alimentar, limpar, regular, orientar,
harmonizar e equilibrar o organismo. Para Silva (1997) o Tai Chi Chuan é também uma
expressão corporal que derivou do pensamento do Tao 9 e que se baseia nos conceitos e
técnicas de alquimia interna Taoísta para o trabalho interior e energético corporal.
Para Oliveira et al. (2001), a prática do Tai Chi Chuan favorece a concentração mental
e o controle de todo o corpo, por meio de movimentos flexíveis, leves, lentos e que não requer
instrumentos, equipamentos ou grandes espaços. Um dos elementos primordiais no Tai Chi
Chuan é o eixo físico, especialmente a postura corporal, atrelada à respiração, e na atuação da
mente e da emoção expressa por meio de uma movimentação corporal (CHERNG, 1998).
Nestes três aspectos ressaltados: a postura, a respiração e a atuação da mente são princípios
básicos para a prática do Tai Chi Chuan.
O Tai Chi Chuan possui uma série de sequencias de movimentos e posições pré-
estabelecidas, onde a base para todos os exercícios é a postura ereta, porém sem tensão
(TEIXEIRA, 2013). Os exercícios são realizados a partir de movimentos lentos, suaves,
cíclicos e fluidos, sempre em conjunto com a respiração, com o equilíbrio centralizado que
auxiliam no relaxamento corporal e no equilibro energético (TEIXEIRA, 2013). Para esta
pesquisa o Tai Chi servirá de base para a adaptação das práticas musicorporais com o intuito
de minimizar os seguintes aspectos: problemas posturais, a descompressão abdominal
expandido (cabeça para o céu, pés no chão), a abertura do externo mantendo ombros e tórax
relaxados, a assimilação do eixo dos quadris e dos joelhos alinhados com os pés (CHERNG,
1998). Aos aspectos técnicos espera-se a melhora da respiração buscando constantemente o
movimento mais natural possível para a condução do fluxo energético e respiratório. Quanto à
mente e à emoção, o Tai Chi Chuan trabalha na busca de uma transparência emocional, ou
seja, não reprimir os sentimentos. A mente deve estar sempre atenta, sem a preocupação de
julgar os pensamentos ou ações que por ventura apareçam durante a prática (CHERNG,
1998), ou seja, manter-se consciente. Deste modo esperamos que o Tai Chi Chuan possa
contribuir também para os aspectos mentais e emocionais trabalhados na preparação vocal
coral.
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3.3 Práticas musicorporais para jovens coralistas


Na etimologia da palavra musicorporeidade temos dois conceitos - música e
corporeidade que auto-definem o termo, referindo-se a uma abordagem antiga na Educação
Musical em que: a aprendizagem de conteúdos musicais resulta da interação entre a música e
o corpo, ou seja, “um corpo convertido em instrumento musical que deveria expressar
elementos da música por meio do movimento e da expressão corporal” (MARIANI apud
FERNANDINO, 2015, p. 68).
O educador musical Émile Jaques-Dalcroze (1865-1950), incorporou de forma
definitiva a percepção da sensorialidade aos processos de ensino-aprendizagem musical
privilegiando o corpo como uma unidade psicofísica, na vivência que integra ação sonoro-
musical e o ser que a faz. A partir disto, o corpo se tornou parte integrante de tais processos.
Esta visão integradora tem sido adotada por Amorim, 2012; Brito, 2012; Campo, 2013; Goes,
2015; Santiago, 2008; Santiago, 2015. Para Santiago (2015, p.98), a musicorporeidade
representa:
[...] uma vivência holística, que integra o fazer musical e o corpo, considerando,
desta forma, que ambos formam uma única entidade, agente das ações que se
apresentam à realização. Vivências musicorporais favorecem a construção das
experiências musicais envolvendo todos os aspectos da corporeidade do indivíduo
(sensoriais, emocionais, mentais, dentre outros) em conexão com o contexto ao
redor (SANTIAGO, 2015, p.98).

A terminologia musicorporal advém de musicorporeidade e compartilha dos


mesmos princípios citados acima, integrando o corpo psicofísico à prática musical. A partir
desta premissa de que corpo e voz formam uma unidade integrada e de que a maneira como
utilizamos o nosso corpo reflete diretamente na produção e na qualidade vocal, apresentamos
algumas propostas pedagógicas em fase de experimentação, ressaltando a importância de se
cantar percebendo o próprio corpo como unidade psicofísica.
As práticas musicorporais10 têm sido adaptadas e criadas pela pesquisadora
principal deste artigo, embasadas nas abordagens corporais supracitadas, com a finalidade de
serem utilizadas durante o momento da preparação vocal coral.

