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Desenvolvimento de Materiais de Embalagem

Desenvolvimento de Materiais
de Embalagem

Professor Rodrigo Vecchi


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Desenvolvimento de Materiais de Embalagem

Sumário
1. INTRODUÇÃO 3
1.2. Histórico 3
1.3. Tipos de embalagens empregadas na indústria farmacêutica 5
1.3.1. Embalagem primária 6
1.3.2. Ampola 6
1.3.3. Bisnaga 7
1.3.4. Blister 7
1.3.5. Envelope 7
1.3.4. Frasco 7
1.3.5. Frasco-ampola 7
1.3.6. Seringa dosadora 7
1.3.7. Strip 8

2. MATERIAIS DE EMBALAGEM E ACONDICIONAMENTO 8


2.1. Recipientes de vidro 9
2.2. Recipientes de plástico 11
2.2.1. Interação entre fármaco e plástico 14
2.3. Tubos colapsáveis 16

3. FECHOS E TAMPAS 18
3.1. Tampa de rosca em espiral 18
3.2. Tampa de ressalto 19
3.3. Revestimento dos fechos 19
3.4. Tampas de borracha 19
3.5. Tampas de plástico 19

4. EMBALAGENS INVIOLÁVEIS 20

5. ESTABILIDADE 22
5.1. Oxidação 23
5.2. Hidrólise 23
5.3. Fotólise 23
5.4. Interações químicas entre a embalagem e o produto 23
5.5. Contaminação Microbiológica 24

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 25

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Desenvolvimento de Materiais de Embalagem

Segunda fase: Compreende desde 4000 a.c. até


1. Introdução
aproximadamente 1760 d.c. Observa-se o surgimento

A importância da embalagem está relacionada das embalagens propriamente ditas, inicialmente


principalmente à conservação dos produtos farmacêuticos usadas no intercambio de mercadorias entre o Egito e
- medicamentos - além de veicular informações a Mesopotâmia (por exemplo: vasos de argila pura,
importantes ao paciente. A conservação inadequada de um recipiente de alabastro e cerâmica).
medicamento pode ter consequências graves, como por Terceira fase: Compreende de 1760 d.c. até os tempos
exemplo, ineficácia ocasionada pela perda de estabilidade atuais. Verifica-se a caracterização das embalagens com
e queda no teor de ativo ou à perda irreversível de funções de proteção, ilustração e venda.
características das formas farmacêuticas.
Primeira fase: embalagens naturais
No caso de embalagens farmacêuticas, os maiores
problemas de conservação ocorrem durante o transporte e O desenvolvimento da embalagem começa com a origem
distribuição, onde a principal consequência é a diminuição do homem. Artefatos mais antigos oferecem uma idéia de
do teor de sustância ativa e o comprometimento no quando certas embalagens foram usadas pela primeira vez,
aspecto físico da forma farmacêutica. Com isso, a função no inicio, um problema serio enfrentado por eles era como
principal da embalagem é proteger o fármaco e a forma transportar alimentos, e a maneira encontrada foi usar suas
farmacêutica, além de funções estéticas e informativas. mãos em forma de conchas. Mas, nelas a água não ficava
contida e não poderia ser estocada.
Neste módulo abordaremos a importância do
desenvolvimento da embalagem, aplicado especificamente O homem se voltou então para os crânios dos animais,
à indústria farmacêutica. Torna-se necessário descrever
chifres ocos e grandes conchas. Com o tempo, ele
os tipos de embalagens, os materiais mais utilizados,
aprendeu a montar cestos, usando certos vegetais, e a
bem como sua importância, diferentes graus de proteção
calafetá-los com resinas e argila. E, finalmente conseguiu
conferidos e os fatores que causam alterações no
construir os primeiros vasos de argila pura, que serviam
produto final, passando pelas atribuições do setor de
para o armazenamento de água e comida (MOURA &
desenvolvimento de embalagem e estudo de caso para
melhor compreender a importância do processo de BANZATO, 2000).
desenvolvimento da embalagem.
Da mesma forma que a água, um homem não pode
transportar uma grande quantidade de pequenos objetos,
1.2. Histórico como grãos, em suas mãos. Esta necessidade de transporte
foi atendida com a invenção de sacos e cestos. Não se sabe
A importância das embalagens na indústria farmacêutica
com certeza onde realmente surgiu a primeira embalagem.
acarretou a evolução destas ao longo do tempo. Segundo
MOURA & BANZATO, o panorama histórico das embalagens
Entretanto, tem-se conhecimento de que as primeiras
pode ser dividido em três fases:
embalagens, que nada mais eram do que simples
recipientes, foram utilizadas para o acondicionamento
Primeira fase: compreende o período desde o
de líquidos, frutas silvestres e outros alimentos providos
surgimento do homem, até aproximadamente 4000 a.c.
Esta fase apresenta uma época em que inicialmente as da natureza. Mais tarde, quando o homem começou a
embalagens não eram necessariamente confeccionadas, cultivar o solo, elas foram certamente empregadas para
isto é, os primitivos usavam, por exemplo, objetos acondicionar as suas colheitas (CAVALCANTE, 2006).
oferecidos pela natureza, como crânio de animais, chifres
ocos, conchas, peles ou bexigas de animais, bem como a Os primeiros recipientes foram, provavelmente, feitos
confecção de cestos rudimentares. de escamas, folhas, peças ocas de madeira, louças de

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barro e peles de animais. Posteriormente esses materiais Por volta de 300 antes de Cristo foi desenvolvida ao
foram gradativamente substituídos por outros naturais, sul e a leste do mediterrâneo, a técnica de sopro, para
em varias formas, tecidos moldados ou costurados e confeccionar artigos de vidro. Isso permitiu fabricar
certamente esses objetos constituíram-se essencialmente, recipientes relativamente grandes, com maior rapidez.
em utensílios domésticos ou objetos de uso pessoal Com o aumento do uso de recipientes de vidro, iniciou-
(FORCINIO, 2001).
se a pratica de identificar o produto e o fabricante com a
gravação em suas próprias tampas, as quais eram feitas
Segunda fase: embalagens artesanais
de argila ou chumbo (CAVALCANTE, 2006).

Embora haja informações do uso de cântaros (vaso


A embalagem passou a ser mais importante do que
grande e bojudo com uma ou duas asas, para líquidos)
apenas um auxilio ao transporte. Era desejado que ela
e outros tipos de vasilhas pelos primórdios orientais e
evitasse derramamento e contaminação. Recipientes
outras civilizações, a origem da embalagem propriamente
fechados como barris, e tampas, para selar garrafas, foram
dita provavelmente teve lugar por volta do ano 4000 a.c.,
através do intercambio de mercadorias entre o Egito e a inventados para ajudar. Nesta segunda fase tem-se uma

Mesopotâmia (CAVALCANTE, 2006). importante inovação que foi a introdução do papel. Os


registros indicam que o papel como é conhecido atualmente
Os produtos eram embarcados a granel: as sedas, foi feito na China, no ano de 105 depois de Cristo.
especiarias (canela, noz-moscada) e gemas (pedras
preciosas) do Oriente; grãos (sementes), algodão, linho e O papel cartão também foi uma invenção chinesa do
animais do Egito. O principal recipiente era provavelmente século XVI. A Primeira aplicação da cor ou da tinta sobre
feito de argila ou fibras naturais tecidas (MOURA & uma superfície e depois sua transferência para outra, foi
BANZATO, 2000). com as impressoras. Tem-se evidencias de que a primeira
impressão sobre papel, a partir de blocos de madeira
Outro uso que se tem conhecimento ocorreu por entalhada, ocorreu na China, por volta de 868 depois de
volta de 3.000 a.c. Os recipientes feitos de alabastro Cristo. Também na China, em 1041 depois de Cristo foram
(Rocha muito branca e translúcida). Foram utilizados
usados blocos de madeira individuais para impressão de
para conter pequenas quantidades de cosméticos para
caracteres (ROSSI, 2004).
damas da mesopotâmia (CAVALCANTE, 2006). Na
mesma época, os egípcios faziam garrafas rústicas de
A identificação do produto e da embalagem se tornou
vidro e jarras, através de areias moldadas. Embora o
mais difundida com o aperfeiçoamento do método de
processo fosse lento, e apenas pequenas quantidades
impressão por Johann Gutemberg, por volta de 1450,
fossem possíveis de se fazer, muitas delas eram usadas
permitindo, assim, o uso de rótulos de papel. Durante anos
para conter cosméticos, óleos e perfumes.
seguintes, o uso das embalagens impressas se difundiu

Esses recipientes parecem ter sido as primeiras para outros produtos, desde medicamentos e dentifrícios

embalagens de consumo. Apesar desse antigo uso da até tabaco e vários alimentos.
embalagem para acondicionamento de cosméticos
e outros produtos do gênero a sua aplicação, Na metade dos anos 1700 estavam sendo usadas

através dos anos, foi para armazenar, proteger chapas de cobre e aço, no lugar de blocos de madeira, para
e auxiliar no transporte de produtos diversos. etiquetas impressas. Durante o século XVII, a fabricação
Gradualmente, os sacos de couro, substituíram as de embalagem de vidro se difundiu na Inglaterra, e o
jarras de barro, que eram facilmente quebráveis vidro substituiu largamente o couro e as louças de barro
(MOURA & BANZATO, 2000). (MOURA & BANZATO, 2000).

