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Aconselhamento

“Eu Não Consigo Me


Perdoar”

Robert D. Jones1

Após treze meses de casamento, o rela- meu filho”, ela disse, “mas eu não consigo
cionamento de Sandra e Carlos2 estava, na me perdoar”. Como ministrar à vida de
melhor das hipóteses, vacilante. Certo dia, Sandra?
Sandra descobriu que estava grávida. Não
querendo interromper sua carreira recém-
-iniciada na advocacia, e temendo muito a O conceito popular
maternidade, ela abortou secretamente.
Passado um ano, quando Carlos descobriu, “Perdoar a si mesmo” tornou-se um
ele desaprovou e pôs fim ao relacionamen- conceito comum em nossos dias. Há mui-
to. Finalmente, veio o divórcio. tas Sandras ao nosso redor, pessoas presas
Sandra procurou aconselhamento cin- a esta ideia: “Eu não consigo me perdoar”.
co anos mais tarde. Neste intervalo, ela A psicologia popular destaca a importân-
foi salva por Cristo, mas continuou a lu- cia de perdoar a si mesmo. Muitos cris-
tar com uma pedra de tropeço: “Eu sei tãos adotam este mesmo conceito.
que o Senhor me perdoou por ter matado Mas será que Sandra identificou o seu
verdadeiro problema? Ou ela está presa a
um sintoma particularmente desagradá-
1
Tradução e adaptação de I Just Can’t Forgive Myself:
vel de um problema fundamental ainda
A Biblical Alternative to Self-forgiveness publicado
em The Journal of Biblical Counseling, v.14, n.2, não identificado? Perdoar a si mesma é a
Winter 1996, p. 22-25. solução? Ou há uma solução mais profunda
Robert D. Jones é o pastor de Grace Fellowship para um problema mais profundo?
Church em Hurricane, West Virginia. É doutor O cristão comprometido em seguir
em Aconselhamento Pastoral pelo Westminster
Theological Seminary.
a Cristo e Sua Palavra nunca se contenta
2
Os nomes são fictícios e o caso reúne dados de com ser levado pelos ventos e ondas dos
várias pessoas. conceitos do mundo (que refletem os

