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Interdisciplinaridade no Ensino de Ciência da Computação

Flavio S. Yamamoto, Aldy F. da Silva, Jefferson Zanutto, Francisco A. Zampirolli,

Centro Universitário Senac


Av. Eng. Eusébio Stevaux, 823 – CEP 04.696-000 – São Paulo – SP – Brasil
{flavio.syamamoto, aldy.silva, jefferson.zanutto,
francisco.zampirolli}@sp.senac.br

Abstract. The current educational methods emphasize the individual practice


work which is fragmented in well defined lectures. In this paper we discuss the
experience of proposing interlecture projects in order to change this current
perspective. The students are exposed to practical problems whose solutions
need the integration of knowledge from several areas as well as critical
analysis. The goal of these interlecture courses is to transpass the barriers
imposed by the knowledge fragmentation, not only as fragmented gathering of
knowledge but also as a possibility of applying knowledge of one lecture in
another one. Other skills are developed because during the resolution process
it is necessary to elaborate texts which describe all activities done so far.
Through interdisciplinary activities and experimentation, students not only
develop critical thinking skills but also learn apply computing to other areas
of study.
Key-words: Interdisciplinary, interlecture activities, word-problems.

Resumo. Discutimos a experiência do uso de projetos integrados para


promover a interdisciplinaridade no curso de Ciência da Computação. A
integração tanto ocorre entre disciplinas de um mesmo período quanto entre
disciplinas de diferentes semestres. Esta última modalidade é altamente
favorável entre as disciplinas que formam os pacotes de disciplinas optativas,
ofertadas a partir do sexto semestre. Cada projeto visa transpor as barreiras
da fragmentação do conhecimento (não se trata de uma colagem fragmentada
de saberes), o aluno é posto diante de problemas que exigem a aplicação dos
conhecimentos de uma disciplina em outra, para posteriormente utilizá-los
nos problemas. Esse processo visa estabelecer o valor das competências e
habilidades em verter o conhecimento específico da área de formação para
outras áreas de estudo.
Palavras-chave: Interdisciplinaridade, projeto integrado, situação-problema.

1. Introdução
O uso dos computadores digitais nas mais diferentes áreas do conhecimento (psicologia,
biologia, medicina, saúde, entretenimento, automação - industrial e comercial,
computação, física, matemática, lingüística, direito, etc) coloca o bacharel em ciência da
computação numa posição de clara importância, pois, dentre os diversos profissionais, é
um dos que melhor condições possui para entender e interpretar a tecnologia digital.

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No entanto, esse panorama, que coloca em destaque tal profissional, mostra pelo
menos uma exigência em sua formação: a interdisciplinaridade. Seu valor está nas
competências e habilidades em verter o conhecimento específico da área de formação
para outros profissionais de diferentes áreas de atuação. Além disso, “a educação na
era tecnológica terá que se sustentar em valores, tais como: a flexibilidade, a
criatividade, a autonomia, a inovação, a rapidez de adaptação às mudanças e
transformações, ao estudo permanente e ao trabalho cooperativo. ... O trabalho da era
pós-industrial, caracterizado pela alta tecnologia, solicita o desenvolvimento de
habilidades e competências relacionadas com o pensamento sistêmico, a investigação,
a abstração e a solidariedade, no sentido de cooperação”, [Tarcia 2000].
Este texto expõe a experiência de projetos integrados para promover a
interdisciplinaridade no curso de Bacharelado em Ciência da Computação (BCC). A
integração das atividades é uma das pedras-fundamentais do atual projeto pedagógico
do BCC, do Centro Universitário Senac de São Paulo. O projeto pedagógico é orientado
a competências e habilidades e, sua execução - o plano pedagógico, é fortemente
baseada na integração das disciplinas. Diferenciamos projeto e plano pedagógicos
conforme [Nunes 2004]. A execução de cada projeto busca efetivar as competências e
habilidades pelo uso de problemas contextualizados. Para isso cada projeto é elaborado
seguindo o paradigma educacional centrado no aprendizado.
O texto está estruturado como segue: a Seção 2 apresenta um panorama geral do
novo projeto pedagógico. Descreve as configurações das disciplinas que formam cada
um dos períodos (semestres) do BCC. Detalha os dois primeiros semestres e as
diferenças destes com os demais semestres. A seção é finalizada com uma breve
descrição das principais características dos três últimos períodos, fase em que os alunos
devem escolher um pacote de disciplinas optativas e iniciam os preparativos para o
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Um relato dos primeiros experimentos em projetos integrados, aplicados na
antiga estrutura curricular, encontra-se na Seção 3; onde são mencionados alguns dos
resultados obtidos. A Seção 4 apresenta as atividades de integração sob a nova óptica e
evidencia o roteiro de execução da integração; especificamente dos dois primeiros
períodos. Na Seção 5 apresentamos um ambiente, chamado de ADS, que está sendo
desenvolvido por docentes e alunos de Iniciação Científica. O ADS visa dar suporte
tanto à documentação dos projetos elaborados pelos docentes quanto à documentação
relativa aos softwares que os alunos devem implementar. A preocupação maior do ADS
não está na preservação de um histórico dos projetos, mas em cumprir muitas das
praticas da Engenharia de Software. Finalmente, na Seção 6, são colocados os
resultados obtidos e as dificuldades encontradas no desenvolvimento da nova proposta.

