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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

R^CULDADE DE DIREITO

ANOTAÇÕES DE:

Dr. ORLANDO RODRIGUES Docente da


Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto

Dr. GRANDÃO RAMOS Docente da


Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto
; FICHA TÉCNICA

EDIÇÃO:
FACULDADE DE DIREITO

COLECÇÃO:
FACULDADE DE DIREITO

FOTOCOMPOSIÇÃO E MONTAGEM:
LITOCOR, LDA.

IMPRESSÃO E ACABAMENTO:
LITOTIPO, LDA.

TIRAGEM: 1.500 EXEMPLARES

LUANDA—2006
LIVRO PRIMEIRO
DISPOSIÇÕES GERAIS
TITULO I DOS CRIMES EM
GERAL E DOS CRIMINOSOS

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
ARTIGO 1." (Conceito de criíJie.
Princípio da legalidade)

Crime ou delito é o facto voluntário declarado punível pela lei


penal.
ARTIGO 2."
(Negligência. Fundamento)
r-
lei ftndrífn ^"^ "^S^^S^^^^i^' nos casos especiais determinados na '
""''a-se na omissão voluntária de um dever.

ARTIGOS." ,
(Conceito de contravenção)

"nicamemíconir"^'^''.^"^^'' " ^^'^° voluntário punível, que 'disposições


nrevpl. "^^^^^^^Ç^o, ou na falta de observância das '^^
todaaintençri^éfíe'' " ^^^"^^"^-"tos, independentemente

ARTIGO 4."
(Negligência nas contravenções)

^s contravenções é sempre punida a negligência.


ARTIGO 5.° (Nullum
crimen sine lege)

Nenhum facto, ou consista em acção ou em omissão, pode julgar-


se criminoso, sem que uma lei anterior o qualifique como tal.

ARTIGO 6.° (Aplicação


da lei penal no tempo)

A lei penal não tem efeito retroactivo, salvas as seguintes


excepções:

1 / — A infracção punível por lei vigente,ao tempo em que foi


cometida, deixa de o ser se uma lei nova a eliminar do número das
infracções.

Tendo havido já condenação transitada em julgado, fica extinta a


pena, tenha ou não começado o seu cumprimento.

2." — Quando a pena estabelecida na lei vigente ao tempo em


que é praticada a infracção for diversa das estabelecidas em leis
posteriores, será sempre aplicada a pena mais leve ao infractor, que
ainda não estiver condenado por sentença passada em julgado.
, '*i^.,^ ,^ 3." — As disposições da lei sobre os efeitos da pena têm efeito
retroactivo, em tudo quanto seja favorável aos criminosos, ainda que
estes estejam condenados por sentença passada em julgado, ao tempo
da promulgação da mesma lei, salvos os direitos de terceiros.

ARTIGO 7.°
(Maioridade civil)

A maioridade estabelecida no artigo 311.° do Código Civil


produzirá todos os seus efeitos nas relações da lei penal, quando a
menoridade fór a base para a determinação do crime, e sempre que a
mesma lei se refira, em geral,à maioridade ou à menoridade.

' - Pelo Código Civil de 1966 o artigo é o 130.°. Em Angola, a maioridade atinge-se aos 18
anos — Artigo 1.° da Lei n.° 68/76, de 5 de Outubro.
CAPITULO II DA
CRIMINALIDADE
ARTIGO 8.° (Formas de
aparecimento do crime)

São puníveis não só o crime consumado mas também o frustrado


e a tentativa.

ARTIGO 9.° (Crime


consumado)

Sempre que a lei designar a pena aplicável a um crime, sem


declarar se se trata de crime consumado, de crime frustrado ou de
tentativa, entender-se-á que a impõe ao crime consumado.

ARTIGO 10.°
(Crime frustrado)

Há crime frustrado quando o agente pratica com intenção todos


os actos de execução que deveriam produzir como resultado o crime
consumado, e todavia não o produzem por circunstâncias
independentes da sua vontade.

ARTIGO 11.°
(Tentativa)

Há tentativa quando se verificam cumulativaraeilte os seguintes


requisitos:

1 •" — Intenção do agente;


2.° — Execução começada e incompleta dos actos que deviam
produzir o crime consumado;
3.° — Ter sido suspensa a execução por circunstâncias
independentes da vontade do agente, excepto nos casos previstos no
artigo 13.°;
4.° — Ser punido o crime consumado com pena maior, salvos os
Casos especiais em que, sendo aplicável pena correccional ao crime
Consumado, a lei expressamente declarar punível a tentativa desse
crime.
10

ARTIGO 12.° (Punição autónoma dos


actos que constituem a tentativa)

Ainda que a tentativa não seja punível, os actos, que entram na


sua constituição, são puníveis se forem classificados como crimes
pela lei, ou como contravenções por lei ou regulamento.

ARTIGO 13° (Irrelevância da suspensão da


execução nas infracções uniexecutivas)

Nos casos especiais, em que a lei qualifica como crime


consumado a tentativa de um crime,a suspensão da execução deste
crime pela vontade do criminoso não é causa justificativa.

ARTIGO 14.° (Conceito de actos


preparatórios)

São actos preparatórios os actos externos conducentes a facilitar


ou preparar a execução do crime, que não constituem ainda começo
de execução. Os actos preparatórios não são puníveis, mas aos factos
que entram na sua constituição é aplicável o disposto no artigo 12.°.

ARTIGO 15.° (Fontes do Direito


Penal. Princípio da legalidade)

Não são crimes os actos que não são qualificados como tais por
este Código.

§ único — Exceptuam-se da disposição deste artigo:

1.° — Os actos qualificados crimes por legislação especial, nas


matérias não reguladas por este Código, ou naquelas em que se fizer
referência à legislação especial;
2° — Os crimes militares.

ARTIGO 16.°
(Crimes militares)

São crimes militares os factos que ofendem directamente a


disciplina do exército ou da marinha, e que a lei militar qualifica e
manda punir como violação do dever militar, sendo cometidos por
militares ou outras pessoas pertencentes ao exército ou marinha.
11

§ único — Os crimes comuns,cometidos por militares ou outras


pessoas pertencentes ao exército ou marinha, serão sempre punidos
com as penas determinadas na lei geral, ainda quando julgados nos
tribunais militares.

ARTIGO 17.° (Ressalva


de legislação civil)

As disposições das leis civis que,pela prática ou omissão de


certos factos, modificam alguns dos direitos civis,ou estabelecem
condenações relativas a interesses particulares, e somente dão lugar à
acção e instância civil, não se consideram alteradas por este Código
sem expressa derrogação.

ARTIGO 18.° (Interpretação e


integração da lei penal)

Não é admissível a analogia ou indução por paridade, ou por


maioria de razão, para qualificar qualquer facto como crime; sendo
sempre necessário que se verifiquem os elementos essencialmente
constitutivos do facto criminoso, que a lei expressamente declarar.

CAPÍTULO III DOS


AGENTES DO CRIME
ARTIGO19.°
(Agentes do Crime)

Os agentes do crime são autores, cúmplices ou encobridores.

" ARTIGO20.°
(Autores)

São autores:

1.° — Os que executam o crime, ou tomam parte directa na sua


execução;
2.° — Os que por violência física, ameaça, abuso de autoridade
ou de poder constrangeram outro a cometer o crime, seja ou não
vencível o constrangimento;
J2 _

3.° — Os que por ajuste, dádiva, promessa, ordem, pedido, ou


por qualquer meio fraudulento e directo, determinaram outro a
cometer o crime;
4.° — Os que aconselharam ou instigaram outro a cometer o
crime nos casos em que sem esse conselho ou instigação não tivesse
sido cometido;
5." — Os que concorreram directamente para facilitar ou preparar
a execução nos casos em que,sem esse concurso,não tivesse sido
cometido o crime.

§ único — A revogação do mandato deverá ser considerada


como circunstância atenuante especial, não havendo começo de
execução do crime, e como simples circunstância atenuante, quando
já tiver havido começo de execução.

ARTIGO 21."
(Excessus mandati)

O autor, mandante ou instigador é também considerado autor:

1.° — Dos actos necessários para a perpetração do crime, ainda


que não constituam actos de execução;
2° — Do excesso do executor na perpetração do crime nos casos
em que devesse tê-lo previsto como consequência provável do
mandato ou instigação.

ARTIGO 22."
.« (Cúmplices)

São cúmplices:

1." — Os que directamente aconselharam ou instigaram outro a


ser agente do crime, não estando compreendidos no artigo 20.°;
2° — Os que concorreram directamente para facilitar ou preparar
a execução nos casos em que, sem esse concurso, pudesse ter sido
cometido o crime.

ARTIGO 23.°
,; (Encobridores)

São encobridores:
II» -wmmmmimmmir'

1." — Os que alteram ou desfazem os vestígios do crime com o


propósito de impedir ou prejudicar a formação do corpo de delito;
2° — Os que ocultam ou inutilizam as provas, os instrumentos ou
os objectos do crime com o intuito de concorrer para a impunidade;
3.° — Os que,sendo obrigados em razão da sua profissão,
emprego, arte ou ofício,a fazer qualquer exame a respeito de algum
crime,alteram ou ocultam nesse exame a verdade do facto com o
propósito de favorecer algum criminoso;
4." — Os que por compra,penhor,dádiva ou qualquer outro meio,
se aproveitam ou auxiliam o criminoso para que se aproveite dos
produtos do crime, tendo conhecimento no acto da aquisição da sua
criminosa proveniência; ^
5.° — Os que dão coito ao criminoso ou lhe facilitam a fuga, com
o propósito de o subtraírem à acção da justiça.

§ único — Não são considerados encobridores o cônjuge,


ascendentes, descendentes e os colaterais ou afins do criminoso até
ao terceiro grau por direito civil, que praticarem qualquer dos factos
designados nos n."' 1.°, 2°e 5."deste artigo.

ARTIGO 24.° (Conexão entre o


encobrimento, a cumplicidade e a autoria)

Não há encobridor nem cúmplice sem haver autor; mas a punição


de qualquer autor, ciímplice ou encobridor não está subordinada à
dos outros agentes do crime.

o artigo 46.° da Lei n.° 9/89, de 11 de Dezembro, substituída, entretanto, pela Lei 6/99, de
3 de Setembro, criou o crime de receptação o qual, no entanto, não cobre todas as
possibilidades de encobrimento real que cabem neste n.° 4.° do artigo 23.° do Código
Penal, pois, aquela disposição exige dolo específico «intenção de obter para si ou para
terceiro, uma vantagem patrimonial» que não consta da previsão deste n.° 4.°, podendo
configurar-se hipóteses de encobrimento real sem tal «intenção» de «vantagem
patrimonial». Por outro lado, o artigo 47.° da referida Lei n.° 9/89, de 11 de Dezembro
revoga «o artigo 106.° do Código Penal quando relativo aos casos de receptação real.
Assim sendo, embora a doutrina, em geral, considere que "receptação" é o "encobrimento
real" previsto no n.° 4.° do artigo 23.° do Código Penal, parece que, face à actual legislação
penal vigente, passam a existir como conceitos algo distintos, o "encobrimento real"
previsto pelo n.° 4.° do artigo 23.° do Código Penal e a "receptação" ou "receptação real"
assinaladas pela Lei n.° 9/89 nos seus artigos 46.° e 47.°. A Lei 6/99 (art.° 30.°) mantém
para o crime de receptação o dolo especial ou específico («intenção de comercializar»).
14

ARTIGO 25.° (Não punição da


cumplicidade e do encobrimento nas contravenções)

Nas contravenções não é punível a cumplicidade nem o


encobrimento.

CAPITULO IV DA
RESPONSABILIDADE CRIMINAL
ARTIGO 26.° (Sujeito activo da infracção
criminal. Imputabilidade)

Somente podem ser criminosos os indivíduos que têm a


necessária inteligência e liberdade.

ARTIGO 27.° (Responsabilidade


criminal. Fins das penas)

A responsabilidade criminal consiste na obrigação de reparar o


dano causado na ordem moral da sociedade, cumprindo a pena
estabelecida na lei e aplicada por tribunal competente.

ARTIGO 28.° (Princípio da


individualidade da responsabilidade criminal)

A responsabilidade criminal recai única e individualmente nos


agentes de crimes ou de contravenções.

ARTIGO 29.° (Erro e consentimento


do ofendido)

Não eximem da responsabilidade criminal:

1.° — A ignorância da lei penal;


2.° — A ilusão sobre a criminalidade do facto;
3.° — O erro sobre a pessoa ou coisa a que se dirigir o facto
punível;
4.° — A persuasão pessoal da legitimidade do fim ou dos motivos
que determinaram o facto;
15

5.° — O consentimento do ofendido, salvos os casos


especificados na lei;
6.° — A intenção de cometer crime distinto do cometido, ainda
que o crime projectado fosse de menor gravidade;
1° — Em geral, quaisquer factos ou circunstâncias, quando a lei
expressamente não declare que eles eximem de responsabilidade
criminal.

§ 1." — As circunstâncias designadas nos n.°' 1.° e 2.° deste artigo


nunca atenuam a responsabilidade criminal.
§ 2.° — O erro sobre a pessoa a que se dirigir o facto punível
agrava ou atenua a responsabilidade criminal, segundo as
circunstâncias.
§ 3." — A circunstância designada no n.° 6.° não pode derimir em
caso algum a intenção criminosa, não podendo por consequência ser
por esse motivo classificado o crime como meramente culposo.

ARTIGO 30.°
(Circunstâncias)

A responsabilidade criminal é agravada ou atenuada, quando


concorrem no crime ou no agente dele circunstâncias agravantes ou
atenuantes.
A esta agravação ou atenuação é correlativa a agravação ou
atenuação da pena.

ARTIGO 31."
(Circunstâncias inerentes ao agente)

As circunstâncias agravantes ou atenuantes inerentes ao agente só


agravam ou atenuam a responsabilidade desse agente.

ARTIGO 32." (Circunstâncias


relativas ao facto incriminado)

As circunstâncias agravantes relativas ao facto incriminado só


agravam a responsabilidade dos agentes, que delas tiveram
conhecimento ou que devessem tê-las previsto, antes do crime ou
durante a sua execução.
16

ARTIGO 33.° (Agravação e atenuação da


responsabilidade criminal por contravenção)

A responsabilidade criminal por contravenção não pode ser


agravada nem atenuada, salvo o disposto no artigo 36.°.

ARTIGO 34.° (Circunstâncias


agravantes. Enumeração taxativa)

São unicamente circunstâncias agravantes:

1." — Ter sido cometido o crime com premeditação;


2.^ — Ter sido cometido o crime em resultado de dádiva ou
promessa;
3." — Ter sido cometido o crime em consequência de não ter o
ofendido praticado ou consentido que se praticasse alguma acção ou
omissão contrária ao direito ou à moral;
4." — Ter sido cometido o crime como meio de realizar outro
crime;
5." — Ter sido precedido o crime de ofensas, ameaças, ou
condição de fazer ou não fazer alguma coisa;
6.^ — Ter sido o crime precedido de crime frustrado ou de
tentativa;
7." — Ter sido o crime pactuado entre duas ou mais pessoas;
8." — Ter havido convocação de outra ou outras pessoas para o
cometimento do crime;
9." — Ter sido o crime cometido com auxílio de pessoas que
poderiam facilitar ou assegurar a impunidade;
10." — Ter sido o crime cometido por duas ou mais pessoas;
11." — Ter sido cometido o crime com espera, emboscada,
disfarce, surpresa, traição, aleivosia, excesso de poder, abuso de
confiança ou qualquer fraude;
12." — Ter sido cometido o crime com arrombamento,
escalamento ou chaves falsas;
13." — Ter sido cometido o crime com veneno, inundação,
incêndio, descarrilamento de locomotiva, naufrágio ou avaria de
barco ou de navio, instrumento ou arma cujo porte e uso for
proibido;
14." — Ter sido cometido o crime com o emprego simultâneo de
diversos meios ou com insistência em o consumar, depois de
malogrados os primeiros esforços;
17

15/ ^— Ter sido cometido o crime entrando o agente ou tentando


entrar em casa do ofendido;
16." — Ter sido cometido o crime na casa de habitação do
agente, quando não haja provocação do ofendido;
27 a — Ter sido cometido o crime em lugares sagrados, em
tribunais ou em repartições púbUcas;
18." — Ter sido cometido o crime em estrada ou lugar ermo;
29/» — Ter sido cometido o crime de noite, se a gravidade do
crime não aumentar em razão de escândalo proveniente da
publicidade;
20." — Ter sido cometido o crime por qualquer meio de
publicidade ou por forma que a sua execução possa ser presenciada,
nos casos em que a gravidade do crime aumente com o escândalo da
publicidade;
21." — Ter sido cometido o crime com desprezo de funcionário
público no exercício das suas funções;
22." — Ter sido cometido o crime na ocasião de incêndio,
naufrágio, terramoto, inundação, óbito, qualquer calamidade pública
ou desgraça particular do ofendido;
23." — Ter sido cometido o crime com quaisquer actos de
cmeldade, espoliação ou destruição desnecessários à consumação do
crime;
24." — Ter sido cometido o crime, prevalecendo-se o agente da
sua qualidade de funcionário;
25." — Ter sido cometido o crime, tendo o agente a obrigação
especial de o não cometer, de obstar a que seja cometido ou de
concorrer para a sua punição;
26." — Ter sido cometido o crime,havendo o agente recebido
benefícios do ofendido, quando este não houver provocado a ofensa
que haja originado a perpetração do crime;
27." — Ter sido cometido o crime, sendo o ofendido ascendente,
descendente, esposo, parente ou afim até ao segundo grau por direito
*^ivil, mestre ou discípulo,tutor ou tutelado, amo ou doméstico, ou de
qualquer maneira legítimo superior ou inferior do agente;
28." — Ter sido cometido o crime com manifesta superioridade,
em razão da idade, sexo ou armas;
^^■^ — Ter sido cometido o crime com desprezo do respeito
evido ao sexo, idade ou enfermidade do ofendido;
30." — Xer sido cometido o crime,estando o ofendido sob a
imediata protecção da autoridade pública;
18

31." — Ter resultado do crime outro mal além do mal do crime-22 a


— rpgj. ^j^^ aumentado o mal do crime com alguma circunstância
de ignomínia;
33." — Haver reincidência ou sucessão de crimes;
34." — Haver acumulação de crimes.

ARTIGO35.°
(Reincidência)

Dá-se a reincidência quando o agente, tendo sido condenado por


sentença passada em julgado por algum crime,comete outro crime da
mesma natureza,antes de terem passado oito anos desde a dita
condenação, ainda que a pena do primeiro crime tenha sido prescrita
ou perdoada.

§ 1.° — Quando a pena do primeiro crime tenha sido amnistiada,


não se verifica a reincidência.
§ 2.° — Se um dos crimes for intencional e o outro culposo, não
há reincidência.
§ 3.° — Os crimes podem ser da mesma natureza, ainda que não
tenham sido consumados ambos, ou algum deles.
§ 4.° — Não são computados para a reincidência, por crimes
previstos e punidos no Código Penal, as condenações proferidas
pelos tribunais militares por crimes militares não previstos no mesmo
Código, nem as proferidas por tribunais estrangeiros.
§ 5.° — Não exclui a reincidência a circunstância de ter sido o
agente autor de um dos crimes e cúmplice do outro.

ARTIGO 36.° (Reincidência


nas contravenções)

Nas contravenções dá-se a reincidência quando o agente,


condenado por uma contravenção, comete contravenção idêntica
antes de decorrerem seis meses, contados desde a dita punição.

ARTIGO37.°
(Sucessão de crimes)

Verifica-se a sucessão de crimes nos termos declarados no artigo


35.°, sempre que os crimes não sejam da mesma natureza, e seiíi
19

iicão ao tempo que mediou entre a primeira condenação e o undo


crim6,ou sempre que, sendo da mesma natureza, tenham ssado mais
de oito anos entre a condenação definitiva pelo primeiro e a
perpetração do segundo.
8 único — Para os efeitos do que dispõe o artigo 101.° e
narágrafos, é aplicável à sucessão de crimes o que para a reincidência
estabelecem os §§ 2.° e 5." do artigo 35.°.

ARTIGO 38.° (Acumulação


de infracções)

Dá-se a acumulação de crimes, quando o agente comete mais de


um crime na mesma ocasião, ou quando, tendo perpetrado um,
comete outro antes de ter sido condenado pelo anterior,por sentença
passada em julgado.

§ único — Quando o mesmo facto é previsto e punido em duas


ou mais disposições legais,como constituindo crimes diversos,não se
dá a acumulação de crimes.

ARTIGO 39.°
(Circunstâncias atenuantes)

São circunstâncias atenuantes da responsabilidade eriminal do


agente:

1 -^ — O bom comportamento anterior; ^•^ — A prestação de


serviços relevantes à sociedade; •^•^ — Ser menor de catorze (sendo
punível),dezoito ou vinte e um anos,ou maior de setenta anos;'
Ser provocado, se o crime tiver sido praticado em acto
eguido à provocação, podendo esta,quando consistir em ofensa

^^imputabihdade penal começa aos 16 anos, conforme o Decreto-Lei n.° 39 688, de 5 de


16 ^ ''"^ introduziu a actual redacção do artigo 109.° do Código Penal. Até aos
anos, nos termos dos artigos 16.°, 17.°, 21.° e 22.° da Organização Tutelar de Menores,
provada pelo Decreto-Lei n.° 42 488, de 20 de Abril de 1962, só são aplicáveis medidas
JURRn "^^ P"'°'^'^?ão, assistência ou educação. Ver INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA
í»DICIONAL DOS MENORES, DEC. n.° 417/75 de 15 de Setembro.
20

directa à honra da pessoa, ser considerada como violência grave par os


efeitos do que dispõe o artigo 370.°;
5." — A intenção de evitar um mal ou a de produzir um mal
menor;
6.* — O imperfeito conhecimento do mal do crime;
7.^ — O constrangimento físico, sendo vencível;
8.* — A imprevidência ou imperfeito conhecimento dos maus
resultados do crime;
9." — A espontânea confissão do crime;
10.* — A espontânea reparação do dano;
11.* — A ordem ou o conselho do seu ascendente, tutor, educador
ou amo, sendo o agente menor e não emancipado;
12.* — O cumprimento de ordem de superior hierárquico do
agente, quando não baste para justificação deste;
13.* — Ter o agente cometido o crime para se desafrontar a si, ao
seu cônjuge, ascendentes, descendentes, irmãos, tios, sobrinhos ou
afins nos mesmos graus, de alguma injúria, desonra ou ofensa,
imediatamente depois da afronta;
14.* — O súbito arrebatamento despertado por alguma causa que
excite a justa indignação pública;
15.* — O medo vencível;
16.* — A resistência às ordens do seu superior hierárquico, se a
obediência não for devida e se o cumprimento da ordem constituísse
crime mais grave;
17.* — O excesso de legítima defesa, sem prejuízo do disposto
no artigo 378.°;
18.* — A apresentação voluntária às autoridades;
19.* — A natureza reparável do dano causado ou a pouca
gravidade deste;
20.* — O descobrimento dos outros agentes, dos instrumentos do
crime ou do corpo de delito, sendo a revelação verdadeira e profícua
à acção da justiça;
21.* — A embriaguez quando for: 1.° incompleta e imprevista,
seja ou não posterior ao projecto do crime; 2° incompleta, procurada
sem propósito criminoso e não posterior ao projecto do crime;
3.° completa, procurada sem propósito criminoso, e posterior ao
projecto do crime;
22.* — As que forem expressamente qualificadas como tais, n^s
casos especiais previstos na lei;

ii^
^ ___ 21 __

a _ Em geral, quaisquer outras circunstâncias,que precedam,


nhem ou sigam o crime, se enfraquecerem a culpabilidade do
^'^enW ou diminuírem por qualquer modo a gravidade do facto
cSnoso ou dos seus resultados.
ARTIGO 40.° (Circunstâncias agravantes.
Cessação do respectivo efeito)

As circunstâncias indicadas como agravantes deixam de o ser:

j o _ Quando a lei expressamente as considerar como elemento


constitutivo do crime;
2 o _ Quando forem de tal maneira inerentes ao crime, que sem
elas não possa praticar-se o facto criminoso punido pela lei;
3 ° _ Quando a lei expressamente o declarar,ou as circunstâncias
e natureza especial do crime indicarem,que não devem agravar ou
que devem atenuar a responsabilidade criminal dos agentes em que
concorrem;

§ único — Quando qualquer das circunstâncias indicadas no


artigo 34.° constituir crime, não agravará a responsabilidade criminal
do agente, senão pelo facto da acumulação de crimes.

ARTIGO 41.°
(Circunstâncias derimentes)

São circunstâncias derimentes da responsabilidade criminal:

1 * — A falta de imputabilidade;
2." — A justificação do facto.

ARTIGO 42.°
(Inimputabilidade absolu^)

Não são susceptíveis de imputação:

1° — Os menores de 10 anos; [REVOGADO] *

introd"'^ri''"^""^^ começa hoje aos 16 anos. Ver, nomeadamente, a redacção do artigo 109.°
Tutel "^ri ^^° Decreto-Lei n.° 3 .688, de 5 de Junho de 1954. Ver também Organização
Assist^ê ^'^""'^^^ - Decreto-Lei n." 44 288, de 20 de Abril de 1962 e Instituto de
também'^'^ Junsdicional dos Menores,Decreto n.° 417/75, de 15 de Setembro. Verificar a
nota referente ao Artigo n." 39.° CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES - Nota 3.
22

2° — Os loucos que não tiverem intervalos lúcidos.

ARTIGO 43."
(Imputabilidade relativa)

Não têm imputação:

1.° — Os menores que, tendo mais de dez anos e menos de


catorze, tiverem procedido sem discernimento; [REVOGADO] =
2° — Os loucos que, embora tenham intervalos lúcidos
praticarem o facto no estado de loucura;
3.° — Os que, por qualquer outro motivo independente da sua
vontade, estiverem acidentalmente privados das suas faculdades
intelectuais no momento de cometer o facto punível.

§ único — A negligência ou culpa considera-se sempre como


acto ou omissão dependente da vontade.

, ARTIGO44."
(Causas de justificação do facto e de exclusão da culpa)

Justificam o facto:

1.° — Os que praticam o facto violentados por qualquer força


estranha, física e irresistível;
2° — Os que praticam o facto dominados por medo insuperável
de um mal igual ou maior, iminente ou em começo de execução;
3." — Os inferiores, que praticam o facto, em virtude de
obediência legalmente devida a seus superiores legítimos, salvo se
houver excesso nos actos ou na forma de execução;
4." — Os que praticam o facto em virtude de autorização legal,
no exercício de um direito ou no cumprimento de uma obrigação, se
tiverem procedido com a diligência devida, ou o facto for um
resultado meramente casual;

Actualmente a imputabilidade penal começa aos 16 anos e antes disso há inimputabilids"^


absoluta. Ver actual redacção do artigo 109.° introduzida pelo Decreto-Lei n.° 39 688, de 3
de Junho de 1954, a Organização Tutelar de Menores, Decreto-Lei n.° 44 288 de 20 d

I
Abril de 1962 e o Decreto n.° 417/75, (Instituto de Assistência Jurisdicional dos Menores)
'^ _ 23 ____

_ Q^ que praticam o facto em legítima defesa própria ou

^ ^ ' _ Qg que praticam um facto cuja criminalidade provém


ente das circunstâncias especiais, que concorrem no ofendido ou
^° to se ignorarem e não tiverem obrigação de saber a existência
dessas circunstâncias especiais;
^ o __ Em geral, os que tiverem procedido sem intenção
criminosa e sem culpa.

ARTIGO 45.° (Estado


de necessidade)

SÓ pode verificar-se a justificação do facto nos termos do n." 2°


do artigo precedente, quando concorrerem os seguintes requisitos:

1 ° — Realidade do mal;
2° — Impossibilidade de recorrer à força pública; 3.° —
Impossibilidade de legítima defesa; 4.° — Falta de outro meio
menos prejudicial do que o facto praticado;
5° — Probabilidade da eficácia do meio empregado.

ARTIGO 46.°
(Legítima defesa)

Só pode verificar-se a justificação do facto, nos termos do n,° 5.°


do artigo 44.°, quando concorrerem os seguintes requisitos:

• Agressão ilegal em execução ou iminente, que não seja


motivada por provocação, ofensa ou qualquer crime actual praticado
pelo que defende;
^'o"~ ^"^possibilidade de recorrer à força pública;
- Necessidade racional do meio empregado para prevenir ou
suspender a agressão.

nico Não é punível o excesso de legítima defesa devido a


perturbação ou medo desculpável do agente.
24

ARTIGO 47.°
(Delinquentes anormais)
[REVOGADO]"

Os loucos que, praticando o facto, forem isentos de


responsabilidade criminal, serão entregues a suas famílias para os
guardarem, ou recolhidos em hospital de alienados, se a mania for
criminosa, ou se o seu estado o exigir para maior segurança.

ARTIGO 48.°
(Menores inimputáveis)
[REVOGADO]'

Os menores que, praticando o facto, forem isentos de


responsabilidade criminal por não terem dez anos ou por terem
obrado sem discernimento sendo maiores de dez e menores de
catorze anos, serão entregues a seus pais ou tutores ou a um qualquer
estabelecimento de correcção, ou colónia penitenciária, se a houver
no continente.

ARTIGO 49.° (Internamento dos meuoi^


inimputáveis em estabelecimentos de correcção)
[REVOGADO]«

Os menores a que se refere o artigo precedente, só podem ser


entregues a um estabelecimento de correcção em algum dos
seguintes casos:

1.° — Sendo vadios; 2° — Não


tendo pais ou tutores; 3.° — Não
sendo estes idóneos;
4.° — Não tendo estes os meios indispensáveis ou recusando-se a
dar-lhes educação idónea;

" - Revogado pelo artigo 68.° do Código Penal com a redacção que lhe foi dada pelos
Decretos-Lei n.* 39 688, de 5 de Junho de 1954 (§ único) e 184/72, de 31 de Maio (corpo
do artigo).

' - Revogado pelo Decreto-Lei n° 39.688, de 5 de Junho de 1954. Ver ORGANIZAÇÃO


TUTELAR DE MENORES, Decreto-Lei n.° 44 288, de 20 de Abril de 1962 e
INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA JURISDICIONAL DOS MENORES, Decreto n." 417/75
de 15 de Setembro.

' - Revogado pelo Instituto de Assistência Jurisdicional dos Menores, Decreto n.° 417/75, de
15 de Setembro.
25

5.° — Dando estes o seu consentimento;


6.° — Tendo os menores cometido outro crime só justificado pela
idade.

ARTIGO 50." (Privação


voluntária e acidental da inteligência)

A privação voluntária e acidental do exercício da inteligência,


inclusivamente a embriaguez voluntária e completa, no momento da
perpetração do facto punível,não derime a responsabilidade criminal,
apesar de não ter sido adquirida no propósito de o perpetrar, mas
constitui circunstância atenuante de natureza especial, quando se
verifique algum dos seguintes casos:

1.° — Ser a privação ou a embriaguez completa e imprevista, seja


ou não posterior ao projecto do crime;
2." — Ser completa, procurada sem propósito criminoso e não
posterior ao projecto do crime.

ARTIGO 51.°
(Independência da responsabilidade civil ranrdação
à responsabilidade criminal)

A isenção de responsabilidade criminal não envolve a de


responsabilidade civil, quando tenha lugar.

ARTIGO 52." (Regra da


responsabilidade criminal)

Têm responsabilidade criminal todos os agentes de factos


puníveis, em que não concorrer alguma circunstância dirimente dessa
responsabilidade, nos termos do artigo 41.° e subsequentes, salvas as
excepções expressas nas leis.

ARTIGO 53.° (Aplicação da lei


penal no espaço)

A lei penal é aplicável, não havendo tratado em contrário:

1 •° -— A todas as infracções cometidas em território angolano,


qualquer que seja a nacionalidade do infractor;
26

2.° — Aos crimes praticados a bordo de navio angolano em mstr


alto, de navio de guerra angolano surto em porto estrangeiro, ou de
navio mercante angolano surto em porto estrangeiro, quando os
delitos tiverem lugar entre gente da tripulação somente, e não
houverem perturbado a tranquilidade do porto;
3." — Aos crimes cometidos por angolano em país estrangeiro
contra a segurança interior ou exterior do Estado, de falsificação de
selos públicos, de moedas angolanas, de papéis de crédito público ou
de notas do banco nacional, de companhias ou estabelecimentos
legalmente autorizados para a emissão das mesmas notas, não tendo
os criminosos sido julgados no país onde delinquiram;
4.° — Aos estrangeiros que cometerem qualquer destes crimes
uma vez que compareçam em território angolano, ou se possa obter a
entrega deles;
5.° — A qualquer outro crime ou delito cometido por angolano
em país estrangeiro, verificando-se os seguintes requisitos:

a) Sendo o criminoso ou delinquente encontrado em


Angola;
b) Sendo o facto qualificado de crime ou delito, também
pela legislação do país onde foi praticado;
c) Não tendo o criminoso ou delinquente sido julgado no
país em que cometeu o crime ou delito.

§ 1.° — Exceptuam-se da regra estabelecida no n.° 1.° deste


artigo as infracções praticadas a bordo de navio de guerra estrangeiro
em porto ou mar territorial angolano, ou a bordo de navio mercante
estrangeiro, quando tiverem lugar entre gente da tripulação somente
e não perturbarem a tranquilidade do porto.
§ 2° — Quando aos delitos de que trata o n.° 5.° só forem
aplicáveis penas correccionais, o Ministério Público não promovera a
formação e julgamento do respectivo processo, sem que haja queixa
da parte ofendida ou participação oficial da autoridade do país onde
se cometeram os mencionados delitos.
§ 3.° _ Se nos casos dos n."" 3.° e 5." o criminoso ou delinquente,
havendo sido condenado no lugar do crime ou delito, se tive
subtraído ao cumprimento de toda a pena ou de parte dela, forinar-s á
novo processo perante os tribunais angolanos,que, se julgar^ provado
o crime ou delito, lhe aplicarão a pena correspondente p nossa
legislação, levando em conta ao réu a parte que já ti cumprido.
27

TÍTULO II
DAS PENAS E SEUS EFEITOS
E DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA

CAPÍTULO I DAS PENAS E


DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
ARTIGO 54.° (Penas e medidas de
segurança. Princípio da legalidade das reacções criminais)

Para prevenção e repressão dos crimes haverá penas e medidas


de segurança. Não poderão ser aplicadas penas ou medidas de
segurança, que não estejam decretadas na lei.
As penas e medidas de segurança são as que se declaram nos
artigos seguintes.

ARTIGO 55.° (Penas


maiores. Enumeração)

As penas maiores são:

1 " — A pena de prisão maior de vinte a vinte e quatro anos; 2.° — A


de prisão maior de de/asseis a vinte anos; 3-° — A de prisão maior de
doze a dezasseis anos; 4." — A de prisão maior de oito a doze anos;
5-° — A de prisão maior de dois a oito anos; ^° — A de suspensão
dos direitos políticos por tempo de quinze ou de vinte anos.

ARTIGO 56.° (Penas


correccionais)

As penas correccionais são:


2 o ___ .
■^ A pena de prisão de três dias a dois anos;
^•^ —A de desterro;
40 ^^ suspensão temporária de direitos políticos;
• "~-A de multa;
5." A de repreensão.
28

ARTIGO 57° (Penas especiais


para os empregados públicos)

As penas especiais para os empregados públicos são:

1." — A pena de demissão;


2° — A de suspensão; 3."
— A de censura.

ARTIGO 58° (Execução das


penas privativas de liberdade)

Na execução das penas privativas de liberdade ter-se-á em


vista,sem prejuízo da sua natureza repressiva,a regeneração dos
condenados, e a sua readaptação social.

ARTIGO 59 °
(Trabalho prisional)

Os condenados a penas privativas de liberdade são obrigados a


trabalhar na medida das suas forças e aptidões; o trabalho será
organizado de maneira a promover a regeneração e readaptação
social dos delinquentes, e a permitir-lhes a aprendizagem ou o
aperfeiçoamento dum mester ou ofício.

§ 1.° — O trabalho dos condenados em penas privativas de


liberdade terá lugar,em regra,em oficinas e explorações industriais ou
agrícolas próprias dos estabelecimentos prisionais. Poderá, porém,
nos termos estabelecidos em legislação especial, ser permitida a
ocupação dos condenados fora das prisões.
§ 2.° — O trabalho prisional é remunerado. O produto da
remuneração será aplicado em conformidade com os regulamentos,
de maneira a reforçar a consciência dos deveres morais, familiares e
sociais dos condenados, e a facilitar a sua readaptação à vida em
liberdade, após o cumprimento da pena.

ARTIGO 60.° (Suspensão dos


direitos políticos)

A pena fixa de suspensão dos direitos políticos consiste


incapacidade de tomar parte, por qualquer maneira, no exercício o
29

1 cimento do poder público e na incapacidade de exercer


"° ^-^^s públicas por tempo de quinze ou de vinte anos.
ARTIGO 61.° (Suspensão
temporária dos direitos políticos)

A suspensão temporária dos direitos políticos consiste na • cão do


exercício de todos ou de alguns dos direitos políticos por Spo não
menor de três anos nem excedente a doze.
ARTIGO 62.°
(Desterro)

A pena de desterro obriga o réu a permanecer em um lugar


determinado pela sentença ou a sair da comarca por espaço de tempo
de três meses a três anos.

ARTIGO 63.° '■"


(Multa)

A pena de multa consiste no pagamento:

a) De quantia determinada ou a fixar entre um mínimo e um


máximo declarados na lei;
b) De quantia proporcional aos proventos do condenado,
pelo tempo que a sentença fixar até dois anos, não sendo,
por dia, inferior a Kz. 2.00 nem superior a Kz. 40.00.

§ 1" — Os limites estabelecidos na alínea b) deste artigo serão


elevados ao triplo:

1-° — Se a infracção tiver sido cometida com fim de lucro; ^•° Se,
em virtude da situação económica do réu, dever reputar-se ineficaz a
multa dentro dos limites normais.

8 2. O quantitativo da pena de multa fixada em sentença não ^^8


?° ^'^''^^'^\'^" '^^ quaisquer adicionais.
^ . I^^ importância de todas as multas aplicadas em processo
P^nal, incluindo as resultantes de conversão da pena de prisão,
vertera metade para a Fazenda Nacional e metade para o Cofre Geral
de Justiça.

Redacção do Decreto-Lei n." 7/00, de 3 de Novembro


30

ARTIGO 64.°
(Repreensão)

A pena de repreensão obriga o condenado a comparecer em


audiência pública do juízo respectivo para aí ser repreendido.

ARTIGO 65.°
(Demissão)

A pena de demissão ou perda de emprego pode ser com


declaração de incapacidade para tomar a servir qualquer emprego, ou
sem essa declaração.

§ único — Pronunciar-se-á sempre a demissão do empregado


público quando este, fora do exercício das suas funções, for
encobridor de coisa furtada ou roubada, ou cometer o crime doloso
de falsidade, ou o de furto,de roubo, de burla, de quebra fraudulenta,
de abuso de confiança, de fogo posto, e que a pena decretada na lei
seja a prisão,nos casos em que o Ministério Público acusa,
independentemente de denúncia ou acusação particular.

ARTIGO 66.° (Suspensão do


exercício do emprego e censura)

A suspensão do exercício do emprego terá a duração de três


meses a três anos.

§ único — A pena de censura dos empregados públicos pode ser


ou simples, ou severa,com as formalidades decretadas na respectiva
lei disciplinar.

ARTIGO 67.° (Delinquentes


perigosos. Prorrogação da pena)

As penas de prisão e de prisão maior aplicadas a delinquentes de


difícil correcção poderão ser prorrogadas por dois períodos
sucessivos de três anos, quando se mantenha o estado de
perigosidade, verificando-se que o condenado não tem idoneidade
para seguir vida honesta.
Consideram-se delinquentes de difícil correcção os delinquentes
habituais e por tendência.
31

K 1 o _ São delinquentes habituais:

l o __ Qs que,tendo sido condenados por crimes dolosos da


mesma natureza duas ou mais vezes em pena de prisão maior,
reincidirem pela segunda vez cometendo novo crime a que caiba
também pena maior;
2° __ Os que,tendo sido condenados por crimes dolosos da
mesma natureza em penas de prisão ou prisão maior três vezes ou
mais num total de cinco anos, reincidirem pela terceira vez
cometendo novo crime a que caiba também pena daquelas espécies;
3.° — Todos aqueles de quem se prove haverem já praticado,pelo
menos,três crimes dolosos, consumados,frustrados ou tentados,a que
corresponda prisão maior,ou quatro desses crimes a que corresponda
prisão ou prisão maior e que, atenta a sua espécie e gravidade, o fim
ou motivos determinantes, as circunstâncias em que foram cometidos
e o comportamento ou género de vida do criminoso, revelem o hábito
de delinquir.

§ 2." — São considerados delinquentes por tendência os que, não


estando compreendidos nas categorias enunciadas no parágrafo
anterior,cometerem um crime doloso, consumado,frustrado ou
tentado, de homicídio ou de ofensas corporais, a que corresponda
pena maior, e que, atentos o fim ou motivos determinantes, os meios
empregados e mais circunstâncias, e o seu comportamento anterior,
contemporâneo ou posterior ao crime, revelem perversão e malvadez
que os faça considerar gravemente perigosos.

ARTIGO 68." (Delinquentes


anormais perigosos)

Aos delinquentes imputáveis, criminalmente perigosos em razão


e anomalia mental, anterior à condenação ou sobrevinda após esta,
poderá a pena de prisão ou de prisão maior em que tenham sido
condenados ser prorrogada por dois períodos sucessivos de três anos,
quando se mantiver o estado de perigosidade criminal resultante de
malia mental. Se após as prorrogações a perigosidade do recluso
e mantiver, poderá ser-lhe aplicada a medida de segurança do n° 1°
do artigo 70.°. e> v

f ^^^ ' Os dementes inimputáveis que tenham cometido um


previsto na lei penal,a que corresponda pena de prisão por mais
32

de seis meses, e que pela natureza da afecção mental devam ser


considerados criminalmente perigosos, mormente em razão da
tendência para perpetração de actos de violência, serão internados em
manicómios criminais. O internamento cessará, quando o tribunal
verificar a cessação do estado de perigosidade criminal resultante da
afecção mental.

Quando o facto cometido pelo demente irresponsável consista em


homicídio, ofensas corporais graves ou outro acto de violência,
punível com pena maior, e se verifique a probabilidade de
perpetração de novos factos igualmente violentos ou agressivos, o
internamento em manicómio criminal terá a duração mínima de três
anos.

ARTIGO 69.°
(Menores imputáveis)

Os delinquentes menores de 21 anos e maiores de 16 cumprirão


as penas ou medidas de segurança privativas de liberdade, com o fim
especial de educação, em prisão-escola ou em estabelecimento
prisional comum, mas neste caso, separados dos demais
delinquentes.

§ 1.° — Aos delinquentes menores de difícil correcção só poderá


ser prorrogada a pena por dois períodos sucessivos de dois anos.
§ 2.° — Os maiores de 16 anos e menores de 18, com bons
antecedentes, condenados pela primeira vez a pena de prisão ou à
medida de segurança do n." 2 do artigo 70.°, poderão ser internados
em um instituto de reeducação pelo tempo de duração da pena ou
medida de segurança. Se, durante o internamento, se mostrar
inadequado o regime dos institutos de reeducação, o tribunal
competente ordenará a transferência do menor para uma prisão-escola
ou estabelecimento prisional comum.
§ 3.° — Poderá ser concedida a liberdade condicional aos
delinquentes menores quando, tendo completado 25 anos, se mostrem
corrigidos, ainda que não tenham cumprido metade da pena.

