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Caiu na #rede de Marina Silva é peixe?

Marina Silva conseguiu fazer proezas na política: fez um partido que não é partido, mas uma
rede; tomou posição partidária sem tomar posição (não é nem de esquerda, nem de direita,
nem de direção alguma ou de todas as direções que uma rede possa ter); e assim conquistou
ambientalistas, cibernéticos, esotéricos, evangélicos e a maioria de cidadãos já bastante
descrentes da política dos engravatados de Brasília. Paira, porém, uma pergunta no ar: onde é
que isso vai dar?

E diante de tantas dúvidas, comecemos pela primeira delas: o nome do partido. Afinal, o que
quer dizer “Rede Sustentabilidade”? Rede e sustentabilidade, não se pode negar, são palavras
bastante em voga. A primeira não sai da boca dos cibernéticos. E a segunda, dos
ambientalistas. Voltemos, porém, à questão em pauta e, para facilitar, vamos por partes.
Afinal, o que é Rede? E o que é Sustentabilidade? Não que eu me oponha à possível novidade
do nome, mas é preciso entendê-lo, e entendê-lo significa conhecer os seus princípios
políticos.

Rede, segundo o manifesto do partido, é uma “forma de agregação e organização baseada


numa operação democrática e igualitária, que procura convergências na diversidade”. Ora,
nem toda diversidade ou divergência é convergente, por isso a escolha deliberada por uma
posição em detrimento de outra, muitas vezes é o único instrumento que temos. Em outras
palavras, sabemos que nem tudo é um mar de rosas, principalmente quando se trata de
divergências políticas. A ideia de rede pressupõe o que Marina Silva chama de “ativismo
autoral” feito espontaneamente pelas pessoas a partir da consulta direta, por meio de
plebiscito, referendo, ou de uma espécie de ouvidoria cidadã. Este “ativismo autoral”
certamente se pretende mais participativo do que representativo. De fato, esta
democratização interna ao partido, e mesmo do partido para com a sociedade, parece ser,
senão inovadora, ao menos animadora. Assim, espera a ex-senadora, podemos obter algo
definitivamente louvável para os que amam a democracia, sobretudo a democracia direta e
participativa: a democratização do sistema de comunicação e uma maior participação da
população nas decisões do governo.

É também inquestionavelmente inovador o teto estabelecido para as doações eleitorais, de


modo que muitos contribuam com pouco, ao invés de poucos contribuindo com muito.
Tampouco serão aceitas doações de fabricantes de bebidas alcoólicas, armas, cigarros e
agrotóxicos. As doações assim estabelecidas pretendem afastar a tradicional troca de favores
entre governo e elite empresarial, industrial e do agronegócio; o famoso “toma lá dá cá” que
ninguém suporta mais. O que é certamente bastante louvável.

Por fim, penso que podemos ter uma ideia, mesmo que ainda vaga e intuitiva, do que significa
“rede”. Porém, em relação à sustentabilidade, nada de concreto se nos avizinha, senão o fato
de que nós devemos prezar por um desenvolvimento sustentável, ou seja, que respeite o meio
ambiente. O problema, bem sabemos, é determinar o que é realmente respeito ao meio
ambiente e qual a profundidade ou alcance deste respeito, desta sustentabilidade. Até que
ponto a elite financeira deste país estaria disposta a ceder, minimizando seus lucros em prol da
preservação ambiental? Os exemplos atuais são desastrosos: reforma do Código Florestal e
usina hidroelétrica Belo Monte. Proibir a distribuição de sacolas plásticas nos supermercados é
muito pouco, como bem sabe Marina. Mas, então, a pergunta agora se reverte à ex-senadora:
até onde este partido está disposto a brigar com a poderosa elite financeira do país para
defender as causas ambientais? E as causas dos homossexuais? As cotas? A reforma agrária? A
educação pública, sobretudo a secundária?

Não basta dizer que a principal meta do partido é a sustentabilidade. É preciso deixar claro
quais os possíveis alcances e limites das ações em prol dessa sustentabilidade ambiental. O
que fazer com as 60 usinas hidroelétricas previstas para serem construídas na Amazônia, por
exemplo? É preciso deixar mais claro que projeto de nação se tem em mãos.

Pode ser que aqueles que se identificam com este novo partido não passem de “sonháticos”,
como um dia se autodenominou Marina Silva. No entanto, é possível que algo realmente
inédito esteja surgindo no cenário político brasileiro. Particularmente, prefiro apostar no êxito
das boas intenções e na concretização dos bons sonhos, diante de tanta corrupção e falta de
igualdade social. Mas uma coisa é certa: as dúvidas e perguntas apenas começaram. Afinal,
ainda não sabemos ao certo se a Rede é para nos embalar em novos sonhos ou para nos
enredar em mais algum tipo de armadilha política.

Juliana Ortegosa Aggio

Professora doutora de Filosofia da UFBA

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