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Padre David Francisquini

“Homem e mulher
Deus os criou”
(Gen. 1,27)

As relações homossexuais
à luz da doutrina católica,
da Lei natural e da ciência médica

Artpress
São Paulo, 2011

1
Nossa capa: A Sagrada Família – anônimo.
Catedral de Quito, Equador.

Impressão
Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda.

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©2011 – Todos os direitos reservados

ISBN 978-85-7206-208-4

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO........................................................................7
I – Lei Natural – Lei Divina..................................................11
II – Moral Católica e Mandamentos.....................................22
III – Conceitos relacionados com o tema deste trabalho....41
IV – Revolução homossexual.................................................47
V – Falácias do “amor” homossexual....................................61
VI – Falsidades que a ciência desmente.................................70
VII – “Casamento” homossexual............................................76
VIII – Agindo contra as pretensões homossexuais.................98
ANEXO – Supremo absurdo.................................................109
BIBLIOGRAFIA...................................................................115

3
+ Aldo di Cillo Pagotto, sss
Por mercê de Deus e da Santa Igreja
Arcebispo Metropolitano da Paraíba

Como filho e arcebispo da Santa Mãe Igreja, apreciei sobremodo o


conteúdo e a dinâmica do opúsculo “Homem e mulher Deus os criou”,
obra que, em grande parte, foi exarada do livro “Defending a Higher
Law”, editada pela TFP dos Estados Unidos da América. A obra era
esperada e por isso obteve uma exitosa repercussão, como certamente
obterá entre nós o mencionado catecismo, pois, o nosso país nasceu aos
pés da Santa Cruz.
O Revmo. Padre David Francisquini inspirado pela Providência
Divina, redesenhou a presente obra que eu vivamente recomendo a to-
das as pessoas interessadas em compreender o que a Doutrina Católica
diz com objetividade e clareza a respeito da delicada e complexa temática.
Frequentemente todos nos deparamos com protestos de exaltação e
propagação do homossexualismo, pelos pequenos e grandes grupos de
pressão, sempre muito bem organizados e patrocinados. Esse fenômeno
cria um fato social visando alcançar o pleno foro de cidadania, adquirin-
do e legitimando a prática do homossexualismo como se fosse um direi-
to humano fundamental, entre outros mais.
O mérito da presente obra é a distinção e a integração de um binômio,
ou de preciosa simbiose: a ética proveniente da lei natural e a moral
cristã. Esta complementa aquela, pela divina Revelação, contida na Pa-
lavra de Deus e no Magistério da Santa Igreja. A Palavra e a Tradição da
Igreja condensam e corroboram com os princípios e os valores éticos
que, por sua vez, regem as leis e a ordem social com justiça e equidade.
Ao arrepio da Constituição Federal de 1988, o STF reconheceu as
uniões de duas pessoas homossexuais, denominando-as de “uniões
homo afetivas”, aos 5 de maio de 2011. Na verdade, a Constituição
Federal [Cap. VII; Art. 226 § 3º] reconhece a proteção do Estado à
união estável entre homem e mulher como entidade familiar. A Lei
deve facilitar sua conversão em casamento. O § 5º reza que os direitos
e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente
pelo homem e mulher.

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O Código Civil [Livro IV; Art. 1511] reza que o casamento estabe-
lece comunhão plena de vida com base na igualdade de direitos e deve-
res dos cônjuges. O Art. 1514 reza que o casamento realiza-se no mo-
mento em que o homem e a mulher manifestam a sua vontade de esta-
belecer vínculo conjugal perante o juiz, que os declara casados.
O Direito da Igreja Católica estabelece pelo Código de Direito
Canônico [Cânon 1055 § 1] que o pacto matrimonial, pelo qual o ho-
mem e a mulher constituem entre si o consórcio de toda a vida, por sua
índole natural, é ordenado ao bem dos cônjuges e à geração e educação
da prole, entre batizados, foi por Cristo Senhor elevado à dignidade de
sacramento.
Sobre as uniões homo-afetivas, tanto o Estado quanto a Igreja, não
reconhecem sua validade e legitimidade, equiparável à formação de uma
Família, porquanto claudicam as condições essenciais para a sua finali-
dade, ou seja, a união fecunda do homem e da mulher, tal que sejam
gerados filhos, seguidamente educados e adequadamente formados em
ambiente familiar.
A respeito de pessoas de condições homo-afetivas, a Igreja entende a
complexidade da fenomenologia, que se reveste de inúmeras formas ao
longo dos séculos e das civilizações, em contextos culturais variáveis.
Apoiada nas Sagradas Escrituras e na Tradição, a Igreja sempre declarou
que atos de homossexualismo são intrinsecamente desordenados, por-
quanto contrariam a lei e a ordem da natureza, pelo fato de fechar o ato
afetivo-sexual à transmissão da vida; não procedendo, pois, à comple-
mentaridade efetiva e sexual verdadeira, e por isso em caso algum podem
ser aprovados.
Um certo número de homens e de mulheres apresentam tendências
homossexuais inatas, pois não são eles que escolhem essa condição.
Para a maioria, essa condição constitui uma provação. Devem ser aco-
lhidos com respeito, compaixão e delicadeza, evitando-se para com eles
todo sinal de discriminação injusta (Cfr. Catecismo da Igreja Católica,
NN. 2357 e 2358).
Doutrinadores da causa homossexual com ufanismo exacerbado,
no entanto projetam na bandeira da homofobia seus próprios medos e
suas ambiguidades. O mecanismo habitual da fobia é usado como ban-
deira homossexual, projetando sobre os heterossexuais e sobre toda a
sociedade a angústia de suas pulsões interiores não resolvidas. Ao ab-
sorver o desapontamento ou desaprovação do mundo exterior contrário
ao comportamento homossexual, vive-se uma contradição interior an-
gustiante.
Dessa forma, o movimento homossexual mobiliza-se, através de
siglas, abrigando grupos de pressão, visualizando o fantasma de seus
perseguidores por todo canto. Comparam-se às minorias excluídas da
sociedade, tais como vítimas do racismo e dos preconceitos. Sua
mobilização defende uma bandeira política, criando o delito da
homofobia como crime de repressão que deva ser penalizada.
A bandeira do movimento homossexual ganha foro de direitos em

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várias instâncias jurídicas de alguns países e se constitui com reivindi-
cações jurídicas, elevando sua causa à proteção legal e à promoção os-
tensiva de homossexualismo com todos os direitos civis garantidos. Já
não se trata dos direitos que toda pessoa possui e sim a causa do
homossexualismo. Ora, não obstante as condições heterossexuais ou
homossexuais, todos, como cidadãos e cidadãs, somos possuidores de
direitos e também de deveres perante o Estado.
Pela Constituição Federal, quaisquer pessoas, independentemente
de sua vida particular referente às questões afetivas e sexuais, possuem
direitos de estabelecer os meios para sua sobrevivência digna, em parti-
cular ou em parceria. O que está em causa com o movimento homosse-
xual é a imposição da união homo-afetiva equiparável à estabilidade da
instituição da Família.
Segue-se daí a estratégia das uniões homo-afetivas, corroborando
para a relativização da instituição familiar. A Igreja considera isso como
suicídio da lei natural e dos vínculos sociais que a família estabelece
como célula-mãe da sociedade.
Grupos de pressão privilegiam o subjetivismo de sua opção sexual
escudando-se na égide dos direitos humanos, impondo-se à sociedade e
ao Estado, exigindo o que é irreformável, a lei natural e positiva,
estabelecida pelo Criador.
A vocação para o matrimônio está inscrita na própria natureza do
homem e da mulher, conforme saíram das mãos do Criador. “Um ho-
mem deixa seu pai e sua mãe, une-se à sua mulher e eles se tornam uma
só carne” (Cfr. Gen. 2,24), de modo que “já não são dois, mas, uma só
carne” (Mt. 19,6).

João Pessoa (PB), 7 de outubro de 2011,


Memória litúrgica de Nossa Senhora do Rosário.

In Jesu et Maria,

Cúria Metropolitana
Palácio do Carmo, Praça Dom Adauto s/n
C. P. 13 // 58.100-970 João Pessoa - PB
Fone: (55) 83. 3133.1000; fax: (55) 83.3133.1029
cillopagotto@arquidiocesepb.org.br
http//www.arquidiocesepb.org.br

6
INTRODUÇÃO

E
xiste hoje um enorme esforço publicitário no mundo
todo — através da imprensa, cinema, televisão, internet
e vários outros meios de divulgação — a fim de tor-
nar aceito pela sociedade o homossexualismo*. Muitos ca-

* Nos documentos oficiais da Santa Sé, em seu texto


em português, as palavras “homossexualismo” e “homos-
sexualidade” são empregadas usualmente como sinônimas.
Porém, ao longo deste trabalho, e seguindo um costume
que se vai tornando cada vez mais frequente entre os que
escrevem sobre esse tema (v. por exemplo, Mons. José Luiz
Villac, A Palavra do Sacerdote, Catolicismo n° 553, janeiro
de 1997, pp. 7-8), far-se-á sistematicamente a seguinte
distinção:
— a palavra “homossexualismo” será empregada
exclusivamente para referir-se à prática pecaminosa de
relações homossexuais e à promoção de ditas relações;
— a palavra “homossexualidade” será empregada
exclusivamente para referir-se à atração sexual por pessoas
do mesmo sexo — ou tendência homossexual — pela qual
a pessoa que a sente pode não ser responsável.
Analogamente, ao usarmos os substantivos “homos-
sexual” e “homossexuais” num contexto condenatório
referimo-nos sempre e exclusivamente a pessoas que pra-
ticam e endossam o homossexualismo. Ficam por isso
absolutamente excluídas dessa condenação aquelas pes-
soas que, embora sentindo em si uma tendência homos-
sexual, esforçam-se por não lhe dar curso, a fim de salva-
guardar a virtude da castidade, merecendo desse modo
todo o nosso apoio e respeito.

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tólicos, embora sabendo que se trata de uma ação antinatural
condenável, desconhecem a enorme gravidade do pecado que
assim se comete, sempre classificado pela Igreja como peca-
do que brada aos céus.
Este opúsculo é um estudo destinado a relembrar aos fiéis
católicos a doutrina e as normas da Igreja sobre o pecado con-
tra a natureza denominado homossexualismo. Fundamentado
no Supremo Magistério da Igreja, nos escritos de santos e de
teólogos universalmente aceitos pela Igreja como fidedignos,
utiliza também informações contidas em conceituadas publi-
cações.
Moveu-nos a redigi-lo e publicá-lo o zelo pela salvação
das almas, pois os fiéis católicos têm hoje dificuldade em
obter orientação segura para os problemas morais com que
se defrontam diariamente. Seja para a orientação pessoal, seja
visando a educação e formação dos filhos, seja ainda na ação
de esclarecer os parentes e amigos, nada melhor do que base-
ar-se no que a Santa Igreja ensina desde todo o sempre. A
desorientação atual é grande, e devemos aderir em tudo à
palavra do Divino Mestre, pois stat crux dum volvitur orbis
— enquanto o mundo gira, a cruz permanece inabalável.
Lamentavelmente, o governo e o poder judiciário de di-
versos países, como o nosso, vêm facilitando e colaborando
com a aceitação do homossexualismo. Conivências inimagi-
náveis e apoios inaceitáveis, inclusive apoio financeiro pro-
porcionado com o dinheiro dos contribuintes, conseguiram
introduzir graves alterações no ordenamento jurídico do País.
Além de ser injusto e imoral em si mesmo, contraria frontal-
mente o nosso sentir religioso, que é invariavelmente expresso
pela população quando consultada em estatísticas e levanta-
mentos de opinião pública.
Mais censuráveis ainda são as não poucas manifestações
de alguns sacerdotes e escritores católicos de índole esquer-

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dista ou progressista, que reinterpretam e deturpam a própria
Sagrada Escritura, alegando encontrar atenuantes para a gra-
vidade do pecado contra a natureza, de fato inexistentes.
Abrem com isso caminho, mesmo quando não seja esta sua
intenção, para justificar esse terrível pecado. Enfraquecem
também nos fiéis a noção da ameaça da punição divina con-
tida nas Sagradas Escrituras, fazendo com que muitos sejam
levados a cometer esses pecados ou aceitá-los como práticas
normais. É de se recear que alguns autores dessas deturpa-
ções acabem mesmo sentindo-se livres para cometer essa
abominação, representando funesto exemplo tão contrário
aos votos assumidos por eles diante de Deus.

* * *

Ao divulgar esses ensinamentos, nossa atitude exprime


uma característica fundamental da Igreja, que por sua pró-
pria natureza é militante. Militante significa uma pessoa ou
um conjunto de pessoas que lutam. Lutaremos, portanto.
Faremos todos os esforços lícitos ao nosso alcance para
neutralizar a atuação dos promotores do homossexualismo,
que se empenham em conseguir o reconhecimento social e
legal desse procedimento desregrado. Tais ativistas contra-
riam o sentir dos católicos, a grande maioria neste País que já
se chamou Terra de Santa Cruz, e para o qual desejamos que
volte a merecer plenamente essa honrosa denominação.
Mas, se estamos dispostos a fazer tudo de lícito e honesto
para contrariar o avanço dos homossexuais militantes, nós
também rezaremos por eles. Sim, rezaremos pelos ativistas
radicais que levam avante a propaganda homossexual, ro-
gando que Deus lhes conceda, pela intercessão de Maria
Santíssima, a graça que concedeu a São Paulo no caminho
de Damasco, convencendo-os de que promovem o erro. E

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uma vez convencidos de seus erros, que os rejeitem sincera-
mente, convertendo-se a Deus e juntando-se a nós. De acor-
do com a famosa expressão atribuída a Santo Agostinho, “nós
odiamos o pecado, mas amamos o pecador”. Amar o peca-
dor consiste em desejar para ele o melhor que podemos de-
sejar para nós mesmos, ou seja, que abandone o pecado e
“ame a Deus com amor perfeito”.
Queremos ainda ressaltar que a divulgação do presente
trabalho não tem como objetivo difamar ou injuriar ninguém.
Não nos move o ódio pessoal contra quem quer que seja.
Nossa oposição às pessoas e organizações promotoras do
movimento homossexual visa defender o matrimônio, a fa-
mília e as preciosas instituições e normas da civilização cris-
tã na sociedade.

* * *

Os católicos são convidados e vivamente estimulados a


participar da luta contra a ofensiva homossexual. Por menor
que seja o seu tempo disponível para esta boa causa católica,
sua participação esclarecida e consciente pode fazer-se atra-
vés de vários caminhos. Não deixe de atuar, conhecendo es-
sas possibilidades no site www.ipco.org.br
Os textos aqui apresentados foram em grande parte co-
lhidos no livro Defending a Higher Law, editado pela TFP
norte-americana. Para detalhes mais pormenorizados e ou-
tras informações, o leitor pode consultar a tradução portu-
guesa, que se encontra no site www.ipco.org.br sob o título
Em defesa de uma lei suprema (http://www.ipco.org.br/home/
livros/11).

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I

LEI NATURAL – LEI DIVINA

1 – O que é Lei natural?


Como o nome indica, Lei natural é um conjunto de nor-
mas de conduta próprio à natureza humana. Deus a inscre-
veu no fundo dos nossos corações, como ensina São Paulo
(cf. Rom. 2, 14-15), e o homem pode conhecê-la pela luz da
razão, sem a ajuda da Revelação divina.
Da mesma forma que o universo é ordenado em função
das suas finalidades e é guiado por leis físicas que podem ser
compreendidas, o homem também tem uma finalidade últi-
ma em função da qual deve ordenar seus atos. O Criador
estabeleceu leis ordenadoras dos atos humanos, e como ser
racional o homem pode reconhecer e compreender essas leis.
A Lei natural reflete no homem a lei eterna, que
corresponde à Sabedoria divina regendo o universo e estabe-
lecendo uma ordem e governo supremo de todas as coisas
visíveis ou invisíveis, vivas ou inanimadas. O homem deve
obedecer a essa Lei, ou ordem suprema estabelecida por Deus
na Criação. Ao contrário das leis físicas do universo, que
impõem um modo de ser, a lei natural moral aponta para
aquilo que é certo, mas o homem não é compelido a agir de
determinado modo, conservando assim a sua liberdade e li-
vre arbítrio.

2 – O homem pode compreender quando uma ação é boa


ou má?
Sim, pois de outro modo ele não saberia como agir, e

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estaria em situação inferior à dos animais, que são guiados
pelos instintos. Pelo uso da sua razão, o homem conhece a
finalidade das coisas e a necessidade de se guiar por essa
finalidade. Quando age de acordo com a finalidade que lhe é
indicada pela razão (por exemplo, alimentar-se para manter
as forças), sua ação é boa. Quando age de modo contrário a
essa finalidade (por exemplo, comer exageradamente só para
usufruir o excesso de comida), sua ação é má. O testemunho
comum de todos os povos confirma a existência desse conhe-
cimento, pois a História atesta que todos são unânimes em
distinguir o bem do mal.
Tudo seria permitido se Deus não existisse, pois neste
caso não haveria padrão moral objetivo baseado em verda-
des imutáveis e eternas. Sem a ordem de Deus estabelecida
no universo, ou se ela não pudesse ser entendida, o homem
flutuaria num mar de insensatez. Suas ações seriam privadas
de racionalidade, portanto não teriam dimensão moral.
Estando impressa nos corações de todos os homens, a
Lei natural é perceptível e conhecível por todos os homens
que atingiram o uso da razão. Ela é a mesma para todos, em
todo tempo e lugar, portanto é universal. É também imutá-
vel, pois o tempo não a modifica. E ninguém está dispensado
da Lei natural, todos os homens devem obedecê-la.

3 – Como se pode conhecer a Vontade de Deus?


A suprema Vontade de Deus pode ser conhecida através
da Lei natural, que é expressa na Criação, e além disso é
explicitada nas leis positivas, contidas na Revelação e
estabelecidas por Deus como Mandamentos. A Revelação
pode ser conhecida nas Sagradas Escrituras e na Tradição,
cuja guardiã é a Igreja Católica. Cabe à Igreja proclamar e
salvaguardar o divino ensinamento de Nosso Senhor, e em
decorrência dessa missão ela condena todas as formas de
imoralidade, especialmente aquelas opostas à ordem natural.

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4 – O que têm a ver as relações sexuais com a Lei natural?
A tal ponto se apagou a noção do pecado em geral, e do
pecado contra a castidade em particular, que é adequado lem-
brar aqui alguns princípios da Lei natural e do ensinamento
católico a respeito.
Os animais irracionais foram dotados por Deus de instin-
tos, por meio dos quais se alimentam, caminham, se defen-
dem contra agressões, etc. Desta forma eles vivem e desempe-
nham na Terra o plano de Deus. Criando porém o homem
como ser racional — dotado de inteligência e vontade —
Deus lhe deu capacidade para compreender o que é bom ou
mau para a sua natureza, e em consequência praticar as ações
adequadas e evitar as contrárias ao seu fim. Ele precisa usar a
inteligência para entender, e a vontade para decidir. Devido a
tudo isso, a própria razão orienta o homem a dar vazão a seus
instintos dentro dos limites do que é bom para sua natureza;
ou seja, dentro dos limites da honestidade. Isso também vale
para o instinto sexual.
O ser humano compreende facilmente que a perpetuação
da sua espécie depende do ato sexual entre um homem e
uma mulher. Mas compreende também que manter e educar
a prole representa um ônus muito pesado, o que o levaria
facilmente a recusar-se a colaborar na propagação da espé-
cie, caso não houvesse para isso um incentivo possante. Daí
ter Deus criado o instinto sexual, com a atração por pessoas
do sexo oposto e o prazer no seu relacionamento sexual. Por-
tanto, essa atração e esse prazer representam um estímulo
para se chegar ao fim próprio do ato sexual, que é a propaga-
ção da espécie. A procriação é a finalidade principal, a atra-
ção e o prazer são apenas finalidades secundárias.
Para compreender melhor essa realidade, façamos uma
comparação. Os alimentos que tomamos destinam-se a man-
ter as forças, mas isso é ajudado e facilitado pelo prazer que

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sentimos ao ingerir algum alimento saboroso. Se ignorar-
mos a finalidade da alimentação (manter as forças) e passar-
mos a comer apenas pelo prazer, e sem medida, estaremos
cometendo um ato de gula e prejudicaremos nossa saúde. Do
mesmo modo, quando alguém transforma em objetivo prin-
cipal o prazer das relações sexuais, comete desvio semelhan-
te ao do guloso, embora com consequências mais graves.
Agir contrariamente à Lei natural significa que não agimos
de acordo com as finalidades corretas que a razão nos indica.

5 – Sendo o homem livre, pode agir de acordo com suas


apetências?
Não são as “apetências” ou as “opções” que tornam um
ato bom ou mau. É preciso que a apetência e a intenção se-
jam boas, e que o próprio ato seja legítimo. Assim, se alguém
tem apetência por uma boa comida e a come de acordo com
a finalidade nutritiva, faz algo bom. Se, pelo contrário, ele
tem apetência por maconha e passa a usá-la, faz algo mau.

6 – No que consiste a verdadeira liberdade?


Após criar o universo a partir do nada, Deus não abando-
nou suas criaturas ao acaso nem as deixou sem finalidade e
orientação. Pelo contrário, ordenou-as e dirigiu-as para um
fim de acordo com o plano estabelecido por sua divina Sabe-
doria. As criaturas racionais devem ajustar-se a ele livremen-
te, portanto o homem, sendo dotado de inteligência e vonta-
de, tem a capacidade de escolher entre praticar ou não os
atos que se apresentem à sua escolha.
O Pe. Charles Coppens S.J. explica: “Ações humanas são
aquelas de que o homem é senhor, as quais ele tem o poder
de fazer ou não fazer, conforme lhe agradar. Na verdade, so-
mos fisicamente livres para praticar certos atos ou omiti-los

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— fazer algo ou o seu contrário, escolher entre uma ação e
outra. Mas somos também moralmente livres em relação a
todas essas ações? É certo para mim, em todas as ocasiões,
fazer tudo quanto minha inclinação me impele a fazer? Mi-
nha razão responde claramente: Não! É evidente até para uma
criança que algumas ações são boas em si mesmas, moral-
mente boas, e outras más em si mesmas, moralmente más.
Os atos bons, a nossa razão endossa e aprova; a estes nós
chamamos certos. Atos maus, ao contrário, nossa razão de-
saprova e condena; a estes nós chamamos errados”.

7 – O que significa o pecado?


O ato mau é um desvio em relação ao fim estabelecido
para a natureza humana pelo Criador. Constitui um pecado,
significando desobediência a uma lei positiva. Porém, mais
importante que isso, ele é um desvio em relação ao fim esta-
belecido pelo Criador para a natureza humana. Todos os ou-
tros princípios derivam desses princípios universais: respei-
to devido aos pais, proibição de homicídio, roubo, adultério,
incesto, mentira e calúnia. Os dez Mandamentos (exceto o
terceiro — guardar domingos e festas de guarda — que é
uma lei positiva divina) são um resumo de tudo o que um
homem pode ou não pode fazer para ajustar-se aos sapienciais
desígnios de Deus em relação à criatura humana.

8 – De onde provêm as tendências desordenadas do ser


humano?
No estado de inocência, Adão e Eva exerciam total con-
trole sobre as suas paixões: “O homem e a mulher estavam
nus, e não se envergonhavam” (Gen. 2, 25). Mas depois de
cometido por Adão o pecado original, “os seus olhos abri-
ram-se. E vendo que estavam nus, tomaram folhas de figuei-
ra, ligaram-nas e fizeram cinturões para si” (Gen. 3, 7).