ARTIGO 70.° (Medidas


de segurança)

São medidas de segurança:


33

,o _ o internamento em manicómio criminal;


20 _ o internamento em casa de trabalho ou colónia agrícola;
30 _ A liberdade vigiada;
40 _ A caução de boa conduta;
30 _ A interdição do exercício de profissão.

s j o __ o internamento em manicómio criminal de delinquentes


perigosos será ordenado na decisão que declarar irresponsável e
perigoso o delinquente nos termos do § único do artigo 68.°.
§2.° __ O internamento em casa de trabalho ou colónia agrícola
estende-se por período indeterminado de seis meses a três anos. Este
regime considera-se extensivo a quaisquer medidas de internamento,
previstas em legislação especial.
§ 30 — A liberdade vigiada será estabelecida pelo prazo de dois
a cinco anos e implica o cumprimento das obrigações que sejam
impostas por decisão judicial nos termos do artigo 121.°.

Na falta de cumprimento das condições de liberdade vigiada


poderá ser alterado o seu condicionamento ou substituída a liberdade
vigiada por internamento em casa de trabalho ou colónia agrícola por
período indeterminado mas não superior,no seu máximo, ao prazo de
liberdade vigiada ainda não cumprido.

§ 4.° — A caução de boa conduta será prestada por depósito da


quantia que o juiz íixar, pelo prazo de dois a cinco anos.

Se não puder ser prestada caução, será esta substituída por


liberdade vigiada pelo mesmo prazo.
A caução será perdida a favor do Cofre Geral dos Tribunais se
aquele que a tiver prestado tiver comportamento incompatível com
as obngações caucionadas, dentro do prazo que for estabelecido ou
se, no mesmo prazo, der causa à aplicação de outra medida de
segurança.

, . interdição duma profissão, mester,indústria ou


rcio priva o condenado de capacidade para o exercício de
sao, mester, indústria ou comércio, para os quais seja
^ ssana habilitação especial ou autorização oficial. A interdição
P ícada pelo tribunal sempre que haja lugar a condenação em
34

pena de prisão maior ou prisão por mais de seis meses por crimes
dolosos cometidos no exercício ou com abuso de profissão, mester
indústria ou comércio, ou com violação grave dos deveres
correspondentes.

A duração da interdição será fixada na sentença, entre o mínimo


de um mês e o máximo de dez anos. Quando o crime perpetrado for
punível com prisão, a duração máxima da interdição é de dois anos
O prazo da interdição conta-se a partir do termo da pena de
prisão. O tribunal poderá, decorrido metade do tempo da interdição e
mediante prova convincente da conveniência da cessação da
interdição, substituí-la por caução de boa conduta.
O exercício de profissão, mester, comércio ou indústria interditos
por decisão judicial é punível com prisão até um ano.

ARTIGO 71.° (Aplicação de medidas


de segurança)

São aplicáveis medidas de segurança:

1.° — Aos vadios, considerando-se como tais os indivíduos de


mais de dezasseis anos e menos de sessenta que, sem terem
rendimentos com que provejam ao seu sustento, não exercitem
habitualmente alguma profissão ou mester em que ganhem
efectivamente a sua vida e não provem necessidade de força maior
que os justifique de se acharem nessas circunstâncias.
2° — Aos indivíduos aptos a ganharem a sua vida pelo trabalho,
que se dediquem,injustificadamente, à mendicidade ou explorem a
mendicidade alheia.
3.° — Aos rufiões que vivam total ou parcialmente a expensas de
mulheres prostituídas.
4." — Aos que se entreguem habitualmente à prática de vícios
contra a natureza.
5." — Às prostitutas que sejam causa de escândalo público ou
desobedeçam continuadamente às prescrições policiais.
6.° — Aos que mantenham ou dirijam casas de prostituição ou
habitualmente frequentadas por prostitutas, quando desobedeçam
repetidamente às prescrições regulamentares e policiais.
1.° — Aos que favoreçam ou excitem habitualmente a
depravação ou corrupção de menores, ou se dediquem ao aliciamento
35

tituição, ainda que não tenham sido condenados por quaisquer


factos dessa natureza.
g o _ j^os indivíduos suspeitos de adquirirem usualmente ou
ervirem de intermediários na aquisição ou venda de objectos
furtados, ou produto de crimes, ainda que não tenham sido
condenados por receptadores, se não tiverem cumprido as
determinações legais ou instruções policiais destinadas à fiscalização
dos receptadores.
go _ y^ todos os que tiverem sido condenados por crimes de
associação de malfeitores ou por crime cometido por associação de
malfeitores, quadrilha ou bando organizado.

§ 1.° — O internamento, nos termos do n.° 2° e § 2° do artigo


70.°, só poderá ter lugar pela primeira vez quanto aos indivíduos
indicadosnosn.-l.°,2.'',7.°e9.°.

Aos indivíduos indicados nos n.'"' 3.°, 4.°, 5.°, 6." e 8." será
imposta, pela primeira vez,a caução de boa conduta ou a liberdade
vigiada e, pela segunda vez, a liberdade vigiada com caução elevada
ao dobro, ou o internamento.

§ 2° — Os delinquentes que forem alcoólicos habituais e


predispostos pelo alcoolismo para a prática de crimes, ou abusem de
estupefacientes, poderão cumprir a pena em que tiverem sido
condenados e ser internados após esse cumprimento em
estabelecimento especial, em prisão-asilo ou em casa de trabalho ou
colónia agrícola por período de seis meses a três anos.

O internamento só pode ser ordenado na sentença que tiver


condenado o delinquente.

^ ^- Em relação aos estrangeiros, as medidas de segurança


poderão ser substituídas pela expulsão do território nacional.
■ ^ aplicação de medidas de segurança que não devam ser
postas em processo penal conjuntamente com a pena aplicável a
quer crime ou em consequência da inimputabilidade do
quente,e bem assim a prorrogação e substituição de medidas de
^^^' ^^^ lugar em processo de segurança ou complementar,
ermos da respectiva legislação processual.
36

ARTIGO 72." (Alteração do estado


de perigosidade)

A alteração do estado de perigosidade,determinante da


prorrogação das penas ou de aplicação de medidas de segurança,tem
por efeito a substituição dessas penas ou medidas de segurança por
outras correspondentes à natureza da alteração,nos termos seguintes-

1." — Poderá ser substituída a prorrogação da pena aos


delinquentes de difícil correcção pela prorrogação da pena como
anormais perigosos, bem como a prorrogação da pena de anormais
perigosos pela prorrogação da pena como delinquentes de difícil
correcção, em consequência da alteração da classificação anterior
dos reclusos ou por se demonstrar praticamente mais eficaz a
sujeição a regime diverso do inicialmente determinado;
1° — Poderá ser aplicada a medida de segurança do n.° 1.° do
artigo 70.° aos delinquentes a quem tenha sobrevindo anomalia
mental durante a execução da pena, ou aos delinquentes anormais
perigosos, nos termos da parte final do corpo do artigo 68.°;
3.° — A prorrogação das penas aplicadas a delinquentes de difícil
correcção ou anormais perigosos poderá, nos casos que
especialmente o justifiquem, ser substituída por qualquer das
medidas de segurança previstas nos n."" 3.° e 4.° do artigo 70.°;
4.° — As medidas de segurança não privativas de liberdade
podem ser reduzidas na sua duração quando tal redução se mostre
conveniente para a readaptação social do condenado e já tiver
decorrido metade do prazo fixado pela sentença condenatória;
5.° — Poderão, em geral, as medidas de segurança mais graves
ser substituídas, durante a execução,por medidas de segurança menos
graves, que se mostrem adequadas à readaptação social dos
delinquentes.

ARTIGO73.°
(Limite da duração total das penas e medidas de segurança privativas
de liberdade)

A duração total das penas e medidas de segurança privativas


liberdade aplicadas cumulativamente a um delinquente não po
exceder trinta anos.
37

CAPÍTULO II DOS
EFEITOS DAS PENAS
ARTIGO 74.° (Efeitos da
condenação. Limitação)

A condenação do criminoso, logo que passe em julgado, tem


unicamente os efeitos declarados nos artigos seguintes.

ARTIGO 75.° (Efeitos


não penais da condenação)

O réu definitivamente condenado, qualquer que seja a pena,


incorre:

1.° — Na perda, a favor do Estado, dos instrumentos do crime,


não tendo o ofendido, ou terceira pessoa, direito à sua restituição;
2." — Na obrigação de restituir ao ofendido as coisas de que pelo
crime o tiver privado, ou de pagar-lhe o seu valor legalmente
verificado, se a restituição não for possível, e o ofendido ou os seus
herdeiros requererem esse pagamento;
3.° — Na obrigação de indemnizar o ofendido do dano causado, e
o ofendido ou os seus herdeiros requeiram a indemnização;
4.° — Na obrigação de pagar as custas do processo e as despesas
de expiação.

ARTIGO 76.° -
(Efeitos da condenação em pena maior)

O réu definitivamente condenado a qualquer pena maior,incorre:

• Na perda de qualquer emprego ou funções públicas,


ignidades, títulos, nobreza ou condecorações;
■ ■ Na incapacidade de eleger, ser eleito ou nomeado para
quaisquer funções públicas;
Q ' ' ^^ de ser tutor,curador, procurador em negócios de justiça,
"lembro do conselho de família.

ejjj- ^ ^^^ — A incapacidade de que trata o n.° 3.°, cessa com a V


o da pena, salvo disposição especial da lei.
38

ARTIGO 77°
(Efeitos da condenação em pena de prisão correccional, suspensão temporári
dos direitos políticos ou desterro)

O réu definitivamente condenado a pena de prisão, de suspensão


temporária de direitos políticos ou de desterro, incorre:

1.° — Na suspensão de qualquer emprego ou funções públicas-2° —


Nas incapacidades estabelecidas nos n.°' 2° e 3.° do artigo
precedente.

§ 1.° — As incapacidades e a suspensão decretadas neste artigo


cessam, ipso facto, pela extinção da pena que as produziu, salvo o
disposto no § 2° e no artigo 78.°.
§ 2° — Os condenados em qualquer pena pelo crime de
lenocínio ficam definitivamente incapazes de exercer o poder
paternal ou a tutela.

ARTIGO 78.° (Impossibilidade de


provimento em emprego público)

Não poderá ser provido em qualquer emprego público:

1.° — Aquele que tiver sido condenado em pena de prisão por


furto, roubo, abuso de confiança, burla, quebra fraudulenta,
falsidade, fogo posto ou por crime cometido na qualidade de
empregado público no exercício das suas funções, desde que se trate
de crimes dolosos, bem como o que tiver sido declarado delinquente
de difícil correcção;
2° — Aquele a quem tiver sido aplicada pena de prisão por
outras infracções ou de multa por infracções com carácter de delito
doloso contra a economia ou a saúde pública, salvo estando
reabilitado.

ARTIGO 79.° (Princípio da


legalidade na suspensão de direitos)

Fora do caso de suspensão do exercício de todos os direi


políticos, a suspensão das honras e das distinções da nobreza,do de
qualquer condecoração, do direito de trazer arribas, do de ensi
39

A- Vir ou concorrer na direcção de qualquer estabelecimento de


"^ ão da capacidade de ser tutor ou curador ou membro de ^T m
conselho de família, de ser procurador em juízo, de ser ^ t raunha em
qualquer acto solene e autêntico, e bem assim a uspensão do
exercício de profissão que exija título, só terá lugar quando a lei
expressamente o declarar.
ARTIGO 80.° (Conteúdo da pena de
suspensão temporária dos direitos políticos)

A suspensão de qualquer dos direitos políticos por tempo


determinado produz, quanto aos empregados públicos, a suspensão
do exercício do emprego por tanto tempo quanto aquela durar.

ARTIGO 81." (Conteúdo da pena


de demissão)

O condenado à pena de demissão de emprego, incorre:

1." — Na incapacidade de tomar a servir o mesmo emprego; 2.° —


Na perda do direito de se jubilar, aposentar ou reformar, por serviços
públicos anteriores à condenação.

ARTIGO 82.°'
(Penas eclesiásticas)

As penas eclesiásticas não produzem efeito algum civil.

ARTIGO 83.° (Efeitos das penas.


Produção ope legis)

^^ s efeitos das penas têm lugar em virtude da lei,


pendentemente de declaração alguma na sentença condenatória.

go não faz sentido e é desnecessário face ao disposto no artigo 74.'


40

TITULO III DA APLICAÇÃO


E EXECUÇÃO DAS PENAS

CAPÍTULO I DA APLICAÇÃO
DAS PENAS EM GERAL

ARTIGO 84.°
(Medida da pena)

A aplicação das penas, entre os limites fixados na lei para cada


uma, depende da culpabilidade do delinquente, tendo-se em atenção
a gravidade do facto criminoso, os seus resultados, a intensidade do
dolo ou grau da culpa, ou motivos do crime e a personalidade do
delinquente.

§ único — Na fixação da pena de multa, atender-se-á sempre à


situação económica do condenado, de maneira que o seu
quantitativo, dentro dos limites legais, constitua pena correspondente
à culpabilidade do delinquente.

ARTIGO 85.° (Substituição das


penas. Princípio da legalidade)

Nenhuma pena poderá ser substituída por outra, salvo nos casos
em que a lei o autorizar.

ARTIGO 86.° (Substituição da


prisão por multa)

A pena de prisão aplicada em medida não superior a seis meses


poderá ser sempre substituída por multa correspondente.

§ 1.° — A substituição da pena de prisão pela de multa far-se-


segundo o critério estabelecido na alínea b) do artigo 63.° ^
parágrafos do mesmo artigo. .
§ 2.° — Se a infracção for punida com pena de prisão ate s ^^
meses e multa, o tribunal que decidir a substituição da pena de po
aplicará uma só multa, equivalente á soma da multa directatn^
cominada e da resultante da conversão da prisão.
41

ARTIGO 87° (Pessoalidade da


pena de multa)

Guando a lei decretar a pena de multa, se a infracção for cometida


r vários réus, a cada um deles deve ser imposta essa pena.

8 único __ A obrigação de pagar a multa só passa aos herdeiros


do condenado se em vida deste a sentença de condenação tiver
passado em julgado.
ARTIGO 88.° (Suspensão da execução
da pena. Pressupostos e fundamentação)

Em caso de condenação a pena de prisão, ou de multa, ou de


prisão e multa, o juiz, tendo ponderado o grau de culpabilidade e
comportamento moral do delinquente e as circunstâncias da
infracção, poderá declarar suspensa a execução da pena, se o réu não
tiver ainda sofrido condenação em pena de prisão. A sentença
indicará os motivos da suspensão da pena,

§ 1." — O tempo de suspensão não será inferior a dois anos, nem


superior a cinco, e contar-se-á desde a data da sentença em que tiver
sido consignada.
§ 2.° — A suspensão pode ser subordinada ao cumprimento de
obrigações similares às que acompanham a liberdade condicional.

ARTIGO 89.°
(Pena suspensa. Caducidade da suspensão, sua revogação e alteração
do condicionamento da condenação)

Se decorrer o tempo da suspensão sem que o réu tenha


perpetrado outro crime da mesma natureza daquele por que foi
condenado ou qualquer crime doloso pelo qual venha a ser
condenado em pena privativa de liberdade, ou infringido as
ngações impostas, a sentença deverá considerar-se de nenhum

81o ^,
pen " ^^^*^ ^^ nova condenação,o juiz acumulará a primeira
prei H' ^^^""^^'^^i^ que todavia se confundam na execução,nem se
de r ■ -^^ ^^ regras estabelecidas para a aplicação da pena no caso
eincidência ou sucessão de crimes.
42

§ 2° — No caso de infracção das obrigações impostas, poderá


juiz revogar a suspensão, ordenando a execução da pena, alterar o
manter o condicionamento da condenação.

ARTIGO 90.° (Substituição da pena de


suspensão dos direitos políticos)

Quando algum indivíduo que não tenha ou não exerça direitos


políticos, cometer algum crime, se a pena decretada pela lei for a
pena fixa de suspensão dos direitos políticos pelo tempo de quinze
ou de vinte anos, será substituída pela de prisão. Se for a de
suspensão temporária do exercício de todos ou de alguns desses
direitos, será substituída pela de prisão até um ano.

CAPITULOU
DA APLICAÇÃO DAS PENAS QUANDO
HÁ CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES
OU ATENUANTES

ARTIGO 91° (Agravação e


atenuação geral das penas maiores)

Se nos casos em que forem aplicáveis penas maiores


concorrerem circunstâncias agravantes ou atenuantes, as quais não
sejam consideradas especial e expressamente na lei para qualificar a
maior ou menor gravidade do crime, determinando a pena
correspondente, observar-se-á, segundo a maior ou menor influência
na culpabilidade do criminoso, o disposto nos números seguintes:

1." — As penas dos n.°^ 1.°, 2°, 3.°e4.°do artigo 55.°agravam-se


e atenuam-se, quanto à duração, dentro do máximo e mínimo das
mesmas penas. Poderá, no entanto, reduzir-se de dois anos o linute
mínimo normal das penas referidas;
2° — A pena do n.° 5.° do arfigo 55.° agrava-se e atenua-se,
quanto à duração, dentro dos seus limites legais;
3.° — A pena de suspensão dos direitos políticos por tempo
quinze ou vinte anos agrava-se com a pena de multa até dois anos
atenua-se com a redução da sua duração a dez ou quinze anos.
43

ARTIGO 92."
(Agravação e atenuação das penas de prisão, desterro e suspensão
temporária dos direitos políticos)

As penas de prisão e de desterro agravam-se e atenuam-se, f


ando a sua duração entre os limites que a lei determinar para a
infracção.
S único _ A pena de suspensão temporária dos direitos políticos
gradua-se entre o máximo e o mínimo legais, mas poderá reduzir-se a
sua duração a dois anos.

ARTIGO 93.°
(Agravação extraordinária das penas quanto aos delinquentes habituais
e por tendência)

Haverá lugar a agravação extraordinária das penas quanto aos


delinquentes habituais e por tendência, nos termos seguintes:

1.° — Os limites máximo e mínimo das penas de prisão maior,


serão aumentados de um quarto da sua duração;
2.° — A pena de prisão será aumentada de metade nos seus
limites mínimo e máximo, não podendo ser inferior a um mês.

ARTIGO 94.° (Atenuação


extraordinária das penas)

Poderão extraordinariamente os juízes, considerando o especial


valor das circunstâncias atenuantes:
1- Substituir as penas de prisão maior mais graves pelas menos
graves;
^;° 7~ Reduzir a um ano a pena do n.° 5° do artigo 55.° ou
substituí-la por prisão não inferior a um ano;
, Substituir a pena fixa de suspensão dos direitos políticos
peia de suspensão temporária de direitos políticos;
,.■ Reduzir o mínimo especial da pena de prisão ao seu de
"ii^ S®'"^!' ou substituir a pena de prisão pela de desterro ou pela

arti T~ o ^^^'-^^'" qualquer das penas correccionais indicadas no


derr j ' ^^^^ *^^ multa ou aplicar somente esta quando for
ecretadajuntamente com outra;
44

6.° — Substituir as penas especiais para empregados púbii mais


graves pelas menos graves.

ARTIGO 95.° (Concurso


simultâneo de agravantes e atenuantes)

Concorrendo simultaneamente circunstâncias agravantes e


circunstâncias atenuantes, conforme umas ou outras predominarem
será agravada ou atenuada a pena.

ARTIGO 96.° (Circunstâncias agravantes


qualificativas)

Quando uma circunstância qualifique a maior ou menor


gravidade de um crime, determinando especialmente a medida da
pena, é em relação à pena fixada em razão da qualificação que se
estabelece a agravação ou atenuação resultante do concurso doutras
circunstâncias.

§ único — No concurso de circunstâncias qualificativas que


agravam a pena do crime em medida especial e expressamente
considerada na lei, só terá lugar a agravação resultante da
circunstância qualificativa mais grave, apreciando-se as demais
circunstâncias dessa espécie como se fossem de carácter geral.

ARTIGO 97.° (Gravidade


relativa das penas)

A gravidade das penas considera-se, em geral, segundo a ordem


de precedência por que vêm enumeradas nos artigos 55.°, 56.° e 57. •

ARTIGO 98.° (Equivalência entre as


penas de desterro, prisão e prisão maior)

Quando, para qualquer efeito jurídico, se deva fazer equivalência


entre a duração de penas de espécies diferentes, far-se-corresponder a
pena de desterro a dois terços da pena de prisão e e a dois terços da
pena de prisão maior.
45

ARTIGO 99." (Equivalência


entre as penas de multa e de prisão)

A equivalência entre a pena de multa e a de prisão, quando 1


directamente não corresponda a certo tempo de duração, faz-
^'^tendo em atenção o critério estabelecido no § único do artigo 123.°
para conversão da multa em prisão.

CAPÍTULO III
DA APLICAÇÃO DAS PENAS, NOS CASOS
DE REINCIDÊNCIA, SUCESSÃO,
ACUMULAÇÃO DE CRIMES, CUMPLICIDADE,
DELITO FRUSTRADO E TENTATIVA
ARTIGO 100."
(Aplicação da pena no caso de reincidência)

No caso de reincidência observar-se-á o seguinte:

1.° — Se a pena aplicável for de prisão maior, a agravação


correspondente à reincidência será igual a metade da diferença entre
os limites máximo e mínimo da pena. A medida da agravação poderá,
no entanto, ser reduzida, se as circunstâncias relativas à
personalidade do delinquente o aconselharem, a um aumento igual à
duração da pena aplicada na condenação anterior.

A medida da pena será ainda elevada com metade do aumento


assim determinado, no caso de segunda reincidência;

àe a pena aplicável for de prisão, a agravação consistirá


aumentar o máximo e mínimo da pena de metade da duração
máxima da pena aplicável.

ARTIGO 101." (Aplicação da


pena no caso de sucessão de crimes)

a CO H ^° sucessão de crimes,se for aplicável prisão maior, e se


Çao anterior tiver sido também em prisão maior, observar-
46

se-á a regra estabelecida para a primeira reincidência, no n." 1.° do


artigo antecedente.

§ único — nos demais casos de sucessão de crimes, agravar-se-á


a pena segundo as regras gerais.

ARTIGO 102.° (Pena aplicável no


caso de acumulação de infracções)

A acumulação de crimes será punida segundo as seguintes regras


gerais:

1.° — No concurso de crimes puníveis com a mesma pena, será


aplicada a pena imediatamente superior,se aquela for alguma das
indicadas nos n.os 2.°, 3.° e 4." do artigo 55.°; se for qualquer outra
pena, com excepção da do n.° 1.° do artigo 55.°, aplicar-se-á a mesma
pena agravada em medida não inferior a metade da sua duração
máxima;
2.° — Quando os crimes sejam puníveis com penas diferentes,
será aplicada a pena mais grave, agravada segundo as regras gerais,
em atenção à acumulação de crimes. O mesmo se observará quando
uma das penas for a do n.° 1.° do artigo 55.°.

§ 1.° — Exceptuam-se do disposto neste artigo a pena ou penas


de multa, que serão sempre acumuladas com as outras penas.
§ 2.° — O cúmulo das penas, nos termos deste artigo, far-se-á
sem prejuízo da indicação na sentença condenatória da pena
correspondente a cada crime. Em nenhum caso, a pena íinica poderá
exceder a soma das penas aplicadas.

ARTIGO 103.° (Pena


dos cúmplices)

A pena dos cúmplices do crime consumado será a mesma que


caberia aos autores do crime frustrado.
A dos cúmplices do crime frustrado a mesma que caberia aos
autores da tentativa desse crime.
A dos cúmplices de tentativa a mesma que, reduzida ao mínimo,
caberia aos autores daquela.
47

ARTIGO 104.° (Pena aplicável no


caso de crime frustrado)

No caso de crime frustrado observar-se-ão as seguintes regras:

1." — Se as penas aplicáveis, supondo-se consumado o crime,


fossem quaisquer das penas designadas nos n.°' 1.°, 2.°, 3.° e 4.° do
artigo 55.°, serão aplicadas respectivamente as penas imediatamente
inferiores;
2." — Se a de prisão maior de dois a oito anos, ou nos casos
especiais declarados na lei, qualquer pena correccional, o máximo da
pena aplicável será reduzido a metade da sua duração máxima.

ARTIGO 105." (Pena aplicável aos


autores de tentativa)

Aos autores de tentativa será aplicada a mesma pena que caberia


aos autores de crime frustrado, se nele tivessem intervindo
circunstâncias atenuantes.

CAPITULO IV
DA APLICAÇÃO DAS PENAS EM ALGUNS
CASOS ESPECIAIS

ARTIGO 106.°'" (Pena


aplicável ao encobridor)

O encobridor será punido nos termos seguintes:

1° — Se ao crime for aplicável qualquer pena maior, com a


excepção da indicada no n.° 5.° do artigo 55.°, ser-lhe-á aplicada pena
de prisão;

Conforme já foi referido na nota n.° 2 referente ao artigo 23.° da presente edição do Código
Penal, o artigo 46.° da Lei n.° 9/89, de 11 de Dezembro, criou o crime de receptação, que
cabe no âmbito mais vasto do encobrimento real definido pelo n.° 4.° do artigo 23.° e, em
relação ao referido crime, segundo o artigo 47.° da citada Lei, "revogou" o artigo 106.° do
Código Penal, estatuindo de forma diferente. Aquele diploma foi substituído pela Lei 6/96,
de 3 de Setembro (v. art.° 30.°)
_ 48

2." — Se for a pena maior do n.° 5° do artigo 55.°, ser-lhe-á


aplicada a de prisão por seis meses a um ano;
3.° — Se for a pena de prisão, ser-lhe-á aplicada a mesma pena,
atenuada e nunca superior a três meses.

ARTIGO 107.° (Pena aplicável


aos menores de vinte e um anos)

Se o criminoso for menor de vinte e um anos ao tempo da


perpetração do crime, nunca lhe será aplicada pena mais grave do
que a do n.° 3.° do artigo 55.°.

ARTIGO 108.° (Pena aplicável


aos menores de dezoito anos)

Se o criminoso tiver menos de dezoito anos ao tempo da


perpetração do crime, nunca lhe será aplicada pena mais grave do
que a do n.° 5.° do artigo 55.°.

ARTIGO 109.°" (Tratamento dos


menores inimputáveis em razão da idade)

Os menores de dezasseis anos estão sujeitos à jurisdição dos


tribunais de menores e, em relação a eles, só podem ser tomadas
medidas de assistência, educação ou correcção previstas na
legislação especial.

ARTIGO 110.° (Punibilidade


dos crimes culposos)

Os crimes meramente culposos só são punidos nos casos


especiais declarados na lei. A estes crimes nunca serão aplicáveis
penas superiores à prisão e multa correspondente.

" - Redacção introduzida pelo Decreto-Lei n.° 39 688, de 5 de Junho de 1954. Ver notas 3, 4,
5, 7, 8. Imputabilidade e inimputabilidade em razão da idade, Organização Tutelar de
Menores, Instituto da Assistência Jurisdicional de Menores, etc...
49

ARTIGO 111.° (Punição do agente com privação


voluntária e acidental da inteligência)

O disposto no artigo antecedente é extensivo aos criminosos em


que concorrer alguma das circunstâncias especificadas no artigo 50.°.

ARTIGO 112.° (Ressalva dos casos


especiais punidos com pena determinada)

As disposições dos artigos 100.°, 101.°,102.°, 103.°, 104.°, 105.° e


106.° entendem-se, salvos os casos especiais em que a lei decretar
pena determinada.

CAPITULO V
DA EXECUÇÃO DAS PENAS
E MEDIDAS DE SEGURANÇA

ARTIGO 113.° .
(Pessoalidade das penas)

As penas não passarão em caso algum da pessoa do delinquente

ARTIGO 114.° (Impossibilidade de prisão por


falta de pagamento de imposto de justiça,
custas e selo)

Não haverá prisão por falta de pagamento de imposto de justiça,


custas ou selos.

ARTIGO 115.°
(Fundamento das sanções criminais e medidas de segurança
que podem ser aplicadas provisoriamente)

A execução das penas ou medidas de segurança funda-se


exclusivamente em sentença passada em julgamento.

§ único — Só podem ser aplicadas provisoriamente as medidas


de segurança de internamento em manicómio criminal, de liberdade
vigiada e de interdição do exercício de profissão.
50

ARTIGO 116."
(Infdo do OHnprimento das penas e medidas de segurança
privativas da liberdade)

A execução das penas e medidas de segurança privativas de


liberdade inicia-se no dia em que passar em julgado a sentença
condenatória sempre que o condenado se encontre preso.

§ único — O início da execução das penas e medidas de


segurança privativas de liberdade será diferido;

1.° — Nos casos previstos nos artigos 304.° e 305.° do Código de


Processo Penal;
2.° — Se o condenado enlouquecer depois da condenação, até
que recobre a integridade mental, salvo no caso do n.° 1.° do artigo
70.°;
3.° — Durante os presumidos três últimos meses de gravidez
devidamente comprovada e até três meses depois do parto; mas, se a
condenação for em prisão maior, o juiz poderá ordenar o internamen-
to, sob custódia, em estabelecimento adequado;
4.° — Se o condenado tiver de cumprir primeiro outra pena.

ARTIGO 117.° (Desconto na duração


das penas e medidas de segurança)

Na duração das penas e medidas de segurança privativas de


liberdade levar-se-á em conta por inteiro:

1.° — A prisão preventiva, a partir da captura;


2.° — A prisão que houver sido cumprida em execução de
condenação por tribunal estrangeiro pelo mesmo crime;
3.° — O tempo de internamento hospitalar que suspenda a
execução da pena, se não tiver havido simulação;

§ 1.° — O tribunal que condenar em pena ou medida de


segurança privativa de liberdade ordenará o desconto da prisão
preventiva sofrida pela imputação de outro crime desde que este não
tenha sido cometido depois do termo daquela prisão.
§ 2.° — Na pena de multa descontar-se-á a prisão preventiva à
razão de um dia de multa por um dia de prisão, ou à razão de Kz.5.00
por dia se se tratar de pena de multa de quantia determinada. " *

' - Ver art.° 1°, n.° 2 do Decreto-Lei n.° 7/00, de 5 de Novembro.


51

Neste último caso, o quantitativo da multa descontado por dia de


prisão preventiva sofrida não será inferior à taxa diária de conversão
da multa em prisão, indicada no § único do artigo 123.°.
0 desconto da prisão preventiva na pena de multa só terá lugar
quando não possa ser aplicado a qualquer pena de prisão ou prisão
maior.
§ 3.° — Na pena de desterro descontar-se-á a prisão preventiva à
razão de três dias de desterro por dois de prisão.
§ 4." — Na interdição temporária do exercício de profissão
descontar-se-á o tempo da aplicação provisória.

ARTIGO 118.°
(Execução das penas)

Salvas as excepções previstas na lei, a execução das penas é


contínua.
A execução das penas e medidas de segurança privativas de
liberdade suspende-se:

1 ° — Por doença física ou mental que imponha internamento


hospitalar;
2.° — Por evasão do condenado e durante o tempo por que ele
andar fugido;
3.° — Por decisão do Tribunal Supremo, quando seja admitida a
revisão da sentença.

ARTIGO 119,° (Resgate das


penas de prisão por trabalho)

Aos condenados com exemplar comportamento na prisão, que


derem provas durante a execução da pena de grande aptidão para o
trabalho,poderá ser concedido,nos termos estabelecidos em
regulamento, o resgate parcial da pena de prisão ou prisão maior, até
^o limite de um dia de prisão por três dias de trabalho
particularmente pesado, efectuado com notável diligência ou de
excepcional importância, rendimento e perfeição.

§ único — A aprendizagem de um ofício ou mester, com


diligência e reconhecida aptidão, constitui motivo bastante para a
52

apresentação ao tribunal competente de proposta de cessação da


medida de internamento em casa de trabalho ou colónia agrícola, dos
indivíduos indicados nos n.°' 1." e 2° do artigo 71.°.

; ARTIGO120.°
(Liberdade condicional)

Os condenados a penas privativas de liberdade de duração


superior a seis meses poderão ser postos em liberdade condicional
pelo tempo que restar para o cumprimento da pena, quando tiverem
cumprido metade desta e mostrarem capacidade e vontade de se
adaptar à vida honesta.

ARTIGO 121.°
(Obrigações do libertado condicionalmente)

A decisão que conceder a liberdade condicional especificará as


obrigações que incumbem ao libertado e que podem variar segundo o
crime cometido, a personalidade do recluso, o ambiente em que
tenha vivido ou passe a viver, ou outras circunstâncias atendíveis.
E, assim, isolada ou cumulativamente, poderá ser-lhe imposto,
em geral:

1." — A reparação, por uma só vez ou em prestações, do dano


causado à vítima do crime;
2° — O exercício de uma profissão ou mester, ou o emprego em
determinado ofício, empresa ou obra;
3." — A proibição do exercício de determinados mesteres;
4.° — A interdição de residência, ou fixação de residência, em
determinado lugar ou região;
5.° — A aceitação da protecção e indicações das entidades às
quais for cometida a sua vigilância;
6.° — O cumprimento de deveres familiares específicos,
particularmente de assistência;
1° — A obrigação de não frequentar certos meios ou locais, ou
de não acompanhar pessoas suspeitas de má conduta;
8." — A obrigação de prestar caução de boa conduta.

§ 1.° — Em especial, poderá ser imposto:


^
53

a) Aos delinquentes anormais — a obrigação de se


submeterem ao tratamento médico que lhes for prescrito;
b) Aos delinquentes de difícil correcção — a obrigação de
darem entrada em estabelecimento adequado, para sua
ocupação em regime de meia liberdade, nos períodos em
que se encontrem desempregados;
c) Aos menores — a obediência às prescrições dos pais, da
família ou dos órgãos encarregados de os educar ou assistir.

§ 2° — As obrigações impostas podem ser alteradas quando


ocorram circunstâncias que o justifiquem.

ARTIGO 122.° (Revogação da


liberdade condicional)

Se o libertado condicionalmente cometer outro crime da mesma


natureza daquele por que foi condenado ou qualquer crime doloso
pelo qual venha a sofrer pena privativa de liberdade, a liberdade
condicional será revogada.
Se não tiver bom comportamento ou não cumprir alguma das
obrigações que lhe tenham sido impostas, a liberdade condicional
pode ser revogada ou alterado o seu condicionamento.
Quando revogada a liberdade condicional, o condenado terá de
completar o cumprimento da pena, não se descontando o tempo que
passou em Uberdade.

ARTIGO 123.° "*


(Conversão e substituição da pena de multa)

A pena de multa, na falta de bens suficientes e desembaraçados,


pode ser modificada na sua execução:

1 -^ — Pela conversão em prisão por tempo correspondente; 2°


— Pela substituição por prestação de trabalho.

§ único — Quando a multa for de quantia taxada pela lei, será


convertida em prisão à razão de Kz. 5.00 por dia, não excedendo a
sua duração dois anos no caso de multa aplicada por qualquer crime,

- Redacção do Decreto-I^i n.° 7/00, de 3 de Novembro.


54

seis meses no caso de multa aplicada a contravenções previstas nas


leis, e um mês no caso de multa aplicada a contravenções previstas
em regulamentos ou posturas.
A taxa diária de conversão da multa em prisão não será, porém,
inferior à que resultar da divisão do seu total pelo máximo do tempo
em que pode ser convertida a pena de multa.

ARTIGO 124.° (Cumprimento da


pena de multa por prestação de trabalho)

As penas de multa, quer directamente aplicadas como tais, quer


resultantes da substituição de penas de prisão, poderão ser cumpridas
por meio da prestação de trabalho em qualquer mester ou ofício, em
obras públicas, serviços ou oficinas do Estado e dos corpos
administrativos, ou em obras, serviços ou oficinas de entidades
particulares, nos termos e condições constantes da lei.

§ 1.° — No caso de substituição da multa por prestação de


trabalho, por cada dia de trabalho fica resgatada a parte da multa
equivalente à importância descontada na remuneração do condenado.
§ 2.° — Tratando-se de pena de multa fixada por certa duração de
tempo, ou de pena de prisão substituída por multa, considerar-se-á
resgatado um dia de multa com a entrega de metade da remuneração
de cada dia de trabalho.

CAPITULO VI
DA EXTINÇÃO
DA RESPONSABILIDADE CRIMINAL
ARTIGO 125.° (Extinção do procedimento
criminal, das penas e das medidas de segurança)

O procedimento criminal, as penas e as medidas de segurança


acabam, não só nos casos previstos no artigo 6.°, mas também:

1.° — Pela morte do criminoso;


2.° — Pela prescrição do procedimento criminal, embora não seja
alegada pelo réu ou este retenha qualquer objecto por efeito do
crime;
55

3.° — Pela amnistia;


4 o — Pelo perdão da parte, ou pela renúncia ao direito de queixa
em juízo, quando tenham lugar;
5° — Pela oblação voluntária, nas contravenções puníveis só
com multa;
6.° — Pela anulação da sentença condenatória em juízo de
revisão;
7.° — Pela caducidade da condenação condicional;
8.° — Nos casos especiais previstos na lei.

§ 1.° — A morte do criminoso e a amnistia não prejudicam a


acção civil pelos danos causados, nem têm efeito retroactivo pelo
que respeita aos direitos legitimamente adquiridos por terceiros.
§ 2.° — O procedimento criminal prescreve passados quinze
anos, se ao crime for aplicável pena maior, passados cinco, se lhe for
aplicável pena correccional ou medida de segurança e passado um
ano, quanto a contravenções.
§ 3.° — Se,para haver procedimento criminal, for indispensável a,
queixa do ofendido ou de terceiros, prescreve o direito de queixa
passados dois anos, se ao crime corresponder pena maior, e passado
um ano, se a pena correspondente ao crime for correccional.
§ 4." — A prescrição do procedimento criminal conta-se desde o
dia em que foi cometido o crime.

A prescrição do procedimento criminal não corre:

1-° — A partir da acusação em juízo e enquanto estiver pendente


o processo pelo respectivo crime;
2.° — Após a instauração da acção de que dependa a instrução do
processo criminal e enquanto não passe em julgado a respectiva
sentença.

§ 5.° — Acerca da acção civil resultante do crime cumprir-se-á,


no que for apUcável, o disposto nos §§ 2.°, 3.° e 4° deste artigo, se
wver sido cumulada com a acção criminal e os prazos estabelecidos
'lesses parágrafos forem mais longos que os da lei civil, mas em
todos os mais casos, prescreverá, assim como a restituição ou
""eparação civil mandada fazer por sentença criminal, segundo as
regras do direito civil.
56

§ 6.° — O perdão da parte só extingue a responsabilidade


criminal do réu, quando não há procedimento criminal sem denúncia
ou sem acusação particular, excepto se já tiver transitado em julgado
a respectiva sentença condenatória e ainda nos casos especiais
declarados na lei. Se a parte for menor não emancipado ou interdito
por causa que o iniba de reger a sua pessoa, o perdão apenas
produzirá efeitos quando seja legitimamente autorizado.
§ 7.° — O condenado julgado inocente em juízo de revisão, os
seus herdeiros, tem direito a receber do Estado uma indemnização
pelos danos sofridos.

ARTIGO 126.° (Outras causas de


extinção das penas e das medidas de segurança)

A pena e a medida de segurança também acabam:

1.° — Pelo seu cumprimento; 2°


— Pelo indulto ou comutação; 3."
— Pela prescrição; 4." — Pela
reabilitação;

§ 1.° — O indulto e a comutação são da competência do Chefe


do Estado.
O indulto não pode ser concedido antes de cumprida
■ ^->

metade da
pena ou metade da duração mínima da medida de segurança.
O indulto consiste na extinção total da pena.
A comutação verifica-se por algum dos modos seguintes:

1.° — Reduzindo a pena ou medida de segurança fixadas por


sentença;
2° — Substituindo-as por outras menos graves e de duração
igual ou inferior à da parte da pena ou medida de segurança ainda
não cumprida;
3.° — Extinguindo ou limitando os efeitos penais da condenação.

§ 2.° — A aceitação do indulto ou comutação é obrigatória para o


condenado.
§ 3." — As penas maiores prescrevem passados vinte anos, aS
penas correccionais passados dez anos e as penas por contravenções
57

passado um ano. As medidas de segurança prescrevem passados


cinco anos.
§ 4." — A prescrição da pena ou da medida de segurança conta-se
desde o dia em que a sentença condenatória tiver passado em
julgado, mas, evadindo-se o condenado e tendo cumprido parte da
pena, conta-se desde o dia da evasão. Nos condenados à revelia, a
prescrição começa a contar-se desde a data em que foi proferida a
sentença condenatória.
§ 5." — A prescrição da pena ou medida de segurança não corre
enquanto o condenado se mostrar legalmente preso por outro motivo.
§ 6." — Nas penas mistas, as penas mais leves prescrevem com a
pena mais grave; mas as causas de extinção referidas nos n.°' 1.°, 2." e
3.° não extinguem os efeitos da condenação.
§ 1° — Salvo disposição em contrário, o procedimento criminal
e as penas só acabam relativamente àqueles a quem se referem as
causas da sua extinção.

ARTIGO 127.°
(Reabilitação)

A reabilitação extingue os efeitos penais da condenação.

§ 1.° — A reabilitação de direito verifica-se, decorridos prazos


iguais aos prazos de prescrição das penas ou ao dobro do prazo de
prescrição das medidas de segurança, depois de extintas estas, se
entretanto não houver lugar a nova condenação.
§ 2.° — A reabilitação judicial plena ou limitada a algum ou
alguns dos efeitos da condenação, pode ser requerida e concedida
após a extinção da pena e da medida de segurança sem nova
condenação, quando se prove o bom comportamento do requerente,
esteja cumprida ou de outro modo extinta a obrigação de indemnizar
o ofendido ou seja impossível o seu cumprimento, e tenham
decorrido os seguintes prazos:

1-° — Seis anos,quando se trate de delinquentes de difícil


correcção;
2." — Um ano, quando se trate de condenados por crimes
"Culposos ou por crimes dolosos punidos com pena de prisão até seis
'i^eses ou outra de menor gravidade;
3.° — quatro anos, nos casos não especificados.
58

§ 3.° — Negada a reabilitação por falta de bom comportamento


do requerente, só pode ser de novo requerida decorridos os prazos a
que se refere o § 2°.
§ 4.° — A reabilitação não aproveita ao condenado quanto às
perdas definitivas que lhe resultaram da condenação, não prejudica
os direitos que desta advieram para o ofendido ou para terceiros, nem
sana,de per si,a nulidade dos actos praticados pelo condenado
durante a sua incapacidade.
§ 5." — Serão canceladas no registo criminal, não devendo dele
constar para quaisquer efeitos:

1.° — As condenações anuladas em juízo de revisão e as


condenações por crimes amnistiados;
2° — As condenações anteriores à reabilitação de direito ou à
reabilitação judicial plena;
3." — As condenações condicionais quando se tenha verificado a
condição resolutiva do julgado.

ARTIGO 128."
(Responsabilidade civil)

A imputação e á graduação da responsabilidade civil conexa com


os factos criminosos são regidas pela lei civil.

