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NATHAN LUIZ SANT’ ANNA ESTEVÃO

O ESTAGIÁRIO PERANTE O ESTATUTO DA ADVOCACIA

Belo Horizonte
2018
NATHAN LUIZ SANT ANNA ESTEVÃO

O ESTAGIÁRIO PERANTE O ESTATUTO DA ADVOCACIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade Pitágoras do Estado de Minas
Gerais, como requisito parcial para a obtenção
do título de graduado em Direito.

Orientador: Carolina Ângelo Montolli

Belo Horizonte
2018
NATHAN LUIZ SANT ANNA ESTEVÃO

O ESTAGIÁRIO PERANTE O ESTATUTO DA ADVOCACIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade Pitágoras do Estado de Minas
Gerais, como requisito parcial para a obtenção
do título de graduado em Direito.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Belo Horizonte, 10 de dezembro de 2018.


Dedico este trabalho aos acadêmicos do
curso de Direito em todo o território
nacional e a Comissão de Estagio e
Assunto Estudantil da Ordem dos
Advogados do Brasil, seção de Minas
Gerais, na pessoa de seu presidente Dr.
Cristiano Volpe Guimarães.
AGRADECIMENTOS

Inicialmente, agradeço a Deus que me deu coragem, força e capacidade para


enfrentar todos os obstáculos nesta caminhada de 5 anos, que me amparou
espiritualmente, dando-me tranquilidade e força para prosseguir sem que as
pedradas me atingissem e me privassem a continuação deste glorioso curso.

Aos meus orientadores presencias Professores Jorge Márcio e Carolina Montolli, por
ter confiado e acreditado na possibilidade das teses apresentadas neste trabalho,
pelas sugestões e orientações prestadas para a conclusão deste trabalho.

A minha mãe e irmãos, sendo que nesta oportunidade divido a felicidade, emoção e
honra deste momento, que é que um do mais significativo da minha vida, eis que
diante de tantas dificuldades estiveram ao meu lado, me suportando nos momentos
difíceis em que a vontade era parar sem deixar de mencionar a saudade do meu
irmão Frederico, o caçula, que de forma precoce me deixou no ano de 2016, mais
que sem dúvidas de onde estiver vai receber a minha enorme gratidão pelos 22
anos que convivemos juntos.

Aos meus amigos, neste ato representado pelos Srs. Fabiano Alves, Samuel Costa,
Clayton Bertoldo, Thais Santos, por não me deixar sozinho em nenhum momento da
minha vida e caminhada acadêmica e principalmente a turminha da “bagunça” do
turno manhã: Alderite, Lud, Andressa, Joaquim e Anne.

A todos os colegas de classe e instituição que foram verdadeiros e que sem dúvidas,
gozam da contribuição na minha graduação e serei sempre muito grato.

E por fim, ao meu mestre Dr. Ércio Quaresma Firpe que na árdua missão de exercer
meu múnus como estagiário não mediu esforços para ensinar-me, proteger-me e no
que foi preciso com galhardia suportando os meus atos inocentes e ignorantes.
ESTEVÃO, Nathan Luiz Sant’ Anna Estevão. O Estagiário Perante o Estatuto da
Advocacia. 2018. 40. Trabalho de Conclusão de Curso de Direito – Faculdade
Pitágoras do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2018.

RESUMO

O acadêmico de Direito, regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil na


categoria de Estagiário, goza de algumas prerrogativas, responsabilidade e
atribuições incomensuráveis e que muitas das vezes é esquecida e/ou ignoradas por
aqueles que ostentam função pública. De modo, muitas das vezes estes ficam
limitados e cerceados de exercerem com galhardia seu dever, o que implica em
prejuízos ao seu desempenho e aprendizado, vez que o exercício do estágio se
demonstra fundamental à efetiva formação de um profissional, e tal importância se
demonstra ainda mais necessária na formação de um advogado, visto que boa parte
de suas responsabilidades são executadas em interações com terceiros, em
ambientes de trabalho estranhos ao de uma tela de computador, sendo eu exercício
tanto teórico quanto prático. Nesta senda discutiu-se aqui sobre as violações
cotidianas ao exercício do estagiário de Direito, assim como foram propostas
soluções tanto preventivas, quanto corretivas a tal vilipêndio de prerrogativas,
garantindo assim, que o acadêmico de Direito tenha acesso a um aprendizado
pleno, em todas as dimensões necessárias durante sua formação para o mercado
de trabalho.

Palavras-chave: estagiário; prerrogativas; cerceamento; atribuições; responsabilidade.


ESTEVÃO, Nathan Luiz Sant’ Anna Estevão. The Trainee before the Law
Statute.2018. 40. Trabalho de Conclusão de Curso Direito – Faculdade Pitágoras do
Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2018.

ABSTRACT

The law student, regularly enrolled in the Brazilian Bar Association as a Trainee,
enjoys some prerogatives, responsibility and immeasurable attributions that are often
forgotten by those who hold public office. Thus, they are often limited and
constrained to carry out their duty with gallantry, which implies damage to their
performance and learning, since the exercise of the stage proves to be fundamental
to the effective formation of a professional, and such importance is demonstrated
even more necessary in the formation of a lawyer, since most of his responsibilities
are performed in interactions with third parties, in work environments strange to that
of a computer screen, and I exercise both theoretical and practical. In this way, we
discussed here the daily violations of the law trainee's practice, as well as proposing
both preventive and corrective solutions to such a vilipend of prerogatives, thus
ensuring that the academic of Law has access to a full learning in all the necessary
dimensions during their training for the labor market.

Key-words: Intern; Prerogatives; curtailment; attributions; responsibility.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CNJ Conselho Nacional de Justiça


CP Código Penal
CR/88 Constituições da República
EOAB Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil
OAB Ordem dos Advogados do Brasil
PGR Procuradoria Geral da República
RGOAB Regulamento Geral da Ordem dos Advogados do Brasil
STF Supremo Tribunal Federal
STJ Superior Tribunal de Justiça
TJMG Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais
TJSP Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13
2. AS PRERROGATIVAS DO ESTAGIÁRIO DE DIREITO E SUAS EVENTUAIS
VIOLAÇÕES ............................................................................................................. 15
3. MEDIDAS PREVENTIVAS À VIOLAÇÕES DE PRERROGATIVAS ................. 20
4. SUGESTÕES DE MEDIDAS CORRETIVAS A SEREM ADOTADAS EM CASO
DE VILIPÊNDIO ÀS PRERROGATIVAS DO ESTAGIÁRIO DE DIREITO ............... 27
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 32
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 34
13