2. As Idéias Fundamentais da Nova Estrutura Curricular


Dentre os muitos documentos utilizados para a elaboração da nova estrutura curricular
destacamos as recomendações da [SBC 1999], do [CEECInf 1999], da [ACM 2001,
2004]; os textos de [Denning 1985], [Reed 2001], [Cruz 1999], [Nori 2002] e [Frascati
2002]. Da leitura desses textos surgiu uma classificação para os tópicos pertinentes à
área da ciência da computação subdivididas em: elementares (assuntos que qualquer
profissional deve minimamente conhecer), aplicados (habilidades que qualquer

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profissional deve minimamente dominar) e complementares (tópicos que favorecem o
domínio de assuntos específicos em relação a um universo maior), [SBC 1999].
O que é considerado tópico elementar para um profissional da área não
necessáriamente o é para um estudante da área. Por outro lado, o que é considerado um
tópico aplicado, que talvez exija alguma prática profissional, pode ser trabalhado como
tópico elementar durante o curso. Os tópicos complementares estão entrelaçados em
toda a estrutura curricular.
A nova estrutura curricular do BCC é estruturada em oito períodos (semestres),
onde cada período caracterizado por tópicos adequados a desenvolver competências
específicas e a favorecer o desenvolvimento da autonomia no processo de aprendizado.
A princípio, um período (um semestre) seria a menor componente da nova estrutura
curricular, porém por razões externas (administrativas, financeiras, etc) cada período foi
subdivido em componentes menores: denominados disciplinas.
Cada disciplina é formada por um subconjunto coeso de tópicos com finalidades
específicas, determinada por suas funções em relação à estrutura do curso. Apesar de
cada disciplina manter sua identidade, ela passa a ser vista não somente pela integração
dos tópicos que a compõem, mas pelo conjunto maior à qual integra. Na nova estrutura
uma disciplina não deve ser entendida no sentido usual. No relato, Seções 4.2 e 4.3,
expomos o novo perfil das disciplinas e os novos papeis dos docentes.
Os docentes das disciplinas de um mesmo período desenvolvem seus respectivos
planos de ensino baseados nos projetos integrados que serão desenvolvidos nesse
semestre. Cada disciplina elabora seu conteúdo e cronograma de execução a partir do
conjunto de tópicos que forma o período e pelas necessidades dos projetos fixados.
Mesmo uma disciplina não participando do projeto, seu plano de execução deve estar
integrado ao das disciplinas participantes.
A integração visa transpor as barreiras da fragmentação do conhecimento. Não
se trata de uma colagem fragmentada de saberes: o aluno é posto diante de problemas
que exigem a aplicação dos conhecimentos de uma disciplina em outra. Os
experimentos e atividades interdisciplinares procuram desenvolver o pensamento crítico
e habilidades em aplicar os conhecimentos da área da ciência da computação em
diferentes áreas de atuação.