TITULO IV
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
ARTIGO 129."
(Substituição de penas)

No Código Penal e legislação penal extravagante considerar-se-


ão substituídas as penas abolidas pelas que lhes. correspondem nos
termos seguintes:

1." — A pena de prisão maior celular por oito anos seguida de


degredo por vinte anos, com prisão no lugar do degredo ou sem ela e
a pena fixa de degredo por vinte e oito anos, com prisão no lugar do
degredo por oito a dez anos, pela pena de prisão maior de vinte a
vinte e quatro anos;
59

2.° — A de prisão maior celular por oito anos, seguida de


degredo por doze e a pena fixa de degredo por vinte e cinco anos,
nela pena de prisão maior de dezasseis a vinte anos;
3." — A de prisão maior por seis anos, seguida de degredo por
dez e a pena fixa de degredo por vinte anos, pela pena de prisão
maior de doze a dezasseis anos;
4° — A de prisão maior celular por quatro anos, seguida de
degredo por oito e a pena fixa de degredo por quinze anos, pela pena
de prisão maior de oito a doze anos;
5.° — A prisão maior celular de dois a oito anos, a pena de prisão
maior temporária de três a doze anos e a de degredo temporário de
três a doze anos, pela pena de prisão maior de dois a oito anos;
6° — A pena de prisão correccional pela pena de três dias a dois
anos;
7." — A pena de expulsão do território nacional, sem limitação de
tempo, pela pena de prisão e multa correspondente, e a pena de
expulsão temporária do território nacional, pela de prisão até seis
meses.

§ 1.° — A referência em quaisquer preceitos incriminadores às


penas dos n."" 1.°, 2°, 3° e 4° do artigo 57." é substituída pela
referência às penas dos n.°' 1.°, 2°, 3° e 4° do artigo 55.°, e as
referências aos n.™ 5.° e 6.° do artigo 57.°, pela referência à pena do
n.° 5.° do artigo 55.°.
§ 2.° — Consideram-se fixas as penas dos n.°' 1.°, 2.°, 3.°, 4.° e 6.°
do artigo 55.°.
§ 3.° — No confronto das penas substituídas nos termos deste
artigo, e para o efeito do artigo 6.°, considera-se mais leve a pena de
prisão maior em relação às de prisão maior celular, degredo e prisão
temporária, sem que, contudo, o máximo da sua duração possa
exceder, em direito transitório, o máximo da anterior prisão maior
celular, directamente aplicada ou resultante de redução obrigatória da
pena de degredo, ou o máximo da duração da pena de degredo,
quando devesse ser cumprida como prisão maior celular sem redução
do tempo da sua duração.
LIVRO SEGUNDO
DOS CRIMES EM ESPECIAL
63

TITULO I
DOS CRIMES CONTRA A RELIGIÃO
DO REINO E DOS COMETIDOS POR ABUSO
DE FUNÇÕES RELIGIOSAS

CAPÍTULO I DOS CRIMES


CONTRA A RELIGIÃO DO REINO
ARTIGO 130.° (Crimes
contra a religião)
[REVOGADO] "

Aquele que faltar ao respeito à religião do reino, católica,


apostólica, romana, será condenado na pena de prisão desde um até
dois anos, e na multa, conforme a sua renda, de três meses a três
anos, em cada um dos casos seguintes:

1.° — Injuriando a mesma religião píiblicamente em qualquer


dogma, acto ou objecto do seu culto, por factos ou palavras, ou por
escrito publicado, ou por qualquer meio de publicação;
2.° — Tentando pelos mesmos meios propagar doutrinas
contrárias aos dogmas católicos definidos pela Igreja;
3.° — Tentando por qualquer meio fazer prosélitos ou conversões
para religião diferente, ou seita reprovada pela Igreja;

■ Este artigo foi revogado pelo artigo 4.° do Decreto de 15 de Fevereiro de 1911. Pelo citado
Decreto a religião católica deixou de ser a religião do Estado e todas as igrejas e confissões
religiosas passaram a ser autorizadas desde que não ofendessem a moral pública nem os
princípios do direito público português.
64

4.° — Celebrando actos públicos de um culto que não seja o da


mesma religião católica;

§ 1.° — Se o criminoso for estrangeiro, serão nestes casos


substituídas as penas de prisão e de multa pela expulsão do território
nacional até doze anos.
§ 2.° — Se unicamente se tiver cometido simples falta de
respeito, ou as palavras injuriosas ou blasfémias forem proferidas de
viva voz piíblicamente, mas sem intenção de escarnecer ou ultrajar a
religião do reino, nem propagar doutrina contrária aos seus dogmas,
será somente aplicada a pena de repreensão, podendo ajuntar-se a
prisão de três a quinze dias.
§ 3." — Se a injúria consistir no desacato e profanação das
Sagradas Formas da Eucaristia, a pena será de dois a oito anos de
prisão maior.

ARTIGO 131." (Perturbação violenta do


culto religioso)
[REVOGADO] "

A mesma pena será imposta àquele que por actos de violência


perturbar ou tentar impedir o exercício do culto público da religião
do reino.

ARTIGO 132." (Injúria e ofensa


contra ministro da religião)
[REVOGADO]'*

A injúria e ofensa cometida contra um ministro da religião do


reino, no exercício ou por ocasião do exercício de suas funções, será

" - Revogado pelo Decreto de 15 de Fevereiro de 1911. Entretanto.o Decreto de 20 de Abril


do mesmo ano de 1911, no seu artigo 11°, sobre a perturbação dos actos de culto, dispõe:
«Aquele que por actos de violência perturbar ou tentar impedir o exercício legítimo do
culto de qualquer religião, será condenado na pena de prisão até um ano e na multa,^
conforme a sua renda, de três meses a dois anos.»

" - Este artigo foi substituído pelo artigo 12.° do Decreto de 20 de Abril de 1911, segundo o
qual;
«A injúria ou ofensa cometida contra um ministro de qualquer religião, no exercício ou por
ocasião do exercício legítimo do culto, será considerada crime público e punida com as
penas que são decretadas quando cometidas contra as autoridades públicas.»
65

nunida com as penas que são decretadas para os mesmos crimes


cometidos contra as autoridades públicas.

ARTIGO 133° (Constrangimento ou


embaraço no exercício do culto)
[REVOGADO]"'

Aquele que, por actos de violência ou ameaças, constranger ou


embaraçar outro no exercício do culto da religião do reino, será
condenado era prisão até seis meses, salvo se tiver incorrido em pena
maior pelo facto da violência.

ARTIGO 134.° (Falsa qualidade de


ministro de unia religião)
[ REVOGADO]"

Aquele que, fingindo-se ministro da religião do reino, exercer


qualquer dos actos da mesma religião, que somente podem ser
praticados pelos seus ministros, será condenado na pena de dois a
oito anos de prisão maior.

' - Este artigo foi revogado e substituído pelo artigo 13.° do Decreto de 20 de Abril de 1911,
segundo o qual:
«Incorre nas multas de 5$000 a 50$000 réis e prisão correccional de dez a sessenta dias,
sem prejuízo da pena mais grave que ao caso possa caber, aquele que por actos de
violência ou ameaça contra um indivíduo, ou fazendo-lhe recear qualquer perigo ou dano
para a pessoa, honra ou bens, dele ou de terceiros, o determinar ou procurar determinar a
exercer ou abster-se de exercer um culto,a contribuir ou abster-se de contribuir para as
despesas desse culto.
Entretanto, o montante da multa foi elevado ao décuplo pelo artigo 56.° do Decreto n.° 11
991, de 29 de Junho de 1926 e estendido ao ex-Ultramar pelos Decretos n.os 13 518, de 25
de Abril de 1927, 19 271, de 24 de Janeiro de 1931 e 20 891, de 13 de Fevereiro de 1932.

- Este artigo foi substituído pelo artigo 15.° do Decreto de 20 de Abril de 1911, nos termos
do qual;
«Aquele que artogando-se a qualidade de ministro de uma religião, exercer publicamente
qualquer dos actos da mesma religião, que somente podem ser praticados pelos seus
ministros para isso devidamente autorizados, será condenado na pena do artigo 236.°, §
2.° do Código Penal.»
66

1 :/ i ARTIGO 135." ,
(Falta de respeito à religião)
[REVOGADO] "

Todo O português que, professando a religião do reino, faltar ao


respeito á mesma religião, apostatando ou renunciando, ou
renunciando a ela publicamente, será condenado na pena fixa de
suspensão dos direitos políticos por vinte anos.
§ 1.° — Se o criminoso for clérigo de ordens sacras, será expulso
do reino sem limitação de tempo.
§ 2.° — Estas penas cessarão logo que os criminosos tomem a
entrar no grémio da Igreja.

CAPITULO II
DOS CRIMES COMETIDOS POR ABUSO
DE FUNÇÕES RELIGIOSAS
ARTIGO 136." (Abuso de
funções religiosas)

Todo o ministro eclesiástico que se servir de suas funções


religiosas para algum fim temporal reprovado pelas leis do reino,
será condenado em prisão, e multa de um mês até três anos.
§ 1.° — O que abusar de suas funções religiosas, se o abuso
consistir na revelação do sigilo sacramental, ou em sedução de
pessoa sua penitente para fim desonesto, será condenado na pena de
prisão maior de oito a doze anos.
§ 2° — [REVOGADO] '* Se o abuso consistir em proceder ou
mandar proceder à celebração do matrimónio, sem que previamente

Revogado pelo artigo 4.° do Decreto de 15 de Fevereiro de 1911.


A este respeito regem os artigos 14.° e 15.° do Decreto-Lei n.° 30.615, de 25 de Julho de
1940.
Artigo 14.° — Salvo os casos do artigo 17.°, o ministro da religião que oficiar no
casamento sem lhe ser presente o certificado incorre em responsabilidade civil e nas penas
de desobediência qualificada, obrigatoriamente convertíveis em multa na primeira
condenação, e na primeira reincidência quando o casamento possa ser transcrito. ^
Artigo 15.° — O pároco que, sem grave motivo, deixar de enviar o duplicado ou o enviar
fora do prazo, além da responsabilidade civil, incorre nas penas de desobediência
qualificada, obrigatoriamente convertíveis em multa.
§ único — Exceptuam-se das disposições deste artigo os casamentos secretos, regulados
no direito canónico como casamentos de "consciência", enquanto não forem denunciados
pela autoridade eclesiástica, oficiosamente ou a requerimento dos interessados.e os
celebrados nos termos do artigo 17.°, que não possam ser transcritos.
67

tenham tido lugar as formalidades que as leis civis requerem, será


condenado em prisão de um até dois anos e multa de um mês a um
ano.
ARTIGO 137.° (Injúria às
autoridades no exercício do cuito)
[REVOGADO] "

Todo O ministro eclesiástico que,no exercício do seu


ininistério,em sermões ou em qualquer discurso público verbal, ou
escrito publicado, injuriar alguma autoridade pública, ou atacar
algum dos seus actos, ou a forma do governo, ou as leis do reino, ou
negar, ou puser em dúvida os direitos da coroa acerca de matérias
eclesiásticas, ou provocar a qualquer crime, será punido com pena de
prisão de um até dois anos, e multa de três meses até três anos.

ARTIGO 138.° (Abuso em


decisões eclesiásticas temporais)
[REVOGADO] »

Será condenado em multa, conforme a sua renda, de um ano até


três, o ministro da religião do reino que abusar das suas funções:

1.° — Não cumprindo devidamente as decisões passadas em


julgado dos tribunais civis competentes nos recursos à coroa;
2.° — executando bulas ou quaisquer determinações da cúria
romana, sem ter precedido beneplácito régio, na forma das leis do

Revogado em parte. Substituído pelo artigo 48.° do Decreto de 20 de Abril de 1911, que
preceitua:
«O ministro de qualquer religião que, no exercício do seu ministério, ou por ocasião de
qualquer acto do culto, em sermões ou em qualquer discurso público verbal, ou em
escrito publicado, injuriar alguma autoridade pública ou atacar algum dos seus actos, ou a
forma de governo ou as leis da República, ou negar ou puser em dúvida os direitos do
Estado consignados neste Decreto e na demais legislação relativa às igrejas, ou provocar
a qualquer crime, será condenado na pena do artigo 137.° do Código Penal, e na perda
dos benefícios materiais do Estado.»

Revogado e substituído pelo artigo 181.° do Decreto de 20 de Abril de 1911, por sua vez
revogado pelo artigo 12.° do Decreto n.° 3.856 de 22 de Fevereiro de 1918, segundo o
qual:
«As bulas pastorais ou outras determinações escritas da cúria romana, dos prelados ou
outras entidades que tenham funções dirigentes de qualquer religião, não ficam
dependentes de prévia aprovação do Estado para se publicarem e correrem dentro do
País, mas os abusos ou delitos que elas contenham serão punidos nos termos das leis
penais e da imprensa.»
68

reino, salvos os casos em que este crime, pelas suas circunstâncias


tenha o carácter de crime mais grave.

ARTIGO 139.° (Exercício ou recusa


ilegal de funções religiosas)
[REVOGADO]''

A pena de prisão de três meses a dois anos será imposta a


qualquer ministro da religião do reino que cometer algum dos
seguintes crimes:

1.° — Se, estando legalmente suspenso do exercício das suas


funções ou de alguma delas, exercer aquelas de que estiver suspenso;
2.° — Se recusar, sem motivo legítimo, a administração dos
Sacramentos, ou a prestação devida de qualquer acto do seu
ministério.

ARTIGO 140." (Admissão


ilegal em comunidade religiosa)
[REVOGADO] ^2

Qualquer pessoa que, contra a proibição da lei, se fizer admitir


como membro de alguma sociedade ou comunidade religiosa
autorizada pela lei ou pelo Governo, ou que admitir ou concorrer
para que se admita outrem, com violação da mesma lei, será
condenada em multa, conforme a sua renda, de um mês a um ano.

- Revogado pelo Decreto de 20 de Abril de 1911.

- Artigo substituído pelo artigo 40.° do Decreto de 20 de Abril de 1911 que dispõe;
«São também declaradas extintas, passando para o Estado todos os seus bens, sem
excepção, as associações, corporações ou outras entidades que admitirem entre os seus
membros ou empregados, quaisquer indivíduos, de um ou outro sexo, que tenham
pertencido às ordens ou congregações declaradas extintas pelo Decreto de 8 de Outubro de
1910, e bem assim aqueles que pertencerem aos institutos dessa natureza, onde quer que
existam, ficando esses indivíduos,os membros da direcção ou administração daquelas
associações, corporações ou entidades e quaisquer outros responsáveis pela infracção,
sujeitos à sanção do artigo 140.° do Código Penal e a quaisquer outras penalidades
aplicáveis pelos Decretos de 8 de Outubro e de 31 de Dezembro de 1910.»
69

TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA
A SEGURANÇA DO ESTADO
[REVOGADO]''

Todo este Título II do Livro II foi revogado e substituído pela Lei n.° 7/78 de 26 de Maio,
"Lei dos Crimes Contra a Segurança do Estado", incluída na Legislação Complementar
desta edição, a qual, por sua vez sofreu as alterações constantes da Lei n." 22-C/92, de 9 de
Setembro de 1992.
70

TITULOU!
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM
E TRANQUILIDADE PÚBLICA

CAPÍTULO I REUNIÕES
CRIMINOSAS, SEDIÇÃO E ASSUADA
SECÇÃO I
DISPOSIÇÃO GERAL

ARTIGO 177.°
(Reuniões ilegais)

Em todo o ajuntamento ou reunião de povo,que se reunir,


contravindo as condições legais de que dependa essa reunião, os
promotores ou convocadores dela serão punidos como desobedientes.

§ 1.° — Na mesma responsabilidade incorrem aqueles que,


ordenada competentemente a dispersão do ajuntamento, ou seja
convocado ou fortuito, não se retirarem; e, se forem os promotores
ou convocadores da reunião, ser-lhes-á imposta a pena de
desobediência qualificada.
§ 2° — Em qualquer ajuntamento ou reunião de que trata este
artigo e § 1.°, serão isentos da responsabilidade criminal, a ele
respectiva, os que, não sendo promotores nem convocadores, se
retirarem voluntariamente depois da advertência da autoridade ou
antes de praticado qualquer acto.
§ 3." — Se em algum ajuntamento ou reunião incriminada neste
capítulo se praticarem actos para que esteja estabelecida pena mais
grave do que as cominadas para o mesmo ajuntamento ou reunião, os
que os praticaram serão condenados segundo as regras gerais
estabelecidas para a acumulação de crimes.

ARTIGO 178.°
(Reunião armada)

Em geral considera-se reunião armada aquela em que mais de


duas pessoas têm armas ostensivas. Quando estiverem armadas coi»
armas ostensivas uma ou duas pessoas somente, nestas haverá lugar a
pena como se a reunião fosse armada, e bem assim, em todas as qu^
forem encontradas com armas escondidas, posto que nenhuma outra
esteja armada.
71

«1° — Presume-se sempre estar armado aquele que tem qualquer


rma no acto de cometer o crime; excepto provando que a tinha, ou
cidentalmente ou para usos ordinários da vida, e sem desígnio de
com ela fazer mal.
§2° — Todos os instrumentos cortantes, perfurantes ou
contundentes são compreendidos na denominação de armas.
s 3" — Aqueles objectos, porém, que servirem habitualmente
nara os usos ordinários da vida, são considerados armas somente no
caso em que se tiverem empregado para se matar, ferir ou espancar.

SECÇÃO
II
SEDIÇÃO

ARTIGO 179.°
(Sedição)

Aqueles que, sem atentarem contra a segurança interior do


Estado, se ajuntarem em motim ou tumulto,ou com arruído,
empregando violências, ameaças ou injúrias, ou tentando invadir
qualquer edifício público, ou a casa de residência de algum
funcionário público: 1.°, para impedir a execução de alguma lei,
decreto, regulamento ou ordem legítima da autoridade; 2.°, para
constranger, impedir ou perturbar no exercício das suas funções
alguma corporação que exerça autoridade pública, magistrado,
agente da autoridade ou funcionário público; 3.°, para se eximirem ao
cumprimento de alguma obrigação; 4.°, para exercer algum acto de
ódio, vingança ou desprezo contra qualquer funcionário,ou membro
do Poder Legislativo, serão condenados a prisão até um ano, se a
sedição não for armada.

§ 1-° — Se a sedição for armada, aplicar-se-á a pena de prisão. §2.°-


Se não tiver havido violências, ameaças ou injúrias,nem entativa de
invasão dos edifícios púbUcos ou da casa de residência ^ algum
funcionário público, a prisão não excederá a seis meses,na Potese do
artigo, e a um ano na do parágrafo antecedente. ,. . — Se os
criminosos conseguirem a realização do fim icioso, serão
condenados a prisão maior de dois a oito anos, se ^ nao constituir
crime a que por lei seja aplicável pena mais grave. ^ S 4.° — Os
que excitaram,provocaram ou dirigiram a sedição, ao condenados ao
máximo da pena que, em virtude do disposto ^ ^te artigo e §§ 1.° e
2°, for aplicável ao crime, e a dois a oito anos Pnsão maior no caso
previsto no § 3.°.
72

§5." — A conjuração para a sedição é punida com


três
prisão af ^rificado.
meses e multa correspondente, se a sedição não se houver
v-Tendo havido sedição,a conjuração será considerada circunstân"'"
agravante em relação aos criminosos a que se refere o § 4.° ^jg
artigo.

SECÇÃO III
ASSUADA ^

ARTIGO180.°
(Assuada)

Aqueles que se ajuntarem em qualquer lugar público para exercer


algum acto de ódio, vingança ou desprezo contra qualquer cidadão,
ou para impedir ou perturbar o livre exercício ou gozo dos direitos
individuais,ou para cometer algum crime, não havendo começo de
execução mas somente qualquer acto preparatório ou aliás motim ou
tumulto, arruído ou outra perturbação da ordem pública, serão
condenados a prisão até seis meses, se a reunião for armada, e a
prisão até três meses no caso contrário.

§ único — A conjuração só é punível se tiver havido começo de


ajuntamento, ou algum acto preparatório, e nesse caso ser-lhe-á
aplicada a prisão até três meses.

CAPÍTULO II INJÚRIAS E
VIOLÊNCIAS CONTRA
AS AUTORIDADES PÚBLICAS,
RESISTÊNCIA E DESOBEDIÊNCIA
SECÇÃO I INJÚRIAS CONTRA
AS AUTORIDADES PÚBLICAS

ARTIGO 181." (Injúrias contra as


autoridades públicas)

Aquele que ofender directamente por palavras, ameaças ou por


actos ofensivos da consideração devida à autoridade, algum ministro
ou conselheiro de Estado, membro das câmaras legislativas, ou
73

- das mesmas câmaras, magistrado judicial, administrativo


depu ^v j^j^j^Q público,professor ou examinador público, jurado ou
"^ H nte da força pública, na presença e no exercício das funções
^^^ JJJQ posto que a ofensa se não refira a estas, ou fora das
s funções, mas por causa delas, será condenado a prisão até ^
no Se neste crime não houver publicidade, a prisão não excederá a
seis meses.

s j o __O funcionário público, que no exercício das suas funções


fender o seu superior hierárquico por palavras,ameaças ou acções
na presença dele, ou por escrito que lhe seja directamente dirigido,
ainda que neste caso o faça no exercício das suas funções, se todavia
se referir a um acto de serviço, haja ou não publicidade na ofensa,
será condenado a prisão até um ano e multa correspondente.
§ 2." — A ofensa cometida em sessão pública de alguma das
câmaras legislativas contra algum dos seus membros ou dos
ministros de Estado, posto que não esteja presente, ou contra a
mesma câmara, e bem assim em sessão pública de algum tribunal
judicial ou administrativo ou corporação que exerça a autoridade
pública, contra algum dos seus membros, posto que não esteja
presente, ou contra o mesmo tribunal ou corporação, será punida com
a pena declarada no § 1.° deste artigo.

ARTIGO 182." (Injúrias contra agentes da


autoridade ou força pública, perito ou testemunha)

O crime declarado no artigo precedente, cometido contra algum


agente da autoridade ou força pública, perito ou testemunha no
exercício das respectivas funções, será punido com prisão até três
meses.

SECÇÃO II ACTOS DE VIOLÊNCIAS


CONTRA AUTORIDADES PÚBLICAS

ARTIGO 183.° (Ofensas


corporais contra autoridades públicas)

A ofensa corporal contra alguma das pessoas designadas no ^igo


181.° no exercício das suas funções ou por causa destas, será punida
com prisão até um ano e multa correspondente.
74

§ 1." — Se a ofensa consistir em ameaças com arma, ou for feit


por uma reunião de mais de três indivíduos em disposição de causar
mal imediato, a pena será de prisão e multa.
§ 2° — Se resultar algum dos efeitos especificados no artigo 360 °
n.°' 1.°, 2°, 3.° e 4.°, a pena será de prisão maior de dois a oito anos.
§ 3.° — Quando o efeito da ofensa for algum dos especificados
no n.° 5.° do artigo 360.°, ou outro qualquer de superior gravidade
será aplicada a pena especificada para o crime cometido, como se
nele concorressem circunstâncias agravantes.

ARTIGO 184.° (Ofensas corporais contra


agentes da autoridade, peritos ou testemunhas)

Se as ofensas corporais,de que trata o artigo antecedente, forem


praticadas contra as pessoas designadas no artigo 182.°, serão
punidas com as penas estabelecidas nos artigos 359.° e seguintes,
mas sempre agravadas.

ARTIGO 185.° (Arruído,


embriaguez e rompimento de selos)

Aquele que levantar volta ou arruído perante algum magistrado


judicial ou administrativo, ou professor público no exercício das suas
funções, ou em sessão de alguma das câmaras legislativas,
corporação administrativa, ou júri de exames, será condenado a
prisão até seis meses.

§ 1.° — Aquele que perturbar a ordem nos actos públicos, em


qualquer estabelecimento, espectáculo, solenidade, ou reunião
pública, será condenado a prisão até três meses.
§ 2.° — Aquele que nalgum lugar público levantar gritos
subversivos da segurança do Estado, da ordem ou da tranquilidade
pública, será condenado à pena estabelecida no parágrafo antecedente.
§ 3.° — Aquele que nalgum lugar público se apresentar em
manifesto estado de embriaguez será condenado como contraventor a
multa até oito dias.
A primeira reincidência será punida com prisão por dez dias; a
segunda com prisão por quinze dias; as subsequentes com prisão por
um mês e multa.
§ 4.° — Se alguém quebrar ou romper os selos postos por ordem do
Governo ou da autoridade judicial ou administrativa em qualquer lugar
75

em quaisquer objectos móveis, ou arrancar ou por qualquer forma •


itilizar os editais das mesmas autoridades, será condenado a prisão .
três meses, nos casos em que a lei não estabelecer pena diversa.
s 5 o — O rompimento ou quebramento de selos postos por
rdem do Governo ou da autoridade judicial ou administrativa em
napéis ou outros objectos pertencentes a algum indivíduo arguido de
crime» a que corresponda pena maior, será punido com o máximo da
pena de pnsao.
; SECÇÃO III
RESISTÊNCIA

ARTIGO
186.°
(Resistência)

Aquele que, empregando violências ou ameaças, se opuser a que a


autoridade pública exerça as suas funções,ou a que seus mandados a
elas respectivos se cumpram, quer tenha lugar a oposição
imediatamente contra a mesma autoridade, quer tenha lugar contra.
qualquer dos seus subalternos ou agentes, conhecido por tal e
exercendo suas funções para execução das leis ou dos ditos
mandados, será condenado:

1." — A prisão até dois anos e multa até dois anos, se a oposição
houver produzido efeito, impedindo-se aquele exercício ou execução,
e tiver sido feita com armas ou por mais de duas pessoas;
2.° — A prisão até dois anos e multa até seis meses, se no caso
previsto no n.° 1° deste artigo a oposição tiver sido feita sem armas
ou por menos de três pessoas;
3.° — A prisão até um ano em todos os outros casos.

§ único — Se os meios empregados para a resistência, ou o


objecto desta constituírem crime,a que seja aplicável pena mais grave
lo que as estabelecidas neste artigo, serão observadas as regras gerais
para a acumulação de crimes.

ARTIGO 187.° (Coacção contra


empregado público)

Todo o acto de violência para constranger qualquer empregado


publico a praticar algum acto de suas funções, a que a lei o não
76

obrigar, se chegou a ter efeito, será punido, aplicando-se as


disposições sobre o crime de resistência.

SECÇÃO IV
DESOBEDIÊNCIA

ARTIGO 188.°^
(Desobediência)

Aquele que se recusar a prestar ou deixar de prestar qualquer


serviço de interesse público, para que tiver sido competentemente
nomeado ou intimado, ou que faltar à obediência devida às ordens ou
mandados legítimos da autoridade ptíblica ou agentes dela, será
condenado a prisão até três meses, se por lei ou disposição de igual
força não estiver estabelecida pena diversa.

§ 1.° — Compreendem-se nesta disposição aqueles que


infringirem as determinações de editais da autoridade competente,
que tiverem sido devidamente publicados.
§ 2.° — A pena estabelecida neste artigo será agravada com a de
multa por seis meses, se a desobediência for qualificada.
§ 3." — A desobediência diz-se qualificada, quando consistir em
recusar ou deixar de fazer os serviços ou prestar os socorros que
forem exigidos em caso de flagrante delito ou para se impedir a
fugida de algum criminoso,ou em circunstâncias de tumulto,
naufrágio, inundação, incêndio ou outra calamidade, ou de quaisquer
acidentes em que possa perigar a tranquilidade pública.

ARTIGO 189."
(Desobediência qualificada)

É considerada desobediência qualificada a que for feita na


qualidade de jurado, testemunha, perito, intérprete, tutor ou vogal do
conselho de família.

Entre outros casos de desobediência, ver os do artigo 33.° da Lei n.° 9/81, de 2 Novembro
(incumprimento das decisões definitivas proferidas em matéria laboral) e o" artigo 23." da
Lei n.° 10/87, de 26 de Setembro (não pagamento das multa* administrativas).
77

CAPITULO III
pA TIRADA E FUGIDA DE PRESOS E DOS QUE
NÃO CUMPREM AS SUAS CONDENAÇÕES
SECÇÃO I TIRADA E FUGIDA
DE PRESOS

ARTIGO 190.°
(Tirada de presos)

Se alguém tirar ou tentar tirar algum preso, por meio de


violências ou ameaças à autoridade pública,aos subalternos ou
agentes dela, ou a qualquer pessoa do povo, nos casos em que esta
pode prender, será condenado às penas de resistência.

§ único — Se a tirada do preso se fizer por meio de algum


artifício fraudulento, a prisão não excederá a um ano.

ARTIGO 191."
(Evasão de detidos)

O preso que,antes do julgamento passado em julgado, se evadir,


será punido com as penas disciplinares dos regulamentos da prisão ou
casa de custódia ou de detenção,sem prejuízo da responsabilidade
pelos crimes cometidos para se realizar a fuga; mas, se for condenado,
a evasão será tomada em conta como circunstância agravante.

ARTIGO 192.° (Comparticipação do


encarregado da guarda do preso)

Qualquer empregado ou agente encarregado da guarda de


qualquer preso, que tiver dolosamente procurado ou facilitado a
ugida do mesmo preso, se este o estava por crime a que a lei impõe
pena mais grave do que a prisão maior variável, será condenado a
Pnsão maior de dois a oito anos.

§ único — No caso de ser a prisão maior variável,ou qualquer


°utra pena menos grave, a pena desse crime, ou de que a prisão fosse
Por qualquer outro motivo, o empregado ou agente será condenado a
Pnsão maior de dois a oito anos, ou ao máximo da pena de prisão
^gundo as circunstâncias.

i/
78

ARTIGO 193." (Negligência do


encarregado da guarda do preso)

Se a fugida tiver lugar sem que concorressem da parte dos


empregados ou agentes mencionados no artigo antecedente as
circunstâncias aí referidas, e se os mesmos agentes não provarem
caso fortuito ou força maior, que exclua toda a imputação de
negligência, serão punidos com prisão de um mês a um ano,no caso
do artigo antecedente, e com a prisão de quinze dias a seis meses, no
caso do § único do mesmo artigo.

§ 1.° — Cessará a pena deste artigo desde que o preso fugido for
capturado, não tendo cometido posteriormente à fugida algum crime,
por que devesse ser preso.
§ 2° — Quando os agentes,de que tratam os artigos antecedentes,
forem militares, a presunção legal da negligência não se estende além
do comandante da força armada e do seu imediato, salva a prova em
contrário, e salvo o que for especialmente decretado nas leis militares,
nos casos de prisão dos militares, e sobre as infracções de disciplina.

ARTIGO 194.°
* (Evasão violenta)

Se a fugida da prisão,ou do lugar de custódia ou detenção, tiver


lugar com arrombamento, escalamento ou chave falsa, ou qualquer
outra violência,todo o empregado ou agente encarregado da guarda
do preso, que, ou for autor do arrombamento,escalamento ou
violências, ou fornecer, ou concorrer,ou dolosamente não obstar a
que se forneçam instrumentos ou armas para aquele fim, será
condenado a prisão maior de oito a doze anos, ou a prisão maior de
dois a oito anos, segundo as circunstâncias.

§ 1." — Se alguns outros indivíduos fizerem o arrombamento,


escalamento, abertura de porta ou de janela com chave falsa ou
qualquer outra violência, para procurar ou facilitar a fugida do preso,
serão condenados a prisão maior de dois a oito anos.
§ 2° — Os indivíduos declarados no parágrafo antecedente, que
apenas tiverem fornecido ao preso armas ou outros instrumentos para
se evadir, serão condenados à pena de prisão maior de dois a oito
anos, se se realizar a evasão, e à pena de prisão no caso contrário;
79

cQ forem ascendentes,descendentes, cônjuge, irmãos ou irmãs,


afins, nos mesmos graus, do preso, só incorrerão em
° onsabilidade criminal, se este tiver feito uso das armas ou outros
[nstrumentos contra alguma pessoa.

ARTIGO 195." (Sujeição a


vigilância policial)

Nos casos declarados nesta secção, excepto no artigo 193.°, tem


lugar sujeição à vigilância especial da polícia, pelo tempo que
parecer aos juízes.

SECÇÃO II DOS QUE NÃO


CUMPREM AS SUAS CONDENAÇÕES

ARTIGO 196."
(Evasão de preso condenado)

Àquele que, estando condenado por sentença passada em


julgado, se evadir sem que tenha cumprido a pena, será prolongada a
pena da sentença pelo dobro do tempo em que andar fugido, salvo o
disposto nos parágrafos seguintes.

§ 1.° — O aumento da duração da pena da sentença não excederá


em caso algum a metade do tempo da mesma pena.
§ 2° — Quando a pena seja mista, o aumento, de que trata o
parágrafo precedente, será calculado apenas em relação à espécie da
pena que o condenado estiver cumprindo quando se evadir.

CAPITULO IV DOS QUE


ACOLHEM MALFEITORES
ARTIGO 197.° (Acolhimento
ocasional de malfeitores)

Aquele que tiver, acoutar, ou encobrir,ou fizer ter, acoutar, ou


encobrir em sua casa, ou em outro lugar, algum indivíduo condenado
^m qualquer das penas maiores, sendo disso sabedor, será condenado
^IB prisão até dois anos, ou a multa, segundo as circunstâncias.
80

§ 1." — Se, no caso declarado neste artigo, houver unicamente


pronúncia, a pena será a de prisão até um ano, ou a multa
correspondente, segundo as circunstâncias.
§ 2.° — Exceptuam-se da disposição deste artigo e seu parágrafo
os ascendentes ou descendentes daquele que foi acoutado ou
encoberto, o esposo ou esposa, os irmãos ou irmãs, e os parentes por
afinidade nos mesmos graus.

ARTIGO 198." ,
(Acolhimento habitual de malfeitores) , , ,,,

Aquele que voluntariamente e habitualmente, acolher, ou der


pousada a malfeitores, sabendo que eles têm cometido crimes contra
a segurança do Estado, ou contra a tranquilidade e ordem pública, ou
contra as pessoas ou propriedades, quer seja dando sucessivamente
este acolhimento, quer seja fomecendo-lhes lugar de reunião, será
punido como cúmplice dos crimes que posteriormente ao seu
primeiro facto do acolhimento esses malfeitores cometerem.

CAPITULO V
DOS CRIMES CONTRA O EXERCÍCIO
DOS DIREITOS POLÍTICOS

ARTIGO 199.° (Impedimento de


assembleia ou colégio eleitoral)
[REVOGADO] ^

Se for impedida qualquer assembleia eleitoral,ou colégio


eleitoral, de exercer, em cumprimento da lei, as suas funções no
tempo e no local competentemente determinado, e este impedimento
for causado por tumulto, ou por qualquer violência, serão punidos os

' - Esta matéria foi regulada pelo Decreto-Lei n.° 35570, de 3 de Outubro de 1949, que, por sua
vez, sofreu alterações introduzidas pelos Decretos-Leis n." 42264, de 15 de Maio de 195^-
e 49229, de 10 de Setembro de 1969.
Ver Decreto-Lei n.' 556/71, de 16 de Dezembro. Em Angola, as infracções eleitorais ^
contra o execício de direitos políticos estão previstas hoje na Lei n.° 5/92, de 16 de AbO'
(Lei Eleitoral).

á
97

Fstado, der falsamente essa informação, ou fizer falsamente essa


declaração, será punido com suspensão temporária dos direitos
políticos, e prisão até seis meses. ^^

ARTIGO 243."
(Juramento falso)
[REVOGADO]"

Quando for deferido o juramento supletório, aquele que jurar


falso será punido com a pena fixa de suspensão dos direitos políticos
por vinte anos.

§ único — Quando for deferido ou referido o juramento de alma,


será condenado na mesma pena o que jurar falso, mas a querela e
acusação poderá ser tão somente intentada pelo Ministério Público.

ARTIGO 244."
(Querela maliciosa)

Se alguém querelar maliciosamente contra determinada pessoa,


será condenado a prisão maior de dois a oito anos.

§ único — Se querelar de crime,que só tenha pena correccional,


ou acusar nos casos em que não tem lugar a querela, será condenado
em prisão de seis meses a dois anos, e multa correspondente.

- Entre as disposições do Decreto-Lei n.° 33 725, de 21 de Junho de 1944, já referido na nota


35 ao artigo 233.°, avultam as que se destinam a punir os que testemunham falso nos
processos de bilhete de identidade de outrem para fins repreensíveis. Assim, além dos seus
artigos 23.° e 24,° já trancritos na citada nota 35, refere o seu artigo 22.°: Aquele que
declarar ou atestar falsamente à autoridade pública ou a funcionário no exercício das suas
funções, identidade, estado ou outra qualidade a que a lei atribua efeitos jiuidicos, próprios
ou alheios, será punido com prisão até seis meses. S 1 ■" — A pena será de prisão até um
ano quando as declarações se destinem a ser exaradas
em documento oficial. § 2.° — Se a falsidade a que se referem o corpo deste artigo e o §
1.° tiver sido cometida por negligência, aplicar-se-á a pena de multa até 1000.00 KzR.

~ Tanto o juramento supletório como o decisório foram abolidos pelo artigo 580.° do Código
de Processo Civil, não sendo mais admissível esse meio de prova.
98

ARTIGO 245.°
(Denúncia caluniosa)

Aquele que, por escrito, com assinatura ou sem ela, fizer


participação ou denunciação caluniosa contra alguma pessoa
directamente à autoridade pública, será punido com prisão de um
mês a um ano, e suspensão dos direitos políticos por cinco anos.

CAPITULO VII
DA VIOLAÇÃO DAS LEIS SOBRE INUMAÇÕES,
E DA VIOLAÇÃO DE TÚMULOS E DOS CRIMES
CONTRA A SAÚDE PÚBLICA

SECÇÃO I
DA VIOLAÇÃO DAS LEIS SOBRE INUMAÇÕES
E VIOLAÇÃO DOS TÚMULOS

ARTIGO 246." (Enterramento com violação


das leis sobre inumações)

O enterramento de qualquer indivíduo em contravenção das leis


ou regulamentos, quanto ao tempo,lugar e mais formalidades
prescritas sobre inumações, será punido com pena de prisão.

§ único — A mesma pena, agravada com multa, será imposta ao


facultativo que, sem intenção criminosa, passar certidão de óbito de
indivíduo que depois se reconheça que estava vivo.

ARTIGO 247.° (Violação de túmulos e


quebra de respeito devido aos mortos)

Aquele que cometer violação de túmulos ou sepulturas,


praticando antes ou depois da inumação quaisquer factos tendentes
directamente a quebrantar o respeito devido à memória dos mortos,
será condenado à pena de prisão até um ano e multa correspondente.

§ 1.° — Não estão compreendidos na disposição deste artigo oS


casos em que, nos termos das leis ou regulamentos e em virtude da

I
99

rdem da autoridade competente, se proceda à trasladação de cadáver


He um para outro túmulo ou sepultura do mesmo ou diverso
efflitério ou lugar de enterramento, à beneficiação do túmulo ou
sepultura, e outros semelhantes.
c 2.° — Aquele que praticar quaisquer factos directamente
tendentes a quebrantar o respeito devido à memória do morto ou dos
mortos, sem violação do túmulo ou sepultura, será condenado a
prisão até um ano.
§ 3." — Se o crime previsto no parágrafo antecedente, consistir
em facto que, praticado contra pessoa viva, constituísse crime
previsto na última parte do artigo 293.°, será punido com prisão
maior de dois a oito anos. A violação de sepultura será para esse
efeito considerada como circunstância agravante do crime
consumado.

SECÇÃO II CRIMES
CONTRA A SAÚDE PÚBLICA

ARTIGO 248.° (Venda ou exposição de


substâncias venenosas ou abortivas)

Aquele que expuser à venda, vender ou subministrar substâncias


venenosas ou abortivas, sem legítima autorização e sem as formali-
dades exigidas pelas respectivas leis ou regulamentos, será
condenado à pena de prisão não inferior a três meses e multa
correspondente.'"

ARTIGO 249.° (Substituição ou


alteração do receituário)

A pena de prisão, nunca inferior a um mês, e multa


correspondente, será imposta ao boticário ou farmacêutico que,
vendendo ou administrando algum medicamento, substituir ou de
qualquer modo alterar o que se achar prescrito na receita
competentemente assinada, ou vender ou subministrar medicamentos
deteriorados.

■ Ver Decreto-Lei n.° 420/70, sobre estupefacientes. (B.O. n.° 255/1970), entretanto revogado
pela Lei n.° 3/99, de 6 de Agosto (D.R. n.° 32/99).
__ 100

ARTIGO 250.° (Recusa


de facultativo)

O facultativo que em caso urgente recusar o auxílio da sua


profissão e bem assim aquele que, competentemente convocado ou
intimado para exercer acto da sua profissão, necessário, segundo a
Lei, para o desempenho das funções da autoridade pública, recusar
exercê-lo, será condenado a prisão de dois meses a um ano, e multa
correspondente.

§ único — O não comparecimento sem legítima escusa, no lugar


e hora para que for convocado ou intimado, será considerado como
recusa para todos os efeitos do que dispõe este artigo.

ARTIGO 251.° (Alteração de géneros


destinados ao consumo público)
[REVOGADO] "

Aquele que de qualquer modo alterar géneros destinados ao


consumo público, de forma que se tornem nocivos à saúde, e os
expuser à venda assim alterados, e bem assim aquele que do mesmo
modo alterar géneros destinados ao consumo de alguma ou de
algumas pessoas, ou que vender géneros corruptos, ou fabricar ou
vender objectos, cujo uso seja necessariamente nocivo à saúde, será
punido com prisão de dois meses a dois anos, e multa
correspondente, sem prejuízo da pena maior, se houver lugar.

§ 1.° — Em qualquer parte em que se encontrem os géneros


deteriorados, ou os sobreditos objectos, serão apreendidos e
inutilizados.
§ 2.° — Será punido com a mesma pena:

1." — Aquele que esconder ou subtrair,ou vender ou comprar


efeitos destinados a serem destruídos ou desinfectados;
2.° — O que lançar em fonte, cisterna, rio, ribeiro ou lago, cuja
água serve a bebida, qualquer coisa que torne a água impura ou
nociva à saúde.

Revogado pelos artigos 17." e 18.° do Decreto-Lei n.° 41 204, de 27 de Abril de 1966. Ver o
artigo 29.° da Lei n.° 9/89, de 11 de Dezembro (Lei dos Crimes Contra a Economia).
101

ARTIGO 252.° (Casos


omissos. Regulamentos sanitários)

Em todos os casos não declarados neste capítulo, em que se


verificar violação dos regulamentos sanitários, observar-se-ão as suas
especiais disposições.

CAPITULO VIII DAS ARMAS,


CAÇAS E PESCARIAS DEFESAS
SECÇÃO I ARMAS
PROIBIDAS

ARTIGO 253." >


(Fabrico, importação e comércio de armas ou explosivos)

Aquele que fabricar, importar, ou vender, ou subministrar, ou


guardar qualquer mecanismo,tendente a determinar explosão, que
possa servir à destruição de pessoas ou de edifícios, será condenado
na pena de prisão maior de oito a doze anos, sem prejuízo da
agravação que lhe possa competir por cumplicidade em qualquer
crime dessa natureza.

