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RECOMPARTILHADAS NO FACEBOOK
1 Utiliza-se aqui o termo Site de Rede Social como o “[...]serviço baseado na web que permite aos
indivíduos (1) construir um perfil público ou semipúblico dentro de um sistema delimitado, (2) articular
uma lista de outros usuários com quem compartilham uma conexão, e (3) ver e perscrutar sua lista de
conexões e aquelas criadas por outros dentro do sistema.” (boyd; ELLISON, 2007)
2 Por recompartilhamento entende-se o ato de um usuário do SRS encaminhar para seu espaço de
publicação o conteúdo publicado originalmente por outro usuário, seja ele também individual ou
institucional. Ainda que não intercambiável, este termo é intimamente relacionado ao conceito de
spreadability: “o potencial – tanto técnico quanto cultural – para que audiências compartilhem conteúdo
por suas próprias razões” (JENKINS, 2013, pos. 211)
3 Sempre que o termo Páginas for grafado capitalizado, refere-se às fanpages, páginas que servem como
versão institucional das páginas pessoais – Perfis –, permitindo que empresas, marcas e demais
organizações participem ativamente do Facebook. (FACEBOOK, 2013)
MONTEIRO, 2013).
O papel desempenhado pela imagem recompartilhada em SRSs é complexo, e o
reconhecimento desse conteúdo em diferentes aspectos narrativos e discursivos dentro
das plataformas de sociabilidade online podem fornecer indícios concernentes aos
processos pelos quais o indivíduo se presentifica perante seus contatos, bem como
acerca da participação do contexto na autorreflexividade exercida pelo usuário nesses
serviços. Para a análise ora apresentada, foram utilizadas 16 (dezesseis) imagens
selecionadas a partir de um corpus original composto por 6.339 imagens coletadas de
Páginas do Facebook quando da execução de pesquisa de mestrado 4. Na amostra em
questão, os padrões expressivos encontrados configuram uma certa homogeneidade
discursiva (majoritariamente verbovisual), e os padrões identificados nas imagens são
considerados aqui como didático-proverbial ou comercial-publicitário.
Essas duas classificações são bastante distintas, porém não exclusivas em termos
de presença na amostra analisada, havendo coocorrência em alguns casos, ainda que –
no geral – as imagens se alinhem predominantemente a uma ou outra das formas
expressivas. No caso das imagens de caráter didático-proverbial entende-se que mesmo
as
citações não sendo provérbios propriamente ditos, já que não necessariamente
apresentam elementos explícitos da cultura estabelecida (URBANO, 2008), a construção
verbovisual, visando correlações estáveis entre o contexto social dos usuários e formas
compatíveis com tais elementos culturais, tende a incluir itens tradicionais – como
preconceitos,
mitos, estereótipos, entre outras características da comunidade de fala dos indivíduos
(VELLASCO, 2000) – ou de cunho normatizante da ação individual dentro do contexto do
usuário. Esse tipo de imagem é especialmente interessante do ponto de vista da
composição da performance pelo recompartilhamento, uma vez que explicita
características comportamentais, culturais, e ideológicas que o indivíduo relaciona com
seu perfil no SRS, sendo que tais fatores contribuem para o gerenciamento de
impressões (GOFFMAN, 1959) por ele executado no serviço. Além disso, a possibilidade
de estabelecimento de hierarquias entre o indivíduo e seus interagentes por meio da
assunção de superioridade do recompartilhador, colocando-o como exemplo a ser
emulado, também é perceptível em alguns casos.
4 Para conhecer o processo de seleção de imagens por meio da aplicação de análise de redes que
resultou nas 16 imagens apresentadas, conferir a seção 1.3 da dissertação de mestrado
Recompartilhamento de Imagens e Performance em Sites de Redes Sociais: percepções
sociossemióticas sobre a Apresentação de Si no Facebook (SOARES, 2015, p. 25-40).
[...] os provérbios deixam o(a) falante fora do contexto. Invocando a tradição
e a comunidade como um todo, o(a) falante não apenas desaparece como
um agente direto, como impõe ao(à) interlocutor(a) o peso das sanções
sociais. o caráter de tradicionalidade confere autoridade ao enunciado
proverbial, que empresta a sua força diretiva às situações interacionais,
enquanto permitem que o(a) falante desapareça frente a opinião consensual
geral. (VELLASCO, 2000, p. 142)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Educating Artists for the Future, Learning at the Intersections of Art, Science Technology
and Culture, 2008.
AMARAL, Adriana; MONTEIRO, Camila. Esses roquero não curte: performance de gosto
e fãs de música no Unidos Contra o Rock do Facebook. Revista FAMECOS: mídia,
cultura e tecnologia, v. 20, n. 2, p. 446 – 471, 2013. Disponível em:
<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/viewFile/15130/10
019>. Acesso em: 7 set. 2014.
boyd, danah m.; ELLISON, Nicole B. Social Network Sites: Definition, History, and
Scholarship. Journal of Computer-Mediated Communication, 00003, v. 13, n. 1, p. 210–
230, 2007. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1111/j.1083-6101.2007.00393.x>.
GOFFMAN, Erving. The Presentation of Self in Everyday Life. New York: Anchor, 1959.
JENKINS, Henry. Spreadable Media: Creating Value and Meaning in a Networked Culture.
Kindle ed. New York: NYU Press, 2013. (Postmillenial Pop).
LANDOWSKI, Eric. A sociedade refletida. São Paulo: EDUC Editora da PUC-SP, 1992.