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CURSO:
AÇÕES DA ESCOLA CONTRA
O BULLYING
Módulo 1
“Tenho assimetria crânio facial e eu havia mudado de escola. Sofri e muito com os meus
colegas de classe, sendo caçoado. Muitas vezes pegavam o meu celular, desmontavam e
dividiam entre eles. Recebi apelidos, chegaram até a fazer uma história em quadrinhos para
me zoar. Usaram até um programa de rádio da escola para fazer isso.Um professor
participava das brincadeiras de mau gosto que faziam comigo. Entrava na zoeira. Ele ria.
Acaba incentivando os outros em vez de repreender. Cheguei a falar para ele que não
estava gostando daquilo, que não achava que era uma atitude de professor. Ele me ignorou
simplesmente. Nunca procurei a direção da escola.Eu tinha dores de cabeça muito fortes,
ficava muito nervoso, acabava descontando a raiva em quem só tinha amor a me oferecer.
Descontava nos meus pais, meu rendimento escolar caiu. Até chegar a um limite em que
meus pais perceberam. Comecei um tratamento psicológico e isso me ajudou a superar esta
dificuldade."
D.S. (25 anos)
O bullying é uma realidade mais comum do que podemos imaginar. Ele sempre
existiu,mas não era estudado. Quando acontecia, a vítima sofria calada, ou “pedia para
sair” mudava de escola, cidade etc. No ambiente de trabalho, quando a vítima não
aguentava, pedia mudança de setor ou se demitia. Todo o mundo achava tudo muito
comum.
Chegavam até a colocar a “culpa” do bullying nas próprias vítimas. Todavia, foi
somente a partir da década de 1970 que começaram a ser realizadas pesquisas sobre o
assunto.
Foi Dan Olweus, então professor na Universidade de Bergen, Noruega, o
precursor dos estudos sobre o bullying, tendo chamado a sua atenção o número de
suicídios que ocorreram com crianças na Noruega na década de 1970.
Dan Olweus desenvolveu os primeiros critérios para detectar o problema de
forma específica, permitindo diferencia-lo de outras possíveis interpretações, como
incidentes e gozações ou relações de brincadeiras entre iguais, próprias do processo de
amadurecimento do indivíduo. Olweus pesquisou, inicialmente, cerca de 84 mil
estudantes, 30 0 a 400 professores e em torno de 1000 pais, incluindo vários
períodos de ensino. Um fator fundamental para a pesquisa foi avaliar a sua natureza
e a sua ocorrência.
Esse estudo constatou que, a cada sete alunos, um estava envolvido em caso de
bullying. Essa situação originou uma campanha nacional, com o apoio do governo
norueguês, que reduziu em cerca de 50% os casos de bullying nas escolas; tal fato
incentivou outros países, como Reino Unido, Canadá e Portugal, a promoverem
campanhas de intervenção.
De lá para cá milhares de casos começaram a ser diagnosticados, alguns com
finais trágicos, e o assunto tornou-se pauta constante de organizações educacionais,
trabalhistas, militares, de defesa de direitos humanos de centenas de países.
FANTE, C. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a
paz. São Paulo: Verus, 2005.