§ 1." — Aquele que, sem licença da autoridade administrativa,


fabricar, ou importar, ou vender, ou subministrar quaisquer armas
brancas ou de fogo, e bem assim aquele que delas usar sem a mesma
licença, ou sem autorização legal, será condenado a prisão até seis
weses e multa correspondente. *"
§ 2.° — Na mesma pena serão condenados os indivíduos
compreendidos no parágrafo antecedente,a quem tiver sido caçada a
•"espectiva licença, e que, não obstante, dela continuem usando como
se estivesse em vigor.
8 3.° — A simples detenção na casa de residência ou do detentor,
^ em outro local,será punida com multa de oito dias a um mês.

■ Ver o artigo 123." e seguintes do Diploma Legislativo n.° 3 778, de 22 de Novemtop de


'967, no B.O. n.° 140 (Regulamento de Armas e Munições). :;,
T i'

102

§ 4.° — Não se compreendem nas disposições deste artigo e seus


parágrafos as armas que devem ser consideradas como objectos de
arte e de ornamentação.
§ 5.° — Em todos os mais casos, declarados neste artigo e seus
parágrafos,as armas serão apreendidas e perdidas a favor do Estado.

SECÇÃO II CAÇAS E
PESCARIAS DEFESAS

ARTIGO 254.°"'
(Caça proibida)

Aquele que caçar, nos meses em que pelas posturas municipais,


ou pelos regulamentos da administração pública for proibido o
exercício da caça, ou que, nos meses que não forem defesos, caçar
por modo proibido pelas mesmas posturas ou regulamentos, será
punido com a prisão de três a trinta dias, e multa correspondente.

§ único — Será punido com as mesmas penas,mas só a


requerimento do possuidor, aquele que entrar para caçar em terras
muradas ou valadas, sem consentimento do mesmo possuidor.

ARTIGO 255.°«
(Pesca proibida)

Será punido com as mesmas penas:

1.° — O que pescar nos meses defesos pelas posturas municipais


ou regulamentos de administração;
2.° — O que pescar com rede varredoura,ou de malha mais
estreita que a que for limitada pela câmara municipal,ou pescar por
qualquer outro modo proibido pelas mesmas posturas ou
regulamentos;

• Ver o artigo 41.° da Lei n.° 9/89, de 11 de Dezembro, (Lei dos Crimes Contra a Economia)*
o Regulamento de Caça, aprovado pelo Diploma Legislativo n.° 2 873 de 11 de DM^"" .
de 1957 (B.O. n.° 50). Aquele primeiro diploma encontra-se hoje substituído pela Lei"" '
de 3 de Setembro que revogou aquele art.° 41.°.
- Ver o artigo 41.° da Lei n.° 9/89, de 11 de Dezembro (Lei dos Crimes Contra a Econonú»'
O art.° 41 foi, como se referiu na nota anterior, revogado pela Lei 6/99.
103

3 ° — O que lançar nos rios ou lagoas,em qualquer tempo do ano,


visco, barbasco, coca, cal, ou outro algum material com que se o
peixe mata.

CAPITULO IX
DOS VADIOS E MENDIGOS,
E DAS ASSOCIAÇÕES DE MALFEITORES

SECÇÃO I
VADIOS

ARTIGO 256.°
(Vadios)
[REVOGADO]«

Aquele que não tem domicílio certo em que habite, nem meios de
subsistência, nem exercita habitualmente alguma profissão, ou ofício
ou outro mester em que ganhe a vida, não provando necessidade de
força maior, que o justifique de se achar nestas circunstâncias, será
competentemente julgado e declarado vadio, e punido com prisão até
seis meses, e entregue à disposição do Governo, para lhe fornecer
trabalho pelo tempo que parecer conveniente.

ARTIGO 257." (Fiança e


fíxação de residência ao vadio)
[REVOGADO]"

Se depois de a sentença passar em julgado o vadio prestar fiança


Idónea, poderá o Governo admitir-lha, assinando-lhe residência no
lugar que indicar o fiador.

S 1 •" — A fiança admitida faz cessar o cumprimento da pena.

sie artigo está revogado. Aos vadios são aplicáveis medidas de segurança, nos termos dos
^gos JO." e 71.» do presente Código.

^mbém este artigo se encontra revogado. Ver a nota anterior.


104

§ 2.° — Em qualquer tempo pode o fiador requerer a sug


extinção, apresentando o vadio à autoridade competente para que
pelo resto do tempo que faltar, se execute a sentença de condenação
§ 3." — Se o condenado fugir do lugar que lhe foi assinado para
residência, cumprirá toda a pena imposta na sentença, como se não
tivesse prestado fiança.

ARTIGO 258.° (Comportamento


injustifícado do vadio e impossibilidade de flança)
[REVOGADO] "

Se o vadio, sem motivo que o justifique, entrar em habitação ou


lugar fechado dela dependente, ou se for achado disfarçado de
qualquer modo, ou for achado detentor de objectos cujo valor exceda
a Kzr 10.00 e não justificar a causa da detenção, será condenado em
prisão de um a dois anos, e depois entregue ao Governo na forma do
artigo 256.°, sem que possa ter lugar a fiança do artigo 257.°.

ARTIGO 259.°
(Vadio estrangeiro)
[REVOGADO]*

Se O vadio for estrangeiro, será entregue à disposição do


Governo, para o fazer sair do território português, se recusar o
trabalho que lhe for determinado.

SECÇÃO II
MENDIGOS

ARTIGO 260.°
(Mendicidade)
[REVOGADO]"

Todo O indivíduo capaz de ganhar a sua vida pelo trabalho, qu^


for convencido de mendigar habitualmente, será considerado e
punido como vadio.

45 - Este artigo está também revogado. Ver a anotação ao artigo 256.°.

46 - Revogado. Ver as notas anteriores.

47 - Revogado. Ver os artigos 70.° e 71.° do Código. São passíveis de medidas de seguranÇ"'
105

ARTIGO 261.° (Mendicidade com


simulação de enfermidade, ameaças ou injúrias)
[REVOGADO]«

Serão punidos com prisão de dois meses a dois anos todos os


mendigos que, por sinais ostensivos simularem enfermidades, ou que
tiverem empregado ameaças ou injúrias, ou que mendigarem em
reunião, salvo marido e mulher, pai ou mãe e seus filhos impúberes,
o cego e o aleijado, que não puder mover-se sem auxílio, cada um
com o seu respectivo condutor.

ARTIGO 262.° (Comportamento


injustificado do mendigo. Impossibilidade de Hança)
[REVOGADO]"'

É aplicável aos mendigos o que se determina no artigo 258.°, e


observar-se-ão a respeito deles as disposições das leis e regulamentos
de polícia.

SECÇÃO III
ASSOCIAÇÃO DE MALFEITORES

ARTIGO 263.° »
(Associação de malfeitores)

Aqueles que fizerem parte de qualquer associação formada para


cometer crimes e cuja organização ou existência se manifeste por
convenção ou por quaisquer outros factos, serão condenados à pena
de prisão maior de dois a oito anos, salvo se forem autores da
associação ou nela exercerem direcção ou comando, aos quais será
aplicada a pena de oito a doze anos de prisão maior.

§ único — Serão punidos como cúmplices dos autores da


associação ou dos que nela exerçam funções de direcção ou
ornando, os que a estas associações ou a quaisquer divisões delas
omecerem ciente e voluntariamente, armas, munições, instrumentos
o crime, guarida ou lugar para reunião.

" 'Revogado. Ver notas anteriores, '^'vogado. Ver as notas


anteriores, facção introduzida pela Lei n.° 8/85, de 16 de
Setembro.
106

CAPÍTULO X DOS JOGOS,


LOTARIAS, CONVENÇÕES
ILÍCITAS SOBRE FUNDOS PÚBLICOS
E ABUSOS EM CASAS DE EMPRÉSTIMOS
SOBRE PENHORES

SECÇÃO I
JOGOS

ARTIGO 264." (Jogo como


modo de vida)
[REVOGADO] "

Todo O jogador, que se sustentar do jogo, fazendo dele a sua


principal agência, será julgado e punido como vadio.

ARTIGO 265.°
(Jogo de fortuna ou azar)
[REVOGADO]''

O que for achado, jogando jogo de fortuna ou azar, será punido


pela primeira vez com a pena de repreensão, e no caso de
reincidência, com a multa, conforme a sua renda, de quinze dias a
um mês.

• Tal como os outros artigos que integram a Secção I do Capítulo X foram revogados pelo
Decreto n.° 14 643, de 3 de Dezembro de 1927.
O regime de concessão e exploração de jogos de fortuna ou azar foi estabelecido pelo
Decreto-Lei n." 48 912, de 18 de Março de 1969, cujos artigos 1.°, 2°, 43.°, 44.°, e 56.° se
tomaram extensivos ao então Ultramar por força da Portaria n.° 517/70, de 16 de Outubro,
que revogou, assim, os artigos 264.° a 269.° do Código Penal.
O Artigo 1.° define jogo de azar: «Denominam-se de fortuna ou azar os jogos cujos
resultados são contingentes, por dependerem exclusivamente da sorte.» O Artigo 2°
restringe a sua prática a certos estabelecimentos, zonas e épocas: «A prática de jogos de
fortuna ou azar só é permitida nos casinos existentes nas zonas de jogo e nas épocas
estabelecidas para o seu funcionamento.»
O Artigo 56.° estabelece as penas aplicáveis à prática ilícita de jogos de fortuna ou azar.
«Aqueles que infringirem o disposto no artigo 2°, quer explorando jogos de fortuna
ou azar, incluindo máquinas automáticas de fichas ou moedas, quer exercendo a sua
actividade na respectiva exploração, bem como os que infringirem o preceituado no
artigo 6°, serão punidos com prisão de seis meses a dois anos e demissão dos seus
cargos se forem funcionários do Estado ou dos corpos administrativos.»

■ Ver a anotação anterior.


I
107

ARTIGO 266.° (Jogo de fortuna ou


azar com menor)
[REVOGADO] "

Aquele que jogar jogo de fortuna ou azar com um menor de


vinte-e-um anos ou fílho-famílias, será condenado em prisão de um a
seis meses e multa de um mês.

ARTIGO
267.°
(Tavolagem)
[REVOGADO]'"

Aqueles que em qualquer lugar derem tavolagem de jogo de


fortuna ou azar, e os que forem encarregados da direcção do jogo,
posto que o não exerçam habitualmente, e bem assim qualquer
administrador, proposto ou agente, serão punidos com prisão de dois
meses a um ano, e multa correspondente.

§ único — O dinheiro e efeitos destinados ao jogo, os móveis da


habitação, os instrumentos, objectos e utensílios destinados ao
serviço do jogo, serão apreendidos e perdidos, metade a favor do
Estado e metade a favor dos apreensores.

ARTIG0268.°
(Constrangimento ao jogo)
[REVOGADO] 5' ' ■

Aquele que usar de violência ou de ameaças para constranger


outrem a jogar ou para lhe manter o jogo, será punido com a prisão
de dois meses a um ano,e multa correspondente,sem prejuízo de pena
mais grave, se houver lugar.

" Ver anotação ao artigo 264.°.

" Ver anotação ao artigo 264.°.

■ Ver anotação ao artigo 264.°.


108

ARTIGO 269.°
(Fraude no jogo)
[REVOGADO] ='

Serão impostas as penas de furto aos que empregarem meios


fraudulentos para assegurar a sorte.

SECÇÃO II
LOTARIAS "

ARTIGO 270.°
(Lotarias ilícitas)

E proibida toda a lotaria que não for autorizada por lei, salvo o
disposto no artigo 272.°.

§ 1.° — É considerada lotaria, e proibida como tal, toda a


operação oferecida ao público para fazer nascer a esperança de um
ganho que haja de obter-se por meio de sorte.
§ 2.° — Os autores, os empresários e os agentes de qualquer
lotaria nacional, ou de qualquer operação considerada lotaria, serão
punidos com multa, conforme a sua renda, de um a seis meses.
§ 3.° — Os objectos postos em lotaria serão apreendidos e
perdidos a favor do Estado.
§ 4." — Sendo a lotaria de alguma propriedade imóvel, a perda a
favor do Estado do objecto da lotaria será substituída por uma multa
imposta ao proprietário, que, segundo as circunstâncias, poderá ser
elevada até ao valor da mesma propriedade, acumulando-se a que
fica determinada no § 2.°.
§ 5° — Ficam salvas as disposições especiais respectivas a
venda de bilhetes e cautelas de lotarias estrangeiras, constantes da
carta de lei de 28 de Julho de 1885.

- Ver anotação ao artigo 264.'

Ver Maia Gonçalves, Código Pena! Anotado, anotações ao artigo 270.°. Vide Decreto-L«'
n," 43 777, de 3 de Julho de 1961 (B.O, n.° 29/61.
109

ARTIGO 271."
(Distribuição de bilhetes de lotaria ilícita)

Aqueles que negociarem os bilhetes, ou os distribuírem, ou que


nor qualquer meio de publicação tiverem feito conhecer a existência
da lotaria, ou facilitado a emissão ou distribuição dos bilhetes, serão
punidos com a multa, conforme a sua renda, de quinze dias a três
meses.

ARTIGO 272." (Lotarias destinadas


à beneficência ou à protecção das artes)

Podem ser autorizadas pelo Governo as lotarias de objectos


móveis ou dinheiro, destinadas exclusivamente a actos de
beneficiência ou à protecção das artes.

§ único — O que violar os regulamentos feitos pelo Governo


para estas lotarias autorizadas, será punido com as penas do artigo
antecedente.

SECÇÃO III CONVENÇÕES


ILÍCITAS SOBRE FUNDOS PÚBLICOS

ARTIGO 273.° (Convenções


ilícitas sobre fundos públicos)

Aquele que convencionar a venda ou a entrega de fundos do


Governo, ou de fundos estrangeiros, ou dos estabelecimentos
públicos ou de companhias anónimas, se não provar que ao tempo da
convenção tinha esses fundos à sua disposição, ou que os devia ter ao
^Wpo da entrega, será punido com prisão de quinze dias a seis
"leses, e multa correspondente.

§ único — O comprador, se for sabedor das circunstâncias


aclaradas neste artigo, será punido com metade destas penas.
110

SECÇÃO IV ABUSOS EM CASAS DE


EMPRÉSTIMOS SOBRE PENHORES

ARTIGO 274."'" (Abusos em estabelecimentos


de penhores)

Aquele que, sem a competente autorização, tiver estabelecimento


em que habitualmente se façam empréstimos sobre penhores, e bem
assim aquele que no estabelecimento autorizado não tiver livro
devidamente escriturado, em que se contenham seguidamente e sem
entrelinhas as somas ou objectos emprestados, os nomes, domicílio e
profissão dos devedores, a natureza, qualidade e valor dos objectos
empenhados, será punido com prisão de quinze dias a três meses e
multa de um mês.

CAPITULO XI DO
MONOPÓLIO E DO CONTRABANDO

SECÇÃO I
MONOPÓLIO

ARTIGO 275.°
" '*• (Açambarcamento)
[REVOGADO] «

Todo O mercador que vender para uso do público géneros


necessários ao sustento diário, se esconder suas provisões, ou recusar
vendê-las a qualquer comprador, será punido com multa, conforme a
sua renda, de um a seis meses.

" - Ver Maia Gonçalves, ob. cit. e Decreto 17 766, de 17 de Dezembro de 1929 (B.O. n-
4/1930).

" - Este artigo foi revogado pelo Decreto-Lei n.° 41 204, de 24 de Julho de 1957 e hoje es*^
previsto no artigo 32.° da Lei n.° 9/89, de 11 de Dezembro, "Lei dos Crimes Contra
Economia".
111

ARTIGO
276."
(Especulação)
[REVOGADO]"

Qualquer pessoa que, usando um meio fraudulento, conseguir


alterar os preços que resultariam da natural e livre concorrência nas
mercadorias, géneros, fundos ou quaisquer outras coisas, que forem
objecto de comércio, será punida com multa, conforme a sua renda,
de um a três anos.

§ único — Se o meio fraudulento, empregado para cometer este


crime, for a coligação com outros indivíduos, terá lugar a pena, logo
que haja começo de execução.
ARTIGO 277.°
(Greve e lock-out)
[REVOGADO]"

Será punida com a prisão de um a seis meses, e com multa de


5$00a200$00:

1.° — Toda a coligação entre aqueles que empregam quaisquer


trabalhadores, que tiver por fim produzir abusivamente a diminuição
do salário, se for seguida do começo de execução;
2° — Toda a coligação entre os indivíduos de uma profissão, ou
de empregados em qualquer serviço, ou de quaisquer trabalhadores,
que tiver por fim suspender, ou impedir, ou fazer subir o preço do
trabalho, regulando as suas condições, ou de qualquer outro modo, se
houver começo de execução.

§ único — Os que tiverem promovido a coligação ou a dirigirem,


s bem assim os que usarem da violência ou ameaça para assegurar a
execução, serão punidos com a prisão de um a dois anos, e poderá
determinar-se a sujeição à vigilância especial da polícia, sem
prejuízo da pena mais grave, se os actos de violência a merecerem.

Revogado pelo Decreto-Lei n.° 41 204, de 24 de Julho de 1957 e depois previsto pelo
Wigo 33.° da Lei n.° 9/89, de 11 de Dezembro, "Lei dos Crimes Contra a Economia".
Substituída, entretanto, pela Lei 6/99, de 3 de Setembro (ver art.° 42.°).

Ver artigos 28.° e 29.° do Decreto-Lei n.° 3/75, de 8 de Janeiro (Lei da Greve) e o artigo
•^'■° da mesma que revoga expressamente o artigo 277.° do Código Penal. Ver ainda a Lei
"■ 11/75, a Lei dos Crimes Contra a Segurança do Estado sobre o "lock out" e a actual Lei
da Greve. (Artigos 26.°, 27.° e 28." da Lei n.° 23/91, de 15 de Junho).
112

ARTIGO 278.° (Fraudes ou violências nas


arrematações)

Aquele que em qualquer arrematação, autorizada por lei ou pelo


Governo, tiver conseguido por dádivas ou promessas, que alguém
não lance, e bem assim aquele que embaraçar ou perturbar a
liberdade do acto, por meio de violência ou ameaças, será punido
com prisão de dois meses a dois anos, e multa correspondente, sem
prejuízo da pena mais grave, se os actos de violência a merecerem.

SECÇÃO II
CONTRABANDOS E DESCAMINHOS

ARTIG0279.°
(Contrabando)
[REVOGADO] "^

Contrabando é a importação ou exportação fraudulenta de


mercadorias, cuja entrada ou saída seja absolutamente proibida.

ARTIGO 280.°
(Descaminho)
[REVOGADO]"

Descaminho é todo e qualquer acto fraudulento que tenha por fim


evitar, no todo ou em parte, o pagamento dos direitos e impostos
estabelecidos sobre a entrada, saída ou consumo das mercadorias.

ARTIGO 281.°" (Ressalva


das leis especiais)

Sobre a matéria desta secção observar-se-ão as disposições das


leis especiais.

Revogado expressamente pelo artigo 47.° da Lei n.° 9/89, de 11 de Dezembro, crime
previsto e punido no artigo 37.° da mesma lei, substituída, hoje, pela Lei 6/99, de 3 de
Setembro (ver art.° 44.°).

- Ver a nota ao artigo 279.° sobre o contrabando, o qual passou a abranger também o conceito
de descaminho. A Lei 6/99, que substituiu a Lei 9/89, prevê o crime de contrabando (art.
44.°) e o de descaminho (art.° 45.°).

• Ver as anotações aos artigos 279.° e 280.'


97

tado, der falsamente essa informação, ou fizer falsamente essa A


claração, será punido com suspensão temporária dos direitos
políticos, e prisão até seis meses.'"
ARTIGO 243.°
(Juramento falso)
[REVOGADO] "

Quando for deferido o juramento supletório, aquele que jurar


falso será punido com a pena fixa de suspensão dos direitos políticos
por vinte anos.

§ único — Quando for deferido ou referido o juramento de alma,


será condenado na mesma pena o que jurar falso, mas a querela e
acusação poderá ser tão somente intentada pelo Ministério Público.

ARTIGO 244.°
(Querela maliciosa)

Se alguém querelar maliciosamente contra determinada pessoa,


será condenado a prisão maior de dois a oito anos.

§ único — Se querelar de crime,que só tenha pena correccional,


ou acusar nos casos em que não tem lugar a querela, será condenado
em prisão de seis meses a dois anos, e multa correspondente.

Entre as disposições do Decreto-Lei n.° 33 725, de 21 de Junho de 1944, já referido na


nota 35 ao artigo 233.°, avultam as que se destinam a punir os que testemunham falso nos
processos de bilhete de identidade de outrem para fins repreensíveis. Assim, além dos seus
^igos 23.° e 24.° já trancritos na citada nota 35, refere o seu artigo 22.°: Aquele que
declarar ou atestar falsamente à autoridade pública ou a funcionário no exercício das suas
funções, identidade, estado ou outra qualidade a que a lei atribua efeitos jurídicos, próprios
ou alheios, será punido com prisão até seis meses. ' 1 • —^ A pena será de prisão até um
ano quando as declarações se destinem a ser exaradas
em documento oficial, s 2.° —- Se a falsidade a que se referem o corpo deste artigo e o §
1.° tiver sido cometida por negligência, aplicar-se-á a pena de multa até 1000.00 KzR.

Tanto o juramento supletório como o decisório foram abohdos pelo artigo 580.° do Código
de Processo Civil, não sendo mais admissível esse meio de prova.
98

ARTIGO 245.°
(Denúncia caluniosa)

Aquele que, por escrito, com assinatura ou sem ela, fiz^j.


participação ou denunciação caluniosa contra alguma pessoa
directamente à autoridade pública, será punido com prisão de um
mês a um ano, e suspensão dos direitos políticos por cinco anos.

CAPITULO VII
DA VIOLAÇÃO DAS LEIS SOBRE INUMAÇÕES,
E DA VIOLAÇÃO DE TÚMULOS E DOS CRIMES
CONTRA A SAÚDE PÚBLICA

SECÇÃO I
DA VIOLAÇÃO DAS LEIS SOBRE INUMAÇÕES
E VIOLAÇÃO DOS TÚMULOS

ARTIGO 246.° (Enterramento com


violação das leis sobre inumações)

O enterramento de qualquer indivíduo em contravenção das leis


ou regulamentos, quanto ao tempo,lugar e mais formalidades
prescritas sobre inumações, será punido com pena de prisão.

§ único — A mesma pena, agravada com multa, será imposta ao


facultativo que, sem intenção criminosa, passar certidão de óbito de
indivíduo que depois se reconheça que estava vivo.

ARTIGO 247.° (Violação de túmulos e


quebra de respeito devido aos mortos)

Aquele que cometer violação de túmulos ou sepulturas,


praticando antes ou depois da inumação quaisquer factos tendentes
directamente a quebrantar o respeito devido à memória dos mortos,
será condenado à pena de prisão até um ano e multa correspondente-

§ 1.° — Não estão compreendidos na disposição deste artigo oS


casos em que, nos termos das leis ou regulamentos e em virtude da
99

dein da autoridade competente, se proceda à trasladação de cadáver


um para outro túmulo ou sepultura do mesmo ou diverso mitério
ou lugar de enterramento, à beneficiação do túmulo ou nultura, e
outros semelhantes.
«2.° — Aquele que praticar quaisquer factos directamente ndentes
a quebrantar o respeito devido à memória do morto ou dos mortos,
sem violação do túmulo ou sepultura, será condenado a prisão até
um ano.
§ 3." — Se o crime previsto no parágrafo antecedente, consistir
em facto que, praticado contra pessoa viva, constituísse crime
previsto na última parte do artigo 293.°, será punido com prisão
maior de dois a oito anos. A violação de sepultura será para esse
efeito considerada como circunstância agravante do crime
consumado.

SECÇÃO II CRIMES
CONTRA A SAÚDE PÚBLICA

ARTIGO 248.° (Venda ou exposição de


substâncias venenosas ou abortivas)

Aquele que expuser à venda, vender ou subministrar substâncias


venenosas ou abortivas, sem legítima autorização e sem as formali-
dades exigidas pelas respectivas leis ou regulamentos, será
condenado à pena de prisão não inferior a três meses e multa
correspondente. '*

ARTIGO 249.° (Substituição


ou alteração do receituário)

A pena de prisão, nunca inferior a um mês, e multa


correspondente, será imposta ao boticário ou farmacêutico que,
Vendendo ou administrando algum medicamento, substituir ou de
qualquer modo alterar o que se achar prescrito na receita
onípetentemente assinada, ou vender ou subministrar medicamentos
deteriorados.

" ^« Decreto-Lei n." 420/70, sobre estupefacientes. (B.O. n.° 255/1970), entretanto revogado
pela Lei n.° 3/99, de 6 de Agosto (D.R. o,» 32/99).
100

ARTIGO 250.° (Recusa


de facultativo)

O facultativo que em caso urgente recusar o auxílio da sua


profissão e bem assim aquele que, competentemente convocado ou
intimado para exercer acto da sua profissão, necessário, segundo a
Lei, para o desempenho das funções da autoridade pública, recusar
exercê-lo, será condenado a prisão de dois meses a um ano, e multa
correspondente.

§ único — O não comparecimento sem legítima escusa, no lugar


e hora para que for convocado ou intimado, será considerado como
recusa para todos os efeitos do que dispõe este artigo.

ARTIGO 251.° (Alteração de géneros


destinados ao consumo público)
[REVOGADO] ^'

Aquele que de qualquer modo alterar géneros destinados ao


consumo público, de forma que se tornem nocivos à saúde, e os
expuser à venda assim alterados, e bem assim aquele que do mesmo
modo alterar géneros destinados ao consumo de alguma ou de
algumas pessoas, ou que vender géneros corruptos, ou fabricar ou
vender objectos, cujo uso seja necessariamente nocivo à saúde, será
punido com prisão de dois meses a dois anos, e multa
correspondente, sem prejuízo da pena maior, se houver lugar.

§ 1.° — Em qualquer parte em que se encontrem os géneros


deteriorados, ou os sobreditos objectos, serão apreendidos e
inutilizados,
§ 2.° — Será punido com a mesma pena:

1.° — Aquele que esconder ou subtrair,ou vender ou corap^


efeitos destinados a serem destruídos ou desinfectados;
2° — O que lançar em fonte, cisterna, rio, ribeiro ou lago, cUja
água serve a bebida, qualquer coisa que torne a água impura o
nociva à saúde.

" - Revogado pelos artigos 17.° e 18.° do Decreto-Lei n.° 41 204, de 27 de Abril de 1966. Ver
artigo 29.° da Lei n.° 9/89, de 11 de Dezembro (Lei dos Crimes Contra a Economia).
101

ARTIGO 252.° (Casos


omissos. Regulamentos sanitários)

Em todos os casos não declarados neste capítulo, em que se


erificar violação dos regulamentos sanitários, observar-se-ão as suas
especiais disposições.

CAPITULO VIII DAS ARMAS,


CAÇAS E PESCARIAS DEFESAS
SECÇÃO I ARMAS
PROIBIDAS

ARTIGO 253.° (Fabrico, importação e


comércio de armas ou explosivos)

Aquele que fabricar, importar, ou vender, ou subministrar, ou


guardar qualquer mecanismo,tendente a determinar explosão, que
possa servir à destruição de pessoas ou de edifícios, será condenado
na pena de prisão maior de oito a doze anos, sem prejuízo da
agravação que lhe possa competir por cumplicidade em qualquer
crime dessa natureza.

§ 1-° — Aquele que, sem licença da autoridade administrativa,


rabricar, ou importar, ou vender, ou subministrar quaisquer armas
brancas ou de fogo, e bem assim aquele que delas usar sem a mesma
licença, ou sem autorização legal, será condenado a prisão até seis
meses e multa correspondente.""
8 2.° — Na mesma pena serão condenados os indivíduos
empreendidos no parágrafo antecedente,a quem tiver sido caçada a
^spectiva licença, e que, não obstante, dela continuem usando como
se estivesse em vigor.
8 3.° -— j\ simples detenção na casa de residência ou do detentor,
em outro local,será punida com multa de oito dias a um mês.
wtigo 123.° e seguintes do Diploma Legislativo n.° 3 778, de 22 de Novembro de
O', no B.O. n.° 140 (Regulamento de Armas e Munições).

-Vero
102

§ 4.° — Não se compreendem nas disposições deste artigo e seus


parágrafos as armas que devem ser consideradas como objectos de
arte e de ornamentação.
§ 5.° — Em todos os mais casos, declarados neste artigo e seus
parágrafos,as armas serão apreendidas e perdidas a favor do Estado

SECÇÃO II CAÇAS E
PESCARIAS DEFESAS

ARTIGO 254°*'
(Caça proibida)

Aquele que caçar, nos meses em que pelas posturas municipais,


ou pelos regulamentos da administração pública for proibido o
exercício da caça, ou que, nos meses que não forem defesos, caçar
por modo proibido pelas mesmas posturas ou regulamentos, será
punido com a prisão de três a trinta dias, e multa correspondente.

§ único — Será punido com as mesmas penas,mas só a


requerimento do possuidor, aquele que entrar para caçar em terras
muradas ou valadas, sem consentimento do mesmo possuidor.

ARTIGO 255.° "■


(Pesca proibida)

Será punido com as mesmas penas:

'= 1.° — O que pescar nos meses defesos pelas posturas municipais
ou regulamentos de administração;
2.° — O que pescar com rede varredoura,ou de malha mais
estreita que a que for limitada pela câmara municipal,ou pescar ÇOt
qualquer outro modo proibido pelas mesmas posturas ou
regulamentos;

" - Ver o artigo 41.° da Lei n.° 9/89, de 11 de Dezembro, (Lei dos Crimes Contra a Economi") o
Regulamento de Caça, aprovado pelo Diploma Legislativo n.° 2 873 de 11 de DezeW de
1957 (B.O. n.° 50). Aquele primeiro diploma encontra-se hoje substituído pela Lei o de 3
de Setembro que revogou aquele art.° 41.°.
" - Ver o artigo 41.° da Lei n.° 9/89, de 11 de Dezembro (Lei dos Crimes Contra a EcononU» O
art.° 41 foi, como se referiu na nota anterior, revogado pela Lei 6/99.
103

3." — O que lançar nos rios ou lagoas,em qualquer tempo do ano,


yisco, barbasco, coca, cal, ou outro algum material com que se o
peixe mata.

CAPÍTULO IX
DOS VADIOS E MENDIGOS,
E DAS ASSOCIAÇÕES DE MALFEITORES

' SECÇÃO I
' VADIOS

ARTIGO 256.°
(Vadios)
[REVOGADO]«

Aquele que não tem domicílio certo em que habite, nem meios de
subsistência, nem exercita habitualmente alguma profissão, ou ofício
ou outro mester em que ganhe a vida, não provando necessidade de
força maior, que o justifique de se achar nestas circunstâncias, será
competentemente julgado e declarado vadio, e punido com prisão até
seis meses, e entregue à disposição do Governo, para lhe fornecer
trabalho pelo tempo que parecer conveniente.

ARTIGO 257.° (Fiança e fíxação de


residência ao vadio)
[REVOGADO]«

Se depois de a sentença passar em julgado o vadio prestar fiança


jcionea, poderá o Governo admitir-lha, assinando-lhe residência no
'igar que indicar o fiador.

s 1° — A fiança admitida faz cessar o cumprimento da pena.

^ artigo está revogado. Aos vadios são aplicáveis medidas de segurança, nos termos dos
^igos 70." e 71.° do presente Código.
'ambém este artigo se encontra revogado. Ver a nota anterior.
104

§ 2.° — Em qualquer tempo pode o fiador requerer a sua


extinção, apresentando o vadio à autoridade competente para que
pelo resto do tempo que faltar, se execute a sentença de condenação
§ 3.° — Se o condenado fugir do lugar que lhe foi assinado para
residência, cumprirá toda a pena imposta na sentença, como se não
tivesse prestado fiança.

ARTIGO 258." (Comportamento


injustifícado do vadio e impossibilidade de fíança)
[REVOGADO]«

Se o vadio, sem motivo que o justifique, entrar em habitação ou


lugar fechado dela dependente, ou se for achado disfarçado de
qualquer modo, ou for achado detentor de objectos cujo valor exceda
a Kzr 10.00 e não justificar a causa da detenção, será condenado em
prisão de um a dois anos, e depois entregue ao Governo na forma do
artigo 256.°, sem que possa ter lugar a fiança do artigo 257.°.

ARTIGO 259.°
(Vadio estrangeiro)
[REVOGADO]*'

Se O vadio for estrangeiro, será entregue à disposição do


Governo, para o fazer sair do território português, se recusar o
trabalho que lhe for determinado.

SECÇÃO II
MENDIGOS

ARTIGO 260.°
(Mendicidade)
[REVOGADO]"

Todo 0 indivíduo capaz de ganhar a sua vida pelo trabalho, ofi^


for convencido de mendigar habitualmente, será considerado e
punido como vadio.

45 - Este artigo está também revogado. Ver a anotação ao artigo 256.°.

46 - Revogado. Ver as notas anteriores.


47 - Revogado. Ver os artigos 70.° e 71.° do Código. São passíveis de medidas de seguranÇ
105

ARTIGO 261.° (Mendicidade com


simulação de enfermidade, ameaças ou iiyúrias)
[REVOGADO]«

Serão punidos com prisão de dois meses a dois anos todos os


mendigos que, por sinais ostensivos simularem enfermidades, ou que
tiverem empregado ameaças ou injúrias, ou que mendigarem em
reunião, salvo marido e mulher, pai ou mãe e seus filhos impúberes,
o cego e o aleijado, que não puder mover-se sem auxílio, cada um
com o seu respectivo condutor.

ARTIGO 262." (Comportamento


injustificado do mendigo. Impossibilidade de fiança)
[REVOGADO] '-

É aplicável aos mendigos o que se determina no artigo 258.°, e


observar-se-ão a respeito deles as disposições das leis e regulamentos
de polícia.

SECÇÃO III
ASSOCIAÇÃO DE MALFEITORES

ARTIGO 263.° »
(Associação de malfeitores)

Aqueles que fizerem parte de qualquer associação formada para


cometer crimes e cuja organização ou existência se manifeste por
convenção ou por quaisquer outros factos, serão condenados à pena
de prisão maior de dois a oito anos, salvo se forem autores da
associação ou nela exercerem direcção ou comando, aos quais será
aplicada a pena de oito a doze anos de prisão maior.

§ único — Serão punidos como cúmplices dos autores da


associação ou dos que nela exerçam funções de direcção ou
comando, os que a estas associações ou a quaisquer divisões delas
ornecerem ciente e voluntariamente, armas, munições, instrumentos
do crime, guarida ou lugar para reunião.

- Revogado. Ver notas anteriores.


■Revogado. Ver as notas anteriores.
■Redacção introduzida pela Lei n.° 8/85, de 16 de Setembro.
106

CAPITULO X DOS JOGOS,


LOTARIAS, CONVENÇÕES
ILÍCITAS SOBRE FUNDOS PÚBLICOS
E ABUSOS EM CASAS DE EMPRÉSTIMOS
SOBRE PENHORES

SECÇÃO I
JOGOS

ARTIGO264.° (Jogo
como modo de vida)
,. [REVOGADO]"

Todo o jogador, que se sustentar do jogo, fazeado dele a sua


principal agência, será julgado e punido como vadio.

ARTIGO 265.° (Jogo


de fortuna ou azar)
[REVOGADO] "'■

O que for achado, jogando jogo de fortuna ou azar, será punido


pela primeira vez com a pena de repreensão, e no caso de
reincidência, com a multa, conforme a sua renda, de quinze dias a
um mês.

" - Tal como os outros artigos que integram a Secção I do Capítulo X foram revogados pelo Decreto n." 14
643, de 3 de Dezembro de 1927.
O regime de concessão e exploração de jogos de fortuna ou azar foi estabelecido pelo Decreto-Lei n.°
48 912, de 18 de Março de 1969, cujos artigos 1.°, 2.°, 43.°, 44.°, e 56.° se tomaram extensivos ao
então Ultramar por força da Portaria n.° 517/70, de 16 de Outubro, que revogou, assim, os artigos 264.°
a 269.° do Código Penal. O Artigo 1.° define jogo de azar: «Denominam-se de fortuna ou azar os
jogos cujos
j ;■ resultados são contingentes, por dependerem exclusivamente da sorte.»
' O Artigo 2° restringe a sua prática a certos estabelecimentos, zonas e épocas:
'J «A prática de jogos de fortuna ou azar só é permitida nos casinos existentes nas zonas
de jogo e nas épocas estabelecidas para o seu funcionamento.»
O Artigo 56.° estabelece as penas aplicáveis à prática ilícita de jogos de fortuna ou az^-«Aqueles que
infringirem o disposto no artigo 2.°, quer explorando jogos de fortiui ou azar, incluindo
máquinas automáticas de fichas ou moedas, quer exercendo a sua actividade na respectiva
exploração, bem como os que infringirem o preceituado n» artigo 6.°, serão punidos com prisão
de seis meses a dois anos e demissão dos seu» cargos se forem funcionários do Estado ou dos
corpos administrativos.»

'^ - Ver a anotação anterior.


107

ARTIGO 266° (Jogo de fortuna ou


azar com menor)
[REVOGADO]"

Aquele que jogar jogo de fortuna ou azar com um menor de


vinte-e-um anos ou filho-famílias, será condenado em prisão de um a
seis meses e multa de um mês.

ARTIGO
267.°
(Tavolagem)
[REVOGADO]'"

Aqueles que em qualquer lugar derem tavolagem de jogo de


fortuna ou azar, e os que forem encarregados da direcção do jogo,
posto que o não exerçam habitualmente, e bem assim qualquer
administrador, proposto ou agente, serão punidos com prisão de dois
meses a um ano, e multa correspondente.

§ único — O dinheiro e efeitos destinados ao jogo, os móveis da


habitação, os instrumentos, objectos e utensílios destinados ao
serviço do jogo, serão apreendidos e perdidos, metade a favor do
Estado e metade a favor dos apreensores.

ARTIGO 268.°
(Constrangimento ao jc^o)
[REVOGADO]"

Aquele que usar de violência ou de ameaças para constranger


outrem a jogar ou para lhe manter o jogo, será punido com a prisão
de dois meses a um ano,e multa correspondente,sem prejuízo de pena
mais grave, se houver lugar.

- Ver anotação ao artigo 264.°.

- Ver anotação ao artigo 264.°.

- Ver anotação ao artigo 264.°.


108

ARTIGO 269.°
(Fraude no jogo)
[REVOGADO]»

Serão impostas as penas de furto aos que empregarem meios


fraudulentos para assegurar a sorte.

SECÇÃO II
LOTARIAS "

ARTIGO 270.°
' (Lotarias ilícitas)

E proibida toda a lotaria que não for autorizada por lei, salvo o
disposto no artigo 272.°.

§ 1.° — É considerada lotaria, e proibida como tal, toda a


operação oferecida ao público para fazer nascer a esperança de um
ganho que haja de obter-se por meio de sorte.
§ 2.° — Os autores, os empresários e os agentes de qualquer
lotaria nacional, ou de qualquer operação considerada lotaria, serão
punidos com multa, conforme a sua renda, de um a seis meses.
§ 3.° — Os objectos postos em lotaria serão apreendidos e
perdidos a favor do Estado.
§ 4° — Sendo a lotaria de alguma propriedade imóvel, a perda a
favor do Estado do objecto da lotaria será substituída por uma multa
imposta ao proprietário, que, segundo as circunstâncias, poderá ser
elevada até ao valor da mesma propriedade, acumulando-se a que
fica determinada no § 2°.
§ 5." — Ficam salvas as disposições especiais respectivas a
venda de bilhetes e cautelas de lotarias estrangeiras, constantes da
carta de lei de 28 de Julho de 1885.

- Ver anotação ao artigo 264.'


" - Ver Maia Gonçalves, Código Penal Anotado, anotações ao artigo 270.°. Vide Decreto-L«'
n." 43 777, de 3 de Julho de 1961 (B.O.n." 29/61. .. i-
ARTIGO 271.° (Distribuição de billietes
de lotaria ilícita)

Aqueles que negociarem os bilhetes, ou os distribuírem, ou que


oor qualquer meio de publicação tiverem feito conhecer a existência
da lotaria, ou facilitado a emissão ou distribuição dos bilhetes, serão
nunidos com a multa, conforme a sua renda, de quinze dias a três
meses.

ARTIGO 272.° (Lotarias


destinadas à benefícência ou à protecção das artes)

Podem ser autorizadas pelo Governo as lotarias de objectos


móveis ou dinheiro, destinadas exclusivamente a actos de
beneficiência ou à protecção das artes.

§ único — O que violar os regulamentos feitos pelo Governo


para estas lotarias autorizadas, será punido com as penas do artigo
antecedente.

SECÇÃO III CONVENÇÕES


ILÍCITAS SOBRE FUNDOS PÚBLICOS

ARTIGO 273.° (Convenções


ilícitas sobre fundos públicos)

Aquele que convencionar a venda ou a entrega de fundos do


Governo, ou de fundos estrangeiros, ou dos estabelecimentos
públicos ou de companhias anónimas, se não provar que ao tempo da
convenção tinha esses fundos à sua disposição, ou que os devia ter ao
empo da entrega, será punido com prisão de quinze dias a seis
"leses, e multa correspondente.

§ único — O comprador, se for sabedor das circunstâncias


aclaradas neste artigo, será punido com metade destas penas.

m^
110

SECÇÃO IV ABUSOS EM CASAS DE


EMPRÉSTIMOS SOBRE PENHORES

ARTIGO 274.°'* (Abusos em


estabelecimentos de penhores)

Aquele que, sem a competente autorização, tiver estabelecimento


em que habitualmente se façam empréstimos sobre penhores, e bem
assim aquele que no estabelecimento autorizado não tiver livro
devidamente escriturado, em que se contenham seguidamente e sem
entrelinhas as somas ou objectos emprestados, os nomes, domicílio e
profissão dos devedores, a natureza, qualidade e valor dos objectos
empenhados, será punido com prisão de quinze dias a três meses e
multa de um mês.

CAPITULO XI DO
MONOPÓLIO E DO CONTRABANDO

SECÇÃO I
MONOPÓLIO

ARTIGO 275.°
~*'- (Açambarcamento)
[REVOGADO]"

Todo o mercador que vender para uso do público géneros


necessários ao sustento diário, se esconder suas provisões, ou recusar
vendê-las a qualquer comprador, será punido com multa, conforme a
sua renda, de um a seis meses.

" - Ver Maia Gonçalves, ob. cit. e Decreto 17 766, de 17 de Dezembro de 1929 (B.O. n.
4/1930).

» - Este artigo foi revogado pelo Decreto-Lei n.° 41 204, de 24 de Julho de 1957 e hoje está
previsto no artigo 32.° da Lei n.° 9/89, de 11 de Dezembro, "Lei dos Crimes Contra a
Economia".
111

ARTIGO 276."
: (Especulação)
[REVOGADO]"

Qualquer pessoa que, usando um meio fraudulento, conseguir


Iterar os preços que resultariam da natural e livre concorrência nas
mercadorias, géneros, fundos ou quaisquer outras coisas, que forem
objecto de comércio, será punida com multa, conforme a sua renda,
de um a três anos.

