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Copyright © 2018, Mundo Contemporâneo

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Léa Carvalho
Capa
MaLu Santos
Projeto gráfico
MaLu Santos
Revisão
Kátia Regina de Souza
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
D518

16 contos insólitos / organização: Marcio Sales Saraiva. -1. ed. - Rio de Janeiro :
Mundo Contemporâneo, 2018.
92 p. ; 21 cm.

ISBN 9788566980103

1. Contos brasileiros. 2. Literatura Fantástica. I. Saraiva, Marcio Sales.

18-53816 CDD: 808.83


CDU: 82-34(81)
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Impresso no Brasil
ABRINDO JANELAS NA CONTEMPORANEIDADE

D ivulgamos uma chamada para uma antologia de contos


fantásticos/insólitos e recebemos 32 contos escritos por
19 mulheres e homens. Alguns nunca haviam publicado nada e
estavam tentando, pela primeira vez, um espaço de reconhecimento
do seu trabalho.

Imediatamente formamos uma banca examinadora com três


escritoras: Belvedere Bruno, Angela Zanirato e Kátia Regina
Souza (que se dispôs a fazer o prefácio). Alguns contos foram
excluídos porque não se enquadravam no tema-campo desta
antologia, mas a qualidade foi a nota principal. Prova de que há
muitas escritoras e escritores com textos maravilhosos guardados
na gaveta e, diante de um mercado editorial fechado e cartelizado,
encontram dificuldades para publicar.

Depois de algumas semanas, a banca selecionou 16 contos


como representativos do gênero literário que trabalha com temas
insólitos, estranhos, fantásticos, fabulosos e surreais. O resultado
disso é o que temos orgulho de apresentar para você que está
buscando novos autores sem vínculos com a indústria cultural do
capitalismo pós-moderno. Gente simples que ama ler e escrever,
sem compromisso com um tipo de estrelato que anda devastando
a produção literária, capturada pelo consumismo e pelo marketing
que nem sempre prima pela qualidade.

Agradecemos às escritoras e aos escritores que nos enviaram


seus contos, bem como pelo trabalho árduo da banca examinadora,
a qual cedeu seu tempo por amor à literatura, incluindo aqui a
escritora Cinthia Kriemler. Esperamos, com isso, contribuir para
que uma pequena janela se abra, e que tais escritoras e escritores
ganhem mais espaço na leitura de nosso povo.

Mundo Contemporâneo Edições


Setembro, 2018
PREFÁCIO

N esta antologia, temos dezesseis pequenas amostras das


inúmeras possibilidades do fantástico: esqueçam as batalhas
épicas travadas entre o Bem e o Mal em prol da salvação de
um universo inteiro; há mais a ser explorado. Logo na abertura,
por exemplo, a simplicidade do conto „Notas a respeito de um
Hobbit‰, de Ana Lúcia Merege, mostra como o insólito pode ser
encontrado no cotidiano de todos nós. Já no título que encerra
a antologia, „Fins do mundo‰, Ana consegue escalar crenças e
ditados populares a histórias de grandes proporções.

Continuando a provar a diversidade do gênero, Stephany Lotti, a


segunda autora a aparecer na obra, nos traz uma narrativa intimista
em „Jaula Vitral‰, centrada no psicológico da protagonista.

Catia Gomes Vera Cruz („Do outro lado da linha‰) e Felipe


Melo („Amnésia‰) trabalham a questão das perdas – a primeira
de modo mais divertido e, o segundo, com a seriedade e a dor
normalmente exigidas pelo assunto. Em uma linha similar, há o
conto de Marcio Sales Saraiva, „A promessa‰. Nanda Silveira
também fala de morte em „Senhores matadores‰ – ou, para ser
mais precisa, assassinatos sob encomenda realizados por um
casal de idosos.

O autor Felipe Melo aparece mais uma vez na obra, agora


com „O mercado‰, narrando a dificuldade de executar uma tarefa
simples (bem como a resistência contida nos detalhes) em um
vilarejo de uma realidade distópica. Igualmente, temos outra
amostra da escrita de Marcio Sales Saraiva, em „A esperança é o
inferno de Satanás‰, história de inspiração bíblica.

Com „Amarra o bode‰, conto bem-humorado e de interpretações


múltiplas, Michel Ferreira Saraiva trata de um encontro inusitado.
Após, em „Vida que nasce depois‰, o mesmo escritor prova
a versatilidade de seu trabalho, agora com um enredo mais
introspectivo, voltado à reflexão.