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Desenvolvimento de Materiais de Embalagem

Terceira fase: embalagens industriais Embalagem quartenária: envolve as caixas


individuais para facilitar o transporte e a armazenagem;
A disponibilidade de embalagens de vidro e dos
rótulos de papel contribuíram para a origem da indústria Embalagem de quinto nível: é a unidade
farmacêutica. No inicio de 1740, os remédios já eram conteinerizada ou as embalagens especiais para envio a
vendidos na Inglaterra. Os primeiros frascos eram longa distância.
arrolhados e selados com cera. Os rótulos, impressos em
papel rústico em branco e preto, eram atados ou amarrados Já a resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 333, de
ao redor do gargalo com um barbante (FORCINIO, 2001). 19 de Novembro de 2003 define as seguintes embalagens:

A indústria farmacêutica foi, talvez, a primeira a Secundária: Acondicionamento que está em contato
utilizar a embalagem com certa extensão na venda com a embalagem primaria e que constituem envoltório
de produtos de consumo. Outros artigos começaram ou qualquer outra forma de proteção, removível ou não,
também a ser embalados em quantidades de consumo podendo conter uma ou mais embalagens primárias.
e embalagens unitárias, contudo, a embalagem ainda
era utilizada essencialmente para proteger e conter o Múltipla: Embalagem secundaria de medicamentos de
produto. Portanto a terceira fase das embalagens pode venda sem exigência de prescrição médica disponibilizados
ser subdividida em três fases: ao consumidor exclusivamente em embalagem primaria.

»» Fase Protetiva (1760 a 1890): Compreende uma Embalagem Hospitalar: Embalagem secundária ou
época onde a embalagem sempre foi essencialmente primária utilizada para acondicionamento de medicamentos
usada para manter a forma e a coesão dos produtos com destinação hospitalar e ambulatorial.
no transporte e manuseio;
»» Fase Ilustrativa (1890 a 1930): Tem-se o Porém, normalmente verifica-se a seguinte
período onde há criação da marca para identificar o classificação:
fabricante e a inclusão de instrução de uso;
»» Fase de venda (1930 até a atualidade): é Primária: é a embalagem que está em contato direto
provocada pelo surgimento da venda tipo auto- com o conteúdo principal.
serviço (MOURA & BANZATO, 2000).
Secundária: é a embalagem que agrupa ou protege
a embalagem primaria. Geralmente é a embalagem que
1.3. Tipos de embalagens empregadas na
fica a mostra nas prateleiras, sua violação geralmente não
indústria farmacêutica altera o produto.

Em 1997, MOURA & BANZATO apresentam a seguinte


Terciária: é a embalagem que facilita o transporte e
classificação para as embalagens:
tem por característica promover a integridade física da
embalagem secundaria (ROSSI, 2004).
Embalagem primária: é aquela que contem o
produto (vidro, lata, plástico) sendo a medida de produção
Embora existam vários tipos de embalagens
e de consumo;
dentre as diversas classificações, tem-se como

Embalagem secundária: é o acondicionamento que sendo as mais utilizadas pela indústria farmacêutica:

protege a embalagem primária;


Embalagem Primária: ampola, bisnaga, blister,
Embalagem terciária: caixas de papelão, plásticos; frasco, ampola e strip.

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Embalagem Secundária: cartucho e colméia ou berço. 1.3.2. Ampola

Embalagem Terciária: caixa de papelão. Ampola é um recipiente fechado hermeticamente,


destinado ao armazenamento de líquidos estéreis para
1.3.1. Embalagem primária uso por via parenteral e cujo conteúdo é utilizado em
dose única. A figura 1 apresenta três tipos diferentes de
De acordo com a USP 24, recipiente é o dispositivo
ampolas: aberta, fechada e Marzocchi, respectivamente.
que contem o medicamento e está ou pode estar em
contato direto com ele. A tampa faz parte do recipiente
não deve interagir física ou quimicamente com o produto,
de modo a alterar sua concentração, qualidade ou pureza.
Os recipientes podem ser classificados de acordo com
a capacidade de proteger o conteúdo das condições
externas. O recipiente com condições mínimas de aceitação
é denominado recipiente fechado.

Protege o conteúdo contra os sólidos estranhos


e contra a perda de medicamentos nas condições
comuns de manipulação, transporte, armazenamento e
distribuição. O recipiente bem fechado protege o conteúdo
da contaminação de líquidos, sólidos e vapores estranhos,
contra a perda de medicamento e contra eflorescência,
deliqüescência ou evaporação nas condições usuais de
manipulação, transporte, armazenamento e distribuição.
Esse recipiente pode ser fechado novamente, mantendo
suas características originais. Figura 1a: Tipos de ampolas utilizadas na indústria de medicamentos.

O recipiente hermético é impermeável ao ar e a


qualquer outro gás nas condições comuns ou habituais
de manipulação, transporte, armazenagem e distribuição.
Os recipientes herméticos que são estéreis, em geral são
usados para preparações farmacêuticas injetáveis ou para
administração parenteral.

Podem ser recipientes de dose única, nos quais a


quantidade de fármaco estéril é para uma única dose e
que, uma vez abertos não podem ser fechados novamente
mantendo a esterilidade. Incluem as ampolas fechadas
por fusão, seringas pré-cheias, seringas e cartuchos
descartáveis. O recipiente de múltiplas doses é hermético
e permite a retirada de porções sucessivas do conteúdo,
sem alterar a concentração ou por em risco a qualidade ou
a pureza da parte restante. Esses recipientes normalmente
são denominados frascos. Figura 1b: Tipos de ampolas utilizadas na indústria de medicamentos.

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aparenta estar sempre “cheia”. Como o tubo plástico não


é impermeável, exige-se a aplicação de vernizes externos,
do tipo epóxi, melhorando a impermeabilidade, protegendo
a impressão e dando brilho (MOURA & BANZATO, 2000).

1.3.4. Blister

O blister é um recipiente que consiste de uma bandeja


moldada com cavidades dentro das quais as formas
farmacêuticas são armazenadas, normalmente com uma
cobertura de material laminado selando a parte moldada
que deve ser aberta ou rompida para acessar o conteúdo.
A figura 3 exemplifica esse material.

Figura 1c: Tipos de ampolas utilizadas na indústria de medicamentos.


Figura 3: Tipos de blísteres utilizados na embalagem de comprimidos.

1.3.3. Bisnaga
1.3.5. Envelope

A bisnaga é um recipiente flexível, achatado ou lacrado O envelope, também chamado de sache, é um recipiente
de um lado, com uma abertura removível do outro lado. de material flexível formado por duas camadas do mesmo
Utilizado para acondicionamento de medicamentos semi- material seladas, contendo uma dose do medicamento.
sólidos. Ideal para a embalagem de pastas e cremes.
Existem dois tipos de bisnagas, a bisnaga de alumínio (A) 1.3.4. Frasco
e a plástica (B), como indica a figura a figura 2.
O frasco é um recipiente normalmente de formato
tubular, com um gargalo estreito e fundo plano, destinado
para acomodar liquido, geralmente de vidro ou PET
(polietileno tereftalato).

1.3.5. Frasco-ampola

Figura 2: Tipos de bisnagas utilizadas em medicamentos. Bisnaga de O frasco-ampola é um recipiente normalmente de


alumínio e bisnaga plástica.
formato tubular para acondicionamento de medicamentos
administrados pela via parenteral. Lacrado com uma
A bisnaga de alumínio é a mais usada e é formada
rolha de material flexível que deve ser perfurada para
pelo processo de extrusão-impacto. Pode ser fornecida
administração do medicamento.
com vários bicos e tampas. Permite “Abrir e Fechar” várias
vezes e pode ser decorada atrativamente. Porém, os tubos
1.3.6. Seringa dosadora
podem amassar facilmente e ocorrer corrosão.
A seringa dosadora é um dispositivo cilíndrico, com
No caso da bisnaga plástica, pode ser fabricada de adaptador em forma de cânula, e com êmbolo, para
polietileno e PVC (Cloreto de Polivinila), sendo que a de administração por via parenteral de uma dose única de um
PVC pode ser transparente e, pelo fato de não amassar, medicamento.

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1.3.7. Strip é o que está em contato direto com o seu conteúdo


durante todo o tempo.
O strip é um recipiente de material flexível formado
Considera-se material de acondicionamento:
por duas camadas do mesmo material seladas que
separam e protegem cada dose do medicamento. Para »» ampolas
acessar cada dose o mesmo deve ser cortado ou rompido. »» bisnagas
Contém medicamentos sólidos ou semi-sólidos. A figura 4 »» envelopes
apresenta a máquina empregada para formação de strip e »» estojos
um exemplo da embalagem final. »» flaconetes
»» frascos de vidro ou de plástico
»» frascos-ampola
»» cartuchos
»» latas
»» potes
»» sacos de papel

Embalagem é aquela que se destina à total proteção


do material de acondicionamento nas condições usuais de
transporte, armazenagem, e distribuição.

Considera-se embalagem:

»» caixas de papelão
»» cartolinas
»» madeira ou materiais plásticos
»» estojo de cartolina

O acondicionamento ou embalagem de um
medicamento é composto de diferentes elementos, cujas
funções principais estão ilustradas na figura 5.

Figura 4: Máquina seladora de strip e embalagens do tipo strip.

2. Materiais de embalagem e
acondicionamento
Compreende-se como material de embalagem e
acondicionamento o recipiente, envoltório, invólucro ou
não, destinado a envasar, proteger, manter, cobrir ou
empacotar, especificamente ou não, as matérias-primas,
reagentes e medicamentos. Material de acondicionamento Figura 5: Principais funções de uma embalagem farmacêutica.