§ único — Se o meio fraudulento, empregado para cometer este


crime, for a coligação com outros indivíduos, terá lugar a pena, logo
que haja começo de execução.
ARTIGO 277.°
(Greve e lock-out)
[REVOGADO]"

Será punida com a prisão de um a seis meses, e com multa de


5$00 a 200$00:

1.° — Toda a coligação entre aqueles que empregam quaisquer


trabalhadores, que tiver por fim produzir abusivamente a diminuição
do salário, se for seguida do começo de execução;
2° — Toda a coligação entre os indivíduos de uma profissão, ou
de empregados em qualquer serviço, ou de quaisquer trabalhadores,
que tiver por fim suspender, ou impedir, ou fazer subir o preço do
trabalho, regulando as suas condições, ou de qualquer outro modo, se
houver começo de execução.

§ único — Os que tiverem promovido a coligação ou a dirigirem,


e bem assim os que usarem da violência ou ameaça para assegurar a
execução, serão punidos com a prisão de um a dois anos, e poderá
determinar-se a sujeição à vigilância especial da polícia, sem
prejuízo da pena mais grave, se os actos de violência a merecerem.

- Revogado pelo Decreto-Lei n.° 41 204, de 24 de Julho de 1957 e depois previsto pelo Migo
33.° da Lei n.° 9/89, de 11 de Dezembro, "Lei dos Crimes Contra a Economia".
Substituída, entretanto, pela Lei 6/99, de 3 de Setembro (ver. art.° 42.°).

~ Ver artigos 28.° e 29.° do Decreto-Lei n.° 3/75, de 8 de Janeiro (Lei da Greve) e o artigo
31.° da mesma que revoga expressamente o artigo 277.° do Código Penal. Ver ainda a Lei
1-° 11/75, a Lei dos Crimes Contra a Segurança do Estado sobre o "lock out" e a actual Lei
da Greve. (Artigos 26.°, 27.° e 28.° da Lei n.° 23/91, de 15 de Junho).
/
112

ARTIGO 278.° (Fraudes ou violências nas


arrematações)

Aquele que em qualquer arrematação, autorizada por lei ou pei


Governo, tiver conseguido por dádivas ou promessas, que alguém
não lance, e bem assim aquele que embaraçar ou perturbar a
liberdade do acto, por meio de violência ou ameaças, será punido
com prisão de dois meses a dois anos, e multa correspondente, sem
prejuízo da pena mais grave, se os actos de violência a merecerem

SECÇÃO 11 i
CONTRABANDOS E DESCAMINHOS >

ARTIGO 279.°
(Contrabando)
[REVOGADO]''

Contrabando é a importação ou exportação fraudulenta de


mercadorias, cuja entrada ou saída seja absolutamente proibida.

ARTIGO 280.°
(Descaminlio)
[REVOGADO] «

Descaminho é todo e qualquer acto fraudulento que tenha por fim


evitar, no todo ou em parte, o pagamento dos direitos e impostos
estabelecidos sobre a entrada, saída ou consumo das mercadorias.

ARTIGO 281.°" (Ressalva


das leis especiais)

Sobre a matéria desta secção observar-se-ão as disposições das


leis especiais.

« - Revogado expressamente pelo artigo 47.° da Lei n.° 9/89, de 11 de Dezembro, crime
previsto e punido no artigo 37.° da mesma lei, substituída, hoje, pela Lei 6/99, de 3 06
Setembro (ver art." 44.°).

" - Ver a nota ao artigo 279.° sobre o contrabando, o qual passou a abranger também o conceito
de descaminho. A Lei 6/99, que substituiu a Lei 9/89, prevê o crime de contrabando (art-
44.°) e o de descaminho (art.° 45.°).

" - Ver as anotações aos artigos 279.° e 280.°.


113

CAPÍTULO XII DAS


ASSOCIAÇÕES ILÍCITAS''
SECÇÃO I ASSOCIAÇÕES ILÍCITAS
POR FALTA DE AUTORIZAÇÃO

ARTIGO 282.° (Associações


não autorizadas)

Toda a associação de mais de vinte pessoas, ainda mesmo


dividida em secções de menor número, que, sem preceder autorização
do Govemo com as condições que ele julgar convenientes, se reunir
para tratar de assuntos religiosos, políticos, literários ou de qualquer
outra natureza, será dissolvida, e os que a dirigirem e administrarem
seão punidos com a prisão de um mês a seis meses. Os outros
membros serão punidos com a prisão até um mês.

§ 1.° — As mesmas penas serão aplicadas no caso de infracção


das condições impostas pelo Govemo.
§ 2° — As pessoas domiciliadas na casa, em que se reunir a
associação, não são compreendidas no número das declaradas neste
artigo.
§ 3.° — Serão punidos como cúmplices aqueles que consentirem
que a reunião tenha lugar em toda ou em parte da casa de que
disponham.

SECÇÃO II
ASSOCIAÇÕES SECRETAS

ARTIGO 283."
(Associações secretas)

E ilícita, e não pode ser autorizada qualquer associação, cujos


membros se impuserem, com juramento ou sem ele, a obrigação de
ocultar à autoridade pública o objecto de suas reuniões ou a sua
organização interior, e os que nela exercerem direcção ou
aniinistração serão punidos com prisão de dois meses a dois anos; os
outros membros com metade desta pena.

Ver Lei das Associações.


114

§ 1.° — É aplicável a disposição do § 3.° do artigo antecedem


sobre a cumplicidade.
§ 2.° — Se qualquer membro da associação declara
espontaneamente à autoridade pública o que souber sobre o object
ou planos da associação,ainda que não declare os nomes dos outros
associados, será isento da pena.

CAPITULO XIII
DOS CRIMES DOS EMPREGADOS PÚBLICOS
NO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES
SECÇÃO I
PREVARICAÇÃO

ARTIGO 284.°
(Prevaricação)

Todo o juiz que proferir sentença definitiva manifestamente


injusta, por favor ou por ódio, será condenado na pena fixa de
suspensão dos direitos políticos por quinze anos.

§ 1." — Se esta sentença for condenatória em causa criminal, a


pena designada no artigo será acumulada com a prisão maior de dois
a oito anos.
§ 2." — Se a sentença definitiva for proferida em causa não
criminal, a pena do artigo será acumulada com a de multa maior.
§ 3." — Se a sentença não for definitiva, a pena será a de
suspensão temporária de todos os direitos políticos.
§ 4.° — A mesma pena será aplicada àquele que aconselhar uma
das partes sobre o litígio que pender perante ele.
§ 5.° — As disposições deste artigo e seus §§ 2.", 3." e 4.° são
aplicáveis a todas as autoridades públicas que, em virtude das suas
funções, decidirem ou julgarem qualquer negócio contencioso
submetido ao seu conhecimento.

ARTIGO 285.° (Consulta ou


informação falsa)

Todo o empregado público que, sendo obrigado pela natureza das


suas funções, a dar conselho ou informação à autoridade superior,
115

consulta r ou informar dolosamente com falsidade do facto, será


nado às penas de demissão e prisão até seis meses.
coni
ARTIGO286.°
(Denegação de justiça)

Todos os juízes ou autoridades administrativas, que se negarem a


dministrar a justiça, que devem às partes, depois de se lhes ter
eauerido, e depois da advertência ou mandado de seus superiores,
serão condenados em suspensão.

ARTIGO 287.° (Falta de


promoção de procedimento criminal)

O empregado público que, faltando às obrigações do seu ofício,


deixou dolosamente de promover o processo ou castigo dos
delinquentes, ou de empregar as medidas da sua competência para
impedir ou prevenir a perpetração de qualquer crime, será demitido,
sem prejuízo de pena mais grave, no caso de encobrimento ou
cumplicidade.

ARTIGO 288.° (Promoção dolosa do


Ministério Público)

Se o agente do Ministério Público proceder criminalmente contra


determinada pessoa,tendo conhecimento de que as provas são falsas,
será condenado como autor do crime de falsidade, se a falsidade da
prova resultar necessariamente da falsidade do título que a constitui,
e as penas de demissão e de prisão até seis meses, em qualquer outro
caso.

ARTIGO 289." (Prevaricação dos


advogados, procuradores judiciais e Ministério Público)

Será punido com suspensão temporária e multa correspondente


^e três meses até dois anos:

1-° — O advogado ou procurador judicial que descobrir os


segredos do seu cliente, tendo tido conhecimento deles no exercício
•^0 seu ministério;

iii
116

2° — O que,tendo recebido de alguma das partes dinheiro ou


outra qualquer coisa, por advogar ou procurar seu feito por demanda
ou tendo aceitado a procuração e sabido os segredos da causa
advogar, procurar ou aconselhar, em púbUco ou secreto, pela outra
parte, na mesma causa;
3.° — O que receber alguma coisa da parte contra quem procurar-
4.° — O agente do Ministério Público, que incorrer em algum
dos crimes mencionados neste artigo, será demitido e condenado na
referida multa, salvo se pela corrupção lhe deve ser imposta pena
mais grave.

ARTIGO 290.° (Violação de


segredo profissional)

Será condenado a prisão até seis meses e multa correspondente o


funcionário:

1.° — Que revelar segredo de que só tiver conhecimento ou for


depositário, em razão do exercício do seu emprego;
2° — Que indevidamente entregar papel ou cópia de papel, que
não devia ter publicidade e que lhe esteja confiado ou exista na
respectiva repartição, ou dele der conhecimento sem a devida
autorização.

§ 1.° — Esta disposição é aplicável a todos aqueles que,


exercendo qualquer profissão, que requeira título, e sendo em razão
dela depositários de segredos que lhes confiarem, revelarem os que
ao seu conhecimento vierem no exercício do seu ministério.
§ 2° — As disposições precedentes entendem-se sem prejuízo da
pena de injúria ou difamação, se houver lugar.

SECÇÃO II ABUSOS DE
AUTORIDADE

ARTIGO291.°
(Prisão ilegal)

Será punido com prisão de três meses a dois anos,podendo


agravar-se com a multa correspondente, segundo as circunstâncias:
117

j o _ Qualquer empregado público que prender ou fizer prender


sua ordem alguma pessoa, sem que poder tenha para prender;
2 ° — O que, tendo este poder, o exercer fora dos casos
rleterminados na lei ou contra alguma pessoa, cuja prisão for da
exclusiva atribuição de outra autoridade;
3 o — O que retiver preso o que dever ser posto em liberdade, em
virtude da lei ou de sentença passada em julgado, cujo cumprimento
lhe competir, ou por ordem do superior competente;
4.0 — O que ordenar ou prolongar ilegalmente a
incomunicabilidade do preso, ou que ocultar um preso, que deva
apresentar;
5.° — O juiz que recusar dar conhecimento, ao que se achar
preso à sua ordem,dos motivos da prisão,do acusador e das
testemunhas, depois que para isso for requerido.

§ 1.° — Por prisão se entende também qualquer detenção ou


custódia.
§ 1? — Se o juiz deixar de dar, no prazo legal, ao preso à sua
ordem o conhecimento de que trata o n.° 5.° deste artigo, somente por
negligência, incorrerá na pena de censura, salva a indemnização do
prejuízo que por esta negligência possa ter causado.

ARTIGO 292.° (Prisão


tormalmente irregular)

Será punido com a suspensão até um ano, podendo agravar-se


com a multa correspondente, segundo as circunstâncias:

1° — Qualquer empregado público que ordenar ou executar a


prisão de alguma pessoa, sem que se observem as formalidades
prescritas na lei;
2-° — O que arbitrariamente retiver ou ordenar que se retenha
qualquer preso fora da cadeia púbUca ou do lugar determinado pela
lei ou pelo Governo;
^■° — O que, sendo competente para passar ou mandar passar a
ertidão da prisão,a negar ou recusar apresentar o registo das prisões,
quando for competentemente requisitado;
'^•° — O que, sendo encarregado da polícia judicial ou
administrativa, e sabedor de alguma prisão arbitrária, deixar de dar
P^tte à autoridade superior competente;
118

5.° -— Todo o agente da autoridade pública, encarregado H


guarda dos presos, que receber qualquer preso sem ordem escrita d
autoridade pública.

ARTIGO 293.° (Rigor ilegítimo


para os presos)

Todo o agente da autoridade pública, encarregado da guarda de


algum preso, que empregar para com ele rigor ilegítimo, será punido
com prisão até seis meses, e, se os actos que praticar tiverem pelas
leis pena maior, ser-lhes-á esta imposta.

ARTIGO 294.° (Entrada


abusiva em casa allieia)

Qualquer empregado público que, nesta qualidade,e abusando


das suas funções,entrar na casa de habitação de qualquer pessoa sem
seu consentimento, fora dos casos ou sem as formalidades que as leis
prescrevem, será punido com prisão de um a seis meses e multa
correspondente a um mês.

ARTIGO 295.° (Subtracção ou violação de


correspondência por funcionário)

Qualquer empregado dos serviços públicos dos correios que


suprimir, subtrair ou abrir alguma carta confiada ao mesmo serviço
público,ou para isso concorrer,será condenado a prisão e multa
correspondente,salvo as penas maiores em que incorrer, se pela
subtracção, supressão ou abertura cometer algum outro crime
qualificado pelas leis.

§ 1.° — Se o crime for cometido por qualquer outro funcionáno


público ou agente da autoridade,a pena designada no artigo nao
excederá a um ano.
§ 2° — As disposições do artigo e do § 1.° não compreendem os
casos em que a autoridade competente proceda, para a formação ào
processo criminal, às investigações necessárias, com as formalidades
prescritas na lei.
119

ARTIGO 296.° (Impedimento


abusivo do exercício de direitos políticos)

Qualquer empregado público que, nesta qualidade e abusando


suas funções, impedir de qualquer modo a um cidadão o
rcício legal dos seus direitos políticos, será suspenso dos mesmos
,. -jQg por tempo não inferior a cinco anos, salvas as penas maiores
gue possa ter incorrido nos casos previstos pelo capítulo V deste
título, que serão aplicadas segundo as regras gerais.

ARTIGO297.°
(Emprego ou requisição da força pública para impedir a execução da lei
ou de ordens legais)

O empregado público que, sendo competente para requisitar ou


ordenar o emprego da força pública, requisitar ou ordenar este
emprego para impedir a execução de alguma lei, ou de mandado
regular da justiça ou de ordem legal de alguma autoridade pública,
será condenado a prisão até um ano e multa correspondente.

§ 1.° — Se o impedimento não se consumar, mas a requisição ou


ordem tiver sido seguida de algum efeito, a pena será de prisão e
multa correspondente.
§ 2° — Se o impedimento se consumar, a pena será de prisão
maior de dois a oito anos,se esse impedimento não constituir crime, a
que por lei seja aplicável pena mais grave.

ARTIGO 298.° (Responsabilidade


criminal do superior hierárquico)

Se um empregado público for acusado de ter cometido algum dos


actos abusivos, qualificados crimes, dos artigos antecedentes desta
secção, e provar que o superior,a que deve directamente obediência,
iie dera, em matéria da sua competência, a ordem em forma legal
para praticar esse acto, será isento da pena, a qual será imposta ao
superior que deu a ordem.

ARTIGO 299.° (Violências


desnecessárias no exercício de funções públicas)

Qualquer empregado público que, no exercício ou por ocasião do


''^^rcício das suas funções, empregar ou fizer empregar, sem motivo
120

legítimo, contra qualquer pessoa, violências que não s ' necessárias


para a execução do acto legal que deve cumprir ^ punido com a
pena de prisão de um a seis meses,salva a pena m ^^ em que tiver
incorrido, se os actos de violência forem qualificai "^ como crimes.

ARTIGO 300.° (Conluio de funcionários contra


a execução de alguma lei ou ordem legais

Se qualquer empregado público ou corporação investida de


autoridade piíblica, se ligar por qualquer meio com outros
empregados ou corporações, ajustando entre si medidas para impedir
a execução de alguma lei ou ordem do poder executivo, será
condenado cada um dos criminosos na prisão de um a seis meses, e
será demitido.

SECÇÃO III EXCESSO DE


PODER E DESOBEDIÊNCIA

ARTIGO 301.°
(Excesso de poder)

Será condenado à pena de demissão, e além disso à prisão maior


♦ de dois a oito anos, ou à prisão, segundo a gravidade do crime:
I

1.° — Todo o empregado público que se ingerir no exercício do


Poder Legislativo, suspendendo quaisquer leis ou arrogando-se
qualquer das atribuições, que exclusivamente competem às Cortes
com a sanção do rei;
2° — O juiz que fizer regulamentos em matérias atribuídas as
autoridades administrativas,ou proibir a execução das ordens da
administração;
3." — Todo o funcionário público que cometa o crime previsto no
artigo 291.°, n." 1.°, contra qualquer membro do Poder Legislativo,«
bem assim o que contra essa pessoa executar a ordem, a que se rete
aquele n." L", não tendo lugar em caso algum nesta hipótese isenção
estabelecida no artigo 298.°;
4° — A autoridade administrativa que com quaisquer ordens o
proibições tentar impedir ou perturbar o exercício do Poder Judicia'-
121

ARTIGO 302.° (Conflito entre


autoridades Judiciais e administrativas)

Será condenado a suspensão até um ano e multa até dois anos:

1o__ o juiz que,depois de apresentado em juízo o despacho, que


termos da lei levantar conflito positivo entre a autoridade
dministrativa e a autoridade judicial, não sobrestiver em todos os
termos da causa, ou continuar a despachar nela, sem que a lei
expressamente o autorize, depois de lhe terem sido opostos artigos de
suspeição;
2° — A autoridade administrativa que, depois de reclamação de
qualquer das partes interessadas, decidir em matéria da competência
do Poder Judicial, sem que a autoridade competente tenha julgado a
reclamação ou depois que a tenha julgado procedente.

ARTIGO 303." (Desobediência dos


funcionários e recusa do cumprimento de decisões judiciais)

Os membros dos tribunais judiciais ou administrativos,e


quaisquer juízes que recusarem dar o devido cumprimento às
sentenças,decisões ou ordens, revestidas das formas legais e
emanadas da autoridade superior, dentro dos limites da jurisdição,
que tiver na ordem hierárquica, serão suspensos de três meses a três
anos.

§ 1-° — Qualquer outro empregado público que recusar dar o


devido cumprimento às ordens que o superior, a que deve
directamente obediência, lhe der em forma legal em matéria da sua
competência, será punido com a demissão ou suspensão segundo as
circunstâncias.
8 2." — Se for caso em que, segundo a lei, possa ter lugar a
apresentação do empregado inferior, com suspensão da execução da
ordem, só terá lugar a pena, se depois de desaprovada a suspensão
pelo superior, e repetida a ordem, houver a recusa de sua execução.
§ 3.° — Fica salvo o que se determinar nas leis militares, sobre a
subordinação militar, como está declarado no artigo 15.°,§ 2°, e
artigo 16.°.
122

ARTIGO 304." (Recusa de prestação de


serviço público)

Todo o empregado público civil ou militar que, tendo recebn


requisição legal da autoridade competente para prestar a deviri°
cooperação para a administração da justiça ou qualquer servi ^
público, se recusar a prestá-la, ou sem motivo legítimo a não presta
será condenado a prisão por dois meses a um ano, e, além disso do
crime resultar prejuízo grave para a administração da justiça ou para
o serviço público, à pena de demissão.

ARTIGO 305." (Recusa ilegal de


emprego público)

Aquele que recusar um emprego público efectivo, sem que requeira


perante a autoridade competente a sua escusa, por motivo legal, ou
tendo esta sido desatendida, será punido com uma multa de Kz. 10.00 a
100.00 e suspensão dos direitos políticos por dois anos. ^' *

SECÇÃO IV
ILEGAL ANTECIPAÇÃO, PROLONGAÇÃO E ABANDONO
DE FUNÇÕES PÚBLICAS

ARTIGO 306.° (Exercício de funções


administrativas com omissão de juramento)
[REVOGADO] "

Todo o empregado público que exercer as funções do emprego,


tendo voluntariamente omitido a prestação do juramento requerido
pela lei, será condenado a multa de 2$00 a 10$00.

ARTIGO 307.° (Prolongação ilegal


do exercício de funções públicas)

Aquele que continuar no exercício das funções do emprego


público, depois de lhe ter sido oficialmente intimada a sua demissão

"*Nos termos do art.° 1.°, n." 2 do Dec.-Lei n.° 7/00, de 3 de Novembro, a multa é de Kz. l-O*'
a Kz, 10.00.

"* - Nenhum funcionário administrativo podia ser investido em cargo público sem tomar posse
no acto de posse era obrigatório o juramento. Ver o artigo 81.° do revogado Estatuto o°
Funcionalismo Ultramarino, com a redacção introduzida pelo Decreto n.° 183/71 (B.O. n-
lll,del2deMaiodel971).
123

nensão, ou depois de estar legalmente substituído, será punido


ou ^'^pjjsão de um até dois anos, salvas as penas da falsidade, se
houverem lugar.
s único — Se as funções forem as de um comando militar,
1 q^e continuar no exercício delas,nos casos declarados neste
ti20 ou no caso em que for licenciada a força militar, ou de
alquer outro modo cessar o comando, será punido com a demissão,
com a prisão de um a dois anos, salvo o que se acha determinado
nas leis militares para o caso de guerra, e salvos os casos em que
devam aplicar-se as penas mais graves, decretadas para os crimes
contra a segurança interior ou exterior do Estado.

ARTIGO 308.° (Abandono


de funções públicas)

Todo o empregado público da ordem judicial ou administrativa


que abandonar o emprego, recusando a continuação do exercício de
suas funções, será punido com a suspensão dos direitos políticos por
cinco anos.

§ 1.° — O que sem licença se ausentar por mais de quinze dias,


ou exceder a licença sem motivo justo, pelo mesmo espaço de tempo,
será suspenso dos direitos políticos por dois anos, ou será condenado
a multa correspondente a um mês, segundo as circunstâncias.
§ 2° — Se estes crimes forem cometidos para não impedir ou
não repelir qualquer crime contra a segurança interior ou exterior do
Estado, serão punidos com as penas da cumplicidade.

ARTIGO 309.°
(Deserções militares)

Nas deserções militares observar-se-á o que se acha disposto nas


leis militares. ^'

§ único — O crime de aliciação para a deserção militar,


^eguindo-se efeito, será punido, ou com as mesmas penas da

" Ver artigo 12.° da "Lei dos Crimes Militares", Lei n.° 4/94, de 28 de Janeiro.
124 deserção, se o aliciador

for julgado como autor, segundo as

SECÇÃO V
ROMPIMENTO DE SELOS E DESCAMINHO DE PAPÉIS
GUARDADOS NOS DEPÓSITOS PÚBLICOS OU CONFIADOS
EM RAZÃO DE EMPREGO PÚBLICO

ARTIGO 310."
(Rompimento de selos)

Os empregados públicos encarregados da guarda de papéis,


títulos, ou outros objectos selados por ordem da autoridade
competente, que abrirem ou romperem os selos, serão condenados a
prisão maior de dois a oito anos.

§ 1.° — O furto com rompimento dos selos, cometido pelos


mesmos empregados públicos, será punido com prisão maior de oito
a doze anos.
§ 2° — Se alguma outra pessoa cometer os crimes declarados
neste artigo e no § 1.°, será condenada, no primeiro caso na pena de
prisão, e no segundo a prisão maior de dois a oito anos.

ARTIGO 311.° (Subtracção ou descaminho de


papéis ou documentos por empregado público)

Será condenado a prisão maior de dois a oito anos todo o


empregado público encarregado da guarda e conservação dos
documentos e papéis existentes nos arquivos, cartórios ou quaisquer
depósitos públicos, que subtrair, suprimir, ou desencaminhar algu^
desses documentos ou papéis, ou parte de qualquer deles.

§ único — Se aos empregados de que tratam este artigo e o


antecedente, se imputar unicamente e provar a negligência, nos casos
em que os crimes declarados nos mesmos artigos forem cometidos
por outra pessoa,a pena da negligência será a suspensão até seis
meses.
125

ARTIGO 312.°
. descaminho ou destruição de documentos por empregado público
/C|it}tracç*'"9
^^ a quem tenliam sido confiados)

rr (lo o empregado público que voluntariamente desencaminhar,


truir ou subtrair quaisquer documentos ou títulos, ou parte de
Inuer deles, cuja perda ou descaminho possa ser prejudicial a
tra pessoa, ou ao Estado, e que lhe tenham sido confiados em
zão do seu ofício, será condenado a prisão maior de dois a oito
anos.
s 1.° — A mesma pena será aplicada no caso deste artigo a
qualquer pessoa encarregada da guarda dos documentos ou títulos
nele referidos, pela autoridade legítima, ou por comissão do
empregado público, a quem houverem sido confiados.
§ 2° — Em todos os casos designados nesta secção, tratando-se
de títulos, papéis, ou parte de qualquer deles, representativos de
valores negociáveis, ou dando direito a receber, no todo ou em parte,
as importâncias nele mencionadas, será sempre imposta a pena
imediatamente superior à correspondente ao crime de furto, se a
infracção for cometida por um particular,nos termos do § 1.°, ou a
pena imediatamente superior à correspondente ao crime de roubo,
nos termos do artigo 437.°, se o for por empregado público, embora
não encarregado da guarda dos referidos títulos ou papéis, salvo,em
ambos os casos, se por disposição especial couber pena mais grave.

SECÇÃO VI PECULATO E
CONCUSSÃO

ARTIGO 313.°
(Peculato)

Todo o empregado público que em razão das suas funções tiver


^m seu poder dinheiro, títulos de crédito, ou efeitos móveis
pertencentes ao Estado, ou a particulares, para guardar, dispender ou
administrar, ou lhes dar o destino legal,e alguma coisa destas furtar,
'iialiciosamente levar, ou deixar levar ou furtar a outrem, ou aplicar a
^so próprio ou alheio, faltando à aplicação ou entrega legal, será
condenado na pena correspondente ao crime de roubo, nos termos do
^igo 437.°.
126

§ 1.° — Se der o dinheiro a ganho, ou o emprestar ou pagar a


do vencimento, ou se, estando encarregado da arrecadação ^^
cobrança de alguma coisa pertencente ao Estado, der espaço ^
espera aos devedores, será condenado na pena correspondente ^
crime de furto, segundo o valor.

^
§ 2.° — Se der ao dinheiro público um destino público diferem
daquele para que era destinado, será suspenso até seis meses
condenado em multa de 500.00 a 3000.00 KzR."'-'-

^
§ 3." — As disposições deste artigo e seus parágrafos
compreendem quaisquer pessoas que pela autoridade legítima forem
constituídas depositários, cobradores ou recebedores, relativamente às
coisas de que forem depositários públicos, cobradores ou recebedores

ARTIGO 314.°
(Concussão)

Todo o empregado público que extorquir de alguma pessoa, por


si ou por outrem, dinheiro, serviços, ou outra qualquer coisa que lhe
não seja devida, empregando violências ou ameaças, será punido
com a pena de prisão maior de dezasseis a vinte anos.

§ único — Esta pena, porém, poderá ser atenuada, substituindo-


se-lhe a pena de prisão, segundo as circunstâncias.

ARTIGO 315." (Imposição arbitrária de


contribuições)

Todo o empregado público que sem autorização legal impuser


arbitrariamente uma contribuição, receber por si ou por outrem
qualquer importância dela com destino ao serviço público, e bem
assim todo o empregado público encarregado da cobrança ou
arrecadação de impostos, rendas, dinheiro ou qualquer coisa
pertencente ao Estado ou a estabelecimentos públicos, que receber
com o mesmo destino o que não for devido ou mais do que for
devido, sendo disso sabedor, será punido com a suspensão de um a
três anos e multa correspondente. ^

§ 1.° — Os propostos ou encarregados da cobrança por comissão


dos empregados públicos, de que trata este artigo, se cometerem o
crime enunciado no mesmo artigo, serão punidos com multa de uffl a
dois anos.

"* -A multa é de Kz 50.00 a Kz. 300.00. Ver art.° 1.°, n.° 2 do Dec.-Lei n.° 7/00, de 3 de
Novembro.
127

o __Se as coisas indevidamente recebidas, cobradas ou


joriíis
arrecaoaaas, forem convertidas
, pelo
~ aocriminoso
. em seu
, dessas próprio
. as penas
'tn
proveito,serão impostas, em atenção valor coisas,
do artigo 313. e§i. .
ARTIGO 316.° (Percebimento ilegal
de emolumentos)

Os empregados públicos não autorizados pela lei para levar às


artes emolumentos ou salários, e bem assim aqueles que a lei
autoriza a levar somente os emolumentos ou salários por ela fixados,
se levarem maliciosamente por algum acto de suas funções o que
lhes não é ordenado, ou mais do que lhes é ordenado, posto que as
partes lho queiram dar, serão punidos com a demissão ou suspensão,
segundo as circunstâncias, e multa de um mês até três anos, salvas as
penas de corrupção, se houverem lugar.

ARTIGO 317.° (Aceitação de


interesse particular por empregado público)

Todo o empregado público que em coisa ou negócio de cuja


disposição, administração, inspecção, fiscalização ou guarda estiver
encarregado, em razão de suas funções, ou em que do mesmo modo
estiver encarregado de fazer ou de ordenar alguma cobrança,
arrecadação, liquidação ou pagamento, tomar ou aceitar, por si ou
por outrem, algum intersse por compra ou qualquer outro título ou
modo, será punido com a prisão de um a dois anos, e multa
correspondente.

§ 1.°— O mesmo se observará a respeito daquele que, por


comissão ou nomeação legal do empregado público ou da autoridade
competente, for encarregado de algum dos objectos de que trata este
artigo.
§ 2.° — As mesmas penas serão impostas aos peritos
avaliadores, arbitradores, partidores, depositários nomeados pela
autoridade pública, e bem assim, aos tutores, curadores,
^stamenteiros, que violarem as disposições deste artigo a respeito
<ias coisas ou negócios em que deverem exercer as suas funções.
128

SECÇÃO VII PEITA, SUBORNO E


CORRUPÇÃO

ARTIGO 318.° (Peita, suborno e


corrupção de empregado público)
[REVOGADO]'"

Todo O empregado público que cometer o crime de peita, suborno


e corrupção, recebendo dádiva ou presente, por si ou por pessoa
interposta, com sua autorização ou ratificação, para fazer um acto de
suas funções, se este acto for injusto e for executado, será punido
com a pena de prisão maior de dois a oito anos e multa
correspondente a um ano; se este acto porém não for executado, será
condenado em suspensão de um a três anos, e na mesma multa.

§ 1.° — Se o acto injusto e executado for um crime, a que pela


lei esteja decretada pena mais grave, terá lugar a pena que, segundo a
lei, dever ser imposta.
§ 2° — Se for um acto justo que o empregado seja obrigado a
praticar, será suspenso até um ano, e condenado na multa
correspondente a um mês.
§ 3.° — Se a corrupção teve por fim a abstenção de um acto das
funçõe do mesmo empregado, a pena será a de demissão ou
suspensão de um a três anos, e multa correspondente, segundo as
circunstâncias.
§ 4.°- A aceitação de oferecimento ou promessa será punida,
observando-se as regras gerais sobre a tentativa; mas sempre haverá
lugar a pena de demissão, se o acto for injusto e executado.
§ 5.° Se o empregado repudiou livremente o oferecimento ou
promessa que aceitara, ou restituiu a dádiva ou presente que
recebera, e livremente deixou de executar o acto injusto, sem que
fosse impedido por motivo algum independente da sua vontade,
cessará a disposição deste artigo.

- Revogado expressamente pelo artigo 47.° da Lei n.° 9/89, de 11 de Dezembro, "Lei do^
Crimes contra a Economia". Sobre esta matéria passaram a reger hoje os artigos 43.

i
(corrupção passiva) e 44." (corrupção activa) desta Lei, substituída, entretanto, pela Lei
6/99, de 3 de Setembro (v. art.°s 48.° e 49.°).
129__

disposições deste artigo e seus parágrafos terão lugar


^^' casos em que o empregado público, arrogando-se
também n simulando atribuição de fazer qualquer acto, aceitar
dolosame ^^ promessa, ou receber dádiva ou presente, para fazer
oferecim ^ fazer, salvas as penas mais graves da falsidade, se
esse acto ou
8^7 °- São igualmente aplicáveis aos árbitros as disposições deste
artigo e seus parágrafos.
8 8 °- As penas determinadas nos artigos antecedentes sao
licadas aos peritos e a quaisquer outros que exercerem alguma
profissão a respeito dos seus actos que forem, segundo a lei,
requeridos para o desempenho do serviço público, excepto quando a
lei os autorizar a regular com as partes o seu salário.
§ 9.°- Nos casos dos dois últimos antecedentes parágrafos, a pena
de demissão ou de suspensão será substituída pela suspensão do
exercício da profissão ou pela suspensão dos direitos políticos não
inferior a dois anos, salvo o disposto no artigo 241.°, e sem prejuízo
da pena mais grave em que possam ter incorrido por motivo dos
referidos actos.

ARTIGO 319.° (Corrupção de


juízes e jurados)

Os juízes e jurados que forem corrompidos para julgarem, ou


ordenarem, antes ou depois da acusação, serão condenados a prisão
maior de oito a doze anos e na multa de 1000$00 distribuída por
todos os co-réus.'"'

ARTIGO 320." (Agravação do


crime previsto no artigo 319.°)

Se por efeito da corrupção houver condenação a uma pena mais


grave, que a declarada no artigo antecedente, será imposta ao juiz, ou
jurado, que se deixar corromper, essa pena mais grave, e a multa
declarada no artigo antecedente.

A multa era de 1000$00 e foi elevada para 10 OOOSOO pelo Decreto n." 11.991, de 30 de

I
Julho 1926. (B.O. n." 26/927). Hoje é de Kz. 1.000.00, nos termos do art.° 1.°, n.° 2 do
Dec.-Lei n." 7/00, de 3 de Novembro.
__ 130 _

ARTIGO 321.°
(Corrupção activa)
[REVOGADO] ™

Qualquer pessoa que corromper por dádivas, presente


oferecimentos ou promessas qualquer empregado públic '
solicitando uma injustiça, comprando um voto ou procurand'
conseguir ou assegurar pela corrupção o resultado de quaisque
pretensões, será punida com as mesmas penas que forem impostas ao
empregado corrompido, com a declaração de que as penas de
demissão ou suspensão serão substituídas pela suspensão dos direitos
políticos, não inferior a dois anos.

§ único — Quando o suborno tiver lugar em causa criminal a


favor do réu, por parte dele mesmo, do seu cônjuge ou de algum
ascendente ou descendente, ou irmão ou afim nos mesmos graus, a
pena será a de multa de um a seis meses. "

ARTIGO 322." (Aceitação de oferecimento


ou promessa por empregado público)
[REVOGADO] "

Se o empregado público aceitar por si ou por outrem


oferecimento ou promessa, ou receber dádiva, ou presente de pessoa
que perante ele requeira desembargo ou despacho, ou que tenha
negócio ou pretensão dependente do exercício de suas funções, ser-
Ihe-ão aplicadas as disposições do art. 318." e seus parágrafos.

ARTIGO 323.° (Aceitação de oferecimento


ou promessa por empregado público)
[REVOGADO]"

j Serão sempre perdidas a favor do Estado as coisas recebidas


r por
efeito de corrupção ou o seu valor.

'° - Revogado pela Lei n.° 9/89, de 11 de Dezembro. A corrupção activa passou a estar prevista
no artigo 44.° daquela I^i, substituída, entretanto, pela Lei 6/99, de 3 de Setembro (v. art.
49.°). ■" - Não pode deixar de se considerar discutível a revogação deste § único pela Lei
dos Cnnie
Contra a Economia. (Ver nota anterior) " - Revogado pelo artigo 47.° da Lei n.° 9/89, de !
1 de Dezembro. Ver artigos 43.° e 44.° da
citada Lei, hoje substituída pelos art.°s 48.° e 49.° da Lei 6/99, de 3 de Setembro " -
Revogado pelo artigo 47.° da Lei n.° 9/89, de 11 de Dezembro. Sobre perda de bens, veja-
se o artigo 11,° desta l.ei, substituído hoje pelo art.° 13.° da Lei 6/99.

i
131

SECÇÃO VIII
DISPOSIÇÕES GERAIS

ARTIGO 324.°
(Cumplicidade dos superiores hierárquicos)

Todo o empregado público será considerado cúmplice, e punido


ndo as regras gerais sobre a cumplicidade, no caso em que,
bedor de um crime cometido por empregado subalterno, que lhe
, directamente obediência, não empregar os meios que a lei lhe
faculta, para que seja punido.

ARTIGO 325." (Punição dos


empregados públicos)

Nos casos em que a lei não decretar especialmente as penas dos


crimes de qualquer natureza, cometidos por empregados públicos,
será imposta a pena do crime agravada ao empregado público, que
por qualquer dos modos declarados no artigo 22." for cúmplice de
um crime, que ele esteja encarregado de velar e obstar a que se
cometa, ou de concorrer para que seja punido.

ARTIGO 326.° (Punição dos empregados


públicos nos casos não especificados)

Em todos os casos não designados neste capítulo, nos quais as


leis ou regimentos de cada um dos empregados públicos decretarem
penas correcionais ou especiais, pela violação ou falta de observância
"e suas disposições, aplicar-se-ão essas penas com as seguintes
declarações:

^- — Havendo somente negligência, não se imporá pela


^travenção a pena de demissão, e será esta pena substituída pela de
suspensão;
^- — Verificando-se em qualquer caso e em qualquer tempo
§iinda reincidência, o empregado que duas vezes tiver sido
'Condenado será demitido;
^■^ — As disposições antecedentes aplicam-se aos factos da
^competência da jurisdição disciplinar.
_ 132

ARTIGO 327.° (Conceito de


empregado público)

Para os efeitos do disposto neste capítulo, conside empregado


público todo aquele que, ou autorizado imediatain pela disposição
da lei, ou nomeado por eleição popular ou pelo ou por autoridade
competente, exerce ou participa no exercício funções públicas civis
de qualquer natureza.

TITULO IV DOS
CRIMES CONTRA AS PESSOAS

CAPITULO
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE
DAS PESSOAS

SECÇÃO I VIOLÊNCIAS
CONTRA A LIBERDADE

"•l- ARTIGO 328."


(Cativeiro)

Todos os que sujeitarem a cativeiro algum homem livre, seiao


condenados a prisão maior de dois a oito anos e no máximo da multa-

ARTIGO 329.°
(Coacção física)

Todo indivíduo particular que, sem estar legitimamen


autorizado, empregar actos de ofensa corporal para obrigar outrem
que faça alguma coisa ou impedir que a faça, será condenado prisão
de um mês a um ano, podendo também ser condenado multa
correspondente.
133

SECÇÃO II CÁRCERE
PRIVADO

ARTIGO330.°
(Cárcere privado)

T do O indivíduo particular que fizer cárcere privado, retendo,


■ ou por outrem, até vinte-e-quatro horas, alguém como preso
^^ leuma casa ou em outro lugar onde seja reteúdo, e guardado em
^Tmaneira, que não seja em toda a sua liberdade, posto que não
^ ha nenhuma prisão, será condenado a prisão de um mês a um ano.

s 1.°- A simples retenção por menos tempo é considerada como


ofensa corporal, e punida conforme as regras da lei em tais casos.
§ 2.°- Se a retenção durar mais de vinte-e-quatro horas, será
condenado o criminoso a prisão de três meses a dois anos.
§ 3.°- Se dentro de três dias o criminoso der liberdade ao retido,
sem que tenha conseguido qualquer objecto a que se propusesse com
a retenção, e antes do começo de qualquer procedimento contra ele, a
pena será atenuada.
§ 4.°- Se a retenção, porém, durar mais de vinte dias, a pena será
a de prisão maior de dois a oito anos e o máximo da multa.

ARTIGO 331.° (Agravação


especial no crime de cárcere privado)

Em qualquer dos casos em que se verifique o crime de cárcere


pnvado, a pena será de prisão maior de dois a oito anos e o máximo
aa multa, verificando-se alguns dos seguintes requisitos:

i- s>e O cnminoso cometer o cnme, simulando por qualquer


niodo autoridade pública;
■ ^e o cnme tiver sido acompanhado de ameaças de morte
^ e tortura ou qualquer outra ofensa corporal, a que não
orresponda pena mais grave.

ARTIGO 332.° (Não


libertação e ocultação do ofendido)
o
qu ^ ^"í^sle que cometer o crime de cárcere privado não mostrar ^
^eu a liberdade ao ofendido, ou onde este existe, será condenado
P^na de prisão maior de dezasseis a vinte anos.
134

ARTIGO 333." (Cárcere privado


cometido por empregado público)

As disposições dos artigos antecedentes são aplicávei empregados


públicos que cometerem este crime fora do exercíc' ^^
suas funções.

ARTIGO 334.° (Captura ilegal


por particulares)

Salvos os casos em que a lei permite aos indivíduos a prisão d


alguém, todo aquele que prender qualquer pessoa para a apresentar à
autoridade, será punido com a prisão de três a trinta dias.

ARTIGO 335.° (Violência de


particulares contra detidos)

Nos casos em que a lei permite aos indivíduos particulares a retenção


de alguém, se se empregarem actos de violência, qualificados crimes pela
lei, serão punidos esses actos de violência com as penas correspondentes.

CAPITULOU
DOS CRIMES CONTRA O ESTADO CIVIL
DAS PESSOAS

SECÇÃO I
USURPAÇÃO DO ESTADO CIVIL
E MATRIMÓNIOS SUPOSTOS E ILEGAIS

ARTIGO 336.° (Usurpação do


estado civil de outrem)

ou
Aqueles que dolosamente usurparem o estado civil de outrem, que,
para prejudicar os direitos de alguém, usurparem os direi conjugais por
meio de falso casamento, ou que para o mesmo fiH^ ^ fingirem casados,
ou usurparem quaisquer direitos de familia, ser condenados a prisão maior
de dois a oito anos.
135

ARTIGO 337."
(Bigamia)

, homem ou mulher que contrair segundo ou ulterior


• x„ir. sem Que se ache legitimamente dissolvido o anterior,
matnmonio, ^"^ -i • , T• ., -■ A
' unido com pnsao maior de dois a oito anos e com o máximo da
multa.

ARTIGO 338.°
(Cumplicidade na bigamia)

Se o homem ou mulher, que contrair o matrimónio, tiver


conhecimeto de que é casada a pessoa com quem o contrair, ' será
punido pelas regras da cumplicidade.

ARTIGO 339.° (Ressalva


de leis especiais)

As disposições especiais, que as leis existentes estabelecem a


respeito de matrimónios ilegais e de contravenções aos regulamentos
sobre os actos do estado civil, obeservar-se-ão em tudo o que não se
acha decretado neste Código.

SECÇÃO II PARTOS
SUPOSTOS

ARTIGO 340.° (Parto suposto


e substituição do infante)

A mulher que, sem ter parido, der o parto alheio por seu, ou que,
ndo parido filho vivo ou morto, o substituir por outro, será
^iidenada a prisão maior de dois a oito anos.

^ * •" — A mesma pena será imposta ao marido, que for sabedor e


^^nsentir.
^ 2." — Os que para este crime concorrerem serão punidos como
autores
ou cúmplices, segundo as regras gerais.
136

ARTIGO 341.° (Falsas declarações


relativas a nascimento ou morte de infante^

Será punida com prisão maior de dois a oito anos e com tn falsa
declaração dos pais de um infante, feita ou com consentim ^ ou
sem consentimento deles, perante a autoridade competente e o fim
de prejudicar os direitos de alguém, e bem assim a f i"* declaração
feita perante a mesma autoridade e com o mesmo fim / nascimento
e morte de um infante que nunca existiu.