1. INTRODUÇÃO

O presente estudo é focado em analisar a atuação do estagiário devidamente


inscrito nos quadros da ordem, com seus direitos e deveres analisados, assim como
discutir sobre o tratamento dado às prerrogativas do estagiário, nos termos do art.
3º, § 2 da Lei 8.906/94, constituído, estando orientado e/ou a mando de advogado
regularmente inscrito, dependendo do caso.
A relevância do estudo aqui mencionado é patente, uma vez que o estagiário,
muito embora gozando de respaldo legal para exercício de suas atividades
acadêmicas, respeitadas as especificidades fáticas e jurídicas têm cotidianamente
seu direito ao exercício de aprendizado prático cerceado em ambientes públicos, e
não raras vezes, menosprezado até mesmo por advogados.
Assim, adentrou-se no questionamento propriamente dito. Quais as reais
garantias do exercício pedagógico ao estagiário, que eventualmente viriam a ser
desrespeitadas, e como buscar soluções para tutelá-las de maneira eficiente,
garantindo ao estagiário de Direito, um aprendizado completo e eficiente, de modo
que seja protegido não só o aprendizado do acadêmico mais, também, o direito do
cidadão?
Assim, fica delineada como alvo desse trabalho a resolução dos seguintes
problemas, sendo um objetivo resultado direto do outro. A: a discussão dos direitos e
deveres do estagiário inscrito na ordem, assim como sua eventual violação por
terceiros, e B: a discussão da tutela de tais prerrogativas do estagiário inscrito na
OAB, a proposição de métodos profiláticos contra eventuais violações, como lei
específica e/ou fiscalização mais intensa, numa última discussão, métodos de
coerção de práticas consideradas desrespeitosas ao exercício do estágio prático.
Tal estudo, uma vez que se trata de tema pouco discutido, se balizará em
pesquisa legal, utilizando como principal fonte de pesquisa a Lei 8.906/94e o
Regulamento Geral do Estatuto da OAB, que delineia as prerrogativas do advogado,
a norma processual vigente, que versa sobre as responsabilidades delegadas, ou
delegáveis, a advogados regularmente inscritos, a lei 11.788/08, também conhecida
como Lei do Estágio, bem como utilizar métodos como pesquisas referentes a
manifestações a conselhos regionais, seccionais e o Conselho Federal da Ordem.
14

Numa última fase de confecção a utilização de artigos envolvendo problemas


enfrentados por estagiários no exercício pedagógico/profissional, em secretarias de
fóruns, delegacias, escritórios e afins.
15

2. AS PRERROGATIVAS DO ESTAGIÁRIO DE DIREITO E SUAS EVENTUAIS


VIOLAÇÕES

Na confecção do presente tema, buscou-se pesquisar um pouco sobre a


função do estagiário de Direito em suas atividades acadêmicas e laborais no intuito
de garantir maior riqueza em seu aprendizado.
Inicialmente, mencione-se a origem da palavra estágio, conforme lição dos
professores Irineu Mario Colombo e Carmen Mazeppa Ballão (2014):

[...]Citado pela primeira vez na literatura no ano de 1080, o termo estágio,


em latim medieval stagium, significava residência ou local para morar. Este
por sua vez foi originado do latim clássico stare que significava “estar num
lugar” (ESTÁGIO, 2001, p. 1245).
Em 1630, o termo stage apareceu na literatura, em francês antigo,
referindo-se ao período transitório de treinamento de um sacerdote
para o exercício de seu mister. Era o período que um cônego (padre)
deveria residir na igreja, antes de entrar de posse de seus direitos por
completo. Daí deriva o termo “residência”, usado para indicar o estágio ou
tempo de tirocínio (prática ou noviciado) para a profissionalização médica.
Portanto, desde seu nascimento no latim, o termo “estágio” sempre esteve
vinculado à aprendizagem posta em prática num adequado local sob
supervisão. [GRIFOS NÃO ORIGINAIS]

Assim, em tempos mais remotos a ideia do estágio já levava em consideração


o treinamento, o exercício pedagógico anterior ao exercício de determinada função,
sendo neste caso, o ministério sacerdotal.
Posteriormente, o estágio foi adotado no Brasil, em conceito bastante similar,
sendo utilizado na prática pedagógico profissional, sendo definido na lição de
Julpiano Chaves Cortês (2010):

“O estágio é o instrumento de integração entre a reflexão e o fato, entre a


inteligência e a experiência, entre a escola e a prática”. [...]
“Estágio é o negócio jurídico celebrado entre estagiário e o concedente, sob
supervisão da instituição de ensino, mediante subordinação ao primeiro,
visando a sua educação profissional”.

Assim, fica devidamente delimitada a atividade do estagiário e sua


importância na formação do profissional, o que representa ganho de aprendizado e
descobertas, sendo algo de suma importância na criação de um profissional mais
completo e com nível de excelência necessários a atividade pedagógica.
Nesta senda, é necessário frisar a importância do estagiário acadêmico de
Direito, uma vez que em seu exercício de aprendizado, dentre diversas outras
16

coisas, tem como objetivo aliviar a carga de trabalho do advogado competente


executando em suas prerrogativas determinadas atividades ordinárias à advocacia,
como carga de autos, andamentos e afins, o que possibilita ao procurador se ocupar
de exercício intelectual em seu objetivo de defender o jurisdicionado. Mais que isso,
a parte mais interessante e pertinente ao exercício do estagiário de Direito, é seu
exercício intelectual no processo de aprendizado, em que reduzidas as obrigações
consideradas ordinárias, fica o procurador e orientador do estágio a disposição para
lecionar ao seu apadrinhado sobre petições, processos e serviços considerados
mais nobres da advocacia.
Mister frisar, que a atividade como estagiário à acadêmicos leva em
consideração normas específicas, especificas, conforme se enxerga do Estatuto da
Ordem dos Advogados do Brasil (EOAB), assim como exigências adicionais à
chancela oficial à acadêmicos de Direito, sendo importante mencionar que, definindo
grosseiramente, existem os estagiários inscritos e os não inscritos na OAB, gozando
os primeiros de prerrogativas não delegadas aos não inscritos, importantes estas em
sua jornada pedagógica. Élcio Maciel Madeira França, inclusive menciona em seu
documento, ao hierarquizar a atividade jurídica, o exercício do estágio. Vejamos o
que diz em seu texto:

Em cada ordem os advogados seguem uma hierarquia conforme as datas


de suas inscrições. Nos mais altos cargos encontram-se os primates, em
seguida os outros statuti. Finalmente, há também os advogados
estagiários (postulantes) que passam por um regime especial antes de
adentrarem o ordo, na medida em que houver a saída de algum
statutus." [GRIFOS NÃO ORIGINAIS]

Feitas as considerações pertinentes e demonstrada a existência ancestral do


referido conceito de estágio, atentemos à disposição legal e as normas vigentes
atualmente acerca da atividade do estagiário e principalmente, o estagiário inscrito
nos quadros da ordem, que goza de atenção especial neste documento, dadas
determinadas peculiaridades em seu exercício.
A inscrição na OAB leva em consideração alguns requisitos, dos quais um
deles é estar nos dois últimos anos de curso, conforme demonstração abaixo,
extraída do formulário de inscrição:

A inscrição como estagiário poderá ser requerida nos 2 (dois) últimos anos
do curso de Direito (7°, 8°, 9° ou 10° período). Acadêmico com grade
17

curricular irregular, comprovar na certidão, previsão de colação de grau, que


não deverá ultrapassar 2 (dois) anos, conforme Art. 9°, §1° da Lei 8.906/94.

Além das exigências administrativas, uma série de requerimentos legais


também é verificada ao se pleitear a carteira de estágio, sendo esta o diferencial que
garante o efetivo exercício de prerrogativas do estagiário inscrito na ordem,
elencados no art. 1º da Lei 8.906/94, atividades proibidas ao estagiário não inscrito:

Art. 1º São atividades privativas de advocacia:


I - a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados
especiais;
II - as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas.
§ 1º Não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de
habeas corpus em qualquer instância ou tribunal.
§ 2º Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de
nulidade, só podem ser admitidos a registro, nos órgãos competentes,
quando visados por advogados.
§ 3º É vedada a divulgação de advocacia em conjunto com outra atividade.