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Portanto, para a seleção da embalagem ou material Composição do vidro


de acondicionamento, é necessário preencher requisitos
essenciais como: O vidro é composto principalmente por areia, carbonato
de sódio, carbonato de cálcio e o pó de vidro (HANLON,
»» Possuir resistência física suficiente 1971). A areia é praticamente sílica pura e o pó de
»» ser leve e o menos volumoso possível vidro que é misturado com o lote funciona como agente
»» ser impermeável aos constituintes do medicamento de fusão para toda a mistura. A composição do vidro é
»» isolar o medicamento dos fatores externos que variável sendo normalmente ajustada de acordo com fins
poderiam prejudicar sua conservação específicos. Os cátions mais comuns encontrados no vidro
»» reações ou trocas entre o recipiente e o seu para uso farmacêutico são o silício, o alumínio, o boro, o
conteúdo devem ser quase inexistentes sódio, o potássio, o cálcio, o magnésio, o zinco e o bário.
»» ser absolutamente inócuo.
O único ânion importante é o oxigênio. Muitas das
Os plásticos são, atualmente, os materiais de propriedades úteis do vidro são afetadas pelo tipo de
embalagem mais utilizados no ramo farmacêutico, elemento que este contém. Por exemplo, a redução das
devido ao seu baixo custo e dispor de variados tipos e proporções dos íons sódio torna o vidro mais resistente.
composições, apresentado versatilidade de uso e, regra No entanto, sem o sódio e outros materiais alcalinos, o
geral, composições complexas. vidro é de fusão difícil e dispendiosa. O óxido de boro
é incorporado, sobretudo, para facilitar o processo de
Por outro lado, é preciso não esquecer que pode fusão, por redução da temperatura necessária para
haver sempre alguma adsorção ou absorção por parte que esta ocorra.
do plástico para os componentes do medicamento.
Compreende-se também que esses fenômenos Pequenas quantidades de chumbo proporcionam
sejam mais evidentes quando há uma fase liquida transparência e brilho, mas produzem um vidro
em contato com o plástico, e quanto maior seja a relativamente mole. O óxido de alumínio, ou alumina,
superfície livre da parede do plástico em relação ao é usado frequentemente para aumentar a dureza
volume contido (PRISTA, 1995). e a durabilidade do vidro e para aumentar a sua
resistência química.
2.1. Recipientes de vidro
Vidros para fármacos
O vidro é um material amplamente usado como material
de embalagem para medicamentos porque confere Os recipientes de vidro para fármacos encontram-
proteção adequada aos medicamentos, é econômico e se disponíveis normalmente em cor clara ou âmbar. As
os recipientes encontram-se disponíveis numa ampla especificações da USP para contentores resistentes à luz
gama de tamanhos e formas. É quimicamente inerte, requerem que o vidro confira proteção contra radiações com
impermeável, forte, apresenta rigidez e está aprovado comprimento de onda entre 290 e 450 nm. O vidro âmbar
pelas agências regulatórias. possui estas características, mas o óxido de ferro adicionado
para produzir esta cor pode ser cedido ao produto.
O vidro não se deteriora com o tempo e, desde
que possua um sistema de fechamento adequado Assim, se o produto contém ingredientes sujeitos a
proporciona uma barreira excelente contra praticamente reações químicas catalisadas pelo ferro, o vidro âmbar não
qualquer elemento, exceto luz. As desvantagens mais pode ser usado. A USP descreve vários tipos de vidros
importantes do vidro como material de embalagem são para fármacos e apresenta os teste do vidro moído e da
a sua fragilidade e o seu peso. resistência hidrolítica para avaliação da resistência química

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do vidro. O teste determina a quantidade de álcalis cedida Vidro tipo II – Vidro sódico-cálcico tratado
pelo vidro à água purificada, em condições de temperatura
elevada. O ensaio do vidro moído é realizado sobre Quando o material de vidro é armazenado durante
pedaços de vidros de um tamanho específico e o teste vários meses especialmente numa atmosfera úmida ou

de resistência hidrolítica é realizado sobre a totalidade do com variações extremas de temperaturas extremas, o
umedecimento da sua superfície por condensação da
recipiente. O teste da resistência hidrolítica ou de ataque
água origina a formação de sais a partir do vidro e que
pela água é usado exclusivamente para o vidro tipo II que
depois se dissolvem.
tenha sido exposto aos fumos do dióxido de enxofre sob
condições controladas.
Este fenômeno, nas suas fases iniciais, caracteriza-se
pelo aparecimento de cristais finos sobre o vidro. Nesta
fase, estes sais podem ser removidos com água ou ácido.
Os recipientes do tipo II são feitos de vidro sódico-cálcico
comercial que foi desalcalinizado ou tratado para remover
a alcalinidade da superfície. O processo de desalcalinização
é conhecido como tratamento sulfúrico e evita em muito o
aparecimento de cristais nas garrafas vazias.
Figura 6: Tipos de embalagens de vidro para fármacos
O tratamento dado por vários fabricantes expõe o
Vidro tipo I – Vidro borossílico vidro a uma atmosfera contendo vapor de água e gases,
particularmente dióxido de enxofre, a temperaturas elevadas.
Neste vidro altamente resistente, uma parte substancial Este tratamento resulta na reação entre gases e alguns
dos cátions alcalinos e alcalino-terrosos são substituídos dos álcalis da superfície, tornando-a bastante resistente ao
por boro e/ou alumínio e zinco (BACON, 1968). É um ataque pela água por um maior período de tempo.
vidro quimicamente mais resistente do que o vidro sódico-
cálcico que contém uma quantidade nula ou insignificante Os álcalis cedidos pelo vidro aparecem na superfície

destes cátions. Embora o vidro seja considerado como como um depósito de sulfato o qual é removido quando
os recipientes são lavados antes do enchimento. O
um material virtualmente inerte, sendo usado para conter
tratamento com enxofre neutraliza os óxidos alcalinos
ácidos e bases fortes, bom como vários tipos de solventes,
da superfície e consequentemente torna o vidro
reage de forma definida e mensurável com algumas
quimicamente mais resistente.
substâncias, nomeadamente a água.

Vidro tipo III – Vidro sódico-cálcico normal


O sódio encontra-se fracamente combinado com o
silício sendo cedido da superfície da superfície do vidro Os recipientes não são tratados sendo fabricados de
para a água. A água destilada armazenada durante um vidro sódico-cálcico comercial de resistência química
ano em vidro transparente do tipo III possui entre a superior à média.

10 e 15 partes por milhão (ppm) de hidróxido de sódio


Vidro tipo NP – Vidro sódico-cálcico para não
juntamente com vestígios de outros ingredientes do vidro.
parentéricos
A adição de aproximadamente 6% de boro para formar o
vidro borossilícico, ou tipo I, reduz a cedência de forma a Os recipientes de vidro sódico-cálcico destinam-se a
que só 0.5 ppm se dissolvem num ano. produtos não parentéricos, quer de uso oral ou tópico.

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Desenvolvimento de Materiais de Embalagem

A falta de transparência e a elevada permeabilidade


2.2. Recipientes de plástico
a certos edulcorantes e ao oxigênio são desvantagens
do uso do polietileno como material de embalagem
A utilização do plástico em embalagem é vantajosa
para algumas preparações farmacêuticas. Apesar destes
por um número variado de razões incluindo a facilidade
problemas, o polietileno nas suas várias formas confere
com que podem ser fabricadas, a sua elevada qualidade
uma das melhores proteções existentes para um número
e a variedade de apresentações que permitem. Os
elevado de produtos ao mais baixo preço.
recipientes de plástico são extremamente resistentes à
quebra, conferindo assim segurança aos consumidores
A densidade do polietileno, que varia entre 0.91 e 0.96,
paralelamente com a redução de perdas por quebras em
determina diretamente as quatro características físicas
todos os níveis da distribuição ao uso.
básicas de um recipiente moldado por sopro: 1) dureza;
2) transmissão de vapor; 3) resistência à fissura e 4)
O recipientes de plástico para produtos farmacêuticos
transparência ou opacidade. À medida que a densidade
são fabricados principalmente com os seguinte polímeros:
do material aumenta o mesmo torna-se mais duro,
polietileno, polipropileno, cloreto de polivinilo, poliestireno e
apresentando uma distorção e uma temperatura de fusão
em menor escala polimetilmetacrilato, terftalato de polietileno,
superiores tornando-se menos permeável aos gases e
politrifluoroetileno, aminoformaldeídos e poliamidas.
vapores e menos resistentes às fissuras.