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O pecado original produziu no homem uma grande de-
sordem em suas paixões. Essa desordem, chamada habitual-
mente de concupiscência, exige dele uma luta contínua para
observar os Dez Mandamentos. Nosso Senhor Jesus Cristo
redimiu a humanidade pela efusão do seu preciosíssimo San-
gue, e o batismo apaga a mancha do pecado original nas nos-
sas almas, mas as consequências desse pecado permanecem:
a fraqueza da carne e a revolta das paixões desordenadas.
Diz São Paulo: “Eu vejo nos meus membros outra lei a lutar
contra a lei da minha razão e me fazendo escravo da lei do
pecado que se encontra nos meus membros” (Rom. 7, 23).
Essas más tendências podem ser vencidas com o auxílio da
graça de Deus, como o mesmo São Paulo proclama: “Tudo
posso naquele que me dá forças” (Fil. 4, 13).
Os teólogos morais sempre recomendaram extremo cui-
dado para evitarmos ser dominados pelos desejos carnais,
devido à fraqueza que o pecado original deixou em nós. Em
seu tratado de moral, Santo Afonso de Ligório afirma que
“mais almas caem no inferno” por causa do vício da impure-
za. E acrescenta: “Não hesito em dizer que todos os réprobos
são condenados devido a ele, ou pelo menos com ele”. O
pecado cometido pelo Rei Davi mostra como é importante a
vigilância. Por falta dela, deixou-se cativar pela beleza de
Betsabé, acabou cometendo adultério e provocando a morte
do marido dela, Urias. O Divino Salvador adverte: “Vigiai e
orai para não cairdes em tentação. O espírito está pronto,
mas a carne é fraca” (Mc. 14, 38).

9 – Quais as consequências do pecado contra a casti-


dade?
A luxúria — palavra que designa tudo quanto se refere a
esse tipo de pecado — é contada entre os sete vícios capitais.
No plano individual, ela destrói a paz da alma, a nobreza do

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caráter, o desejo do Céu, e provoca cegueira espiritual. Quanto
mais alguém satisfaz a luxúria, mais ela se torna veemente,
provocando nervosismo, excitação e impaciência, conduzin-
do com frequência a outros pecados e até ao crime. Ela ali-
menta o egoísmo, a negligência, a impulsividade e a instabi-
lidade. Por meio dela se contraem e se disseminam doenças
extremamente dolorosas, sendo fatais algumas delas, como
a AIDS. Em relação à sociedade, a luxúria facilita a corrupção,
fomenta a prostituição e a pornografia, torna instáveis as fa-
mílias, prejudica a formação infantil, incentiva a contracepção
e o aborto.
Explica Santo Tomás: “Quando as potências inferiores
são fortemente excitadas em relação aos seus fins, o resulta-
do é que os atos das potências superiores são dificultados,
tornando desordenados os atos humanos. O efeito do vício
da luxúria é que os apetites inferiores, concupiscíveis, vol-
tam-se com veemência para seu objeto, o prazer. Dessa for-
ma as potências superiores — inteligência e vontade — são
gravemente desordenadas pela luxúria”.

10 – Quais são as vantagens de se praticar a castidade?


A virtude da castidade liberta o homem da tirania da con-
cupiscência, tornando-o mais apto para atividades nobres e
espirituais e fortalecendo sua vontade para as batalhas da vida.
Como diz Santo Tomás de Aquino, a prática da virtude da
temperança mantém o equilíbrio entre os componentes espi-
ritual e sensível do homem. Ela orienta os sentimentos e con-
trola ou aperfeiçoa a sensibilidade. A temperança confere ao
homem equilíbrio, especialmente nas ações e sentimentos
mais diretamente vinculados aos instintos de autopreservação
e procriação.
Embora a turbulência do prazer carnal tenda a dominar e
subjugar a mente, este efeito está habitualmente ausente ou

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atenuado nas relações matrimoniais. É o que explica Santo
Afonso de Ligório sobre a fornicação (termo que se aplica à
união carnal quando nenhuma das partes é casada): “A
fornicação é sempre má, mesmo quando, por vezes e aciden-
talmente, um fornicador possa educar bem seus filhos. Com
efeito, é contra a Lei natural sujeitar a razão à carne através da
desordem do prazer, como acontece na fornicação. Mas no
matrimônio, embora estando presente o mesmo prazer, por
especial desígnio da Providência tal desordem não acontece”.

11 – Como se deve entender o amor como finalidade do


matrimônio?
Afirma Santo Tomás de Aquino que, pela sua racio-
nalidade, o amor conjugal é próprio somente à criatura hu-
mana, ordenado não apenas para a procriação, mas também
para a educação da prole e provisão do lar. O canonista Javier
Hervada explica com clareza: “É evidente que o ato conjugal
se ordena à procriação. Sua estrutura natural é a do ato de
fecundação da mulher pelo varão, pondo em exercício o apa-
relho reprodutor dos cônjuges”. E o Concílio Vaticano II as-
sim confirmou: “O matrimônio e o amor conjugal são, pela
sua natureza, ordenados para a procriação e educação da pro-
le” (Gaudium et Spes, n° 50).
Gerar uma vida nova traz consigo a obrigação de educar
uma criança e cuidar das suas necessidades materiais, mais
especialmente da sua educação e formação do seu caráter.
Não se trata de responsabilidade pequena, e ela requer sacri-
fício e dedicação. Entre os pais e seus filhos existe um víncu-
lo permanente de afeto, responsabilidade e respeito, destina-
do a permanecer durante toda a vida, e até mesmo depois.
Nem a morte apaga dos corações as lembranças afetivas de
família.

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12 – O amor mútuo dos cônjuges é importante?
É importante, sem dúvida nenhuma, pois sem o amor
mútuo as relações matrimoniais se tornariam árduas e difí-
ceis. Além do que, sendo o ato de procriação um ato huma-
no, ele envolve toda a personalidade humana, não somente a
razão, mas também os sentimentos.
O amor pode ser considerado como amor de desejo (amor
sensível), em que predominam os sentidos, e amor de ami-
zade, que resulta de uma afinidade entre seres humanos e é
guiado pela inteligência e a vontade. Esse amor tende a dese-
jar o bem do outro, amando-o como se fosse “um outro eu”,
e não por puro egoísmo e interesse próprio. No dizer de San-
to Tomás, “um amigo é um outro eu mesmo”, e “quem ama,
age em relação ao objeto do seu amor como se fosse ele mes-
mo ou parte dele mesmo”.
É esse amor de amizade que constitui o amor conjugal.
Nele se funda o matrimônio, que normalmente resulta na
geração, proteção e educação da prole. O amor conjugal sa-
tisfaz a natural propensão do instinto humano, mas o homem
não deve deixar-se subjugar cegamente por ele. O substrato
mais profundo do amor conjugal deve ser um amor de ami-
zade desinteressado e elevado, embora ao ato da procriação
esteja anexo um deleite. Deus assim o quis, para que os ho-
mens não se furtassem ao seu dever de propagação da espé-
cie humana. A consciência deste dever eleva o homem acima
de sua animalidade.
Quando os esposos são virtuosos, o amor conjugal passa
a existir em vista de um bem superior e torna-se fundamen-
talmente virtuoso, o que confere solidez ao casamento. Se a
virtude não existe nos cônjuges, ou decai e murcha, frequen-
temente o casamento se desfaz.

19
13 – A heterossexualidade, ou relação apenas entre pes-
soas de sexos opostos, é uma imposição social e cultural?
Pelo contrário! A heterossexualidade é uma disposição da
natureza, comprovada pela anatomia e fisiologia humanas. Do
ponto de vista fisiológico e anatômico, os órgãos sexuais são
procriativos, pois sendo masculinos e femininos eles se conju-
gam adequadamente para a procriação. Imposição social ou
cultural seria a obrigação de usar esses órgãos de modos que
não conduzem à procriação. A Sagrada Congregação para a
Doutrina da Fé, no documento Persona Humana (dezembro
de 1975), lembra que a moral não depende dos caprichos hu-
manos ou das mudanças culturais, e sim da Lei natural. Por-
tanto, qualquer opção individual deve ser guiada pela Lei na-
tural, conforme é explicitada pela doutrina da Igreja Católica.
Uma lei ou costume só pode obrigar a consciência de uma
pessoa quando está de acordo com os desígnios de Deus, su-
premo Legislador, cuja determinação é naturalmente superior
à do homem, portanto superior à dos legisladores.

14 – Por que a Lei natural condena o homossexualismo?


Se a finalidade específica do ato sexual é a procriação,
um ato sexual estéril por sua própria natureza, como o que é
praticado entre pessoas do mesmo sexo, tem como objetivo
apenas um prazer, e não a finalidade que lhe seria própria. E
Santo Tomás de Aquino ensina: “É evidente que, de acordo
com a ordem natural, a união dos sexos entre os animais é
orientada para a procriação. Disso se segue que todo ato se-
xual que não pode conduzir à procriação é oposto à natureza
animal do homem”. Por esta razão é qualificado como peca-
do contra a natureza.
Quando o homem abandona o plano do Criador, consci-
ente e maliciosamente — portanto, não por desconhecimen-

20
to ou sem dar ao ato pleno consentimento — suas ações cons-
tituem uma revolta contra a ordem sábia e maravilhosa que
Deus estabeleceu no universo. Muitos abafam a voz da cons-
ciência, rejeitam a Lei natural e agem deliberadamente con-
tra o plano estabelecido por Deus. Contrariando assim a von-
tade do Criador, ofendem a sua divina Sabedoria. Essa é uma
forma de ateísmo prático, que pode conduzir à negação da
própria existência de Deus (ateísmo teórico), pois somente
assim o homem pode justificar para si mesmo suas normas
erradas de conduta.
Embora estejamos tratando especificamente de homos-
sexualismo, que é o qualificativo para atos sexuais entre pes-
soas do mesmo sexo, devemos lembrar que são também con-
denáveis pelo mesmo motivo a masturbação e as inúmeras
formas de aberrações e perversões sexuais, mesmo quando
praticadas dentro do matrimônio, pois também não condu-
zem à procriação.
Em resumo: a atividade sexual só está de acordo com a
vontade de Deus e as regras por Ele postas na natureza quan-
do realizada dentro do casamento monogâmico e indissolúvel,
visando a geração e educação de filhos.

15 – Uma opção individual torna aceitável o comportamento


homossexual?
Não, pois o que torna legítima uma ação não é a escolha,
mas sim a sua natureza. Por exemplo, se alguém escolhe ser
ladrão, seu roubo não fica por isso justificado. Do ponto de
vista sexual acontece a mesma coisa. Se alguém decide fazer
algo que contraria a natureza do ato sexual, este não se torna
legítimo por ter ele feito essa opção.

21
II

MORAL CATÓLICA
E MANDAMENTOS
16 – De onde vem a autoridade da Igreja para falar sobre
assuntos relativos à moral sexual?
A autoridade da Igreja Católica para definir normas de
moral sexual lhe foi conferida pelo próprio Jesus Cristo. Ela
é a guardiã e intérprete da Revelação divina, e também a
autêntica intérprete da Lei natural. Caso não houvesse uma
autoridade infalível para garantir e interpretar a moral reve-
lada e natural, facilmente se cairia no mais completo
relativismo ou nas condutas mais absurdas e aberrantes, como
inúmeras que existiram ao longo da História, e ainda prolife-
ram hoje em dia.

17 – Por que se considera pecado o ato sexual fora do ma-


trimônio?
De acordo com Santo Tomás, nos atos humanos um pe-
cado é aquilo que contraria a ordem da razão; e a ordem da
razão consiste em que todas as ações sejam ordenadas para o
seu fim, de maneira adequada. Da mesma forma que o uso
dos alimentos é ordenado para o fim de preservar a vida, o
uso dos atos venéreos é ordenado para preservar a espécie
humana (cf. Suma Teológica, II-II, q. 153, a. 2).
O fim primordial do ato sexual (a preservação da espécie
humana) pode ser frustrado de dois modos. Primeiramente,
evitando artificialmente a concepção ou praticando atos se-
xuais estéreis por natureza, como a masturbação, o

22
homossexualismo e outras aberrações. Em segundo lugar
quando, mesmo que seja respeitada a natureza fecunda do
ato sexual, faltam às partes a preocupação e as condições
para educar adequadamente a prole. Isso é o que acontece no
adultério, fornicação, incesto ou estupro, sendo portanto atos
pecaminosos.

18 – Qual a gravidade do pecado de homossexualismo?


Todo ato de luxúria diretamente procurado e consumado é
um pecado mortal. Mas há graus de maldade no pecado mor-
tal, pois alguns têm maior gravidade que outros. Por exemplo,
o adultério é mais grave que a simples fornicação, e o incesto
mais grave que o adultério. Os pecados contra a natureza
(homossexualismo, bestialidade) são ainda mais graves, por-
que contrariam não somente a finalidade própria do ato se-
xual, mas ainda a sua fisiologia. São “contrários à ordem natu-
ral do ato sexual como adequado à espécie humana” (Suma
Teológica, II-II, q. 154, a. 11). Em concreto, o pecado de
homossexualismo é especialmente grave porque viola a or-
dem natural dos sexos, estabelecida por Deus na criação. Por
isso está classificado entre os pecados que bradam aos céus
por vingança. A Sagrada Escritura o afirma explicitamente
quando os anjos dizem a Lot: “Vamos destruir este lugar, pois
é tão grande o clamor diante do Senhor contra os da cidade,
que Ele nos enviou para destruí-la” (Gen. 19, 13).

19 – Desde quando a Igreja condena o homossexualismo?


Tanto na doutrina moral quanto na sua disciplina interna, a
Igreja Católica sempre condenou o homossexualismo, com
base nas Escrituras e na Tradição. O Gênesis não deixa dúvida
de que o homossexualismo era o pecado mais grave de Sodoma,
e todos os exegetas tradicionais afirmam que foi esta a causa

23
Deus destrói Sodoma
e Gomorra. Lot foge
com duas filhas,
enquanto sua mulher é
castigada por Deus pelo
fato de olhar para trás
(cfr. Gen. 19, 24 a 26).
Gravura de Gustavo Doré
(séc. XIX).

do castigo divino. Os ha-


bitantes dessas cidades
cometeram vários outros
pecados relacionados
entre si, mas a causa da
punição com fogo do céu
foram os pecados de homossexualismo. Sendo a narrativa do
Gênesis a fonte principal de informação sobre o pecado e cas-
tigo de Sodoma e Gomorra, todas as outras referências bíblicas
devem ser entendidas conforme essa narrativa.
No Antigo Testamento as relações homossexuais são con-
denadas como graves depravações. Uma punição tão porten-
tosa como a destruição de Sodoma e Gomorra por fogo de
enxofre corresponde a uma situação extremamente pecami-
nosa, e é um exemplo permanente para todos os séculos (cf.
Deut. 29, 23; Is. 1, 9-10; 3, 9; 13-19; Jer. 49, 18; Lam. 4, 6;
Amós 4, 11; Sof. 2, 9).

20 – No Novo Testamento há condenações ao homos-


sexualismo?
Em sua segunda Epístola, São Pedro mostra que a puni-
ção de Sodoma e Gomorra permanece como advertência aos

24
que praticam o mal, e afirma que Deus “condenou à destrui-
ção e reduziu a cinzas as cidades de Sodoma e Gomorra para
servir de exemplo para os ímpios do porvir” (II Pe. 2, 6).
O Apóstolo São Paulo não deixa margem a ambiguidade.
Define especificamente como desonra para os próprios cor-
pos a prática do homossexualismo, e acentua o seu caráter
antinatural: “Por isso Deus os entregou a paixões vergonho-
sas: as suas mulheres mudaram as relações naturais em rela-
ções contra a natureza. Do mesmo modo também os homens,
deixando o uso natural da mulher, arderam em desejos uns
para com os outros, cometendo homens com homens a tor-
peza, e recebendo em seus corpos a paga devida ao seu des-
vario” (Rom. 1, 26-27).
Ver também: I Cor. 6, 10; I Tim. 1, 10: Rom. 9, 29; Mt.
10, 15; Judas, 7.

21 – Santos, Padres da Igreja e escritores eclesiásticos con-


denam o homossexualismo?
São numerosos os textos em que os Santos, Padres da
Igreja e escritores eclesiásticos condenam com veemência o
homossexualismo. Citaremos alguns, a título de exemplos:
Tertuliano (160-225): “Todos os outros delírios das pai-
xões – ímpios tanto em relação aos corpos quanto em relação
aos sexos – distantes das leis da natureza, nós os expelimos
não só da soleira da porta, mas de qualquer abrigo da Igreja,
porque não são apenas pecados, são monstruosidades”.
Eusébio de Cesaréia (260-341): “[Deus, na lei que deu a
Moisés, proibiu] todo casamento fora da lei e todo costume
indecente, e a união de mulher com mulher e de homem com
homem”.
São Jerônimo (340-420): “Sodoma e Gomorra pode-
riam ter aplacado a cólera de Deus, se quisessem arrepen-
der-se, e por meio do jejum ganhar para si lágrimas de
arrependimento”.

25
São João Crisóstomo (347-407): “Se zombais ao ouvir
falar do inferno e não acreditais no seu fogo, lembrai-vos de
Sodoma. Muitos não acreditariam no que acontecerá após a
ressurreição, mas se ouvem falar agora de um fogo
inextinguível, Deus os conduz a pensar corretamente através
das coisas presentes. Considerai quão grande foi o pecado,
para forçar aquele incêndio destruidor e o aparecimento do
inferno antes do tempo! Aquela chuva [de enxofre] foi o opos-
to da chuva comum. Mas se ela era fora do comum, as rela-
ções sexuais eram também contrárias à natureza; se ela inun-
dou a terra, a luxúria havia feito o mesmo com as almas de-
les. Aquela chuva não estimulou o seio da terra a produzir
frutos, mas além disso tornou-a inútil para receber a semen-
te. As relações sexuais dos homens tornaram também seus
corpos mais inúteis que a própria terra de Sodoma. Há algo
mais detestável e mais execrável do que um homem que se
prostitui?”.
Santo Agostinho (354-430): “As ofensas contrárias à na-
tureza devem ser detestadas e punidas em todo o tempo e
lugar. Assim aconteceu com os sodomitas, e todas as nações
que as cometerem deveriam ser igualmente culpadas do mes-
mo crime ante a lei divina, pois Deus não fez os homens de
tal modo que possam abusar um do outro daquele modo. A
amizade que deve existir entre Deus e nós é violada quando
a própria natureza, da qual Ele é autor, fica poluída pela per-
versão da luxúria”.
São Pedro Damião (1007-1072): “Em verdade, este vício
[do homossexualismo] não pode jamais ser comparado com
nenhum outro, pois ultrapassa a enormidade de todos os
vícios. Ele corrompe tudo, mancha tudo, polui tudo. Por sua
própria natureza, não deixa nada puro, nada limpo, nada que
não seja imundície. A carne miserável arde com o calor da
luxúria; a mente fria treme com o rancor da suspeita; e no

26
coração do homem miserável o caos ferve como Tártaro [in-
ferno]. De fato, depois que essa serpente venenosa introduz
suas presas na infeliz alma, o senso é retirado, a memória se
desgarra, a clareza da mente é obscurecida. Ele não se lembra
mais de Deus, e até se esquece de si mesmo. Essa praga solapa
os fundamentos da fé, enfraquece a força da esperança, destrói
o laço da caridade; afasta a justiça, subverte a fortaleza, expul-
sa a temperança, entorpece a perspicácia da prudência”.
Santo Tomás de Aquino (1225-1274): “Todos os pecados
da carne merecem condenação, pois através deles o homem se
deixa dominar pelo que tem da natureza animal. Muito mais
merecem condenação os pecados contra a natureza, pelos quais
o homem degrada sua própria natureza animal”.
Santa Catarina de Siena (1347-1380). Jesus diz a ela em
uma revelação privada: “Os homossexuais agem cheios da-
quela impureza para a qual todos vós estais inclinados devi-
do à fraqueza da vossa natureza. Mas além de não refrearem
essa fragilidade, esses desgraçados fazem pior, cometendo
aquele maldito pecado contra a natureza. Como cegos e in-
sensatos, não reconhecem o mau odor e a miséria em que se
encontram. Esse pecado gera mau odor diante de mim, que
sou a suprema e eterna Verdade. Além disso ele me desagra-
da a tal ponto, e eu o tenho em tanta abominação, que por
causa apenas dele queimei cinco cidades, pois a minha justi-
ça divina não mais podia suportá-lo. Esse pecado desagrada
não apenas a mim, como já disse, mas também aos próprios
demônios, que esses desgraçados transformaram em seus se-
nhores. Não que esse mal desagrade aos demônios, pois não
gostam de nada que seja bom, mas porque a natureza deles,
que foi originalmente angélica, provoca-lhes repugnância ao
ver cometer tão enorme pecado”.
São Bernardino de Siena (1380-1444): “A maldita
sodomia sempre foi detestada por todos os que vivem de

27
acordo com Deus. Nenhum pecado no mundo prende tanto a
alma. Agitada por uma ânsia insaciável de prazer, a pessoa
não obedece à razão, e sim ao delírio, pois a paixão desviada
é próxima à loucura. Esse vício transtorna o intelecto, destrói
a elevação e generosidade da alma, rebaixa a mente dos gran-
des pensamentos para os mais baixos, torna a pessoa pregui-
çosa, irascível, obstinada e endurecida, servil e relaxada, in-
capaz de qualquer coisa. Seus adeptos tornam-se cegos, e
enquanto seus pensamentos deveriam elevar-se para coisas
altas e grandes, são despedaçados e reduzidos a coisas vis,
inúteis e pútridas, que nunca podem torná-los felizes. Da
mesma forma que as pessoas virtuosas participam na glória
de Deus em diversos graus, também no inferno alguns so-
frem mais que outros. Quem viveu com esse vício da sodomia
sofre mais do que outros, pois este é o maior pecado”.

22 – O Supremo Magistério da Igreja contém condenações


ao homossexualismo?
Além dos Padres da Igreja, dos santos e dos exegetas,
cujos ensinamentos gozam de autoridade e integram o
patrimônio eclesiástico, há muitíssimos documentos emana-
dos do Magistério infalível da Igreja condenando o
homossexualismo. Dentre esses, destaquemos alguns:
3° Concílio Ecumênico de Latrão (1179): “Todos aque-
les culpados do vício antinatural — pelo qual a ira de Deus
desceu sobre os filhos da desobediência e destruiu as cinco
cidades com fogo — se são clérigos, que sejam expulsos do
clero e confinados em mosteiros para fazerem penitência; se
são leigos, devem ser excomungados e completamente sepa-
rados da sociedade dos fiéis” (cânon 11).
5° Concílio Ecumênico de Latrão (1512-1517): Este con-
cílio estabeleceu que qualquer membro do clero surpreendi-

28
do na prática do homossexualismo seja suspenso de ordens
ou obrigado a fazer penitência em um mosteiro.
Papa São Pio V (1566): “Tendo posto nossa atenção na
remoção de tudo quanto possa de alguma maneira ofender a
divina majestade, resolvemos punir acima de tudo, e sem
leniência, aquelas coisas que, com base na autoridade da Sa-
grada Escritura ou nos mais graves exemplos, são conhecidas
por desagradar a Deus e provocar sua ira mais do que outras,
isto é: negligência no culto divino, simonia ruinosa, o crime de
blasfêmia e o vício libidinoso execrável contra a natureza;
por essas faltas, povos e nações são punidos por Deus com
catástrofes, guerras, fome e peste. Quem cometer o nefando
crime contra a natureza, que levou a cólera de Deus a cair
sobre os filhos da iniquidade, será entregue ao braço secular
para ser punido; se for clérigo, será sujeito à mesma pena, de-
pois de despojado do seu ofício” (Bula Cum Primum).
Papa São Pio V (1568): “Aquele horrendo crime, pelo
qual as cidades corruptas e obscenas [Sodoma e Gomorra]
foram queimadas por condenação divina, nos enche de amarga
dor e nos estimula veementemente a reprimi-lo com o maior
zelo possível. Com toda a razão o 5° Concílio de Latrão (1512-
1517) estabelece que todo membro do clero apanhado na
prática do vício contra a natureza, pelo qual a cólera divina
caiu sobre os filhos da iniquidade, seja despojado das ordens
clericais ou obrigado a fazer penitência em um mosteiro (c.4,
X, V, 31). Para que o contágio de tão grande flagelo não se
propague com maior audácia valendo-se da impunidade, que
é o maior incentivo ao pecado, e a fim de castigar mais seve-
ramente os clérigos culpados desse nefando crime que não
estejam aterrorizados com a morte da alma, decidimos que
eles sejam castigados pela autoridade secular, que faz cum-
prir a lei. Portanto, com o desejo de adotar com maior vigor

29
o que decretamos desde o início do Nosso Pontificado (Bula
Cum Primum), estabelecemos que todo sacerdote ou mem-
bro do clero, seja secular ou regular, de qualquer grau ou
dignidade, que cometa esse horrível crime, por força da pre-
sente lei seja privado de todo privilégio clerical, ofício, dig-
nidade e benefício eclesiástico; e que, uma vez degradado
pelo juiz eclesiástico, seja entregue à autoridade civil para
receber a mesma punição que a lei reserva aos leigos que se
lançaram nesse abismo” (Bula Horrendum illud scelus).
Catecismo Maior, promulgado pelo Papa São Pio X
(1910): A sodomia está classificada em gravidade logo de-
pois do homicídio voluntário, entre os pecados que clamam
a Deus por vingança. “Desses pecados se diz que clamam a
Deus por vingança, porque o Espírito Santo assim o diz, e
porque a sua iniquidade é tão grave e evidente, que provoca
a punição de Deus com os castigos mais severos”.
Código de Direito Canônico de 1917: “Os leigos que te-
nham sido legitimamente condenados por delitos contra o
sexto mandamento, cometidos com menores que não tenham
chegado aos dezesseis anos de idade, ou por estupro, sodomia,
incesto, lenocínio, são ipso facto infames, ademais de outras
penas que o Ordinário queira impor-lhes” (cânon 2357, § 1).
O cânon 2358 prevê que clérigos de ordens menores (os que
não são ainda subdiáconos ou acima) sejam punidos “até pela
dispensa do estado clerical”. Com relação aos clérigos de
ordens mais elevadas (diácono, sacerdote e bispo): “Se co-
meteram um crime contra o sexto mandamento com um
menor de 16 anos de idade, ou cometeram adultério, estupro,
bestialidade, sodomia, lenocínio, ou incesto com consan-
guíneos ou afins, serão suspensos de ordem, declarados infa-
mes, privados de qualquer ofício, benefício, dignidade ou
cargo que possam ter; e em casos mais graves, serão depos-
tos” (cânon 2359).