Elaborou-se o presente estudo, como ferramenta de discussão acerca de


eventuais violações às prerrogativas garantidas aos estagiários inscritos nos
quadros da ordem dos advogados, tendo como objeto a tutela do exercício do
estagiário, devidamente acompanhado por um orientador qualificado, nos termos
garantidos em lei.
Cotidianamente são encontrados casos envolvendo violações os dispositivos
de proteção ao exercício prático do estágio como ferramenta pedagógica para um
aprendizado mais rico e efetivo, o que, além de desrespeito ao conteúdo legal
consolidado, prejudica a formação de um profissional mais completo.
Tais situações são encontradas notória e cotidianamente no exercício do
estágio exercido por estagiários, principalmente os não vinculados ao serviço
público. Mencione-se tal ato é tão natural, que são encontrados julgados
mencionando o assunto, conforme mencionado a seguir, em que é relatado pelo réu
em autos, que estagiária acompanhada por advogado qualificado estaria de alguma
forma, exercendo irregularmente a advocacia:

Associação de moradores. Responsabilidade civil de ex-presidente, por


atos reputados ilegais praticados durante sua gestão. Ausente identidade
com os pedidos de demandas pretéritas. Prescrição inocorrida. Exercício
ilegal da advocacia não comprovado. Estagiária de direito que,
acompanhada de advogado, assistiu-o em prestação de consultoria e
assessoria jurídica. Alteração de sede da associação aprovada em
assembleia. Válido, portanto, contrato de locação, firmado em atendimento
à decisão assemblear. Contratos não assinados por dois diretores, porém,
18

assinados por associados, de grande envolvimento na associação.


Prejuízo concreto não demonstrado. Sentença mantida. Recurso
desprovido. (TJ-SP - APL: 10084592820158260590 SP 1008459-
28.2015.8.26.0590, Relator: Claudio Godoy, Data de Julgamento:
18/10/2016, 1ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação:
19/10/2016) [GRIFOS NÃO ORIGINAIS]

No caso acima mencionado, parte da tese de ataque ao exercício, seria de


que a referida estagiária estaria exercendo irregularmente os atos conferidos ao
advogado inscrito na OAB, como forma de apresentar nulidade em assembleia de
associação de moradores.
Fato é que tal discussão é corriqueira em corredores de tribunais, e em
quaisquer lugares que se apresente o estagiário à sua atividade. O que se pauta na
presente discussão, são os direitos conferidos ao estagiário. Relembremos a lei
8.906/94, em seu art. §1º:

“Art. 1º São atividades privativas da advocacia:


I – a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados
especiais; (Vide ADIN 1.127-8).
II – as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas.
§ 1º Não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de
habeas corpus em qualquer instancia ou tribunal.
§ 2º Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de
nulidade, só podem ser admitidos a registros, nos órgãos competentes,
quando visados por advogados.
§ É vedada a divulgação de advocacia em conjunto com outra atividade.
“[GRIFO NÃO ORIGINAL]

Importante frisar, que tal artigo deve ser interpretado em conjunto com o art.
3º da mesma norma, conforme demonstramos em seu §2º:

“§ 2º O Estagiário de advocacia, regularmente inscrito, pode praticar os atos


previstos no art. 1º, na forma do regimento geral, em conjunto com
advogado e sob responsabilidade deste. ”

Dando respaldo ao mencionado no artigo legal, o próprio Regulamento


Interno da OAB se manifesta sobre o assunto:

§ 3º As atividades de estagio ministrado por instituição de ensino, para fins


de convenio com a OAB, são exclusivamente praticas, incluindo a redação
de atos processuais e profissionais, as rotinas processuais, a assistência e
atuação em audiências e sessões, as visitas a órgãos judiciários, a
prestação de serviços jurídicos e as técnicas de negociação coletiva, de
arbitragem e de conciliação.
19

Assim, ficam mais que necessário, trazer a baila tal assunto, visto que
violações ao mencionado no dispositivo legal são corriqueiras. Denote-se que
exemplos são encontrados de maneira habitual. Determinado caso tomou
notoriedade neste sentido, em que destacam-se alguns trechos abaixo:

Depois de proibir um estagiário de ter acesso aos autos, o diretor da


Secretaria da 1ª Vara da Subseção Judiciária em Jales (SP), Caio Machado
Martins, recebeu uma punição. Ele está obrigado a expedir comunicado na
vara para destacar que o parágrafo 3º, do artigo 3º da Resolução 58/2009,
que estabelece diretrizes no tratamento de processos sob sigilo, não proíbe
a consulta dos autos por estagiários citados em procuração. A determinação
foi feita pelo corregedor André Nabarrete, do Tribunal Regional Federal da
3ª Região. [...]
A representação contra Caio Machado Martins foi proposta pelo
advogado Alberto Zacharias Toron depois que o seu estagiário, Luiz
Eduardo de Almeida Santos Kuntz, foi impedido de ter acesso e tirar cópia
de alguns processos que tramitam naquela vara. A negativa se deu porque
o estudante, segundo o diretor da Secretaria, não figurou como estagiário
no mesmo corpo da procuração outorgada pelo investigado e seus
advogados. [...]
A reclamação, entregue na Corregedoria-Geral do MPF, acusa os
procuradores de abuso de autoridade ao darem voz de prisão ao estagiário
que pedia para ver autos de inquéritos. O caso aconteceu no dia 22 de
setembro do ano passado. Durante a consulta, o estudante de Direito ouviu
voz de prisão dos procuradores da República Álvaro Luiz de Mattos Stipp e
Anna Cláudia Lazzarini, sob a acusação de invadir “área restrita” da
Procuradoria e desacatar os procuradores. Segundo a OAB, ele ficou
detido em uma sala sem poder usar o telefone, vigiado por seguranças
armados, até que agentes federais chegaram para levá-lo de camburão
à Delegacia da Polícia Federal da cidade. [GRIFOS NÃO ORIGINAIS]

Note-se que não é o único caso a ser mencionado, figurando aqui este,
unicamente por ser o mais conhecido de violações às prerrogativas da ordem. No
caso acima mencionado, durante o regular exercício pedagógico/profissional, o
estagiário, além de ter negado o direito a vistas dos autos, recebeu voz de prisão
dos procuradores da PGR.
Observe-se, que a despeito do conteúdo legal, o mencionado desrespeito é
contínuo, ensejando adoção de medidas mais rigorosas, com eventual lei específica,
bem como fiscalização mais efetiva de tais práticas abusivas, de forma a se garantir
que o desenvolvimento pedagógico do estagiário seja pleno, levando-se em
consideração, que é assunto pacificado, o fato de o estágio prático ser fundamental
à lapidação de um profissional competente.
Sendo assim, é de fundamental importância, a atuação efetiva dos delegados
de prerrogativas, de forma a garantir que as mesmas não venham a ser violadas.
Também serão discutidos dispositivos legais, oportunamente neste estudo, de
20