2.1. Construção e Desenvolvimento de Competências


O curso foi estruturado de modo a servir como “um conjunto de disposições e
esquemas que permitem mobilizar os conhecimentos na situação, no momento certo e
com discernimento”, que permite a formação das competências. Note-se que as
competências, em sua grande maioria, “devem ser construídas e desenvolvidas pelos
alunos e não transmitidas”. Desse modo, espera-se que os alunos desenvolvam "a
capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em
conhecimentos, mas sem limitar-se a eles", este é o conceito de competência,
[Perrenoud 1999, 2000].
Nos primeiros dois períodos, a estrutura proporciona um ambiente de
aprendizagem para que o aluno iniciante vivencie o trabalho integrado dos docentes,
para que ele próprio observe as ações (atitudes) e as desenvolva posteriomente. A idéia

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deste ciclo é conduzir o aluno a observar, questionar, discutir, interpretar, solucionar e
analisar. Esses são alguns dos exemplos de competências, [Perrenoud 2000].
Para atingir as metas propostas utilizamos o processo de aprendizado por
problemas cuja contextualização seja significativa, isto é, os problemas propostos
devem estar no escopo do universo do aluno, deve fazer sentido a ele: aprendizado
significativo, [Moreira 1999]. O plano de cada projeto integrado deve ter claro: onde
chegar, o que se deseja trabalhar, quais os obstáculos com os quais deseja confrontar
seus alunos, [Perrenoud 2000].
O trabalho com essa abordagem exige do próprio docente competências e
habilidades como: capacidade de renovação e de variação na criação de situações-
problema significativas, problemas instigadores e orientados para desenvolver as
competências estabelecidas; capacidade para identificar os aprendizados efetivamente
solicitados; capacidade de gestão de aula em um ambiente muito mais complexo;
gerenciar atividades em grupo, administrar a integração das disciplinas, gerenciar o
andamento de projetos de diferentes áreas, etc.

2.2. A Criação dos Projetos Contextualizados


O foco dos experimentos interdisciplinares não está somente no
desenvolvimento das competências e habilidades técnicas, visa também explorar
diferentes aspectos dos impactos sociais, culturais e científicos pela disseminação do
uso da tecnologia digital. Quando possível, analisar os mecanismos pelos quais tais
impactos ocorrem. Essa abordagem procura desenvolver um pensamento crítico sobre a
interferência da computação em outras áreas.
Cada proposta de projeto é elaborado dentro do escopo do universo do aluno
ingressante, a situação proposta deve ser significativa. A partir de pequenas avaliações
(questionários e entrevistas) determinamos quais conceitos estão presentes na estrutura
cognitiva do aluno, então os tópicos, pertencentes ao período em questão e que podem
ser ancorados nesses conceitos, são trabalhados para a criação do projeto integrado.
O que está subjacente não é a mera solução do problema proposto, mas discutir
os processos de resolução utilizados e confrontar os resultados obtidos. Além disso, os
projetos do início do curso procuram conduzir o aluno à utilização da linguagem formal
da matemática. A contextualização procura criar uma base para gerar a construção de
conceitos e posteriormente sua formalização.

2.3. A Dinâmica da Integração nos Períodos Intermediários: Laboratórios


Nas disciplinas intermediárias, terceiro, quarto e quinto períodos, o aluno é
conduzido à prática da autonomia no aprendizado. A integração ocorre por intermédio
dos Laboratórios de Programação, disciplinas que podem tanto desenvolver projetos
envolvendo disciplinas de um mesmo período quanto de períodos distintos. A escolha
desta última possibilidade dependerá da análise sobre a maturidade dos alunos nesses
períodos.

2.4. A Integração nos Períodos Avançados: Pacotes de Optativas


Nos três últimos períodos, o aluno experimenta sua autonomia integralmente. O
que rege esta fase é a prática autônoma das competências e habilidades adquiridas. As