Os recipientes de plástico consistem em um ou mais


A estrutura molecular do material de alta densidade é
polímeros juntamente com alguns aditivos. Àqueles
praticamente a mesma do de baixa densidade situando-se
destinados a utilizações farmacêuticas devem ser isentos
a maior diferença no número mais reduzido de ramificações
de substâncias que possam ser cedidas em quantidades
que o primeiro apresenta. Uma vez que estes polímeros são
significativas aos produtos neles contidos. Assim, o risco de
normalmente susceptíveis à degradação oxidativa durante
toxicidade ou instabilidade física ou química são evitados.
o processamento e a exposição subsequente, a adição de
algum antioxidante como, por exemplo, o hidroxibutiltolueno
A quantidade e a natureza dos aditivos são determinadas ou o dilauril tiodiproprionato, é necessária.
pela natureza do polímero, o processo usado para converter
o plástico em recipientes e a utilização esperada do Os antiestáticos são frequentemente usados em
recipiente. Nos recipientes de plástico em geral os aditivos polietilenos destinados a frascos, de modo a minimizar
podem ser antioxidantes, agentes antiestáticos, corantes, o acúmulo de partículas existentes no ar sobre a
modificadores de impacto, lubrificantes, plastificantes e superfície do frasco durante o manuseio, enchimento
estabilizantes. Agentes que facilitam a desmoldagem não e armazenamento. Estes aditivos antiestáticos são
são geralmente usados, a menos que sejam necessários normalmente polietilenoglicóis ou amidas de cadeia longa
para um fim específico. e são usados frequentemente em polietileno de alta
densidade em concentrações da ordem dos 0,1 a 0,2 %.
Polietileno
Polipropileno
O polietileno de alta densidade é o material mais
usado pela indústria farmacêutica para recipientes e O polipropileno é bastante utilizado, pois apresenta
assim continuará a acontecer nos próximos anos. É muitas das propriedades do polietileno. O polipropileno
uma barreira adequada contra umidade, mas é pouco tem a vantagem de não apresentar fissuras em qualquer
eficaz contra o oxigênio e outros gases. A maioria dos circunstância. Com exceção de solventes aromáticos ou
solventes não ataca o polietileno, não sendo também halogenados, que o amolecem, este polímero apresenta
afetado pelos ácidos e bases fortes. uma resistência elevada à maioria dos químicos, onde se

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incluem ácidos fortes, bases, e a maioria dos materiais aprovados pelo FDA, mas apresentam um ligeiro odor
orgânicos. O seu ponto de fusão elevado torna-o adequado que é perceptível em frascos acabados de moldar. Outros
para embalagens que ser submetidas a temperaturas estabilizantes aceitáveis (enxofre, cálcio e sais de zinco)
elevadas e para produtos esterelizáveis. A falta de possuem uma cor amarelada que torna o plástico turvo
transparência continua a ser um problema importante que e indesejável. Quando se formulam os compostos de
pode ser atenuado com a produção de paredes mais finas. PVC com estabilizantes de cálcio e zinco, todos estes
ingredientes são usados em baixas concentrações.
O polipropileno constitui uma barreira eficiente aos
gases e aos vapores. A sua permeabilidade é equivalente O PVC constitui uma barreira excelente para os óleos,
ou ligeiramente superior à do polietileno de alta densidade quer estes sejam voláteis ou fixos, e para hidrocarbonetos.
ou de cadeia linear. Uma das maiores desvantagens do Retém odores e sabores facilmente e é uma barreira
polipropileno é de se apresentar quebradiço a baixas adequada ao oxigênio, à umidade e aos gases em geral,
temperaturas. Na sua forma mais pura é bastante frágil mas os plastificantes reduzem estas propriedades. O PVC
à -18o C devendo ser misturado com polietileno ou outro não é afetado por ácidos ou bases, exceto no caso de
material para aumentar a sua resistência ao impacto, alguns ácidos oxidantes.
necessária aos materiais de embalagem.
A grande preocupação acerca da segurança dos
Cloreto de polivinilo (PVC) produtos plásticos tem sido dirigida aos plásticos de PVC e
sobre os compostos derivados a partir deles. A sua possível
Os frascos de cloreto de polivinilo não apresentam implicação no desenvolvimento de câncer em algumas
algumas das desvantagens do polietileno. Podem ser pessoas expostas aos monômeros de cloreto de vinilo
produzidos com a transparência do cristal, proporcionam durante o processo de síntese, tem despertado grande
uma barreira adequada ao oxigênio e apresentam maior interesse. Uma diminuição acentuada da quantidade deste
dureza. No seu estado mais natural, o PVC é cristalino e monômero tem sido conseguida pelos fabricantes de PVC.
duro, mas apresenta uma reduzida resistência ao impacto.
A adição de plastificantes pode tornar este material menos O uso do PVC como embalagem de medicamentos vem
duro. Vários estabilizantes, antioxidantes, lubrificantes, ou aumento, sendo também usado como revestimento de
corantes podem também ser incorporados. frascos de vidro, o que se consegue mergulhando o frasco
em PVC plastisol, produzindo um revestimento inquebrável
O PVC é usado frequentemente na sua forma pura sobre o frasco de vidro.
uma vez que se trata de um material barato, transparente
e facilmente processável. Não pode, no entanto, ser Poliestireno
sobreaquecido pois começa a degradar-se a 260 oC e os
seus produtos de degradação são bastante corrosivos. O O poliestireno para uso geral é um plástico rígido e
PVC torna-se amarelado quando exposto à luz ultravioleta transparente como o cristal. Há vários anos vem sendo usado
e ao calor, a menos que o fabricante inclua um agente como embalagem para acondicionar formas farmacêuticas
estabilizante na sua composição. É virtualmente impossível sólidas por ser relativamente barato. Atualmente o
processar vinilos a temperaturas elevadas na ausência de poliestireno não é utilizado para formas farmacêuticas
um agente estabilizante. líquidas. Este plástico apresenta uma elevada transmissão
de vapor de água (em comparação com o polietileno de
Para conferir transparência os melhores agentes são os alta densidade) e uma elevada permeabilidade ao oxigênio.
compostos de estanho, mas a maioria não pode ser usada Dependendo dos métodos de produção e de outros fatores,
em plásticos destinados a medicamentos ou alimentos. os recipientes de poliestireno são facilmente riscados,
O maleato e o dioctilmercaptoacetato de estanho foram rachando facilmente quando caem.

12
Desenvolvimento de Materiais de Embalagem

O poliestireno também gera facilmente eletricidade resistência química é moderada constituindo uma barreia
estática e tem um ponto de fusão baixo (90 oC), não química à umidade. Este plástico é conhecido pela sua
podendo ser usado para acondicionar ingredientes quentes estabilidade dimensional, elevada resistência ao impacto,
ou para outras aplicações a temperatura elevada. O resistência à deformação, reduzida absorção de água,
poliestireno é resistente aos ácidos, exceto para os ácidos transparência, e resistência ao calor e à chama.
oxidantes fortes e bases. É atacado por muitos produtos
químicos os quais causam o aparecimento de fendas e O policarbonato é resistente a ácidos diluídos, agentes

quebra. Por este motivo é geralmente usado apenas para oxidantes ou redutores, sais, óleos (fixos e voláteis),

produtos secos. gorduras e hidrocarbonetos alcalinos. É atacado por bases,

aminas, cetonas, ésteres, hidrocarbonetos aromáticos e

Nylon (poliamida) alguns alcoóis.

As resinas de policarbonato são caras e


O nylon é produzido a partir de um ácido dibásico
consequentemente são usadas em recipientes especiais.
combinado com uma diamina. Existe uma grande
Uma vez que a resistência do policarbonato ao impacto é
variedade de nylons. O tipo de ácido e amina usados são
quase cinco vezes superior à dos plásticos de embalagens
indicados por um número de identificação. Desta forma,
comuns, os recipientes podem ser concebidos com paredes
o nylon 6/10 possui 6 átomos de carbono na diamina e
muito finas para permitir a redução dos custos. Os artigos
10 no ácido. O nylon e os materiais de poliamida podem
de policarbonato podem ser sujeitos à esterilização repetida
originar materiais com paredes finas. O nylon pode ser
pelo vapor ou pela água sem sofrerem degradação.
autoclavado sendo bastante forte e difícil de destruir por
meios mecânicos. Multipolímeros acrílicos (polímeros de nitrilo)

Um fator importante para a sua ampla aceitação é a Neste grupo incluem-se os monômeros de acrilonitrilo
sua resistência a uma ampla gama de produtos orgânicos ou metacrilonitrilo. As suas propriedades únicas como
e inorgânicos. Como material de barreira, o nylon é barreira contra gases, elevada resistência química e
bastante impermeável ao oxigênio, porém, não é uma boa mecânica e descartabilidade segura por incineração torna o
barreira para o vapor de água, podendo ser laminado com seu uso atrativo como recipientes para produtos que sejam
polietileno ou outro material quando esta característica incompatíveis com outros polímeros. A sua resistência aos
é necessária. A sua permeabilidade elevada à água e a óleos e gorduras e a transferência mínima de sabores são
possibilidade de interações tem reduzido o potencial do particularmente vantajosos na embalagem de alimentos.
nylon para armazenamento prolongado de fármacos.
Este material de custo médio dá origem a um recipiente
Os nylons 6, 6/6, 6/10 e 11 e alguns co-polímeros são
transparente mas não tão brilhante como o estireno. O
permitidos pelo FDA embora com algumas limitações.
uso de polímeros de nitrilo para alimentos e embalagem
de medicamentos está regulamentada pelo FDA. O padrão
Policarbonato
de segurança atual não permite a existência de mais do
que 11 ppm de monômero residual de acrilonitrilo e a
O policarbonato pode resultar em recipientes
cedência máxima permitira é inferior a 0.3 ppm para todos
transparentes e claros. Este material relativamente caro tem
os produtos alimentares.
muitas vantagens, uma das quais é a sua capacidade para
ser esterilizado repetidamente. Os recipientes são rígidos
Teraftalato de polietileno (PET)
como o vidro e, consequentemente, têm sido considerados
como possíveis substituintes dos frascos de vidro. É um O PET é um polímero de condensação típico formado
material aprovado pelo FDA, embora as interações fármaco- por uma reação do ácido terftálico com o dimetil-terftalato
plástico não tenham sido devidamente investigadas. A sua com etilinoglicol na presença de um catalisador. Embora

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Desenvolvimento de Materiais de Embalagem

seja usado como filme de embalagem desde os anos 50, o e para as necessidades de um determinado produto. Uma
seu uso vem aumentando em particular na fabricação de co-extrusão tal como a efetuada com polipropileno/ álcool
frascos de plásticos para refrigerantes. O desenvolvimento etileno vinílico/ polipropileno acumula a propriedade de
de frascos PET orientados em dois eixos teve um impacto barreira à umidade conferida pelo polipropileno com a

elevado no engarrafamento de frascos de bebidas barreira aos gases conferida pelo álcool etilenovinílico.
As resinas co-extrusadas constituem alternativas de
gasosas, estimando-se a utilização anual de resina em
embalagem para os produtos que anteriormente eram
aproximadamente 175 mil toneladas.
embalados em vidro.