maneira a se criar um ordenamento mais específico, em proteção ao acadêmico de


direito no ato de seu exercício, assim, como tem-se por bem, delimitar punições a
profissionais que desrespeitem os direitos conferidos ao acadêmico.
O que implica ainda mais nesse assunto, é o fato de que a inscrição nos
quadros da Ordem, leva em consideração a confecção de documento, que embora
provisório, tem caráter oficial, sendo emitido de maneira onerosa, à custa de
R$210,00 (duzentos e dez reais) inscrição, variável de acordo com a data para
adimplemento.
Tal menção se faz importante, porque a inscrição, uma vez que é um valor
considerável cobrado do estagiário, e que implica em responsabilidades e eventuais
sanções disciplinares, e em conjunto, alguns benefícios não concedidos ao
acadêmico não inscrito. Não seria medida adequada a criação de uma distinção com
onerosidade se a mesma não acarretasse em benefícios no ato da inscrição do
estagiário nos quadros, e tais benefícios, uma vez que as sanções são regularmente
executadas em casos de violações por parte do estudante, também devem ser
efetivamente protegidos e garantidos. Deve-se, portanto, em atenção ao dispêndio
de valores considerados significativos a um estudante, ser executadas atividades de
proteção à atividade.
Por fim, denote-se que pensadores do Direito já se manifestaram a esse
respeito. Segundo o Dr. Américo Ribeiro Filho (2012):

Dispõe o art. 29 do EOAB, que “Os atos de advocacia, previstos no Art. 1º


do Estatuto, podem ser subscritos por estagiário inscrito na OAB, em
conjunto com o advogado ou o defensor público”. Desta forma, estende ao
estagiário inscrito as prerrogativas de postular “(...) a qualquer órgão
do Poder Judiciário e aos Juizados Especiais” quais sejam STF,
STJ,STM,TST,TSE,TRF´s,TRT´s,TRE´s, TJE´s, dentre outros, em conjunto
com advogado ou defensor público. [GRIFOS NÃO ORIGINAIS]

Conforme o brilhante texto, em harmonia com o texto legal presente no


EOAB, ficam sedimentados os direitos garantidos ao estagiário inscrito nos quadros
da ordem dos advogados, sendo tais direitos necessários ao bom exercício laboral e
educativo do estagiário. Adiante, no mesmo artigo redigido pelo Dr. Américo Ribeiro
Filho no sítio eletrônico Conteúdo Jurídico, é reforçada a ideia acerca das
prerrogativas conferidas ao acadêmico de Direito, sempre em consonância com o
conteúdo legal já promulgado nos diplomas pátrios, vejamos:
21

Estende-se ainda ao estagiário inscrito a prerrogativa de exercer


atividade de consultoria, assessoria e direção jurídica diversas, desde
que assistido ou conjuntamente em acordo com a letra do estatuto
supra transcrito, sem prejuízo de ser elencado em instrumento de
procuração para as atividades fins.

Pode também o estagiário inscrito, praticar isoladamente os atos elencados


no §1º do artigo em evidência, sejam estes: retirar e devolver autos em
cartório, assinando a respectiva carga; obter junto aos escrivães e
chefes de secretarias certidões de peças ou autos de processos em
curso ou findos; assinar petições de juntada de documentos a
processos judiciais ou administrativos. Tais atos são praticados sob a
responsabilidade do advogado, ainda que isoladamente, podendo o
estagiário comparecer, mediante autorização ou substabelecimento do
advogado, praticar atos extrajudiciais de interesse do escritório. [GRIFOS
NÃO ORIGINAIS]

Ante tais considerações, faz-se necessária a proteção ao exercício do


acadêmico de Direito, visto que é parte fundamental do exercício de aprendizado, a
execução prática de seus serviços de caráter pedagógico, a serviço de advogados
privados ou defensores públicos.
Em harmonia com o dito acima, tal matéria é de tanta relevância, sendo
necessária a elaboração de uma cartilha, providenciada pela Colenda OAB/MG,
educando sobre as prerrogativas garantidas aos advogados, com breve menção aos
direitos e prerrogativas dos estagiários inscritos na Ordem, conforme texto abaixo
demonstrado:
Estagiários têm prerrogativas? (artigos 1º e 2º e parágrafo 2º do EOAB; e
artigo 29, parágrafo 1º, do Regulamento Geral da OAB) O estagiário de
advocacia regularmente inscrito pode praticar todos os atos privativos da
advocacia, desde que em conjunto com advogado e sob sua
responsabilidade. Isoladamente, poderá retirar e devolver autos em cartório,
assinando a respectiva carga; obter, com escrivães e chefes de secretarias
certidões de peças ou autos de processos em curso ou findos. Desta
forma, desde que atue dentro dos limites legalmente impostos, o
estagiário terá garantidas todas as prerrogativas inerentes à sua
função. [GRIFOS NÃO ORIGINAIS]

O artigo acima mencionado, acompanhado de todo o texto legal levantado,


demonstra de maneira clara quais seriam as vantagens ao estagiário inscrito nos
quadros da OAB. Concomitantemente, as reportagens demonstram que tais direitos
ao exercício do estágio encontram-se constantemente ameaçados, precisando de
efetiva tutela jurisdicional.
Com tal ideia em mente, durante a produção do tema, foram elaboradas uma
série de sugestões como ferramenta proteção a tais direitos, com fincas em tornar a
atividade jurisdicional mais efetiva, sendo abordadas nos capítulos subsequentes,
22

medidas preventivas, acompanhadas de medidas corretivas, que devem funcionar


de maneira harmônica na proteção dos interesses do estagiário de Direito, uma vez
que sabe-se, tal proteção implica em benefícios a todos os envolvidos, culminando
num ciclo virtuoso de proteção do jurisdicionado.

3. MEDIDAS PREVENTIVAS À VIOLAÇÕES DE PRERROGATIVAS


23

Conforme demonstrado em capítulo anterior, o estágio acadêmico é de


fundamental importância ao desenvolvimento pleno do acadêmico de direito em sua
função como profissional a serviço da justiça, e exemplificadas situações em que tal
exercício fora vilipendiado por entes públicos e privados, prejudicando a formação
do profissional, muitas vezes com expedientes que levam em consideração
negativas de vistas de autos, retirada, despachos e afins, bem como o ato de se
efetuar a voz de prisão ao acadêmico de maneira ilegal.
Com isso em mente, é de prima importância se levantar métodos para a
proteção deste exercício, tanto com medidas profiláticas, quanto medidas punitivas
em caso de violação, uma vez que a lei em vigência, não abrange tal aspecto, se
limitando a citar direitos e deveres no âmbito pedagógico/profissional entre estagiário
e orientador acadêmico, assim como as demais legislações que versam sobre abuso
de poder, não se atentam a tal especificidade, se limitando a tipificar em caráter
amplo o ato do abuso de poder.
Reitere-se que a lei do estágio não se ocupa em definir sanções ou medidas
preventivas ou punitivas quanto ao desrespeito ao exercício acadêmico, se fazendo
necessária a criação de lei específica com defesa de prerrogativas e menção
específica ao estagiário, ou condicionalmente um aditivo ao texto legal que regula o
estágio, com atenção especial ao acadêmico de Direito, uma vez que, diferente de
outras ciências, tem sua atividade enquanto estagiário cerceada em corredores de
fóruns, assembleias condominiais, delegacias de polícia, dentre outros. Tal atitude
se faz necessária em função do fato de que a mesma anomalia não é observada no
exercício acadêmico de outras ciências, tendo os estagiários dos demais cursos
acesso a todo o conteúdo pedagógico e laboral em sua jornada acadêmica.
Tal assunto se faz importante de ser mencionado, uma vez que
analogicamente, existe menção ao exercício da Neste ponto do texto, sendo
necessário se levantar o contido na redação da Constituição da República (CR/88),
no que tange o exercício da advocacia:

Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo


inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos
limites da lei.
24

Com isso em mente, é importante que seja interpretada extensivamente a


atividade do estagiário. Tal disposição, se encontra em harmonia com o contido no
artigo 205 do mesmo diploma legal.