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conceitos da carne). Ele deseja ardente- tos bíblicos, quando examinados em seu
mente conhecer o que Deus diz a respeito contexto, fala de “perdoar a si mesmo”. Eles
deste e de outros assuntos. Nada aquém falam do perdão vertical e horizontal.
disto o satisfaz. Esta observação é reveladora. Ela su-
O que a Bíblia diz a respeito de per- gere que o conceito em questão não sur-
doar a si mesmo? Surpreendentemente, giu de um estudo sério das Escrituras, mas
nada! Você pode estudar a Palavra de Deus de alguma outra fonte (i.e., a psicologia
de capa a capa e não encontrará a ideia de secular e as necessidades sentidas dos acon-
perdoar a si mesmo, seja em ilustrações selhados). O conceito foi então apresenta-
ou preceitos. A Bíblia fala do perdão ver- do de modo atraente aos cristãos, “apoiado”
tical (o perdão concedido por Deus a uma por versículos bíblicos. A ideia de perdoar
pessoa) e do perdão horizontal (o perdão a si mesmo não surgiu de uma investiga-
concedido por uma pessoa a outra). Efésios ção bíblica cuidadosa daquilo que realmen-
4.32, por exemplo, declara que Deus nos te acontece com as pessoas como Sandra.
perdoou em Cristo e nos exorta a perdoar A experiência de Sandra é tomada ao pé
aos outros. Mas a Bíblia não diz nada so- da letra – “Eu não consigo me perdoar” –
bre o perdão interior (o perdão concedido sem investigar o porquê ela diz isso.
por uma pessoa a si mesma). Este ensino Mas o que fazer com Sandra? Não te-
simplesmente não consta nas Escrituras. mos como ajudá-la a menos que a leve-
A ausência de um ensino bíblico so- mos a perdoar a si mesma? Não! Ela deve
bre perdoar a si mesmo contraria a reivin- continuar indefinidamente a se debater
dicação de muitos professores e conselhei- nesta busca inveterada resultante de um
ros cristãos. O boletim de uma organiza- conceito não bíblico? De jeito nenhum!
ção cristã construiu um argumento para Devemos ignorar o sintoma que mais a in-
defender esta teoria baseado em uma comoda? Também não! A luta de Sandra
sequência de catorze versículos bíblicos.3 com a recriminação de si mesma é um pro-
Um pastor recorreu a Mateus 5.7 e 18.21- blema real. Precisamos ser compassivos
354. Um livro bastante conhecido sobre para com ela. Mas não seremos de ajuda
depressão usa o Salmo 103.12,14 para sus- para ela se diagnosticarmos erradamente
tentar esta ideia5. Mas nenhum destes tex- o seu problema como falta de habilidade
para perdoar a si mesma. Não seria de aju-
da para você se uma fratura em seu braço
3
FELTEN, Ray. Advice for Today: Forgiving Myself. In: fosse diagnosticada como uma infecção
Radio Bible Class’s Newsletter. s.d. Os textos citados
são: Romanos 8.1; 1João 3.20, João 8.36; Salmo
causada por alguma bactéria! A Bíblia vai
32.1,2; Mateus 6.14, 18.21,22; Efésios 4.32; Colos- além do autodiagnóstico instintivo de
senses 3.13; 1Pedro 5.7; Isaías 43.18; Filipenses Sandra.
3.13,14. A Bíblia dirige-se aos pensamentos,
4
Transcrição da palestra do pastor Hal Helms Learning sentimentos e experiências de Sandra e de
to Forgive Yourself. Lição 2 do nível 2 do curso 3-D:
centenas de outras pessoas que estão cor-
Diet, Discipline and Discipleship. Orleans, MA: 3-D,
1984. rendo atrás de perdoar a si mesmas. Ela
5
MINIRTH, Frank, MEIER, Paul. Happiness is a oferece a Sandra uma maneira diferente de
choice. Grand Rapids: Baker, 1988, p. 157. entender seu problema. Somente a Bíblia