30
Congregação para a Doutrina da Fé (1975). Em 29 de
dezembro de 1975, em meio ao abandono da moral cristã
provocado pela revolução sexual, a Sagrada Congregação
para a Doutrina da Fé publicou a declaração Persona Huma-
na – Sobre alguns pontos de ética sexual. Denuncia o
subjetivismo moral prevalente, que muitos teólogos estavam
defendendo com base em uma abordagem pastoral mal ori-
entada, e relembra a doutrina categórica da Igreja e da ética
natural, afirmando que todo ato sexual fora do matrimônio é
pecaminoso. Consequentemente condena o sexo pré-mari-
tal, a coabitação, a masturbação e o homossexualismo (doc.
cit., VII, IX). Condena também a conclusão de que uma
relação homossexual estável análoga ao matrimônio pos-
sa ser justificada: “Não pode ser usado nenhum método
pastoral que dê justificação moral a esses atos com base
em que eles seriam consoantes com a condição de tais
pessoas. Pois, de acordo com a ordem moral objetiva, as
relações homossexuais são atos desprovidos de uma fina-
lidade essencial e indispensável” (doc. cit., VIII).

23 – O ensinamento dos papas mais recentes sobre o


homossexualismo continua o mesmo?
Na encíclica Veritatis Splendor (1993), João Paulo II tra-
tou de assuntos fundamentais que envolvem o ensinamento
moral da Igreja. Certos teólogos haviam alegado, com base
numa concepção errada do ato sexual, que os documentos do
Magistério, particularmente sobre a moral sexual e conjugal,
apresentam como leis morais certas leis que, em si mesmas,
seriam apenas biológicas. Tais teólogos sustentam que esse
modo de entender a Lei natural conduziu a condenar como
moralmente inadmissíveis a contracepção, a esterilização
direta, a masturbação, as relações pré-matrimoniais, as rela-

31
ções homossexuais, como também a fecundação artificial. A
encíclica contrapõe a esses erros esta afirmação: “Ao ensinar
a existência de atos intrinsecamente maus, a Igreja cinge-se à
doutrina da Sagrada Escritura. O apóstolo Paulo afirma cate-
goricamente: ‘Não vos enganeis: nem imorais, nem idóla-
tras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem
ladrões, nem avarentos, nem maldizentes, nem os que se dão
à embriaguez, nem salteadores possuirão o Reino de Deus’ (I
Cor. 6, 9-10)”. Portanto essa encíclica constitui uma
reafirmação da Lei natural e da perene condenação do homos-
sexualismo.

24 – Qual a orientação do Catecismo da Igreja Católica


sobre o homossexualismo?
Em 1993, a Santa Sé publicou o Catecismo da Igreja
Católica, que reafirma a doutrina expressa em documentos
anteriores. Ensina claramente que o homossexualismo é con-
trário à natureza, e que os atos homossexuais estão entre os
“pecados gravemente contrários à castidade” (CIC, nº 2396).
Ensina também que os atos homossexuais são “intrinseca-
mente desordenados”, “contrários à Lei natural”, e “em ne-
nhuma circunstância podem ser aprovados” (CIC, nº 2357).

25 – A Igreja condena quem apenas tem a tendência ho-


mossexual, mas não pratica atos homossexuais?
Não os condena, pois há certo número de pessoas que,
embora tenham a desordenada tendência homossexual, lu-
tam contra ela e não se deixam conduzir ao pecado. Esta
atitude de ascese é sumamente louvável, e tais pessoas são
dignas de apreço. De nenhum modo podem ser censuradas
pelo simples fato de possuírem essa inclinação. Há também
pessoas que chegam a cometer o pecado homossexual, po-

32
rém dele se arrependem, procurando corrigir-se. O coração
do católico praticante se enche de compaixão pelos que lu-
tam contra a tentação violenta ou contínua para o pecado,
seja o de homossexualismo ou qualquer outro. É nossa espe-
rança que a descrição aqui feita das consequências físicas,
morais e espirituais dos pecados da carne os incentive no seu
combate espiritual e os incite a afastarem-se das ocasiões
próximas de pecado, assim como a compreenderem a neces-
sidade e beleza da virtude da castidade. Rogamos à Virgem
Santíssima que os assista com sua graça, a fim de vencerem
as tentações e não caírem.

26 – Quem sente atração homossexual comete pecado?


Já ficou respondido acima, mas convém insistir. Embora
a atração por pessoas do mesmo sexo seja intrinsecamente
desordenada, não se pode concluir daí que o simples fato de
padecer dessa atração torne a pessoa indigna, ou que tenha
cometido pecado. Para incidir em pecado mortal são neces-
sários o conhecimento e o pleno consentimento. Uma coisa é
ter atração por algo mau, e outra é consentir nela. Por exem-
plo, quem tem tendência para mentir, mas resiste e não men-
te, não pode ser considerado um desprezível mentiroso.

27 – A atração homossexual é uma tendência desordenada?


Sem dúvida alguma, como o afirma a Congregação para a
Doutrina da Fé, na Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre
o Cuidado Pastoral de Pessoas Homossexuais (1/10/1986).
Fazendo a distinção entre tendência e prática homossexual,
explica: “Embora a inclinação particular da pessoa homosse-
xual não seja pecado, é uma tendência, mais forte ou menos,
orientada para um mal moral intrínseco; e portanto a própria
inclinação deve ser considerada como objetivamente

33
desordenada” (doc. cit., nº 3). Assim, os que sofrem de atração
pelo mesmo sexo e querem resistir a ela encontrarão solução
para a sua penosa situação na Cruz de Nosso Senhor Jesus
Cristo: “Fundamentalmente, eles são chamados a praticar o
desígnio de Deus em suas vidas associando ao sacrifício da
Cruz do Senhor todos os sofrimentos e dificuldades que te-
nham, decorrentes da sua condição” (doc. cit., nº 12).

28 – Deve-se discriminar pessoas que apenas têm tendên-


cia homossexual, sem ceder a ela?
Embora a inclinação homossexual seja “objetivamente
desordenada”, os que a têm sem culpa própria e lutam por
cumprir a vontade de Deus devem ser tratados e ajudados
com caridade cristã, sem discriminação injusta. Também o
Catecismo da Igreja Católica aborda o assunto, confirmando
que essas pessoas são chamadas a cumprir a vontade de Deus
nas suas vidas; e se são cristãos, a unirem ao sacrifício de
Nosso Senhor na Cruz as dificuldades com que possam de-
parar, em decorrência da sua condição (cf. CIC, nº 2358).

29 – Qual a atitude da Igreja sobre os homossexuais que se


orgulham de sua prática?
Há uma enorme diferença entre as pessoas que comba-
tem suas tendências desregradas e os que ostentam como
motivo de orgulho não só tais tendências, mas também seus
próprios pecados, procurando inclusive impor a toda a soci-
edade que aceite como normal, irrepreensível e até passível
de imitação o seu modo de vida. Assim, além de cometerem
esse pecado abominável, chegam a fazer dele um execrável
proselitismo, disseminando o seu odor pestilento por toda a
sociedade. Como desculpar ou perdoar uma atitude como
essa, de ufanismo pelo pecado que brada aos céus e clama a
Deus por vingança?

34
30 – É lícito discriminar os que praticam publicamente o
homossexualismo?
A palavra discriminação adquiriu indevidamente uma
conotação de injustiça. Essa conotação é contrária ao sentido
próprio da palavra, pois em si mesma ela significa um
discernimento, um modo diferente de tratar as pessoas de
acordo com as suas características. Nesse sentido próprio e
correto, é justo discriminar aqueles que praticam qualquer
forma de mal, na medida em que aderiram a esse mal. As-
sim, nós nos afastamos das pessoas que habitualmente men-
tem ou caluniam. É o que acontece com os libertinos, ho-
mossexuais ou heterossexuais, que procuram impor a sua con-
duta à sociedade. Assim sendo, os homossexuais praticantes
e militantes podem ser legitimamente discriminados, e tem-
se mesmo o dever de discriminá-los nos casos em que o fun-
damento da discriminação seja o modo de vida homossexual
que eles ostentam e procuram difundir.
Por exemplo, pode-se recusar a contratar como empre-
gado doméstico, como babá ou como professor dos filhos
quem assume essa posição militante a favor do homos-
sexualismo. A tolerância de hoje para com a imoralidade abriu
caminho para todo tipo de doutrinas erradas e maus procedi-
mentos, mas cabe especialmente ao católico fiel proteger
contra tais influências as pessoas que estão sob sua responsa-
bilidade. Evitando essas influências perniciosas, estará agin-
do exatamente como quem se recusa a contratar um crimino-
so, fazendo uma justa discriminação.

31 – Essa discriminação não representa uma violência aos


homossexuais praticantes?
De modo nenhum! Trata-se apenas de um recurso legíti-
mo que cada um deve empregar para proteger contra influên-

35
cias perniciosas as pessoas, instituições ou atividades que es-
tão sob sua responsabilidade. Não é apenas um direito, pois
em muitos casos se trata de um dever. É claro que não estamos
de nenhum modo justificando a prática de violências arbitrári-
as contra os homossexuais, que devem ser tratados com justi-
ça e caridade cristãs, como já vimos. Além desse preceito de
caridade cristã, outro motivo muito especial para evitar agres-
sões aos homossexuais é que os ativistas podem instru-
mentalizá-las para reivindicar proteções legais contra a cha-
mada homofobia. Veremos adiante que os homossexuais têm
grande interesse em apresentar-se como vítimas, perseguidos,
coitadinhos, e nada melhor para isso do que sofrerem agres-
sões, algumas das quais parecem até “encomendadas”.

32 – Os jornais e televisões têm divulgado notícias de


corrupção no clero. O que pensar disto?
Infelizmente muitos casos são reais, e devemos condená-
los com a mesma severidade e indignação com que o Divino
Salvador condenou os que escandalizam os pequeninos (Mt.
18, 6). É sumamente lamentável a existência de membros do
clero indignos, fenômeno que se agravou com a crise pós-
conciliar. Contudo, corrupção acontece até com membros das
instituições mais santas. Entre os Apóstolos houve um Judas
Iscariotes... Mas a existência de maus pastores e de pecados
na Igreja Católica não macula a sua santidade, como não
maculou a do Colégio Apostólico.
Não devemos no entanto fechar os olhos para o fato de
que a mídia usa de dois pesos e duas medidas neste assunto.
Ao mesmo tempo que favorece por todos os meios a imora-
lidade reinante, e mesmo a prática homossexual, ela se mos-
tra escandalizada quando a constatam em algum sacerdote.
Os ativistas do movimento homossexual participam desses

36
ataques ao clero, seja como autodefesa ou como represá-
lia às posições firmes da doutrina católica nessa matéria.
Trata-se também de uma arma de intimidação, para do-
brar a Igreja e conseguir que ela se mantenha em silêncio
e não cumpra o seu dever, que consiste em alertar os fiéis
contra esse pecado que provoca a ira de Deus.
Por fim, convém considerar que Nosso Senhor Jesus
Cristo permite à sua Igreja passar por crises, para testar a
fé dos fiéis. Mas a sua graça nos assiste para que nós, uma
vez testados, permaneçamos “fortes na fé” (I Pe 5, 8-9).
Os leitores interessados especificamente neste assunto le-
rão com proveito o livro I Have Weathered Other Storms
(Eu enfrentei outras tempestades), publicado pela TFP
americana (http://www.ipco.org.br/home/livros/10).

33 – Que medidas toma a Igreja para evitar no seu clero


práticas homossexuais, sobretudo com menores?
Em 2 de fevereiro de 1961, a Sagrada Congregação para
os Religiosos promulgou sua Instrução Religiosorum
Institutio, a respeito de Seleção Cuidadosa e Treinamento de
Candidatos aos Estados de Perfeição e Ordens Sacras. Esta
diretiva da Santa Sé, enviada a todos os superiores de ordens
e congregações religiosas, determina o seguinte:
“Se um estudante de seminário menor pecou gravemente
contra o sexto mandamento com uma pessoa do mesmo sexo
ou do outro sexo, ou foi ocasião de escândalo grave em ma-
téria de castidade, deve ser expulso imediatamente, como
prevê o cânon 1371.
“Se um noviço ou um religioso professo que ainda não
fez votos perpétuos for culpado da mesma ofensa, deve ser
expulso da comunidade; ou, se as circunstâncias assim o exi-
girem, deve ser dispensado como estipulado no cânon 647,
§2, n° 1.

37
“Se um religioso professo for julgado culpado de qual-
quer desses pecados, deve ser perpetuamente excluído da
tonsura e da recepção de qualquer ordem posterior.
“Por fim, se for subdiácono ou diácono, sem prejuízo das
diretivas acima mencionadas, e se assim o caso exigir, os
superiores devem deixar para a Santa Sé a questão da redu-
ção ao estado leigo.
“Por estas razões, clérigos em sua diocese ou religiosos
em outra comunidade, que pecaram gravemente contra a cas-
tidade com outra pessoa, não devem ser admitidos com vis-
tas ao sacerdócio.
“O caminho para os votos religiosos e ordenação deve
ser barrado para aqueles afligidos por graves tendências à
homossexualidade ou pederastia, tendo em vista que para
eles a vida comunitária e o ministério sacerdotal constitui-
riam sério perigo”.

34 – O que estabelece o Código de Direito Canônico sobre


o homossexualismo no clero?
O novo Código de Direito Canônico, promulgado em
1983, mantém sanção relativa aos vários “pecados externos
contra o sexto mandamento” para os clérigos que cometam
pecados contra a castidade — embora deixe de especificá-
los, exceto o pecado de concubinato:
“Exceto o caso mencionado no cânon 1394, um clérigo
que vive em concubinato, ou que permaneça em outro peca-
do externo contra o sexto mandamento do Decálogo que pro-
duza escândalo, deve ser punido com suspensão; e se o cléri-
go persiste em tal ofensa depois de ter sido advertido, outras
penalidades podem ser acrescidas gradualmente, inclusive a
dispensa do estado clerical (cânon 1395, § 1). Se um clérigo
cometeu de outro modo uma ofensa contra o sexto manda-

38
mento do Decálogo com o uso da força, ou ameaças, ou pu-
blicamente, ou com um menor de 16 anos, deve ser punido
com justas penalidades, incluindo a dispensa do estado cleri-
cal se o caso o exigir” (cânon 1395, § 2).
O Código de Direito Canônico trata ainda de alguns ca-
sos específicos:
O sacerdote que, no ato da confissão, por ocasião de con-
fissão ou com pretexto de confissão, solicita o penitente para
um pecado contra o sexto mandamento do Decálogo, seja
punido, conforme a gravidade do delito, com suspensão, proi-
bições, privações e, nos casos mais graves, seja demitido do
estado clerical (cânon 1387).
Um dos pecados que provoca excomunhão é o do sa-
cerdote que concede a absolvição ao seu cúmplice no pe-
cado da carne, ou seja, quando um sacerdote absolve seu
próprio parceiro no pecado de corrupção ou relação ínti-
ma. O cânon 977 determina: “Exceto em perigo de morte,
é inválida a absolvição do cúmplice em pecado contra o
sexto mandamento do Decálogo”. E o cânon 1378 especi-
fica: “O sacerdote que age contra a prescrição do cânon
977 incorre em excomunhão latæ sententiæ reservada à
Sé Apostólica”.
Como se vê, o sacerdote que pecou contra o sexto manda-
mento fica privado de jurisdição para absolver o seu cúmplice
dos pecados que com ele praticou. A absolvição de um cúm-
plice em pecado torpe é gravemente ilícita, e até inválida, exceto
em perigo de morte. Mesmo em perigo de morte, exceto em
caso de necessidade, não é lícito ao confessor conceder a ab-
solvição quando participou como cúmplice do pecado, nos
termos das constituições apostólicas, e nomeadamente da Cons-
tituição de Bento XIV Sacramentum penitentiæ.
A situação inversa também é prevista pela Santa Sé, pois

39
se algum penitente confessa ter denunciado falsamente à au-
toridade eclesiástica um confessor, que no entanto era ino-
cente do crime de solicitação para pecado contra o sexto
mandamento do Decálogo, ele não pode ser absolvido sem
antes ter retratado formalmente a falsa denúncia, e sem que
esteja disposto a reparar os danos, se houver (cf. cânon 982).

35 – O que ensina a Igreja sobre a tolerância ou legaliza-


ção do homossexualismo?
O pensamento da Igreja nesta matéria está bem expresso
no documento Considerações sobre os Projetos de Reconhe-
cimento Legal das Uniões entre Pessoas Homossexuais, pu-
blicado em 2003 pela Congregação da Doutrina da Fé. Assi-
nado pelo então Cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento
XVI, o documento reafirma a doutrina católica sobre moral
sexual. Além de condenar a prática homossexual, convoca
os católicos a se oporem à legalização de uniões homossexu-
ais e “desmascarar o uso instrumental ou ideológico” que o
movimento homossexual faz da tolerância legal assumida
pelo Estado em face de tais formas de vida. Afirma que tais
dispositivos legais contribuem “para difundir o próprio fe-
nômeno”, colocando em risco especialmente as “jovens ge-
rações” (cf. Considerações, nº 5).

40
III

CONCEITOS RELACIONADOS
COM O TEMA
DESTE TRABALHO

36 – O que é homossexualismo?
Homossexualismo é a prática de relação amorosa e/ou
sexual entre indivíduos do mesmo sexo. Resulta de um dese-
jo sexual desordenado, que se orienta para o mesmo sexo ao
invés de orientar-se para o sexo oposto.
Em sua luta pela aceitação pública, os ativistas favorá-
veis ao homossexualismo evitam a palavra homossexual e
seus derivados, por estar associada a comportamento moral-
mente condenável. Não obtiveram êxito os esforços para subs-
tituí-la por homófilo, o que os levou a identificar-se como
gays, palavra hoje universalmente divulgada. Gay, como si-
nônimo de homossexual, não significa meramente uma pes-
soa com orientação homossexual. Vai muito além, e identifi-
ca quem adota publicamente um estilo de vida homossexual
e se empenha em que ele seja aceito pela sociedade como
plenamente legítimo.
Deliberadamente não usamos a palavra gay como sinô-
nimo de homossexual (exceto quando incluída em citações),
porque esse uso constitui de fato uma propaganda a favor do
movimento homossexual. Na língua inglesa, gay significa
alegre, divertido, jovial, festeiro, etc., conceitos estes de ca-
ráter elogioso, que de forma alguma julgamos apropriado
atribuir a esse gênero de pessoas.

41
37 – Há alguma diferença entre homossexualismo e ten-
dência homossexual?
O uso indiscriminado da palavra homossexual, como tam-
bém dos seus derivados e sinônimos, gerou alguma confu-
são no público. Muitas vezes não fica claro se ela está se
referindo a alguém que apenas tem atração por pessoa do
mesmo sexo ou se designa quem pratica atos homossexuais.
Essa confusão beneficia a propaganda homossexual, pois não
se podem equiparar pessoas que adotam o comportamento
homossexual com outras que, embora tendo atração pelo mes-
mo sexo, resistem a essa tendência e são castas. Trata-se de
realidades morais distintas e essencialmente diferentes. As
pessoas que têm essa tendência, mas a ela resistem, são dig-
nas de elogio e podem mesmo ser consideradas virtuosas.
Neste estudo, aplicaremos a palavra homossexual ape-
nas àqueles que praticam atos homossexuais, e que por cau-
sa disso merecem reprovação moral.

38 – O que significa GLBT?


Trata-se de uma sigla formada com as iniciais das se-
guintes palavras: Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transexuais.
Os dicionários definem cada uma delas:
Gay – Homossexual do sexo masculino. Usada também
por muitos para significar homossexual de ambos os sexos;
Lésbica – Mulher homossexual;
Bissexual – Pessoa que tem atração física e emocional
por pessoas do mesmo sexo e também do sexo oposto;
Transexual – Indivíduo que atribui a si próprio uma identi-
dade sexual diferente do seu sexo verdadeiro, com o qual nas-
ceu, desejando viver e ser aceito como sendo do sexo oposto;
GLBT – Sigla que identifica os movimentos homosse-
xuais. Razões táticas levaram os ativistas a inverter a ordem

42
das duas primeiras letras: LGBT. Alguns incluem outras ini-
ciais próprias a várias formas de perversão ou desvios sexuais.

39 – O que é pedofilia?
Pedofilia significa atração sexual de adulto por crianças
de qualquer sexo. Identifica também o pecado ou crime de
um adulto praticar ato sexual com criança.

40 – O que é hermafroditismo?
O hermafroditismo é um fenômeno biológico pelo qual
um mesmo indivíduo possui morfologicamente os dois se-
xos. No estado natural, é frequente no mundo botânico e exis-
tem casos no mundo animal. No gênero humano é muito
raro, constituindo uma patologia, isto é, um desvio da nor-
malidade, do ponto de vista anatômico ou fisiológico. Não é
do que tratamos neste obra, embora seja importante apenas
mencionar para distinguir os conceitos.

41 – O que é androginia?
Androginia designa um ser humano cuja aparência ou
comportamento não permite reconhecer de imediato a que
sexo pertence.

42 – Qual a relação entre androginia e homossexualismo?