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho.

Uma vez que a educação é protegida em texto constitucional, e o estágio, em


qualquer atividade cuja formação acadêmica é exigida, é considerado como parte do
princípio educacional, e por conseguinte, necessário à formação do profissional, as
violações ao exercício devem ser cotidianamente e severamente inibidas.
Importante frisar, que o próprio EOAB se manifesta em seu corpo nesse
sentido, ao mencionar as atividades privativas da advocacia, e dessas, quais são
conferidas por extensão ao estagiário na condição de orientado. Relembre-se:

“Art. 1º São atividades privativas da advocacia:


I – a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados
especiais; (Vide ADIN 1.127-8).
II – as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas.
§ 1º Não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de
habeas corpus em qualquer instancia ou tribunal.
§ 2º Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de
nulidade, só podem ser admitidos a registros, nos órgãos competentes,
quando visados por advogados.
§ É vedada a divulgação de advocacia em conjunto com outra atividade.

Relembrando, que no artigo 3º temos menção específica ao exercício do


estagiário, em complemento ao texto acima mencionado.

“§ 2º O Estagiário de advocacia, regularmente inscrito, pode praticar os atos


previstos no art. 1º, na forma do regimento geral, em conjunto com
advogado e sob responsabilidade deste.” [GRIFO NÃO ORIGINAL]

Assim, com tão importante detalhe mencionado, sugere-se que seja criada lei
específica de proteção a prerrogativas, com atenção especial ao estagiário, devendo
as mesmas dedicar artigo próprio mencionando que determinados direitos
concedidos aos advogados são extensivos aos estagiários de direito, com proibição
a cerceamento de tais capacidades, e consequentemente punições executadas
quando a atitude do ente entra em conflito com elas.
25

Condicionalmente, na hipótese de inviabilidade de manufatura de novo


diploma legal com tutela tão específica, aditivo a lei do estágio, com as mesmas
características do ansiado pela classe, com proteção as prerrogativas, menção
específica ao exercício do estagiário inscrito na OAB, determinação de proibição ao
cerceamento ao estagiário ao conteúdo previsto no Artigo 1º do EOAB, com previsão
de punições, com agravantes em caso de reincidência.
É mister se propor que sejam expressamente proibidas condutas que
impeçam a atividade acadêmico/laboral, se necessário, criando capítulo próprio na
lei do estágio com artigos prevendo proibições ao cerceamento do exercício do
estágio, definindo de maneira clara quais as atividades do acadêmico de direito
devem ser tuteladas, o que evita interpretação ambígua ou diversa do texto legal,
garantindo maior segurança jurídica aos envolvidos em tal relação, uma vez que
também, o próprio ente envolvido nesta relação com o estagiário, terá fronteiras
claras definindo o que é exercício de proteção de seus direitos no exercício de sua
função, e o que viria a ser abuso ou desvio de poder no exercício da proteção de
seus interesses.
Ao se mencionar a palavra abuso, é de bom alvitre se mencionar o que seria
abuso pela lei. Alguns textos legais se ocupam de mencionar, podendo ser utilizados
no estudo para aplicação de nova legislação de proteção a prerrogativas. No Código
penal, por exemplo, no que tange esse assunto, encontramos a seguinte redação
em seu corpo:
Violência arbitrária
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-
la:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente
à violência. [...]
Exercício arbitrário ou abuso de poder
Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de liberdade individual, sem
as formalidades legais ou com abuso de poder:
Pena - detenção, de um mês a um ano.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcionário que:
I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a estabelecimento
destinado a execução de pena privativa de liberdade ou de medida de
segurança; [...]
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência.

Mais que a própria lei penal ordinária, temos ainda lei específica lidando com
o tema. Vide lei 4.898/65:

Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: [...]


26

j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional.


Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo,
emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que
transitoriamente e sem remuneração.
Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa
civil e penal.
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gravidade do
abuso cometido e consistirá em:
a) advertência;
b) repreensão;
c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento e oitenta
dias, com perda de vencimentos e vantagens;
d) destituição de função;
e) demissão;
f) demissão, a bem do serviço público.
§ 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, consistirá no
pagamento de uma indenização de quinhentos a dez mil cruzeiros.
§ 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos artigos 42 a
56 do Código Penal e consistirá em:
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
b) detenção por dez dias a seis meses;
c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função
pública por prazo até três anos.
§ 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser aplicadas
autônoma ou cumulativamente.
§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil ou
militar, de qualquer categoria, poderá ser cominada a pena autônoma ou
acessória, de não poder o acusado exercer funções de natureza policial ou
militar no município da culpa, por prazo de um a cinco anos.

A utilização dos textos legais supra como ferramenta de estudos na


manufatura de nova legislação neste sentido se faz bastante útil, de forma a se
garantir que, como modelo para criação de legislação pertinente, possa ser dosada
de maneira serena e adequada impedindo que a nova lei se apresente como medida
assaz autoritária, bem como precavendo que ela apresente em sua forma, teor que
venha a se tornar letra morta.
Reitere-se que atenção especial deve ser empregada ao acadêmico de
direito. As violações ao seu exercício, conforme já demonstrado, são corriqueiras, e
diferentemente de outras ciências, existe uma insegurança maior ao estudante das
leis, visto que paradoxalmente ao dever de proteção as leis, o judiciário comumente
viola as prerrogativas do estagiário inscrito junto a OAB, e tal insegurança
ocasionada, impede que o estagiário execute seu trabalho com a desenvoltura
adequada, uma vez que fica a insegurança, dado o poder de polícia de judiciário,
aplicado de maneira abusiva e indiscriminada, como no exemplo do Dr. Luiz
Eduardo Kuntz, no exercício de seu estágio, exemplificado anteriormente.
Muito a propósito, ao relembrar o lamentável episódio contra o então
estagiário Luiz Eduardo Kuntz, mencionado no primeiro capítulo da presente peça, a
27

própria OAB se manifestou de maneira similar ao defendido neste trabalho,


conforme perfil institucional da Seccional Maranhão constante do sítio eletrônico
Jusbrasil. Em carta de repúdio publicada na referida página de internet, destaca-se o
seguinte trecho:

[...]Inclusive, esclarece-se a toda classe que diante do inusitado e do


absurdo episódio, desde logo, serão apresentadas as respectivas
representações contra os autores dos fatos, bem como se instaurou
procedimento de DESAGRAVO PÚBLICO.
É por atitudes deste jaez que urge seja aprovada a Lei que protege as
prerrogativas e pune seus ofensores mais severamente. (OAB-
Seccional Bahia) [GRIFO NÃO ORIGINAL]