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disciplinas optativas orientam tanto as experimenações teóricas quanto práticas. Nesta
fase ocorre obrigatoriamente a integração entre disciplinas de períodos distintos - entre
as três disciplinas que formam um determinado pacote de optativas, cada uma em um
período.
O papel das optativas não se restringe a enriquecer a estrutura curricular. Seu
principal objetivo está relacionado com o planejamento e desenvolvimento de linhas
para projetos de Pesquisa Básica que sustentem a Iniciação Científica, os TCC’s e
propostas de Pós-Graduação. Mais precisamente, as optativas:
• Enriquecem a bagagem do aluno proporcionando alta capacitação para uma
determinada especialidade, seja ela direcionada para o mercado de trabalho voltado a
aplicações comerciais ou para a atuação no campo científico (estudo em pós-
graduação, ingresso em projetos de pesquisa e ensino).
• Favorecem a estrutura da graduação tornando-a flexível, dinâmica, consistente e de
maior longevidade. Os pacotes direcionados podem dar ao aluno estímulo ao processo
de aprendizado uma vez que ele pode localizar seu foco de atuação, determinando a
meta final ao seu curso. A idéia é favorecer o aprendizado agregando, ao
conhecimento básico geral, um pequeno número de disciplinas que possibilitem dar ao
futuro profissional condições para aprender a aprender sobre suas atividades futuras.
• Propiciam um ambiente sólido de troca de conhecimento entre docentes, alunos de
graduação, especialização e pós-graduação. Algumas optativas podem juntar numa
mesma sala de aula alunos em fase final de graduação e alunos em fase inicial de pós-
graduação. Esta integração permite melhorar os processos de orientação dos projetos
de TCC (podendo encaminhar o aluno de graduação tanto para um mercado
especializado quanto para uma pós-graduação).
• Permitem customizar a atuação do quadro docente. Uma das metas das disciplinas
optativa é efetivar a integração entre diferentes cursos. Pacotes como Jogos, Animação
Digital, Geoprocessamento, Processamento Digital de Imagens são elos naturais que
ligam o BCC aos cursos de Comunicação e Artes, Ciências Ambientais e Saúde.
• Favorecem a criação de perfis para projetos e linhas de pesquisas sustentáveis. Este é
um fato que decorre da efetiva integração entre docentes: possibilitam encaminhar
aplicações imediatas tanto pela formação de grupos específicos em desenvolvimento
de tecnologia aplicada quanto pela minimização do custo da pesquisa aplicada; podem
ser utilizadas para direcionar cursos de pós-graduação; permitem a efetiva integração
do corpo docente em projetos de pesquisa (inclusive de diferentes faculdades).

3. Projetos Interdisciplinares: Experiências na Estrutura Antiga


O uso de projetos interdisciplinares teve início no segundo semenstre de 2000, na
estrutura antiga do BCC. Até 2004, foram aplicados cerca de doze experimentos
distintos para alunos do quarto período, os temas adotados foram: compressão de dados
(dois projetos), criptografia (dois projetos), manipulação de imagens (três projetos) e
busca por padrão (dois projetos), [Yamamoto 2003]. Para alunos do terceiro período
foram aplicados três projetos: formalização de sistemas, calculadoras de inteiros
quaisquer e calculadoras simbólicas. De modo breve, enunciamos as abordagens de dois
projetos aplicados aos alunos do quarto período, ao atingir esse semestre os alunos já

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passaram por três disciplinas de programação, uma de estrutura de dados, três cálculos,
duas físicas, organização e arquitetura de computadores, entre outras.

3.1. Compressão de Dados


O contexto é o de transmissão eficiente de dados. A velocidade de transmissão é um
fator importante, logo é necessário tornar qualquer mensagem tão curta quanto possível
sem perder a capacidade de decodificação. Essa situação propõe estudar o seguinte
problema: como tornar uma mensagem o mais curta possível sem perda da capacidade
de decodificação da mensagem original.
Dentre as diversas estratégias expostas o método indicado foi o de compressão
por códigos de Huffman e suas variantes. Basicamente, dado um texto, o algoritmo de
Huffman cria uma codificação binária de modo que o número de bits, associado a um
caracter, é determinado pela freqüência com que ocorre no texto. Menor quantidade de
bits para os caracteres de maior freqüência, essa estratégia é um caso particular do
método guloso.
O projeto, entre outras exigências, solicita um estudo teórico do método
implementado com outros métodos existentes e uma análise comparativa do produto
gerado com outros softwares de compactação: Zip, Arj, etc. O tema remete a conceitos
da Teoria da Informação, o que permite explorar desde questões sobre a matemática
subjacente à teoria até problemas sobre os impactos das tecnologias digitais numa
sociedade da informação.