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é capaz de diagnosticar apropriadamente devidamente o perdão de Deus. Darei al-
e lidar com os problemas que dizem res- guns exemplos comuns.
peito ao perdão. Somente ela é nossa fon- É possível que a pessoa não tenha vis-
te de verdade prática, eficaz e suficiente para to o seu pecado como uma ofensa direta
resolver os problemas da vida!6 contra Deus 7. Sua consciência não está
tranquila porque ela subestimou a gravi-
dade do pecado e suavizou o pecado cha-
Em busca da alternativa bíblica mando-o de simples “falha” em lugar de
vê-lo como uma ofensa contra o nosso
Como a Palavra de Deus trata a ques- Criador e Rei. Sendo assim, ela não en-
tão diagnosticada erradamente como falta contra motivação para buscar a graça de
de capacidade para perdoar a si mesmo? Deus, mas fica remoendo seus erros.
Quero sugerir cinco pontos possíveis. Em Talvez a pessoa não tenha reconheci-
cada caso, algum ou todos eles podem es- do a santidade e a ira de Deus contra o
tar por trás da experiência de “Eu não con- pecado8. Subestimando o ódio de Deus
sigo me perdoar”. pelo pecado, ela crê que deve julgar e per-
doar a si mesma. O Deus verdadeiro fica
1. A pessoa que diz “Eu não fora do quadro.
consigo me perdoar” talvez esteja Talvez a pessoa não tenha ainda uma
expressando uma falta de habili- compreensão da largura e profundidade
dade ou disposição para entender da graça e do poder de Deus para per-
e aceitar o perdão concedido por doar9. Ela não acredita na verdade de que
Deus. Deus pode perdoar mesmo o pior dos pe-
Esta parece ser a explicação mais co- cadores. Diante de um Deus tão limita-
mum para a questão. Dizemos que não do, ela vê o próprio pecado como imper-
conseguimos nos perdoar porque, na ver- doável ou a graça de Deus como “barata”,
dade, duvidamos do perdão de Deus para incapaz de quebrar as amarras do pecado.
conosco. Ou não vemos a necessidade de É possível ainda que essa pessoa nunca
receber o perdão de Deus, querendo fazer tenha conhecido verdadeiramente o per-
a tarefa por nós mesmos. Incertos quanto dão de Deus mediante o arrependimento
à solução para o nosso erro, seja ele real ou e a fé salvadora em Cristo10. Ela pode co-
imaginário, pressupomos uma necessidade nhecer os fatos do evangelho, mas talvez
de perdoar a nós mesmos para acabar com nunca tenha tido um encontro pessoal com
a culpa persistente ou suplementar o per- Cristo. Ou talvez tenha ideias distorcidas
dão insuficiente de Deus. a respeito de arrependimento e fé.
Há uma variedade de circunstâncias
em que é possível ao crente (verdadeiro
ou meramente professo) deixar de receber 7
Salmo 51.3,4; Gênesis 39.9.
8
Isaías 6.5.
9
Filipenses 3.13,14; Isaías 43.18; 59.1; João 6.37-40;
6
2Timóteo 3.16, 17; Mateus 4.4; Salmo 1.1-3, 19.7- 1Coríntios 6.9-11; 1Timóteo 1.15-16.
11; Salmo 119; 2Pedro 1.3-4. 10
Marcos 1.15; Atos 20.21.

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Talvez ela não esteja reagindo devida- Sandra, por exemplo, descobriu que
mente frente aos obstáculos que podem vários destes pontos a descreviam. Ela ha-
impedir a confiança nas verdades bíblicas via subestimado o seu pecado, a santida-
e tentar à dúvida: Satanás o acusador11, de de Deus e a Sua graça. Ela não estava
acusações humanas, restos ainda vivos do percebendo a ação do Acusador. Também
próprio pecado cometido ou de outros não tinha lidado com as lembranças do
pecados do passado (lugares, relaciona- seu passado e construído novas associações
mentos, cicatrizes físicas, gatilhos auditi- mentais. Sua vida atual de solteira e sem
vos etc.). Diante da tentação, ela pode filhos, a vista do prédio da clínica onde
pensar que ainda necessita de um perdão havia feito o aborto, e até o seu ciclo mens-
adicional concedido a si mesma. trual, pareciam acusá-la. Mas as lembran-
Finalmente, é possível que ela não esteja ças do pecado do passado podem se tor-
crescendo no processo de se despojar de de- nar lembranças do surpreendente amor de
terminado pecado e se revestir da justiça12. Cristo. Como escreveu o autor de um
Ela duvida do perdão de Deus porque repe- hino, “Meu triste pecado, por meu Salva-
te o mesmo pecado; e o repete porque, em dor, foi pago de um modo cabal. Valeu-
termos de crescimento, continua a mesma -me Jesus, oh, amor sem igual. Sou feliz,
pessoa13. O processo de santificação atrofiado graças dou ao Senhor”14. No processo de
resulta em derrotas repetidas, cedendo a pe- aconselhamento, o desabafo de Sandra “Eu
cados habituais. E a sua contínua “falta de não consigo me perdoar” mostrou-se uma
capacidade para perdoar a si mesma” é uma oportunidade não para aprender a perdoar
entrega disfarçada ao poder escravizador do a si mesma, mas para ganhar um conhe-
pecado. cimento mais profundo do Deus verdadei-
O remédio nestes casos é entender ro, do seu próprio coração e do Tentador.
devidamente o evangelho, acreditar em sua
mensagem e vivê-la. A compreensão do 2. A pessoa que diz “Eu não
perdão de Deus em Cristo corta pela raiz consigo me perdoar” talvez não
estes enganos e remove o risco de diag- consiga ver ou não esteja disposta
nosticar erradamente nosso verdadeiro a reconhecer a profundidade da
problema (ou seja, a necessidade de ser- sua depravação.
mos libertos da culpa e poder do pecado) Com certa frequência, a expressão
como falta de perdoar a si mesmo. Preci- “Eu não consigo me perdoar” significa
samos ajudar estas pessoas a deixarem sua “Eu ainda não consigo acreditar que fui
incredulidade e se voltarem para o evan- capaz de fazer isso!”. Ao contrário do
gelho da graça! que alguns conselheiros ensinam, é in-
teressante perceber que esta maneira de
pensar não é uma evidência de “baixa
11
Apocalipse 12.10; Zacarias 3.1. autoestima”. Na verdade, é uma alta
12
Efésios 4.22-24.
13
Sobre este aspecto, consulte os livros de Jay Adams
From Forgiven to Forgiving (Wheaton: Victor Books, 1989) 14
Spafford, Horatio G. Sou feliz. Cantor Cristão, hino
e O Manual do Conselheiro Cristão (São Paulo: Fiel, 1982). 398. Juerp: Rio de Janeiro, 1995.