4. Considerações finais
Os problemas psicofísicos mais recorrentes nos cantores do coral Canarinhos de
Itabirito apresentados neste artigo, tais como a hiperextensão dos joelhos, a projeção do
pescoço, a compressão do abdômen, dentre outros, podem ser observados em diversos coros
com idades semelhantes e/ou mais avançada, incluindo cantores solistas. Sugerimos, como a
minimização destes problemas, a implementação de movimentos e posições embasadas nas
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abordagens corporais - Técnica de Alexander, Tai Chi Chuan e Bioenergética -, integrados aos
vocalises, uma vez que, as abordagens corporais concebem o instrumento do cantor, o corpo,
como uma unidade psicofísica (corpo-mente-emoção) e favorecem o aprimoramento da
propriocepção e do desenvolvimento da consciência corporal, favorecendo assim a
minimização dos problemas de maus hábitos físicos corporais.
Esperamos que este trabalho possa contribuir para a literatura da pedagogia vocal
coral e solista e seja utilizado como referência para preparadores vocais e maestros para o
desenvolvimento de novas perspectivas para a preparação vocal coral.

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ECA-USP. Dissertação de mestrado. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2012.
SILVA, Caiti Hauck et. al. A preparação vocal no ensaio coral: uma oportunidade para aquecer
ensinando e aprendendo. In: XX Congresso da ANPPOM, 2010, Florianópolis, Santa Catarina,
Anais... p. 268-273, 2010.
SIMÕES, Thays Lana Peneda. O gesto corporal na performance coral: estudo de dois grupos
corais. Aveiro. Dissertação de Mestrado. Aveiro: Departamento de Comunicação e Arte,
Universidade de Aveiro, Portugal, 2012.
SIMÕES, Thays Lana Peneda.Práticas musicorporais para a formação vocal de jovens
coralistas: Corporeidade e Educaçao musical. [p. 191 – 231] Editora UFMG.
SIMÕES, Thays Lana Peneda et al. . Problemas físicos corporais em jovens coralistas do
coral Canarinhos de Itabirito. 2. Nas Nuvens congresso música Digital. Disponível em:
https://musicanasnuvens.weebly.com/problemas-fiacutesicos-corporais-em-jovens-
coralistas.html
TEIXEIRA, Mário Jorge Peixoto. O Tai Chi Chuan na percussão. Dissertação de Mestrado,
Universidade de Aveiro, Portugal, 2013.
THURMAN, Leon. Putting horses before carts: a brief on vocal athletics. Choral Journal, v.
23, n. 7, p. 15-21, 1983b.
1
A terminologia psicofísico é explorada na Técnica Alexander e refere-se à inseparabilidade do organismo humano como
um todo (físico, mental e emocional). Todas as nossas ações físicas (como por exemplo caminhar, levantar, sentar etc)
integram o corpo, mas integram também a nossa mente, pois a maneira como nos portamos ao executarmos uma atividade é
a própria manifestação do nosso ser e não somente a resposta física do organismo.
2
Com exceção ao trabalho da Padovani (2017) que utiliza a técnica Alexander no momento de aquecimento para o canto
coral, muito embora, ela não sistematize exercícios para serem realizados nos vocalises como realizamos.
3
Localizado na cidade de Itabirito – MG, fundado em 1973 por Padre Francisco Xavier Gomes o coral Canarinhos de
Itabirito é um coro infantojuvenil composto por 61 crianças e jovens com idades entre 10 e 24 anos. Para mais acesse:
www.canarinhosdeitabirito.org.br .
4
A pesquisa conta com um painel de pesquisadores colaboradores aqui denominados de Pesquisadores Coletivos
(BARBIER, 2004) a saber: Patrícia Furst Santiago, Doutora em Música pelo Institute of Education na University of London
e técnica em Técnica Alexander pelo Constructive Teaching Centre (Londres); Luciana Monteiro de Castro Silva Dutra,
Doutora em Letras pela UFMG. Atua como professora de canto da Escola de Música da UFMG; Elgen Leonardo Moura
Pereira. Estudante de Fisioterapia na Universidade Federal de Minas Gerais, possui formação em Tai Chi Chuan, curso de
Acupuntura e Massoterapia pela Escola de Tradições Orientais Neijing BH; Éric Vinícius de Aguiar Lana, Doutorando em
Música pela Universidade de Aveiro (Portugal), maestro e diretor artístico do coral Canarinhos de Itabirito.
5
Para maiores detalhes do diagnóstico favor conferir os trabalhos de Simões et al., 2016; Simões e Santiago, 2017.
6
Norteando as definições exibidas na tabela temos os autores: Santiago (2004); Ferreira (2009); Alves (2012); Magee
(2002).
7
As abordagens são consideradas holísticas por integrarem os aspectos físicos, mentais e emocionais do ser.
8
A finalidade do exercício de aquecimento é, de fato, aquecer a musculatura das pregas vocais para evitar sobrecarga ou
mesmo a fadiga vocal (MOTA, 1998, p.3).
9
Para Cheng (1999, p.17) o Tao é um caminho, a maneira natural da existência no universo, caracterizado pela “criatividade
espontânea, pela intenção harmoniosa e dinâmica de elementos ou forças opostas”.
10
Como exemplo de práticas musicorporais consultar os trabalhos de Simões e Santiago 2017; Simões e Penido, 2016.

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