3.2. Busca por Padrão


Nesse projeto, o contexto é o de aplicações em bio-informática. A busca por padrões se
verifica nas mais variadas ferramentas de editores de texto, buscadores na web a
softwares de seqüênciamento genético.
Novamente, dentre as diversas estratégias expostas aos alunos uma é indicada,
nesse caso: o algoritmo de Karp-Rabin. Solicita-se um estudo do método implementado
com outros métodos existentes (força-bruta, Knuth-Pratis-Morris, Boyer-Moore, etc) e
uma análise comparativa do produto gerado com outros softwares de busca por padrão,
por exemplo, a implementação existente no Emacs.
Como parte do projeto, os alunos devem aplicar o software desenvolvido no
seguinte experimento: indivíduos de uma população possuem predisposição a certo tipo
de tumor maligno. Estudando um gene que está associado a reprodução de células da
região do tumor, foi constatado após mapear o trecho desse gene, que alguns
indivíduos possuíam uma alteração incomum à grande maioria dos indivíduos;
responsável pela produção em grande velocidade de células ruins. A alteração é
caracterizada pela presença de uma seqüência específica de nucleotídeos (é dado aos
alunos uma seqüência previamente analisada). Uma amostra de n indivíduos dessa
população foi obtida para estudo do código genético associado a esse gene. A amostra
revelou um conjunto de n 1 indivíduos que possuem o tumor maligno e n2 indivíduos que
não possuem o tumor. O objetivo do estudo é verificar uma potencial associação entre
a alteração do gene em estudo e a presença do tumor maligno, [Yamamoto 2003].

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3.3. Integração Entre as Disciplinas Envolvidas
Participaram de todos os projetos as disciplinas: Estrutura de Dados II, Probabilidade e
Estatística e Matemática Discreta. O quarto período oferece, além das disciplinas
mencionadas, Administração, Teoria da Computação e Banco de Dados. Na ocasião dos
projetos as disciplinas Banco de Dados e Teoria da Computação optaram por projetos
próprios de igual ou menor porte. Os objetivos e contribuições específicas de cada
disciplina estão resumidos abaixo:
• Estrutura de Dados II. Finaliza a abordagem sobre programação orientada a objetos,
iniciada no período anterior. Encerra o ciclo das disciplinas voltadas à programação,
técnicas e estuturas de dados. Esta disciplina foca os detalhes técnicos envolvidos nos
projetos. A linguagem para a implementação dos projetos foi JAVA.
• Probabilidade e Estatística. No caso do projeto de compressão de dados, o tópico
Inferência Estatística, provê fundamentação para que os alunos elaborem uma
estimativa do número total de cada um dos caracteres encontrados num texto. Mais
especificamente, o aluno deve utilizar-se da técnica de Amostragem Aleatória Simples
para estimação de totais populacionais. Isto pois, a idéia é compactar textos de
tamanhos consideráveis. No projeto sobre busca por padrão, a disciplina aborda a
distribuição do qui-quadrado. Teoricamente, essa distribuição descreve o
comportamento da soma de quadrados de desvios em relação ao valor médio da
população ou em relação às médias amostrais. A constatação dessa teoria dá-se com o
experimento estatísitico proposto.
• Matemática Discreta. Trata da teoria matemática subjacente aos processos de
compactação de dados (busca por padrão), deseja-se que o aluno tenha a capacidade
de: bem-fundamentar sua implementação baseada no algoritmo de Huffman (Karp-
Rabin), saiba avaliar a eficiência computacional do algoritmo implementado, e
conceitos básicos de Teoria da Informação (em Teoria dos Números).

3.4. Resultados Obtidos


Os resultados mais expressivos se refletiram no comportamento dos alunos: criou-se
uma cultura do ensino-aprendizado pelo próprio esforço, de que o processo de
aprendizado deve ser, em grande parte, construído pelo próprio aluno. Para os docentes,
ficou claro que devemos estar aptos a aceitar novos papeis e ficar atento ao processo
dinâmico que é o ensino da ciência da computação.
Os projetos iniciaram uma série de discussões sobre a fragmentação das
disciplinas envolvidas nos projetos. Exibiram inúmeras deficiências de disciplinas dos
períodos anteriores ao quarto período. Provocaram o questionamento dos conteúdos
programáticos de diversas disciplinas e suas formas de abordagens. Finalmente, foram
relevantes nas discussões sobre as novas propostas para uma total reestruturação
curricular do BCC.

4. A Interdisciplinaridade no Novo Projeto Pedagógico


Tão relevante quanto o produto final é o processo em que os alunos desenvolvem as
atividades, pois é no seu encaminhamento que o aluno percebe a interdisciplinaridade.
As imposições colocadas nos projetos não possibilitam a aceitação de qualquer
resolução, o aluno deve fazer uma análise das soluções pretendidas. É colocado durante

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o desenvolvimento do projeto a necessidade de uma metodologia, adequada o processo
científico.