SECÇÃO III SUBTRACÇÃO E


OCULTAÇÃO DE MENORES

ARTIGO 342." (Subtracção violenta ou


fraudulenta de menor de sete anos)

Aquele que por violência ou por fraude, tirar ou levar, ou fizer


tirar ou levar um menor de sete anos da casa ou lugar em que, cora
autorização das pessoas encarregadas da sua guarda ou direcção, ele
se achar, será condenado a prisão maior de dois a oito anos.

ARTIGO 343.° (Constrangimento de


menores a abandonar a casa dos pais ou tutores)

Aquele que obrigar por violência, ou induzir por fraude um


menor de vinte e um anos ''^ a abandonar a casa de seus pais ou
tutores, ou dos que forem encarregados de sua pessoa, ou a
abandonar o lugar em em que por seu mandato ele estiver livre, ou o
tirar ou o levar, será condenado a prisão, sem prejuízo de pena maior
do cárcere privado, se tiver lugai". ^

§ único — Se o menor tiver menos de dezassete anos, a pen


será o máximo da pena de prisão.

" - A maioridade atinge-se, hoje, aos 18 anos, de acordo com o artigo 1.° da Lei n.° 68/' • 5
de Outubro.
137

ARTIGO 344.° (Ocultação,


troca e descaminho de menores)

le que ocultar ou fizer ocultar, ou trocar ou fizer trocar por


desencaminhar ou fizer desencaminhar um menor de sete
outro,
rá condenado a prisão maior de dois a oito anos.
anos
' . o ______ . Se for maior de sete anos e menor de dezoito, será
H nado a prisão maior de dois a oito, salvas as penas maiores de
íícere privado, se houverem lugar.
£ 2° __ Em todos os casos até aqui enunciados nesta secção,
ele que não mostrar onde existe o menor será condenado na pena
de prisão maior de dezasseis a vinte anos.
s 3 o__ O que, achando-se encarregado da pessoa de um menor,
não o apresentar aos que têm direito de o reclamar, nem justificar o
seu desaparecimento, será condenado a prisão maior de dois a oito
anos, salvo se estiver incurso na disposição do artigo.

SECÇÃO IV EXPOSIÇÃO E
ABONDONO DE INFANTES

ARTIGO 345." (Exposição ou


abandono de infante)

Aquele que expuser ou abandonar algum menor de sete anos em


qualquer lugar que não seja o estabelecimento piíblico, destinado à
recepção dos expostos, será condenado na pena de prisão e multa
correspondente.

§ 1." — Se a exposição ou abandono for em lugar ermo, será


condenado a prisão maior de dois a oito anos.
§ 2° — Se este crime for cometido pelo pai ou mãe legítimos, ou
utor ou pessoa encarregada da guarda ou educação do menor, será
agravada apena com o máximo da multa.
. s 3.° — Se com a exposição ou abandono se pôs em perigo a vida
o nienor ou se resultou lesão ou morte, a pena será a de oito anos de
Pnsao maior.

ARTIGO 346.° (Omissão de


apresentação à autoridade de menor exposto)

Aquele que, achando exposto em qualquer lugar um recém-scido,


ou que, encontrado em lugar ermo um menor de sete anos,
andonado, o não apresentar à autoridade administrativa mais
^'^ima, será condenado a prisão de um mês a dois anos.
138

ARTIGO 347.° (Entrega ilegítima de


menor de sete anos)

Aquele que, tendo a seu cargo a criação ou educação de um


menor de sete anos, o entregar a estabelecimento público, ou a outra
pessoa, sem consentimento daquela que lho confiou ou da autoridade
competente, será condenado a prisão de um mês a um ano e multa
correspondente.

ARTIGO 348.°
(Exposição fraudulenta dos filhos em estabelecimento público destinado
à recepção de exposto)

Os pais legítimos, que, tendo meios de sustentar os filhos, os


expuserem fraudulentamente no estabelecimento público destinado à
recepção dos expostos, serão condenados na multa de um mês a um
ano.

CAPITULO III
DOS CRIMES CONTRA A SEGURANÇA
DAS PESSOAS
SECÇÃOI HOMICÍDIO SIMPLES E
AGRAVADO E ENVENENAMENTO

ARTIGO 349.° (Homicídio


voluntário simples)

Qualquer pessoa, que voluntariamente matarfoutra, será punida


com prisão maior de dezasseis a vinte anos.

ARTIGO 350.° (Tentativa de


homicídio e homicídio frustado)

Será punido como tentativa de homicídio ou como delito


frustado, segundo as circunstâncias, todo o ferimento, espancamento
ou ofensa corporal, feita com intenção de matar, nos casos em que a
morte se não seguir, ou em que a morte se seguiu por efeito de causa
acidental, e que não era consequência do facto do criminoso.
139

ARTIGO 351.°
(Homicídio qualificado)

Será punido com a pena de prisão maior de vinte a vinte e quatro


anos o crime de homicídio voluntário declarado no art. 349.°, quando
concorrer qualquer das circunstâncias seguintes:

j a — Premeditação;
2.* — Quando se empregarem torturas ou actos de cueldade para
aumentar o sofrimento do ofendido;
3.^ — Quando o mesmo crime tiver por objecto preparar ou
facilitar ou executar qualquer crime ou assegurar a sua impunidade;
4/ — Quando for precedido ou acompanhado ou seguido de outro
crime, a que corresponda pena maior que a de dois anos de prisão;
5.^ — Nos crimes, a que se referem os dois antecedentes
números, não se compreendem aqueles que são pela lei qualificados
como crimes contra a segurança interior do Estado, sem complicação
de outro qualquer.

ARTIGO 352.° (Conceitos e


requisitos da premeditação)

A premeditação consiste no desígnio, formado ao menos vinte e


quatro horas antes da acção, de atentar contra a pessoa de um
indivíduo determinado, ou mesmo daquele que for achado ou
encontrado, ainda que este desígnio seja dependente de alguma
circunstância ou de alguma condição; ou ainda que depois na
execução do crime haja erro ou engano a respeito dessa pessoa.

ARTIGO 353.°
(Envenenamento)

Aquele que cometer o crime de envenenamento, será punido com


a pena de prisão maior de vinte a vinte quatro anos.

§ único — É qualificado crime de envenenamento todo o


atentado contra vida de alguma pessoa por efeito de substâncias, que
podem dar a morte mais ou menos prontamente, de qualquer modo
que as substâncias sejam empregadas, e qualquer que sejam as
consequências.
140

ARTIGO 354.°
(Auxílio ao suicídio)

Será punido com a pena de prisão aquele que prestar ajuda a


alguma pessoa para se suicidar.

§ único — Se com o fim de prestar ajuda chegar ele mesmo a


executar a morte, será punido com a pena de prisão maior de oito a
doze anos.

SECÇÃO II
HOMICÍDIO VOLUNTÁRIO AGRAVADO
PELA QUALIDADE DAS PESSOAS

ARTIGO 355.°
(Parricídio)

Aquele que matar voluntariamente seu pai ou mãe, legítimos ou


naturais, ou qualquer dos seus ascendentes legítimos, será punido, como
parricida, com a pena de prisão maior de vinte a vinte e quatro anos.

§ 1.° — Se não houver premeditação, poderá ser atenuada a pena,


provando-se a provocação, na forma que se declara no artigo 375.°
§ 2° — Se houver premeditação, nenhuma circunstância poderá
ser considerada para a atenuação da pena do parricídio.
§ 3.° — A tentativa do parricídio premeditado será punida com a
pena de prisão maior de doze a dezasseis anos.

ARTIGO 356.° (
(Infanticídio)

Aquele que cometer o crime de infanticídio, matando


voluntariamente um infante no acto do seu nascimento, ou dentro effl
oito dias, depois do seu nascimento, será punido com a pena de
prisão maior de vinte a vinte e quatro anos.

§ único — No caso de infanticídio cometido pela mãe para


ocultar a sua desonra, ou pelos avós matemos para ocultar a desonra
da mãe, a pena será a de prisão maior de dois a oito anos.
141

ARTIGO 357.° (Concurso de


outras agravantes)

Se em algum dos casos declarados nesta e na antecedente secção


ncorrerem outras circuntâncias agravantes, observar-se-ão as regras
gerais.

SECÇÃO III
ABORTO

ARTIGO 358.°
(Aborto)

Aquele que, de propósito, fizer abortar uma mulher pejada,


empregando para este fim violências ou bebidas, ou medicamentos, ou
qualquer outro meio, se o crime for cometido sem consetimento da
mulher, será condenado na pena de prisão maior de dois a oito anos.

§ 1.° — Se for cometido o crime com consentimento da mulher,


será punido, com a pena de dois a oito anos de prisão maior.
§ 2.° — Será punida com a mesma pena a mulher que consentir e
fizer uso dos meios subministrados, ou que voluntariamente procurar
o aborto a si mesma, seguindo-se efectivamente o mesmo aborto.
§ 3.° — Se, porém, no caso do parágrafo antecedente, a mulher
cometer o crime para ocultar a sua desonra, a pena será a de prisão.
§ 4.° — O médico ou cirurgião ou farmacêutico que, abusando da
sua profissão, tiver voluntariamente concorrido para a execução
deste crime, indicando ou subministrando os meios, incorrerá
respectivamente nas mesmas penas, agravadas segundo as regras
gerais.''

SECÇÃO IV
FERIMENTOS, CONTUSÕES
E OUTRAS OFENSAS CORPORAIS VOLUNTÁRIAS

ARTIGO 359.° (Ofensas corporais


voluntárias simples)

Aquele que voluntariamente, com alguma ofensa corporal


nialtratar alguma pessoa, não concorrendo qualquer das

Nos termos do artigo 10.° do Decreto-Lei n.° 36 171, de 29 de Julho de 1941, publicado no
Boletim Oficial n.° 22/947, este parágrafo 4.° aplica-se a todo o pessoal auxiliar da
■nedicina e não apenas a médicos, cirugiões e farmacêuticos.
142

circunstâncias enunciadas nos artigos seguintes, será condenado


prisão até três meses, mediante acusação do ofendido.

§ único — Se o ofendido for menor de 16 anos ou incapaz


procedimento criminal dependerá de simples participação do
ofendido ou do seu representante legal.

ARTIGO 360.°
(Ofensas corporais voluntárias de que resulta doença ou impossibilidade
para o trabalho)

A ofensa corporal voluntária de que resultar, como efeito


necessário da mesma ofensa, doença ou impossibilidade de trabalho
profissional ou de qualquer outro, será punida:

1." — Se a doença ou impossibilidade de trabalho não durar por


mais de dez dias, com prisão até seis meses e multa até um mês;
2.° — Se a doença ou impossibilidade de trabalho se prolongar
por mais de dez dias, sem exceder a vinte, ou produzir deformidade
pouco notável, com prisão até um ano e multa até dois meses;
3.° — Se a doença ou impossibilidade de trabalho se prolongar
por mais de vinte dias, sem exceder a trinta, ou produzir deformidade
notável, com prisão e multa;
4." — Se a doença ou impossibilidade de trabalho se prolongar
por mais de trinta dias, com prisão nunca inferior a dezoito meses e
multa nunca inferior a um ano;
5.° — Se da ofensa resultar cortamento, privação, aleijão ou
inabilitação de algum membro ou órgão do corpo, com prisão maior
de dois a oito anos.

§ único — Nos casos previstos no n.° 1.° só haverá lugar a


procedimento judicial mediante participação do ofendido, 'excepto se
as ofensas corporais puserem em perigo a vida do ofendido ou forem
cometidas com armas proibidas, armas de fogo ou outros meios
gravemente perigosos.

ARTIGO 361.°
(Ofensas corporais voluntárias de que resulta privação da razão,
impossibilidade permanente de trabalhar ou a morte)

Se, por efeito necessário da ofensa, ficar o ofendido privado da


razão ou impossibilitado por toda a vida de trabalhar, a pena será a
de prisão maior de dois a oito anos.

r.i
143

s único — A mesma pena agravada será aplicada, se a ofensa


rnoral for cometida voluntariamente, mas sem intenção de matar, e
contudo ocasionar a morte.
ARTIGO 362.° fOfensas corporais de que
resulta a morte por circunstância acidental)

Se o ferimento ou espancamento ou ofensa não foi mortal, nem


agravou ou produziu enfermidade mortal, e se provar que alguma
circunstância acidental independente da vontade do criminoso, e que
não era consequência do seu facto, foi a causa da morte, não será
pela circunstância da morte agravada a pena do crime.

ARTIGO 363.°" (Uso e ameaças


com arma de fogo ou de arremesso)

O tiro de arma de fogo, o emprego de arma de arremesso contra


alguma pessoa, posto que qualquer destes factos não seja classificado
como tentativa de homicídio, nem dele resulte ferimento ou
contusão, e bem assim a ameaça com qualquer das ditas armas em
disposição de ofender, ou feita por uma reunião de três ou mais
indivíduos em disposição de causar mal imediato, consideram-se
ofensa corporal e são punidos:

1.° — O tiro de arma de fogo, ou o emprego de qualquer arma de


arremesso, com a pena de prisão;
2.° — A ameaça com arma de fogo, ou com qualquer arma de
arremesso, em disposição de ofender, ou feita por três ou mais
indivíduos em disposição de causar mal imediato, com a pena de
prisão;

§ único — Dependerá de participação do ofendido o


procedimento criminal por simples ameaça com qualquer arma ou
nieio de agressão qua não seja dos mencionados na parte final do §
único do artigo 360.°

" Redacção introduzida pelo artigo 4.° da Lei n.° 8/85, de 10 de Setembro.
144

Se a ameaça for de uma ofensa corporal cujo procediment


criminal dependa de acusação do ofendido, o procedimento judiei
por aquela ameaça dependerá igualmente desta acusação.

ARTIGO 364.° (Ministração


de substâncias nocivas à saúde)

As disposições dos artigos antecedentes desta secção são


aplicáveis àqueles que, voluntariamente e com intenção de fazer mal
ministrarem a outrem de qualquer modo substâncias que, não sendo
em geral por natureza mortíferas, são contudo nocivas à saúde.

ARTIGO 365.° (Ofensas corporais


qualificadas pela pessoa do ofendido)

Se qualquer dos crimes declarados nos artigos antecedentes desta


secção for cometido contra o pai ou mãe, legítimos ou naturais, ou
contra algum dos ascendentes legítimos, o réu será condenado:

1.° — Se a pena do crime for a de prisão por tempo não


excedente a três meses, a prisão nunca inferior a um ano;
2." — A prisão maior de dois a oito anos em todos os demais
casos em que a pena do crime seja de prisão;
3.° — Se a pena do crime for a do número anterior, a mesma
pena agravada e nunca inferior a seis anos;
4.° — Se a pena do crime for a de prisão maior de dois a oito
anos, a mesma pena agravada e nunca inferior a metade ou a de
prisão maior de oito a doze anos, segundo a gravidade do dano
causado.
{
ARTIGO 366.°
(Castração)

Se alguém cometer o crime de castração, amputando a outrem


qualquer órgão necessário à geração, será condenado a prisão maior
de dois a oito anos.

§ único — Se resultar a morte do ofendido dentro de quarenta


dias depois do crime, por efeito das lesões produzidas, a pena será a
de prisão maior de dezasseis a vinte anos.
145

ARTIGO 367." (Inabilitação


voluntária para o serviço miUtar)
[REVOGADO]"

Aauele que se mutilar voluntariamente, e para se tornar róprio para


o serviço militar, será condenado na prisão de três ^esesaumano.
8 único — Se o cúmplice for médico, cirurgião ou farmacêutico,
será condenado na mesma pena correspondente.

SECÇÃO V
HOMICÍDIO, FERIMENTO E OUTRAS OFENSAS CORPORAIS
INVOLUNTÁRIAS

ARTIGO 368."
(Homicídio involuntário)

O homicídio involuntário, que alguém cometer ou de que for


causa por sua imperícia, inconsideração, negligência, falta de
destreza ou falta de observância de algum regulamento, será punido
com a prisão de um mês a dois anos e multa correspondente.

§ único — O homicídio involuntário, que for consequência de


um facto ilícito, ou de um facto lícito, praticado em tempo, lugar ou
modo ilícito, terá a mesma pena, salvo se ao facto ilícito se dever
apUcar pena mais grave, que neste caso será somente aplicada.

ARTIGO 369.° (Ofensas corporais


involuntárias)

Se pelos mesmos motivos, e nas mesmas circunstâncias, alguém


ometer ou involuntariamente for causa de algum ferimento ou de 4
alquer dos efeitos das ofensas corporais declaradas na secção
Mecedente, será punido com prisão de três dias a seis meses, ou
oníente ficará obrigado à reparação, conforme as circunstâncias, ^va
a pena de contravenção, se houver lugar.

- Revogado pelo artigo n.° 32.° da Lei n.° 4/94, de 28 de Janeiro.


146

§ 1.° — Se das ofensas corporais não resultarem efeitos m


graves do que os referidos no n.° 1 do artigo 360.°, só hav -
procedimento criminal mediante participação do ofendido.
§ 2° — Na falta desta participação, será, no entanto, puní
qualquer contravenção que tenha sido cometida.

SECÇÃO VI CAUSAS DE ATENUAÇÃO


NOS CRIMES DE HOMICÍDIO VOLUNTÁRIO, FERIMENTOS E
OUTRAS OFENSAS CORPORAIS

.,, ARTIGO370.°
(Provocação nos crimes de homicídio e de ofensas corporais)

Se o homicídio voluntário ou os ferimentos, ou espancamentos


ou outra ofensa corporal, forem cometidos sem premeditação, sendo
provocados por pancadas ou outras violências graves para com as
pessoas, serão as penas atenuadas pela maneira seguinte:

1.° — Se a pena do crime for a de prisão maior de vinte a vinte e


quatro anos, ou qualquer pena fixa será esta reduzida à de prisão de
um até dois anos e multa correspondente;
2° — Qualquer pena temporária será reduzida à de seis meses a
dois anos de prisão;
3.° — A pena correcional será reduzida à de prisão de três dias a
seis meses.
( ARTIGO 371.° (Provocação
consiitiiida por escalamento ou arrombamento de casa habitao* ou suas
dependências)

Terá lugar a atenuação decretada no artigo antecedente, se


factos aí declarados forem praticados, repelindo de dia o
escalamento
ou arrombamento de uma casa habitada ou de suas dependência •
que podem dar acesso à entrada da mesma casa, ou repelindo ladrão
ou agressor que nela se introduziu.
147

ARTIGO 372." (Provocação constituída


por adultério ou corrupção de filha menor)

O homem casado que achar sua mulher em adultério cu'


a e
acusação lhe não seja vedada, nos termos do artigo 404 " §'2 °"'
;r a
nesse acto matar ou a ela ou ao adúltero, ou a ambos, ou' lhes
seis
fizer alguma das ofensas corporais declaradas nos artigos 360 ° n
- 3 " 5.0, 361." e 366.°, será desterrado para fora da comarca' por
meses.

§ 1.° - Se as ofensas forem menores, não sofrerá pena alsuma


§ 2.° - As mesmas disposições se aplicarão à mulher casada'
que no acto declarado neste artigo matar a concubina teúda '
manteúda pelo marido na casa conjugal, ou ao marido ou a ambo ^
ou lhes fizer as referidas ofensas corporais. ^'
§ 3." - Aplicar-se-ão também as mesmas disposições, em ieuais
circunstâncias, aos pais a respeito de suas filhas menores de vint
um anos e dos corruptores delas, enquanto estas viverem debai H^
pátrio poder, salvo se os pais tiverem eles mesmo excií^Hn
favorecido ou facilitado a corrupção. '

ARTIGO 373.° (Provocação como


circunstância modificativa no crime de castração)
A pena do crime de castração somente poderá ser «f
-gundo o disposto no artigo 37a^ no caso em'queTvLTên "^
«consistir em um ultraje violento contra o pudor. '' ^'"^^

ARTIGO 374.° (Provocação


constituída por injúria, difamação ou ameaça)
As injúrias verbais, as difamações ou imputações ini..ri
':^^^o...,^^c.,.s no artigo 363.", „ão sãX^S;::
atenn P^^^^^^^^Çao enuncidas no artigo 370 ° La o r T
,>çao especial nele decretada, salvo o dlposto no^^go 39" n.o

^°d«s o?'c!,r ^°' '''°' declarados neste artigo, assim como em ^^^Cset" '"
'" " verificarem circunstâncias atenuante^ 'ir-se-ao as regras gerais
sobre a atenuação das penas.
148

ARTIGO375.°
(Exclusão da provocação como circunstância modificativa no crimp
de parricídio)

No crime de parricídio não tem lugar a atenuação decretada


artigo 370." desta secção, mas não havendo premeditação, se
verificar a provocação, estando em perigo, no momento do crim
pelas violências do ascendente, a vida do criminoso, poderá
atenuada a pena segundo as regras gerais.

SECÇÃO VII
HOMICÍDIOS, FERIMENTOS E OUTROS ACTOS
Í)E FORÇA QUE NÃO SÃO CLASSIFICADOS CRIMES

ARTIGO 376.° (Homicídio e


ofensas corporais com justificação do facto)

Não são crimes o homicídio, os ferimentos, ou espancamentos ou


outros actos ou meios de força, que tiverem lugar concorrendo as
circunstâncias declaradas em cada um dos números do artigo 41.°,
conforme as regras dos artigos 43.° a 46.°.

ARTIGO377.°
^'" (Legítima defesa)

A regra estabelecida no artigo 44.°, n.° 5.°, compreende os casos


em que o homicídio ou ferimentos ou espancamentos forem
cometidos ou outros meios de forças empregados:

1.° — Repelindo de noite o escalamento ou abombamento às


uma casa habitada ou de suas dependências, que podem dar acesso a
entrada na mesma casa.
2.° — Defendendo-se contra os autores de roubos ou destruiço^
executadas com violências.

ARTIGO 378.° (Excesso


de legítima defesa)

Se no caso do n.° 5.° do artigo 44.°, qualquer exceder os liou'^


marcados no artigo 46.°, será, segundo a qualidade e circunstância
149

esso, ou punido com pena de prisão, ou absolvido da pena.


, somente sujeito à reparação civil pela sua falta.
flCi

SECÇÃO VIII AMEAÇAS E


INTRODUÇÃO EM CASA ALHDEIA

ARTIGO 379."
(Ameaças)

Aquele que, por escrito assinado, ou anónimo ou verbalmente,


ameaçar outrem de lhe fazer algum mal que constitua crime, quer lhe
imponha, quer não, qualquer ordem ou condição, será condenado a
prisão até três meses e multa até um mês.

§ 1.° — Aquele que, por qualquer meio, ameaçar ou intimidar


outrem para o constranger a fazer ou deixar de fazer alguma coisa a
que por lei não é obrigado será condenado a prisão até dois meses, se
não estiver incurso na disposição deste artigo, nem ao meio
empregado corresponder pena mais grave por disposição especial.
§ 2.° — Depende de participação do ofendido o procedimento
criminal pelos factos previstos neste artigo e seu § 1.°.
Se o mal a que se refere a ameça for uma infracção cujo
procedimento criminal dependa de acusação da parte ou não
constituir crime, a acção criminal pela ameaça dependerá da
acusação particular.

ARTIGO 380."
(Introdução em casa alheia)

Aquele que, fora dos casos em que a lei o permite, se introduzir


'^asa de habitação de alguma pessoa, contra vontade dela, será
"iidenado a prisão até seis meses.

^ ^-^ — Se houver violência ou ameaça ou se tiver empregado


lamento, arrombamento ou chaves falsas, a pena será a de prisão. ^
^2.° — No caso do parágrafo antecedente é sempre punível a ^tiva,
segundo as regras gerais.
150

§ 3.° — Aquele que, fora dos casos em que a lei o np


persistir em ficar na casa de habitação de alguma pessoa cont ^
a
vontade dela, não tendo cometido o crime enunciado neste arti»
I.°, será condenado a prisão até três meses, não havendo violênc' es
°
ameaça, e até seis meses no caso contrário.

^
§ 4° — Não concorrendo nos crimes previstos neste artig seus
parágrafos qualquer das circunstâncias referidas no § j o
procedimento criminal só terá lugar mediante acusação do ofendid

SECÇÃO IX
DUELO

ARTIGO 381.°
(Provocação ao duelo)

A provocação a duelo será punida com prisão de um a três meses


e multa até um mês

ARTIGO 382.° (Injúrias a quem não


aceita o duelo)

Serão punidos com a mesma pena aqueles que publicamente


desacreditarem ou injuriarem qualquer pessoa por não ter aceitado
um duelo.

ARTIGO 383.°
(Excitação e provocação por injúria)

Aquele que excitar outrem para se bater em duelo, e bem assini


aquele que por qualquer injúria der lugar à provocação a duelo, seW
punido com prisão de um mês a um ano e multa correspondente.

ARTIGO 384.° (Uso de


armas em duelo)

Aquele que em duelo tiver feito uso de suas armas contra s


adversário, sem que resulte homicídio nem ferimento, será puni
<^oni prisão de dois meses a um ano e multa correspondente.
151

ARTIGO 385.° (Morte ou ofensas


corporais em alguns dos combatentes)

effl uni duelo um dos combatente matar o outro, será punido risão
de um a dois anos e o máximo da multa, podendo elevar-'^ tefflpo
'1^ prisão ao dobro com os únicos efeitos da prisão.

o j o __ Se do duelo resultou algum dos efeitos declarados nos


oc 3 ° a 5." do art.° 360.°, e no art.° 361.° a pena será de seis meses a
dois anos e multa correspondente.
8 2° — Se houver ferimentos, fora dos casos declarados no
narágrafo antecedente, a pena será a prisão de três a dezoito meses e
multa correspondente.

ARTIGO386." (Punição
dos padrinlios)

Serão punidos com prisão até seis meses e multa até um mês os
padrinhos, quando, segundo as regras gerais, não deverem ser
punidos como autores ou cúmplices do crime.

ARTIGO 387."
(Aplicação da lei geral)

As penas geralmente estabelecidas pela lei serão sempre


aplicadas, quando o homicídio ou ferimentos resultantem de duelo,
nos casos seguintes:

1- — Quando o duelo tiver lugar sem assistência de padrinhos; ^-


— Quando houver fraude ou deslealdade; • Contra qualquer
pessoa que, por interesse pecuniário, vocar ou excitar ou der
causa voluntariamente ao duelo.

ARTIGO 388.° (Duelo


cometido por empregado público)
. "^^ algum dos criminosos for empregado público poder-se-á Qtar
a pena de demissão, segundo as circunstâncias.
152

SECÇÃO X DISPOSIÇÃO COMUM


ÀS SECÇÕES DESTE CAPÍTUL^

ARTIGO 389.°
(Sonegação ou ocultação de cadáver)

Se, no caso de homicídio ou de morte em consequência


ferimentos, espancamentos ou outras ofensas corporais, de nn ^
trata neste capítulo, alguém sonegar ou ocultar o cadáver da pes ^
morta, será punido com a prisão de três meses a dois anos sal
quando haja lugar a pena maior, se tiver havido participação crime.

CAPITULO IV DOS CRIMES


CONTRA A HONESTIDADE
SECÇÃO I ULTRAJE
PÚBLICO AO PUDOR

ARTIGO390.° (Ultraje
público ao pudor)

O ultraje público ao pudor, cometido por acção, ou a publicidade


resulte do lugar ou de outras circunstâncias de que o crime for
acompanhado, e posto que não haja ofensa individual da honestidade
de alguma pessoa, será punido com prisão até seis meses e multa ate
um mês.

i SECÇÃO II
ATENTADO AO PUDOR, ESTUPRO VOLUNTÁRIO E VIOLAÇÃO

ARTIGO391.°
(Atentado ao pudor)

Todo o atentado contra o pudor de uma pessoa de um ou o


sexo, que for cometido com violência, quer seja para satisi^
paixões lascivas, quer seja por outro qualquer motivo, será p^^ com
prisão.
153

8 único — Se a pessoa ofendida for menor de 16 anos, a pena


, ^ todo o caso a mesma, posto que se não prove a violência. será
S"'
ARTIGO 392.°
(Estupro)

Aquele que, por meio de sedução, estuprar mulher virgem, maior


de doze e menor de dezoito anos, terá a pena de prisão maior de dois
a oito anos.

ARTIGO 393.°
(Violação)

Aquele que tiver cópula ilícita com qualquer mulher, contra sua
vontade, por meio de violência física, de veemente intimidação, ou
de qualquer fraude, que não constitua sedução, ou achando-se a
mulher privada do uso da razão, ou dos sentidos, comete o crime de
violação, e terá a pena de prisão maior de dois a oito anos.

ARTIGO 394.° (Violação de menor


de doze anos)

Aquele que violar menor de doze anos, posto que não se prove
nenhuma das circuntâncias declaradas no artigo antecedente, será
condenado a prisão maior de oito a doze anos.

ARTIGO 395.° (Rapto


violento ou fraudulento)

O rapto de qualquer mulher com fim desonesto, por meio de


Violência física, de veemente intimidação ou de qualquer fraude, que
nao constitua sedução, ou achando-se a mulher privada do uso da
razão ou dos sentidos, será punido como atentado ao pudor com
Violência, se não se consumou o estupro ou violação; e será
considerado como circunstância agravante do crime consumado.

§ 1.° — O rapto de menor de doze anos com fim desonesto


considera-se sempre como violento.
§ 2.° — Se por crime de cárcere privado ou de outro se deverem
impor ao criminoso penas mais graves, serão estas aplicadas.
154

ARTIGO 396."
(Rapto consentido)

Será considerado como circunstância agravante do estupro rapto


de qualquer mulher virgem, maior de doze anos e menor d dezoito
anos, da casa ou lugar em que com a devida autorização ela estiver,
que for cometido com o seu consentimento; se o estupro porém, se
não consumar, será punido o rapto por sedução com prisão até um
ano.

ARTIGO 397.° (Cárcere privado e


ocultação de menores)

Em todos os casos em que houver rapto, é aplicável a disposição


dos artigos 332.° e 344.°, §2.°.

ARTIGO 398.°
(Agravação especial)

Nos crimes de que trata esta secção, as penas serão substituídas


pelas imediatamente superiores, se o criminoso for:

1.° — Ascendente ou irmão da pessoa ofendida;


2° — Se for tutor, curador ou mestre dessa pessoa, ou por
qualquer título tiver autoridade sobre ela; ou for encarregado da sua
educação, direcção ou guarda; ou for eclesiástico ou ministro de
qualquer culto, ou empregado público de cujas funções dependa
negócio ou pretensão da pessoa ofendida;
3." — Se for criado ou doméstico da pessoa ofendida pu da sua
família, ou, em razão de profissão, que exija título, tiver influência
sobre a mesma pessoa ofendida;
4.° — Se tiver comunicado à pessoa ofendida afeccção sifilítica
ou venérea.

ARTIGO 399.°
! (Denúncia prévia)

Nos crimes previstos nos artigos antecedentes, não tem lugar o


procedimento criminal sem prévia denúncia do ofendido, ou de seus
155

avós marido, irmãos, tutores ou curadores, salvo nos casos


pais> ^ '
seguintes:
1 o _ Se a pessoa ofendida for menor de doze anos;
2 o __ Se foi cometida alguma violência qualificada pela lei
trio crime, cuja acusação não dependa da dentíncia ou da acusação
da parte;
3 " — Sendo pessoa miserável ou achando-se a cargo de
estabelecimento de beneficiência.

§ único — Depois de dada a denúncia e instaurado o processo


criminal, o perdão ou desistência da parte não susta o procedimento
criminal.

ARTIGO 400.° (Dote da ofendida e


efeitos do casamento)

Nos casos de estupro e nos de violação de mulher virgem, o


crimioso será sempre obrigado a dotar a ofendida, ainda quando com
ela case, sendo a importância do dote fixada pelo tribunal que
conhecer da responsabilidade criminal do arguido.

§ 1." — Em qualquer dos casos a que refere este artigo e em


todos os previstos nos artigos antecedentes, o casamento porá termo
à acusação da parte ofendida e à prisão preventiva, prosseguindo a
acção pública, à revelia, até julgamento final.
§ 2° — No caso de condenação a pena ficará simplesmente
suspensa e só caducará se, decorridos cinco anos após o casamento,
não houver divórcio ou separação judicial por factos somente
imputáveis ao marido, porque, havendo-os, o réu cumprirá a pena.
§ 3.° — Se a licença para o casamento nestas condições for
negada por quem de direito, pertence ao juiz da causa o suprimento
dessa licença. "*

- A disposição do § 3.° está alterada pelo disposto no artigo 187.° n.° 3.° do Código de Registo
Civil, segundo o qual "Da oposição, pode o nubente reclamar para o tribunal de menores
da comarca, mas só perante decisão favorável do tribunal será celebrado o casamento".
156

SECÇÃO III
ADULTÉRIO

ARTIGO
401.°
(Adultério)™

O adultério da mulher será punido com prisão maior de dois a


oito anos.

§ 1." — O co-réu adúltero, sabedor de que a mulher é casada


será punido com a mesma pena, ficando obrigado às perdas e danos
que devidamente se julgarem.
§ 1° Somente são admissíveis contra o co-réu adúltero as provas
do flagrante delito, ou provas resultantes de cartas ou outros
documentos escritos por ele. *°
§ 3." Não poderá impor-se pena por crime de adultério, senão em
virtude de querela e acusação do marido ofendido.
§ 4.° O marido não poderá impor-se querela senão contra ambos
os co-réus, se forem ambos vivos. •*'

" - Toda esta secção, portanto, dos artigos 401." a 404." foi modificada nos termos do artigo 61.°
do Decreto de 3 de Novembro de 1910, segundo o qual: "O adultério do marido ou da
mulher só será considerado quando correr durante a vida dos cônjuges em comum, e será
pimido nos termos dos artigos 401.° a 404.° do Código Penal, com as seguintes modificações:
§ 1.° — O adultério do marido será igualado em carácter e gravidade, ao da mulher, mas a
pena nunca poderá exceder para qualquer deles e respectivo co-réu o máximo da prisão
correccional, ficando assim alteradas as incriminações e penalidades dos artigos 401.° a
404.°."
§ 2.° — Os §§ 2.° e 4.° do artigo 401.° são revogados.
§ 3.° — O direito de queixa e acusação do cônjuge ofendido prescreve pelo lapso de seis
meses.
§ 4.° — O cônjuge ofendido tem de optar pela acção criminal de adultério, ou pela civil de
divórcio, ou de separação, com base em adultério, não podendo cumulá-las em caso algum,
nem servir-se numa delas de elementos obtidos em diligências administrativas ou judiciais,
preparatória da outra.
§ 5.° — Sendo intentada a acção criminal e terminando pela absolvição do acusado, este,
ainda que seja o marido, poderá requerer, sem necessidade de outro título, certidão da
sentença da absolvição, que se proceda executoriamente à separação e entrega dos bens que
lhes pertencerem.
§ 6.° — Neste caso a sentença absolutória decretará, de direito, o divórcio ou a separação de
pessoas, conforme na contestação o tiver requerido o acusado, entendendo-se que opta pelo
separação em caso de silêncio, e devendo observar-se o disposto no artigo 19.° e seus
parágrafos deste decreto.
§ 7.° — Ficam assim substituídas as disposições do artigo 1 209.° e seus parágrafos do
Código Civil". (Tratava-se do Código Civil então vigente).

*" - Este parágrafo foi revogado, conforme resulta da nota antecedente.

" - Este parágrafo esta revogado, conforme resulta do que foi expresso na nota 80.
157

ARTIGO 402.°
(Perdão do marido)
[REVOGADO] "^

O marido não poderá querelar, se perdoou a qualquer dos co-réus


ou se se reconciliou com a mulher.

§ único — Todo o procedimento cessará pela extinção da


acusação do marido, e do mesmo modo o efeito da condenação de
ambos os co-réus cessará, perdoando o marido a qualquer deles ou
tomando a viver com a mulher.

ARTIGO 403." (Efeitos da


sentença cível)

A sentença passada em caso julgado em causa de divórcio por


adultério, sendo obsolutória, produz todos os efeitos na causa
criminal.

§ único — Se for condenatória, não prejudica a causa criminal.

ARTIGO 404."
(Adultério do marido)

O homem casado, que tiver manceba teúda e manteúda na casa


conjugal, será condenado na multa de três meses a três anos. ^^

§ 1." — Pelo crime declarado neste artigo somente pode querelar


a mulher.
§ 2.° — O marido convencido deste crime, ou do crime de
excitação à corrupção de sua mulher, na forma do artigo 405.°, § 1.°,
não pode querelar pelo adultério dela.
§ 3.° — O disposto no § 4.° do artigo 401.°, e nos artigos 402.° e
403.°, tem aplicação no caso deste artigo. *"

- Revogado nos termos do artigo 61.° do Decreto de 3 de Novembro de 1910. Ver nota 80.

- O corpo deste artigo está revogado nos termos do artigo 61.°, do Decreto de 3 de Novembro
de 1910, reproduzido na nota 80.

' - Conforme expresso nas notas 80, 82 e 83, quer o 4." do artigo 401.° quer o artigo 402.°,
foram revogados pelo artigo 61.° do Decreto de 3 de Novembro de 1910.
.,, ' I ff
158

SECÇÃO IV
LENOCÍNIO

ARTIGO 405.°
(Lenocínio)

Se, para satisfazer os desejos desonestos de ontrem, o ascendente


excitar, favorecer ou facilitar a prostituição ou corrupção de qualquer
pessoa sua descendente, será condenado a prisão de um a dois anos e
multa correspondente, ficando suspenso dos direitos políticos por
doze anos.

§ 1." — O marido, que cometer o mesmo crime a respeito de sua


mulher, será condenado no máximo do desterro e multa de três meses
a três anos do seu rendimento, ficando suspenso dos direitos políticos
por doze anos.
§ 2." — O tutor ou qualquer outra pessoa encarregada da
educação ou direcção ou guarda de qualquer menor de vinte e um
anos, que cometer o mesmo crime a respeito desse menor, será
punido com prisão de seis meses a dois anos e multa correspondente,
e suspensão por doze anos do direito de ser tutor ou membro de
algum conselho de famflia, e do de ensinar ou dirigir ou concorrer na
direcção de qualquer estabelecimento de instrução.

^ ARTIGO 406."
(Corrupção de menores)"

Toda a pessoa que habitualmente excitar, favorecer ou facilitar a


devassidão ou corrupção de qualquer menor de vinte e um anos, para
satisfazer os desejos desonestos de outrem, será punida com prisão
de três meses a um ano e multa correspondente, e suspensão dos
direitos políticos por cinco anos.

Ver artigo 25.° do Decieto n.° 20 431, de 24 de Outubro de 1931, publicado no B.O. n.
35/961. ..;r ^1'^
159

CAPITULO V
CRIMES CONTRA A HONRA, DIFAMAÇÃO,
CALÚNIA E INJÚRIA
ARTIGO 407°
(Difamação)

Se alguém difamar outrem publicamente, de viva voz, por escrito


ou desenho publicado ou por qualquer meio de publicação,
imputando-lhe um facto ofensivo da sua honra e consideração, ou
reproduzindo a imputação, será condenado a prisão até quatro meses
e multa até um mês. I
I
ARTIGO 408.° '
(Prova da verdade dos factos imputados)

Não é admissível prova alguma sobre a verdade dos factos


imputados, salvo nos dois casos seguintes: ^

1.° — Quando os factos imputados aos empregados públicos, por


eles responsáveis, forem relativos às suas funções;
2.° — Quando for imputado a pessoa particular ou empregado
público fora do exercício das suas funções um facto criminoso sobre
que houver condenação ainda não cumprida, ou acusação pendente
em juízo; mas, em um e outro caso, será unicamente admissível a
prova resultante da sentença em juízo criminal, passada em julgado.
No caso de a acusação estar pendente em JUÍZO, sobrestar-se-á no
processo por difamação até final decisão sobre o facto criminoso.

§ único — Para os efeitos unicamente do disposto neste artigo,


são equiparados aos empregados públicos os membros responsáveis
de qualquer corporação, que exerça autoridade pública.

ARTIGO 409.° (Prova da


verdade dos factos e calúnia)
/
Se em qualquer dos casos declarados no artigo antecedente o
160

acusado provar a verdade dos factos imputados, nos termos


prescritos, será isento de pena. Se não provar a verdade d
imputações, será punido como caluniador com prisão até um ano
multa correspondente.

ARTIGO 410.°
(Injúria)

O crime de injúria, não se imputando facto algum determinado


se for cometido contra qualquer pessoa publicamente, por gestos, de
viva voz, ou por desenho ou escrito publicado, ou por qualquer meio
de publicação, será punido com prisão até dois meses e multa até um
mês.

§ único — Na acusação por injúria não se admite prova sobre a


verdade de facto algum, a que a injúria se possa referir.

ARTIGO 411.° (Difamação e injúria contra


corporação com autoridade pública)

Se os crimes declarados nos artigos 407.° e 410.° forem


cometidos contra corporação, que exerça autoridade pública, a pena
será a de prisão até seis meses, no primeiro caso, a do artigo 407.°,
no segundo caso.

§ único — Se forem cometidos contra alguma das câmaras


legislativas, a pena será a de prisão até seis meses e multa até um mês.
( ARTIGO 412.°
(Difamação e injúria cometidas sem publicidade)

Se nos crimes previstos nos artigos antecedentes não hwiy^''


publicidade, a pena será a de multa até dois meses.

ARTIGO 413.° (Ofensa


corporal com intenção de injuriar)

Se alguma ofensa corporal for publicamente cometida contra


161

pessoa com a intenção de a injuriar, será punida com a pena


^^ ^ f mação, cometida com circunstâncias agravantes, salvo se à
corresponder pena mais grave, que neste caso será aplicada
" CP no crime concorressem também circunstâncias agravantes.
cofíio se
ARTIGO 414.° (Ofensas à
autoridade pública)

A pena de difamação será aplicada àquele que maliciosamente


ometer algum facto ofensivo da consideração devida à autoridade
nública com o fim de injuriar, salvo quando a ofensa tiver pela lei
nena mais grave, que neste caso será aplicada como se no crime
concorressem circunstâncias agravantes.

ARTIGO 415.° (Difamação


ou injúria contra ascendentes)

Os crimes declarados neste capítulo, cometidos contra o pai ou


mãe legítimos ou naturais, ou algum dos ascendentes legítimos, serão
sempre punidos com o máximo da pena sem prejuízo do disposto no
artigo 365.°.

§ único — Se os mesmos crimes forem acompanhados de outras


circunstâncias agravantes, observar-se-ão as regras gerais.

ARTIGO 416.°» (Legitimidade para a acção


penal nos crimes de difamação e de injúria)

Não poderá ter lugar procedimento judicial pelos crimes de


difamação e de injúria, senão a requerimento da parte, quando esta
for um particular ou empregado público individualmente difamado
ou injuriado, salvo nos casos declarados no Capítulo II do Título III,
deste Livro.

§ único — A regra deste artigo não terá lugar, quando o crime for
cometido na presença das autoridades públicas ou dos ministros
ciesiásticos, no exercício do seu ministério, ou nos edifícios
estinados ao serviço público ou ao culto religioso, ou nos paços reais.

^s crimes previstos neste capítulo são públicos, quando cometidos em lugar público, nos
tennos do § único do artigo 36.° do Decreto-Lei n.° 37 047, de 7 de Setembro de 1948,
publicado no Boletim Oficial n.° 16/952.
162

ARTIGO 417." (Difamação ou injúria


contra pessoa falecida)

O crime de difamação ou injúria, cometido contra uma pessoa i'


falecida, será punido, se acusar o ascendente ou descendente, ou
cônjuge, ou irmão ou herdeiro desta pessoa.