Como em „Amarra o bode‰, a estranheza exerce um papel


importante no conto „Pulso‰, de Patrício Alves do Nascimento,
servindo para manter o leitor intrigado.

Carlus Cantoni („Anemia de paixão‰), André Colabelli


(„Triângulo‰) e Juliana Berlim („A peste do vento‰) utilizam
elementos insólitos para contar histórias de „amor‰ problemáticas.

Por fim, lembro-me de „Comunhão‰, escrito por Diego


Domingues, inspirado na situação política brasileira (e de outros
tantos países), demonstrando que o fantástico tem muito a
contribuir em debates de problemáticas do mundo real.

Sugiro ao leitor se aventurar sem pressa nas histórias a seguir,


afinal, embora curtas, sabe-se que muito pode ser dito em poucos
parágrafos.

Kátia Regina Souza


Agosto, 2018
SUMÁRIO
NOTAS A RESPEITO DE UM HOBBIT
11 ANA LÚCIA MEREGE
JAULA VITRAL
15 STEPHANY LOTTI
DO OUTRO LADO DA LINHA
19 CATIA GOMES VERA CRUZ
AMNÉSIA
23 FELIPE MELO
AMARRA O BODE
31 MICHEL FERREIRA SARAIVA
A PESTE DO VENTO
35 JULIANA BERLIM
TRIÂNGULO
41 ANDRÉ COLABELLI
PULSO
47 PATRÍCIO ALVES DO NASCIMENTO
A ESPERANÇA É O INFERNO DE SATANÁS
51 MARCIO SALES SARAIVA
COMUNHÃO
57 DIEGO DOMINGUES
A VIDA QUE NASCE DEPOIS
61 MICHEL FERREIRA SARAIVA
O MERCADO
65 FELIPE MELO
SENHORES MATADORES
71 NANDA SILVEIRA
A PROMESSA
77 MARCIO SALES SARAIVA
ANEMIA DE PAIXÃO
81 CARLUS CANTONI
FINS DO MUNDO
87 ANA LÚCIA MEREGE
4

AMNESIA
´

FELIPE MELO

É Engenheiro de Software, Escritor e Baterista


wannabe. Publicou em 2015, pela Editora
Estronho, a novela surrealista Ele Precisava
Ir, que vem ganhando ares de obra cult pela
temática, formato da narrativa e proposta gráfica.
É articulista da Revista Conhece-te desde 2011
e também criador do blog Parlatórios, que vem
ganhando projeção ao apresentar situações
cotidianas através de uma lente surrealista (http://
parlatorios.blogspot.cz). Atualmente reside em
Praga, República Tcheca.
24 | 16 Contos Insólitos

A cordei com os gritos. Desesperados, cortantes, do tipo que


só a perda da esperança consegue produzir. Levantei de um
salto, vesti a primeira calça que encontrei e saí do quarto, sem
camisa, já com a presença do pior na imaginação. O quarto dava
diretamente para a sala, e algo que estava posto no centro desta
última era o destino de todas as atenções. O que quer que fosse
estava cercado por meus familiares e amigos mais próximos.
Minha mãe, sem qualquer brilho no olhar apesar das lágrimas,
gritava como se tivesse perdido um filho. Meu pai praguejava
como se estivesse passando pela mesma situação. Mas não podia
ser esse o caso, pois eu ainda estava ali e era filho único, logo,
não perdera um irmão para que meus pais perdessem uma cria.
Me aproximei um pouco mais e pude ver a parte de baixo de um
corpo. Imediatamente me fugiu a saliva, e com a cabeça latejando
acotovelei os presentes para ver quem era: eu.

Aquela visão me arrancou de uma vez o cérebro e o coração,


pois parei de pensar e sentir. Era como se de fato eu tivesse passado
de algo para nada. Pela primeira vez na vida pude fitar esse último
nos olhos, mas após algum tempo tive que piscar, dado que aquilo
não podia ser. Eu ainda estava ali, existindo. Minha consciência
ainda me fazia companhia, logo eu ainda era, em toda a plenitude
que o verbo ser abarca, embora não conseguisse tirar os olhos de
meu próprio cadáver. Não sei quanto tempo permaneci daquele
jeito, mas sei que foi o suficiente para que eu, o vivo, me tornasse
o centro das atenções. Só que agora eu tinha consciência disso.

Busquei olhares e percebi o espanto de alguns, a desconfiança


de outros e o desprezo de meus pais, o que era compreensível,
Este livro foi composto nas fontes:
Times, SS_Adec, Noir e Anurati
Primavera de 2018

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