A sua elevada resistência ao impacto e sua eficácia


Plásticos que constituem barreiras adequadas e
como barreira aos gases e aromas torna este material
que podem competir com recipientes de vidro ou de
atrativo para o uso em cosmético e colutórios, bem como metal estão disponíveis através de uma tecnologia e
para outros produtos em que a resistência, dureza e processamento desenvolvida pela fábrica DuPonte e Co.
barreira são consideradas importantes. Além disso, esta Esta tecnologia passa pela dispersão do nylon numa
resina foi autorizada há mais de 25 anos pelo FDA para resina de poliolefina por forma a que a matriz do polímero
acondicionamento de alimentos. final contenha um arranjo lamelar único de placas de
nylon as quais proporcionam uma série de paredes que
Outros plásticos se sobrepõem constituindo uma barreira adequada. Esta
técnica permite obter um plástico que, quando comparado
As resinas obtidas por co-extrusão têm sido usadas com as poliolefinas, demonstra um aumento de 140 vezes

para fabricar frascos e blisters termoformados com do potencial de barreira contra alguns hidrocarbonetos e
de 8 vezes contra o oxigênio.
características de barreira que não eram possíveis obter
até então com resinas simples, misturas de resinas ou
2.2.1. Interação entre fármaco e plástico
co-polímeros. A tecnologia de co-extrusão permite o uso
de resinas com elevado isolamento tal como o álcool Um sistema de embalagem tem que proteger o fármaco
etilenovinílico o qual não podia ser usado isoladamente sem alterar a composição do produto até que a última
devido ao seu custo e instabilidade. dose seja administrada. A escolha de uma embalagem
adequada para o fármaco não constitui uma tarefa
As resinas usadas em co-extrusão podem ser fácil, pois esta pode ter consequências importantes na
selecionadas podem ser selecionadas de forma a obterem- qualidade do produto. A figura 7 apresenta as interações
se as características adequadas para o desempenho ótimo mais comuns entre fármacos e embalagens plásticas.

Figura 7: Interações entre o fármaco e a embalagem.

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Desenvolvimento de Materiais de Embalagem

Permeabilidade Cada fabricante de frascos combina os seus aditivos com


o polímero básico e cada método de fabricação pode
A transmissão de gases, vapores ou líquidos através ser suficientemente diferente para afetar seriamente a
dos materiais de embalagem de plástico pode ter um estabilidade do produto.
efeito adverso sobre prazo de validade do fármaco. A
permeabilidade do vapor de água ou do oxigênio através Assim, depois de assegurar que um plástico obtido a
da parede do plástico para os fármacos pode constituir um partir de um fabricante é adequando para o produto, o
problema se a forma farmacêutica for sensível à hidrólise ou à fabricante do medicamento ou do produto cosmético deve
oxidação. A temperatura e a umidade são fatores importantes insistir para que o fabricante dos frascos não altere os
que influenciam a permeabilidade do plástico ao oxigênio e componentes da formulação do frasco de plástico ou de
à água. Um aumento da temperatura, por exemplo, pode qualquer forma altere o processo de moldagem para o
causar um aumento da permeabilidade a gases. fabrico do recipiente.

Dependendo do gás e do plástico usado verificam-se Cedência


diferenças importantes na permeabilidade. Uma vez que
as moléculas não atravessam as zonas cristalinas, um Uma vez que a maioria dos recipientes de plástico
aumento da cristalinidade do material deve diminuir a tem um ou mais ingredientes adicionados em pequenas
permeabilidade, encontrando-se assim valores diferentes quantidades para estabilizar ou conferir uma determinada
a diferentes temperaturas. propriedade ao plástico, é válida a perspectiva de
cedência ou de migração desses constituintes para o
Materiais, tal como o nylon, que são hidrofílicos por medicamento. Podem surgir problemas com plásticos
natureza, constituem barreiras inadequadas ao vapor que contêm corantes em quantidades relativamente
de água enquanto que materiais hidrofóbicos como o pequenas, já que alguns destes corantes podem migrar,
polietileno constituem melhores barreiras. por exemplo, para soluções parentéricas podendo
ter efeito tóxico. A cedência de um constituinte do
Diversos estudos revelaram também que formulações recipiente de plástico ao medicamento pode conduzir
contendo ingredientes voláteis podem alterar-se quando à sua contaminação sendo necessária a remoção do
armazenadas em recipientes plásticos, porque um ou mais produto do mercado.
dos ingredientes atravessam as paredes dos recipientes.
Frequentemente, o aroma dos produtos cosméticos torna- Sorção
se desagradável devido ao desaparecimento de um dos
ingredientes e o gosto dos medicamentos pode alterar-se Este processo envolve a remoção de constituintes do
pela mesma razão. medicamento pelo material de embalagem. A sorção pode
ter consequências sérias para os medicamentos em que
O recipiente de plástico também pode ter influência ingredientes importantes se encontram em solução.
sobre o sistema físico que constitui o produto. Por
exemplo, algumas emulsões de água em óleo não podem Uma vez que os fármacos de potência elevada são
ser armazenadas em frascos de plástico hidrofóbico uma administrados em pequenas doses, as perdas devido
vez que existe uma tendência para que a fase oleosa migre à sorção podem afetar significativamente a eficácia
e difunda para fora do plástico. terapêutica da preparação. Um problema prático e
frequente é a perda de conservantes. Estes agentes
A aprovação do plástico de um fabricante não significa exercem a sua atividade em concentrações reduzidas e
que o mesmo tipo de plástico produzido por outro fabricante a sua perda por sorção pode ser suficiente para deixar o
possua características satisfatórias para a aprovação. produto sem proteção contra o crescimento microbiano.

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Desenvolvimento de Materiais de Embalagem

Os fatores que influenciam as características de sorção


2.3. Tubos colapsáveis
do produto são a estrutura química, o pH, o sistema
de solventes, a concentração de ingredientes ativos, a
O tubo de metal colapsável é um contentor atrativo
temperatura, a duração de contato e a área de contato.
que permite o fácil controle das quantidades a serem
dispensadas, facilidade em voltar e fechar e uma adequada
Reatividade química
proteção ao produto. O risco de contaminação da porção
restante do tubo é mínima porque o produto não retorna
Alguns ingredientes que são usados em certas
para o interior do tubo. São leves e resistentes, o que
formulações de plásticos podem reagir quimicamente com
permite a sua utilização em máquinas de enchimento de
um ou mais componentes do medicamento e, por vezes,
alta velocidade.
os ingredientes da formulação podem também reagir com
o plástico. Mesmo pequenas quantidades de substâncias
Metais
quimicamente incompatíveis podem alterar a aparência do
plástico ou do medicamento.
Qualquer metal flexível que possa ser trabalhado a frio
é adequado para tubos colapsáveis, mas os mais usados
Modificação
são o estanho (15%), o alumínio (60%) e o chumbo
(25%). O estanho é o material mais caro e o chumbo
A alteração física e química do material de embalagem
o mais barato. Uma vez que o estanho é o mais flexível
pelo medicamento chama-se modificação. Fenômenos como
permeabilidade, sorção e cedência desempenham um papel destes materiais, a fabricação de tubos pequenos a partir

na alteração das propriedades do plástico e também podem deste material é mais econômica apesar do custo do metal
levar a sua degradação. A deformação, em recipientes de ser superior. Tubos de chumbo revestidos com estanho
polietileno, é causada frequentemente pela permeabilidade possuem resistência à oxidação e a aparência do estanho
aos gases e vapores a partir do ambiente ou por perda do puro a preços reduzidos.
conteúdo através das paredes do recipiente. Alguns sistemas
de solventes são responsáveis por alterações importantes O estanho usado para este propósito é temperado com
nas propriedades mecânicas dos plásticos. cerca de 0,5% de cobre para lhe conferir rigidez. Quando
se usa o chumbo, é adicionado cerca de 3% de antimônio
Os óleos, por exemplo, amolecem o polietileno enquanto para se aumentar a dureza. O trabalho com alumínio
os hidrocarbonetos fluorados atacam o polietileno e o endurece quando é moldado num tubo e precisa ser
cloreto de polivinilo. Também tem sido descritas alterações temperado para lhe conferir uma flexibilidade adequada.
no polietileno provocadas por alguns agentes tensoativos. O alumínio também endurece com o uso o que pode
Em alguns casos, o conteúdo do recipiente pode extrair ocasionar fendas nos tubos.
o plastificante, o antioxidante ou o estabilizante e assim,
alterar a flexibilidade da embalagem. Os recipientes de estanho são preferidos para alimentos,
medicamentos, ou qualquer outro produto para o qual a
O cloreto de polivinilo constitui uma barreira excelente pureza seja uma consideração importante. O estanho é,
para os solventes hidrocarbonados mas o plastificante de todos os materiais usados em tubos colapsáveis, o mais
do cloreto de polivinilo é extraído por estes o que resulta inerte. Tem uma aparência adequada e é compatível com
normalmente num plástico mais duro e rígido. Por vezes, uma ampla gana de produtos.
este efeito não é perceptível de imediato porque o solvente
primeiro ou amolece o plástico ou substitui o plastificante e Os tubos de alumínio permitem poupar no custo do
só posteriormente quando o solvente se evapora a rigidez transporte, em virtude do seu peso reduzido e possuem
se torna evidente (CROCE et al., 2001). uma aparência similar à do estanho.