ARTIGO 418."
(Explicações satisfatórias)

Será isento de pena aquele que em juízo der explicação


satisfatória da difamação ou injúria de que for acusado, se o ofendido
aceitar essa satisfação.

ARTIGO 419.° (Difamação ou injúria


em discurso ou escrito forense)

Se os discursos em juízo ou os escritos aí produzidos, contiverem


difamação ou injúria, poderão os juízes perante quem pender a causa,
suspender até seis meses, e no caso de reincidência por dobrado
tempo, os advogados ou procuradores que tiverem cometido a
difamação ou injúria. Poderão também mandar riscar nos escritos as
expressões difamatórias ou injuriosas.

§ único — Se estas expressões forem relativas a factos estranhos


à causa, ou se a difamação ou injúria for de tal natureza ou
acompanhada de tais circunstâncias, que aos juízes pareça dever
impor-se pena mais grave, ordenarão provisoriamente a suspensão
87

mencionada neste artigo, e remeterão as partes ao juízo competente.

ARTIGO 420."
(Ultraje à moral pública)

O ultraje à moral pública, cometido publicamente por palavras,


será punido com prisão até três meses e multa até um mês.

A competência para suspender os advogados, prevista neste artigo, pertence hoje e


exclusivo à Ordem dos Advogados de Angola (cf. art." 3.°,/) e 74.° e segs. do respectivo
Estatuto, aprovado pelo Decreto n.° 28/96, de 13 de Setembro).
163

hlcado, ou por outro qualquer meio de publicação, a pena será a

s único — Se for cometido este crime por escrito ou desenho


licado, ou por outro qualquer meio de p-»-'-—-=- ----------------- -
f" risão até seis meses e multa até um mês.

TITULO V DOS CRIMES


CONTRA A PROPRIEDADE
CAPÍTULO I
DO FURTO E DO ROUBO
E DA USURPAÇÃO DE COISA IMÓVEL
SECÇÃO I
FURTO

ARTIGO 421.°"
(Furto)

Aquele que cometer o crime de furto, subtraindo


fraudulentamente uma coisa que lhe não pertença, será condenado:

1.° — A prisão até seis meses e multa até um mês se o valor da


coisa furtada não exceder a Kz. 1 200.00;
2.° — A prisão até um ano e multa até dois meses, se exceder a
esta quantia, e não for superior a Kz. 6 000.00;
3.° — A prisão até dois anos e multa até seis meses, se exceder a
Kz- 6 000.00 e não for superior a Kz. 24 000.00; : 4.° — A prisão
maior de dois a oito anos, com multa até um ano, jse exceder a Kz.
24 000.00 e não for superior a Kz. 600 000.00;
5.° — A prisão maior de oito a doze anos, se exceder a Kz- 600
000.00.''

8 Único — Considera-se como um só furto o total das diversas


celas subtraídas pelo mesmo indivíduo à mesma pessoa, embora ^•n
épocas distintas.

°s tennos do § único do artigo 3.° da Lei de 3 de Abril de 1896, publicada no Boletim


'cial n." 50/913, no crime de furto a tentativa é sempre punível.
Valores referidos neste artigo foram estabelecidos pela Lei n.° 2 138, de 14 de Março de
® (Boletim Oficial n.° 114/969), entretanto, actualizados pelo Decreto-Lei n.° 7/00, de 3
°^ Novembro.
164

ARTIGO 422.° (Subtracção, destruição ou


descaminho de coisa própria depositada)

As penas de furto serão impostas ao que fraudulentaraent


subtrair uma coisa que lhe pertença, estando ela em penhor o
depósito em poder de alguém, ou a destruir ou desencaminhar
estando penhorada ou depositada em seu poder por mandado H
justiça.

ARTIGO 423.° (Apropriação ilícita de


coisa acliada)

Aqueles que, tendo achado algum objecto pertencente a outrem


deixarem fraudulentamente de o entregar a seu dono, ou de praticar
as diligências que a lei prescreve, quando se ingora o dono da coisa
achada, serão condenados às penas de furto, mas atenuadas.

ARTIGO 424.°
(Furto, destruição ou descaminlio de processos, livros de registo,
documentos ou objectos depositados)

Aquele que furtar algum processo ou parte dele, livro de registo


ou parte dele, ou qualquer documento, será punido com prisão maior
de dois a oito anos e multa até um ano.

§ 1.° — A mesma disposição se aplica ao que subtrair um título,'


ou documento ou peça de processo, que tiver produzido em juízo era
qualquer causa.
§ 2.° — Se o processo for criminal e nele se tratar de crime, a que
a lei imponha alguma das penas maiores, será punido o furto cora
prisão maior de dois a oito anos e multa até um ano, e, se a pena nao
for alguma das penas maiores, será punido o furto com prisão ai^
dois anos e multa até três meses.
§ 3.° — Se o furto for de papéis ou quaisquer objectos
depositados em depósitos públicos ou estabelecimentos encarregado
pela lei de guardar estes objectos, será agravada a pena segundo
regras gerais.
§ 4." — As disposições deste artigo e seus parágrafos será
aplicadas ao que desencaminhar ou destruir os referidos papéis o
objectos.
165

ARTIGO 425.<'
(Furto doméstico)

Serão punidos com as penas imediatamente su|>eriores às do


gjtigo 421.°, segundo o valor:

j o — Os criados que furtarem alguma COisa pertencente a seus


amos;
2° — Os criados que furtarem alguma coisa pertencente a
nualquer pessoa na casa de seus amos, ÓU na casa em que os
acompanharem ao tempo do furto;
3.° — Qualquer servidor assalariado ou qualquer indivíduo,
trabalhando habitualmente na habitação, oficina ou estabelecimento
em que cometer o furto;
4.° — Os estalajadeiros ou quaisquer pessoas, que recolham ou
agasalhem outros por dinheiro ou seus propostos, os barqueiros, os
recoveiros, ou quaisquer condutores ou seus propostos, que furtarem
todo ou parte do que por este título lhes era confiado.

§ 1.° — O furto de valor compreendido no n.° 5.° do artigo 421."


será punido com pena de prisão maior de doze a desasseis anos.
§ 2.° — No caso de furto de objectos confiados para transporte,
se estes se alterarem com substâncias prejudiciais à saúde, será
também imposta a prisão no lugar do degredo, pelo tempo que
parecer aos juízes.'"

ARTIGO 426.°
(Furto qualiflcado)

O furto será punido, nos termos dos artigos seguintes, quando for
qualificado, segundo as regras neles estabelecidas, pelo concurso de
^guma ou algumas das seguintes circunstâncias:

^- — Trazendo o criminoso ou algum dos criminosos no °niento


do crime armas aparentes ou ocultas; ^° — Sendo cometido de
noite ou em lugar ermo;

pena de degredo foi eliminada pelo Decreto-Lei n.° 39 688, de 5 de Junho de 1954
(Reforma de 1954) publicado no Boletim Oficial n.° 5 (Suplemento) de 1955, estando,
P°is, revogado o § 1° do artigo 425.° do Código Penal.
166

3.° — Por duas ou mais pessoas;


4.° — Em casa habitada ou destinada a habitação, em edifí, Cio
público ou destinado ao culto religioso, ou em cemitério;
5.° — Na estrada ou no caminho público, sendo de objectos ni
por ele forem transportados;
6." — Com usurpação de título, ou uniforme, ou insígnia d
algum empregado público, civil ou militar, ou alegando ordem fals
de qualquer autoridade pública;
7.° — Com arrombamento, escalamento ou chaves falsas, em
casa não habitada nem destinada a habitação.

ARTIGO 427.°
(Agravação do furto qualificado pelas circunstâncias dos n.° 6.° e 7.°
do artigo 426.°)

Quando o furto for cometido com qualquer das circunstâncias


declaradas nos n.° 6° e 7.° do artigo antecedente, será punido com a
pena do n.° 2° do artigo 421.°, se o valor da coisa furtada for o
declarado no n.° 1.° do mesmo artigo.

1.° — Com a do n.° 3.°, se for o do n.° 2.°;


2.° — Com a do n.° 4.°, se for o do n.° 3.°;
3.° — Com a do n.° 5.°, se for o do n.°4.°;
4.° — Com prisão maior de doze a desasseis anos, se for o do

ARTIGO 428.° (Agravação do


furto qualificado por outras circunstâncias)

O furto cometido de noite e acompanhado de qualquer das


circunstâncias seguintes: em casa habitada ou destinada a habitação,
ou a edifício público ou destinado ao culto religioso ou em cemitério,
ou em estrada ou caminho púbUco, sendo de objectos que por el^
forem transportados, ocorrendo, além disso, alguma das outra
circunstâncias enumeradas no artigo 426.°, será punido.:

o valor da cois»
1.° — Com a pena do n.° 3.° do artigo. 421.° se
furtada for o declarado n.° 1.° do mesmo artigo;
2.° — Com a do n.° 4.°, se for o declarado no n.° 2.°;
3.° — Com a do n.° 5.°, se for o declarado no n.° 3.°; .^
4.° — Com prisão maior de doze a desasseis anos, se for o
n.°4.°;
167

5." — Com pena de prisão maior de desasseis a vinte anos, se for


oco
odon. 5.
§ único — São aplicáveis as disposições deste artigo ao furto
cometido por duas ou mais pessoas, com o concurso de duas ou mais
das restantes circunstâncias enumeradas no artigo 426.°

ARTIGO 429."
(Agravantes gerais)

A aplicação das regras gerais terá sempre lugar quando, em


qualquer dos casos declarados nos artigos antecedentes, concorrerem
alguma ou algumas circunstâncias agravantes.

ARTIGO 430.°'" * (Crime


particular de furto)

Em todos os casos declarados nesta secção, não excedendo o


furto a quantia de Kz. 120.000, nem sendo habitual, só terá lugar a
pena, queixando-se o ofendido.

§ 1.° — O que entrar em terreno alheio para colher frutos e


comê-los no mesmo lugar, será punido, queixando-se o ofendido,
com a pena de repreensão.
§ 2.° — O que o mesmo modo entrar em terreno alheio para
rebuscar ou respigar, não estando ainda recolhidos os frutos, será
preso até seis dias, queixando-se o ofendido.
§ 3.° — Nos casos dos dois parágrafos antecedentes, a pena será
de prisão, se for segunda reincidência, ou se forem habituais os
crimes ai declarados.

ARTIGO 431.° (Casos em que não tem


lugar a acção criminal pelos crimes de furto)

A acção criminal de furto não tem lugar pelas subtrações


'Cometidas:

1° — Pelo cônjuge em prejuízo do outro, salvo havendo Paração


judicial de pessoas e bens;

dacção do Decreto-Lei n.° 7/00, de 3 de Novembro.


168

2.° — Pelo ascendente em prejuízo do descendentes:

§ 1.° — Outra qualquer pessoa, que nestes casos particiD


facto, fica sujeita à responsabilidade penal, segundo a nature "^
participação.

^
§ 2." —A acção da justiça não tem lugar sem queixa
do
ofendido, sendo o furto praticado pelo criminoso contra seus
ascendentes, irmãos, cunhados, sogros ou genros, madrasta
enteados, tutores ou mestres, cessando o procedimento logo que
prejudicados o requererem.

SECÇÃO II
ROUBO

ARTIGO 432.°
(Roubo)

É qualificada como roubo a subtracção da coisa alheia, que se


comete como violência ou ameaça contra as pessoas.

§ único — A entrada em casa habitada, com arrombamento,


escalamento ou chaves falsas, é considerada como violência contra
as pessoas, se elas efectivamente estavam dentro nessa ocasião.

ARTIGO 433.° v , ...'^


(Roubo concorrendo com o crime de homicídio)

Quando o roubo for cometido ou tentado, concorrendo o cnnie


de homicídio será aplicada aos criminosos a pena de prisão maior
vinte a vinta quatro anos. v

ARTIGO 434.° _ „
(Roubo concorrendo com cárcere privado, violação ou ofensas corpor

A pena de prisão maior de 20 a 24 anos será aplicada q^^^ ^^


roubo for cometido, concorrendo o crime de cárcere privado ou^^^,
violação,ou alguma das ofensas corporais, declaradas no artig e seu
parágrafo.

" - A presente redacção foi introduzida pelo artigo 6.° da Lei n.° 8/85, de 10 de ae
169

, o __ Quando o roubo for cometido em lugar ermo, por duas •


pessoas, trazendo armas aparentes ou ocultas, qualquer dos
criminosos se da violência resultou ferimento, ou contusão ou
o de qualquer ferimento, será punido, segundo a
gravidade dos
^^ Itados da violência, com prisão maior, nunca inferior a oito anos
^^ atro meses, ou com prisão maior de 12 a 16 anos.
^ &2° ■ ___ ^^ tentativas de roubo, nos casos previstos neste artigo e
c. I o serão punidas como o crime consumado com circunstâncias
atenuantes.
,s ARTIGO 435.°
(Roubo qualíflcado) '^

\° — A pena de prisão maior de 8 a 12 anos será aplicada


quando o roubo for cometido por duas ou mais pessoas fora dos
casos declarados no artigo antecedente e seu § 1.°.
2° — Quando o roubo for cometido com armas de fogo será
punido com pena de prisão maior de 20 a 24 anos.
3." — Quando o roubo for cometido com usurpação de título, ou
uniforme, ou insígnia de algum empregado público civil ou militar,
ou alegando ordem de qualquer autoridade pública, a pena será a de
12 a 16 anos de prisão maior.

ARTIGO 436.° (Punição dos


comparticipantes do roubo)"

O co-réu, que tiver convocado ou seduzido os outros ou dado


instruções para o roubo ou dirigido a sua execução, será condenado:

-,n — ^o '^^so do artigo 433.° e do artigo 434.°, a prisão maior de


20 a 24 anos;
2° — No caso do § 1.° artigo 434.°, a prisão maior de 12 a 16
anos,
'^^ultados da violência; ou a prisão maior de 16 a 20 anos, segundo a

consuimado.No caso de § 2.° do artigo 434.°, às penas do crime


gravidade dos

" Redacca ■
V10 introduzida pelo artigo 7." da Lei n.° 8/85, de 10 de Setembro.
-tíeda, '^f ão introduzida pelo artigo 8.° da Lei n.° 8/85, de 10 de Setembro.
170

4° — No caso do n.° 1 do artigo 435.°, a prisão maior


inferior a 8 anos e 4 meses;
5." — No caso do n.° 2 do artigo 435.°, a prisão maior de 9
24 anos;
6." — No caso do n.° 3 do artigo 435.°, a prisão maior de is
'^^

^^
I
20 anos.

ARTIGO 437.° (Regra geral de


punição do roubo)

Fora dos casos declarados nos artigos 433.° a 436.°, será


aplicável a pena imediatamente superior à correspondente ao crime
de furto, tendo em atenção o valor da coisa.

ARTIGO 438.° (Casos em que não tem


lugar a acção penal pelo crime de roubo)

É extensiva aos crimes de roubo a disposição do artigo 431.° e


seus números e parágrafos, na parte aplicável.

ARTIGO 439.° (Furto ou roubo do


credor ao devedor para pagamento de dívida)

Se o credor furtar ao roubar alguma coisa pertencente ao seu


devedor para se pagar da dívida, esta circunstância não justificará o
facto criminoso, mas será considerada como circunstância
atenuante.

ARTIGO440.°
(Extorsão)

Aquele que, por violência ou ameaça, extorquir a alguém a


assinatura ou a entrega de qualquer escrito ou título, que contenha ou
produza obrigação ou disposição, ou desobrigação, será punido coro
as penas declaradas para o crime de roubo, segundo as circunstâncias
do facto.

i
171

ARTIGO 441." (Furto ou roubo de


objectos sagrados)

CQ as coisas furtadas ou roubadas em edifício destinado ao Ito ou


em acto religioso, forem objectos sagrados, serão licadas as penas
respectivas de furto ou de roubo, no máximo da sua agravação.

ARTIGO 442.°
(Arrombamento, escalamento e chaves falsas)

É arrombamento o rompimento, fractura ou destruição, em todo


ou em parte, de qualquer construção, que servir a fechar ou impedir a
entrada, exterior ou interiormente, de casa ou lugar fechado dela
dependente, ou de móveis destinadas a guardar quaisquer objectos. É
escalamento a introdução em casa ou lugar fechado, dela dependente,
por cima de telhados, portas, paredes, ou de quaisquer construções
que sirvam a fechar a entrada ou passagem, e bem assim por abertura
subterrânea não destinada para entrada. São consideradas chaves
falsas: 1.°, as imitadas, contrafeitas ou alteradas; 2°, as verdadeiras,
existindo fortuita ou sub-repticiamente fora do poder de quem tiver o
direito de as usar; 3.°, as gazuas ou quaisquer instrumentos que
possam servir para abrir fechaduras.

§ único — A subtracção de móvel fechado, que serve à


segurança dos efeitos que contém, e cometida dentro da casa ou
edifício, considera-se feita com a circunstância de arrombamento,
ainda que o móvel seja aberto ou arrombado em outro lugar.

ARTIGO 443.° (Uso ou porte de gazua


ou outro artifício para abrir fechaduras)

Quando não houver lugar a pena mais grave pelo crime


cometido, será condenado:

1.° — A prisão até três meses e multa até um mês, aquele a quem
for achada gazua ou outro artifício para abrir quaisquer fechaduras;
2° — A prisão até um ano e multa até dois meses, aquele que em

l prejuízo de alguém tiver feito uso dessa gazua ou artifício.


172

ARTIGO 444." (Fabrico de gazuas e


artifícios para abrir fechaduras)

Aquele que fizer gazuas ou os referidos artifícios, tais com


falsificar ou alterar chaves, será condenado a prisão nunca inferior a
um ano e a multa até seis meses.

§ único — Se for ferreiro de profissão, sofrerá o máximo da


prisão e a multa de seis meses.

SECÇÃO III
USURPAÇÃO DE COISA IMÓVEL '
E ARRANCAMENTO DE MARCOS

ARTIGO 445.°
(Usurpação de imóvel)

Se alguém, por meio de violência ou ameaça para com as


pessoas, ocupar coisa imóvel, arrogando-se o domínio ou a posse, ou
o uso dela, sem que lhe pertençam, será punido com a pena de prisão
de três dias a dois anos.

ARTIGO 446.°
(Arrancamento de marcos)

r
Quaquer pessoa que, sem autoridade da justiça, ou sem
consentimento das partes, a que pertencer, arrancar marco, posto em
alguma propriedade por demarcação, ou de qualquer modo o
suprimir ou alterar, será condenado a prisão de um mês a um ano e
multa correspondente.

§ único — Consideram-se marcos quaisquer construções ou


sinais destinados a estabelecer os limites entre diferentes
propriedades, e bem assim as árvores plantadas para o mesmo fiffl'
ou como tais reconhecidas.
173
CAPITULO II
DAS QUEBRAS, BURLAS E OUTRAS
DEFRAUDAÇÕES
SECÇÃO I
QUEBRAS

ARTIGO 447° (Falência


fraudulenta e culposa)
[REVOGADO]«

Aqueles que, nos casos previstos pelo Código Comercial, forem


julgados ter cometido o crime de quebra fraudulenta, serão punidos
com prisão maior de oito a doze anos.
§ I.° — Se a quebra for julgada culposa, a pena será a de prisão
de três dias a dois anos.
§ 2.° — A mesma pena será aplicada aos cúmplices.

ARTIGO 448.° (Falência


dos corretores)
[REVOGADO]''

Os corretores, que forem julgados ter cometido o crime de


quebra ou insolvência fraudulenta , serão punidos com prisão maior
de oito a doze anos, agravada.

ARTIGO
449."
(Insolvência)
[REVOGADO]"

Todo O devedor não comerciante, que se constituir em


insolvência, ocultando ou alheando maliciosamente os seus bens,
será punido com prisão de três meses a dois anos.

** - Revogado. Ver artigos 1 276.° a 1 278.° do Código do Processo Civil. " - Revogado. Ver
artigos 1 276.° a 1 278.° do Código do Processo Civil. * - Revogado. Ver artigos 1 276.° a 1
278.° do Código do Processo Civil, aplicáveis por força do artigo 1 315.° do referido Código.
174

SECÇÃO II
BURLAS

ARTIGO 450."
(Burla)

Será punido com prisão por mais de seis meses, podendo se


agravada com a multa, e com suspensão dos direitos políticos por
dois anos, segundo as circunstâncias:

1.° — O que, fingindo-se senhor de uma coisa, a alhear, arrendar


gravar ou empenhar;
2° — O que vender uma coisa duas vezes a diferentes pessoas,
ou seja mobiliária ou imobiliária a coisa vendida;
3." — O que especialmente hipotecar uma coisa a duas pessoas,
não sendo desobrigado do primeiro credor, ou não sendo bastante, ao
tempo da segunda hipoteca especial, para satisfazer a ambas,
havendo propósito fraudulento;
4.-° — O que, de qualquer modo, alhear como livre uma coisa,
especialmente obrigada a outrem, encobrindo maliciosamente a
obrigação.

§ único — É aplicável às infracções previstas neste artigo o


disposto no artigo 430." e no artigo 431." e seus parágrafos
relativamente ao furto.

ARTIGO 451."
(Burla por defraudação) ^

Será punido com as penas de furto, segundo o valor da coisa


furtada ou do prejuízo causado, aquele que defraudar a outrem,
fazendo que se lhe entregue dinheiro ou móveis, ou quaisquer fundos
ou títulos, por algum dos seguintes meios:

1.° — Usando de falso nome ou de falsa qualidade;


2° — Empregando alguma falsificação de escrito;
3." — Empregando artifício fraudulento para persuadir a
existência de alguma falsa empresa, ou de bens, ou de crédito, ou de
poder supostos, ou para produzir a esperança de qualquer acidente.
175

.o __ A pena mais grave de falsidade, se houver lugar, será


aplicada. cada.
g 2 °_____ - E aplicável às infracções previstas neste artigo o
disposto
rtieo 430.° e no artigo 431.° e seus parágrafos relativamente ao
no
furto.
ARTIGO452."
(Extorsão e chantagem)

Aquele que por meio de ameaça verbal ou escrita de fazer


revelações ou imputações injuriosas ou difamatórias, ou, a pretexto
de as não fazer, extorquir a outrem valores, ou coagir a escrever,
assinar, entregar, destruir e falsificar, ou, por qualquer modo,
inutilizar escrito ou título que constitua, produza ou prove obrigação
ou quitação, será condenado às penas do furto, agravadas, mas só
terá lugar o procedimento criminal havendo queixa prévia do
ofendido.

§ 1.° — Se os valores não foram extorquidos, nem o título ou


escrito foi assinado, entregue, escrito, destruído, falsificado, ou por
qualquer modo inutilizado, a pena será a do § único do artigo 379.°;
§ 2.° — Aquele que, com o pretexto de crédito, ou influência sua
ou alheia para com alguma autoridade pública, receber de outrem
alguma coisa, ou aceitar promessa pelo despacho de qualquer
negócio ou pretensão, e bem assim o que receber de outrem alguma
coisa, ou aceitar promessa com pretexto de remuneração ou presente
a algum empregado público, será punido com o máximo da prisão e a
multa até um ano, sem prejuízo da acção que compete ao empregado
público pelo crime da injúria.

SECÇÃO III
ABUSOS DE CONFIANÇA, SIMULAÇÕES
E OUTRAS ESPÉCIES DE FRAUDES

ARTIGO453.°
(Abuso de confiança)

Aquele que desencaminhar ou dissipar, em prejuízo de


proprietário, ou possuidor ou detentor, dinheiro ou coisa móvel, ou
176

títulos ou quaisquer escritos, que lhe tenham sido entregues no


depósito, locação, mandato, comissão, administração, comodato que
haja recebido para um trabalho, ou para uso ou empreso
determinado, ou por qualquer outro título, que produza obrigação de
restituir ou apresentar a mesma coisa recebida ou um valor
equivalente, será condenado às penas de furto.

§ 1.° — A mesma pena será aplicada aquele que, nos termos


deste artigo, gravar ou empenhar qualquer dos efeitos nele
mencionados, quando com isso prejudique ou possa prejudicar o
proprietário, possuidor ou detentor;
§ 2.° — É aplicável às infracções previstas neste artigo e seu § 1.°
o disposto no artigo 430.° e no artigo 431.° e seus parágrafos
relativamente ao furto.

ARTIGO 454." (Abuso


sobre incapazes)

Aquele que abusar da imperícia, necessidades ou paixões de


menor não emancipado, ou de indivíduo interdito, em razão de
afecção mental ou de prodigalidade, levando-o a contrair, em seu
prejuízo, obrigação verbal ou escrita, ou a subscrever desobrigação
ou transmissão de direitos, por empréstimo de dinheiro ou de bens
mobiliários, ainda que debaixo de outra forma se encubra o
empréstimo, será condenado a prisão de três dias a dois anos e multa
correspondente.

ARTIGO 455.°
(Simulação)

Aqueles que fizerem algum contrato simulado, em prejuízo de


uma terceira pessoa ou do Estado, serão punidos com prisão de um a
dois anos, e multa de KzR. 50 000 a KzR. 300 000, dividida pelos
96-A
co-reus.

§ único — É aplicável ao crime de simulação, que não seja em


prejuízo do Estado, o disposto no artigo 430.° e no artigo 431.° e seus
parágrafos relativamente ao furto.

^ - A multa é hoje de Kz. 5.00 a Kz. 30.00, nos termos do art.° 1.°, n.° 2 do Dec.-Lei n.° 7/00,
de 3 de Novembro.
177

ARTIGO 456.°
(Fraude nas vendas)
[REVOGADO] "

Será punido com um mês a um ano de prisão e multa


jjorrespondente:

\_° — O que enganar o comprador sobre a natureza da coisa


fendida;
2° — O que enganar o comprador, vendendo-lhe mercadoria
falsificada, ou géneros alterados com alguma substância posto que
não nociva à saúde, para aumentar o peso ou volume;
3." — O que, usando de pesos falsos ou medidas falsas, enganar
o comprador.

§ 1.° — Se for ourives de ouro ou de prata, que cometa a


falsificação, metendo nas obras que fizer para vender alguma liga por
que a lei, bondade e valia do ouro ou prata seja alterada, ou
engastando ou pondo pedra falsa ou contrafeita, ou que engane o
comprador sobre o peso ou toque de ouro ou prata, ou sobre a
qualidade de alguma pedra, a pena será a prisão de três meses a dois
anos e multa correspondente.
§ 2." — A simples detenção de falsos pesos ou de falsas medidas
aos armazéns, fábricas, casas de comércio ou em qualquer lugar, em
íue as mercadorias estão expostas à venda, será punida com a multa
Be KzR. 10 000 a KzR. 50 000.
§ 3.° Consideram-se como falsos os pesos e medidas que a lei
não autoriza.
§ 4.° — Os objectos do crime, se pertencerem ainda ao vendedor,
serão perdidos a favor do Estado, e bem assim serão perdidos e
inutilizados os pesos e medidas falsas.
§ 5.° — É aplicável à infracção prevista no n.° 1.° deste artigo o
disposto no artigo 430.° e no artigo 431." e seus parágrafos
relativamente ao furto.

■ Revogado pelo artigo 47.° da Lei n.° 9/89, de 11 de Dezembro, "Lei dos Crimes Contra a
Economia" e substituido pelo artigo 34.° da mesma Lei. Entretanto, aquela Lei foi
substituída pela 6/99, de 3 de Setembro.
•MiRnpiPiiiii«lf

178

ARTIGO 457.°
(Contrafeição)
[REVOGADO]'"

Aquele que cometer o crime de contrafeição, reproduzindo todo


ou em parte, fraudulentamente e com violação das le' ^
regulamentos relativos à propriedade dos autores, alguma oh ^
escrita ou de música, de desenho, de pintura, de escultura ^
qualquer outra produção, será punido com a multa de 300 Qn
3.000,00 e perda dos exemplares da obra contrafeita e de todos o
objectos que serviram para a execução da contrafeita.
§ 1.° — A mesma multa, com a perda dos exemplares da obra
será aplicada ao que introduzir em território português uma obra
produzida em Portugal, que tiver sido contrafeita em país
estrangeiro.
§ 2." — O que vender ou expuser à venda a obra assim
contrafeita, será condenado em multa de 100,00 a 1.000,00 e na
perda dos exemplares da obra contrafeita.

ARTIGO 458.° (Representação e execução não


consentidas de compoisiição musical)
[REVOGADO]"

Todo o empresário ou director de espectáculo ou associação de


artistas, que fizer representar no seu teatro alguma obra dramática ou
executar composição musical, com violação das leis e regulamentos
relativos à propriedade dos autores, será punido com a multa de
100,00 a 1.000,00 e com a perda do produto da récita.

ARTIGO 459.° (Defraudação dos direitos


dos proprietários dos novos inventos)
[REVOGADO] «» *-

Toda a defraudação dos direitos dos proprietários dos novos


inventos, com violação das leis e regulamentos que lhes respeitam,
será punida com a multa de 300,00 a 3.000,00, e perda dos objectos
que serviram para a execução do crime.

- Ver Código dos Direitos de Autor (Lei n.° 4/90, de 10 de Março).


■ Ver Código dos Direitos de Autor (Lei n.° 4/90).
- Ver Código dos Direitos de Autor (Lei n.° 4/90).
ARTIGO 460.°
(Indemnização devida pelas defraudações)
[REVOGADO] ""

«jos casos declarados nos artigos antecedentes serão adjudicados '


lo de indemnização ao proprietário prejudicado pelo crime os " ■
ctos e receitas perdidos, e se alguma coisa faltar para a sua " ra
indemnização o poderá haver pelos meios ordinários.

CAPÍTULO III nos QUE ABREM


CARTAS ALHEIAS OU PAPÉIS, E DA
REVELAÇÃO DOS SEGREDOS
ARTIGO 461.° (Abertura
fradulenta de cartas ou papéis fechados)

Aquele que maliciosamente abrir alguma carta ou papel fechado


de outra pessoa, será condenado a prisão até um ano e multa até três
meses, se tomar conhecimento dos seus segredos e os revelar; a
prisão até seis meses, se os não revelar e a prisão até três meses, se
nem os revelar, nem deles tomar conhecimento, tudo sem prejuízo
das penas de furto, se houverem lugar.

§ 1.° — A disposição deste artigo não é aplicável aos maridos,


pais e tutores, quanto às cartas ou papéis de suas mulheres, filhos ou
menores que se acharem debaixo da sua autoridade.
§ 2° — Se o criminoso for criado, feitor ou qualquer outra
pessoa habitualmente empregada no serviço da pessoa ofendida, será
^prisão pelo máximo do tempo mencionado neste artigo.
§ 3." — Se as cartas ou papéis abertos forem pertencentes ao
serviço público e emanados de alguma autoridade pública ou a ela
'dirigidos, ou instrumentos ou autos judiciais, a pena será a de prisão
^ niulta, nunca inferiores a um ano.
§ 4.° — O procedimento judicial pelos crimes previstos neste
^•go e seu § 2° depende de participação do ofendido.

" Ver Código dos Direitos de Autor (Lei n.° 4/90).

m
180
§ 5.° — Nos casos do § 3.° o procedimento judicial depe H
participação do funcionário que dirige o serviço público a ^ '^^
cartas ou papéis abertos forem pertencentes ou dos superiores H ^^
funcionário, ou da autoridade pública donde forem emanados OU
quem forem dirigidos. """^
§ 6.° — Quando se trate de instrumentos ou actos judicia'
procedimento judicial não dependerá de participação ou de acusa ~°
particular.

ARTIGO 462.° (Revelação de


segredos da indústria)
[REVOGADO] ""

Todo O empregado ou operário em fábrica ou estabelecimento


industrial, ou encarregado da sua administração ou direcção, que
com prejuízo do proprietário descobrir os segredos da sua indústria,
será punido com a prisão de três meses a dois anos e multa
correspondente.

CAPITULO IV DO
INCÊNDIO E DADOS
SECÇÃO I
FOGO POSTO

ARTIGO 463.° (Fogo posto em lugar


pertencente ao Estado e habitado)

Será condenado na pena de prisão maior de dezasseis a vinte


anos, aquele que, voluntariamente, puser fogo, e por este meio
destruir em todo ou em parte:

1.° — Fortificação, arsenal, armazém, arquivo, fábrica-


embarcação pertencentes ao Estado, ou edifício, ou qualquer lug
contendo, ou destinado a conter, coisas pertencentes ao Estado;

Revogado pelo artigo 47.° da Lei n.° 9/89, de 11 de Dezembro, "Lei dos Crimes Contra'
Economia" e substituído pelo artigo 20." da referida Lei, substituída hoje, por sua vez, P^
Lei 6/99, de 3 de Setembro (ver art.° 38.°).
181

o _ Edifício ou qualquer lugar habitado;


'o__ Edifício destinado legalmente à reunião de cidadãos;
o _ Edifício destinado à habitação dentro de povoado, posto
não habitualmente habitado.

8 único — Para os efeitos do disposto neste artigo, n.° 2°,


sidera-se lugar habitado nos comboios em movimento, ou por
jicião de entrarem em movimento, para transportar passageiros,
alquer dos carros do mesmo comboio, ainda que os passageiros
não vão no mesmo carro.

ARTIGO 464.° (Fogo posto em


lugar habitado)

A pena será a de prisão maior de oito a doze anos, se o objecto do


crime for:

1.° — Embarcação, armazém ou qualquer edifício, dentro ou fora do


povoado, não habitados nem destinados à habitação; 2° — Seara,
floresta, mata ou arvoredo.

; ARTIGO 465.°
(Nexo de causalidade)

As penas determinadas nos dois artigos antecedentes serão


aplicadas ao que tiver comunicado o incêndio a algum dos objectos,
que neles se enumeram, pondo voluntariamente o fogo a quaisquer
objectos colocados, de modo que a comunicação houvesse de ser
efeito natural do incêndio destes objectos sem acidente imprevisto.

ARTIGO 466.° (Morte


resultante de fogo posto)

Será punido com a pena de prisão maior de vinte a vinte e quatro


^nos aquele que cometer o crime de incêndio, em qualquer dos casos
^numerados nos artigos antecedentes, ocasionando a morte de
alguma pessoa que, no momento em que o fogo foi posto, se achava
■^0 lugar incendiado.
182

ARTIGO 467."
(Crime frustrado)

As penas do delito frustrado serão aplicadas, quando o


posto não chegou a atear-se e a produzir dano, salvo quanH^^°
criminoso tentou mais de uma vez o incêndio, ou que este f ° °
objecto de concerto entre muitos criminosos, porque, em tais c ^^
será punido com as penas dos artigos 463.° e 464.° °^^

ARTIGO 468.° (Fogo posto


em coisa própria)

O proprietário que puser fogo à sua própria coisa, será punido


nos casos e com as distinções seguintes:

1.° — Se o objcto incendiado for edifício ou lugar habitado, a


pena será a determinada no artigo 463.°;
2.° — Em qualquer dos outros casos declarados nos artigos 463.°
e 464.°, se o proprietário, pelo incêndio da sua própria coisa, causar
voluntariamente prejuízo em qualquer propriedade de outra pessoa,
será punido com as penas do artigo 464.°:

§ 1.° — Quando o prejuízo ou o propósito de causar o prejuízo,


consistir em fazer nascer um caso de responsabilidade para terceiro,
ou em defraudar os direitos de alguém, a pena será a de prisão de um
a dois anos e multa correspondente;
§ 2.° — Fica salva, em todos os casos, além dos enumerados
nesta secção, a responsabilidade do proprietário que põe fogo à sua
própria coisa, pelos danos e pela violação dos regulamentos de
polícia.
( ARTIGO
469.°'°^^ (Fogo posto em coisa de menor valor)

Se o valor de algum dos objectos existentes fora de povoado-


enumerados no artigo 464.°, não exceder a Kz. 120.00, e o fogo tiver
sido voluntariamente posto, mas sem perigo, nem propósito de
propagação, a pena será a de prisão de um mês a um ano e fflulw
correspondente.

■ Redacção do Decreto-Lei n." 7/00, de 3 de Novembro.


183

ARTIGO 470° (Fogo posto


em objectos não especificados)

n incêndio de objectos não compreendidos nesta secção será "do


aplicando-se as disposições relativas às destruições e danos, P"
circunstância agravante, segundo as regras gerais.

ARTIGO 471.° (Submersão, varação e


explosão de minas ou máquinas de vapor)

As regras estabelecidas nos artigos antecedentes serão aplicadas


nos casos de submersão ou varação de embarcação, explosão de
mina ou de máquina de vapor ou agente de igual poder.

V SECÇÃO II
DANOS

ARTIGO 472.° "" ■> (Dano em


edifícação ou construção pertencente a outrem)

Aquele que por qualquer meio derrubar ou destruir,


voluntariamente, no todo ou em parte, edificação ou qualquer
construção concluída ou somente começada, pertencente a outrem ou
ao Estado, será condenado:

1-° — A prisão até dois anos e multa até seis meses, se o valor do
prejuízo exceder a Kz.6 000.00;
2.° — A prisão até um ano com multa até três meses, se não
exceder esta quantia, mas se for superior a Kz. 2 400.00;
3." — A prisão até seis meses e multa até um mês, se exceder a
Kz. 600 00, não sendo superior a Kz. 2 400.00;
4.° — A prisão até três meses e multa até quinze dias, se não
exceder a Kz. 600.00:

§ 1 •" — Se, nos casos previstos no corpo deste artigo, o valor do


dano não exceder Kz. 120.00, o procedimento criminal só terá lugar
Mediante acusação particular, e, nos mesmos casos, dependerá da
participação do ofendido, se ultrapassar tal valor;

- Redacção do Decreto-Lei n.° 7/00, de 3 de Novembro.


184

§ 2." — A segunda reincidência será punida no caso do n o com


a pena do n." 3.°, no do n.° 3.° com a do n." 2.°, no do n.° 2 ° ° a do
n.° 1°, no do n.° 1." com a de prisão maior de dois a oito a '^^
§ 3.° — Aquele que voluntariamente destruir ou desarranjar °^'
todo ou em parte, qualquer via férrea, ou colocar sobre ela alg
objecto, que embarace a circulação, ou que tenha por fim fazer sai
comboio dos carris, será condenado a prisão maior de dois a oito an
§ 4.° — Se de qualquer dos factos indicados no parágraf
antecedente resultar a morte de alguma pessoa, a pena será a d
prisão maior de vinte a vinte e quatro anos; se resultar alguma das
ofensas corporais especificadas no artigo 361.°, a pena será a de
prisão maior de doze a dezasseis anos; se for alguma das designadas
no artigo 360.°, a pena será a de prisão maior nunca inferior a três
anos, sete meses e seis dias;
§ 5.° — A destruição de telégrafo, poste ou linha telegráfica ou
telefónica, a destruição ou corte de fios, postes ou aparelhos
telegráficos ou telefónicos, ou a oposição com violência ou ameaça
ao seu estabelecimento, será punida com prisão e multa.

ARTIGO 473.° (Dano em porta, janela,


tecto, parede, fosso, vala ou cercado)

São compreendidos nas disposições do artigo antecedente e seus


§§l.°e2.°:

1.° — O que arrombar porta, janela, tecto ou parede de qualquer


casa ou edifício;
2.° — O que destruir, em todo ou em parte, parede, fos^so, vala ou
qualquer cercado:

§ único — É aplicável ao disposto neste artigo o § 1.° do artigo


472.°

ARTIGO 474.° (Dano em estátua ou


objecto de utilidade ou decoração pública)

Aquele que destruir ou de qualquer modo danificar estátua oU


outro objecto, destinado à decoração pública, e colocado pela
autoridade pública, ou com a sua autorização, será punido com a
prisão de dois meses a dois anos e multa correspondente.
185

ARTIGO 475.°
(Oposição à execução de trabalhos autorizados pelo Governo
e dano para impedir o exercício da autoridade)

Será punido com as mesmas penas do artigo antecedente, e


salvas as penas de resistência, se houverem lugar:
\° — O que por meio de violência se opuser à execução de
trabalhos autorizados pelo Governo;
2° — O que causar dano com o fim de impedir o livre exercício
da autoridade pública, ou por vingança contra os que tiverem
contribuído para a execução das leis.

ARTIGO 476.°
(Danos em árvores)'"'

Aquele que cortar ou destruir qualquer árvore frutífera ou não


frutífera, ou enxerto pertencente a outrem, ou a mutilar ou a
danificar, de modo que a faça perecer, será condenado na prisão de
três a trinta dias e multa até um mês.

§ 1.° — Se for mais do que uma árvore ou enxerto, a pena será


imposta multiplicada pelo número das árvores ou enxertos
destruídos, contando que não exceda ao máximo da prisão e multa
correspondente;
§ 2° — Se a árvore ou árvores eram plantadas em lugar público,
em estrada, caminho público ou concelhio, as penas serão em dobro,
sem nunca excederem ao máximo da prisão e multa.

ARTIGO 477.° (Dano em seara,


vinha, horta, plantação ou viveiro) '**

Aquele que destruir, em todo ou em parte, seara, vinha, horta,


plantação, viveiro ou sementeira pertencente a outrem, será
condenado nas penas do artigo 472.°

' - Este artigo tem de ser interpretado em conjugação com o artigo 42.° da Lei n.° 9/89, de 11
de Dezembro que também prevê o corte ilegal de árvores queimadas. Ver Lei 6/99, de 3 de
Setembro, que substituiu a Lei 9/89 e já não prevê como crime contra a economia o corte
ilegal de árvores e as queimadas

'-Ver nota anterior.


186

ARTIGO 478."
(Dano por meio de assuada, substância venenosa ou corrosiva ou violência
para com as pessoas)

A destruição ou danificação de efeitos ou propriedades móveis,


ou de de quaisquer animais pertencentes a outra pessoa, ou Estado,
que se cometer voluntariamente:

1.° — Em assuada;
2.° — Empregando substâncias venenosas ou corrosivas;
3." — Com violência para com as pessoas;
4.° — Será punida com prisão maior de dois a oito anos.

ARTIGO 479.°
(Danos em animais)

Aquele que voluntariamente matar ou ferir alguma besta cavalar,


ou de tiro ou de carga, ou alguma cabeça de gado vacum, ou de
rebanho, fato ou vara, pertencente a outra pessoa, ou qualquer
animal doméstico das espécies referidas, pertencente a outra pessoa,
será condenado em prisão de um mês a um ano e multa
correspondente.

§ 1." — Se este crime for cometido em terreno de que seja


proprietário, rendeiro ou colono o dono do animal, a pena será
agravada, e impondo-se o máximo no caso em que concorra
escalamento ou outra circunstância agravante;
§ 2.° — O procedimento judicial pelo crime previsto rièste artigo
depende de participação do ofendido.

ARTIGO 480." (Morte ou ferimento


de animais em terreno do dono)

Aquele que matar ou ferir sem necessidade qualquer animal


doméstico alheio, em terreno de que seja proprietário ou rendeiro ou
colono o dono do animal, será condenado na pena de prisão de seis
dias a dois meses, e multa até ura raês, ou na de desterro até seis
meses e na mesma multa.
187

§ único — É aplicável às infracções previstas neste artigo o


disposto no § 2." do artigo 479."

ARTIGO 481." (Danos


voluntários não previstos especialmente)

Fora dos casos especificados neste capítulo, todos os danos


causados voluntariamente em propriedade alheia móvel, imóvel ou
semovente, serão punidos com prisão até seis meses e multa até um
mês.

