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A Copa do Saneamento

JERSON KELMAN E BENEDITO BRAGA


l
exta - feira 6 , dia da eliminação do

S Bra.sil na Copa, o governo federal pro -


mulgou medida provisória (MP) que
muda o marco legal do sanea1nento .
Com a atenção do país voltada para o fute -
bol , não surpreende que o ato tenha passado
1
quase des a percebido . Mas suas consequên -
cias serão sentidas ao longo dos próximos
anos .
A MP foi elaborada tendo como pano de
fundo a p e rc e pção de que somos lanterni -
nh a na Copa do Saneamento porque gasta -
mo s pouco e mal. De fato , recursos públicos
têm sido desperdiçados na manutenção de
provedores d e serviços que servem melhor à
própria corporação do que à população e em
obras não prioritárias, que frequentemente
não são concluídas e , quando o são, frequen -
ten1ente não funcionam .
Agora que a fonte de recursos fiscais min -
g u o u , co nstata -se que há ainda milhões de
brasil e iro s sem acesso à água potável. E que o
esgo to de mais da metade da população não
recebe trata n1ento adequado, causando polui-
ção do s rios e doenças, principahnente nas co -
1nunidades ca1·entes.
Serviços públicos são custeados pelas tari -
fas pagas pelo s consumidores e pelos impos -
tos pagos pelos contr ibuintes. Se a parcela
oriunda dos con tribuintes diminui devido à
crise fiscal , parece óbvio que deve aument ar
a parc ela oriunda dos consumidores ou di - A produtividade das companhias mau cheiro, por exemplo - causados à cole -
minuir a qualidade e a brangê ncia dos servi - tividade. No caso de famílias de baixa renda,
ços . Felizme nte , porém, há uma terceira via :
de saneamento com participação a conexão poderá ser feita gratuitamente, e o
o aumento da produtividade. Ou seja, fazer de capital privado tende a ser correspondente custo considerado no cálcu-
1na is co1n 1nenos. maior do que quando o capital lo tarifário.
Há evidênc ia em píricâ de que a produtivi - é unicamente estatal Todavia, nem tudo são flores . A MP cria in -
dade das com panhias de saneamento com centivos para que os municípios superavitá-
participação de capita l privado tende a ser rios se desvinculem da companhia estadual
maior do que quando o cap ital é unicamente Muito diferente do que ocorre no setor elétrico, e passem a concessão para a iniciativa priva-
es tatal. Dent r e as es tatais , as mais bem ad - que dispõe de uma única agência reguladora da, sem exigir que a nova concessionária pa -
ministradas em gera l conta m com a partici - para todo o país (Aneel) e que já logrou disponi- gue à antiga os ativos ainda não depreciados ,
pa ção de aci onistas privados e/ ou celebram bilizar o serviço para pratica1nente todos os bra- Dessa maneira, a antiga concessionária tem
PPPs (P a rcer ias -Público -Privadas ) com par- sileiros. que aguardar a indenização , em geral por
ceiros privados. Para equacionar o problema, a MP atribui à muitos anos , na fila de precatórios do muni -
In depen dente mente da questão da produtivi - Agê ncia Nacional de Águas (ANA) a respon- cípio. Trata-se de regra que subtrai recursos
dade, é imperioso atra ir ca pita l privado para o sabilidade de instituir as "diretrizes nacio - das companhias estaduais para a execução
setor porque não há m ais d inheiro público que nais para a regulação da prestação dos servi- do saneamento nos municípios deficitários ,
possa faze r frente aos investimentos ainda ne- ços públicos de saneamento básico''. agravando ainda mais a desigualdade hoje
cessários. A MP identifica corre ta m e nte um dos A MP traz diverso s avanços. Por exemplo, a existente . Conforme explicado pelo primeiro
gargalos para que essa atração ocorra : a fragili - ANA pod erá restringir o u so da água de qual - autor em artigo publicado nesta mesma se -
dade e a fragmentação regulató ria. Atua lme nte, quer rio, não importa se estadual ou federal, ção ("Falso dilema'; 22 / 06/2017) , quem levar
os investidores se sentem inseguros porque se mpre que ocorrer un1a seca . Outro exem- o filé mignon deveria levar também o osso. •
qualquer municíp io pode con stituir agência re - plo : os proprietários d e imóveis não c on ec -
gu ladora própria, que dificilmente te rá com p e- tados à re de de colet a de esgoto, qu ando dis - Jerson Kelman é professor da COPPE-UFRJ, e
tência tócnica e independência decisória para ponível, a lém da obri gação de pagar a tarifa Benedito Braga é professor da USP
ca lcula r as tarifas necess á ri as para m a nter o corn o se es ti vesse m conectados, estar ão su-
equilíbri o econômico -fin a nce iro da concessão. jeitos a multas de vido aos transtornos _ N da R: Roberto DaMatta volta a escrever mês que vem

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