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Desenvolvimento de Materiais de Embalagem

Os tubos de chumbo apresentam o menor custo é então decorado, quase sempre por impressão em
entre os tubos metálicos, sendo vulgarmente utilizados “offset”. Os tubos são rolhados e os fundos permanecem
para produtos não alimentícios, tais como cola, tintas abertos para o enchimento, após o que são selados com
e lubrificantes. O chumbo nunca deve ser usado por o auxílio do calor, tornando-se tão fortes como qualquer
si só para embalar produtos de uso interno devido ao outra parte do tubo.
risco de contaminação.
Os materiais mais utilizados para confecção de tubos
Se o produto não é compatível com o metal nu, o seu de plástico são o polietileno de baixa e alta densidade. O
interior pode ser revestido com formulações tipo ceras ou primeiro é mais barato e é mais usado embora o polietileno
com soluções de resinas. Um tubo revestido com epóxidos de alta densidade confira uma maior proteção do que o
de baixa densidade não revestido. O polietileno de alta
custa cerca de 25% mais caro do que o mesmo tubo sem
densidade revestido é apenas ligeiramente mais protetor
revestimento. Os revestimentos com ceras são geralmente
do que o de baixa densidade também revestido, porque
usados com produtos aquosos em tubos de estanho, e os
em ambos os casos o revestimento serve como uma
revestimentos fenólicos, epóxidos e vinílicos são usados
primeira barreira. Outros materiais incluem o polipropileno
em tubos de alumínio proporcionando uma proteção
e o vinilo, mas os seus custos relativamente elevados e
melhor do que a cera, porém, a um preço mais elevado. vários problemas técnicos limitam o seu uso.

Plástico Laminados

Esta forma de embalagem, tal como o tubo de metal Os problemas de permeabilidade associados aos tubos
colapsável, possui ótimas características funcionais. Os de plástico e a corrosão e quebra verificados com os tubos
tubos de plástico possuem uma série de vantagens práticas metálicos conduziram ao desenvolvimento de um terceiro
sobre os outros recipientes, a saber: custo reduzido, leveza, tipo de tubo colapsável, o tubo laminado. Este tubo, é
durabilidade, toque agradável, flexibilidade que facilita a constituído por um laminado contendo várias camadas de
dispensa do produto, ausência de odor e inércia à maioria plástico, papel e folha metálica, sendo fabricado a partir da
dos químicos, resistência à quebra, manutenção da forma matéria prima plana e impressa.
durante o uso e ainda a propriedade única de voltarem à
Estes laminados, que são desenhados especificamente
sua forma original, evitando que o produto escorra.
de acordo com as necessidades do produto, são soldados
lateralmente, a quente, num tubo contínuo. O tubo é
Se se dispensa demasiado produto por aperto, o alívio
cortado à medida e a cabeça é introduzida por injeção e
da pressão manual permite que o produto retorne ao
moldagem. A cabeça é tipicamente moldada em polietileno
tubo. Caso este fator não seja desejável por receio de
de baixa densidade. Uma vez que a permeabilidade através
contaminação, existem no mercado tubos de plástico de desta cabeça moldada é possível, uma inserção de ureia
forma a evitá-lo. Deste modo, esta propriedade de retorno e formaldeído pode ser moldada na cabeça, de forma a
do produto ao tubo de plástico por sucção pode ser uma reduzir a permeabilidade do produto.
vantagem ou uma desvantagem. Por exemplo, quando o
tubo está parcialmente vazio, este é um inconveniente Embora não seja tão impermeável como os tubos de
porque o ar tem que ser expelido antes que o produto metal, o tubo laminado constitui uma barreira de proteção
restante possa ser dispensado. satisfatória para uma variedade de produtos. Os tubos
laminados serviram inicialmente para acondicionar os
A parede lateral do tubo é extrusada sob calor e dentifrícios, mas atualmente também são utilizados na
pressão como um tubo contínuo, sendo depois cortado por embalagem de produtos farmacêuticos, depilatórios,
medida. O colo e as abas são moldados separadamente cremes para as mãos, produtos para os cabelos e fixadores
e unidas ao tubo por um processo automático. O tubo para dentaduras (CROCE et al., 2001).

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Desenvolvimento de Materiais de Embalagem

(TTG) e é impor para testar o torque, evita a evaporação


3. Fechos e tampas
ou perda do produto, a quebra do fecho do molde plástico
e a colocação demasiadamente apertada da tampa, o que
O fecho é normalmente o componente mais vulnerável
impediria a sua remoção.
e crítico de um recipiente no que diz respeito à estabilidade
e compatibilidade com o produto. Um fecho eficaz deve
evitar que o conteúdo verta e não deve permitir que
3.1. Tampa de rosca em espiral
qualquer substância entre no recipiente. A adequação do Quando a tampa de rosquear é aplicada, sua rosca
selo depende de diversos fatores tais como a elasticidade adapta-se à rosca do pescoço moldado do frasco. Um
do revestimento, do fato da superfície do recipiente ser revestimento da tampa, comprimido contra a abertura
plana e, mais importante, a vedação ou torque com que do recipiente, sela o produto no frasco, contornando
é aplicado. Na avaliação de um sistema de fecho eficaz as os problemas resultantes das irregularidades da
considerações mais importantes são: superfície de fecho e proporcionando maior resistência
do produto embalado contra reações químicas e físicas.
»» tipo de recipiente Consequentemente, fechos deste tipo conferem boa
»» propriedades físicas e químicas do produto estabilidade à formas farmacêuticas líquidas.
»» estabilidade-compatibilidade, sob condições de
Existem diversos tipos de tampas, por exemplo a tampa
armazenamento
TES , a Disk Top e a inviolável, dentre outros. A tampa
TES (figura 9A) de polipropileno (PP) ou polietileno contém
um adsorvente integrado (gel de sílica) e lacre inviolável.
Adequadas para frascos e ampolas de vidro, PET e polietileno.
A tampa Disk Top (figura 9B) destina-se a frascos PET e a
tampa plástica inviolável (figura 9C) com lacre é utilizada
em conjunto com o bico gotejador para colírios.

Figura 9: Tipos de de tampas utilizadas em medicamentos.

Abaixo da tampa, em alguns casos há a necessidade


Figura 8: Concepções básicas de fechos e tampas. da utilização de batoque, que exerce a função de vedação
em gargalos de frascos. Normalmente são fabricados à
Existem muitas variações destes tipos básicos, base de polietileno de baixa densidade (PEDB) e podem
incluindo os fechos à vácuo, invioláveis, de segurança, funcionar como batoque gotejador que pode servir de
resistentes à crianças, não revestidos e aqueles com conta-gotas, como mostra a figura 10.
aplicadores para dispensa.

Teste de torque

O controle do aperto da tampa na linha de produção


de embalagens é realizado por um aparelho específico
chamado torquímetro ou medidor de aperto de tampas Figura 10: Batoque para vedar o gargalo e batoque gotejador.

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Desenvolvimento de Materiais de Embalagem

Já o copo dosador, funciona como um dispositivo de principal exigência para um bom revestimento é que este
medida para a administração de formas farmacêuticas seja inerte ao produto.
líquidas orais e geralmente é fabricado à base de
polipropileno, conforme ilustra a figura 11. 3.4. Tampas de borracha
A borracha é usada na indústria farmacêutica para
fabricar tampas e seus revestimentos para conjuntos
conta-gotas. A tampa de borracha é usada principalmente
na fabricação de vials multidose e seringas descartáveis.
Os polímeros de borracha mais frequentemente utilizados

Figura 11: Copo dosador. são a borracha natural, o neoprene e a borracha butílica.
Na produção de fechos de borracha, para que se obtenham
muitas das propriedades desejadas, são necessários alguns
3.2. Tampa de ressalto ingredientes como, por exemplo, agentes de vulcanização,
acelerados, diluentes de extensão, plastificantes,
A tampa de ressalto é idêntica à tampa de rosca em
antioxidantes, pigmentos, entre outros.
espiral e funciona sob o mesmo princípio. Limita-se a ser
uma rosca interrompida sobre o acabamento de vidro, ao
Devido à complexa composição das tampas de borracha
invéis de uma espiral contínua. É usada para encaixar um
e ao complicado processo de produção, são frequentes os
ressalto sobre a parte lateral da tampa e forcá-la contra a
problemas com algumas fórmulas de borracha. Por exemplo,
superfície que sela o recipiente. Ao contrário do fecho por
quando uma tampa de borracha entra em contato com uma
rosca de espiral, este tipo requer apenas um quarto de
solução parentérica, esta pode absorver um ingrediente
volta, o que facilita seu uso.
ativo, ou um conservante e um ou mais ingredientes da
Esta tampa é usada quer para fechos de pressão borracha podem ser cedidos ao líquido. O que pode causar
atmosférica ou sob vácuo. É frequentemente usada na interferência na análise química do ingrediente ativo,
indústria alimentícia porque garante um fechamento afetar a toxicidade ou pirogenicidade do produto injetável,
hermético e suporta bem o equipamento de esterilização e interagir com o conservante conduzindo à sua ativação e
as linhas de produção. afetar a estabilidade física e química do produto.