§ único — Não concorrendo circunstância agravante, a pena será


de multa até um mês, a qual será imposta acusando o ofendido, e
salva a pena de contravenção, se houver lugar.

SECÇÃO III
INCÊNDIO E DANOS CAUSADOS
COM VIOLAÇÃO DOS REGULAMENTOS

ARTIGO 482.°
(Dano culposo)

Se, pela violação ou falta de observância das providências


policiais e administrativas, contidas nas leis e regulamentos, e sem
intenção maléfica, alguém causar incêndio ou qualquer dano em
propriedade alheia, móvel, semovente ou imóvel, será punido com a
multa, conforme a sua renda, de um mês, sem prejuízo das penas
decretadas nas mesmas leis ou regulamentos, pela contravenção.

§ 1.° — O procedimento judicial pelo crime previsto neste artigo


depende de participação do ofendido e ainda da sua acusação nos
casos em que, se o dano tivesse sido dolosamente praticado, a acção
dependeria de acusação particular;
§ 2." — Na falta de participação ou de acusação, apenas haverá
procedimento judicial pela contravenção cometida.

tȋ!^
188

TITULO VI DA
PROVOCAÇÃO PÚBLICA AO CRIME
ARTIGO 483° (Provocação
pública ao crime)

Aquele que, por discursos ou palavras proferidas publicamente, e


em voz alta, ou por escrito de qualquer modo publicado, ou por
qualquer meio de publicação, provocar a um crime determinado, sem
que se siga efeito da provocação, será punido com prisão, e multa de
três meses a três anos, salvo se ao crime, a que provocou, for pela lei
imposta uma pena menos grave, a qual será neste caso imposta ao
provocador.

§ único — Se da provocação se seguiu efeito, será o provocador


considerado como cúmplice, e ser-lhe-á somente imposta a pena de
cumplicidade.

TITULO VII DAS


CONTRAVENÇÕES DE POLICIA
ARTIGO 484."
(Contravenções de polícia)

Terão inteira observância, no que não for especialmente alterado


por este Código, as leis e regulamentos administrativos e de polícia,
actualmente em vigor, que decretam as penas das contravenções de
suas disposições /

ARTIGO 485.°
(Coimas)'"'

As coimas continuarão a ser julgadas em todos os casos, em que


se acham determinadas, pelas posturas e regulamentos municipais,
actualmente em vigor e feitas na conformidade das leis.

■ As transgressões administrativas não têm hoje natureza penal. Ver Lei n." 10/87, de 26 de
Setembro - Lei Quadro das Transgressões Administrativos.
ARTIGO 486.° (Limites aos regulamentos e
posturas) "*

Depois da publicação deste código não poderá decretar-se nos


regulamentos administrativos e de polícia geral ou municipal, ou
rural, ou nas posturas das câmaras, sem lei especial que o autorize,
pena mais grave que as seguintes:

1.° — Prisão até um mês;


2° — Multa até Kz. 20.00

§ único — A perda dos objectos e instrumentos apreendidos em


contravenção, só pode ser pronunciada, quando a lei especialmente o
decretar.

' - A Lei n.° 10/87 fixa os limites das multas a estabelecer pelos regulamentos administrativos
e, conforme a nota anterior, as transgressões administrativas não têm natureza penal e não
são aplicadas pelos tribunais, mas pelos agentes da administração pública. De qualquer
modo, o corpo deste artigo deve ter-se por revogado.
LEGISLAÇÃO
COMPLEMENTAR
193

LEI N." 4/77 de 25


de Fevereiro
Lei sobre a prevenção e repressão
do crime de mercenarismo
ARTIGO 1.°

1. — Comete o crime de mercenarismo todo o cidadão


estrangeiro que, mediante o pagamento ou a promessa de pagamento
de um soldo, salário ou qualquer outra retribuição material,
individualmente ou alistado ou incorporado em grupos armados não
integrados no exército regular do seu país, vise atentar contra a
soberania e a integridade territorial da República Popular de Angola,
designadamente através de:

a) Acções armadas contra o Exército Nacional, forças para--


militares ou população civil;
b) Actos de sabotagem contra quaisquer bens económicos;
c) Atentados contra a vida, integridade física ou moral dos
membros dos órgãos do MPLA ou do Estado;
d) Qualquer outro acto que ponha em perigo a paz e a
segurança do Povo.

2. — O crime de mercenarismo considera-se consumado com o


contrato ou com o alistamente ou incorporação.
3. — O crime de mercenarismo é punível com a pena de morte
ou com a pena de 20 a 30 anos de prisão.'

Revogado quanto à pena que é de 20 a 24 anos de prisão maior. Ver Lei n." 3/78, de 25 de
Fevereiro. Revogada também a alínea c) do n.° 1, no que se refere aos «membros dos
órgãos do MPLA» (vd. Lei Constitucional)
4. — Cumulativamente com o crime de mercenarismo
punidos os demais crimes cometidos pelo mercenário após ^''^'^
entrada no País. ^^a

ARTIGO 2.°

Comete o crime de mercenarismo e está sujeito à mesma DP


pena;
a) Aquele que recrutar, organizar, financiar, equipar, trein
ou de qualquer outra forma empregar os mercenário
referidos no n.° 1 do artigo anterior;
b) Aquele que, no território sob jurisdição ou em qualquer
outro local sob seu controlo, permita que se desenvolvam
as actividades referidas na alínea anterior ou conceda
facilidades para o trânsito ou transporte dos mercenários-
c) O cidadão estrangeiro era território angolano, desenvolva
qualquer actividade atrás referida, contra outro País.

ARTIGO 3.°

Comete igualmente o crime de mercenarismo o cidadão angolano


que, visando atentar contra a soberania e a integridade territorial de
um País estrangeiro ou contra a auto-determinação de um povo,
pratique as actividades referidas nos artigos anteriores.

í - ARTIGO 4.°

1. — Os mercenários, porque não são combatentes legítimos, não


beneficiam do estatuto de prisioneiros de guerra. Têm, no entanto,
direito a julgamento processado pela forma legal.
2. — Os mercenários são, para todos os efeitos, criminosos de
direito comum, não sendo atendível qualquer motivação ideológica
para a sua actividade criminosa.

ARTIGO 5."

1. — A instrução dos processos pelos crimes previstos na


presente Lei, compete à Direcção de Informação e Segurança de
Angola, D.I.S.A., e o seu julgamento é da competência do Tribunal
Popular Revolucionário.^

- o TPR foi extinto, tal como a DISA. Ver Lei 18/88 que instituiu o sistema unificado de
justiça.
Cera pedida a extradição dos indivíduos que cometam os
^'.^revistos na presente Lei e
crimes P^^-^^ que se encontrem em
território
Vista e
jmulgada em 5 de Março de 1977 aprovada pelo Conselho da
Revolução.
pror

publique-se.

O Presidente da República, ANTÓNIO AGOSTINHO NETO.

ipiário da República n.° 57, l.'' série, de 1977).


LEI N.» 7/78 de
26 de Maio

LEI DOS CRIMES CONTRA A


SEGURANÇA DO ESTADO

PARTE I

DOS CRIMES CONTRA A SEGURANÇA


EXTERIOR DO ESTADO'

ARTIGO 1.° (Crime contra a


segurança exterior do Estado. Traição à Pátria)

Será condenado na pena de 16 a 20 anos de prisão maior todo


aquele que:

1. Intentar, por qualquer meio violento ou fraudulento ou com


auxílio estrangeiro, entregar a país estrangeiro todo ou parte do
território angolano, ou por qualquer desses meios, ofender ou puser
em perigo a independência, soberania e integridade territorial da
República Popular de Angola.
2. Sendo angolano, tomar armas sob a bandeira de país
estrangeiro contra a sua Pátria.

A redacção dos artigos 1.', 2°, 3."; 6°, 12.°, 15.°, 16.°, 17.°, 19.°, 20.°, 21.°, 22.°, 24.°, 27.°,
e 31.° foi introduzida pela^Ui n° 22'C/92, de 9 de Setembro (D.R. n.° 36 - r Série).
198

3. Tiver inteligências com um país estrangeiro, ou com seus


agentes, com o objectivo de promover ou provocar uma guerra ou
acção armada contra a República Popular de Angola.

§ único — No caso do n.° 1 do corpo deste artigo, não havendo


meio violento ou fraudulento ou auxílio estrangeiro, mas
verificando-se participação em acção colectiva destinada a excitar a
opinião pública ou actividade, quer isolada quer colectiva,
concordante com pretensões estrangeiras, a pena aplicável será a de 2
a 8 anos de prisão maior.

ARTIGO 2.° (Provocação de medidas


prejudiciais à República Popular de Angola)

Todo angolano ou estrangeiro residente em Angola que praticar


qualquer acto com a consciência de que poderá determinar um país
estrangeiro a tomar medidas prejudiciais à República Popular de
Angola ou aos interesses legítimos de cidadãos angolanos, onde quer
que eles se encontrem, ou que para esse fim tiver qualquer
entendimento com esse país ou com seus agentes, será condenado na
pena de 16 a 20 anos de prisão maior.

ARTIGO3.° ,
(Destruição ou danificação de instalações militares, material de guerra ou de
interesse militar)

Todo aquele que, sabendo que compromete a defesa nacional,


destruir ou danificar, no todo ou em parte e ainda que
temporariamente, quaisquer instalações ou obras militares, navios,
aeronaves, material utilizável pelas forças armadas ou ainda meios de
comunicação, estaleiros, instalações portuárias, aeroportos, fábricas
ou depósitos, será condenado na pena de 12 a 16 anos de prisão
maior no caso de instalações militares e material de guerra e de 8 a
12 anos de prisão maior no caso de instalações ou material não
militares, mas de interesse militar.

ARTIGO4.°
(Espionagem)

Comete o crime de espionagem, punível com a pena do n." 1.° ào


artigo 55." do Código Penal:

1.° — Todo aquele que conscientemente destruir, falsificar,


subtrair ou entregar, a pessoa não autorizada, documentos, planos,
199

0iodelos, objectos ou escritos que interessem à segurança do Estado


ou à condução da sua política internacional.
2.° — Todo aquele que procurar obter informações secretas de
carácter militar, diplomático ou económico, relativas à segurança do
Estado ou à condução da sua política internacional, que dolosamente
as revele ou facilite o seu conhecimento.

§ 1.° — Todo aquele que, em território nacional, acolher ou fizer


acolher qualquer espião, conhecendo-o por tal, será condenado na
pena do n.° 3 do artigo 55.° do Código Penal.
§ 2.° — Todo o indivíduo residente em território nacional que,
directa ou indirectamente, tiver com nacionais de outros países ou
com qualquer pessoa residente em país estrangeiro correpondência
proibida pela lei ou pelo Governo, será condenado à pena de prisão
até dois anos.
Se a correspondência for de natureza a pôr em perigo a
independência, a segurança, o crédito ou o prestígio do Estado, a
pena aplicável será a do n.° 5.° do artigo 55.° do Código Penal, se o
facto não constituir crime mais grave.

ARTIGO 5.° (Passagem


para país inimigo)

Todo o angolano que, sem autorização do Governo, se passar


para um país inimigo, ou abandonando o território nacional ou
saindo voluntariamente para esse fim de território estrangeiro, sem
que todavia ajude, ou tente ajudar de qualquer modo, o inimigo na
guerra contra a sua Pátria, será condenado prisão de um a dois anos.

§ único — A tentativa deste crime, estando o criminoso no


território nacional, é punível nos termos gerais.

ARTIGO 6.° (Provocação à


guerra e exposição a represálias)

Todo o angolano ou estrangeiro residente em Angola que


conscientemente, por actos não autorizados pelo Governo, expuser o
país a uma agressão armada ou expuser os angolanos a represálias da
parte de um Estado estrangeiro, será condenado na pena de 16 a 20
anos de prisão maior.

1. Se os actos praticados contra um Estado estrangeiro, e não


autorizados pelo Governo, não acarretarem perigo de agressão
200

armada ou represálias, mas forem de tal natureza que possam


perturbar as relações internacionais da República Popular de Angola,
as penas aplicáveis serão as do n.° 3 ao n.° 4 do artigo 55.° do Código
Penal.
2. Será condenado na pena de 16 a 20 anos de prisão maior todo
o angolano ou estrangeiro residente em Angola que se concertar com
um país estrangeiro ou com os seus agentes para induzir a República
Popular de Angola a envolver-se numa confrontação armada.
3. O angolano ou estrangeiro residente em Angola que receber ou
aceitar a promessa de quaisquer dádivas para facilitar a ilegítima
ingerência estrangeira, directa ou indirecta, na política nacional, ou
para cometer qualquer acto prejudicial à segurança ou ao bom nome
do Estado, será punido com a pena de prisão até 2 anos, se outra mais
grave não for aplicável. Será punido com a mesma pena o estrangeiro
que corromper ou tentar para aqueles fins qualquer cidadão
angolano.

ARTIGO 1." (Usurpação de poderes e


entrega ilícita de pessoas a Estado Estrangeiro)

1. — Todo aquele que exercer ilicitamente no País, a favor de um


Estado estrangeiro ou seus agentes, actos que saiba serem privativos
das autoridades da República Popular de Angola, será condenado na
pena do n.° 5.° do artigo 55.° do Código Penal.
2. — Na mesma pena incorrerá todo aquele que em território
nacional praticar actos conducentes à entrega ilícita de qualquer
pessoa, nacional ou estrangeira, a um Estado estrangeiro, a agentes
dele ou qualquer entidade pública ou particular existente nesse
Estado, usando para tais fins de violência ou fraude, salvo se o facto
constituir crime a que deva aplicar-se pena mais grave.

ARTIGO 8.° (Divulgação de


afírmações perigosas)

Todo aquele que em território nacional ou todo o angolano que


no estrangeiro fizer ou reproduzir publicamente, ou por qualquer
forma divulgar ou tentar divulgar afirmações que sabe serem falsas
ou grosseiramente deformadas e que façam perigar o bom nome do
Estado Angolano ou o seu prestígio no estrangeiro, será condenado
na pena do n.° 5.° do artigo 55.° do Código Penal.
201

ARTIGO 9.° (Disposições relativas a


estrangeiros)

1. — Os estrangeiros que se encontrarem ao serviço do Estado


Angolano e que cometerem qualquer dos factos incriminados na
presente Parte, serão punidos com as mesmas penas que os cidadãos
angolanos.
2. — Sem prejuízo do que se achar estabelecido no direito
internacional sobre imunidades diplomáticas, os estrangeiros que se
não encontrarem ao serviço do Estado Angolano e que cometerem
qualquer dos factos incriminados na presente parte, serão punidos
com a pena atenuada, se se tratar de pena inferior à do n.° 4." do
artigo 55." do Código Penal.

§ único — Os estrangeiros referidos no número anterior, serão,


porém, punidos com a mesma pena que os cidadãos angolanos, se
tiverem entrado ou permanecido em território nacional sem o
cumprimento das formalidades legais.

PARTE II
DOS CRIMES QUE OFENDEM OS INTERESSES
DO ESTADO EM RELAÇÃO ÀS NAÇÕES
ESTRANGEIRAS
ARTIGO 10.°
(Infidelidade diplomática)

Será condenado na pena do n." 5.° do artigo 55." do Código


Penal:

1.° — Aquele que, exercendo funções oficiais relativamente a


qualquer negociação com entidades estrangeiras, abusar dos seus
poderes, causando ou podendo causar danos aos interesses do Estado
Angolano, ou assumindo em nome destes compromissos para que
não esteja devidamente autorizado.
2.° — Aquele que, exercendo funções oficiais relativamente a
qualquer negociação com entidades estrangeiras, dolosamente
revelar informações que compromentam, nas referidas negociações,
os interesses nacionais.

i
202

3." — Aquele que, representando o Estado Angolano junto de u^


Estado estrangeiro ou Organização Internacional, praticar actos
contra ordem ou orientação oficial ou der sobre certos factos com
intenção de induzir em erro o Governo Angolano, informações
falsas, ou ocultar informações importantes para o Governo Angolano.

ARTIGO 11° (Arrancamento ou


supressão de sinais fronteiriços)

Aquele que dolosamente arrancar, ou por qualquer modo


suprimir marcos, ou outros sinais indicativos de território angolano,
será condenado na pena de prisão até dois anos.

ARTIGO 12.° (Ofensas e outros crimes


contra governantes e diplomatas estrangeiros)

Quem atentar contra a vida, integridade física, a liberdade ou


honra do Chefe de Estado ou membro do governo estrangeiro,
representantes diplomáticos acreditados no país, representantes de
organizações internacionais ou ainda contra seus familiares, que se
encontram em território nacional, será condenado na pena prevista
para o respectivo crime, agravada nos termos do artigo 93.° do
Código Penal.

; ARTIGO13.°
(Violação de lugares que gozam do direito de extra-territorialidade)

Aquele que, por meio de violência, fraude ou por qualquer outra


forma ilícita, entrar ou tentar entrar em lugares que segundo o direito
internacional, gozem do direito de extra-territorialidade, será punido
com a pena do n.° 5.° do artigo 55.° do Código Penal, sem prejuízo da
responsabilidade por quaisquer outros crimes então cometidos.

ARTIGO 14.° (Ultraje a símbolo de


Estado estrangeiro)

Aquele que arrancar ou destruir a bandeira, a insígnia ou outro


símbolo de um Estado estrangeiro com o qual se mantenham relações
diplomáticas ou cometer qualquer outro acto que revele escárnio ou
desprezo para com os mesmos, será condenado na pena de prisão até
um ano.
203

ARTIGO 15.° (Crime


de pirataria)

Qualquer pessoa que, por meios violentos, cometer o crime de


pirataria, comandando ou tripulando nave ou aeronave, para cometer
roubos ou quaisquer violências contra a própria nave ou aeronave ou
contra qualquer outra, ou contra pessoas ou bens a bordo das
mesmas, ou para atentar contra a segurança do Estado ou de país
amigo, será condenado na pena de 16 a 20 anos de prisão maior.

Integra o crime de pirataria qualquer dos seguintes factos:

a) o apossamento, por meio de fraude ou violência, de nave


ou aeronave, visando alguns dos fins a que se refere este
artigo;
b) os actos ilegítimos de violência, ou de fraude, de detenção
ou qualquer depredação, cometidos com fins pessoais
pelos membros da equipagem ou no ar livre ou territorial
contra a própria ou outra nave ou aeronave ou contra as
pessoas ou bens que venham a bordo delas;
c) a usurpação do comando de nave ou aeronave nacional ou
fretada por empresa nacional, seguida de navegação com
violação das normas fundamentais de liberdade e de
segurança do tráfico ou com lesão dos interesses
nacionais;
d) os sinais de terra, do mar ou do ar que constituam
manobras fraudulentas de naufrágio, aportagem,
amaragem ou aterragem das naves ou aeronaves, com o
fim de atentar contra estas ou contra as pessoas ou bens a
bordo.

PARTE III
DOS CRIMES CONTRA A SEGURANÇA
INTERIOR DO ESTADO
ARTIGO 16.° (Atentado contra o
Chefe de Estado)

1. O atentado contra a vida, a integridade física ou a liberdade do


Chefe do Estado, será punido com as penas dos n."' 2, 4 e 5
respectivamente do artigo 55.° do Código Penal.
204

2. Havendo consumação do crime, as penas previstas no número


anterior serão agravadas nos termos do artigo 93.° do Código Penal.
3. As injúrias ou ofensa à honra e consideração devidas ao Chefe
do Estado serão punidas nos termos do artigo 181.° do Código Penal
considerando-se sempre como feitas directamente e na presença do
ofendido, agravando-se a pena nos termos do artigo 93.° do Código
Penal.

ARTIGO 17.° (Atentado contra os


titulares dos órgãos de soberania)

1. Os crimes previstos no n.° 1 do artigo anterior, quando


cometidos contra o Presidente da Assembleia da República, membros
do Parlamento, membros do Governo e Juízes ou o Procurador Geral
da República, serão punidos com as mesmas penas previstas na lei
penal comum, agravadas nos termos gerais.
2. As injúrias ou ofensa à honra e consideração devidas aos
dirigentes indicados no número anterior serão punidas nos termos do
artigo 181.° do Código Penal, agravadas nos termos gerais, mas
considerando-se sempre como feitas directamente e na presença do
ofendido.

ARTIGO 18.° (Injúria ou ofensa


a dirigentes) ^

A injúria ou ofensa à honra e consideração devidas a qualquer


das pessoas referidas no artigo 17.° será punida com a pena do n.° 5.°
do artigo 55.° do Código Penal, agravada.

ARTIGO 19.°
(Rebelião)

Aquele que executar qualquer acto tendente, directa ou


indirectamente, a mudar no todo ou em parte, por qualquer meio não
lícito, a Lei Constitucional ou a forma de Governo estabelecida, será
condenado na pena de 12 a 16 anos de prisão maior.

' - Revogado pela Lei 22-C/92. As injúrias ou ofensas a dirigentes passaram a ser punidas pelo
artigo 17.°.
205

§ único — Será condenado na pena de prisão maior de 8 a 12


anos aquele que, com o mesmo propósito, impedir ou constranger o
livre exercício das funções dos órgãos de soberania.

ARTIGO 20.° (Rebelião


armada, motim ou levantamento)

1. Os crimes previstos no artigo anterior, quando cometidos por


meio de rebelião armada, motim ou levantamento, serão punidos
com a pena de 16 a 20 anos de prisão maior.
2. A mesma pena será aplicada aos que incitarem os habitantes do
território angolano à guerra civil ou a levantarem-se contra a
autoridade do Chefe de Estado ou contra o livre exercício das
funções dos órgãos de soberania.

ARTIGO
21.°
(Sabotagem)

São punidas com a pena de 12 a 16 anos de prisão maior as


destruições ou atentados intencionais que afectem gravemente o
normal funcionamento de meios ou vias de comunicação, instalações
de serviços ou empresas estatais, ou em que o Estado tenha
participação ou interesse, ou ainda outras unidades destinadas ao
abastecimento e satisfação das necessidades gerais das populações,
incluindo os meios básicos e circulantes desses serviços, empresas ou
unidades.

§ único — Quaisquer outras destruições ou atentados


intencionais contra os mesmos bens serão punidos com a pena de 2 a
8 anos de prisão maior.

ARTIGO 22.° (Armas, engenhos e


matérias proibidas)

1. Quem, por forma não autorizada, fabricar, introduzir no país,


comprar, vender, ceder, transportar ou tiver em seu poder matérias,
substâncias ou engenhos inflamáveis, explosivos, asfixiantes,
tóxicos, agentes químicos ou biológicos, será condenado com a pena
de 8 a 12 anos de prisão maior.
206

2. Qualquer crime praticado através dos meios referidos no


número anterior será punido com a pena do crime correspondente
agravada nos termos gerais.

ARTIGO 23° («Lock-out» e


incitamento à greve)'

O encerramento ou paralisação de centros de trabalho por parte da


entidade patronal ou administração, sem prévia autorização das
autoridades competentes, é punido com a pena de prisão até dois anos.

§ 1.° — Igual pena é aplicável aos que incitarem, promoverem ou


organizarem o encerramento ou paralisação do centro de trabalho por
parte dos trabalhadores.
§ 2.° — A tentativa será sempre punida, sendo os actos
preparatórios equiparados à tentativa.

ARTIGO 24.° (Instigação


à desobediência colectiva)

Quem, com a intenção de destruir, alterar ou subverter o Estado


de direito constitucionalmente estabelecido, incitar publicamente à
desobediência colectiva de leis de ordem pública ou ao não
cumprimento de deveres inerentes às funções públicas, será punido
com a pena de prisão até 2 anos.

ARTIGO 25.° (Ultraje aos


símbolos da Pátria)

Aquele que ultrajar ou por qualquer forma manifestar escárnio ou


desprezo pela bandeira, insígnia ou outro símbolo da Pátria, será
condenado na pena de prisão até dois anos.

ARTIGO 26.°
(Outros actos)

Todo e qualquer acto, não previsto na lei, que ponha ou possa pôr
em perigo a segurança do Estado, será punido com a pena do n.° 5."
do artigo 55.° do Código Penal.

- Ver artigo 277° do Código Pena) e respectiva anotação.


207

PARTE III

DISPOSIÇÕES COMUNS E FINAIS


ARTIGO 27.° (Instigação, provocação e apologia
de crimes contra a Segurança do Estado)

1. Aquele que instigar ou provocar outrem a cometer qualquer


crime contra a segurança do Estado, será condenado com a pena de
prisão até 2 anos, se não se seguir o efeito da instigação ou da
provocação.
2. A apologia dos crimes contra a segurança do Estado é punida
com a pena de prisão até 2 anos.

ARTIGO 28.° (Punição de actos


preparatórios)

Os actos preparatórios dos crimes contra a segurança do Estado


puníveis com pena superior à do n.° 5." do artigo 55.° do Código
Penal serão punidos, quando pena mais grave não couber, com prisão
de dois a oito anos.

§ único — Se o crime for punível com a pena do n.° 5° do artigo


55.° do mesmo Código, os actos preparatórios serão punidos com
pena de prisão até dois anos.

ARTIGO 29.°
(Conjura)

A conjura ou conspiração para a perpretação dos crimes contra a


segurança do Estado será punida, se pena mais grave não for
estabelecida pela lei, com a pena do n.° 5 do artigo 55.° do Código
Penal, quando seguida de algum outro acto preparatório de execução,
ou com a pena de prisão até dois anos se não se tiver seguido algum
acto preparatório.

§ único — Se a conspiração tomar a forma de associação ilícita


ou organização secreta com vista ao incitamento ou execução de

I
208

qualquer daqueles crimes, será aplicável, independentemente da


preparação de qualquer acto preparatório, a pena do n.° 5.° do artigo
55.° do Código Penal; os dirigentes ou promotores da associação ou
organização serão punidos com a pena do n.° 4.° do artigo 55.° do
mesmo Código.

ARTIGO 30.° (Agravação e


crimes culposos)

1. Serão agravadas as penas previstas nesta lei, podendo ser


aplicadas as penas superiores na escala penal, quando os crimes
forem cometidos por cidadãos angolanos que, em razão das suas
funções, tenham maior facilidade em cometer ou especial obrigação
de os não praticar.
2. Quando os crimes previstos nesta lei forem praticados com
mera negligência, a pena aplicável será de prisão até dois anos.

. : ARTIGO 31."
(Penas acessórias)

A condenação por crimes contra a segurança do Estado poderá


ser acompanhada das seguintes penas acessórias:

1. Multa até ao máximo do correspondente a oito anos.


2. Se o criminoso for angolano, pena de suspensão temporária
dos direitos políticos.
3. Se o criminoso for estrangeiro, expulsão do território nacional,
se pela natureza do crime ou pelas características pessoais do
criminoso se mostrar que a sua permanência no país é indesejável.

a) em todos os casos de aplicação de pena de privação da


liberdade, esta implica a privação dos direitos políticos
por tempo igual.
b) a expulsão do território nacional executar-se-á depois de
cumprida a pena principal, ou antes, mediante decisão do
Governo a esse respeito.
209

ARTIGO 32°
(Abandono de execução)

Aquele que tiver tido alguma participação num crime contra a


segurança do Estado e revelá-lo voluntariamente às autoridades,
antes do começo da sua execução ou a tempo de evitar as suas
consequências, ficará isento da pena.

ARTIGO 33.° (Alternativa de


pena de morte)
[REVOGADO]'

A alternativa de pena de morte por fuzilamento, prevista na


redacção que ao n.° 1 do artigo 55.° do Código Penal é dada pela Lei
n.° 3/78, é aplicável a todos os crimes previstos na presente lei
puníveis com a pena do n.° 1 do artigo 55.° do referido Código.

ARTIGO 34.°
(Revogação de legislação)

É revogado o Título II do Livro II do Código Penal, bem como


toda a legislação que contrarie o disposto na presente lei.

ARTIGO 35.°
(Entrada em vigor)

Esta lei entra em vigor cinco dias após a sua publicação no


Diário da República.

Visto e aprovado pelo Conselho da Revolução.

Publique-se.

O Presidente da República, ANTÓNIO AGOSTINHO NETO.

{Diário da República n.° 136, 1.^ série, de 1978)

Revogado pela Lei Constitucional. Ver artigo 2.° da Lei 22-0792.


Decreto-Lei n." 7/00
de 3 de Novembro

Artigo 1.° — 1. Os valores estabelecidos no Código Penal e


demais legislação penal avulsa, com excepção dos valores relativos
às multas, expressos em Kwanzas Reajustados, são actualizados
multiplicando-os pelo factor 0,6.
2° Os valores relativos às multas estabelecidos no Código Penal e
demais legislação penal avulsa, expressos em Kwanzas Reajustados
são actualizados multiplicando-se pelo factor O, I.

Art.° 2° — De acordo com o disposto no artigo anterior, os


artigos 63.°, 123.°, 421.°, 430.°, 469.° e 472.° do Código Penal
passam a ter a seguinte redacção.

ARTIGO 63.°
(Multa)

A pena de multa consiste no pagamento:

a) de quantia determinada ou a fixar entre um mínimo e um


máximo declarados na lei;
b) de quantia proporcional aos proventos do condenado, pelo
tempo que a sentença fixar até dois anos, não sendo, por dia
inferior a Kz. 2.00 nem inferior a Kz. 40.00.

§ 1.° — Os limites estabelecidos na alínea b) deste artigo serão


elevado ao triplo:
212

1.° — Se a infracção tiver sido cometida com fim de lucro. 2.° — Se,
em virtude da situação económica do réu dever reputar-se ineficar a
multa dentro dos limites normais.

§ 2.° — O quantitativo de pena de multa fixada em sentença não


pode ser acrescido de quaisquer adicionais.
§ 3.° — Da importância de todas as multas aplicada em processo
penal, incluindo as resultantes de conversão da pena de prisão
revertará metade para a Fazenda Nacional e metade para o Cofre
Geral de Justiça.

ARTIGO 123.° (Conversão e


substituição da pena de multa)

A pena de multa, na falta de bens suficientes e desembaraçados,


pode ser modificada na sua execução:

1.° — Pela conversão em prisão por tempo correspondente;


2." — Pela substituição por prestação de trabalho.

§ único: — Quando a multa for de quantia taxada pela lei, será


convertida em prisão à razão de Kz. 5.00 por dia, não excedendo a
sua duração dois anos no caso de multa aplicada por qualquer crime
e seis meses no caso de multa aplicada a contravenções previstas na
lei.
A taxa diária de conversão da multa em prisão não será, porém,
inferior à que resultar da divisão do seu total pelo máximo de tempo
em que pode ser convertida a pena de multa.

ARTIGO 421.°
(Furto)

Aquele que cometer o crime de furto, subtraindo


fraudulentamente uma coisa que lhe não pertença, será condenado:

1.° — A prisão até seis meses e multa até um mês, se o valor da


coisa furtada não exceder a Kz. 1 200.00;
2.° — A prisão até um ano e multa até dois meses, se exceder a
esta quantia e não for superior a Kz. 6 000.00;
3." — A prisão até dois anos e multa até seis meses, se exceder a
Kz. 6 000.00 e não for superior a Kz. 24 000.00;
213

4." — A prisão maior de dois a oito anos, com multa até um ano,
se exceder a Kz. 24 000.00 e não for superior a Kz. 600 000.00.
5.° — A prisão maior de oito anos a doze anos, se exceder a Kz.
600 000.00.

§ único — Considera-se como um só furto o total das diversas


parcelas subtraídas pelo mesmo indivíduo à mesma pessoa, embora
em épocas distintas.

ARTIGO 430." (Crime


particular da furto)

Em todos os casos declarados nesta secção não excedendo o furto


a quantia de Kz. 120.00 nem sendo habitual, só terá lugar a pena,
queixando-de o ofendido.

§ 1." — O que entrar em terreno alheio para colher frutos e


comê-los no mesmo lugar, será punido queixando-se o ofendido, com
a pena de repreensão.
§ 2.° — O que do mesmo modo entrar em terreno alheio para
rebuscar ou respigar, não estando ainda recolhidos os frutos, será
preso até seis dias, queixando-se o ofendido.
§ 3.° — Nos casos dos dois parágrafos antecedentes, a pena será
de prisão, se for segunda reincidência ou se forem habituais os
crimes aí declarados.

ARTIGO 469.° (Fogo posto em


coisa de menor valor)

Se o valor de algum dos objectos existentes fora de povoado,


enumerados no artigo 464.°, não exceder a Kz. 120.00, e o fogo tiver
sido voluntariamente posto, mas sem perigo, nem propósito de
propagação, a pena será a de prisão de um mês a um ano e multa
correspondente.

ARTIGO 472.° (Dano em


edifícação ou construção pertencente a outrem)

Aquele que por qualquer meio derrubar ou destruir


voluntariamente, no todo ou parte, edificação ou qualquer construção
214

concluída ou somente começada, pertencente a outrem ou ao Estado


será condenado.

1.° — A prisão até dois anos e multa até seis meses, se o valor do
prejuízo exceder a Kz. 6 000.00;
2° — A prisão até um ano e multa até três meses, se não exceder
esta quantia mas se for superior a Kz. 2 400.00;
3.° — A prisão até seis meses e multa até um mês se exceder a
Kz. 600.00, não sendo superior a Kz. 2 400.00;
4.° — A prisão até três meses e multa até 15 dias, se exceder a
Kz. 600.00.

§ 1." — Se, nos casos previstos no corpo deste artigo, o valor do


dano não exceder a Kz. 120.00, o procedimento criminal só terá
lugar mediante acusação particular e, nos mesmos casos, dependerá
da participação do ofendido, se ultrapassar tal valor.
\ § 2.° — A segunda reincidência será punida no caso do n.° 4 com
4> a pena do n.° 3.°, no do n.° 3." com a do n.° 2.°, no do n.° 2." com a do
n.° 1.", no do n.° 1.° com a de prisão maior de dois a oito anos.
§ 3.° — Aquele que voluntariamente destruir ou desarranjar, em
todo ou em parte, qualquer via férrea, ou colocar sobre ela algum
objecto, que embarace a circulação, ou que tenha por fim fazer sair o
comboio dos carris, será condenado a prisão maior de dois a oito
anos.
§ 4.° — Se de qualquer dos factos indicados no parágrafo
antecedente resultar a morte de alguma pessoa, a pena será a de
prisão maior de vinte a vinte e quatro anos; se resultar alguma das
ofensas corporais especificadas no artigo 361.°, a pena será a de
prisão maior de doze a dezasseis anos; se for alguma das designadas
no artigo 360.°, a pena será a de prisão maior nunca inferior a três
anos, sete meses e seis dias.
§ 5.° — A destruição de telégrafo, poste ou linha telegráfica ou
telefónica, a destruição ou corte de fios, postes ou aparelhos
telegráficos ou telefónicos, ou a oposição com violência ou ameaça
ao seu estabelecimento, será punida com prisão e multa.

Art.° 3.° — Este diploma entra em vigor na data da sua


publicação e salvo no que se refere às multas, aplica-se a todos os
processos em curso, inclusive aos que tenham subido em recurso.
215

Visto e aprovado em Conselho de Ministros, em Luanda, aos 28


je Abril de 2000.

Publique-se.

O Presidente da RepúbHca, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.

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ÍNDICE SISTEMÁTICO
CÓDIGO PENAL

LIVRO PRIMEIRO
Disposições gerais

TÍTULO I Dos crimes


em geral e dos criminosos

CAPITULO I
Disposições preliminares 7
CAPÍTULO II
Da criminalidade 9
CAPÍTULO III
Dos agentes do crime 11
CAPÍTULO IV
Da responsabilidade criminal 14

TITULO II Das penas e seus


efeitos e das medidas de segurança

CAPÍTULO I
Das penas e das medidas de segurança 27
CAPITULOU
Dos efeitos das penas 37

TITULO III Da
aplicação e execução das penas

CAPÍTULO I
Da aplicação das penas em geral 40

', j L'
218

CAPITULO II
Da aplicação das penas quando há circunstâncias agravantes
ou atenuantes 42

CAPÍTULO III
Da aplicação das penas nos casos de reincidência, sucessão,
acumulação de crimes, cumplicidade, delito frustrado e
tentativa 45
CAPÍTULO IV
Da aplicação das penas em alguns casos especiais 47
CAPÍTULO V
Da execução das penas e medidas de segurança 49
CAPÍTULO VI
Da extinção da responsabilidade criminal 54

TITULO IV
Disposições transitórias 58

LIVRO SEGUNDO
Dos crimes em especial

TÍTULO I
Dos crimes contra a religião do reino e dos cometidos por abuso
de funções religiosas

CAPITULO I
Dos crimes contra a religião do reino 63
CAPÍTULO II
(I 66
Dos crimes cometidos por abuso de funções religiosas

TITULOU Dos crimes


contra a segurança do Estado 69
'li

TITULO III Dos crimes contra a


ordem e tranquilidade pública

CAPITULO I
Reuniões criminosas, sedição e assuada 70
219

SECÇÃO I
Disposição geral 70
SECÇÃO II
Sedição 71
SECÇÃO III
Assuada 72

CAPÍTULO 11
Injúrias e violências contra as autoridades públicas, resistência
e desobediência 72

SECÇÃO I
Injúrias contra as autoridades públicas 72
SECÇÃO 11
Actos de violência contra as autoridades públicas 73
SECÇÃO 111
Resistência 75
Secção IV
Desobediência 76

CAPITULO 111
Da tirada e fugida de presos e dos que não cumprem as suas
77
condenações

SECÇÃO 1
Tirada e fugida de presos 77
SECÇÃO 11
Dos que não cumprem as suas condenações 79
CAPÍTULO IV
Dos que acolhem malfeitores 79
CAPÍTULO V
Dos crimes contra o exercício dos direitos poMcos 80
CAPÍTULO VI
Das falsidades 83

^ECÇÃOI
Da falsidade da moeda, ncrtas de bancos nacionais e de alguns
títulos do Estado 83
^ECÇÃOII
Da falsificação dos escritos 86
220

SECÇÃO III
Da falsificação dos selos, cunhos e marcas 91
SECÇÃO IV
Disposição comum às secções antecedentes deste capítulo 93
SECÇÃO V
Dos nomes, trajos, empregos e títulos supostos ou usurpados 93
SECÇÃO VI
Do falso testemunho e outras falsas declarações perante a
autoridade pública 95

CAPITULO VII
Da violação das leis sobre inumações e da violação dos
túmulos e dos crimes contra a saúde pública 98

SECÇÃO I
Da violação das leis sobre inumeções e violação dos túmulos 98
SECÇÃO II
Dos crimes contra a saúde pública 99

CAPITULO VIII
Das armas, caças e pescarias defesas 101

SECÇÃO I
Armas proibidas 101
SECÇÃO II
Caças e pescarias defesas 102

CAPÍTULO IX 103
Dos vadios e mendigos e das associações de malfeitores

SECÇÃO I 103
Vadios
SECÇÃO II
104
Mendigos
SECÇÃO III
105
Associação de malfeitores ^

CAPITULO X
Dos jogos, lotarias, convenções ilícitas sobre fundos públicos e
106
abusos em casas de empréstimos sobre penhores ^'

SECÇÃO I
Jogos .. -À ='iíi ■-' ■ 'i!'iV-:>■'''■
106
221

SECÇÃO II
Lotarias 108
SECÇÃO III
Convenções ilícitas sobre fundos públicos 109
I SECÇÃO IV
Abusos em casas de empréstimos sobre penhores 110

CAPÍTULO XI
Do monopólio e do contrabando 110

SECÇÃO I
Monopólio 110
SECÇÃO II
Contrabandos e descaminhos 112

CAPÍTULO XII
Das associações ilícitas 11-^

SECÇÃO I
Associações ilícitas por falta de autorização 11 ^
SECÇÃO II
Associações secretas 113

CAPÍTULO XIII
Dos crimes dos empregados públicos no exercício de suas
funções 114

SECÇÃO I
Prevaricação H"^
SECÇÃO II
I Abuso de autoridade 116
SECÇÃO III
Excesso de poder e desobediência 120
SECÇÃO IV
Ilegal antecipação, prolongação e abandono das funções
públicas 122
SECÇÃO V
Rompimento de selos e descaminho de papéis guardados nos
depósitos públicos ou confiados em razão de emprego público 124
ÍECÇÃO VI
Peculato e concussão 125
222

SECÇÃO VII
Peita, suborno e corrupção 128
SECÇÃO VIII
Disposições gerais 131

TITULO IV Dos
crimes contra as pessoas

CAPÍTULO I
Dos crimes contra a liberdade das pessoas 132

SECÇÃO I
Violências contra a liberdade 132
SECÇÃO II
Cárcere privado 133

CAPÍTULO II
Dos crimes contra o estado civil das pessoas 134

SECÇÃO I
Usurpação do estado civil e matrimónios supostos e
134
ilegais SECÇÃO II
Partos supostos , ^-^
SECÇÃOIII
136
Subtracção e ocultação de menores SECÇÃO IV
Exposição e abondono de infantes
137
CAPUTULOIII
138
Dos crimes contra a segurança das pessoas
SECÇÃO I
Homicídio voluntário, simples e agravado e
138
envenenamento
SECÇÃO II
140
Homicídio voluntário agravado pela qualidade das pessoas
SECÇÃO III
141
Aborto
SECÇÃO IV
Ferimentos, contusões e outras ofensas corporais
voluntárias 141
223

SECÇÃO V
Homicídio, ferimentos e outras ofensas corporais
involuntárias 145
SECÇÃO VI
Causas de atenuação nos crimes de homicídio voluntário,
ferimentos e outras ofensas corporais 146
SECÇÃO VII
Homicídios, ferimentos e outros actos de força que não são
classificados crimes 148
SECÇÃO VIII
Ameaças e introdução em casa alheia 149
SECÇÃO IX
Duelo 150
SECÇÃO X
Disposição comum às secções deste capítulo 152

CAPÍTULO IV
Dos crimes contra a honestidade 152

SECÇÃO I
Ultraje púbHco ao pudor 152
SECÇÃO II
Atentado ao pudor, estupro voluntário e violação 152
SECÇÃO III
Adultério 156
SECÇÃO IV
Lenocínio 158

CAPÍTULO V
Crimes contra a honra, difamação, calúnia e injúria 159

TITULO V Dos crimes


contra a propriedade

ICAPÍTULO I
Do furto e do roubo e da usurpação de coisa imóvel 163

SECÇÃO I
Furto 163
'SECÇÃO II
Roubo 168
224

SECÇÃO III
Usurpação de coisa imóvel e arrancamento de marcos 172

CAPÍTULO II
Das quebras, burlas e outras defraudações 173

SECÇÃO I
Quebras I73
SECÇÃO II
Burlas I74
SECÇÃO III
Abusos de confiança, simulações e outras espécies de fraude 175

CAPÍTULO III
Dos que abrem cartas alheias ou papéis e da revelação dos
segredos I79
CAPÍTULO IV
Do incêndios e danos 180

SECÇÃO I
Fogo posto 180
SECÇÃO II
Danos 183
SECÇÃO m
Incêndio e danos causados com violação dos regulamentos 187

TITULO VI Da
provocação pública ao crime 188

TÍTULO VII Das


contravenções de polícia 188

LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR

• Lei n.° 4/77


193
de 25 de Fevereiro

• LEI N.° 7/78


197
de 26 de Maio

• DECRETO-LEI N.° 7/00


de 3 de Novembro 211

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