À medida que o movimento homossexual avança, ten-
dências andróginas tornam-se cada vez mais visíveis na so-
ciedade. Escrevendo no Journal of Sex Research, Margaret
Schneider observa: “A revolução sexual, que começou nos
anos 1960 com a ascensão da contracultura, combinada mais
tarde com a segunda onda do feminismo, trouxe um surto da
assim chamada liberação sexual, acompanhada por um modo
particular de inclinação sexual. Em nome do interesse da saú-

43
de mental e da igualdade de oportunidades, foi permitido às
mulheres comportar-se um pouco como homens, enquanto
os homens foram incentivados a comportar-se um pouco
como as mulheres. Isso foi denominado androginia, termo
que se refere a uma combinação, no mesmo indivíduo, de
características típicas e atípicas do seu gênero”.
Essa tendência andrógina impregna o mundo da moda
hoje. Manifesta-se no traje dos homens e das mulheres, nos
seus cortes de cabelo e nos perfumes que usam, influencian-
do profundamente a sociedade e favorecendo os costumes
homossexuais e sua propaganda. Nessa linha atua o
costureiro austríaco Helmut Lang, que incorporou uma apa-
rência andrógina às suas criações, nas quais aplica uma teo-
ria abstrusa: “Nós sabemos que as mulheres são ao mesmo
tempo femininas e masculinas, e que os homens são também
femininos e masculinos. Tudo depende do grau em que cada
um assumiu isso”.

43 – A tendência à androginia e a sua fundamentação ide-


ológica são recentes?
Esse desejo de amalgamar homem e mulher num novo
gênero é muito antigo, e está no âmago da ideologia homos-
sexual. O Gênesis afirma que Deus criou o homem e a mu-
lher, mas as seitas gnósticas ocultistas, que tentaram subver-
ter o judaísmo e o cristianismo, alegam falsamente que no
início os seres humanos eram andróginos, no sentido de
hermafroditas, e que no início da Criação havia um ser ao
mesmo tempo feminino e masculino. Pretendem que uma
catástrofe tenha provocado a separação dos sexos em masculi-
no e feminino, tornando-os Adão e Eva, homem e mulher.
A gnose ou gnosticismo é a fonte do erotismo místico. A
mitologia gnóstica alega que a “redenção” do homem con-
siste em reunificar os dois sexos e restaurar o ser andrógino

44
primitivo. Parece portanto que, quando o movimento homos-
sexual fala de androginia, refere-se mais a algo espiritual do
que físico. Usa a androginia como metáfora para sugerir essa
pseudo-realidade místico-gnóstica, que incorpora todos os
seres em um único ser coletivo.

44 – O que é homofobia?
Homofobia é um termo inventado pelo psicólogo ameri-
cano George Weinberg para desacreditar os opositores do
homossexualismo. No seu sentido etimológico, a palavra
homofobia deveria significar a aversão irracional a pessoas
do mesmo sexo, por paralelismo com homoafetividade. No
entanto, o movimento homossexual emprega a palavra para
rotular de modo depreciativo as pessoas que se manifestam
contrárias às práticas homossexuais, que desse modo pas-
sam a ser vistas como preconceituosas ou desequilibradas.
Uma resolução do Parlamento Europeu a favor da legaliza-
ção do “casamento” homossexual, emitida em 2006, define
homofobia, sem nenhuma base na realidade, como “um sen-
timento irracional de medo e de aversão em relação à ho-
mossexualidade e às pessoas lésbicas, bissexuais e
transgêneros”, e propõe que esse sentimento seja combatido
desde a idade escolar.

45 – Por que o movimento homossexual insiste em utilizar


a palavra homofobia?
Porque se trata de um recurso publicitário, e se tem mos-
trado eficiente.
Arthur Evans, co-fundador de Gay Activist Alliance
(Aliança de Ativistas Homossexuais), explica como o mo-
vimento homossexual criou a palavra homofobia para ca-
racterizar seus opositores: “O psicólogo George Weinberg,

45
não-homossexual, mas amigo de nossa comunidade, com-
parecia regularmente aos encontros da GAA. Observando
fascinado a nossa energia e excitação e as respostas da
mídia, ele apareceu com a palavra que nos empenháva-
mos em conseguir: homofobia, que significa o temor irra-
cional de amar alguém do mesmo sexo”. George Weinberg
classificou então a oposição moral ao homossexualismo
como uma anormalidade, uma fobia. Ele vai além: “Eu
nunca consideraria um paciente saudável se ele não tives-
se superado seu preconceito contra o homossexualismo”.
Fica assim claro o caráter ideológico e propagandístico
da palavra, que poderíamos qualificar de arma semântica.
Aplicando aos opositores o rótulo de homófobos, os homos-
sexuais procuram intimidá-los e desqualificá-los, descartan-
do como “temores irracionais” os seus argumentos. Porém,
pelo contrário, tais argumentos são baseados na reta razão,
como explicitaremos neste volume.

46 – Existe algum fundamento para essa alegada


homofobia?
Como expusemos acima, a palavra homofobia foi artifi-
cialmente criada e divulgada para facilitar a aceitação social
e legal do modo de vida homossexual, e tem como objetivo
colocar em posição desconfortável e odiosa todos os que a
ele se opõem, e mesmo criminalizá-los. Os que defendem a
Lei natural e os Dez Mandamentos devem denunciar e des-
montar essa tática desonesta, pois os que fazem esse uso de-
magógico do rótulo homófobo nunca conseguem apresentar
provas científicas dessa suposta fobia, que só existe no arse-
nal de qualificativos com que a propaganda homossexual
procura desmerecer os opositores. Corresponde à mesma tá-
tica empregada outrora pelos comunistas, que acusavam de
fascista quem se opusesse aos seus desígnios e ideologia.

46
IV

REVOLUÇÃO HOMOSSEXUAL

47 – Por que algumas pessoas se tornaram receptivas à


propaganda homossexual?
A força do movimento homossexual e sua atual expan-
são resultam mais da nossa fraqueza do que propriamente da
sua força. Infelizmente, durante décadas a grande maioria
dos bons se deixou confundir pela disseminação da imorali-
dade, feita por meio de modas, costumes e propaganda ideo-
lógica. Isso provocou um enfraquecimento da linha divisória
entre o bem e o mal, entre o certo e o errado em matéria de
pureza. Boa parte da população acabou por perder o senso
do pecado, da ofensa a Deus, decaindo assim os padrões de
moralidade pública e tornando aceitável aos olhos de muitos
o que antes era repelido como abominável.

48 – Essa mudança de mentalidades é recente?


Essa lamentável difusão da imoralidade foi preparada e
realizada paulatinamente ao longo de alguns séculos de trans-
formações culturais. Na literatura, nas artes, nos costumes, o
romantismo colaborou amplamente com essa decadência,
pondo a tônica na emoção e nas sensações, acima da inteli-
gência. O amor romântico, muitas vezes exaltando paixões
insensatas, e mesmo o adultério e a prostituição, passou a ser
apresentado como a finalidade da vida. A mera paixão pas-
sou a legitimar todas as atitudes, sendo assim abandonadas
as normas morais e sociais. O grande ímpeto se deu com a
revolução sexual dos anos sessenta.

47
Esse longo e persistente movimento de liberação sexual
simplesmente destruiu o senso do pudor, que protege a casti-
dade, e erodiu seriamente tanto o matrimônio quanto a famí-
lia. Quando se proclama que “é proibido proibir”, como acon-
teceu na revolução estudantil anarquista de maio de 1968,
que lugar sobra para a moral? Nenhum! É a própria negação
da moral, e foi resumida na expressão “se você gosta de fazer
algo, faça-o”.
No cerne dessa revolução está uma revolta contra todas
as normas da moralidade que mitigam ou restringem as pai-
xões desordenadas do homem. A difusão dessa mentalidade
foi devastadora, a ponto de a coabitação informal de casais e
as relações sexuais pré-matrimoniais, que antes chocavam a
sociedade, hoje em dia nem sequer serem contestadas.

49 – A procura do prazer, sem nenhum compromisso, justi-


fica as relações sexuais?
O prazer nas relações sexuais é apenas um estímulo para
que o ato de geração se torne mais atraente, e uma compen-
sação para as responsabilidades que a prole acarreta. Mas
uma prolongada erosão da moralidade preparou o caminho
para que a atividade sexual fosse desvinculada da procriação
e concebida apenas como um prazer egoísta. A pílula anti-
concepcional facilitou essa desvinculação, deflagrando a ex-
plosão sexual, a procura do prazer sem qualquer compro-
misso. Transformar assim o prazer no princípio que norteia a
vida humana corresponde ao hedonismo, erro difundido por
filósofos antigos e modernos. O hedonismo confunde prazer
com bondade ou subordina o bom ao prazer, subvertendo
assim a ordem moral e envenenando a própria fonte da
moralidade. Aceitando-se a afirmação falsa de que o prazer
justifica a prática sexual, qualquer tipo dessa prática se torna

48
justificável, mesmo que se trate de aberração contrária à na-
tureza, como o homossexualismo.

50 – Pode uma sociedade autenticamente católica aceitar a


prática do homossexualismo?
O antagonismo entre o movimento homossexual e o cris-
tianismo é muito mais profundo do que parece. A prática
homossexual é tão flagrantemente oposta à Lei natural e à
moral revelada (os Dez Mandamentos), que ninguém pode
aceitá-la como legítima. Da mesma forma que o cristianis-
mo influiu profundamente sobre cada aspecto da civilização
no Ocidente cristão, formando assim a Cristandade, uma
mentalidade anárquica e neopagã influencia hoje todos os
aspectos da vida. Restaurou-se em grande medida a socieda-
de pagã, caminhando para transformá-la no mundo radical-
mente oposto à Cristandade, que os homossexuais desejam
— nada menos do que o mal predominando sobre o bem.
Nos argumentos psicológicos, científicos, sociais e polí-
ticos que ativistas homossexuais frequentemente apresentam,
fica clara sua oposição à doutrina católica. Eles promovem
uma verdadeira revolução moral e religiosa, num imenso
esforço para implantar um paganismo de tipo erótico e
antinatural. Para isso têm que suprimir a influência da Igreja.
Mais do que uma guerra cultural, portanto, o mundo está
mergulhado numa autêntica e mal disfarçada guerra religio-
sa contra a Igreja e a civilização cristã. A recusa ao
homossexualismo, enérgica e atuante, é uma obrigação dos
católicos para a defesa da sociedade autenticamente católica.

51 – Existe um movimento homossexual organizado e


atuante?
É notória a existência de uma vasta rede de organizações,

49
grupos de pressão, intelectuais engajados e ativistas radicais
que se esforçam para impor mudanças nas leis, costumes,
moralidade e mentalidades. Pressionam a sociedade para le-
galizar as manifestações públicas do homossexualismo, torná-
las aceitas como boas e normais e criminalizar toda oposição
a elas. Esse conjunto de ativistas chama-se movimento ho-
mossexual. É formado por miríades de grupos, associações e
simpatizantes aparentemente espontâneos e autônomos. É
claro, no entanto, que sem uma base organizada seria impos-
sível à propaganda homossexual atingir os limites inconce-
bíveis que estamos presenciando. Diante de tais resultados,
negar ou desconhecer a existência de uma organização equi-
valeria a acreditar que centenas de letras atiradas de uma ja-
nela pudessem colocar-se espontaneamente em ordem no
solo, e assim produzir uma peça literária — a Ode a Satã
seria um significativo exemplo —, conforme uma alusão do
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.
Em 1982, no seu livro The Homosexual Network, o Pe.
Enrique Rueda relacionou nos Estados Unidos mais de cem
organizações ligadas ao movimento homossexual. Treze anos
depois, em 1995, o Dr. Charles W. Socarides escreveu: “Se-
gundo as estimativas, as seções das associações nacionais e
regionais de homossexuais e lésbicas se elevam a 14.000”.
Isso evidencia a surpreendente expansão do movimento e a
sua enorme estrutura organizacional. É graças a esse poder
organizativo que uma minoria ínfima (segundo estimativas
confiáveis, os homossexuais não chegam a representar três
por cento da população) pode exercer tão grande pressão no
sentido de mudar as leis e os costumes da maioria dos cida-
dãos.

50
52 – Quais são os principais objetivos do movimento ho-
mossexual?
A ofensiva homossexual é a ponta-de-lança da revolução
sexual em nossos dias, preparando a sociedade para aceitar e
adotar formas de comportamento cada vez mais promíscuas
e anormais. O militante homossexual americano Paul Varnell
deixa isso inteiramente claro ao afirmar que “o movimento
homossexual não é um movimento de direitos civis, nem um
movimento de liberação sexual, mas uma revolução moral”,
com o objetivo de mudar a percepção das pessoas sobre o
homossexualismo. Avalia que os homossexuais podem con-
quistar leis de não-discriminação, de “crimes de ódio”, bene-
fícios sobre parceria doméstica, mas isso não seria suficiente
sem a mudança da moral social, que de fato eles desejam.
No mesmo sentido, Paul Rondeau afirma que o papel da
persuasão é vital na guerra cultural para mudar a posição da
sociedade sobre o homossexualismo: “Entre as guerras cul-
turais nos Estados Unidos, uma das controvérsias atuais mais
intensas gira em torno de um assunto designado como nor-
malizar a homossexualidade ou como aceitar o homos-
sexualismo. Embora a ciência e a lei sejam as armas preferi-
das, na verdade o debate transcende os campos científico e
legal. A munição dessas armas é a persuasão”.
Na sua subversiva “revolução moral”, os ativistas homos-
sexuais não podem simplesmente descartar toda moralidade.
Por isso devem procurar convencer primeiro a si mesmos
(pois também eles, querendo ou não, são influenciados pela
moral do Decálogo) de que a prática homossexual está de
acordo com a moral. Em seguida difundir sua contra-
moralidade para toda a sociedade, substituindo a moral tra-
dicional por uma “nova moral”. A vitória final nessa enorme
guerra de propaganda seria a aceitação do homossexualismo,

51
se não diretamente como “bom”, pelo menos como uma va-
riante tolerável da normalidade.

53 – O movimento homossexual tem uma estratégia para


atingir seus objetivos?
A avaliação dos ativistas homossexuais é que, conseguin-
do convencer o povo de que o homossexualismo está de acor-
do com a moral, desapareceria a inclinação das pessoas para
discriminar a militância homossexual. Por conseguinte, os
homossexuais jovens e adultos poderiam mais facilmente
ser aceitos pelo público, e ao mesmo tempo teriam mais fa-
cilidade para se “aceitar a si mesmos”. Para esse objetivo de
modificar a mentalidade do público, os ativistas homosse-
xuais procuram adaptar-se a cada auditório, modificando seu
linguajar de acordo com as características que nele predomi-
nem. Mas deve estar sempre presente uma nota de sentimen-
talismo, isto é, dirigir-se mais ao “coração” do que à razão,
manipular mais as emoções do que tentar convencer as pes-
soas com argumentos lógicos.
O público foi por eles dividido em três grupos, a cada um
dos quais aplicam uma tática diferente:
1 – Veementemente contrário ao homossexualismo: táti-
ca de isolar e silenciar;
2 – Indecisos do centro: dessensibilizar, pressionar e
converter;
3 – Simpatizantes do movimento homossexual: mobili-
zar.
Segundo os ativistas homossexuais, o ataque psicológi-
co do movimento deve desenvolver-se simultaneamente nas
três frentes, pois os resultados em cada uma delas são acres-
cidos pelo esforço combinado. Os mentores do movimento
especificam, para cada caso, as medidas a tomar.

52
54 – Como o movimento homossexual combate os que são
contrários ao homossexualismo?
Para isolar e silenciar os que se manifestam contrários ao
movimento ou se empenham em evitar seus avanços, a atitude
adotada — que nem de longe pode ser considerada honesta —
é assim descrita: Apresentar os anti-homossexualismo sempre
tão maus quanto possível, de tal modo que as pessoas se sin-
tam constrangidas na sua presença e os evitem. Tachá-los de
nazistas, racistas, anti-semitas, excêntricos, desequilibrados. É
a técnica de demonizar os adversários. Ao mesmo tempo, apre-
sentar os homossexuais como vítimas. Por exemplo, mostran-
do sermões incendiários de sacerdotes e pregadores que con-
denam os ativistas homossexuais ao inferno, e contrastar essa
oratória com imagens de pessoas decentes e comuns, vítimas
horrivelmente maltratadas por serem homossexuais. As con-
denações da moral tradicional devem ser combatidas com
ensinamentos de teor liberal, de modo a romper a unidade da
oposição religiosa. A doutrina conservadora e tradicional da
Igreja deve ser apresentada como fossilizada e ultrapassada
pelas descobertas científicas.
Diante de cada manifestação contrária, assumir sempre o
papel de vítima, injustiçado, coitadinho.

55 – Como o movimento homossexual procura convencer


os indecisos ou indiferentes?
Com o objetivo de dessensibilizar, pressionar e con-
verter os indecisos ou indiferentes, os homossexuais devem
ser descritos pelos ativistas como pessoas que nasceram as-
sim e não podem mudar, ainda que o desejassem. Seriam
então vítimas das circunstâncias, que precisam de proteção.
Portanto a caridade cristã obrigaria os sacerdotes e demais
católicos a apoiar os militantes homossexuais em vez de

53
condená-los, pois assim estariam lutando para defender es-
sas pobres vítimas das circunstâncias. Diante dessa “contra-
dição”, as pessoas ficam psicologicamente dilaceradas sobre
o modo de agir com os homossexuais. Pensam erroneamen-
te que a culpa não é deles, portanto acham que não se deve
censurá-los. Porém, como veremos adiante, ninguém nasce
homossexual, e eles não podem ser incluídos na categoria de
vítimas dos próprios instintos cegos.
O script homossexual recomenda não mostrar em pro-
gramas de TV mulheres masculinizadas, travestis e pessoas
com degenerações de outros tipos. Pelo contrário, mostrar
outras com aparência mais comum, que sejam pais e amigos
de homossexuais. Não chocar o público com a apresentação
prematura de comportamento homossexual. Nos estágios
iniciais, usar lésbicas e não homossexuais masculinos, pois o
público será mais receptivo à imagem feminina.
Nas relações sociais, conversar sobre o homossexualismo
em tom neutro, em qualquer lugar, a qualquer hora. Quando
o público estiver saturado, deixará de prestar atenção, tor-
nando-se insensível e entorpecido para o assunto, e aí se ven-
ce pelo cansaço. Utilizar sempre palavras e conceitos como
armas, para mudar as pessoas e a sociedade. Compaixão, por
exemplo, destina-se a gerar aceitação, enquanto homofobia
visa inibir e mesmo paralisar reações. Igrejas moderadas e
liberais devem ser lançadas contra as conservadoras, para
enfraquecer a oposição religiosa ao homossexualismo. A or-
dem é dividir para conquistar.
Outro recurso é apresentar grandes personagens históri-
cos como homossexuais. Figuras históricas falecidas não
podem mover processos por danos à sua reputação, e a idéia
de homossexuais que foram grandes realizadores abala em
muitas pessoas os preconceitos. Usar também celebridades
vivas em apoio ao estilo de vida homossexual. Elas próprias

54
não precisam ser homossexuais, o que se deve obter delas é a
sua chancela e aprovação ao homossexualismo.
As passeatas homossexuais devem procurar comunicar-
se com o público, ao invés de aparecer como atos públicos de
auto-afirmação. Não devem ser como paradas militares, e
sim como desfiles. Não devem transmitir que têm em vista
impor o homossexualismo ao público, e sim procurar ajudar
o público a aceitar os homossexuais. “Educar” o povo é mais
importante do que conquistar vitórias rápidas com a ajuda de
elites liberais no governo. A menos que o público seja persua-
dido, ou entorpecido pela indiferença, todas as vitórias são
efêmeras.
Os homossexuais devem ser apresentados sempre como
bonzinhos, vítimas ou coitadinhos.

56 – Qual a estratégia em relação aos amigos e aliados do


movimento homossexual?
Os estrategistas homossexuais estudaram algumas atitu-
des com o objetivo de mobilizar os simpatizantes. Para isso
propõem pôr em evidência muito mais a não-discriminação,
os direitos humanos e a igualdade, mantendo a discussão em
termos abstratos da teoria filosófica e social, e pondo assim
de lado a imagem concreta do militante homossexual, do tra-
vesti, etc.
Recomendam estimular o maior número possível de ho-
mossexuais e lésbicas de todos os ramos de atividade e pro-
fissões a manifestarem-se como tais, especialmente as “cele-
bridades”. Esse ato de “sair do armário” (a expressão foi cri-
ada por eles) gera insegurança na rejeição pública ao
homossexualismo.
Estabelecer vínculos com organizações não-homossexu-
ais dispostas a dar apoio moral à causa homossexual. Em
concreto, pode-se obter a colaboração delas para campanhas

55
de mídia que visem exigir direitos civis para os homossexu-
ais, bem como medidas contra a discriminação e a homofobia.
Sobre a epidemia de AIDS, no início ela pareceu desfa-
vorável ao avanço homossexual, mas foi por eles revertida
no sentido de provocar a compaixão em relação aos
infectados. De acordo com essa estratégia, eles jamais eram
questionados sobre o modo como adquiriram o vírus. Insis-
tiu-se muito em reivindicar verbas e outros recursos gover-
namentais (ou seja, dos contribuintes) para o tratamento das
vítimas. Assim, num passe de mágica, a vergonha que sem-
pre cercou os portadores de doenças sexualmente
transmissíveis deixou de atingir os homossexuais vitimados
pela AIDS.
Também em relação a este terceiro grupo, a mesma reco-
mendação de nunca esquecer que os homossexuais devem
parecer bonzinhos e coitadinhos, nunca reivindicadores vio-
lentos de direitos inexistentes.

57 – Qual o papel do prazer na propaganda homossexual?


Num artigo intitulado The Virtue of Homosexuality (A
virtude do homossexualismo), o escritor homossexual John
Corvino ilustra essa justificação ética do homossexualismo:
“Primeiro, o homossexualismo pode ser uma fonte de pra-
zer, e o prazer é uma coisa boa. Com muita frequência agi-
mos como se o prazer precisasse ser ‘justificado’ por alguma
razão extrínseca, e nos sentimos culpados quando o procura-
mos por causa dele mesmo. Isto não significa afirmar que o
prazer é o único ou o mais importante bem do ser humano.
Nem significa negar que o prazer de longo prazo exige algu-
mas vezes sacrifício de curto prazo. Mas qualquer sistema
moral que não valoriza o prazer é defeituoso por essa mesma
razão”.

56
Essa argumentação, que é também a da propaganda ho-
mossexual, pode ser assim sintetizada:
a) Eu me sinto atraído sexualmente por pessoas do mes-
mo sexo;
b) O comportamento condizente com essa inclinação me
proporciona prazer;
c) Ora, sentir prazer é uma coisa boa;
d) Logo, o homossexualismo é bom.
Tal raciocínio se choca frontalmente com a posição cató-
lica, e serviria para justificar toda espécie de aberrações mo-
rais, pois desconsidera a natureza racional do ser humano. A
finalidade de qualquer ato não pode ser desconsiderada quan-
do se pretende justificar, do ponto de vista moral, o prazer a
ele inerente. A todo ato honesto pode corresponder um pra-
zer, ou pelo menos uma sensação de bem-estar, mas o prazer
nem sempre resulta de um ato honesto. A gula e a embria-
guez, por exemplo, resultam da busca de um prazer, mas se
voltam contra o homem porque violam a finalidade para a
qual o homem come e bebe. Seriam a pedofilia ou o estupro
bons, simplesmente por gerarem prazer para o pedófilo e o
estuprador?