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autoestima, uma forma de orgulho em que eu realmente queria, mas eu a jo-
que pensamos que somos incapazes de guei fora! Eu não consigo me perdoar”.
fazer coisas tão más. A pessoa com uma O desejo que a está dominando pode
autoestima correta admite sinceramente variar: “Eu quero ficar rico”, “Eu quero
o fato de agir de acordo com sua natu- me casar”, “Eu quero receber a aprova-
reza depravada. Falta de capacidade ção de meu chefe”, “Eu quero ser res-
para perdoar a si mesmo expressa um peitado por meus filhos”, “Eu quero ver
problema básico de justiça própria e fal- meu pai encontrar a salvação em Cristo
ta de autoconhecimento verdadeiro. antes de morrer” etc. “Mas em algum
Considere o caso de Sandra. Ela não momento, pelo meu pecado (real ou
podia se perdoar pelo aborto porque não suposto) eu lancei tudo para os ares”.
conseguia conceber o fato de ter feito uma “Perdi meu dinheiro com um mau in-
coisa tão terrível: talvez outras pessoas fos- vestimento”, “Coloquei meu namorado
sem capazes de fazer aquilo, mas ela não! (e noivo em potencial) em uma situação
Ela não estava entendendo que nós, como embaraçosa no restaurante e o relacio-
pecadores, não estamos imunes à prática namento terminou”, “Eu gelei no quar-
dos atos mais enganosos e corruptos15. to do hospital em lugar de dizer uma
Nossa habilidade para fazer o mal não boa palavra sobre Cristo a meu pai. Agora
nos deve surpreender se entendermos a pro- não posso me perdoar por ter desperdi-
fundidade da depravação que reina no des- çado a oportunidade que eu tanto havia
crente e subsiste no crente. Tiago 1.13-15 desejado”, “Eu tinha a felicidade na pal-
retrata o poder que nossos desejos corrup- ma da minha mão, mas a deixei esca-
tos têm para nos levar à ruína espiritual. O par!”. Esta pessoa age como se ela pu-
teólogo puritano John Owen comentou que desse controlar o mundo e ter a garantia
qualquer tipo de pecado carrega em si as de conseguir o que quer. Quando os seus
sementes de uma total apostasia16. Sandra desejos não se concretizam, a reação é
não devia estar surpresa por ter sido capaz recriminar a si mesma e perseguir-se com
de fazer o que fez. “se eu tivesse apenas...”. Ela está cega à
sua ânsia interior de controlar a própria
3. A pessoa que diz “Eu não felicidade.
consigo me perdoar” talvez esteja Identificamos esta dinâmica em San-
expressando o seu desapontamen- dra e seus desejos fracassados. Ela que-
to por deixar de concretizar um ria o companheirismo, status e seguran-
desejo muito especial.17 ça de ser esposa e mãe. Ela queria abra-
Em essência, esta pessoa diz: “Eu çar seu filho e contar histórias para ele.
tive a oportunidade de conseguir algo Ela sonhou com passeios com seu mari-
do, empurrando juntos o carrinho do
15
Jeremias 17.9; 1Coríntios 10.6-12. bebê. Mas agora, sozinha, Sandra con-
16
John Owen. The mortificatin of sin in believers. In: dena a si mesma por ter jogado fora es-
William Goold, ed. The works of John Owen. V. VI,
cap.2. Great Britain: Banner of Truth, 1981. tas coisas. Cinco anos atrás, o aborto fora
17
Sou grato a David Powlison por sugerir este terceiro conveniente para a carreira profissional
ponto e pelas suas contribuições para o artigo. que Sandra idolatrava. Mas agora um