4.1. Os Primeiros Projetos Interdisciplinares na Nova Estrutura


A seguir descrevemos os projetos integrados aplicados. O último (Seção 4.3) está em
andamento e sendo aplicado ao primeiro e segundo períodos, com diferentes graus de
dificuldade. Prevalecem os objetivos e metas anteriomente discutidos, porém como se
tratam de alunos iniciantes a natureza dos projetos tende a ter apelos distintos dos
projetos aplicados na estrutura antiga.
Para auxiliar a construção das atividades interdisciplinares o novo projeto
incluiu as disciplinas de Comunicação e Expressão e Sociologia (disciplinas do
primeiro período) e Metodologia de Pesquisa e Filosofia (disciplinas do segundo
período). Isto alterou de forma drástica o processo de condução dos projetos integrados.
A nova estrutura favorece em muito a abordagem de questões humanísticas relacionadas
a tecnologia digital.

4.2. O Diâmetro Da Terra


Este projeto foi elaborado como preparo para o projeto maior: sobre Linguagem,
Informação e Código. Os docentes estabeleceram uma dinâmica de forma a ambientá-
los ao processo de integração das disciplinas. Todo o projeto está centrado na análise da
obra musical intitulada Teorema de Tales (Tabela 1) do grupo Les Luthiers.
As atividades consistem em discutir sobre as concepções de linguagem (leitura
sensível), linguagem como interação, linguagem como representação do pensamento,
linguagem como comunicação. O texto apresentado aos alunos não está na língua
portuguesa, pois um dos objetivos é avaliar ferramentas como os "tradutores
automáticos" e, evidentemente, destacar a necessidade de uma segunda língua.
Pede-se, a partir da leitura, criar uma representação pictórica a partir das
informações contidas na letra da música e relacionar posteriormente com o Teorema de
Tales. Esse conhecimento deve ser aplicado para resolver o seguinte problema: qual o
diâmetro da Terra? A pergunta é fornecida com as seguintes dicas: Os raios verticais
do sol do meio dia em Siene são inclinados em Alexandria, 800 Km de Siene. A
inclinação, pouco maior que 7 o, provoca uma sombra numa torre em Alexandria
(situação atribuída a Eratóstenes quando de seu cálculo do diâmetro da Terra).
O problema acima visa explorar a necessidade de uma notação adequada ao
processo de operacionalização das informações obtidas. A partir desse caso particular,
pede-se para elaborar um método genérico de resolução de problemas similares. Ao
final, cada aluno deve escrever um relatório fazendo uma análise minuciosa de todas as
atividades.
A letra da música foi apresentada na disciplina de Introdução à Computação
(IC). Exploraram diversas ferramentas de tradução automática, disponíveis na web,
debateram questões sobre o uso de tais softwares e aplicaram os tradutores à letra da
música. Discutiram sobre a exigência de uma segunda língua e levantaram questões
sobre as qualificações de um profissional da área de informática.

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Após o primeiro contato com o texto e de atividades de tradução, a disciplina de
Comunicação e Expressão (CE) discutiu as concepções de linguagem (leitura sensível -
interpretação), linguagem como interação, linguagem como representação do
pensamento e linguagem como comunicação. Do texto, encenado em aula, os alunos
interpretaram os conceitos matemáticos envolvidos.
Tabela 1. Letra da obra musical Teorema de Tales do grupo Les Luthiers.

Versión discográfica, Septiembre de 1971 – Sonamos, pese a todo. MM: Marcos Mundstock; CNC: Carlos Núñez
Cortés; JM: Jorge Maronna; Vocal A: Carlos López Puccio, Gerardo Masana y Carlos Núñez Cortés; Vocal B: Jorge
Maronna, Marcos Mundstock y Daniel Rabinovich; Coro: Les Luthiers.