58 – O movimento homossexual conhece as condenações


eclesiásticas ao homossexualismo?
Os ativistas conhecem muito bem essas condenações,
talvez até melhor do que a maioria dos católicos. Para
confirmá-lo, veja-se este texto publicado pelo grupo homos-
sexual “religioso” Soulforce: “Cremos que a religião se tor-
nou a fonte primária de informação falsa e provocativa sobre
lésbicas, homossexuais, bissexuais e transexuais. Os cristãos
fundamentalistas ensinam que somos ‘doentes’ e ‘pecado-
res’. As igrejas cristãs liberais ensinam que somos ‘incom-

57
patíveis com o ensinamento cristão’. As igrejas conservado-
ras e liberais, em sua maioria, recusam-se a casar-nos ou or-
denar-nos ministros. A Igreja Católica ensina que a nossa
orientação é ‘objetivamente desordenada’, e que nossos atos
de intimidade são ‘intrinsecamente maus’. Elas ensinam que
não devíamos casar-nos, adotar filhos, servir de tutores, edu-
car crianças, ser treinadores de jovens nos esportes ou entrar
para as Forças Armadas. Aos membros de Dignity [organi-
zação “católica” homossexual], recusa-se o uso de proprie-
dades eclesiásticas e a presença de um sacerdote para cele-
brar a sua missa. Cremos que esses ensinamentos conduzem
a discriminação, sofrimento e morte. Nosso objetivo é con-
frontar e finalmente substituir essas trágicas inverdades com
a verdade de que também somos filhos de Deus, criados,
amados e aceitos por Deus exatamente como somos”.
Outra organização homossexual, a National Gay Catholic
Organization, acrescenta: “O Vaticano parece determinado a
acabar do lado errado da compaixão, no assunto das relações
homossexuais. A linguagem feia e os danosos pejorativos
que usa sobre casamentos homossexuais, tais como ‘com-
portamento transviado’, uniões ‘gravemente imorais’ e ‘le-
galização do mal’, parecem mostrar que o Papado perdeu
sua bússola moral”.

59 – Pode-se admitir como legítimos e aceitáveis os pro-


nunciamentos de dirigentes da Igreja e de seitas religiosas
favoráveis ao homossexualismo?
Um grande problema para o avanço do movimento homos-
sexual é que o ensinamento bíblico contra o homossexualismo
é muito claro e categórico. O único meio de contornar esse
obstáculo é mobilizar teólogos e escritores influenciados pela
ideologia homossexual para que forneçam interpretações

58
capazes de turvar as águas cristalinas da Fé. A organização
Soulforce, por exemplo, define-se como “um movimento
interconfessional empenhado em encerrar a violência espiri-
tual perpetuada por diretrizes e ensinamentos religiosos con-
trários aos homossexuais, lésbicas, bissexuais e transexuais”.
As maiores denominações religiosas contêm associações
infiltradas que promovem a aceitação do homossexualismo.
Assim, até mesmo o imutável ensinamento moral da Igreja
Católica sobre o homossexualismo é deturpado por compo-
nentes do clero liberal, em provável conluio com os ativistas
homossexuais. Certos teólogos e escritores modernos criam
um clima de confusão, alegando que a Igreja mudou seu
ensinamento oficial sobre o homossexualismo. São alega-
ções completamente falsas, pois à medida que cresceu a con-
trovérsia, a Santa Sé publicou diretrizes reafirmando a posi-
ção da Igreja, e não pode haver dúvida de que a condenação
permanece inalterada. A Carta aos Bispos da Igreja Católi-
ca, por exemplo, condena os erros dos exegetas bíblicos que
apoiam o homossexualismo, afirmando que não há sombra
de dúvida sobre a condenação moral da Escritura ao
homossexualismo. Depois de lembrar que o ato sexual é le-
gítimo apenas no matrimônio, afirma: “Age portanto imo-
ralmente uma pessoa que pratica a homossexualidade” (doc.
cit., nº 7).

60 – Como devemos refutar a argumentação do movimen-


to homossexual?
A clara aversão dos homossexuais praticantes às normas
da Igreja Católica se estende a qualquer barreira imposta tam-
bém por seitas protestantes e outras. Pode-se constatar assim
a pouca disposição dos ativistas homossexuais para acatá-las
e praticá-las. Nossa argumentação, portanto, não deve diri-

59
gir-se a eles, cuja má intenção se pode considerar inveterada
e intransponível, mas sim aos católicos fiéis, a fim de fortalecê-
los na recusa às pretensões homossexuais. E também deve-
mos esforçar-nos para que ela alcance aqueles que, como
vimos acima, lutam meritoriamente contra a própria tendên-
cia homossexual.
Sobre a afirmação de que todo homem é filho de Deus e
amado por Ele, a consequência lógica é que todo homem
deve comportar-se como filho de Deus. Nosso Senhor foi
claro sobre isso: “Se me amais, guardai os meus mandamen-
tos” (Jo. 14, 15). Ora, os Mandamentos da Lei de Deus for-
mam uma unidade entre si, e não pratica o primeiro – amar a
Deus sobre todas as coisas – quem se recusa a praticar o
sexto e o nono, que exigem guardar a castidade.
Acusar a Igreja de ter perdido a bússola moral por conde-
nar o homossexualismo, ademais de ser uma infâmia, é uma
tolice sem qualquer base na realidade, pois a Igreja sempre a
teve e nunca a perdeu. Além de ser esta afirmação corrobora-
da pelos fatos, não se pode esquecer que ela corresponde à
promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo a São Pedro: “As
portas do inferno não prevalecerão contra Ela”. Quem per-
deu a bússola moral, se alguma vez a teve, foram os aderen-
tes e ativistas desse movimento, pois a verdadeira compai-
xão consiste em afastar as pessoas do vício e incentivá-las a
praticar a virtude, não o contrário!

60
V

FALÁCIAS DO
“AMOR” HOMOSSEXUAL

61 – Qual a raiz do amor na alma humana?


O amor é uma atração para um bem, percebido em algo
ou alguém com o qual sentimos conaturalidade e agrado. Os
seres humanos podem sentir essa atração agradável em rela-
ção a pessoas, animais, coisas, lugares, sons, artes, ativida-
des e outros objetos. Em si mesmo, o amor é imaterial e resi-
de acima de tudo na vontade, repercutindo fisicamente nas
emoções e sentimentos. Tem graus, e está sujeito a distorção
devido aos efeitos do pecado original no homem. Ele tem
sua raiz mais profunda na inclinação do homem para Deus, o
Supremo Bem. Atraindo todas as criaturas a Si, Deus tam-
bém as incita a desejar bens parciais na medida em que par-
ticipam do Bem infinito. Por isso São João ensina que “nós
amamos, porque Deus nos amou primeiro” (I Jo. 4, 19).

62 – Pode o amor trazer para o homem a felicidade na


Terra?
Os seres humanos não são puros espíritos como os anjos;
nem como Deus, que é Espírito perfeitíssimo. Sendo o ho-
mem composto de corpo e alma, matéria e espírito, o amor
humano, por mais espiritual que seja, ainda assim afeta a
sensibilidade, provocando uma emoção ou sentimento. Mas
este componente sensível não pode ser a essência do amor,
embora seja legítimo e importante. A emoção ou o sentimen-

61
to não podem dominar a natureza propriamente espiritual do
amor verdadeiro, que tende ao infinito. Mais do que um
Mandamento, o ensinamento de Nosso Senhor Jesus Cristo
no Evangelho — amar a Deus sobre todas as coisas, e ao
próximo como a si mesmo — é o máximo objetivo da vida,
único que pode trazer-nos a verdadeira felicidade.
A natureza racional do homem o compele a procurar sig-
nificado e objetivo para sua vida. Ele pode tentar esquivar-se
às questões filosóficas e teológicas profundas sobre a vida,
mas a sua racionalidade força-o sempre a defrontar-se com
elas, e todo indivíduo, qualquer que seja sua formação, acaba
por adotar ou estabelecer para si mesmo alguma explicação de
caráter filosófico ou teológico. Essa explicação pode ser rudi-
mentar ou mesmo embrionária, mas a implacável natureza ra-
cional do homem não descansa enquanto não a consegue. A
natureza humana almeja o seu fim verdadeiro, que é Deus, e
somente o divino, o infinito e o eterno podem trazer-lhe a feli-
cidade, satisfazendo plenamente sua alma espiritual.
Na procura do significado da existência, o comportamento
e as idéias do homem se influenciam mutuamente de modo
profundo, e a razão pede que ambos sejam coerentes. Como
observa Paul Bourget em Le démon du midi (O demônio da
meia-idade), “cumpre viver como se pensa, sob pena de, mais
cedo ou mais tarde, acabar por pensar como se viveu”.

63 – Existe o amor homossexual?


O movimento homossexual fala constantemente de
“amor”, como se o relacionamento entre pessoas do mesmo
sexo fosse uma variante legítima do amor matrimonial. Para
entender bem como é impossível existir isso — que na reali-
dade é apenas uma peça publicitária dos homossexuais — é
importante compreender o que é o amor verdadeiro. Santo

62
Tomás de Aquino fornece para isso critérios valiosos nos quais
nos baseamos, muito bem desenvolvidos e argumentados nos
seguintes textos: Ethicorum, lib. 8, lectio 12, n. 18-24; Suma
Teológica, I, q. 20, aa. I,3; q. 60, aa. 1-5; I-II, q. 25, a. 2, q. 26,
aa. 1,4, q. 27, aa. 1-3; Summa Contra Gentiles, I, C. 91.

64 – É possível a prática homossexual transformar-se em


amor verdadeiro?
São Paulo ensina: “As obras da carne são evidentes: imo-
ralidade, impureza, licenciosidade, idolatria, feitiçaria, ódi-
os, rivalidades, ciúme, acessos de fúria, orgias e outros do
gênero” (Gal. 5, 19-21). Os teóricos e ativistas homossexu-
ais americanos Kirk e Madsen dão uma idéia de quão bem se
aplicam ao mundo homossexual as palavras de São Paulo:
“A taberna homossexual é a arena da competição sexual, e
expõe tudo o que há de mais repugnante na natureza huma-
na. Ali, despidos da aparência de cortesia e camaradagem, os
homossexuais se revelam em toda a sua nudez como preda-
dores sexuais determinados e egoístas. Encenam atos de des-
prezo e crueldade que fariam o Marquês de Sade parecer uma
enfermeira da Cruz Vermelha”. Esta realidade é proposital-
mente ofuscada pelo uso que o movimento homossexual faz
de palavras como “amor” e “tolerância”.
Allan Young e Karla Jay, em seu livro The Gay Report,
citam o testemunho de um homossexual: “Meu conceito pes-
soal de estar amando é sentir desejo sexual. Parece que tão
logo meu parceiro potencial está totalmente disponível para
mim e existe segurança em nosso relacionamento, esse ‘sen-
timento’ vai embora. O sentimento inicial é substituído por
resignação, finalmente fastio, e em seguida aversão e separa-
ção. Dar ou receber amor são coisas muito alheias a mim,
para eu me engajar nelas”.

63
Na realidade, o “amor homossexual” não é nem amor
conjugal nem pode ficar no nível de amor de amizade sem
conotações eróticas. Não se quer aqui dizer que as pessoas
com tendência homossexual sejam incapazes de verdadeiro
amor e amizade. Mas elas o terão na medida em que repri-
mam sua tendência desordenada, superando-a por um verda-
deiro amor altruísta. Existem inúmeros casos históricos de
pessoas que encontraram no verdadeiro amor por pessoa do
sexo oposto um possante auxílio para vencer suas inclina-
ções desordenadas. O mais possante, no entanto, é o amor a
Deus. Sendo plenamente satisfatório, e orientado para um
Ser infinito, pode atender aos mais profundos anseios da alma
humana.

65 – Homossexuais que se amam têm o direito de desfrutar


a felicidade juntos?
A felicidade não resulta de um direito, não é algo dado
pela lei. Obtém-se pela posse de um bem real, num estado de
alma sereno e equilibrado. A pessoa atraída pelo mesmo sexo
não encontrará a felicidade atendendo sua atração desviada.
Pelo contrário, pode encontrá-la impedindo que essa atração
o domine. A paixão erótica, erroneamente chamada de amor
homossexual, nada tem a ver com o amor de amizade, único
que traz essa serenidade de alma própria da felicidade.
O propagandeado “amor homossexual” é apenas um dos
mitos que os ativistas homossexuais usam para justificar sua
ideologia e reivindicar seus direitos ao “casamento” homos-
sexual. A Prof a. Chai Feldblum, defensora do “casamento”
homossexual e dos direitos dos homossexuais, destacou a
importância desse mito: “A mudança real virá quando o pú-
blico reconhecer o amor homossexual não somente como
moralmente neutro, mas como moralmente bom, tanto quanto
o amor heterossexual”.

64
66 – Proibindo-se o casamento entre homossexuais, não se
impede que eles alcancem a felicidade?
O movimento homossexual difunde visão fascinante e
romântica do seu modo de vida, fielmente repetido pela in-
dústria do entretenimento e pela mídia liberal. Hollywood
apresenta homossexuais e lésbicas como jovens, bem
apessoados, saudáveis e com felicidade radiante. Da mesma
forma as parcerias homossexuais são apresentadas como
uniões românticas bem sucedidas. A verdade trágica é que
essa imagem romântica do “amor” homossexual difere da
realidade. Por trás do verniz superficial, o estilo de vida ho-
mossexual está repleto de violência, infidelidade e trauma.
Os fatos frios e duros provam que a sentimentalidade erótica
e neurótica entre pessoas do mesmo sexo nada tem do amor
conjugal que une um homem e uma mulher no matrimônio
legítimo tradicional, contraído de acordo com o plano de Deus
e a Lei natural. Nenhuma cortina publicitária pode velar esta
realidade, da qual nunca se pode esperar como resultado a
verdadeira felicidade.

67 – É possível alcançar a felicidade nas relações homos-


sexuais?
O estilo de vida homossexual é caracterizado pelos mais
altos índices de violência doméstica, álcool e drogas, como
também de suicídio, o que conduz à conclusão evidente de
estar muito longe de constituir a felicidade. Christopher
Bagley e Pierre Tremblay, estudando tendências suicidas em
um conjunto de 750 homens entre 18 e 27 anos, chegaram
em 1997 à seguinte conclusão: “Índices significativamente
mais altos de idéias e ações suicidas anteriores foram relata-
das por homens de orientação homossexual, totalizando
62,5% de tentativas de suicídios. Estes resultados indicam

65
que homens homossexuais e bissexuais estão em risco 13,9
vezes maior de tentativa séria de suicídio, e são compatíveis
com dados anteriores”. Tudo isso indica que a felicidade passa
bem longe desse estilo de vida.

68 – Por que o “amor homossexual” não gera relações de


verdadeira amizade e harmonia?
A amizade é o elemento de união na vida social e o fun-
damento da concórdia, e sem amizade é impossível evitar a
discórdia social, o caos e todo tipo de desavenças. Mas a
violência do desejo sensível torna-se dominante numa rela-
ção de amizade, caso não haja o efeito moderador da tempe-
rança, e assim o amor de amizade facilmente se transforma
em amor de desejo. O bem do outro é então substituído pelo
interesse próprio, a vantagem própria, tornando egoístico o
relacionamento. Algumas vezes, ambas as partes comparti-
lham esse egoísmo, que Mme. Staël denominava “egoísmo a
dois”. Quem se torna objeto dessa paixão ou interesse
egoístico não é amado pelo que é ou pelo que vale, e sim na
medida em que satisfaz os interesses ou desejos do outro.
Isso não é amor verdadeiro, tendo dele apenas a aparência ou
características acidentais.
Santo Tomás de Aquino afirma: “A amizade baseada na
utilidade ou prazer é amizade apenas acidentalmente. Obvi-
amente, tais amizades se desfazem facilmente”. Estando o
homossexualismo centrado no desejo sensual, destrói por isso
mesmo a possibilidade de amizade verdadeira, transforman-
do amigos em objetos de desejo ou competidores no merca-
do das paixões. Da mesma forma que o interesse homosse-
xual aniquila a amizade, enfraquece também a família, atin-
gindo assim os fundamentos da sociedade e conduzindo-a à
desintegração e anarquia.

66
69 – Seria o relacionamento homossexual um tipo de neu-
rose?
O que a propaganda homossexual apresenta como “amor
homossexual” não passa de uma atração de natureza sexual
ou uma dependência psicológica devida a uma falta de
autocontrole emocional ou sentimental, de maturidade. É
portanto um sentimentalismo neurótico. O psicólogo holan-
dês Dr. Gerard van den Aardweg, especialista em homosse-
xualidade, afirmou: “O termo neurótico descreve bem tais
relacionamentos, sugere o egocentrismo do relacionamento:
a procura de atenção, ao invés de amor. O termo neurótico,
em resumo, sugere todos os tipos de dramas e conflitos da
infância, bem como o desinteresse básico no parceiro, não
obstante as pouco convincentes pretensões de ‘amor’. Em
nenhum aspecto o auto-engano homossexual se torna tão
patente como em sua pretensão como amante. De fato, um
parceiro homossexual só é importante para o outro na medi-
da em que ele serve a seus desejos. Um amor verdadeiro e
não-egoísta, por um parceiro desejado, de fato destruiria o
‘amor’ homossexual”.

70 – Há alguma consistência na imagem da “monogamia”


homossexual?
Para fazer com que o homossexualismo seja aceito como
normal, a propaganda precisa apresentá-lo como parecido
com a heterossexualidade. Por isso o movimento homosse-
xual criou e difunde o mito da “monogamia” homossexual,
em que duplas estáveis mantêm uma “fidelidade” matrimo-
nial semelhante à do casamento verdadeiro. No entanto, uma
relação baseada em sentimentos e tendências desviadas não
pode criar condições para a fidelidade própria do casamento
monogâmico. Os poucos pares homossexuais que mantêm

67
vínculos estáveis são exceções. Além disso, a estabilidade
em relações entre homossexuais, quando existe, não signifi-
ca fidelidade.
De fato, o mito da “monogamia” vai em sentido contrá-
rio ao da experiência homossexual. Em um estudo sobre jo-
vens homossexuais holandeses, a Dra. Maria Xiridou, do
Serviço de Saúde Municipal de Amsterdã, relatou que tais
relações duram em média 12 a 18 meses. Apurou também
que cada homossexual tinha em média oito outros parceiros
por ano além do “estável”. Muitos homossexuais não apreci-
am a “monogamia”, e as estatísticas o comprovam.

71 – Há então promiscuidade entre os homossexuais?


O Dr. Barry Adam, professor homossexual na Universi-
dade Windsor, no Canadá, apresentou em 2003 os resultados
do seu estudo sobre setenta pares homossexuais: “Escassos
25% de homossexuais entrevistados afirmaram ser
monógamos. Os monógamos eram os mais jovens e em rela-
ções novas, mais curtas. Penso que uma das razões pelas quais
homens mais jovens tendem a começar adotando uma visão
de monogamia é que eles vêm de uma situação com script
heterossexual na cabeça, e o aplicam às suas relações ho-
mossexuais. O que eles não veem é que a comunidade ho-
mossexual tem sua própria norma e modos, que parecem fun-
cionar melhor do que as normas heterossexuais”.
O Dr. Gerard van den Aardweg afirma: “A inquietação
homossexual não pode ser apaziguada, e menos ainda pela
existência de um único parceiro, porque essas pessoas são
impelidas por um anseio insaciável em relação a uma fanta-
sia inatingível”. Nem poderia ser de outro modo num relaci-
onamento baseado numa paixão da carne, desordenada, pe-
caminosa e antinatural.

68
72 – Pode-se portanto afirmar que a promiscuidade ho-
mossexual é generalizada?
Quem o afirma, entre muitos outros, é Thomas E. Schmidt,
diretor do Instituto Westminster em Santa Barbara: “A pro-
miscuidade entre homens homossexuais não é um simples
estereótipo, nem é simplesmente a experiência da maioria –
é virtualmente a única experiência”.
Os cientistas sociais Robert T. Michael, John H. Gagnon,
Edward O. Laumann e a jornalista científica Gina Kolata
conduziram uma extensa pesquisa sobre o comportamento
sexual norte-americano. Em seu trabalho publicado em 1994,
comentam as investigações feitas pelos Centros para Con-
trole e Prevenção de Doenças em 1982, quando a AIDS sur-
giu, e concluem: “Homossexuais masculinos com AIDS,
entrevistados no início da década de 1980, relataram ter tido
uma média de 1.100 parceiros durante a vida, e muitos tive-
ram muito mais”.

69
VI

FALSIDADES QUE
A CIÊNCIA DESMENTE

73 – A ciência moderna fornece alguma base para justifi-


car o comportamento homossexual?
No seu esforço para conferir ao homossexualismo todas
as aparências de normalidade, o movimento homossexual
volta-se para a ciência a fim de tentar provar três suposições:
1 – A homossexualidade é genética ou inata;
2 – Se animais praticam o homossexualismo, então ela
deve ser natural;
3 – A homossexualidade é irreversível.
Com seu conhecido viés de favorecimento da propagan-
da homossexual, a mídia liberal decidiu antecipar o veredic-
to da comunidade científica e difundiu que a ciência aprova
o homossexualismo. No entanto, divulgou uma falsidade. As
respostas às próximas perguntas mostrarão o que a ciência
tem apurado sobre o assunto.

74 – As pessoas com tendências homossexuais já nascem


assim?
O argumento de que as pessoas homossexuais nasceram
assim, ou que isso está nos genes, levou à procura de um
“gene homossexual”. Três pesquisas — do Dr. Simon LeVay;
dos Drs. J. Michael Bailey e Richard C. Pillard; e do Dr.
Dean Hamer — foram de modo geral mal interpretadas, para
sustentar essa falsa conclusão. A Associação Médica Católi-

70
ca norte-americana assim resume os resultados dessas pes-
quisas no estudo Homosexuality and Hope (Homossexuali-
dade e Esperança):
“Alguns pesquisadores procuraram encontrar uma causa
biológica para a atração homossexual, e a mídia promoveu a
idéia de que um gene homossexual já havia sido descoberto.
Mas, apesar de várias tentativas, nenhum dos mais divulga-
dos estudos pôde ser cientificamente repetido. Alguns auto-
res reviram cuidadosamente esses estudos e concluíram que
eles não comprovam uma base genética para a atração ho-
mossexual, e nem mesmo contêm tais alegações. Se a atra-
ção pelo mesmo sexo fosse determinada geneticamente, de-
ver-se-ia esperar que gêmeos idênticos fossem também idên-
ticos nas suas atrações sexuais. No entanto existem numero-
sos relatórios de gêmeos idênticos que não são idênticos nas
suas atrações sexuais”.

75 – O cérebro das pessoas homossexuais tem alguma dife-


rença que explique as suas tendências?
Especulações precipitadas seguiram-se à publicação do
estudo do Dr. LeVay em Science Magazine, e ele se sentiu
compelido a esclarecer o alcance dos resultados obtidos: “Para
muitas pessoas, encontrar na estrutura cerebral uma diferen-
ça entre homossexuais e heterossexuais equivale a provar
que os homossexuais nascem assim. Várias vezes fui apre-
sentado como alguém que ‘provou que a homossexualidade
é genética’, ou algo parecido. Eu não o fiz. Minhas observa-
ções foram realizadas somente em adultos que tinham tido
atividade sexual por um período considerável. Não é possí-
vel, com base puramente nas minhas observações, dizer se
as diferenças estruturais estavam presentes por ocasião do
nascimento, influenciando depois as pessoas a se tornarem

71
homossexuais ou heterossexuais; ou então se elas surgiram
na vida adulta, talvez como resultado do comportamento se-
xual que tiveram”. A insistência do Dr. LeVay em que se
façam observações mais extensas mostra que a alegação de
uma origem genética para as tendências homossexuais está
longe de ser comprovada.
Falando sobre a pesquisa de um professor de neurociência
na Universidade da Califórnia em Berkeley, o Dr. A. Dean
Byrd esclarece: “O Prof. Breedlove concluiu que o cérebro
não é um órgão estático. Ele muda e se ajusta ao comporta-
mento, e no caso deste estudo ajusta-se especificamente ao
comportamento sexual. Quando alguém se envolve num ato
específico repetidamente, certos caminhos neurais no cére-
bro são fortificados. Como o cérebro é um órgão físico, esses
caminhos neurais fortificados se refletem na química do cé-
rebro. Por exemplo, se alguém joga basquete com frequência,
terá um cérebro diferente de quem estuda a ciência dos fo-
guetes. Da mesma forma, o comportamento de uma pessoa
homossexual parece provocar como resultado uma estrutura
cerebral diferente. Estudos como o do Dr. LeVay, ainda que
fossem conclusivos, mostrariam apenas o que a ciência já
sabe sobre o cérebro”.