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conjunto diferente de desejos a domi- sempenho que ela mesma estabeleceu e
nava. Ela queria ser esposa e mãe, e da sua imagem de quão boa ela é ou de-
desejava ardentemente aquilo que per- veria ser.
dera. Consequentemente, estava mer- Em essência, esta pessoa ergueu orgu-
gulhada em culpa e autorrecriminação. lhosamente a sua própria lei ou adotou me-
Para piorar, os remorsos do passado drosamente a lei de outros. Ela está em
entrelaçavam-se com a contínua auto- busca não apenas de “justiça própria” (Fp
piedade, falta de esperança e inveja 3.7-9), mas de se provar justa diante de
daquelas mães que tinham seus filhos seus próprios padrões. A Bíblia, porém,
pequenos. Estes vários frutos de um nos diz que Deus é o único Deus a quem
desejo que não foi crucificado em Cris- devemos agradar, e que a Sua Palavra deve
to ameaçavam o seu relacionamento ser o único padrão para medirmos a nós
com Deus. mesmos.
Mas há esperança para Sandra! Se ela Aqueles que defendem a ideia de “per-
aprender a olhar para si mesma sob uma doar a si mesmo” observam bem a nossa
nova perspectiva, seu problema pode ser tendência de criticar a nós mesmos e o
redefinido e solucionado. No espelho fato de que isto é um problema18. A res-
das Escrituras, ela pode ver o engano e posta, porém, não é perdoar a si mesmo,
o poder dos desejos que a dominam. mas abandonar a nossa propensão de as-
Sandra pode confessar a sua idolatria e sumir o papel de Deus no estabelecimen-
os vários pecados a que esta idolatria tem to e cobrança de leis.
conduzido. Mediante arrependimento e Por exemplo, o homem que não con-
fé, ela pode encontrar o perdão no Sal- segue se perdoar quando comete um erro
vador pronto a perdoar. Sua luta com no trabalho estabeleceu um padrão não
“Eu não consigo me perdoar” será des- bíblico: “Eu devo ser um trabalhador per-
feita à medida que ela descobrir as solu- feito”. Ele está assumindo o papel de Deus,
ções verdadeiras de Deus para os pro- rejeitando a lei de Deus e determinando a
blemas verdadeiros do seu coração e da sua própria lei. A mulher que não conse-
sua vida. gue se perdoar porque, conforme diz, “Se
eu tivesse persuadido meu marido a ir ao
4. A pessoa que diz: “Eu não médico, ele não teria morrido” também
consigo me perdoar” talvez esteja está assumindo o papel de Deus19.
tentando estabelecer seu padrão
pessoal de justiça. 18
MINIRTH, Frank, MEIER, Paul. Op. cit. p. 157.
Neste caso, a expressão “Eu não con- 19
É preciso, porém, distinguirmos entre este quarto
sigo me perdoar” equivale a dizer: “Eu ponto e a culpa sentida por aquele que viola a sua
não tenho vivido à altura do meu pa- consciência fraca que ignora alguns dos aspectos da
drão de perfeição” ou “Eu não tenho vi- verdade de Deus que o teriam feito livre (Rm
vido à altura das expectativas de outras 14.14,15). Esta pessoa não precisa perdoar a si mesma,
mas receber o perdão de Deus porque ela pecou contra
pessoas”. O anseio desta pessoa por per- aquilo que sabia ser o certo (Rm 14.22-23). O
doar a si mesma provém da falta de êxi- evangelho é mais poderoso que uma consciência
to em estar à altura dos padrões de de- acusadora (1Jo 3.20).