Mais interessante, e o que, se não comprova, ao menos cria dúvida bastante


razoável acerca das ditas violações, temos outro caso em que personagens se
repetem. No trecho abaixo descrito, novamente o Dr. Alberto Toron, orientador
acadêmico do estágio do agora Dr. Luiz Eduardo Kuntz, manifesta sua insatisfação
acerca da corriqueira violação de prerrogativas, conforme texto extraído do site de
pesquisas jurídicas Conjur:

O advogado representou contra o juiz convocado Roberto Jeuken, do


Tribunal Regional Federal da 3ª Região (São Paulo e Mato Grosso do
Sul). De acordo com a Representação, o juiz proibiu o estagiário do
escritório de Toron de ter acesso aos autos de um pedido de Mandado
de Segurança impetrado por ele, que tramita na 1ª Seção do tribunal.
O estagiário está devidamente registrado na Ordem dos Advogados do
Brasil e tem procuração para atuar no caso. O juiz afirmou que o
estagiário não podia ver o processo porque foi decretado segredo de Justiça
na ação.
Alberto Toron argumenta que o juiz criou restrições que a lei não
prevê. Segundo ele, o magistrado, ao se manifestar sobre a proibição,
reconheceu que o estagiário tem direito de retirar os autos do cartório, mas
não o de ter acesso em razão do sigilo decretado. [GRIFOS NÃO
ORIGINAIS]

Faz-se necessário mencionar tal detalhe, uma vez que em dois casos que
tomaram vulto, vários personagens se repetem, um dos quais, o estagiário que teve
seu direito ao exercício laboral/acadêmico vilipendiado.
Não obstante a menção a necessidade de uma redação legal com tais
proteções, a presença dos delegados de prerrogativa se faz cada vez mais
importante em tal proteção.
É de suma importância que advogados com voz ativa junto aos órgãos do
judiciário se façam presentes. Note-se que, embora sejam casos diferentes, em
28

ambos a representação pela violação. Nos casos relatados, comprova-se a


necessidade, visto que somente tomaram tal envergadura as situações, ao se
atentar ao fato de que, à época, o então orientador do Dr. Kuntz, era presidente da
Comissão Nacional de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil, bem como
autor do livro Prerrogativas Profissionais dos Advogados, sendo assim profissional
que, além de expertise na matéria, possuía influência.
O destaque a informação ganha importância, pelo fato de que, a influência
profissional do Dr. Alberto Toron representa a fronteira entre o abuso de poder
executado por membros do poder público e a proteção às prerrogativas conferidas
ao advogado e concedidas ao estagiário sob sua orientação.
Nesse aspecto, o que se sugere, é que a presença dos Delegados de
Prerrogativas se faça mais cotidiana na convivência forense, com aparelho móvel
institucional para atender urgências e emergências sempre em seu poder,
principalmente em comarcas de grandes capitais, com grandes prédios e várias
varas das mais diversas especialidades.
Mas principalmente, a sua presença nos corredores dos fóruns, juizados e
afins, fora de um gabinete de trabalho, aumenta a sensação de segurança, visto que
tanto servidores, quanto advogados e estagiários, notarão sua presença,
conhecerão o defensor das prerrogativas, e os primeiros, respeitarão o que é
definido pelo EOAB, e os demais, poderão trabalhar com maior tranquilidade, o que
inclusive melhora a qualidade profissional do acadêmico no ato de seu exercício, e
garante um aprendizado mais pleno.
Outra ferramenta, que se apresenta num campo um pouco mais abstrato, mas
utilizada em conjunto às demais medidas aqui apresentadas, seria a afixação em
local visível das secretarias de texto esclarecendo acerca das prerrogativas
conferidas a estagiários, bem como sanções previstas a suas violações.
A existência de texto com conteúdo dessa natureza atua de maneira coibitória
a eventuais abusos efetuados por servidores e magistrados, facilitando inclusive o
trabalho do delegado de prerrogativas, que poderá ser acionado unicamente em
casos gritantes de violações, ficando suas atividades mais especializadas e
intervenções mais clínicas e simétricas.
Numa última análise de fatores profiláticos a violação de prerrogativas, outra
medida que se faz mais que necessária e deve ser considerada fundamental. A
educação de servidores dos mais variados graus hierárquicos, fomentando e
29

esclarecendo sobre quais as prerrogativas do estagiário de direito, sempre


reforçando no conteúdo desta reciclagem, a importância do respeito ao acadêmico
de direito, e dentre estes, quais as diferenças entre o acadêmico inscrito nos
quadros da OAB, e o estudante ainda sem documentação emitida pela ordem.
Importante mencionar também a questão referente às diferenças entre o inscrito e o
não inscrito, uma vez que o estagiário que figura nos quadros da ordem, além de
cumprir uma série de requisitos, dos quais destaca-se a exigência de que esteja
cursando os últimos dois anos de curso, também emprega valor substancial na
emissão de seu documento de inscrição, e é de suma importância que tal
investimento seja valorizado e respeitado.
Faz-se necessária tal medida de educação dos servidores, uma vez que
devidamente esclarecidos os direitos concedidos a acadêmicos de direito e
educados sobre a reverência necessária ao conteúdo legal, o número de violações
diminuiria gradualmente, até ao menos no uma realidade ideal, chegar a uma fração
desprezível do que se é praticado hoje.
Nesta senda, importante ressaltar que todas as sugestões aplicadas em
conjunto, tornariam a segurança jurídica do acadêmico muito mais efetiva, visto que
servidores, do técnico judiciário ao ministro do STF, levariam em consideração antes
de determinada decisão, as liberdades concedidas ao acadêmico de direito. A
aplicação parcial de tais medidas demonstraria ser apenas um paliativo. A
prevenção não se mostra eficaz sem uma sanção em caso desrespeito da mesma, e
a sanção se revela medida autoritária sem que previamente exista educação
demonstrando todo o conjunto legal preventivo.
A aplicação de todas as medidas sugeridas aqui, em conjunto garantiria uma
redução drásticas das violações a prerrogativas, bem como um aumento
exponencial ao respeito com o estudante em suas atividades acadêmico/laborais, o
que torna a segurança jurídica para o exercício do estágio muito mais eficaz.
30

