Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Há uma cadeia de responsabilidade em que pese o dever por qualquer vício que
o consumidor possa suportar. Sendo assim, não há que se falar em ilegitimidade passiva
da demandada.
Nesse interim, observa-se que o presente feito foi apenas agravado. E não
colando provas que o produto que substituiu era novo, mas que o problema era de
manuseio técnico, conclui-se que realmente o notebook não era novo, pelas fotos
anexadas nos autos.
Assim, tenho que assiste razão à autora em pleitear, nos termos do art. 18, §1º,
II, do Código de Defesa do Consumidor, o ressarcimento por parte das rés da quantia
paga pelo produto, monetariamente atualizada, porquanto, além de se tratar de produto
essencial, o vício não foi sanado no prazo legal e não está caduco seu direito ao
ressarcimento.
Neste diapasão, o valor pago pelo aparelho viciado, consoante cupom fiscal
anexo (fls. 14), foi de R$ 1599, 90 (mil quinhentos e noventa reais e noventa centavos)
com o acréscimo de R$ 400,00 (quatrocentos reais) para aquisição de outro, valor esses
que deve ser restituído à demandante, pela parte demandada, em razão do ato ilícito
praticado.
No que se refere, lado outro, à requestada indenização por danos morais, insta
tecer algumas considerações.
Com o advento da Constituição de 1988, o dano moral ganhou uma maior di-
mensão, não podendo mais se limitar apenas à comprovação do sofrimento ou humilha-
ção da parte. Assim, conforme o seu art. 5º, inciso X, qualquer ofensa que lesione a
honra, a intimidade, a imagem, o bom nome, dentre outros elementos que integram a
dignidade da pessoa humana e constituem o rol dos direitos personalíssimos, caracteriza
o dano moral, e por isso deve ser indenizável, aplicando-se também às pessoas jurídicas,
conforme enunciado da súmula 227 do STJ.
Dispõe o Código Civil de 2002, em seu artigo 927, caput, que todo aquele que,
por ato ilícito, causar dano a outrem, deverá repará-lo. Entretanto, o referido artigo não
menciona o que viria a ser ato ilícito, sendo tal indagação esclarecida no artigo 186 do
mesmo diploma legal ao normatizar que “aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusi-
vamente moral, fica obrigado a repará-lo”.