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5. A pessoa que diz “Eu não Devemos reconhecer que ela tem um pro-
consigo me perdoar” talvez tenha blema verdadeiro de culpa. Devemos le-
se assentado na cadeira de juiz e var a sério o que ela está dizendo e respon-
declarado o veredito a respeito de der com compaixão. Ao investigar a sua
si mesma. vida, devemos estar cientes dos pontos que
Neste caso, a expressão “Eu não con- vimos acima. Um ponto crítico no pro-
sigo me perdoar” equivale a dizer: “Estou cesso de aconselhamento é ajudá-la a per-
no papel de juiz e vou conceder perdão ceber como ela rotulou de maneira errada
conforme o meu veredito”. Esta pessoa o problema e como a Bíblia oferece o único
intimou a si mesma em juízo, conferiu um diagnóstico exato e útil, que conduz à so-
veredito de culpa e agora acredita que pre- lução do problema. Que raio de graça pre-
cisa conceder o perdão necessário! Mas a cioso isto pode ser na vida de Sandra!
Bíblia declara que cabe apenas a Deus jul- A experiência de recriminar a si mes-
gar e perdoar20, bem como levar a penali- mo, acusar a si mesmo e remoer seus pe-
dade do nosso pecado em Cristo. cados – que Sandra e outros expressam
Considerar o papel que esta pessoa como “Eu não consigo me perdoar” –
está assumindo é algo importante. O que escancara uma janela incrível para ganhar-
ela está na verdade querendo dizer quando mos uma percepção mais profunda da
fala em perdoar a si mesma? Quem pecou pecaminosidade sutil do ser humano.
contra quem? Quem deve perdoar quem? Sandra nunca percebeu o quanto ela age
E quem é o juiz que determina até mes- como se fosse um “legislador e juiz justo,
mo se esta culpa existe? A noção de per- e ainda provedor para expiação dos peca-
doar a si mesmo coloca estranhamente a dos”! Esse conhecimento mais profundo
mesma pessoa na posição de ser tanto o de si mesma abre a porta para que Sandra
ofensor como também o juiz, e ainda con- conheça o amor de Deus em Cristo Jesus
ceder perdão! Ela está assumindo o papel com nova relevância e poder.
de Deus e usurpando a posição de Cristo. Será que “perdoar a si mesmo” é mera-
É vital que a orientemos a voltar-se de si mente um conceito impreciso, mas neutro e
mesma para o único e verdadeiro Juiz, que inofensivo? Não! Tudo quanto obscurece o
pode lhe conceder perdão – nosso Senhor perdão de Deus não é inofensivo. E nós que
Jesus Cristo. ministramos a Palavra pelo ensino e aconse-
lhamento não temos desculpas para perpe-
tuar este mito. Que Deus nos capacite a cor-
Conclusão rigir este erro. Que Deus nos capacite a mi-
O que responder a Sandra quando ela nistrar amorosa e fielmente a riqueza de Sua
nos diz: “Eu não consigo me perdoar”? graça às pessoas que lutam com a culpa.

20
1Coríntios 4.3-5; Tiago 4.11-12.

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