76 – O instinto homossexual se manifesta entre os ani-


mais?
Os teóricos homossexuais conhecem a fraqueza científi-
ca dos argumentos que divulgam sobre imaginárias caracte-
rísticas genéticas ou “de nascença” entre os homens, por isso
procuram reforçar sua posição alegando um suposto com-
portamento homossexual também entre os animais. O racio-
cínio que conduz a essa hipótese poderia ser enunciado do
seguinte modo: Os animais seguem os seus instintos, de acor-
do com a própria natureza; ora, o comportamento homosse-

72
xual é observável em animais; portanto, a homossexualidade
está de acordo com a natureza animal; como o homem é tam-
bém animal, a homossexualidade está de acordo com a natu-
reza humana.
Essa linha de raciocínio é insustentável, pois o homem
não é um simples animal, e sim um animal racional, de tal
forma que a sua animalidade não pode ser separada de sua
racionalidade, que nele predomina. No homem não existe
instinto puramente animal. Todo instinto do homem — mes-
mo o mais possante deles, que é o de conservação — pode
ser controlado pela inteligência e pela vontade. Por exemplo,
no soldado que vai à guerra. Quando alguém se refere a
homossexualismo animal, está de fato aplicando aos animais
uma característica exclusiva de seres humanos, da mesma
forma como acontece quando dizemos que um animal é co-
rajoso, bondoso, perspicaz.
Os cientistas explicam que algumas formas observáveis
e excepcionais do comportamento animal não resultam dos
instintos animais, e sim de outros fatores. Como os animais
não são dotados de inteligência e vontade, quando dois im-
pulsos instintivos se chocam — por exemplo, os instintos de
conservação, domínio, reprodução — prevalece o que é mais
favorecido pelas circunstâncias, e isto pode resultar em
“filicídio”, “canibalismo”, e também num aparente “homos-
sexualismo”.
Explica o Dr. Antonio Pardo, professor de Bioética na
Universidade da Navarra, Espanha: “Propriamente falando,
a homossexualidade não existe entre os animais. Por razões
de sobrevivência, o instinto reprodutivo entre os animais é
sempre orientado para um indivíduo do sexo oposto. Por-
tanto um animal nunca pode ser propriamente homos-
sexual. A interação com outros instintos, particularmente o
de dominação, pode resultar em comportamento que pare-

73
ce ser homossexual, mas não pode ser avaliado como
homossexualismo animal. Significa apenas que o comporta-
mento sexual animal abrange também outros aspectos além
da reprodução”. Em outros termos, como os animais não têm
recursos humanos como a entonação da voz e a expressão
fisionômica, para transmitir certas expressões de carinho,
medo, domínio ou submissão, eles podem se servir de atos
derivados do instinto sexual para mostrar isso. Certas tentati-
vas de acasalamento entre machos ou entre fêmeas tem essa
significação, escapando do campo propriamente sexual.

77 – A tendência homossexual pode ser curada ou neutra-


lizada?
Nada é mais devastador para a propaganda homossexual
do que a afirmação de que a tendência homossexual pode ser
curada, ou ao menos neutralizada. Por esta razão o movi-
mento homossexual demonstra marcante aversão aos que
sugerem ou afirmam essa possibilidade. Se a homossexuali-
dade fosse genética, dominante e irreversível, ninguém seria
responsável por atos sexuais desviados, que não poderiam
ser evitados ou mudados voluntariamente. No entanto, o fato
incontestável é que a psicoterapia obteve êxito em diminuir
— e em alguns casos eliminar — atrações homossexuais
indesejadas, portanto mudando um arraigado comportamento
homossexual.
O Dr. C.C. Tripp pretendia negar que a homossexualida-
de pode ser curada, e afirmou num debate público: “Não há
um único exemplo registrado de mudança de orientação ho-
mossexual que tenha sido validado por árbitros imparciais
ou por testes”. No entanto, a experiência profissional do Dr.
Lawrence Hatterer dizia o contrário, e ele contestou: “Eu já
curei muitos homossexuais. Qualquer outro pesquisador pode
examinar o meu trabalho, que está registrado em 10 anos de

74
fitas gravadas. Muitos desses pacientes ‘curados’ (prefiro usar
a palavra ‘mudados’) casaram-se, tiveram filhos e vivem vi-
das felizes. Alegar que ‘uma vez homossexual, sempre ho-
mossexual’ é sustentar um mito destrutivo”.
Diante da evidência, até mesmo o Dr. Robert L. Spitzer,
que havia conduzido na Associação Psiquiátrica Americana a
campanha para deixar de relacionar a homossexualidade como
distúrbio psiquiátrico, mudou seu ponto de vista: “Como a
maioria dos psiquiatras, eu pensava que, embora o comporta-
mento homossexual possa ser evitado, a orientação homosse-
xual não pode ser mudada. Agora eu creio que isso é errado.
Algumas pessoas podem mudar, e de fato mudam”.
A declaração Homosexuality and Hope, da Associação
Médica Católica norte-americana, afirma: “Alguns terapeutas
escreveram extensamente sobre os resultados positivos da
terapia para atração homossexual. Revisões do tratamento
para atração homossexual indesejada mostram-no tão eficaz
como o tratamento para problemas psicológicos similares:
cerca de 30% sentem-se livres de sintomas, e outros 30%
obtêm melhoras. Relatos de terapeutas individuais foram
igualmente positivos”.
Se a terapia para atração homossexual indesejada regis-
tra na sociedade hedonista de hoje uma taxa de eficácia tão
considerável, é lógico que se poderia esperar êxito muito
maior numa cultura verdadeiramente católica, que proporci-
ona ambiente receptivo para a prática da virtude.
A hipótese de que a homossexualidade não pode ser cu-
rada é muito cara aos ativistas homossexuais, por sua utilida-
de em difundir a imagem de vítimas. Mas os significativos
resultados positivos da terapia não podem ser simplesmente
ignorados, e eles foram obrigados a retrair-se no aproveita-
mento propagandístico que faziam dessa hipótese falsa.

75
VII

“CASAMENTO” HOMOSSEXUAL

78 – Tem sentido falar em “casamento homossexual”?


Não, porque o casamento é o vínculo permanente que
une um homem e uma mulher, com o objetivo comum de
gerar prole e constituir família. O casamento e a família
são instituições sagradas que favorecem o bem comum da
sociedade, exigindo dedicação desinteressada, devoção e sa-
crifício. A tentativa de juntar pares homossexuais sob o rótu-
lo de “casamento” constitui uma contradição nos termos,
pois não pode gerar prole nem constituir família no sentido
autêntico da palavra. Trata-se de uma contrafação, sem o
mínimo direito de usar o nobre título de casamento.
Matrimônio, termo equivalente usado principalmente para
identificar o casamento de caráter religioso (sacramento), tem
sua origem no latim mater (tris), indicando inequivocamen-
te ser destinado à procriação. E nenhum tipo de casal homos-
sexual pode alegar para seu “casamento” essa finalidade bi-
ologicamente impossível. Também inequivocamente, a Igreja
não tem o poder de atribuir a condição de sacramento do
matrimônio a uma contrafação pecaminosa como o “casa-
mento” homossexual.
Um denominador comum que nos permite distinguir o
casamento de qualquer outro tipo de união, é que desde sem-
pre, em todo lugar, em todas as culturas, se entendeu o matri-
mônio como sendo a união entre um homem e uma mulher,
que se unem com o propósito de constituir uma família. Ao
longo de toda a História, e em todas as culturas, há elemen-

76
tos que identificam o casamento como uma união estável
entre homem e mulher, socialmente reconhecida, em princí-
pio aberta à geração. Só com estas características o casamen-
to desempenha a sua função social específica. De acordo com
o teólogo Angel Rodríguez Luño, admitir o casamento entre
pessoas do mesmo sexo significa a “ruptura completa com
tradições tão antigas como o gênero humano, violentando
rasgos e diferenças antropológicas de caráter pré-político
sobre as quais o legislador não tem qualquer poder”.
A família evoluiu ao longo do tempo, mudaram as suas
formas, mas não a sua característica heterossexual. Mesmo
as culturas que aceitavam práticas homossexuais, nunca re-
conheceram a união homossexual como uma instituição
equiparável à união entre homem e mulher através do casa-
mento. Em nenhum momento o Direito Romano, por exem-
plo, atribuiu o estatuto conjugal às uniões homossexuais, não
obstante a comprovada existência e aceitação social de tais
uniões. Isto só pode ser explicado pelo fato de os juristas
romanos e a própria sociedade entenderem o matrimônio
como uma realidade social diferente de uma união qualquer
entre pessoas do mesmo sexo. Não obstante a decadência
dos costumes, entendia-se o matrimônio como uma realida-
de essencialmente diferente de uma união homossexual.

79 – As uniões homossexuais merecem algum tipo de reco-


nhecimento da sociedade?
A função social do casamento e da família é assegurar a
sobrevivência e harmoniosa renovação da sociedade, por isso
supõe a dualidade sexual. Só a união entre um homem e uma
mulher pode desempenhar a função de gerar novas vidas e
educar as novas gerações, na perspectiva do interesse de toda
a sociedade. É por causa desta função social que a sociedade
e o Estado reconhecem o casamento e atribuem um conjunto

77
de direitos e deveres específicos às pessoas casadas. Esse
reconhecimento social e jurídico vincula-se à função social
do casamento e da família como célula-base da sociedade, e
daí decorrem também os privilégios e deveres específicos.
As uniões ou parcerias homossexuais não merecem reco-
nhecimento da sociedade. Só o merece a família, porque ela é
o fundamento da sociedade, e o matrimônio a condição para
que surja uma família normal. “As uniões homossexuais não
desempenham, nem mesmo em sentido analógico remoto,
as funções pelas quais o matrimônio e a família merecem do
Estado um reconhecimento específico e qualificado. Pelo con-
trário, há razões válidas para afirmar que tais uniões são no-
civas a um reto progresso da sociedade humana, sobretudo
se aumentasse a sua efetiva incidência sobre o tecido social”
(Considerações, nº 8). Por isso “é um dever opor-se a elas de
modo claro e incisivo” (Considerações, nº 5).

80 – Pode o “casamento homossexual” ser aceito como


legal pela sociedade?
O movimento homossexual procura justificar o “casa-
mento” homossexual, seja sob este nome ou disfarçando-o
como “união civil” ou “parceria doméstica”. Caso se aceite
isso, o conceito de casamento estaria sendo redefinido de
modo totalmente alheio à sua natureza verdadeira. A lei que
o autorizasse não teria fundamento na ordem natural e na
reta razão. Portanto seria destituída de legitimidade.
Santo Tomás de Aquino define: “Nos negócios huma-
nos, uma coisa se diz justa pelo fato de ser correta, de acordo
com o critério da razão. Mas o primeiro critério da razão é a
lei da natureza, como fica claro no que afirmamos acima (q.
91, a. 2 ad 2). Consequentemente, toda lei humana só é ver-
dadeira lei na medida em que deriva da lei natural. Mas se
em algum ponto ela se desvia da lei natural, deixa de ser lei

78
para tornar-se uma perversão dela” (Suma Teológica, II-I, q.
95, a. 2).
O documento emitido pela Santa Sé em 2003 não deixa
margem a dúvidas: “Convém refletir, antes de mais, na dife-
rença que existe entre o comportamento homossexual como
fenômeno privado e o mesmo comportamento como relação
social legalmente prevista e aprovada, a ponto de se tornar
uma das instituições do ordenamento jurídico. O segundo
fenômeno não só é mais grave, mas assume uma relevância
ainda mais vasta e profunda, e acabaria por introduzir altera-
ções na inteira organização social, que se tornariam contrári-
as ao bem comum. As leis civis são princípios que estruturam
a vida do homem no seio da sociedade, para o bem ou para o
mal. Desempenham uma função muito importante, e por ve-
zes determinante, na promoção de uma mentalidade e de um
costume. As formas de vida e os modelos que nela se expri-
mem não só configuram externamente a vida social, mas ao
mesmo tempo tendem a modificar, nas novas gerações, a com-
preensão e avaliação dos comportamentos. A legalização das
uniões homossexuais acabaria, portanto, por ofuscar a percep-
ção de alguns valores morais fundamentais e desvalorizar a
instituição matrimonial” (Considerações, n° 6).

81 – Por que convém ao Estado favorecer o matrimônio?


A união matrimonial usufrui uma situação privilegiada
no Estado, pois a família é anterior a todas as outras socieda-
des e permanece acima delas, inclusive do Estado. Esta situ-
ação privilegiada lhe é reconhecida pela própria Lei natural e
decorre da sua função fundamental de manutenção da espé-
cie humana, por meio da renovação das gerações e da ade-
quada educação da prole. Se o fim primário fosse apenas o
exercício honesto do amor entre os cônjuges, por exemplo,

79
que diferença haveria entre o matrimônio e uma sociedade
de amigos ou associações filantrópicas?

82 – Por que não aceitar o “casamento” homossexual ao


lado do casamento tradicional?
Uma das condições mais propícias à propagação do ví-
cio é quando ele consegue permissão para sentar-se ao lado
da virtude. Pois, uma vez aceita essa situação, na mente das
pessoas ambos se confundem, roubando à virtude sua carac-
terística própria, sua integridade. Se a virtude não está conti-
nuamente combatendo o vício, ela perde a própria identida-
de, deixa de ser ela mesma. Portanto, a legalização do “casa-
mento” homossexual subverte a noção de matrimônio, con-
denando-o a uma posição vegetativa ao lado de formas espú-
rias. Se o casamento verdadeiro for transformado em apenas
uma espécie do gênero casamento — o qual abarcaria o ca-
samento tradicional, as convivências informais, as uniões ho-
mossexuais e quaisquer outras novas relações bizarras que
possam surgir — ele terá perdido sua razão de existir. O bis-
po auxiliar de Salzburg, D. Andreas Laun, o afirma: “O pre-
tendido acesso das uniões de pessoas do mesmo sexo ao es-
tatuto de casamento não é outra coisa senão uma tentativa
para destruir o matrimônio”.
Outro motivo importante é que de fato causa danos à
família a legalização de “casamentos” entre pessoas do mes-
mo sexo, atribuindo direitos específicos do casamento a ca-
sais homossexuais. Em todos os países onde se legalizou esse
tipo de “casamento”, houve em seguida campanhas de
mentalização, especialmente no ensino público, no sentido
da subversão do conceito de família. Deixaria assim de ha-
ver um conceito de família e passaria a haver tantos concei-
tos quantas forem as formas de convivência presentes na so-

80
ciedade. Aceitar essa situação seria o mesmo que admitir a
circulação de moedas falsas ao lado de moedas legítimas, o
que evidentemente enfraquece o valor da moeda legítima. É
por isso que o Estado não tem o direito de aceitar tais moe-
das, e além disso tem o dever de proibi-las.
Quando os indivíduos podem encontrar incentivos legais
e recompensas mais facilmente em contrafações do casamen-
to, o casamento verdadeiro está a caminho da extinção. Por
isso a autoridade pública e a sociedade devem reconhecer
exclusivamente ao casamento verdadeiro sua natureza
insubstituível para o bem comum.

83 – Quando não são orientadas para a procriação, as re-


lações sexuais se justificam apenas pelo amor?
Alguns escritores católicos, deturpando resoluções do
Concílio Vaticano II, têm sustentado que nas relações sexu-
ais deve prevalecer o amor sobre a procriação. Mas o Prof.
Mark Latkovic argumenta contra esse desvio doutrinário:
“Alega-se frequentemente que o Concílio Vaticano II deslo-
cou a procriação da sua posição tradicional de fim primário
do matrimônio em favor do amor conjugal, ou ao menos co-
locou-os em pé de igualdade, enfraquecendo consequente-
mente a importância da procriação”. Com base no teólogo
espanhol Pe. Ramón Garcia de Haro, ele contesta e afirma
que ambos — a instituição do matrimônio e o amor conju-
gal — existem para a procriação e a educação da prole (cf.
Gaudium et Spes, 48).
O Pe. Carlos Miguel Buela sustenta que o Concílio rea-
firmou ensinamentos anteriores da Igreja: “Alguns procu-
ram apoio no Concílio Vaticano II para falsificar ou alterar a
subordinação essencial dos fins do matrimônio, colocando o
amor antes da procriação, isto é, tornando secundário o que é

81
primário, e vice-versa. A Constituição Pastoral Gaudium et
Spes, do Concílio Vaticano II, cita nada menos de cinco ve-
zes a encíclica Casti Connubii, de Pio XI, que é o documen-
to fundamental do matrimônio cristão. Falando sobre os
‘vários fins’ do matrimônio, a Gaudium et Spes cita Santo
Agostinho, Santo Tomás de Aquino e a encíclica Casti
Connubii, que explicitamente afirma a subordinação dos fins”.

84 – A Igreja aprova as relações sexuais dentro do casa-


mento, mesmo quando a procriação não é provável. Por
que condena as relações homossexuais, alegando que a pro-
criação é impossível?
Uma coisa é a impossibilidade acidental resultante de
alguma patologia, mas respeitando a integridade geradora
do ato sexual, como no caso de casais estéreis; e outra muito
diferente é a impossibilidade absoluta, quando o ato é inca-
paz de geração. No primeiro caso, os fins secundários do
matrimonio validam o ato, pois não há impossibilidade ab-
soluta de os casais terem filhos. O ensinamento de Pio XI
ressalta: “Tanto no próprio matrimônio como no uso do di-
reito matrimonial há fins secundários — por exemplo, o au-
xílio mútuo, o fomento do amor recíproco e a sedação da
concupiscência —, que não estão proibidos aos esposos, desde
que fique ressalvada a natureza intrínseca do ato, e portanto
sua subordinação ao fim primário” (Casti Connubii, n° 319).
Ora, no ato homossexual a esterilidade não é acidental,
mas decorre da sua própria fisiologia, que é infértil por natu-
reza. Sobre o assunto, a Santa Sé definiu: “As uniões homos-
sexuais não se encontram em condição de garantir de modo
adequado a procriação e a sobrevivência da espécie humana.
A eventual utilização dos meios postos à sua disposição pe-
las recentes descobertas no campo da fecundação artificial,

82
além de comportar graves faltas de respeito à dignidade hu-
mana, não alteraria minimamente essa sua inadequação”
(Considerações, nº 7).
Deve-se lembrar que, mesmo dentro do próprio casamento
entre homem e mulher, o ato sexual é condenável quando é
tornado estéril artificialmente.

85 – Esses dispositivos morais da Igreja não contrariam os


direitos humanos dos homossexuais?
Não os contraria, pois lhes são reconhecidos todos os di-
reitos decorrentes da sua natureza humana racional. Por exem-
plo, o direito à vida, ao trabalho; e também o próprio direito de
constituir família verdadeira, de acordo com a Lei natural.
Entretanto, o homossexualismo e o adultério não são direitos
humanos, pois não decorrem da natureza racional do homem.
Se dois adúlteros ou dois homossexuais pretendem valer-se
do direito de associação e decidem montar um negócio juntos,
são civilmente livres para fazê-lo, se o objetivo do negócio é
legítimo. Do ponto de vista comercial, a lei garantirá esse di-
reito. Mas se eles pretendem constituir uma organização para
promover a pornografia infantil ou a pedofilia, por exemplo, a
lei vetará seus desígnios, pois nestes casos o objetivo da asso-
ciação é mau. Assim sendo, ela não é legítima e deve ser proi-
bida, em decorrência da Lei natural. Nenhuma ação má pode
gerar direitos, pois, conforme ressalta o Papa Pio XII, “o bem
comum é o fim e a regra do Estado”.

86 – Sendo o casamento um direito humano básico, por


que proibi-lo entre homossexuais?
O artigo 16º da Declaração Universal dos Direitos do
Homem define: “A partir da idade núbil, o homem e a mu-
lher têm o direito de casar e de constituir família, sem restri-

83
ção alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o
casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos
iguais”.
Não se consegue saber de onde os homossexuais saca-
ram o pretenso “direito” de se casarem entre si, tendo em
vista que até a Declaração Universal dos Direitos do Homem
garante esse direito apenas para o homem e a mulher se
casarem e constituírem família. No entanto é essa aberração
que pretendem, conforme a associação homossexual Lambda
Legal, que publicou no seu website esta “resolução”: “Tendo
em vista que o casamento é um direito básico e uma decisão
pessoal, RESOLVE que o Estado não deve interferir em pa-
res do mesmo sexo que decidem casar-se e partilhar comple-
ta e igualmente os direitos, responsabilidades e compromis-
sos do casamento civil”.
Esta afirmação resume os argumentos dos homossexuais
em favor do “casamento” homossexual. Contudo, está base-
ada numa falsa analogia, tirando uma conclusão a partir de
mera semelhança acidental entre fatos ou situações que são
essencialmente diferentes. Desdobrando o raciocínio, o enun-
ciado seria:
a) O casamento é um direito humano básico;
b) O casamento é uma decisão pessoal;
c) Portanto, pares do mesmo sexo podem casar e parti-
lhar completa e igualmente os direitos, responsabilidades e
compromissos do casamento civil;
d) O Estado não deve interferir na sua decisão.
Todos reconhecem que o casamento é um “direito huma-
no básico” e uma “escolha pessoal”. A maioria reconhece
que ele merece a proteção do Estado. Contudo, é falsa a ana-
logia que se faz na terceira sentença, entre um par do mesmo
sexo e um par constituído por homem e mulher. Mesmo
embrulhada em papel sedutor, essa analogia é inteiramente

84
falsa. Além do mais, convém lembrar que o Estado proíbe
também o casamento entre doentes mentais, entre consan-
guíneos, etc., e tem o direito de fazê-lo.
Como “direito humano básico”, o direito ao casamento
deriva da natureza humana, portanto sua existência precede
tanto a Igreja quanto o Estado. No entanto, a mesma nature-
za humana que dá origem a esse “direito humano básico”
exige também que o casamento seja a união entre homem e
mulher, tendo em vista que a cooperação de ambos é neces-
sária para cumprir a finalidade primária do matrimônio, que
é a procriação e educação da prole. O “casamento” de duas
pessoas do mesmo sexo não tem nenhuma base na natureza
humana. Portanto não é casamento, e consequentemente não
existe um direito humano ao “casamento” entre pessoas do
mesmo sexo. Usurpando os direitos do matrimônio, o
homossexualismo o debilita, pois relações conjugais só são
possíveis entre homem e mulher.

87 – Duas pessoas podem unir-se numa sociedade comer-


cial em qualquer ramo lícito de atividade. Deve então ser
permitido aos homossexuais unirem-se em parcerias do-
mésticas?
As pessoas têm o direito de formar qualquer tipo de soci-
edade legítima. Pode ser também legal associarem-se duas
ou mais pessoas numa indústria ou comércio, mesmo que se
trate de homossexuais, pois tal associação estaria de acordo
com a Lei natural. Mas esse direito não resulta do fato de
serem homossexuais, e sim da sua natureza humana. Legiti-
mar uniões homossexuais sob a alegação de “direito huma-
no” resultaria em destruir as bases do Direito, que não se
fundamenta em acidentes (altura, peso, cor) de uma pessoa,
mas em sua natureza racional.

85
Quanto às parcerias domésticas ou uniões civis, elas são
apenas uma imitação ilegítima do casamento. Nomes como
esses são uma forma de iludir o público, pois o movimento
homossexual sabe muito bem que a opinião pública se opõe
à legalização do “casamento” homossexual, e procura dis-
farçar suas intenções usando como artifício expressões apa-
rentemente neutras como essas, ou ainda outras variantes,
todas elas conduzindo claramente ao mesmo objetivo. De
acordo com Rafael Navarro Valls, catedrático de Direito Ci-
vil da Universidade Complutense de Madrid, afirmar que
um par homossexual constitui um casamento é tão contradi-
tório como pretender que formam uma holding, um leasing
ou uma fundação. São instituições jurídicas que se movem
em órbitas diferentes. O matrimônio não é uma simples par-
ceria de negócios, em que a duração e a natureza do contrato
dependem inteiramente do desejo das partes.
A Santa Sé não deixa margem a dúvidas: “Uma coisa é
todo cidadão poder realizar livremente atividades do seu in-
teresse, entrando essas atividades genericamente nos comuns
direitos civis de liberdade; e outra muito diferente é que ati-
vidades que não representam uma significativa e positiva
contribuição para o desenvolvimento da pessoa e da socie-
dade possam receber do Estado um reconhecimento legal
específico e qualificado” (Considerações, nº 8).