3.3. Revestimento dos fechos 3.5. Tampas de plástico


Um revestimento pode ser definido como qualquer Os dois tipos básicos de matérias utilizados para a
material que seja inserido numa tampa para efetuar o confecção de tampas de plástico são os que solidificam
fechamento entre a tampa e o recipiente. Os revestimentos por ação da temperatura ou os termoplásticos. Estes
são normalmente fabricados de um suporte elástico e de diferem bastante em suas propriedades físicas e químicas
outro material que entra em contato com o produto. O e fundamentalmente nos métodos de produção utilizados
material de suporte tem que ser suficientemente flexível para cada tipo.
para acomodar quaisquer irregularidades sobre a superfície
do fecho e ser suficientemente elástico para recuperar a Resinas que solidificam por ação da temperatura
sua forma original quando removido ou substituído.
As resinas plásticas de fenol e uréia, que solidificam por
O revestimento é geralmente colado na tampa, ou ação da temperatura, são muito usadas em tampas de rosca.
esta pode possuir uma reentrância onde o revestimento O plástico que solidifica por ação da temperatura começa
encaixe de forma que, uma vez no local, gire livremente. A por amolecer por ação do calor e endurece ao amadurecer,

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Desenvolvimento de Materiais de Embalagem

até atingir a fase final. Deste modo, a moldagem tem cores atrativas, pois a translucência confere brilho e
que ocorrer na fase inicial do amolecimento, pois após o profundidade de cor. O plástico de uréia encontra-se
amadurecimento não se consegue dar-lhe forma, mesmo disponível numa gama ilimitada de cores, sendo duro,
com nova aplicação de calor e pressão. Durante o processo quebradiço, inodoro e insípido. Por ser um plástico que
de moldagem estes plásticos sofrem uma alteração química solidifica por ação da temperatura, a uréia consegue
permanente e, ao contrário dos materiais termoplásticos, suportar temperaturas elevadas sem amolecer, mas
não podem voltar a ser processados. queima a uma temperatura de 200 oC.

Uma vez que as partes moldadas indevidamente têm Em condições úmidas absorve água sem, no entanto,
que ser eliminadas, já que os materiais deste tipo são ter efeitos importantes sobre o plástico. A uréia não é
normalmente fabricados por moldagem e compressão. afetada por bases e ácidos fortes. Possui ainda uma
O processo de produção é relativamente lento, mas resistência adequada a todos os tipos de óleos e
permite um melhor controle e uma resposta mais rápida a gorduras. Embora a uréia possa suportar temperaturas
alterações da temperatura e de escoamento do material. elevadas, não pode ser esterilizada pelo vapor.
Algumas partes podem encolher após a moldagem em
Fenólicos aproximadamente 75 µm (CROCE et al., 2001).
Os compostos fenólicos moldáveis encontram-
se disponíveis em vários graus e em cores escuras, Resinas termoplásticas
normalmente preto ou castanho. Os compostos fenólicos
são usados quando se quer uma peça dura e robusta e As resinas termoplásticas são bastante usadas para
quando as cores são escuras e toleráveis. a fabricação de tampas para produtos farmacêuticos. O
poliestireno, o polietileno e o polipropileno são os materiais
A rigidez, a resistência química, mecânica e térmica usados em 90% ou mais das tampas com termoplásticos.
são propriedades importantes dos fenóis. A limitação Cada material tem suas vantagens e a resina escolhida
da cor é a sua maior desvantagem embora se possa depende das propriedades físicas e químicas pretendidas
usar revestimentos a preços acessíveis. Como fecho, os para cada aplicação de acordo com o produto a ser embalado.
compostos fenólicos podem suportar as forças de torque
das máquinas de capsulagem mantendo um selo apertado 4. Embalagens invioláveis
ao longo de um período de tempo prolongado.
Em 1982 a vulnerabilidade de medicamentos OTC
Os plásticos fenólicos são resistentes a ácidos e bases (over the counter) ou de venda livre foi demonstrada com
diluídos e são atacados por outros, especialmente ácidos a adulteração de cápsulas de Tylenol® com cianeto, o
oxidantes. Os ácidos orgânicos e os ácidos redutores não que levou à morte de várias pessoas. As preocupações
possuem normalmente qualquer efeito, mas as bases do público acerca da segurança de embalagem de
fortes decompõem os fenóis. medicamentos deu origem a várias propostas, por parte de
algumas autarquias americanas, relacionadas à legislação
Uréia para embalagens invioláveis de medicamentos.

Esta resina, que solidifica por ação da temperatura, Para responder tão rapidamente quanto possível às
é um material transparente e duro que aceita corantes preocupações de segurança levantadas e relacionadas
com facilidade. É mais cara que resinas fenólicas, à embalagem de medicamentos de venda livre e para
entretanto sua resistência térmica e ao calor, além de apoiar o FDA no desenvolvimento de regras nacionais
outras propriedades da uréia, tornam-na adequada consistentes que regulassem as embalagens invioláveis, a
para diversas aplicações. Com a uréia consegue-se Associação de Proprietários da Indústria Farmacêutica dos

20
Desenvolvimento de Materiais de Embalagem

Estados Unidos desenvolveu recomendações para o FDA, Embalagem em blister


que mais tarde foram incorporados em seus regulamentos.
Esta legislação teve um dos maiores impactos sobre Quando se pensa em obter uma embalagem
embalagens de medicamentos da história. destinada a doses unitárias de medicamentos, ocorre-
nos invariavelmente a embalagem em blíster. Este modo
A necessidade de embalagens invioláveis é hoje de embalagem tem sido muito usado para produtos
uma das maiores considerações no desenvolvimento farmacêuticos, por diversas razões. É uma forma de
de embalagem para produtos farmacêuticos. Segundo
embalagem capaz de proporcionar uma proteção ambiental
o FDA, uma embalagem inviolável é aquela que tendo
conveniente, associada a uma aparência esteticamente
um indicador ou barreira de entrada, quando quebrada
agradável e eficaz. Também proporciona uma funcionalidade
ou em falta, proporciona aos consumidores uma
ao paciente em termos de conveniência, resistência às
evidência visível de que ocorreu a violação.
crianças e, atualmente, também são invioláveis.

A embalagem inviolável pode envolver sistemas


A embalagem em blíster é formada pelo amolecimento
primários do tipo recipiente/fecho, ou secundários
à quente de uma folha termoplástica, seguida da sucção
do tipo recipiente/cartonagem ou qualquer outra
destinada a proporcionar uma indicação visível da à vácuo da folha plástica amolecida para um molde. Após

integridade da embalagem quando manuseada de resfriamento, a folha é liberada do molde passando para
uma forma razoável durante a produção, distribuição a estação de enchimento da máquina de embalagem. O
e exposição na farmácia. blister semi-rígido formado anteriormente é carregado com o
produto e selado com um material de suporte termossensível.
É obrigatório que a indicação visível seja
acompanhada por ilustrações apropriadas ou O material de suporte ou de selagem pode ser para
frases de precaução que descrevam ao consumidor perfurar ou puxar. No caso de um blister para perfurar,
o mecanismo de segurança. Para diminuir a o material de suporte normalmente usado é a folha de
possibilidade do mecanismo de segurança ser alumínio com revestimento termossensível. O revestimento
restabelecido após violação, o FDA também obriga da folha tem que ser compatível com o material do blister
que os dispositivos invioláveis sejam concebidos com para assegurar um selo satisfatório, quer para a proteção
materiais que normalmente não estão disponíveis
do produto, quer para ser inviolável.
ou que barreiras feitas a partir de materiais de fácil
obtenção tenham um desenho ou logotipo que não
Os materiais destinados a serem puxados têm sido
possam ser facilmente reproduzidos por um indivíduo
usados para preencher os requisitos de uma embalagem
que tente restaurar a embalagem.
resistente às crianças. Este tipo de suporte tem que possuir
um determinado grau de resistência à perfuração para
São exemplos de dispositivos e embalagens invioláveis:
evitar que a criança o perfure e também tem que possuir
uma força tensora suficiente para se destacar do blister
»» invólucro de película,
»» embalagens em blisteres e strip, quando puxado, mesmo que esteja bastante aderente.

»» embalagens em alvéolos, selos ou bandas retráteis,


»» saches de folhas metálicas, papel ou plástico, Para conseguir isto, utilizam-se materiais como o

»» selos e tubos selados, poliéster ou o papel na laminação do suporte. As folhas


»» tampas quebráveis, metálicas são normalmente usadas como componentes do
»» ampolas de vidro, suporte quando se pretende uma barreira de proteção, mas
»» recipientes para aerossóis. o poliéster metalizado está substituindo-as gradualmente.

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Desenvolvimento de Materiais de Embalagem

Também é necessário que o selante destacável seja resultando na selagem. O produto é colocado num
compatível a quente com o revestimento do selo formado alvéolo pré-formado antes da formação do conjunto de
sobre o blister, uma vez que o grau de dificuldade de selos finais. Uma tira contínua de embalagens ou strip é
abertura é um parâmetro crítico para uma embalagem formada, normalmente com vários alvéolos lado a lado,
resistente às crianças. O uso de materiais de suportes dependendo da sua largura e das limitações da máquina.
descartáveis para embalagens em blister tem que ser Em seguida, a tira é cortada em comprimento de acordo
avaliado cuidadosamente para assegurar que a força com o número de alvéolos desejados. Os strips formados
necessária para os descartar seja suficiente para atingir os são reunidos e embalados em uma embalagem do tipo
objetivos de resistência à violação da embalagem. cartucho ou distribuídos individualmente.

O strip isola os comprimidos entre duas folhas de


películas e, através de um selo perfurado ao redor de
cada comprimido, separam os alvélos adjacentes. Os selos
podem ter um formato retangular simples ou acompanhar
o contorno do produto. Uma vez que o selo é normalmente
conseguido por pressão entre dois rolos, é possível obter
um grau elevado de integridade.

O uso de materiais de barreira elevada tais como as


folhas de saran revestidas, juntamente com um selo bem
formado, tornam este tipo de embalagem apropriado para
a embalagem de produtos sensíveis à umidade.
Figura 12: Materiais mais utilizados para blisters termoformados.

