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352 Outros materiais · Textos informativos complementares Sequência  2.

Fernão Lopes

  Manual · p. 90

O burguês Álvaro Pais


É o chefe burguês Álvaro Pais, padrasto do jurista João das Regras, quem persuade o Mestre

OEXP10DP © Porto Editora


a eliminar o Andeiro, que se tornara o chefe do aristocratismo estreme, sempre acompanhado de
numerosos fidalgos, e que vivia “em grã privança e gasalhado da Rainha, desembargando com
ele todos os negócios do reino”, como se fosse o Conde o soberano de facto. Assassinado o An-
5 deiro (D. João lhe assestou o primeiro golpe, como tinha de ser, mas a morte quem lha deu foi “o
bom de Rui Pereira”, […] “Álvaro Pais, que estava prestes e armado com uma coifa na cabeça,
segundo usança daquele tempo, cavalgou logo à pressa em cima de um cavalo que havia anos
que não cavalgava”, – e todos seus aliados com ele […].
Assim ia o Pais pelas ruas, “bradando a quaisquer que achava, dizendo: Acorramos ao Mes-
10 tre, amigos, acorramos ao Mestre, ca filho é de el-Rei D. Pedro”.
E agora vejamos: nesse “ca filho é de el-Rei D. Pedro” não está já o pensamento de o indicar
para o trono? O único filho de rei que no país se achava, – era ele, o Mestre: mas fora o Conde,
sem embargo disso, quem a “aleivosa” associara na governação do Estado, quem os nobres acei-
tavam como se fora o rei: e contra a aristocracia de lá e de cá (comandada aquela pelo Rei de
15 Castela, e esta chefiada pela Rainha e o Andeiro) se levantou a burguesia de Lisboa e do Porto,
ansiosa de subordinar a organização política aos seus planos especiais de navegação e de tráfico,
e servindo-se para a consecução desse fim supremo da luta económica que há muito existia
entre a classe média dos “homens-bons” e a massa enraivecida das populações operárias – luta
que se prolongava com energia e sem trégua desde os fúnebres dias da mortandade da peste.
20 Sim: no “ca filho é de el-Rei dom Pedro”, clamado em Lisboa pelo Álvaro Pais, está o germe da
argumentação que o enteado dele, o João das Regras, iria desenvolver alguns meses mais tarde,
nas Cortes de Coimbra de ’85.
SÉRGIO, António,1999. “Prefácio”. In LOPES, Fernão, 1994. Crónica de D. João I.
Volume I. Porto: Civilização (pp. XLVII-XLVIII)

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