88 – Existe alguma diferença fundamental entre o matri-


mônio e a parceria homossexual?
Com base no princípio de que o casamento supõe “a
complementaridade dos sexos”, a Santa Sé explica que o
“matrimônio não é uma união qualquer entre pessoas huma-
nas. Foi fundado pelo Criador, com uma natureza sua, pro-
priedades essenciais e finalidades”. Esta verdade é tão evi-
dente, que “nenhuma ideologia pode cancelar do espírito

86
humano a certeza de que só existe matrimônio entre duas
pessoas de sexos diferentes” (Considerações, nº 2).
“Não existe nenhum fundamento para equiparar ou esta-
belecer analogias, mesmo remotas, entre as uniões homosse-
xuais e o plano de Deus sobre o matrimônio e a família. O
matrimônio é santo, ao passo que as relações homossexuais
estão em contraste com a lei moral natural. Os atos homos-
sexuais, de fato, fecham o ato sexual ao dom da vida. Não
são fruto de uma verdadeira complementaridade afetiva e
sexual, e de maneira nenhuma podem ser aprovados” (Con-
siderações, nº 4).

89 – Pode haver alguma comparação entre o casamento e


essas formas de “uniões homossexuais”?
Não se pode tratar de forma desigual o que é objetivamen-
te igual, nem se pode tratar de forma igual o que é objetiva-
mente desigual. Do ponto de vista antropológico e biológico, a
própria natureza torna impossível, até mesmo remotamente,
comparar com o casamento qualquer tipo de união homosse-
xual: “Nas uniões homossexuais estão totalmente ausentes os
elementos biológicos e antropológicos do matrimônio e da
família, que poderiam dar um fundamento racional ao reco-
nhecimento legal dessas uniões. Estas não se encontram em
condição de garantir de modo adequado a procriação e a so-
brevivência da espécie humana” (Considerações, nº 7).
A Instrução Donum vitæ afirma que o recurso da procri-
ação artificial em nada contribui para alterar este fato ou para
tornar naturais as uniões homossexuais. Ao contrário, mos-
tra “uma grave falta de respeito pela dignidade humana”.
Ainda conforme Considerações nº 7, as uniões homossexu-
ais são incapazes de verdadeira “dimensão conjugal, que re-
presenta a forma humana e ordenada de sexualidade”.

87
90 – Quais as consequências de se aprovar parcerias e
uniões?
A sobrevivência da sociedade depende de uma família flo-
rescente, firmemente estabelecida sobre o matrimônio reco-
nhecido como tal. E o documento Considerações sobre os
Projetos de Reconhecimento Legal das Uniões entre Pessoas
Homossexuais, do qual temos transcrito alguns textos, aponta
graves prejuízos para a sociedade se uniões homossexuais fo-
rem legalizadas: “A consequência imediata e inevitável do re-
conhecimento legal das uniões homossexuais seria a redefinição
do matrimônio, o qual se converteria numa instituição que, na
sua essência legalmente reconhecida, perderia a referência es-
sencial aos fatores ligados à heterossexualidade, como são,
por exemplo, as funções procriadora e educadora. Se o matri-
mônio entre duas pessoas de sexos diferentes for considerado
apenas como um dos matrimônios possíveis, do ponto de vista
legal, o conceito de matrimônio sofrerá uma alteração radical,
com grave prejuízo para o bem comum. Colocando a união
homossexual num plano jurídico análogo ao do matrimônio
ou da família, o Estado comporta-se de modo arbitrário e entra
em contradição com os próprios deveres”.
De acordo com o Consejo General del Poder Judicial
(Espanha), “O casamento é uma instituição anterior à Cons-
tituição, anterior ao Estado e às formas jurídicas que este cria
e regula, pelo que o Estado não pode usar a sua capacidade
normativa para adulterar essa instituição”. Que o Estado pre-
tenda falsificar tal instituição milenar, só pode ser sinal de
uma tentação totalitária para implantar uma “engenharia so-
cial” ideológica.

88
91 – Tem algum fundamento afirmar que a igualdade de
todos ante a lei deve permitir o casamento de homossexuais?
O movimento homossexual tem difundido esta “resolu-
ção”: Somos iguais perante a lei, por isso vamos nos casar.
Ora, a igualdade jurídica, no que se refere ao casamento, sig-
nifica que todos os que têm capacidade natural para casar-
se têm o direito de fazê-lo, mas não cria nem pode criar as
condições requeridas pela natureza para o casamento. O ato
conjugal está intrinsecamente relacionado ao casamento, e a
natureza exige dois indivíduos de sexos opostos para praticá-
lo. As diferenças biológicas entre os dois sexos criam a ca-
pacidade natural para o casamento e constituem o seu fun-
damento natural. Portanto não se pode pretender que uma
igualdade apenas jurídica possa produzir o mesmo efeito.
Como essa exigência natural está completamente ausente em
duas pessoas do mesmo sexo, o princípio de igualdade pe-
rante a lei não se aplica.

92 – Se o casamento é uma decisão pessoal, por que não


aceitá-lo quando duas pessoas do mesmo sexo decidem ca-
sar-se?
O casamento pode resultar de decisão pessoal, desde que
assumida por pessoas que têm as qualidades necessárias para
tomá-la. Quando faltam essas qualidades, faltam também os
requisitos para que tal união possa ser caracterizada como
casamento. Uniões baseadas em insuficientes elementos es-
senciais não merecem “partilhar completa e igualmente os
direitos, responsabilidades e compromissos do casamento
civil”. Em termos poéticos, alguém pode expressar o desejo
quimérico de “casar-se com a Lua”, por exemplo, mas nin-
guém em são juízo tomaria isso como casamento, pois fal-
tam elementos essenciais.

89
A decisão pessoal para o casamento é exercida tanto na
opção pelo estado matrimonial quanto na escolha do cônju-
ge. Contudo, os futuros esposos não são livres para alterar a
finalidade essencial ou as propriedades do casamento. Estas
não dependem da vontade das partes contratantes, têm sua
raiz na Lei natural e são imutáveis. Quem determina o obje-
tivo do casamento, bem como o número das partes contra-
tantes e o sexo delas, é a Lei natural, e não a decisão dos
esposos. É falsa a idéia de que, por sua escolha pessoal, pela
lei positiva ou por decisão judicial, os homossexuais podem
realizar um “casamento”.

93 – Prejudica a vida dos outros, se duas pessoas convivem


juntas como homossexuais?
Muitos movimentos homossexuais baseiam sua campa-
nha na afirmação de que os atos homossexuais consentidos
entre adultos não prejudicam ninguém, portanto eles podem
fazer o que quiserem sem que ninguém tenha nada com isso.
Nada mais falso. Os homens vivem em sociedade, e esta
forma um todo. Tudo o que os indivíduos fazem afeta de
alguma maneira a todos. Caso a prática homossexual possa
servir de base para um “casamento”, todo o conceito de
moralidade é mudado, e isso afeta a sociedade, que passa a
ser regida por leis e códigos de moral diversos dos que a lei
natural estabelece. Mesmo as consequências do que eles pos-
sam praticar privadamente acabam por afetar a todos, como
por exemplo doenças como a AIDS, cujo custo para toda a
sociedade é enorme.

94 – Por que os casamentos homossexuais são contrários à


moralidade pública?
Alguns argumentam que o casamento homossexual é uma

90
questão de direitos civis, e nada tem a ver com moralidade.
Entendendo a moral como se fosse apenas “coisa da Igreja”,
estes e também muitas outras pessoas se valem da dissociação
atual entre Igreja e Estado para justificar a idéia falsa de que
os direitos civis são desvinculados da moralidade. Mas não é
possível haver direitos civis sem fundamento moral, pois a
lei precisa ser justificada em termos de moralidade, que é
mais ampla do que a lei positiva, e a circunscreve. Leis que
não têm fundamento moral não têm sentido, pois as leis exis-
tem para a boa ordem da sociedade. No seu excelente tratado
sobre a Lei natural, Tapparelli d’Azeglio afirma: “A ordem
moral é a base da sociedade, porque todo dever é fundamen-
tado numa ordem moral que resulta da ordem natural”.

95 – O governo tem o direito de intervir na prática homos-


sexual?
Alguns militantes homossexuais alegam que a moralidade
não é assunto do governo. Esta afirmação é também falsa. De
acordo com a Lei natural, o Estado tem o dever de sustentar
a moralidade. Ao legislar sobre matérias morais, o governo
deve decidir quando algo afeta diretamente o bem comum, e
então legislar de modo a favorecer a virtude e coibir o vício.
Não significa que o Estado deva impor a prática de todas as
virtudes e coibir a prática de todos os vícios, como certas
correntes muçulmanas, segundo consta, pretendem fazer.
Mas uma vez que o homossexualismo, o adultério, a
pedofilia e a pornografia corroem os fundamentos da famí-
lia, que é a base da sociedade, o Estado tem o direito e até o
dever de usar o seu poder coercitivo para coibi-los, no inte-
resse do bem comum. Além disso, ao aprovar leis permitin-
do aos homossexuais contrair “casamento” entre si, o Estado
violaria sua própria finalidade, que é garantir o bem comum
da sociedade e proteger a moralidade pública.

91
96 – Os políticos católicos são livres para aprovar o “casa-
mento” homossexual?
Alguns políticos católicos invocam o princípio de separa-
ção entre a Igreja e o Estado como desculpa para marginalizar
a moralidade católica na vida pública. O que de fato eles estão
fazendo é separar dentro de si mesmos o católico do político.
Esta separação viola a unidade do ser humano e as premissas
da moral e da lógica. Todo homem é julgado por Deus de
acordo com seus pensamentos, palavras, obras e omissões,
portanto de acordo com a unicidade da sua personalidade.
No documento de 2003, a Congregação para a Doutrina
da Fé faz especial menção aos bispos e aos políticos católi-
cos, que podem intervir mais diretamente contra a ofensiva
do movimento homossexual na esfera legislativa. Lembra
aos bispos “os pontos essenciais sobre o referido problema e
fornece algumas argumentações de caráter racional” a fim
de conduzirem “intervenções mais específicas”. Os mesmos
argumentos são úteis também para os políticos católicos, cujas
vidas públicas devem ser “coerentes com a consciência cris-
tã” (Considerações, nº 1).
O documento ressalta a obrigação de os políticos católi-
cos se oporem a tais propostas legislativas: “Se todos os fiéis
são obrigados a se opor ao reconhecimento legal das uniões
homossexuais, os políticos católicos o são de modo especial,
na linha da responsabilidade que lhes é própria. O parlamen-
tar católico tem o dever moral de manifestar clara e publica-
mente o seu desacordo e votar contra esse projeto de lei.
Conceder o sufrágio do próprio voto a um texto legislativo
tão nocivo ao bem comum da sociedade é um ato gravemen-
te imoral” (Considerações, nº 10). E insiste: “A Igreja ensina
que o respeito para com as pessoas homossexuais não pode
levar, de modo nenhum, à aprovação do comportamento ho-

92
mossexual ou ao reconhecimento legal das uniões homosse-
xuais” (Considerações, nº 11).

97 – Há alguma injustiça em proibir o “casamento” ho-


mossexual?
O movimento homossexual alega que manter ilegais as
uniões homossexuais é discriminação e uma violação da jus-
tiça, pois também os homossexuais têm igual direito ao ca-
samento e seus benefícios. Este sofisma é devidamente des-
mascarado pela Santa Sé, afirmando que não é contra a justi-
ça negar o estatuto social e jurídico de matrimônio a formas
de vida que não são nem podem ser matrimoniais. Pelo con-
trário, essa negativa é uma exigência da justiça (cf. Conside-
rações, nº 8).

98 – Por compaixão cristã, devem os católicos concordar


que dois homossexuais se casem, a fim de evitar-lhes o so-
frimento?
A compaixão verdadeira está entre os mais belos e
enobrecedores sentimentos humanos. Ela revela abnegação,
desinteresse e amor ao próximo. Etimologicamente, a pala-
vra significa sofrer junto, caracterizando uma profunda cons-
ciência do sofrimento alheio, associada ao desejo de aliviá-
lo. Psicologicamente, a compaixão se origina do fato de que
todos os homens compartilham a mesma natureza humana,
como bem o disse o escritor latino Terêncio: “Sou homem, e
nada do que se refere ao homem me é indiferente”.
Como tudo nesta terra, entretanto, esse nobre sentimento
pode ser deformado e mal utilizado. Os ativistas homosse-
xuais fazem exatamente isso, sequestrando essa palavra e
utilizando-a como estratagema emocional. Instrumentalizam
assim uma compaixão sem julgamento, ao mesmo tempo

93
falsa e absurda, pois constitui uma subversão da verdadeira
compaixão.
Santo Tomás de Aquino ensina que o sentimento de com-
paixão só se torna virtude quando guiado pela razão, pois “é
essencial à virtude humana que os movimentos da alma se-
jam controlados pela razão”. Sem esse controle, a compai-
xão é apenas uma paixão, ou seja, uma inclinação poderosa
mas irracional, e portanto potencialmente perigosa, pois pode
favorecer não apenas o bem, mas também o mal (cf. Suma
Teológica, II-II, q. 30, c. 3; II-II, q. 30, a. 1, ad 3).
É normal sentir pena de alguém que sofre. No entanto,
agir com base apenas no sentimento, sem avaliação racional
e prudente, pode levar a um mal não intencional. Conside-
rem-se dois exemplos. Primeiro, o de um homem que com-
pra bebidas alcoólicas para seu amigo alcoólatra, porque não
quer vê-lo sofrer pela falta de álcool. Segundo, o de um pai
que fornece dinheiro ao filho viciado no jogo, pois se aflige
ante o pensamento de que o filho sofre por não poder jogar. A
ação de ambos não demonstra amor verdadeiro pelo amigo
nem pelo filho. Ao invés de ajudar o amigo a evitar as bebi-
das, ou de ajudar o filho a libertar-se do jogo, ambos incenti-
vam o vício.
A verdadeira compaixão é aquela que conduz um peca-
dor a distanciar-se do vício e voltar à virtude. Santo Tomás
afirma ainda: “Amamos o pecador por causa da caridade,
não para desejar o que ele deseja ou para nos alegrarmos
com o que lhe dá alegria, mas para fazê-lo querer o que nós
queremos e alegrar-se com o que nos alegra. Pois está escri-
to: ‘Voltar-se-ão eles para Vós, e não Vós para eles’ (Jer. 15,
19)” (Suma Teológica, II-II, q. 25, a. 6, ad 4).
O exemplo divino é o do Bom Pastor que vai atrás da
ovelha desgarrada para trazê-la de volta ao rebanho. Outro
exemplo comovente é o de Santa Mônica, mãe de Santo

94
Agostinho. Ela nunca compactuou com o estilo de vida im-
puro e as crenças heréticas do filho, mas também nunca ces-
sou de rezar e trabalhar para a sua conversão. As lágrimas da
mãe acabaram por convertê-lo, e ele se tornou um dos maio-
res luminares católicos de todos os tempos.

99 – Por que os militantes homossexuais insistem em apro-


var o “casamento” homossexual?
Tudo indica que os objetivos primários do movimento
homossexual, ao procurar a legalização do “casamento” en-
tre pessoas do mesmo sexo, não são os benefícios financei-
ros ou assistenciais associados ao casamento. Nem é tam-
bém a procura de estabilidade e exclusividade numa relação
homossexual. Seu principal objetivo é forjar uma poderosa
arma psicológica, cujo efeito seria transformar em gradual
aceitação a persistente rejeição da sociedade ao homos-
sexualismo.

100 – Não conviria aceitar as uniões ou parcerias homos-


sexuais, para evitar que se chegue ao “casamento”?
Muitas pessoas, não sem ingenuidade, julgam ser boa
estratégia aceitar uniões civis, parcerias domésticas ou ou-
tros eufemismos, como meio de evitar a aprovação dos “ca-
samentos” homossexuais. Pura ilusão! Uma vez aceitas, os
ativistas se sentirão fortalecidos e não interromperão sua atu-
ação. Pelo contrário, prosseguirão até atingir sua meta, que
vai muito além do “casamento” homossexual. Basta consi-
derar este exemplo: Depois de terem obtido a aprovação das
parcerias na Califórnia, Estados Unidos, passaram a alegar
que havia uma injustiça no fato de as parcerias serem in-
feriores ao casamento, ao menos do ponto de vista moral.

95
101 – Por que os homossexuais não podem adotar crian-
ças?
A adoção de uma criança não pode ser encarada como
direito do candidato a adotá-la, mas sim como direito da cri-
ança. São as crianças que têm o direito de ser adotadas. Elas
são sujeitos de direito, não objetos de direitos de outrem, por
isso não podem ser objeto ou instrumento de direitos ou de
reivindicações dos candidatos a adotá-las. O que preside aci-
ma de tudo ao instituto da adoção é o objetivo de conseguir o
bem da criança. Por isso a possibilidade de adoção não pode
ser encarada como um “direito” dos adotantes. A criança não
pode ser instrumentalizada ou reduzida a um objeto que se
reivindica.
Os tratados de psicologia da evolução da criança nunca
deixaram de salientar que as figuras paterna e materna são
imprescindíveis e insubstituíveis nessa evolução. Com base
neste fato, os tribunais sempre apelaram e continuam a ape-
lar, no âmbito dos processos de regulação do poder paternal,
para a presença o mais contínua possível de cada uma dessas
duas figuras na educação da criança. Pelo contrário, sendo
adotadas por “casais” homossexuais, as crianças passam a
ter “dois pais” ou “duas mães”. Ficam privadas da figura
paterna ou materna, quando ambas são imprescindíveis e
insubstituíveis para o seu crescimento harmonioso, daí ser
inadmissível tal adoção.
A adoção de crianças por homossexuais “significa, na
realidade, praticar a violência sobre elas”, cuja situação
de fraqueza e dependência as colocaria “em ambientes que
não favorecem o seu pleno desenvolvimento humano”.
Além de gravemente imoral, essa adoção violaria o prin-
cípio de que “a parte mais fraca e indefesa” deve ser sem-
pre favorecida e protegida (cf. Considerações, nº 7). Sen-

96
do função do Estado proteger o fraco, neste caso lhe com-
pete defender as crianças, ao invés de expô-las a graves
riscos morais e psicológicos.

102 – Não é melhor autorizar a adoção pelos homos-


sexuais do que deixar as crianças na rua, passando fome?
Aqui se põe tipicamente uma falsa alternativa, um falso
dilema: ou deixar crianças nas ruas ou entregá-las a homos-
sexuais. Sempre se resolveu o problema da orfandade sem
confiar crianças indefesas a homossexuais. Pode-se confiá-
las a organizações caritativas, a casais idôneos (heteros-
sexuais, evidentemente), a escolas especializadas, etc. Foi
sempre assim, e é muito significativo o exemplo de São
João Bosco, reunindo em “oratórios” os meninos que vaga-
vam pelas ruas de Turim.

97
VIII

AGINDO CONTRA AS
PRETENSÕES HOMOSSEXUAIS

103 – Como se pode reagir efetivamente contra a ofensiva


homossexual?
Uma reação efetiva contra a ofensiva homossexual deve
empenhar-se em revigorar os fundamentos morais da socieda-
de, ancorando-os firmemente nos Dez Mandamentos e na Lei
natural. Assim se criará o clima moral para que o homos-
sexualismo seja rejeitado. Na medida em que a moral cristã
for restaurada nos indivíduos e na sociedade como um todo, a
ofensiva homossexual se debilitará e acabará por se extinguir,
como um fogo devastador ao qual se corte a fonte de oxigênio.
Deus reinará então nos corações dos homens, e o mundo po-
derá esperar da generosidade divina todas as graças e bênçãos.
Para combater efetivamente o avanço desse ataque à mo-
ral católica, é preciso ver claramente a conexão entre as re-
voluções sexual e homossexual. Opor-se à ofensiva homos-
sexual sem combater a revolução sexual é ignorar que uma
alimenta a outra, cria o ambiente em que a outra é tolerada e
tenta se impor com arrogância. Neste sentido, esse conúbio do
mal é o aspecto mais importante da batalha. Portanto, impõe-se
lutar cada vez mais contra a pornografia, a promiscuidade, o
aborto, etc. É preciso empreender toda uma cruzada espiritual
para trazer a castidade de volta à sociedade, a começar pela res-
tauração do pudor — fruto da inocência — como guardião ne-
cessário da pureza e expressão da honra e dignidade humana.

98
Os que desejam dedicar-se à defesa da família tradicio-
nal devem se compenetrar de que isso envolve um trabalho
de convencimento das pessoas, tanto em nível de relações
pessoais como recorrendo aos meios de divulgação — jor-
nais de pequena ou grande circulação, rádios, internet, e mes-
mo atuação conjunta nas vias públicas, com a difusão de li-
vros, manifestos, etc. A vitória nessa cruzada espiritual per-
tencerá ao campo católico, se este conseguir mover a opinião
pública e mantê-la do seu lado. Não é tarefa fácil, mas deve-
mos ter presente que Deus está conosco. E se formos fiéis,
Ele nos proporcionará os meios sobrenaturais e humanos para
alcançarmos a vitória.

104 – Pode-se aceitar leis que favoreçam as uniões homos-


sexuais?
O ensinamento moral da Igreja não pode mudar, portan-
to todos os católicos têm o dever de opor-se às pretensões de
legalização ou favorecimento dos desregramentos homosse-
xuais. As orientações do Supremo Magistério da Igreja sobre
este assunto são muito claras e categóricas: “A lei civil não
pode entrar em contradição com a reta razão, sob pena de
perder a força de obrigar a consciência. Qualquer lei feita
pelos homens tem razão de lei na medida em que estiver em
conformidade com a lei moral natural, reconhecida pela reta
razão, sobretudo na medida em que respeitar os direitos
inalienáveis de todas as pessoas. As legislações que favore-
cem as uniões homossexuais são contrárias à reta razão, por-
que dão à união entre duas pessoas do mesmo sexo garantias
jurídicas análogas às da instituição matrimonial. O Estado
não pode legalizar tais uniões sem faltar ao seu dever de pro-
mover e tutelar uma instituição essencial ao bem comum,
como é o matrimônio” (Considerações, nº 6).

99
105 – Pode-se alegar “objeção de consciência” contra o
cumprimento de leis injustas que favoreçam a ofensiva ho-
mossexual?
Santo Tomás de Aquino ensina: “As leis podem ser in-
justas por contrariedade ao bem divino, como as leis dos tira-
nos que induzem à idolatria, ou qualquer outra lei contrária à
lei divina. De nenhum modo é lícito observar tais leis, pois,
como é afirmado nos Atos, ‘é necessário obedecer antes a
Deus que aos homens’ (5, 29)” (Suma Teológica, I-II, q. 46,
a. 4,c). Aplicando o ensinamento de Santo Tomás, a Santa Sé
explicitou de modo muito claro e taxativo que deve ser evita-
da “qualquer forma de cooperação formal na promulgação
ou aplicação de leis tão gravemente injustas. Nesta matéria,
cada qual pode reivindicar o direito à objeção de consciên-
cia” (Considerações, nº 7).