Abertura Primeira Parte Segunda Parte


MM: Johann Sebastian Mastropiero Vocal A: Si tres o más paralelas Vocal A: La bisectriz yo trazaré
dedicó su "Divertimento matemático Vocal B: Si tres o más parale-le-le-las Vocal B: Y a cuatro planos
opus 48", el Teorema de Thales, a la Vocal A: Si tres o más paralelas intersectaré
condesa Shortshot, con quien viviera Vocal B: Si tres o más parale-le-le-las Vocal A: Una igualdad yo
un apasionado romance varias Vocal A: Son cortadas, son cortadas encontraré...
veces, En una carta en la que le dice: Vocal B: por dos transversales, dos Vocal B: OP+PQ es igual a ST
transversales Vocal A: Usaré la hipotenusa...
"Condesa, nuestro amor se rige por Vocal A: Son cortadas, son cortadas Vocal B: Ay no te compliques nadie la
el Teorema de Thales: cuando Vocal B: por dos transversales, dos usa
estamos horizontales y paralelos, las transversales Vocal A: Trazaré, pues, un cateto
transversales de la pasión nos Coro: Si tres o más parale-le-le-las Vocal B: Yo no me meto, yo no me
atraviesan y nuestros segmentos Si tres o más parale-le-le-las meto
correspondientes resultan Son cortadas, son cortadas
maravillosamente proporcionales". Son cortadas, son cortadas... Coro: Triángulo, tetrágono,
CNC:Dos segmentos de una de pentágono, hexágono, heptágono,
estas, dos segmentos cualesquiera octógono.. son todos polígonos
El cuarteto vocal "Les freres luthiers" Dos segmentos de una de estas Seno, coseno, tangente y secante, y
interpreta: "Teorema de Thales opus Coro: son proporcionales la cosecante y la cotangente
48" de Johann Sebastian
Mastropiero. Son sus movimientos: JM: A los dos segmentos CNC: Tal es Thales de Mileto
correspondiente de la oootraaa.... Coro: Tal es Thales de Mileto
- Introducción CNC: Tal es Thales de Mileto
Coro:Hipoooteeeeeesiiiiiiiiiiiiiiiisssss... Coro: Tal es Thales de Mileto
- Enunciazione in tempo de minuetto
A paralela a B, JM: Que es lo que queríamos
- Hipótesis agitatta tesis B paralela a C, demostrar
A paralela a B, paralela a C, paralela
- Desmostrazione ma non tropo a D! Coro: Que es que lo que lo que queri
P es a P-Q queri amos demos demos demostrar
- Finale presto con tutti N es a N-T
P es a P-Q como M-N es a M-T
A paralela a B,
B paralela a C,
P es a P-Q como M-N es a N-T

As disciplinas Introdução à Matemática Computacional (IMC) e Algoritmos e


Programação I (API) trabalharam questões sobre linguagens adequadas ao processo de
operacionalização, códigos universais e construção de métodos de resolução. A
implementação dos métodos foi feita em Python - a escolha pelo Python é um capítulo à
parte.
Usualmente disciplinas como CE não trabalham questões matemáticas ou
computacionais, nem disciplinas básicas de matemática ou computação exploram
problemas da linguagem natural ou questões sociais. Essa “intromissão” de uma
disciplina em outras faz com que o termo disciplina não deve ser entendida, nesse
projeto pedagógico, como usualmente é estabelecida.