Por razões comerciais e devido à características Diferentes tipos de materiais são usados para

funcionais de algumas máquinas, os blísters da maioria embalagens em strip. Para aplicações de barreira elevada
das embalagens de doses unitárias são fabricados é frequente recorrer-se a laminados de papel/polietileno/
de cloreto de polivinilo. Para uma maior proteção à folha metálica/polietileno. A frente e o verso da embalagem
umidade, o cloreto de polivinilideno (saran) ou os filmes também podem ser de materiais diferentes. A escolha dos
de policlorotrifluoretileno (aclar) podem ser laminados materiais usados depende das necessidades do produto e/
com PVC. A barreira do PVC à umidade de PVC no aclar é ou do equipamento (CROCE et al., 2001).
superior a do saran revestido com PVC, especialmente sob
condições de armazenagem prolongada em locais úmidos
5. Estabilidade
(CROCE et al., 2001). Entretanto estes últimos apresentam
desvantagens em relação ao custo e encarecem o produto.
Como vimos, diversos fatores podem desencadear
reações físico-químicas entre as moléculas de fármaco
Embalagem em strip
presentes no medicamento, resultando em queda no teor
do princípio ativo, bem como em perda de características
A embalagem em strip é um dos tipos de embalagem
unitária frequentemente utilizada para acondicionar da forma farmacêutica contida na embalagem. A função

comprimidos e cápsulas. Uma embalagem em strip é primordial das embalagens farmacêuticas é evitar tais
formada pela alimentação de duas tiras de uma película reações, listadas a seguir. Isto só é possível a partir do
flexível e termosselável através de um rolo ou de estudo, desenvolvimento e do emprego adequado das
uma platina, com movimento de vai e vem aquecidos, embalagens.

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Desenvolvimento de Materiais de Embalagem

5.1. Oxidação 5.3. Fotólise


Em geral pequenas concentrações de oxigênio são A absorção da luz pela molécula orgânica tem como
suficientes para a propagação de reações de oxidação resultado o aumento do nível de energia desta molécula,
que podem comprometer a qualidade de um produto. o que pode ocasionar o rompimento de ligações químicas
Vitaminas, antibióticos e esteróides dentre outros são e a formação de radicais livres. Este aumento do nível de
afetados pela presença do oxigênio. As reações de oxidação energia irá depender do comprimento da onda da luz,
podem ser minimizadas utilizando-se embalagens com sendo que a radiação UV possui maior nível de energia que
barreira ao oxigênio e sistemas de acondicionamento a luz visível e, portanto é mais prejudicial para a qualidade
que reduzem o teor deste gás no interior da embalagem, do produto (OLIVEIRA, 1997).
como por exemplo, o fluxo com gases inertes (nitrogênio,
gás carbônico) ou o uso de absorventes de oxigênio. 5.4. Interações químicas entre a
embalagem e o produto
Esses absorventes, em sua grande maioria (90%),
tem a forma de pequenos saches, contendo agentes A interação entre a embalagem e o produto pode
redutores como oxido de ferro, carbonato ferroso ou ocorrer pela extração dos componentes da embalagem pelo
outros componentes ferrosos, e platina, que podem conteúdo e a absorção de componentes do produto pela
ser utilizados em contato com produtos secos. embalagem. As duas situações comprometem a qualidade
Os absorventes de oxigênio quando corretamente do medicamento. Existem fenômenos que podem ocorrer
selecionados e posicionados são extremamente entre o recipiente utilizado para acondicionar o fármaco e
eficientes na remoção do oxigênio do interior da o próprio fármaco. Estes fenômenos ão lixiviação e sorção.
A lixiviação é o termo utilizado para descrever a liberação
embalagem (OLIVEIRA, 1997).
ou movimento dos componentes de um recipiente para
o conteúdo. Os compostos lixiviados dos recipientes
5.2. Hidrólise de plásticos em geral são aditivos poliméricos como
plastificantes, estabilizantes ou antioxidantes.
Muitos produtos farmacêuticos têm em sua
formulação compostos químicos com os grupos éster ou A lixiviação desses aditivos ocorre predominantemente
ainda que são passiveis de reação com a água, o que com as formas farmacêuticas liquidas ou semi sólidas.
leva a uma quebra da cadeia química e a formação de Ocorre uma pequena lixiviação com comprimidos ou
novas espécies químicas (exemplo: alcoóis e aminas). cápsulas (ANSEL; POPOVICH; ALLEN, 2000). A lixiviação
Sendo assim, as embalagens para estes produtos devem pode ser influenciada pela temperatura, por agitação
impedir que o vapor d´agua presente como na atmosfera excessiva do recipiente e pelo efeito de solubilização do
permite através da embalagem e entre em contato com conteúdo de um ou mais aditivos poliméricos.
o seu conteúdo. O exemplo dos absorventes de oxigênio
existe os absorventes de umidade sendo a sílica gel o O efeito tóxico de qualquer aditivo lixiviado é motivo
dessecante mais utilizado. de inquietação e atualmente é uma importante área de
pesquisa. O material lixiviado, seja dissolvido no conteúdo
O movimento do vapor úmido ou de gases, em especial ou em forma de diminutas partículas, constitui risco para a
o oxigênio, através do recipiente é uma das grandes saúde, sendo necessário realizar estudos exaustivos pelo
ameaças para a estabilidade do produto farmacêutico. Na setor de embalagem da indústria farmacêutica quanto
presença de umidade, os pós tendem a solidificar e as às características de lixiviação de cada material plástico
formas farmacêuticas sólidas podem perder a cor ou a antes que seja usado para acondicionar um determinado
integridade física (OLIVEIRA, 1997). produto farmacêutico (FIORENTINO, 2008).

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Desenvolvimento de Materiais de Embalagem

Já a sorção é o termo usado para indicar a ligação de características físicas e aparência e levar a inativação dos
moléculas a materiais poliméricos. A absorção e a adsorção princípios ativos e excipientes da formulação, e ainda
podem ser consideradas dentro desse contexto. A sorção causar a perda da credibilidade da indústria farmacêutica
ocorre por meios químicos ou físicos ou por ambos, sendo além de causar mal ao consumidor.
os fenômenos relacionados com a estrutura química das
moléculas de soluto, e com as propriedades físicas e Os processos de fabricação devem ser documentados a
químicas do polímero. cada lote da produção, constando o histórico do produto,
e todas as ações do controle de qualidade em todas as
Em geral, as espécies não ionizadas de um soluto tem
etapas de produção são consideradas criticas (YAMAMOTO
mais tendência a ligações que as espécies ionizadas. Como
et al,, 2004). Segundo a RDC 481, de 1999, e a RDC
o grau de ionização de um soluto pode ser afetado pelo
pH da solução na qual está contido, o pH de uma solução 67, de 2007, da Anvisa, nos produtos farmacêuticos, o

farmacêutica pode influenciar a tendência de sorção de um numero total de microrganismos deve ser entre 10² ou
determinado soluto (ANSEL; POPOVICH; ALLEN, 2000). 10³ UFC/g (mL) (Unidade Formadora de Colônia) ou no
máximo 5x10² a 5x10³ UFC/g (mL) de amostra e ausência
O pH da solução na qual está contido pode afetar de Staphlococcus aureus, Pseudomonas aerugionosa,
a natureza química do recipiente plástico tanto para
Salmonella e Escherichia coli.
aumentar quanto para diminuir os locais de ligação ativa
para as moléculas de soluto.
O acondicionamento de produtos requer cuidados
importantes e procedimentos em concordância com boas
A sorção do principio ativo de uma solução farmacêutica
práticas de fabricação. A remoção e resíduos através do
reduzirá naturalmente a concentração desse agente na
processo de lavagem apresenta importância, quanto à
solução, tornando o produto não confiável quanto a potencia
e inaceitável para uso, os excipientes da formula devem qualidade de água utilizada e os processos de secagem,

ser examinados no acondicionamento de plástico proposto, com o intuito que não ocorra o desenvolvimento microbiano
para determinar sua tendência de sorção e garantir a (FIORENTINO, 2008).
estabilidade e a potencia do produto durante o prazo de
validade previsto (ANSEL; POPOVICH; ALLEN, 2000). No desenvolvimento de novas embalagens devem-se
levar em conta os materiais que possibilitam efetuar a
5.5. Contaminação Microbiológica limpeza adequada durante o processo de sua obtenção,
afim de não ocasionar riscos para o consumidor e o
O controle de qualidade microbiológico avalia os pontos questionamento quanto a confiabilidade do produto.
críticos de contaminação dos materiais de acondicionamento
e possui importância fundamental, relacionado diretamente Embalagens com propriedades antimicrobianas foram
a saúde publica, ou seja, a embalagem pode ser forte de desenvolvidas no Japão em que um material inorgânico
contaminação microbiana quando não obedece ao critério solúvel em filmes que se liga a microrganismos e inibem
de qualidade microbiana. Quando a embalagem está
sua atividade enzimática e de reprodução. O agente
contaminada, seja por microrganismos aeróbios quanto
antimicrobiano utilizado nas embalagens plásticas foi
anaeróbios, esta contaminação pode ser transferida para
patenteado em 1996.
o produto armazenado (FIORENTINO, 2008).

A contaminação microbiana pode levar ao Este agente, quando combinado com a Vitamina
comprometimento do desempenho do produto devido E, controla a taxa de migração do antimicrobiano da
a quebra de estabilidade da formulação, alteração das embalagem plástica (FORCINIO, 2001).

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Desenvolvimento de Materiais de Embalagem

HANLON, J.F., Handbook of Packaging Engineering.


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