106 – Podem os católicos aceitar uma lei contra a


homofobia?
Estão em andamento no Congresso Nacional projetos de
lei — uns mais radicais e agressivos, outros menos — pre-
vendo a proibição e até mesmo a punição para qualquer ma-
nifestação contra a forma de vida homossexual. Isto signifi-
ca, por exemplo, que um sacerdote ou um professor que en-
sinar aos seus fiéis ou alunos a doutrina católica sobre o
homossexualismo poderá ser acusado, julgado e punido por
“agressão homofóbica”. Um desses projetos é o PLC 122,
que tem sido objeto de protestos generalizados; outro, mais
abrangente, é o abominável Terceiro Programa Nacional de
Direitos Humanos (PNDH-3). Mais recentemente, setores
da OAB projetaram o “Estatuto da Diversidade Sexual”, que
em breve tramitará na Câmara dos Deputados. Além disso, o
movimento homossexual tenta a aprovação de um Projeto

100
de Emenda Constitucional (PEC), para implantação do “ca-
samento” homossexual.
Os protestos e a generalizada oposição a essas tentativas
de instrumentalização legal em favor do homossexualismo
são inteiramente justos, e mesmo necessários, pois a popula-
ção se sente ameaçada de futuras agressões e represálias arti-
culadas por ativistas homossexuais. A Carta aos Bispos da
Igreja Católica sobre o Cuidado Pastoral de Pessoas Ho-
mossexuais condena as expressões malévolas e ações vio-
lentas que se cometem contra os homossexuais, mas contes-
ta que esses procedimentos condenáveis possam servir de
pretexto para justificar o homossexualismo, muito menos para
criar legislação especial a fim de proteger os homossexuais e
seu comportamento condenável (cf. doc. cit., nº 9-10).Tanto
mais que a legislação penal atual já pune agressões, injú-
rias, etc feitas contra quaisquer cidadãos. Não há necessi-
dade de uma lei especial de proteção dos homossexuais.
Como pessoas eles já estão protegidos pela legislação atual.

107 – O que dizem as estatísticas oficiais sobre a contami-


nação de homossexuais pela AIDS?
Em dezembro de 2002, os Centros para Controle e Pre-
venção de Doenças estimavam em 877.275 o número total
de adultos com AIDS nos Estados Unidos. A distribuição por
categorias de exposição à doença mostra que 48% resulta-
ram de contato sexual de homem com homem, e 7% da com-
binação de contato sexual de homem com homem e uso de
drogas injetáveis. Considerando que homens homossexuais
representam menos de 3% da população masculina, a des-
proporção é evidente. Outra informação da mesma fonte é
que 60% de todas as infecções novas por AIDS a cada ano
resultam de relações homossexuais masculinas; e na classifi-

101
cação por risco, homens que têm relações sexuais com ou-
tros homens representam a maior proporção de novas infec-
ções. Em 2011, o mesmo CDC calculou que os homossexu-
ais masculinos respondem por 61% das novas contamina-
ções por HIV nos Estados Unidos, sendo que apenas cerca
de 2% da população americana é de homossexuais.
Dados estatísticos de oito países, publicados em Annals
of Epidemiology, mostram que entre 2000 e 2005 as taxas de
infecção do HIV entre homens homossexuais aumentaram
3,3% ao ano. Na América Latina, estima-se que metade das
infecções tenham origem em relações sexuais desprotegidas
entre homens. A ONU afirma que o risco de homens homos-
sexuais contraírem HIV é 20 vezes maior que o de homens
heterossexuais.
Diante disso, pode-se concluir que grande parte da dis-
seminação da AIDS, após sua caracterização em 1981,
deve-se ao comportamento promíscuo e desregrado dos
homossexuais.

108 – A AIDS pode então ser considerada uma doença de


homossexuais?
Sim, e os próprios ativistas homossexuais agora o reco-
nhecem. Vejamos alguns exemplos significativos, dentre
muitos outros:
A Associação Médica de Homossexuais e Lésbicas, dos
Estados Unidos, publicou em julho de 2002 um relato de
notícias sobre assuntos de saúde de interesse especial para
homossexuais, no qual constata: “Doenças sexualmente trans-
mitidas ocorrem em homossexuais masculinos ativos em ín-
dices altos. Isto inclui infecções por doenças sexualmente
transmissíveis, para as quais o tratamento efetivo está dispo-
nível (sífilis, gonorréia, clamídia, parasita pubiano, etc.), e

102
outras para as quais não se conhece a cura (HIV, vírus da
hepatite A, B ou C, vírus do papiloma, etc.)”.
Em 8/2/2008, durante a 20a Conferência Nacional sobre
LGBT nos Estados Unidos, Matt Foreman declarou: “Como
70% das pessoas infectadas por HIV neste país são gays ou
bissexuais, não podemos negar que a AIDS é uma doença
de homossexuais. Temos de reconhecer isso e enfrentar o
problema”.
Numa entrevista em 2011, foi perguntado a Darrel
Cummings, líder ativista homossexual de 25 anos, dirigente
do Los Angeles Gay and Lesbian Center: “Em 2006, muito
se falou sobre o provocativo conceito que vocês divulgaram
na campanha “Own it End it” [algo como assuma, e acabe
com ele], que se referia à AIDS como doença gay. Qual o
pensamento que os moveu a fazer isso?”. A resposta de Darrel
Cummings não deixa margem a dúvidas: “Dois dos nossos
objetivos eram: Conseguir que as pessoas voltassem a falar
do HIV; e reconhecer as altíssimas e desproporcionais taxas
de infectados na nossa comunidade. Durante muito tempo
divulgamos que a AIDS é uma doença com a probabilidade
de atingir as pessoas em proporções iguais, mas as provas
atuais são esmagadoras no sentido de afirmar que isso não é
verdade. Embora seja evidente que o vírus não faz discrimi-
nação de pessoas, a cara dessa epidemia é a de homens ho-
mossexuais ou bissexuais, especialmente em Los Angeles,
onde o chocante percentual de 83% dos contaminados pelo
HIV são gays ou bissexuais. Nosso grupo de risco é o único
em que o índice de infecção está crescendo. E o que divulga-
mos na campanha é que devemos reconhecer isso e extinguir
a doença”.

103
109 – Se as relações homossexuais masculinas são a prin-
cipal causa da AIDS e sua disseminação, pode-se esperar
que os homossexuais se abstenham dessas relações
antinaturais?
É pouquíssimo provável.
Em 15 de outubro de 2003, reuniu-se em Seattle e King
County (Estado de Washington) uma coalizão de líderes de
comunidades e provedores de serviços, a fim de discutir os
problemas de saúde dos homossexuais e bissexuais masculi-
nos. Ao final, foi publicado A Community Manifesto: A New
Response to HIV and STDs (Um manifesto da comunidade:
Nova resposta ao HIV e às doenças sexualmente transmis-
síveis), no qual se afirma:
“Hoje, um de cada sete homossexuais, bissexuais e ou-
tros homens que têm relações com homens estão infectados
com HIV. Entre homossexuais masculinos em King County,
os índices de sífilis são cem vezes maiores do que na popula-
ção heterossexual em geral, e estima-se que são mil vezes
maiores entre homens homossexuais com HIV positivo do
que na população heterossexual em geral. Diante do alar-
mante crescimento das infecções por HIV e doenças sexual-
mente transmissíveis entre homossexuais, bissexuais e ou-
tros homens que mantêm relações sexuais com homens, nós
[a Força Tarefa de Prevenção ao MSM HIV/DST] lançamos
este manifesto, apelando para a necessidade de urgentes nor-
mas e ações da comunidade. Homossexuais, bissexuais e
outros homens que têm relações sexuais com homens devem
reagir contra comportamentos e atitudes que são responsá-
veis pelo aumento e difusão dessas doenças”.
Mas a epidemia de AIDS não interrompeu a promiscui-
dade homossexual, muito pelo contrário. A comunidade mé-
dica se preocupa em conter o número crescente de pessoas

104
infectadas com HIV/AIDS e outras doenças sexualmente
transmitidas, mas a colaboração dos homossexuais nesse
sentido é praticamente nula. É de se notar que o pesadíssimo
ônus decorrente da doença recai sobre toda a sociedade, exi-
gindo verbas vultosas para pesquisa, prevenção, controle e
tratamento. As pessoas não podem ignorar tudo isso, acei-
tando passivamente que os homossexuais explorem o papel
de vítimas e reivindiquem os seus “direitos”, pouco se im-
portando com a disseminação dessa terrível doença, tão
dispendiosa para toda a sociedade.

110 – Sabendo-se que a transmissão da AIDS se dá predo-


minantemente através de relações homossexuais, abster-se
dessas relações não seria um meio seguro de impedir a pro-
pagação da doença?
Na realidade, o único meio de evitar com segurança a
propagação da AIDS é a supressão de relações homossexu-
ais. Naturalmente esta afirmação costuma ser alvo da zom-
baria dos homossexuais e dos que deles se condoem. Atribu-
indo inexistentes “direitos humanos” a esse procedimento
infame, eles o defendem obstinadamente, sem levar em con-
ta nem mesmo as funestas consequências pessoais para o seu
procedimento.
Como expusemos acima, a principal via de contamina-
ção pelo vírus da AIDS são as relações homossexuais, por-
tanto qualquer recurso que se use para debelar essa epide-
mia, mas que não tenha em vista extinguir esse pecado con-
tra a natureza, está fadado ao fracasso. Não é outra a conclu-
são do Center for Disease Control (CDC): “Os caminhos
mais confiáveis para evitar a contaminação por doenças se-
xualmente transmissíveis, inclusive o HIV, são a abstenção
de atividade sexual ou manter relações sexuais monogâmicas,
durante tempo prolongado, com parceiro não contaminado”.

105
Declarações do Papa Bento XVI em 2009, durante sua
viagem à África, vão nessa mesma linha, propondo a educa-
ção para a responsabilidade, e estão fundamentadas na
Encíclica Humanæ Vitæ, que proíbe qualquer forma de mé-
todos artificiais de contracepção. A imprensa mundial publi-
cou numerosas críticas injustas e protestos por essas declara-
ções, mas permanece irrefutável que a propagação da AIDS
não será resolvida com a distribuição de preservativos, os
quais podem mesmo agravar o problema.

111 – As operações de mudança de sexo podem resolver o


problema da homossexualidade em certas pessoas?
O maior problema da ideologia homossexual é explicar e
justificar as suas pretensões diante das diferenças fisiológi-
cas, biológicas e morfológicas entre o homem e a mulher.
Ativistas podem usar meios como a moda e os costumes para
disfarçar essa distinção. Podem até praticar cirurgias para
adaptar o corpo e conferir-lhe características do outro sexo.
Todas essas modificações de acidentes, no entanto, não alte-
ram a natureza íntima de cada sexo: um homem continua
homem e uma mulher continua mulher, apesar das mutila-
ções ou acréscimos feitos em seus corpos.
Uma das pretensões dos homossexuais é que as “mudan-
ças de sexo” sejam autorizadas e patrocinadas pelo governo,
usando o dinheiro dos contribuintes. Deve-se não somente
discordar e tentar impedir tais mudanças, como também re-
cusar que o ônus dessa violação da natureza recaia sobre os
contribuintes através de verbas governamentais.

106
112 – Tendo o STF aprovado as parcerias homossexuais,
devo concordar com elas?
A decisão do STF contraria frontalmente a Lei natural e
as normas da Santa Sé, como já expusemos, e causou pro-
fundo desagrado, inclusive inúmeras contestações através da
imprensa. Em países onde tais interferências de caráter
legislativo vêm sendo exercidas pelo Judiciário, elas têm sido
qualificadas como ativismo judiciário. Sobrepõem-se assim
à atribuição do Legislativo na redefinição de uma instituição
social básica e de raízes culturais milenares. Os bispos de
Connecticut (EUA) declararam, sobre a decisão judicial que
impôs a legalização do casamento entre pessoas do mesmo
sexo: “O Supremo Tribunal esqueceu-se de que os legislado-
res devem fazer as leis, e os juízes devem interpretar as leis”.
Sendo de caráter oficial a decisão do STF, nem por isso
pode ser considerada correta, mormente quando confrontada
com a moral católica. O Padre Luiz Carlos Lodi da Cruz
publicou sobre o assunto um lúcido pronunciamento, que o
leitor encontrará como anexo no final deste volume.

113 – É correto um católico assistir a paradas homosse-


xuais?
É estritamente vedado a um católico participar ativamente
de paradas homossexuais, pois estaria assumindo publica-
mente a condição de homossexual, mesmo que não o seja.
Tampouco deve participar como mero espectador, pois aju-
daria a fazer número, inflando ainda mais os exageradíssimos
“milhões” que os noticiários divulgam. Chegam a mencio-
nar a presença de quatro milhões numa área que, se estivesse
completamente cheia, comportaria no máximo 700.000.
Mais de 30 pessoas por metro quadrado é uma impossibili-
dade física evidente, no entanto ostentada com ligeireza pela

107
mídia como mais uma conquista. Muito mais do que por esse
aspecto estatístico, a presença do fiel católico seria entendida
como apoio à situação pecaminosa em que se encontram os
homossexuais.
Com o objetivo de atrair grande número de pessoas para
verem suas manifestações, o movimento homossexual in-
clui recursos como trios elétricos, conjuntos de cantores, po-
líticos e artistas em geral, além de bandeiras e outros atrati-
vos. Mesmo que seja apenas para apreciar essas exibições, é
extremamente desaconselhável ao católico presenciá-las, pois
de algum modo manifesta falta de repúdio a esse movimento
de caráter contrário aos Mandamentos da Lei de Deus e às
normas de procedimento católicas.

114 – Como posso participar ativamente na luta contra a


ofensiva homossexual?
Há muitas maneiras de atuar para impedir a propagação
do homossexualismo. Muito se pode fazer nos contatos pes-
soais com parentes, amigos e colegas, levantando os pontos
aqui abordados. Mas é recomendável também aderir a orga-
nizações de boa orientação já atuantes e participar das suas
iniciativas tanto quanto possível. Recomendamos especial-
mente as atividades do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira.
Os interessados podem participar através do site desse Insti-
tuto: www.ipco.org.br.

108
Anexo

SUPREMO ABSURDO
Contrariando o texto da Constituição,
o Supremo Tribunal Federal
reconhece “união estável”
entre pessoas do mesmo sexo

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz


Presidente do Pró-Vida de Anápolis

A Constituição Federal de 1988 reconheceu como enti-


dade familiar a “união estável” entre o homem e a mulher:
Art. 226, § 3º. Para efeito da proteção do Estado, é reco-
nhecida a união estável entre o homem e a mulher como
entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em
casamento.
Conforme reconhece o Ministro Ricardo Lewandowski,
“nas discussões travadas na Assembleia Constituinte a ques-
tão do gênero na união estável foi amplamente debatida,
quando se votou o dispositivo em tela, concluindo-se, de modo
insofismável, que a união estável abrange, única e exclusi-
vamente, pessoas de sexo distinto”.1 Logo, sem violar a Cons-
tituição, jamais uma lei poderia reconhecer a “união estável”
entre dois homens ou entre duas mulheres. De fato, o Código
Civil, repetindo quase literalmente o texto constitucional, re-

1. Voto na ADI 4277 e ADPF 132, 05 maio 2011, p. 5.


http://www.providaanapolis.org.br/suprabsu.htm - _ftnref2

109
conhece a “união estável” somente entre o homem e a mu-
lher:
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união
estável entre o homem e a mulher, configurada na convi-
vência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o
objetivo de constituição de família.
A não ser que se reformasse a Constituição, os militantes
homossexualistas jamais poderiam pretender o reconhecimen-
to da união estável entre dois homossexuais ou entre duas
lésbicas. Isso é o que diz a lógica e o bom senso.
No julgamento ocorrido em 4 e 5 de maio de 2011, no
entanto, o Supremo Tribunal Federal, ferindo regras elemen-
tares da coerência lógica, reconheceu por unanimidade (!) a
“união estável” entre duplas homossexuais.
Naqueles dias foram julgadas em conjunto duas ações: a
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 132
(ADPF 132) proposta em 2008 pelo governador Sérgio
Cabral, do Estado do Rio de Janeiro, e a Ação Direta de
Inconstitucionalidade 4277 (ADI 4277) proposta em 2009
pela vice-Procuradora Geral da República Débora Duprat,
na época exercendo interinamente o cargo de Procuradora
Geral da República. O que ambas as ações tinham em co-
mum era o pedido de declarar o artigo 1723 do Código Civil
inconstitucional a menos que ele fosse interpretado de modo
a incluir as duplas homossexuais na figura da “união está-
vel”. O pedido, por estranho (e absurdo) que fosse, foi aco-
lhido pelo relator Ministro Ayres Britto e por toda a Suprema
Corte. Foi impedido de votar o Ministro Dias Toffoli, que já
havia atuado no feito como Advogado Geral da União (em
defesa da “união” homossexual, é óbvio). Dos dez restantes,
todos votaram pela procedência do pedido. Acompanhemos
o raciocínio do relator Ayres Britto.
Segundo ele, o texto do artigo 1723 do Código Civil ad-

110
mite “plurissignificatividade”,2 ou seja, mais de um signifi-
cado. O primeiro (e óbvio) significado é que o artigo reco-
nhece como entidade familiar a união estável somente entre
um homem e uma mulher, excluindo a união de pessoas do
mesmo sexo. O segundo significado (inadmissível) é que o
artigo reconhece como entidade familiar a união estável, por
exemplo, entre um homem e uma mulher, mas sem excluir as
uniões homossexuais. Para Ayres Britto, a primeira interpre-
tação é inconstitucional, por admitir um “preconceito” ou
“discriminação” em razão do sexo, o que é vedado pela Cons-
tituição Federal (art. 3º, IV). Somente a segunda interpreta-
ção, por ele descoberta (ou criada) é constitucional. Concluiu
então seu voto dizendo: “Dou ao art. 1.723 do Código Civil
interpretação conforme à Constituição para dele excluir
qualquer significado que impeça o reconhecimento da união
contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo
como ‘entidade familiar’, entendida esta como sinônimo
perfeito de ‘família’. Reconhecimento que é de ser feito se-
gundo as mesmas regras e com as mesmas consequências da
união estável heteroafetiva”.3
Uma das consequências imediatas do reconhecimento da
“união estável” entre pessoas do mesmo sexo é que tal união
poderá ser convertida em casamento, conforme o artigo 1726
do Código Civil: “A união estável poderá converter-se em
casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e as-
sento no Registro Civil”. De um só golpe, portanto, o Supre-
mo Tribunal Federal reconhece a “união estável” e o “casa-
mento” de homossexuais!

2. Voto na ADI 4277 e ADPF 132, 04 maio 2011, p. 1.


http://www.providaanapolis.org.br/suprabsu.htm - _ftnref3
3. Voto na ADI 4277 e ADPF 132, 04 maio 2011, p. 48-49.
http://www.providaanapolis.org.br/suprabsu.htm - _ftnref4

111
Para se avaliar quão disparatada é essa decisão, observe-
se que, embora a “união estável” e o casamento sempre
ocorram entre um homem e uma mulher, não ocorrem entre
qualquer homem e qualquer mulher. Não pode haver casa-
mento, por exemplo, entre irmão e irmã, entre pai e filha ou
entre genro e sogra. Esses impedimentos baseados na
consanguinidade e na afinidade (art. 1521, CC) aplicam-se
também à “união estável” (art. 1723, § 1º, CC). A diversida-
de dos sexos é necessária, mas não basta. Não se reconhece
“união estável” entre um homem e uma mulher “impedidos
de casar” (art. 1727).
Será que os ministros do STF considerariam incons-
titucionais estas proibições do casamento de parentes próxi-
mos? Em outras palavras: é “preconceituosa” e “discrimi-
natória” a lei que proíbe as uniões incestuosas? Parece que a
resposta seria afirmativa. Pois, embora o incesto seja uma
perversão sexual, ele ainda está abaixo do homossexualismo,
que foi admitido pela Suprema Corte como meio de consti-
tuição de uma “família”.
E quanto à pedofilia? Seria sua proibição um simples
“preconceito de idade”? Esse é o argumento da associação
NAMBLA de pedófilos dos Estados Unidos,4 que usa a pala-
vra “ageism” (“idadismo” ou etarismo) para criticar a proibi-
ção de praticar atos homossexuais com crianças.
Andemos adiante. Quando a Constituição fala que “to-
dos são iguais perante a lei” (art. 5º) não diz explicitamente
que este “todos” se refere apenas aos seres humanos. Estari-
am os animais aí incluídos? Seria, portanto, inconstitucional
a proibição de uma “união estável” ou de um “casamento”
entre uma pessoa e um animal? O bioeticista australiano Peter
Singer usa o termo “especismo” para designar o “preconcei-

4. Cf. http://www.nambla.org

112
to” e “discriminação” contra os animais em razão de sua es-
pécie. Num futuro próximo, não só a pedofilia, mas também
a bestialidade (prática sexual com animais) poderia ser ad-
mitida com base no mesmo argumento que admitiu a “famí-
lia” fundada no homossexualismo.

Discriminação contra os castos


Imagine-se que dois amigos compartilhem a mesma ha-
bitação a fim de fazerem um curso universitário. Enquanto
eles viverem castamente, não terão qualquer direito especial.
Se, porém, decidirem praticar entre si o vício contra a nature-
za de maneira “contínua, pública e duradoura”, constituirão,
se quiserem, uma “família”, com todos os direitos a ela ane-
xos. A decisão do STF constitui um privilégio para o vício
em detrimento dos que vivem a castidade.

Perda da segurança jurídica


Com o golpe de 4 e 5 de maio de 2011, o Estado brasilei-
ro perdeu toda a segurança jurídica. Se a Suprema Corte re-
serva a si o direito não só de legislar (o que já seria um abu-
so), mas até de reformar a Constituição, mudando o sentido
óbvio de seu texto em favor de uma ideologia, todo o sistema
jurídico passa a se fundar sobre a areia movediça. A vergo-
nhosa decisão demonstrou que a clareza das palavras da Cons-
tituição não impede que os ministros imponham a sua vonta-
de, quando conflitante com o texto constitucional.
A Frente Parlamentar em Defesa da Vida — contra o Abor-
to — pretende apresentar uma Proposta de Emenda à Cons-
tituição (PEC) que acrescente as palavras “desde a concep-
ção” no artigo 5º, caput, que trata da inviolabilidade do di-
reito à vida. Em tese, essa emenda, se aprovada, sepultaria
toda pretensão abortista no país. Isso se pudéssemos contar

113
com a seriedade da Suprema Corte. Essa seriedade, porém,
foi perdida com a admissão das “uniões” homossexuais. É
de se temer que, mesmo diante da expressão “desde a con-
cepção”, alguns ministros do STF inventem uma peculiar
“interpretação” do texto que não exclua o direito ao aborto.

Caso inédito
A monstruosidade lógica do julgamento da ADPF 132
/ ADI 4277 ultrapassa tudo o que se conhece de absurdo
em alguma Corte Constitucional. É verdade que a senten-
ça Roe versus Wade, emitida em 22 de janeiro de 1973
pela Suprema Corte dos EUA, declarou inconstitucional
qualquer lei que incriminasse o aborto nos seis primeiros
meses de gestação. Esse golpe foi dado com base no di-
reito da mulher à privacidade e na negação da personali-
dade do nascituro. No entanto, a decisão não foi unânime.
Dos nove juízes, houve dois que se insurgiram contra ela.
No Brasil, porém, para nosso espanto e vergonha, não
houve dissidência. Todos os membros do STF admitiram
enxergar uma inconstitucionalidade que não existe no ar-
tigo 1723 do Código Civil.
Isso faz lembrar o conto “A roupa nova do imperador”,
cujos tecelões afirmavam que só não era vista pelos tolos. En-
quanto o monarca desfilava com camiseta e calça curta, todos
— com exceção de uma criança — se diziam admirados com
a beleza da inexistente roupa. Desta vez, os ministros, temero-
sos de serem considerados não tolos, mas “preconceituosos”,
“retrógrados” e “homofóbicos” acabaram todos por enxergar
uma inconstitucionalidade inexistente. Espera-se o grito de
alguma criança para acabar com a comédia.
(Transcrito de Catolicismo nº 726, junho de 2011)
Visite o site dessa revista: www.catolicismo.com.br

114
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Do mesmo autor,
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“CATECISMO CONTRA O ABORTO”

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