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4.3. Linguagem, Informação e Códigos
Este projeto visa não somente estudar os conteúdos matemático e computacional sobre a
codificação digital, mas explorar os diferentes aspectos dos impactos sociais, culturais e
científicos pela disseminação do uso da tecnologia digital na sociedade da informação.
Nos cursos das áreas de Exatas, em geral, difunde-se a noção de código como
sendo um “sistema de símbolos, destinado a representar e transmitir uma mensagem
entre uma fonte e um receptor”. Este projeto visa ampliar essa noção contemplando
outras perspectivas. As disciplinas humanísticas (Sociologia e CE) exploram as outras
leituras do termo “código”. Também cabe a essas disciplinas discutir o papel da
informação: no cerne das transformações que estão alterando o panorama global é
inegável o papel da informação como recurso de poder, seu conhecimento é fator
essencial para o exercício da cidadania.
O projeto foi apresentado aos alunos através da encenação de um truque de
advinhação que destaca a linguagem matemática para a criação de códigos que fornecem
informações sobre um dado sistema. O truque é devido a William Fitch Cheney Jr.
(1920). Na apresentação do truque, alguém da platéia escolhe cinco cartas entre as 52 de
um baralho, sem mostrar ao mágico. Sua assistente lhe mostra quatro delas, e ele
“adivinha” qual é a quinta carta. É claramente impossível se o mágico tivesse de
adivinhar qual das 48 cartas restantes é a escolhida. Qual o segredo? O mágico usa um
código de comunicação que ilustra um dos problemas estudados pela Teoria da
Informação e pela Teoria dos Códigos: achar o mínimo de sinais necessários para que
um codificador consiga passar uma informação a um decodificador.
Os alunos do primeiro período estão desenvolvendo um artigo sobre o tema
sugerido e implementando um sistema de codificação-decodificação baseado em
técnicas de permutação, a finalização deve ocorrer no final de junho de 2005. O projeto
terá continuidade no segundo semestre, nessa nova fase a implementação deverá
contemplar técnicas mais avançadas (Cifras de Hill e RSA) e o processo de estudo do
tema contará com as disciplinas de Metodologia de Pesquisa e Filosofia.
Até o momento, CE trabalha técnicas de registro de leitura e elaboração de
resumos. Os alunos apresentam relatórios quinzenais de suas atividades, todas ficam
registradas num ambiente on-line, [Moodle 2005]. A disciplina de IC aborda questões
gerais sobre sistemas de informação, ética e explora algumas ferramentas de
codificação. Além disso, ela orienta a confecção da documentação do sistema em fase
de implementação. Os alunos são fortemente orientados a documentar antes de
implementar.
A disciplina API trabalha os aspectos técnicos da implementação dos sistemas
de codificação-decodificação; as práticas de API procuram favorecer IMC. Essa
disciplina trabalha conceitos da matemática elementar (conjuntos, contagem,
permutação, funções, divisibilidade, etc). Em particular, o projeto favorece a abordagem
de tópicos envolvendo função, função inversa, função de espalhamento (hash),
permutação, contagem e congruência módulo. O estudo do tema deve contemplar entre
outras informações cálculos sobre o tempo de “quebra de código”.

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5. Ambiente de Documentação de Software (ADS)
A quantidade de informações de cada projeto desenvolvido tende a crescer rapidamente,
desse modo, é de grande valia a criação de um padrão de documentação que possibilite
gerenciar grande quantidade de informações e favorecer as melhores práticas em
desenvolvimento de softwares (atividade usual em ciência da computação).
Recentemente, com a proliferação da Internet e a necessidade de ter uma
ferramenta eficiente de manipulação da informação, surgiu a linguagem XML, onde o
conteúdo é armazenado em uma linguagem de marcação, tal como em HTML, mas com
a possibilidade de criar novos elementos (tags).
O projeto de um Ambiente de Desenvolvimento de Software (ADS), [Zampirolli
2005], é um dos focos do grupo de pesquisa liderado pelo Prof. Dr. Francisco
Zampirolli. O ADS permite que os artefatos produzidos sejam incluídos na
documentação do software usando XML. Isso permite ao ADS manipular todos os
artefatos integrando diferentes tecnologias e ferramentas em diferentes cenários. A
flexibilidade ao lidar com a documentação dos projetos oferece uma perspectiva de
entender cada projeto em sua totalidade - tudo está interligado na documentação. Essa
visão permite estabelecer uma cultura organizacional, fundamenal para a busca pela
qualidade no desenvolvimento de softwares.
A forma sintética de desenvolvimento de projetos, que apesar de não refletir as
condições e restrições encontradas em desenvolvimento de projetos "reais", pode ser
favorável à compreensão do conceito de qualidade de software, [Paiva 2004].

6. Conclusão
Os primeiros projetos, na estrutura antiga, se mostraram interessantes ao apontar
deficiências e falhas na estrutura curricular do BCC. A reestruturação, baseada na
efetiva integração entre docentes, exige do docente novas competências e habilidades ao
assumir novos papéis.
De fato, os maiores desafios não estão na deficiência de formação dos alunos
ingressantes, mas na forma como os professores devem se postar diante dessa nova
realidade. Os professores de disciplinas matemáticas devem conhecer a computação e
seus processos, analogamente os docentes de disciplinas voltadas ao ensino de
algoritmos e programação devem entender a matemática subjacente aos tópicos
abordados. Os docentes das áreas de exatas devem buscar conhecimentos em sociologia,
filosofia e metodologia, do mesmo modo que os docentes dessas áreas devem procurar
descobrir a ciência da computação.

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