4. SUGESTÕES DE MEDIDAS CORRETIVAS A SEREM ADOTADAS EM


CASO DE VILIPÊNDIO ÀS PRERROGATIVAS DO ESTAGIÁRIO DE
DIREITO

É de se refletir, que independente dos fatores preventivos, medida nenhuma


se demonstra completamente mitigatória de danos por seu desrespeito,
independente de local, fator socioeconômico ou educacional envolvido, sem que
existam penalidades previstas por desobediência a seu conteúdo. Por tal motivo são
necessárias punições, variáveis de acordo com o potencial danoso da infração, com
agravantes em caso de reincidência.
Logo, a conclusão mais adequada é aliar fatores preventivos aos punitivos,
como forma de se garantir a plenitude de qualquer conteúdo legal, dando assim total
segurança jurídica aos envolvidos, com punição escalonada de acordo com a
gravidade da conduta, aliada ao fator de reincidência.
No que tange o assunto discutido aqui, em capítulo anterior foram
mencionadas as sugestões preventivas ao desrespeito de prerrogativas conferidas
aos acadêmicos de direito, o que por si só mitigaria muito dos efeitos negativos
causados ao exercício pedagógico/acadêmico, mas não são por si só capazes de
reduzir a zero esses danos, sem que venham aliadas a uma sanção em caso de
desrespeito.
Lei sem previsão de punição em caso de desrespeito é letra morta ficando,
portanto, necessário ao conteúdo legal regulamentando a prerrogativa, a adição de
punições ao seu vilipêndio.
A criação de tal lei, implica em texto prolixo, independente da especificidade
do conteúdo discutido nela, uma vez que as violações a prerrogativas e abusos, se
mantém em uma gama tão ampla, que as punições por seu vilipêndio devem variar
de mera reprimenda, até mesmo a exoneração, de acordo com a gravidade e
reincidência.
Não menos importante, é necessário se mencionar que existe previsão
constitucional principalmente nos casos considerados mais gravosos a esse
respeito, no que diz respeito ao referido abuso de autoridade quando da voz de
prisão, o que deve obviamente ser observado durante o estudo da criação de lei de
proteção a prerrogativa, principalmente quando nos referimos a nossa Carta Legal
Maior, a CR/88.
31

“Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e
à propriedade, nos termos seguintes:[...]
LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem
escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos
casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em
lei.” [GRIFOS NÃO ORIGINAIS]

Em comento, conforme já foi mencionado no presente trabalho, é ato


registrado não raras vezes, o abuso executado por profissionais no serviço público.
O que chama a atenção, é que existe legislação vigente acerca do abuso de
autoridade, mas a mesma não se aplica ao caso específico acerca do vilipêndio ao
exercício dos acadêmicos e profissionais de Direito, e justamente neste ramo
profissional ocorrem com frequência as referidas violações.
Ressalte-se que a esse respeito, grandes pensadores do direito já se
pronunciaram em estudo do conteúdo constitucional, conforme lecionam Nelson
Nery Junior e Rosa Maria de Andrade (2012):

“[...] O direito à liberdade é relativo à qualidade do ser humano enquanto


sujeito de direito. Portanto, a regra geral do sistema constitucional brasileiro
quanto à prisão, em razão do direito de todos à liberdade, é a de que
ninguém deverá ser preso (CF 5º, LXI), a não ser nas exceções estritas
previstas na CF.”.

Cite-se como exemplo o ato de um servidor, com excesso de zelo, negar a


estagiário de direito, vista de autos com sigilo, em que o mesmo figure na
procuração, ou substabelecido com poderes para tanto. Uma eventual punição,
comprovada a infração efetuada por tal serventuário de justiça, em caso de
tratamento respeitoso na negativa, sendo negadas as vistas por mero equívoco, em
diálogo particular, se resolve com reprimenda. Se efetuado o constrangimento na
presença de terceiros ou com atitude grosseira, aumento de sanção, eventualmente
com retratação publicada em átrio do fórum. Se negada com ambos os agravantes
multa ou suspensão, com punições cumuladas em caso de reincidência.
Note-se que o exemplo acima citado é o menos gravoso e mais comum em
corredores e secretarias de fórum, e por este motivo uma punição branda em sua
versão menos grave, que seria a de repreensão.
Seguindo em frente no ora exemplificado, conforme dito alhures no caso do
Dr. Kuntz, existem violações realmente preocupantes que deveriam figurar no texto
legal, como por exemplo o ato lesivo culminar numa voz de prisão ilegal por parte do
32

agente público, gerando, entre outros dissabores, o constrangimento e intimidação


do acadêmico de direito.
Com igual necessidade à manufatura de tal lei, se faz premente serenidade
no ato do estudo das punições adequadas, uma vez que as violações podem ter
agravantes e atenuantes um tanto efêmeros no ato do estudo do poder público ao
analisar a gravidade do ato do infrator.
Uma legislação promulgada de rompante e de maneira açodada poderia
incorrer, principalmente, em um dos extremos, seja no excesso punitivo sobre o
agente infrator, o que inverteria o sentimento de insegurança jurídica hoje sentido
pelos estagiários de direito, ou se demonstrar brando demais, não dando a lei a
efetividade necessária.
Neste aspecto, a incorporação, uma saída simples e elegante, poderia ser a
incorporação da redação dos mais diversos diplomas legais, em códex específico de
proteção a prerrogativas, com redação delimitando todos os direitos conferidos ao
acadêmico de Direito, e as sanções previstas em diplomas cíveis e penais
pertinentes, com sua devida atualização à realidade atual, recebendo um upgrade
nas sanções previstas, uma vez que as referidas violações, podem inclusive ser
consideradas um atentado a dignidade da justiça, e limitação de exercício
profissional.
Vamos antes definir o que então, configura abuso de autoridade, segundo a
lição de Antônio Cezar Lima da Fonseca (1997, p.87) obtempera que:

“Há uma objetividade jurídica mediata, que é ligada ao regular


funcionamento da administração. Como referiu Damásio de Jesus, é o
interesse concernente a normal funcionamento da administração pública em
sentido amplo, no que se refere à conveniência de garantia do exercício da
função pública sem abuso de autoridade.”

Na lei 4.898/64, é considerado abuso de autoridade o elencado no artigo 3º, in


verbis:
“Art. 3º Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:

a) à liberdade de locomoção;

b) à inviolabilidade do domicílio;

c) ao sigilo da correspondência;

d) à liberdade de consciência e de crença;


33

e) ao livre exercício do culto religioso;

f) à liberdade de associação;

g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto;

h) ao direito de reunião;

i) à incolumidade física do indivíduo;

j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício


profissional.” [GRIFOS NÃO ORIGINAIS]

Bastante pertinente o conteúdo acima grafado no que diz respeito ao aqui


defendido. Repare que é claramente tipificado como abuso o cerceamento a
atividade profissional, conforme demonstrado em alínea J da referida lei, o que cai
como luva no ora mencionado.
Em tais casos, se faz necessária punição mais robusta ao agente, com
previsões mais rigorosas que mera sanção pecuniária ou repreensão. Sugere-se
também, suspensão e/ou multa, se cometido erro de boa-fé, em um primeiro
momento, e havendo reincidência ou outros agravantes dos exemplificados, um
escalonamento de punições que poderia culminar até mesmo com a exoneração do
agente, visto que atos abusivos dessa natureza implicam até mesmo na insegurança
jurídica do jurisdicionado. Uma vez que parte-se do princípio de que a boa-fé é
presumida, o direito a defesa, em conteúdo específico, também deve ser
devidamente tutelado, e partindo do mesmo princípio, supõe-se que uma punição
menor educativa num primeiro momento, ao mesmo tempo que tem condão
corretivo, também funcionaria como medida profilática a ações ulteriores, mas
obviamente, mantendo atenção a punições mais severas como forma de se evitar a
referida reincidência.
Tais aditivos com sanções cíveis devem ser praticados sem prejuízo de
eventuais sanções penais, uma vez que existe sua previsão no CP, conforme texto a
seguir:

Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-


la:

Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena


correspondente à violência. [...]

Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de liberdade individual, sem


as formalidades legais ou com abuso de poder:
34

Pena - detenção, de um mês a um ano.

Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcionário que:

I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a estabelecimento


destinado a execução de pena privativa de liberdade ou de medida de
segurança; [...]
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência

Conforme dito anteriormente, tais artigos precisariam de uma revisão com


agravantes em lei específica, visto que o tratado é o cerceamento ao exercício
profissional por abuso de autoridade. E dado o fato de que o advogado é
indispensável ao exercício da justiça, conforme texto constitucional, tendo seus
direitos estendidos ao estagiário, é salutar que medidas sancionatórias em caso de
abuso de autoridade recebam um incremento. Relembremos:

Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo


inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos
limites da lei.

A repressão ao exercício de abuso de autoridade também deve ser


interpretada concomitantemente com a redação dada pela lei 4.898, uma vez que
ela é ainda mais prolixa ao se definir sanções tanto cíveis quanto penais nesse
sentido. In verbis:

Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa civil e


penal.

§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gravidade do abuso


cometido e consistirá em:

a) advertência;

b) repreensão;

c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento e oitenta dias,
com perda de vencimentos e vantagens;

d) destituição de função;

e) demissão;

f) demissão, a bem do serviço público.

§ 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, consistirá no
pagamento de uma indenização de quinhentos a dez mil cruzeiros.
35

§ 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos artigos 42 a 56 do


Código Penal e consistirá em:

a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;

b) detenção por dez dias a seis meses;

c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função


pública por prazo até três anos.

§ 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser aplicadas autônoma ou


cumulativamente.

§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil ou militar,
de qualquer categoria, poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de
não poder o acusado exercer funções de natureza policial ou militar no município
da culpa, por prazo de um a cinco anos.

Mencione-se que o referido texto encontra-se desatualizado e portanto, é


datado, conforme se observa da unidade monetária mencionada, e em função disso,
seria necessária uma nova roupagem ao mesmo. No referido dispositivo legal, se faz
importante mencionar, principalmente, mas não se limitando apenas, o §3° do artigo,
que faz menção ao conteúdo do nosso CP. Na redação dada pelo CP, conforme
mencionado no referido texto, é importante destacar o contido nos artigos 47 e 56,
que em seu corpo menciona o seguinte:

Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são:

I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como


de mandato eletivo;

II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de


habilitação especial, de licença ou autorização do poder público; [...]

Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do art. 47 deste


Código, aplicam-se para todo o crime cometido no exercício de profissão,
atividade, ofício, cargo ou função, sempre que houver violação dos deveres
que lhes são inerentes.

Assim, percebe-se que a possibilidade de tipificação à violações de


prerrogativas de acadêmicos de Direito é perfeitamente viável e aceitável, podendo
ser empregadas diversas leis já vigentes nos Direito pátrio, o que facilitará muito o
trabalho do legislador ao trabalhar conteúdo específico, ou condicionalmente, propor
aditivos ao conteúdo já presente. Os nutrientes necessários a tal lei seriam inseridos
de maneira simples, visto que o aditivo previsto, sendo basicamente necessária
apenas a inclusão da expressão estagiário, com previsão específica de sanção ou
36

agravante no vilipêndio ao exercício do acadêmico. Fica como única ressalva na


referida sugestão, é justamente o trabalho executado de maneira cautelosa,
justamente para que não se caia nos extremos já mencionados, que seriam uma lei
como letra morta, por ser branda demais, ou a inversão da insegurança jurídica, com
punições excessivamente severas.
Assim, Como se percebe, conteúdo legal adequado como fonte inspiração
sobeja, e levando todo o conteúdo em consideração, o que se propõe é que seja
aplicado um agravante aos delitos e irregularidades cometidos, desde que dosados
com a devida cautela. Executado todo o proposto aqui, a redução dos danos por
abuso de autoridade ou desacato a prerrogativas seria reduzida a índices
desprezíveis, aumentando a segurança jurídica dos operadores de direito, em
especial os ainda em formação acadêmica.
37

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como demonstrado no presente estudo, a importância do estagiário


acadêmico de Direito, regularmente inscrito nos quadros da ordem, se faz ímpar na
efetiva proteção do jurisdicionado, garantindo a ele o seu exercício de seus direitos,
seja na condição de reclamante ou de defendente, uma vez que, junto ao caráter
pedagógico da atividade, o exercício laboral do estagiário, em suas funções que
abarcam diversos dos trabalhos ordinários, economizando tempo do advogado e
garantindo assim que o mesmo possa exercer sua atividade intelectual com o
conforto necessário para atender o melhor interesse do cliente. Inicialmente, foram
demonstradas as prerrogativas concedidas ao estagiário inscrito nos quadros da
ordem, dos quais algumas atividades, que a primeira vista parecem serviço
ordinário, demonstram o grau de responsabilidade conferido ao acadêmico de
Direito, uma vez que, por exemplo, fazer carga de processos assumindo assim, em
seu documento pessoal a responsabilidade, com previsão de sanções em caso de
mal uso, bem como outras talvez até consideradas mais nobres, tais quais as
responsabilidades consideradas mais nobres, uma vez que também ficam garantidos
os direitos de despachar, conduzir oitivas, dentre outros, acompanhado de um
advogado orientador competente, sendo tais atividades fundamentais para a
formação plena do acadêmico de Direito.

Em uma segunda parte, foram demonstradas as contumazes violações ao


exercício pleno do estágio, coisa que prejudica muito o exercício pleno de
aprendizado, e implica em insegurança jurídica absurdamente grande, tanto ao
acadêmico, quanto ao próprio jurisdicionado, uma vez que em situações
consideradas mais urgentes, por exemplo as que envolvem prazos preclusivos,
negativas ao estagiário de seu exercício em vistas autos ou trabalhos do gênero,
pode implicar em prejuízo tanto ao patrono quanto ao próprio jurisdicionado. Ainda
mais gravoso que isso, e foi devidamente demonstrado, são as vozes de prisão
ilegais praticadas por servidores a estagiários no exercício regular de suas funções,
o que justifica e delineia bem o objetivo aqui do trabalho.

Numa última etapa, foram propostas soluções para mitigação destes danos,
tais quais treinamentos de reciclagem, como media profilática a eventuais violações,
adendos à lei com especial proteção ao estagiário de Direito, visto que o mesmo
38

trabalha na tutela dos mais diversos direitos disponíveis e indisponíveis do


jurisdicionado, impedindo assim que o mesmo se veja vítima de abusos por parte de
servidores dos mais diversos níveis hierárquicos, o que conforme dito, é medida que
se impõe como proteção ao exercício regular de estágio, como forma de
aprendizado fundamental.ao acadêmico de Direito. Uma vez que este estudo é um
tanto incomum, ele apresenta diversas possibilidades de expansão futuras, acerca
das violações, em esfera cível, criminal e/ou administrativa, coisa que pode ser
perfeitamente delimitada em uma vindoura pós-graduação, e com tais considerações
feitas, fica demonstrado o objetivo do presente estudo, qual seja, a proteção à
prerrogativas dos estagiários inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil.
39

REFERENCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Promulgada em 22 de


setembro de 1988. Disponível em <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm> Acesso em 15
set. 2018.

BRASIL. Lei 4.898. Promulgada em de 9 de dezembro de 1965. Disponível em


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4898.htm> Acesso em 18 set. 2018.

BRASIL. Lei 2.848. Promulgada em 7 de dezembro de 1940. Disponível em


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm> Acesso em
18 set. 2018

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